METROLOG METROLOGIA-2003 IA-2003 – M etro logia log ia par a a Vida Sociedade Brasileira Brasileira de Metrologia (SBM) Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL BRASIL
ENGENHARIA CLÍNICA E A METROLOGIA EM EQUIPAMENTOS ELETROMÉDICOS Marcos V. Lucatelli, Lucatelli, Marisete Marisete Mª B. Batista, Humberto P. da Silva, Renato Garcia
Instituto de Engenharia Biomédica (IEB), Departamento de Engenharia Elétrica (DEEL), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, Brasil Resumo: O avanço tecnológico resultou na automatização de diversos procedimentos necessários aos serviços de saúde, proporcionando benefícios aos pacientes. Em contrapartida, o uso desses recursos possibilita a ocorrência de graves acidentes no ambiente hospitalar, causados por falhas em seus dispositivos. Isso evidencia a necessidade de confiabilidade desses equipamentos. Tal garantia, entretanto, somente pode ser conquistada pela realização de ensaios de desempenho nos equipamentos eletromédicos (EEM) em uso, no período pós-comercialização, por meio de laboratórios capacitados, que forneçam resultados confiáveis. Dessa forma, reduz-se a probabilidade de acidentes e minimizam-se os problemas de diagnóstico e terapia ocasionados por equipamentos em más condições e suas conseqüências. Este trabalho levanta e discute as necessidades e demandas da metrologia em saúde, focando em EEM, nos seus diferentes níveis, pautado pela experiência do Laboratório de Avaliação Técnica da Universidade Federal de Santa Catarina. Apresenta um levantamento e a análise das estatísticas dos ensaios realizados entre janeiro de 2002 e abril de 2003 nas modalidades de ensaio – periódico programado, em equipamentos novos e em equipamentos pós-manutenção – totalizando 1017 ensaios. São discutidos, ainda, as responsabilidades da tecnovigilância e o papel da engenharia engenharia clínica atuando como elemento catalisador de informações dos diferentes níveis da cadeia metrológica de EEM por meio da correta implantação do gerenciamento de tecnologia médico-hospitalar.
Essa tendência global de inserção de tecnologia em procedimento proced imentoss de atendimento atendim ento à saúde levou a uma inevitável transformação na atuação dos profissionais da saúde: anteriormente baseados quase que totalmente na sua experiência e intuição, o diagnóstico e tratamento de pacientes paciente s passaram a depender depende r amplamente amplament e de variáveis variávei s e resultados fornecidos pela tecnologia.
Palavras-chave: ensaio de desempenho, equipamento eletromédico, engenharia clínica.
O controle da qualidade da tecnologia na área da saúde depende da realização de medições e ensaios nos EEM em uso nos EAS. Tendo como base resultados de ensaios, a engenharia clínica (EC) pode tomar decisões mais embasadas no processo de gTMH. A confiabilidade dos resultados dos ensaios está associada à comprovação da competência técnica do laboratório que realiza os ensaios, o que pode ser evidenciado por meio de avaliações de terceira parte em um processo de credenciamento [1].
1. INTRODUÇÃO O setor da saúde, assim como da indústria, tem experimentado, sobretudo nos últimos vinte anos, as facilidades proporcionadas pela tecnologia, visto que procediment proce dimentos os que demandavam deman davam horas ou dias para sua realização são, agora, executados em minutos ou segundos; processos que exigiam um certo número de executores, expondo-os a riscos e danos, hoje estão robotizados e informatizados.
Toda essa inovação trouxe consigo a necessidade de aprimoramento da gestão da tecnologia, exigindo pesados investimentos em estudos e desenvolvimento de pessoal, ferramental e de processos na indústria. Isso, entretanto, não corresponde à realidade na área da saúde, que, apesar de possuir possu ir tecnolo te cnologias gias muitas vezes ainda mais avançadas avanç adas que as da indústria, utiliza-se ainda, na maioria dos estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS), sobretudo em países pouco industrializados, de métodos antiquados e até mesmo informais para a gestão gestã o de EEM. Esse cenário tem fomentado o desenvolvimento do processo que caracteriza o gerenciamento de tecnologia médicohospitalar (gTMH), normalmente conduzido por estruturas de engenharia clínica. Dentre as atribuições e responsabilidades profissionais do engenheiro clínico, estão o controle da qualidade da tecnologia, sobretudo dos EEM, pois a garantia do funcionamento dentro das características especificadas é de fundamental importância importância para a segurança de pacientes e usuários.
Os resultados dos ensaios de desempenho e segurança elétrica são uma ferramenta de suporte à tomada de decisão da EC quando da avaliação da necessidade de envio de um equipamento para manutenção, da aceitação de um equipamento vindo da manutenção externa ou interna e da incorporação da tecnologia.
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Laboratórios de ensaios que realizem atividades ligadas à área da saúde e, ao mesmo tempo, que estejam inseridos na área metrológica, trabalhando com o rigor que a metrologia exige, contribuem com a EC e com a Tecnovigilância, que é responsável pela segurança sanitária desses equipamentos após a entrada no mercado [1]. Nesse contexto, contex to, este trabalho trabalh o tem t em por p or objetivo objetiv o apresen a presentar tar a experiência do Laboratório de Avaliação Técnica (LAT) da Engenharia Engenhar ia Clínica do Instituto de Engenharia Biomédica (IEB-UFSC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) quanto ao estabelecimento, realização e programação de atividades de avaliação técnica em EEM lotados em dez hospitais públicos estaduais de Santa Catarina. Apresenta-se também um levantamento dos resultados dos ensaios realizados no período compreendido entre janeiro de 2002 a abril de 2003.
2. MÉTODOS A elevada inserção de tecnologia em procedimentos de atendimento à saúde, embora os tenha qualificado e agilizado, originou um conjunto de situações, normalmente complexas de serem resolvidas, que caracterizam, na atualidade, o gTMH, o que pode ser percebido nas suas diversas etapas [2]. [2]. Esse processo necessita ser desenvolvido por uma equipe de profissionais com perfil específico, específic o, o que tem motivado internacionalmente a expansão e o reconhecimento das atividades de EC. Tal perfil tem servido como interface entre os diferentes elementos envolvidos no processo de gTMH, qualificando-o em muito, tanto em aspectos técnicos - funcionalidade, funcionalidade, segurança, disponibilidade, mantenabilidade e confiabilidade -, como nos gerenciais - relacionados à organização dos serviços, à otimização no dispêndio de recursos e à gestão de pessoal pes soal [2]. [2]. 2.1. 2.1. GTM H –I EB-UF SC
A estrutura de engenharia clínica (EEC) do IEB-UFSC iniciou suas atividades, inéditas na rede pública estadual, em janeiro de 1998. Essas atividades visam fornecer o suporte necessário a todo o processo pelo qual a tecnologia médicohospitalar passa, iniciando pela sua especificação e avaliação das propostas, passando pelo recebimento, instalação, treinamento de operadores e todas as atividades necessárias para manter o equipamento de acordo com o especificado pelo fabricante [3]. A EEC implantada nesses hospitais chamou-se chamou-se Centro Local Local de Engenharia Clínica (Celec), que possui uma equipe técnica formada, basicamente, por um engenheiro, um técnico e um estagiário, com possíveis variações de acordo com a necessidade e demanda local. Esta estrutura atende principalmente à tecnologia alocada unidades unid ades de
Local, Nível de Referência Regional e Nível de Referência Estadual, descritos a seguir [2, 4]:
Nível Local – representado por Centros Locais de Engenharia Clínica, implementados em diversos hospitais, que se tornam os responsáveis por todo o gerenciamento de tecnologia neste nível. A cargo dos Celec ficam as seguintes responsabilidades: acompanhamento da rotina de utilização dos equipamentos; identificação e diagnóstico de problemas com equipamentos; solicitação e acompanhamento de manutenção terceirizada; avaliação de orçamentos de serviços de terceiros; avaliação e programação de contratos de manutenção; execução de manutenção; suporte à especificação técnica para novas aquisições; identificação de necessidade de treinamento dos operadores (médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem); treinamento de operadores e mantenedores; execução de testes funcionais; identificação de necessidade de ensaios de desempenho e segurança elétrica, estruturação administrativa e documental. Nível de Referência Regional – é representado pelo Centro de Referência Regional (CRR), o qual desempenha as funções de gerenciamento e orientação técnica de referência para a região, bem como sistematiza os dados gerados em cada Celec, encaminhando-os encaminhando-os periodicamente ao nível gestor na forma de relatórios com conteúdo técnico e econômico. Nível de Referência Referência Estadual Estadual – é representado pelo Centro de Referência Estadual (CRE) instalado na UFSC, que serve, fundamentalmente, para a formação de recursos humanos, além de centralizar a solução de problemas de gTMH em nível macro. •
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Essa estrutura é, ainda, apoiada por atividades especializadas de suporte que contemplam o Dimensionamento Incorporação de Tecnologia (DIT) – auxilia no processo de incorporação de tecnologia médicohospitalar visando a uma melhor adequação ao uso da tecnologia com o menor custo para os EAS –, o Treinamento (TR) – objetiva a atualização, capacitação e aperfeiçoamento dos profissionais e usuários de tecnologia médico-hospitalar – e o LAT – foco deste artigo, tratado na seqüência. 2.2. 2.2. LAT
O Laboratório de Avaliação Técnica compõe a estrutura de EC do IEB-UFSC e atua como instrumento na garantia da qualidade de EEM. Para isso, o LAT conta com uma equipe técnica especializada, composta por três engenheiros e um técnico, procedimentos padronizados e equipamentos padrão (analisadores/simuladores), (analisadores /simuladores), que o habilitam a realizar ensaios em uma vasta v asta gama de equipamentos. O LAT verifica as condições das variáveis e parâmetros dos equipamentos por meio da realização de ensaios de desempenho (funcionalidade) e segurança elétrica dos
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desfibrilador; eletrocardiógrafo; monitor cardíaco; oxímetro de pulso.
Os ensaios são realizados in loco e/ou no próprio LAT, nas seguintes situações: equipamentos novos, testes de aceitação; após manutenções, controle da qualidade; periodicamente, periodicame nte, segundo recomendações recomen dações normativas normativa s [5]. • • •
A demanda por ensaios criada pela atuação das EEC nos hospitais de Santa Sa nta Catarina cresceu rapidamente rapidamente (a título de ilustração, o LAT realizou 389 ensaios em 2000 e 492 em 2001 [6]), sobretudo nos últimos três anos, em razão da ampliação de unidades atendidas – passando de três para dez nesse período – e da informatização do processo de gerenciamento dos serviços e emissão de relatórios. Essa transformação exigiu uma adequação e qualificação das atividades e métodos empregados pelo LAT, antes focados, basicamente, em pesquisas acadêmicas, o qual teve de atender a um mercado ext remamente carente. Para tanto, três frentes principais de qualificação foram trabalhadas escalonadamente: •
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informatização dos processos do laboratório – a fim de facilitar o gerenciamento das atividades executadas pelo LAT e se ter maior controle sobre os fluxos de dados obtidos nos ensaios dos EEM, desenvolveu-se desenvolveu-se um um sistema computacional utilizando a ferramenta Delphi ® em conjunto com o banco de dados Interbase ®. O sistema desenvolvido possui um banco de dados onde são armazenad arma zenados os os dados dad os obtidos obti dos nos ensaio e nsaioss real realiza izados dos pela equipe técnica. As principais princip ais atividades atividad es executadas executad as pelo software softwa re são: geração geraçã o dos relatórios relatór ios técnicos, técnico s, estabelecimento do histórico dos ensaios, execução do planejamento planeja mento dos ensaios en saios e a geração ger ação do relatório rela tório mensal mens al [6]; introdução introduç ão ao sistema sistema da qualidade qualidade – realizou-se um estudo preliminar do contexto do LAT frente aos requisitos da norma específica, NBR ISO/IEC 17025, de acordo com a abordagem que relaciona os conteúdos de sistemas da qualidade e sistemas de informação. A abordagem desenvolvida foi dividida em diferentes etapas, sejam elas: Análise de Contexto; Grupo de Trabalho (WG); Fases do Projeto e Sistema de Gestão da Qualidade, em que foram utilizadas diversas ferramentas (Check-List, Antes X Depois, Identificador de Nãoconformidade, Livro de Registro, Lição Única, Materiais de Inventário, Plano de Ação, Lista Mestra) [7]; busca do credenciamento do LAT junto ao Inmetro – com o objetivo de ampliar a gama de equipamentos ensaiados e comprovar a sua competência no que tange à realização de ensaios em EEM no período póscomercialização, o LAT aprovou um projeto junto ao
ao seu credenciamento junto ao Inmetro e à habilitação junto à Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde (Reblas). O projeto prevê a solicitação do credenciamento e a ampliação do seu escopo (vinte serviços) até o final de 2004.
3. RESULTADOS O levantamento dos ensaios realizados no período de janeiro de 2002 a abril de 2003 pelo LAT é mostrado na Figura 1. As estatísticas contemplam ensaios em monitor cardíaco, eletrocardiógrafo, desfibrilador, oxímetro de pulso, unidade eletrocirúrgica (bisturi elétrico) e cardioversor, segundo as modalidades: equipamento novo (teste de aceitação), pósmanutenção e periódicos. Cabe ressaltar, ainda, que os relatórios resumem o resultado dos ensaios, os quais são divididos divididos em duas partes – avaliação qualitativa e testes quantitativos. A reprovação em qualquer uma dessas partes acarreta a reprovação do equipamento. Assim, somente os equipamentos aprovados sta tus de aprovado. em ambas recebem o status Tais modalidades emergiram do modelo de engenharia clínica desenvolvido, o qual estabelece, como parte dos testes de aceitação de EEM novos, a realização da verificação da conformidade das suas características (avaliação qualitativa) e parâmetros (testes quantitativos, calibração). Procedimento semelhante é realizado após qualquer intervenção (manutenção) no equipamento, como condição (somente em caso de aprovação do EEM) para a sua disponibilização ao setor ao qual está alocado. Por outro lado, para o controle da qualidade de EEM em uso, são realizados ensaios periódicos, conforme recomendações bibliográficas (em geral, a cada seis meses, com exceção de desfibriladores e cardioversores – a cada três meses [5]).
Resultado dos Ensaios por Modalidade (2002-2003)
10
100% 80% 80%
29
342 342
60% 60% 40% 40%
85 36
515 51 5
20% 20% 0% Peri Periód ódic ico o
PósPós-ma manu nute tenç nção ão
Apro Aprova vado do
Novo
Repr Reprov ovad ado o
Figura 1 – Result ado dos ensaios realizados realizados pelo pelo LAT no período de janeiro de 2002 a abril de 2003, segundo as diferentes modalidades, perfazendo um total de 1.017 ensaios.
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Essa assertiva é confirmada e justifica a defasagem existente entre o processo de regulação, normalização e qualificação de EEM brasileiro em relação às experiências internacionais, conforme caracterizado na seqüência. 4.1. 4. 1. N or mal ma l i zação e Regu R egu l ação
No Brasil, as primeiras iniciativas de normalização de EEM se desenvolveram a partir da década de 1970, baseadas no consenso dos diversos setores representativos do país. Entretanto, somente em 1994 foi publicada pela ABNT a Norma Norma NBR IEC IEC 601-1 601-1 Equipamento Eletromédico Eletromédico – Parte 1 – Prescrições gerais para a segurança, ao passo que a mesma norma internacional, IEC 601-1, teve a sua primeira edição em 1977 [8]. A regulação dos EEM tem como responsável nacional a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a qual estabelece, com base na Resolução Nº 444 de 1999, que o registro desses equipamentos está condicionado à apresentação de certificado de conformidade emitido por organismo credenciado no Sistema Brasileiro de Certificação (SBC). Porém, quando da inexistência de competência para a realização do ensaio de certificação na estrutura do SBC, a Anvisa concede o registro para a comercialização [1]. O número insuficiente de laboratórios capacitados no país, somado ao fato de que equipamentos críticos, como bomba de infusão e ventiladores pulmonares, não são contemplados pelo escopo escop o desses desse s laboratóri labor atórios, os, reforça refor ça a necessida nece ssidade de de fomento e desenvolvimento da rede de laboratórios e evidencia o problema existente nesse nível da cadeia metrológica, no que tange a EEM. 4.2. Cont r ole de Qual idade – I ndús ndústr ia X Repr Repr esentantes esentantes
A primeira iniciativa da indústria nacional para a implantação de um sistema de qualidade voltado aos produtos produ tos médico-hospitala médic o-hospitala res foi conduzida con duzida pela p ela Associação Asso ciação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) em 1989. Entretanto, o sistema não entrou efetivamente em ação, em razão da falta de interesse do mercado comprador em exigir qualidade dos produtos que adquiria [8]. Atualmente, no país, o processo de fabricação de EEM está regulamentado pela Resolução nº 59 de 2000, que internaliza a resolução Mercosul/GMC/Res. Nº 04/95 e Mercosul/GMC/Res. Nº 131/96 e determina que todos os fornecedores de produtos médicos devem cumprir os requisitos estabelecidos nas “Boas Práticas de Fabricação de Produtos Médicos” [1]. Em nível internacional, tal processo é tratado com maior rigor, já incorporando as questões do gerenciamento de risco de EEM. Desenvolvida, conjuntamente, pelos comitês ISO/TC 210 e IEC/SC 62, a norma ISO/IEC 14971, Medi cal
para publicação pu blicação como norma norm a internacional internac ional pelos pe los organismos organ ismos ISO, IEC, CEN e Cenelec [1]. Essa norma fornece aos fabricantes uma estrutura que inclui análise de risco, avaliação de risco e controle de risco para gerenciamento em projeto (desenho) de equipamento médico, desenvolvimento, fabricação e monitoração de desempenho e segurança de EMH após a venda. E estabelece que é responsabilidade do fabricante demonstrar que todas as possibilidades de risco isco associadas associadas com com o equipamento estão identificadas e comunicadas [9]. Nesse Ness e contexto, conte xto, as estatístic estat ísticas as apresentad apres entadas as na Figura Figu ra 1 apontam que cerca de 10% dos EEM ensaiados na modalidade “novo” foram reprovados e em torno de 45%, reprovados na “pós-corretiva”, indicando a necessidade da qualificação dos processos de controle da qualidade de fabricantes e seus representantes. 4.3. E nsaios Peri ódicos
Seguindo uma tendência mundial de regulação de produtos médicos, a Anvisa está em processo de implementação, desde 2001, do Sistema de Informação Nacional de Tecnovigilância, o qual estabeleceu um projeto piloto denominado Hospitais Sentinela. Tal projeto visa dar respostas às notificações de eventos adversos envolvendo equipamentos médico-hospitalares, colocando sob a linha de investigação, dentre outros fatores, o erro de usuário, o sistema de assistência à saúde, fatores externos e o desempenho do equipamento. Nesse sentido, essa iniciativa governamental aponta para a necessidade da realização de ensaios periódicos como forma de controlar a qualidade dos parâmetros fornecidos pelos EEM. Em contraponto, o registro no Ministério da Saúde (MS) ainda tem um caráter cartorial, permitindo a comercialização de equipamentos sem que tenham passado por ensaios de conformidade [10]. O próprio registro no MS acaba sendo uma porta aberta para a entrada de equipamentos que poderão poderã o vir a causar acidentes, acident es, ou simplesmente simples mente que não oferecem o benefício prometido[1]. Tudo isso, somado à estatística estatística da modalidade “periódicos” (Figura 1), onde cerca de 40% dos EEM ensaiados reprovaram, reforça ainda mais a necessidade de se realizarem ensaios de desempenho periodicamente nos equipamentos em uso, como também a importância de que esses ensaios sejam realizados por laboratórios com competência competência técnica comprovada.
5. CONCLUSÃO Os resultados apresentados neste artigo apontam a necessidade imediata da discussão e implementação de medidas que desenvolvam e fomentem a cadeia metrológica do setor da saúde em todos os seus níveis, desde o seu
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Nesse contex c ontexto, to, as estrutur es truturas as de engenha en genharia ria clínica, clín ica, como co mo as conduzidas pelo IEB-UFSC em Santa Catarina, possuem um papel fundamental, fundamen tal, atuando, por meio da adequada adequad a implementação do processo de gTMH, como elemento catalisador de informações e impulsionando a metrologia acerca de EEM. E EM. Laboratórios comprovadamente capacitados, que atendam atendam aos rigores metrológicos mínimos necessários, constituem o instrumento pelo qual a geração/coleta de informações, transformadas em indicadores de gestão, possam balizar a tomada de decisão nos diferentes níveis da cadeia.
[2]
W . B. Beskow,
Sistema de Informação para o Gerenciamento de Tecnologia Médico Hospitalar: Me to do lo gi a de De se nv ol vi me nt o e Im pl em en ta çã o de Pr ot ót ip o , Florianópolis, 2001. Tese (Doutorado em
Engenharia Engenharia Elétrica Elétrica)) - Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina. [3] M. V. Lucatelli, Lucatelli, W . B Beskow, R. Garcia, “Gestão da In: Confiabilidade Confiabilidade Tecnológica no Ambiente Hospitalar”. In: An ai s C D-Ro m d o XVI Congresso Congresso Brasileiro de Manutenção Manutenção & XI Congresso Ibero-Americano de Manutenção ,
[4]
Florianópolis, 2001. W . H. Veneziano, Estudo para Dimensionamento de Centros Re gi on ai s de En ge nh ar ia Cl íni ca em Sa nt a Ca ta ri na ,
As informações obtidas durante a etapa de utilização dos EEM, incluindo os resultados dos ensaios em equipamentos, permitem realimentar o sistema que envolve o gTMH, podendo podend o nortear decisões decisõe s junto à Anvisa referentes, referent es, à necessidade de modificações no projeto, ou orientar a avaliação pré-comercialização, com o intuito de aumentar a efetividade ou, pelo menos, de minimizar problemas identificados no uso desses equipamentos.
Florianópolis, 1996. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina . [5] [5] AHA – American Hospital Association, “ Ma in te na nc e Ma na ge me nt fo r M ed ic al Eq ui pm en t ”, ”, Chicago, IL. 1996. [6] M. V. Lucatelli, H. P. Silva, F. R. Lima Filho, R. Garcia, “Ensaios de Funcionalidade e Segurança: A Experiência do Laboratório de Avaliação Técnica IEB-UFSC” IEB-UFSC”,, In: In: Anais Anais do
Os ensaios de avaliação técnica, somados às demais ações que formam o gTMH, permitem oferecer a segurança desejada a operadores de equipamentos, pois estes têm conhecimento de que, através dos resultados dos ensaios, os equipamentos estão em condições de utilização e não reservam surpresas durante o seu uso. Contudo, ressalta-se que todo esse benefício advindo da realização dos ensaios nos EEM no período pós-comercialização somente será alcançado se os resultados obtidos nos ensaios forem confiáveis. Para garantir a confiabilidade dos resultados dos ensaios, a EC deve buscar a capacitação dos laboratórios de avaliação técnica no sentido de demonstrar a sua competência técnica.
[7]
O desenvolvimento e a consolidação da cultura metrológica vêm se constituindo numa estratégia permanente das organizações, uma vez que resulta em qualidade dos produtos prod utos e serviço se rviços. s. Na área áre a da saúde, saúd e, entretanto, entretan to, o senso de cultura metrológica não está disseminado, requerendo ações duradouras de longo prazo e dependendo não apenas de treinamentos treinamentos especializados, mas de uma ampla difusão dos valores da qualidade em toda a comunidade assistencial de saúde. Tão importante quanto a preocupação com os aspectos legais e técnicos, relacionados à qualidade de EEM, são o desenvolvimento da cultura metrológica e a correta compreensão dos aspectos de segurança e desempenho necessários aos EEM, os quais devem ser buscados continuamente. Isso permite contribuir para a real melhoria da qualidade das atividades desenvolvidas pelos profissionais profission ais da EC, da área da saúde e da Tecnovigilância. Tecnovigilânc ia.
REFERÊNCIAS [1]
M. M ª B. Batista,
Contribuição
ao
Processo
de
XV II I C on gr es so Br as il ei ro de En ge nh ar ia Biom Bi om éd ic a – CBEB'2002 , São José dos Campos, SP, v. 4/5, p.26-30, 2002.
[8]
P. S. M. Freire; L. L. A. Glowacki; M. V. Lucatelli, R. Garcia, Garcia, “Sistema e Gestão da Qualidade Visando o Credenciamento In: do Laboratório de Avaliação Técnica: estudo de caso”, In: An ai s do XV II I Co ng re ss o Br as il ei ro de En ge nh ar ia Bi om éd ic a – C BE B' 20 02 , São José dos Campos, SP, 2002. W . B. Beskow, Es tu do Pr el im in ar do Pr oc es so de Qualificação de Equipamentos Eletromédicos: Uma Ab or da ge m e m E ng en ha ri a C lí ni ca , Florianópolis, 1997.
Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) - Centro Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina.
A. M. Dolan, “Risk Management and Medical Bulleti n : Interna Int erna tion al Standa Sta ndariza riza tion Devices”, ISO Bulletin Organization , p. 13-14, July 2002. Disponível em:
. Acesso em nov 2002. [10] ANVISA, Termos de Referência – Projeto Hospitais Sentinela. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br /tecnovigilancia/ofici /tecnovigilancia/oficina_consolida/ na_consolida/TOR_Projeto_HosTOR_Projeto_Hos pitais pitais _Sentinela.doc. _Sentinela .doc. Acesso em jul. 2003. [9]
Autores: Marcos Vinícius Lucatelli, Doutor em Engenharia, Instituto de Engenharia Biomédica, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 5138, CEP 88040970, 88040970, Florianó polis, Brasil , Fone (48) 331 -9872, -9872, Fax (48) 234-2177, [email protected] Mar ise te Mª Bas san esi Bat ist a,Me a,Mestr stree em Engenh Engenhari aria, a, Instit Instituto uto de Engenharia Biomédica, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 5138, CEP 88040970, Florianópolis, Brasil, Fone (48) 331-9872, Fax (48) 234-2177, ba 234-2177, ba ss ssa@ a@ ie b. uf sc .b r Humberto Pereira da Silva, Mestre em Engenharia, Instituto de Engenharia Biomédica, Departamento de Engenharia Elétrica, Universidade Federal de Santa Catarina, Caixa Postal 5138, CEP 88040970, Florianópolis, Brasil, Fone (48) 331-9872, Fax (48) 234-2177, [email protected] Renato Garcia Ojeda, Doutor em Engenharia, Instituto de