ADOLESCÊNCIA: TRANSIÇÃO ENTRE A INFÂNCIA E FASE ADULTA. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a adolescência é o período entre 10 e 19 anos de idade. [1] No início da adolescência, as transformações biológicas e as alterações na personalidade ocorrem juntas e assim como o corpo vai adquirindo uma nova forma modificase também a imagem mental. [1] O problema da formação de caráter na adolescência é tão amplo que quase todos os aspectos na teoria psicanalítica estão relacionados a ela. A raiz da palavra caráter, no verbo grego “gravar”, sempre fez parte do conceito de caráter em relação ao padrão traçado com características de permanência e fixidez. Estas são representadas em termos de personalidade, por traços ou qualidades distintas e por formas típicas de conduzir a si mesmo. [2] A busca por uma identidade única é um dos problemas que adolescentes frequentemente encaram, desafiando autoridades e regras como um caminho para se estabelecerem como indivíduos. Nesse estágio, desportistas e artistas (entre outros) servem como modelos de comportamento. Isto não significa, entretanto, que a criação adequada, por pais ou outros tutores, e uma vida inspirada sejam contradições, mas discute-se o quando uma deve ceder lugar à outra. [? JAMES] No Brasil, os adolescentes ao completarem 18 anos, sem distinção de sexo, cor ou classe social, têm a obrigação de se inserir no processo de votação das eleições políticas partidárias, onde se decide de forma particular seus próprios governantes. Inicia-se também o processo de serem responsabilizados por seus próprios atos perante a justiça, respondendo assim por todo e qualquer dano causado de forma geral à sociedade, e ao meio em que se vive. Para os jovens do sexo masculino, a obrigatoriedade de se inserir no alistamento militar, é exatamente nesta mesma idade. Na maioria das vezes, estes fatos são vistos de forma agressiva pelos próprios adolescentes, pois o ato de pensar, decidir ou se responsabilizarem por qualquer que seja a situação, são vistos com complexidade. Em fim, a adolescência é como um renascimento, marcado, pela revisão de tudo o que foi vivido na infância
VISÃO DE ALGUNS PENSADORES
A psicanálise e a adolescência segundo Sigismund Schlomo FREUD (1856-1939) Freud iniciou o estudo psicanalítico da adolescência. Em seu trabalho de 1905, “Três ensaios sobre a sexualidade”, realçou as importantes fases da sexualidade infantil, até então negadas pelo meio científico, e também o que ocorria no jovem, no período intermediário entre a infância e a vida adulta. No vocabulário científico usa-se o termo libido como correspondente à fome para designar a necessidade sexual. A concepção anterior a FREUD era que essa libido estaria ausente na infância e se instalaria na puberdade. Tal afirmação carece hoje de fundamento. O que ocorre é uma sexualidade em dois estágios, um na infância e o outro após a puberdade com uma fase de relativa tranquilidade intermediária, o chamado período de latência. Essa situação quiescente é perturbada com as mudanças que ocorrem na chegada da puberdade, destinadas a dar à vida sexual infantil sua forma final. O instinto sexual que até então fora predominantemente auto erótico, encontra agora um objetivo sexual. Todos os instintos parciais se combinam para atingir o novo objetivo sexual sob a primazia da zona genital. Ocorre confluência da corrente afetiva e da sensual e o instinto sexual está agora subordinado a sua função reprodutora, tornando-se assim altruístico.
Adolescência para Henri Paul Hyacinthe Wallon (1879 – 1962) Wallon foi filósofo, médico e psicólogo e para ele a adolescência tem início aos 12 anos com a puberdade, é marcada por transformações de ordem fisiológica, mudanças corporais impostas pelo amadurecimento sexual, assim como transformações de ordem psíquica com preponderância afetiva. Nesse estágio, os sentimentos se alternam procurando buscar a consciência de si na figura do outro, contrapondo–se a ele, além de incorporar uma nova percepção temporal. É uma movimentada etapa que separa a criança do adulto que ela tende a ser. Nessa fase ocorrem modificações fisiológicas impostas pelo amadurecimento sexual, provocando
profundas transformações corporais acompanhada por desenvolvimento psíquico, marcado pela vinda de um fenômeno muito importante: o jovem adquire a posse da função reprodutora e a capacidade de exercitar a função sexual que vai efetivando-se ao longa do estágio da adolescência.
A tese na adolescência definida por Lev Semenovitch VYGOTSKI. (1896–1934) Vygotski propõe a seguinte tese fundamental: na adolescência, a relação da formação conceitual com a reorganização do sistema psicológico faz com que o pensamento assuma a centralidade das relações interfuncionais do psiquismo. Refutando a ideia de que o adolescente apresenta apenas um intelecto mais desenvolvido, com maior independência em relação ao material sensorial. Assim, para Vygotsky, a criança não apresenta condições psicológicas de compreender a necessidade lógica do resultado obtido com sua eleição, nem mesmo sobre a trajetória desse raciocínio lógico. O indivíduo somente chega a ser capaz de efetuar as operações relacionadas a vontade, considerando a possibilidade de realização de sínteses superiores, apenas no período da adolescência.
Adolescência na visão de Jean William Fritz Piaget (1896 -1980) Piaget divide os períodos do desenvolvimento de acordo com o aparecimento de novas qualidades do pensamento, o que por sua vez, interfere no desenvolvimento global. Ele afirmava que as mudanças na maneira como os adolescentes pensam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos pessoais e sobre a natureza da sua sociedade têm como fonte comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele titulava de operações formais. Os períodos do desenvolvimento são caracterizados por aquilo de melhor que o indivíduo consegue fazer nas faixas etárias, como: sensório-motor (de 0 a 2 anos), préoperatório (de 2 a 7 anos), operações concretas (de 7 a 12 anos) e operações formais (de 12 anos em diante).
No período operatório formal acontece o amadurecimento das características da vida adulta. Entretanto, o atributo mais geral do pensamento operatório formal é o reconhecimento de que a realidade é nada mais que um conjunto de todas as possibilidades. Piaget assegurava que as mudanças na maneira como os adolescentes raciocinam sobre si mesmos, sobre seus relacionamentos pessoais e sobre o caráter da sua sociedade têm como fonte comum o desenvolvimento de uma nova estrutura lógica que ele chamava de operações formais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS É comum que aflorem sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo em que deseja se parecer com um homem ou uma mulher, o adolescente tende a rejeitar as mudanças por medo do desconhecido. Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos e a potência sexual recém-descoberta. O jovem deve ficar à vontade para tirar dúvidas e conversar sobre o que ocorre com seu corpo sem que sinta medo de ser diminuído ou ridicularizado. Necessitando de privacidade sem que não sejam forçados a falar, pois tem que ser respeitado.[? JAMES]
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1- NUTRIR GERAIS – Revista Digital de Nutrição – Ipatinga: Unileste-MG, V. 2 – N. 3 – Dez. 2008 2- BLOS, Peter. Transição de Adolescente: questões desenvolvimentais, (Trad. M. R. Hofmeister) Porto Alegre, Ed Artes Médicas, 1996. 3- ALMEIDA, Laurinda Ramalho de, (2000). Wallon e a Educação. In: Henri Wallon – Psicologia e Educação. São Paulo: Loyola. 4- ALVES, Rubem. Sobre o tempo e a eternidade. Campinas, São Paulo: Papirus, 1995. 5- BOCK, Ana Mercês Bahia; MARCHINA, Maria da Graça e FURTADO, Odair (Org.), Psicologia Sócio-histórica. São Paulo: Cortez, 2001. p.129-140. 6- FREITAS, M.V. (Org.) Juventude e adolescência no Brasil: referências conceituais. São Paulo: Ação Educativa, 2005. 7- PIAGET, Jean. Psicologia da inteligência. Jean Piaget: tradução de Nathanael C. Caxeiro, 2 ed. Rio de Janeiro: Zahar,1977.