31/08/2015
A hi stor i a da Pr osti tui ção
A História da Prostituição A prostituição nem sempre foi desprezada e criticada como em nossos tempos. Uma prática que existia desde a antiguidade, algo digno e que existia até mesmo dentro dos templos. Lins (2007: 249) salienta que “mulheres respeitáveis faziam sexo com o sacerdote ou com um passante desconhecido, realizando assim um ato de adoração a um deus ou deusa”. Acrescenta ainda que “as prostitutas eram tratadas com respeito, e os homens que usavam seus serviços lhes rendiam homenagens. Acontecia também de as próprias sacerdotisas serem as prostitutas”. Tudo isso para favorecer a fertilidade da terra e uma maneira de louvar os deuses. O meretrício passou a ser comercializado depois que os templos foram fechados com a chegada do Cristianismo. “A prostituição individual, hoje tão comum, era exceção. A maioria das mulheres vivia em bordeis e casas de banho”. As mulheres entravam para a prostituição por causa da pobreza, inclinação natural, perda de status e até mesmo por pressão familiar. Os fregueses eram encontrados nas tavernas, praças, casas de banho e ate mesmo nas igrejas. Mesmo com a condenação da igreja e todo seu rigor, as relações extraconjugais e pré-maritais eram muito usuais. Para os homens, era uma maneira de “afastá-los da homossexualidade” e desestimulá-los da prática do estupro. Os jovens assim tinham assim a oportunidade de “afirmar sua masculinidade e aliviar suas neces¬sidades sexuais”. A importância da prostituição era tamanha na dinâmica da sociedade que o rei Carlos VII da França reconheceu a necessidade dos serviços oferecidos pelos bordéis autorizando a presença destas casas de tolerância. Freqüentadores que não eram apenas jovens no auge de suas puberdades, mas também clérigos. Richards, (1993: 123) analogamente diz que “a prostituta na sociedade e como a esgoto no palácio. Se retirar o esgoto, o palácio inteiro será contaminado”. Tentativas existiam para controlar e organizar a prostituição. A igreja incentivava as mulheres a não se prostituírem mais e constituir família. A verdade é que a esta altura, a prostituição já era uma realidade na sociedade, entre as pessoas, algo consentido, à vista para quem quisesse. Esta é uma época marcada pelas chamadas chamadas “costureirinhas”, em que mulheres que não querendo fazer parte da classe operária, preferem prostituir-se. Importante ressaltar que neste mesmo período, a sífilis, doença que aterrorizava as pessoas, propagava-se cada vez mais. Lins, (2007) cita ainda Hitler que, “impõe em 1935 a lei que torna obrigatório o exame pré-nupcial, proíbe o casamento de homens com doenças venéreas e lhes impõe a esterilização pela castração”. Surge a sifilofobia que é o pavor da sífilis. O CLIENTE Com a liberação nos anos 60, imaginou-se que a prostituição sucumbiria a satisfação sexual, pois o sexo agora era permitido e supostamente, os homens não teriam mais necessidade de buscar tais serviços. Mas nada disso ocorreu, a prostituta saiu daquela imagem de mulher sofrida para ser uma mulher jovem, bonita, e bem vestida. A mídia passa a divulgar como nunca a prostituição e os homens, mesmo bem em seus casamentos, bem-sucedidos continuavam a se relacionarem com prostitutas. Por quê? Para começar a responder esta pergunta, recorro a Chiland, (2005: 112) em que argumenta que “existem homens que são impotentes com as mulheres que eles esti¬mam e respeitam, a exemplo da mãe e das irmãs, e só conseguem cumprir o ato sexual com prostitutas”. É uma realidade clínica cuja importância Freud viu bem para a compreensão da psique; a clivagem entre a madona e a puta está sempre prestes a surgir ou ressurgir no homem. Mas não são os clientes, mais numerosos das prostitutas. E a autora acrescenta ainda que “o apetite polígamo do homem se satisfaz recorrendo a uma prostituta ocasional ou regular. Ou as prostitutas lhe trazem "satisfações especiais" que ele não ousaria pedir à sua mulher, ou que ela lhe recusou felação, coito anal, práticas sadomasoquistas. Perversão e prostituição estão implicadas. Na prostituição, os beijos não fazem parte do contrato, em que cada parte do corpo, cada buraco, cada especialidade são tarifados”. (Ibidem) Parece-me que então, os homens buscam o sujo, o vulgar vulgar e o obsceno, obsceno, o qual só obtém somente com a prostituta, que é aquela que está corrompida aos conceitos morais e éticos de uma sociedade. É aquela que permite-se e vai possibilitar ao sexo em todos os termos e de todas as formas. A impressão que tenho é que http://w ww ww .r .r ot otadoagi to to.com .b .br /c /col un uni st stas/br en eno_r os ostol at ato/col un unas/hi st stor ia ia_da_pr os osti tu tui ca cao.htm
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A historia da Prostituição
a prostituta carrega a essência da contravenção. Vejamos a citação abaixo: Com a prostituta, o homem se sente livre para fazer o que deseja no sexo, do jeito e da forma que quiser e quando tiver vontade. O pagamento em dinheiro o livra de qualquer outro tipo de dívida. Não precisa se preocupar com o que a mulher deseja, se está agradando ou correspondendo as suas expectativas. Não há nenhuma cobrança. Se ela tem ou não orgasmo não é problema dele. Não precisa fingir que está apaixonado ou que vai procurá‐la novamente, nem precisa pensar numa desculpa quando ela lhe telefonar. Isso nunca vai acontecer. Mesmo sendo um prazer individual, as regras não deixam dúvidas e ninguém esta sendo enganado. (LINS, 2007: 25 7)
Como percebemos ao final da citação, existem regras, portanto. As profissionais exigem o uso do preservativo dos clientes, assim como algumas outras imposições. Algumas não fazem sexo anal entre outras coisas. O tempo do pseudo-puritanismos e dos falsos-pudores acabaram. Hoje o que existem é um culto ao narcisismo, a uma exarcebação da individualidade e da auto-suficiência. “´Conheça-te a ti mesmo' e 'Amate' são as duas condições prévias para qualquer valorização do ego”. SOMOS TODOS PROSTITUÍDOS As prostitutas então eram pessoas que colocavam em cheque a moral de uma sociedade e a hipocrisia desta mesma. Lins (2005) levanta uma questão interessante. Baseando-se no significado do dicionário, que dá a seguinte explicação para prostituta, “mulher, que pratica o ato sexual por dinheiro”, a autora suscita algumas perguntas e reflexões, “Então, quantas mulheres casadas, respeitadas e valorizadas socialmente se prostituem com seus próprios maridos? Quantas moças são educadas para só se casar com homens que lhes possam dar conforto e dinheiro? Quantas mulheres solteiras só aceitam ir para um motel com um homem se antes ele pagar o jantar num restaurante caro?” (idem, 261) Tudo é feito escondido e não revelado, para preservar a respeitabilidade destas mulheres. A prostituta por sua vez, é desprezada, mas em compensação, seu jogo é aberto. Observem o que diz Beauvoir (1980: 324), "entre as que se vendem pela prostituição e as que se vendem pelo casamento, a única diferença consiste no preço e na duração do contrato." Esta é uma questão antiga e construída através da história, principalmente com o advento do patriarcado, em que a mulher era vista como um objeto de compra e venda. Esta relação entre opressor e oprimido, fez com que a mulher se defendesse utilizando as armas que tinham, no caso o próprio corpo e assim, através do prazer, para atender as exigências sexuais masculinas, mantinham acordos em troca daquilo que precisavam. Mas vou fazer uma outra reflexão e esta sim, algo na qual considero presente em nossas vidas. Uma vez que a prostituição caracteriza-se pela venda do corpo e com isso, existe a gratificação financeira, existe algo formal, a compra de um serviço. Pois bem, a “compra” e a “venda” são termos os quais gostaria de chamar a atenção, pois compramos ideais e opiniões, bem como nos vendemos também. Considero que a humanidade é prostituída, pois sempre estamos em busca de benefícios próprios, nem que para isto, tenhamos que comprar votos, e, diga-se de passagem, isto é comprar uma ideologia, o poder de escolha, assim como vendemos o que nos convém, os mesmos votos, por exemplo, porque talvez a pessoa não faça idéia da importância de votar adequadamente nas urnas, sabendo que possui ali um poder de decidir o futuro de seu país. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEAUVOIR, S. de. O segundo sexo, Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. CHILAND, C. O sexo conduz o mundo, Rio de Janeiro: Companhia de Freud, 2005. LINS, R. N. A cama na varanda: arejando nossas idéias a respeito de amor e sexo: novas tendências, Rio de Janeiro: BestSeller, ed. rev. e ampliada, 2007.
Breno Rosostolato
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