Os Campos O dos Castelos A Europa jaz, posta nos cotovelos: De Oriente a Ocidente jaz, ftando, E toldam-lhe românticos cabelos Olhos gregos, lembrando
O cotovelo es!uerdo " recuado# O direito " em ângulo disposto A!uele diz $t%lia onde " pousado# Este diz $nglaterra onde, a&astado, A m'o sustenta, em !ue se apoia o rosto
(ita, com olhar es&)ngico e &atal, O Ocidente, &uturo do passado
O rosto com !ue fta " *ortugal
O dos Castelos sistematização A Europa " perspetivada pelo poeta como fgura &eminina cujo rosto *ortugal + O O rosto com !ue fta " *ortugal *ortugal *or" *o r"m, m, esta esta fgura fgura &eminina &eminina jaz, jaz, est% est% deitada deitada sobre sobre os cotovelos, numa atitude de adormecimento, ou de espera, espera, vivendo das das mem em.r .ria iass de um pass passad ado, o, cuja cujass ra)ze a)zess cult cultur urai aiss est'o st'o associadas / 0r"cia, $t%lia e $nglaterra O rosto parece estar animado de vida, por!ue olha f1amente o Ocidente + o mar, onde a Europa se lan2ou atrav"s de *ortugal, *ortugal, na grandiosidade das descobertas com a !ual tra2ou o seu pr.prio &uturo *ortugal parece estar pronto a despertar e o seu olhar " es&)ngico e &atal, ou seja, enigm%tico e marcado pelo destino Assi Assim, m, o poet poeta a re&er e&ere-s e-se e ao pape papell de *ortu ortuga gall co como mo l)de l)derr ineg%vel de uma nova Europa, cujo &uturo recuperar% a gl.ria do passado A miss'o de *ortugal est% assinalada pela sua localiza2'o geogr%fca estrat"gica: con!uistar o !ue est% para ocidente, o mar, criando um novo imp"rio !ue dar% continuidade / supremacia do res esta tant nte e imp" imp"ri rio o eur europeu opeu O t)tu t)tulo lo do poem poema a " uma uma alus alus'o 'o ao
territ.rio portugu3s, protegido por os sete castelos !ue, uma vez con!uistados aos mouros, defniriam a geografa de *ortugal
O das Quinas
Os Deuses vendem !uando d'o Compra-se a gl.ria com desgra2a Ai dos &elizes, por!ue s'o 4. o !ue passa5
6aste a !uem basta o !ue lhe basta O bastante de lhe bastar5 A vida " breve, a alma " vasta: 7er 7 er " tardar tardar
(oi com desgra2a e com vileza 8ue Deus ao Cristo defniu: Assim o op9s / atureza E (ilho o ungiu
O das Quinas
sistematização
O poeta &az uma s"rie de afrma2;es parado1ais + Os deuses vendem !uando d'o -, ou baseadas em jogos de palavras + 6aste a !uem basta basta o !ue lhe basta basta + com um s> O me mesm smo o de Cris Cristo to:: tal tal co como mo Ele, Ele, os portugueses s. ascender'o a um plano superior, transcendendo-se, superando as limita2;es da pr.pria vida, por natureza e&"mera + A vida " breve, a alma " vasta Est'o, ent'o, tra2adas as potencialidades da alma portuguesa, uma alma !ue se afrma vasta, grande + ser% esta grandeza de alma !ue presidir% todos os her.is de Mensagem 4e se descodifcar o titulo do poema, as !uinas correspondem /s cinco chagas de Cristo, s)mbolo do so&rimento e morte redentores da humanidade As !uinas s'o a e1press'o de !ue
s. o sacri&)cio conduz / reden2'o e / gl.ria, projetando a miss'o de *ortugal para um plano de espiritualidade
Os Castelos Ulisses
O mito " o nada !ue " tudo O mesmo sol !ue abre os c"us ? um mito brilhante e mudo + O corpo morto de Deus, @ivo e desnudo
Este !ue a!ui aportou, (oi por n'o ser e1istindo 4em e1istir nos bastou *or n'o ter vindo &oi vindo E nos criou
Assim a lenda se escorre A entrar nas realidade, E a &ecund%-la decorr decorre e Em bai1o, a vida, metade De nada, morr morre e
Ulisses sistematização *essoa remonta / fgura m)tica de lisses para e1plicar a &unda2'o de *ortugal *ortugal
Associadas / sua &unda2'o, n'o est% apenas o real, o &actual hist.rico, mas igualmente o m)tico, difcilmente e1plic%vel + O mito " o nada !ue " tudo lisses, sem e1istir, por!ue " mito, nos bastou, e por n'o ter vindo, por!ue n'o " real nos criou, ou seja, &oi essencial para sermos hoje o povo !ue somos lisses " fgura lend%ria do navegador errante, cujo esp)rito aventureiro o levou a en&rentar o mar durante dez longos anos, vivendo e ultrapassando os seus in
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Viriato 4e a alma !ue sente e &az conhece 4. por!ue lembra o !ue es!ueceu, @ivemos, ra2a, por!ue houvesse Fem.ria em n.s do instinto teu
a2'o por!ue reincarnaste, *ovo por!ue ressuscitou Ou tu, ou o de !ue eras a haste G Assim se *ortugal &ormou
7eu ser " como a!uela &ria Huz !ue precede a madrugada, E " j% o ir a haver o dia a antemanh', con&uso nada
D. Afonso Henriques *ai, &oste cavaleiro =oje a vig)lia " nossa D%-nos o e1emplo inteiro E a tua inteira &or2a5
D%, contra a hora em !ue, errada, ovos inf"is ven2am, A b3n2'o como espada, A espada como b3n2'o5
D. Afonso Henriques
sistematização
D A&onso =enri!ues " apelidado pelo poeta de *ai Ele ", simultaneamente, *ai e cavaleiro + *ai, por!ue &undador da nacionalidade e, por isso, pai dos portugueses# cavaleiro, por!ue, com a espada, de&endeu e con!uistou o territ.rio portugu3s, mas tamb"m se assumiu como de&ensor da &" Ent'o, o poeta pede-lhe !ue, nos dias de hoje, ele sirva de e1emplo aos portugueses e !ue a sua &or2a inspire a uma a2'o !ue ven2a os novos inf"is, ou seja, todos a!ueles !ue se op;em / miss'o espiritual e providencial de *ortugal !ue, para o poeta, " uma certeza inabal%vel Espada: • • •
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Con&ere luminosidade tudo / sua volta se torna claro# De&esa dos valores morais, religiosos, nacionais# 4)mbolo de cavalaria uni'o m)stica entre o cavaleiro e a espada# @alor pro&"tico# 4)mbolo: - Da 0uerra 4anta da guerra interior# - Do verbo, da palavra# - Da con!uista do conhecimento# - Da liberta2'o dos desejos# - Da espiritualidade# - Da vontade divina#
D. Dinis
a noite escreve um seu Cantar de Amigo O plantador de naus a haver E ouve um sil3ncio m
Arroio, esse cantar, jovem e puro, 6usca o Oceano por achar# E a &ala dos pinhais, marulho obscuro, ? o som presente desse mar &uturo, ? a voz da terra ansiando pelo mar
D. Dinis sistematização *essoa evoca a fgura hist.rica de D Dinis, monarca portugu3s da IJ dinastia, flho de A&onso $$$ Os dois primeiros versos do poema remetem, de para essa dupla &aceta + D Dinis escreve um seu Cantar de Amigo e " plantador de naus a haver, sendo estas constru)das com o produto dos pinhais por ele mandados semear D Dinis representa a!uele para !uem a poesia ter%, entre outros, como objetivo cantar o imp"rio portugu3s e a!uele !ue lan2ar% a semente de &uturos imp"rios os restantes versos, destaca-se toa uma serie de voc%bulos !ue e1primem sons, vozes, rumores, como se de uma pro&ecia se tratasse marulho obscuro# &ala dos pinhais# o rumor dos pinhais 7odos eles pro&etizam a grande epopeia mar)tima portuguesa dos s"culos K@ e K@$ D Dinis ", ent'o, o pro&eta !ue sabe intuir, de &orma sibilina enigm%tica, o grande imp"rio das descobertas Assim, o !ue se preconiza " o sonho &undador !ue permita a constru2'o de um tempo &uturo
As 8uinas
D. Duarte !ei de "ortu#al Feu dever &ez-me, como Deus ao mundo A regra de ser Lei almou meu ser, em dia e letra escrupuloso e &undo
(irme em minha tristeza, tal vivi Cumpri contra o Destino o meu dever $nutilmente> 'o, por!ue o cumpri
D. $e%astião !ei de "ortu#al Houco, sim, louco, por!ue !uis grandeza 8ual a 4orte a n'o d%
'o coube em mim minha certeza# *or isso onde o areal est% (icou meu ser !ue houve, n'o o !ue h%
Finha loucura, outros !ue me a tomem Com o !ue nela ia 4em a loucura !ue " o homem Fais !ue a besta sadia, Cad%ver adiado !ue procria>
D. Sebastião, Rei de Portugal sistematização Este " o primeiro dos !uatro poemas dedicados a D 4ebasti'o Caracterizando-se como um louco por!ue !uis grandeza, D 4ebasti'o admite com orgulho essa loucura, s)mbolo do inspirado, de todo a!uele !ue est% para al"m do comum da sociedade e transmite a ideia de !ue nem a morte a e1tinguiu ou poder% e1tinguir O ser !ue houve morreu nos areais de Alc%cer 8uibir# o ser !ue h%, esse n'o " perec)vel, por!ue o sonho tamb"m n'o o " $ndo mais al"m neste discurso de elogio da loucura, D 4ebasti'o incita a!ueles !ue o ouvem a herdarem a sua loucura 7rata-se de uma esp"cie de apelo / continuidade do seu sonho de grandeza um remate de natureza tanto reMe1iva como desafadores, o poeta interroga-se sobre o !ue distingue o =omem dos restantes animais + " o sonho !ue permite !ue o =omem seja mais !ue cad%ver adiado ? o sonho !ue eleva o =omem e o &az ultrapassar a pr.pria morte D 4ebasti'o surge, ent'o, como uma esp"cie de messias !ue traz a boa nova da salva2'o
um discurso na IJ pessoa, D 4ebasti'o assume-se orgulhosamente como louco: A recorr3ncia da ideia de loucura + Houco, sim, louco# Finha loucura# 4em a loucura# A loucura do rei, de sinal positivo, projeta-se no desejo de ultrapassar os limites do homem, na ousadia de transmitir o seu sonho aos outros + Finha loucura, outros !ue me a tomemCom o !ue nela ia •
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O jogo dos tempos verbais + ser !ue houve n'o o !ue h% + e1prime a dicotomia entre o ser mortal, o D 4ebasti'o hist.rico !ue fcou no areal de Alc%cer 8uibir, e o ser imortal, o D 4ebasti'o m)tico + o sonho, o desejo de grandeza# Esta esp"cie de loucura, &ecundante !ue d% &rutos, distingue o homem da besta sadia,Cad%ver adiado !ue procria># D 4ebasti'o " ais um agente da busca de realiza2'o do sonho objetivo da Mensagem pessoana# D 4ebasti'o como fgura messiânica
&A! "O!'U(U)$ O *nfante Deus !uer, o homem sonha, a obra nasce Deus !uis !ue a terra &osse toda uma, 8ue o mar unisse, j% n'o separasse 4agrou-te, e &oste desvendando a espuma,
E a orla branca &oi de ilha em continente, Clareou, correndo, at" ao fm do mundo, E viu-se a terra inteira, de repente, 4urgir, redonda, do azul pro&undo
8uem te sagrou criou-te portugu3s Do mar e n.s em ti nos deu sinal, Cumpriu-se o mar, e o $mp"rio se des&ez 4enhor, &alta cumprir-se *ortugal5
O Infante + sistematização
o poema !ue abre a segunda parte de Mensagem, *essoa recupera a fgura do in&ante D =enri!ue, um her.i, um dos eleitos por Deus !ue &oi protagonista da vontade divina + Deus !uer + e !ue cumpriu a miss'o para a !ual &oi designado + a obra nasce " ent'o re&or2ada, neste poema, a ideia do her.i m)tico, a!uele !ue Deus manipula !uase como um t)tere, o !ue obedece /s suas ordens e cumpre os seus des)gnios Essa obra &oi grandiosa: a descoberta da 7erra na sua totalidade e verdadeira &orma, atrav"s da posse do mar + E viu-se a 7erra inteira, de repente,4urgir, redonda, do azul pro&undo *or"m, o poeta antecipa o des&echo desventurado da saga mar)tima dos portugueses + povo !ue deu o mundo ao mundo, con!uistando o mar, mas cujo imp"rio se &oi progressivamente dissolvendo + E o $mp"rio se des&ez O poema encerra, ent'o, um tom desencantado + 4enhor, &alta cumprir-se *ortugal5 +, mas no !ual se pretende a certeza de !ue " poss)vel recuperar a grandeza perdida e construir um *ortugal novo, &azendo alus'o ao mito do 8uinto $mp"rio
Horizonte N mar anterior a n.s, teus medos 7inham coral e praias e arvoredos Desvendadas a noite e a cerra2'o, As tormentas passadas e o mist"rio, Abria em Mor o Honge, e o 4ul-siderio 4plendia sobre as naus da inicia2'o
Hinha severa da long)n!ua costa + 8uando a nau se apro1ima ergue-se a encosta Em %rvores onde o Honge nada tinha# Fais perto abre-se a terra em sons e cores: E, no desembarcar, h% aves, Mores, Onde era s., de longe, a abstrata linha
O sonho " ver as &ormas invis)veis Da distancia imprecisa, e, com sens)veis Fovimentos da espran2a e da vontade, 6uscar na linha &ria do horizonte A %rvore, a praia, a Mor, a ave, a &onte + Os beijos merecidos da @erdade
Horizonte + sistematização O horizonte " s)mbolo do indefnido, do longe, do mist"rio, do desconhecido, do mundo a descobrir, do objetivo a atingir Atrav"s da ap.stro&e inicial, PN mar anterior a n.sP, o sujeito po"tico dirige-se ao mar desconhecido, ainda n'o descobertonavegado a IJ estro&e encontramos uma oposi2'o impl)cita A oposi2'o re&ere o mar anterior aos Descobrimentos portugueses PmedosP, PnoiteP, Pcerra2'oP, PtormentasP, Pmist"rioP - substantivos !ue cont3m a ideia de desconhecido, !ue remetem para a &ace oculta da realidade e o mar posterior a esse &eito Pcoral e praias e arvoredosP, PDesvendadasP, PAbriaP, PQ4plendiaP - palavras !ue cont3m a ideia de descoberta A e1press'o Pnaus da inicia2'oP v R " uma re&er3ncia /s naus portuguesas !ue, impulsionadas pelos ventos do PsonhoP, da Pespran2aP e da PvontadeP, abriram novos caminhos e deram in)cio a um novo tempo A segunda estro&e " essencialmente descritiva Essa descri2'o " &eita por apro1ima2;es sucessivas, de um plano mais a&astado para planos mais pr.1imos: a PHinha severa da long)n!ua costaP o horizonte#P8uando a nau se apro1ima, ergue-se a encosta Em %rvoresP# PFais pertoP, ouvem-se os PsonsP e percebem-se as PcoresP# Pno desembarcarP veem-se Paves, MoresP O sujeito po"tico, na
Descobrimentos ? o sonho !ue, movido pela esperan2a e pela vontade, desperta no homem o desejo de conhecer, de procurar a @erdade + etapa
"adrão O es&or2o " grande e o homem " pe!ueno Eu, Diogo C'o, navegador, dei1ei Este padr'o ao p" do areal moreno E para diante naveguei A alma " divina e a obra " imper&eita Este padr'o signala ao vento e aos c"us 8ue, da obra ousada, " minha a parte &eita: O por-&azer " s. com Deus E ao imenso e poss)vel oceano Ensinam estas 8uinas, !ue a!ui v3s, 8ue o mar com fm ser% grego ou romano: O mar sem fm " portugu3s E a Cruz ao alto diz !ue o !ue me ha na alma E &az a &ebre em mim de navegar 4" encontrar% de Deus na eterna calma O porto sempre por achar
O &ostren#o O mostrengo !ue est% no fm do mar a noite de breu ergueu-se a voar# T roda da nau voou tr3s vezes, @oou tr3s vezes a chiar, E disse: 8uem " !ue ousou entrar
as minhas cavernas !ue n'o desvendo, Feus tetos negros do fm do mundo> E o homem do leme disse, tremendo: El-rei D Uo'o 4egundo5 De !uem s'o as velas onde me ro2o> De !uem as !uilhas !ue vejo e ou2o> Disse o mostrengo, e rodou tr3s vezes, 7r3s vezes rodou imundo e grosso 8uem vem poder o !ue s. eu posso, 8ue moro onde nunca ningu"m me visse E escorro os medos do mar sem &undo> E o homem do leme tremeu, e disse: El-rei D Uo'o 4egundo5 7r3s vezes do leme as m'os ergueu, 7r3s vezes ao leme as reprendeu, E disse no fm de tremer tr3s vezes: A!ui ao leme sou mais do !ue eu: 4ou um povo !ue !uer o mar !ue " teu# E mais !ue o mostrengo, !ue me a alma teme E roda nas trevas do fm do mundo, Fanda a vontade, !ue me ata ao leme, D El-rei D Uo'o 4egundo5
O ostrengo + sistematização Este poema simboliza a intermin%vel e di&)cil tare&a da con!uista do mai, o poeta narra o encontro + a!uando da primeira passagem do cabo das 7ormentas em IVWW + entre a fgura horrenda do Fostrengo e o homem do leme, representante de todos os protagonistas da aventura mar)tima, os navegadores portugueses uma rela2'o clara de in&erioridade &)sica com o monstro marinho, o homem do leme n'o se dei1a intimidar, e lan2a-lhe o seu desafo: dar cumprimento / vontade inMe1)vel de D Uo'o $$ Ao dominar o Fostrengo, o homem do leme protagoniza a vit.ria dos navegadores portugueses sobre todos os obst%culos !ue o mar o&erecia: os medos e os in
*oema cuja e1tens'o parece !uerer simbolizar o longo e di&)cil processo de con!uista do mar: O car%ter narrativo do poema# O dialogo a tr3s vozes: sujeito po"tico, Fostrengo e homem do leme# A simbologia do Fostrengo: todos os perigos, medos e obst%culos# A dimens'o simb.lica do homem do leme: an.nimo !ue d% voz ao sentir e / ousadia de um povo# *oema eco da tradi2'o lend%ria: o desafo do homem &ace aos limites da sua condi2'o humana# A insist3ncia no numero tr3s e sua simbologia • •
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O Fostengo: Levela atitudes intimidat.rias, amea2adoras, amedrontadoras# ? in&orme n'o tem uma &orma concreta# Est% carregado de conota2'o negativa# ? pouco defnido, pouco descrito n'o tem identidade# 4imboliza os perigos do mar, os obst%culos, as adversidades e os medos • • • • •
Os Colom%os Outros haver'o de ter O !ue houvermos de perder Outros poder'o achar O !ue, no nosso encontrar, (oi achado, ou n'o achado, 4egundo o destino dado
Fas o !ue a eles n'o toca ? a Fagia !ue evoca O Honge e &az dele hist.ria
E por isso a sua gl.ria ? justa aur"ola dada *or uma luz emprestada
Ocidente Com duas m'os- o Ato e o DestinoDesvend%mos o mesmo gesto, ao c"u ma ergue o &acho tr"mulo e divino E a outra a&asta o v"u
(osse a hora !ue haver ou a !ue havia A m'o !ue ao Occidente o v"u rasgou, (oi alma a 4ciencia e corpo a Ousadia Da m'o !ue desvendou
(osse Acaso ou @ontade, ou 7emporal A m'o !ue ergueu o &acho !ue luziu, (oi Deus a alma e o corpo *ortugal Da m'o !ue o conduziu
&ar portu#u+s
N mar salgado, !uanto do teu sal 4'o l%grimas de *ortugal5 *or te cruzarmos, !uantas m'es choraram, 8uantos flhos em v'o rezaram5 8uantas noivas fcaram por casar *ara !ue &osses nosso, . mar5
@aleu a pena> 7udo vale a pena 4e a alma n'o " pe!uena 8uem !uer passar al"m do 6ojador 7em !ue passar al"m da dor Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Fas nele " !ue espelhou o c"u
ar Portugu!s + sistematização O poeta dirige-se ao mar, um mar respons%vel pelo so&rimento das m'es, dos flhos, das noivas, de todos a!ueles !ue ousaram cruzar as suas %guas com o intuito de o dominarem + para !ue &osses nosso, . mar5 7er% valido a pena tanto so&rimento> 7udo vale a pena8uando a alma n'o " pe!uena + " mais uma maneira de o poeta afrmar a importância da vontade da alma humana, vontade sempre insaci%vel 4e, na primeira estro&e, o mar " sinonimo de dor, j% na segunda, aparece associado / con!uista do absoluto De &acto, o mar encerra perigo e abismo, mas tamb"m espelha o c"u, ou seja, o&erece recompensas ao permitir o acesso a um pr"mio superior, seja ele a verdade, a heroicidade, a imortalidade, a gl.ria A ap.stro&e inicial indicia a atmos&era emotiva do poema:
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A e1pressividade da enumera2'o de todos !uantos participaram na sa&a so&rida das Descobertas# O valor simb.lico da circularidade da primeira estro&e + N mar . mar5# A interroga2'o ret.rica a iniciar o car%ter reMe1ivo da segunda estro&e# O mar como espa2o de concilia2'o do perigo e da recompensa# O mar, s)mbolo da con!uista do absoluto, do divino# O sentido patri.tico, de abnega2'o, o esp)rito de miss'o dos navegadores
A ,ltima nau Hevando a bordo El-Lei Dom 4ebasti'o, E erguendo, como um nome, alto, o pend'o Do $mp"rio, (oi-se a @olver% da sorte incerta 8ue teve> Deus guarda o corpo e a &orma do &uturo, Fas 4ua luz projeta-o, sonho escuro E breve Ah, !uanto mais ao povo a alma &alta, Fais a minhalma atlântica se e1alta E entorna, E em mim, num mar !ue n'o tem tempo ou spa2o, @ejo entre a cerra2'o teu vulto ba2o 8ue torna 'o sei a hora, mas sei !ue h% a hora, Demore-a Deus, chame-lhe a alma embora Fist"rio
4urges ao sol em mim, e a n"voa fnda: A mesma, e trazes o pend'o ainda Do $mp"rio
A "lti#a $au + sistematização A ? &%cil esconder a certeza em ambiguidade: Demore-a Deus, chame-lhe a alma X Fist"rio Fist"rio " afnal uma palavra !ue pode tomar di&erentes signifcados A certeza " uma certeza interior, frmada numa convic2'o de iniciado
"rece
4enhor, a noite veio e a alma " vil 7anta &oi a tormenta e a vontade5 Lestam-nos hoje, no sil3ncio hostil, O mar universal e a saudade
Fas a chama, !ue a vida em n.s criou, 4e ainda h% vida ainda n'o " fnda O &rio morto em cinzas a ocultou: A m'o do vento pode ergu3-la ainda
D% o sopro, a aragem + ou desgra2a ou ânsia +, Com !ue a chama do es&or2o se remo2a, E outra vez con!uistemos a Distancia + Do mar ou outra, mas !ue seja nossa5
Pre%e + sistematização 7rata-se do ultimo poema da segunda parte de Mensagem, Far *ortugu3s, onde s'o e1altados os acontecimentos e o her.is das descobertas mar)timas portuguesas, constituindo, tamb"m, um prenuncio da linha tem%tica estruturadora da ultima parte de Mensagem + o Encoberto O poema ", sem duvida, um apelo a uma entidade divina e superior + 4enhor + em !uem o sujeito po"tico deposita a esperan2a de um &uturo redentor 4e, na primeira !uadra domina um sentimento de desencanto e a dis&oria se torna not.ria, no resto do poema sucede a certeza de !ue nem tudo " irremedi%vel e de !ue " poss)vel restaurar a grandeza perdida, ou, pelo menos, con!uistar uma outra grandeza + o poeta acredita !ue " poss)vel recuperar o passado grandioso e avan2ar para um &uturo promissor e positivo Assim, para ele, a esperan2a ainda sobrevive, a chama da vida ainda n'o est% completamente e1tinta, ela apenas dorme debai1o do &rio morto em cinzas O !ue " preciso, ent'o> 6asta !ue a m'o do vento a erga, basta apenas um golpe de vontade e, uma vez levantado o sopro, a aragem, o es&or2o ganhar% &orma e, de novo, haver% a certeza de con!uistar a Distância Esta distância n'o tem necessariamente !ue ser a do mar, mas ser%, sobretudo, nossa, ou seja, ser% a condi2'o redentora do desencanto do povo portugu3s O tom das duas !uadras ", pois, a de um choro apelo / a2'o, numa antevis'o de um novo imp"rio, o 8uinto $mp"rio + um imp"rio n'o mais material por!ue eterno O E-CO-E!'O O$ $*&O/O$
D. $e%astião
4perai5 Cai no areal e na hora adversa 8ue Deus concede aos seus *ara o intervalo em !ue esteja a alma imersa Em sonhos !ue s'o Deus
8ue importa o areal e a morte e a desventura 4e com Deus me guardei> ? O !ue eu me sonhei !ue eterno dura, ? Esse !ue regressarei
D. Sebastião + sistematização Este poema, !ue abre a terceira parte de Mensagem, utilizando um discurso na primeira pessoa, inicia-se com um apelo do rei aos portugueses, a !uem o monarca transmite a esperan2a de um &uturo promissor *ara o rei, a hora adversa do presente n'o " mais do !ue o intervalo necess%rio para o inicio da realiza2'o de um grande sonho universal e eterno + " o !ue eu me sonhei !ue eterno dura + !ue ultrapassar% a precariedade do momento em !ue o D 4ebasti'o hist.rico, a!uele !ue desaparecer na batalha de Alc%cer 8uibir, caiu no areal A derrota, em Alc%cer 8uibir, assim, apresentada como um mal necess%rio para se ultrapassar a dimens'o material e e&"mera do imp"rio portugu3s + o areal e a morte e a desventura + e se come2ar a construir uma outra grandeza possuidora de uma dimens'o espiritual e eterna, o 8uinto $mp"rio, inspirado na fgura do rei + ? esse !ue regressarei O rei assume-se como uma esp"cie de messias, um enviado de Deus + 8ue Deus concede aos seus# 4e com Deus me guardei> +, um salvados !ue conduzir% o seu povo / gl.ria eterna
O Quinto *mp0rio 7riste de !uem vive em casa, Contente com o seu lar, 4em !ue um sonho, no erguer de asa (a2a at" mais rubra a brasa Da lareira a abandonar5 7riste de !uem " &eliz5 @ive por!ue a vida dura ada na alma lhe diz Fais !ue a li2'o da raiz 7er por vida a sepultura
Eras sobre eras se somem o tempo !ue em eras vem 4er descontente " ser homem 8ue as &or2as cegas se domem *ela vis'o !ue a alma tem5 E assim, passados os !uatro 7empos do ser !ue sonhou, A terra ser% teatro Do dia claro, !ue no atro Da erma noite come2ou 0r"cia, Loma, Cristandade, Europa + os !uatro se v'o *ara onde vai toda idade 8uem vem viver a verdade 8ue morreu D 4ebasti'o>
O Quinto I#&'rio + sistematização este poema, pessoa assume, de &orma clara e e1plicita, o !ue se j% vinha anunciando ao longo de Fensagem, o &uturo redentor de *ortugal est% indissociavelmente ligado / constru2'o de um imp"rio de caracter)sticas espirituais e eternas, o 8uinto $mp"rio As primeiras tr3s estro&es constituem uma reMe1'o sobre a condi2'o humana *artindo de afrma2;es provocat.rias e controversas + 7riste de !uem vive em casaContente com o seu lar # 7riste de !uem " &eliz5 +, pretende-se mostrar !ue a &elicidade torna o =omem acomodado, trans&ormando-o num ser sem sonhos, !ue apenas @ive por!ue a vida dura e !ue nada mais &az durante a sua e1ist3ncia do !ue esperar a morte + 7er por vida a sepultura A conclus'o deste momento reMe1ivo " a de !ue ser homem passa pelo descontentamento !ue leva / realiza2'o de grandes obras as duas ultimas estro&es, o poeta desvenda a chave do poema: o desencanto do presente erma noite ser% ponto de partida para uma nova era designada como dia claro Esta nova era distancia-se das gl.rias materiais + 8uem vem viver a verdade8ue morreu D 4ebasti'o> + e apresenta-se como a
continuadora das matrizes espirituais !ue moldaram a identidade europeia ao longo dos s"culos + 0r"cia a origem da civiliza2'o Ocidental, Loma a pot3ncia !ue e1pandiu os &undamentos grecolatinos, Cristandade a dimens'o espiritual e humanista europeia, Europa inMuencia europeia no resto do mundo, operada ap.s a renascen2a Estes !uatro 7empos tiveram o seu ciclo de vida, mas o 8uinto $mp"rio, imp"rio da l)ngua e cultura portuguesas, n'o s. conduzir% *ortugal a uma nova gl.ria, como ser% eterna e universal O poema constr.i-se a partir de: Oposi2;es dominantes: o homem !ue vegetao homem !ue sonha# o homem !ue se acomodao homem !ue ambiciona# E1pressividade do parado1o 7riste de !uem " &eliz5 A passagem do tempo e o descontentamento inerente / condi2'o humana, como molas impulsionadoras do nascimento dos !uatro imp"rios de car%ter temporal 0r"cia, Loma, Cristandade, Europa# A certeza da vinda de um &uturo promissor + dia claro + j% pressentido no atroDa erma noite# O 8uinto $mp"rio, de car%ter transcendente e espiritual, constru)do por uma nova gera2'o de homens purifcados, detentores da verdade + 8uem vem viver a verdade8ue morreu D 4ebasti'o> •
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O Dese1ado Onde !uer !ue, entre sombras e dizeres, Uazas, remoto, sentete sonhado, E ergue-te do &undo de n'oseres *ara teu novo &ado5
@em, 0alaaz com p%tria, erguer de novo, Fas j% no auge da suprema prova, A alma penitente do teu povo T Eucaristia ova
Festre da *az, ergue teu gl%dio ungido, E1calibur do (im, em jeito tal 8ue sua Huz ao mundo dividido Levele o 4anto 0ral5
As *l2as Afortunadas
8ue voz vem no som das ondas 8ue n'o " a voz do mar> ? a voz de algu"m !ue nos &ala, Fas !ue, se escutamos, cala, *or ter havido escutar
E s. se, meio dormindo, 4em saber de ouvir ouvimos, 8ue ela nos diz a esperan2a A !ue, como uma crian2a Dormente, a dormir sorrimos
4'o ilhas a&ortunadas, 4'o terras sem ter lugar, Onde o Lei mora esperando
Fas, se vamos despertando, Cala a voz, e h% s. o mar
O Enco%erto 8ue s)mbolo &ecundo @em na aurora ansiosa> a Cruz Forta do Fundo A @ida, !ue " a Losa
8ue s)mbolo divino 7raz o dia j% visto> a Cruz, !ue " o Destino, A Losa !ue " o Cristo
8ue s)mbolo fnal Fostra o sol j% desperto> a Cruz morta e &atal A Losa do Encoberto Ao longo do poema, assiste-se a uma progress'o ideol.gica e temporal na constru2'o das perguntas: s)mbolo &ecundo s)mbolo divino s)mbolo fnal : tr+s s3m%olos aurora ansiosa dia j% visto sol j% desperto : tr+s momentos do dia
Essa mesma progress'o " igualmente constru2'o das respostas: Cruz morta do mundo Cruz, !ue " o destino &atal : sacri&)cio Losa@ida LosaCristo LosaEncoberto : vida
verifc%vel
na
Cruz morta e
O$ AV*$O$ 'erceiro
4crevo meu livro / beira m%goa Feu cora2'o n'o tem !ue ter 7enho meus olhos !uentes de %gua 4. tu, 4enhor, me d%s viver 4. te sentir e te pensar Feus dias v%cuos enche e doura Fas !uando !uerer%s voltar> 8uando " o Lei> 8uando " a =ora> 8uando vir%s a ser o Cristo De a !uem morreu o &also Deus, E a despertar do mal !ue e1isto A ova 7erra e os ovos C"us> 8uando vir%s, . Encoberto, 4onho das eras portugu3s, 7ornar-me mais !ue o sopro incerto De um grande anseio !ue Deus &ez> Ah, !uando !uerer%s, voltando (azer minha esperan2a amor> Da n"voa e da saudade !uando> 8uando, meu 4onho e meu 4enhor>
(er%eiro + sistematização Este " o
O poema estrutura-se em torno do desencanto e da m%goa do poeta !ue sente os seus dias v%cuos, o vazio !ue subjaz / ru)na do imp"rio, e !ue anseia pela chegada de um messias, de um salvador, !ue possa restituir a *ortugal a grandeza perdida + 8uando vir%s, N Encoberto,4onho das eras portugu3s O predom)nio das interroga2;es revela essa dor do presente e a ânsia da chegada da ova 7erra e dos ovos C"us Atende-se, ainda, na identifca2'o realizada pelo sujeito po"tico entre o sonho e a entidade divina inspiradora + 8uando, meu 4onho e meu 4enhor> + !ue o torna uma das &or2as impulsionadoras da vontade humana
O$ 'E&"O$
-oite
A nau de um dYeles tinha-se perdido o mar indefnido O segundo pediu licen2a ao Lei De, na &" e na lei Da descoberta ir em procura Do irm'o no mar sem fm e a n"voa escura 7empo &oi em primeiro nem segundo @olveu do fm pro&undo Do mar ignoto / p%tria por !uem dera O enigma !ue fzera Ent'o o terceiro a El-Lei rogou Hicen2a de os buscar, e El-Lei negou Como a um cativo, o ouvem a passar Os servos do solar E, !uando o veem, veem a fgura Da &ebre e da amargura, Com f1os olhos rasos de ânsia (itando a proibida azul distancia 4enhor, os dois irm'os do nosso ome + O *oder e o Lenome + Ambos se &oram pelo mar da idade T tua eternidade# E com eles de n.s se &oi O !ue &az a alma poder ser de her.i
8ueremos ir busc%-los, dYesta vil ossa pris'o servil: ? a busca de !uem somos, na distancia De n.s# e, em &ebre de ânsia, A Deus as m'os al2amos Fas Deus n'o d% licen2a !ue partamos
'ormenta 8ue jaz no abismo sob o mar !ue se ergue> .s, *ortugal, o poder ser 8ue in!uieta2'o do &undo nos soergue> O desejar poder !uerer
$sto, e o mist"rio de !ue a noite " o &austo Fas s
Calma 8ue coisa " !ue as ondas contam E se n'o pode encontrar *or mais naus !ue haja no mar> O !ue " !ue as ondas encontram E nunca se v3 surgindo> Este som de o mar praiar Onde " !ue est% e1istindo> $lha pr.1ima e remota,
8ue nos ouvidos persiste, *ara a vista n'o e1iste 8ue nau, !ue armada, !ue &rota *ode encontrar o caminho T praia onde o mar insiste, 4e / vista o mar " sozinho> =aver% rasg;es no espa2o 8ue deem para outro lado, E !ue, um deles encontrado, A!ui, onde h% s. sarga2o, 4urja uma ilha velada, O pa)s a&ortunado 8ue guarda o Lei desterrado Em sua vida encantada>
Anteman2ã O mostrengo !ue est% no fm do mar @eio das trevas a procurar A madrugada do novo dia, Do novo dia sem acabar# E disse, Z8uem " !ue dorme a lembrar 8ue desvendou o 4egundo Fundo, em o 7erceiro !uer desvendar>[
E o som na treva de ele rodar (az mau o sono, triste o sonhar Lodou e &oi-se o mostrengo servo
8ue seu senhor veio a!ui buscar, 8ue veio a!ui seu senhor chamar + Chamar A!uele !ue est% dormindo E &oi outrora 4enhor do Far
-e4oeiro em rei nem lei, nem paz nem guerra, defne com perfl e ser este &ulgor ba2o da terra !ue " *ortugal a entristecer + brilho sem luz e sem arder, como o !ue o &ogo-&%tuo encerra
ingu"m sabe !ue coisa !uer ingu"m conhece !ue alma tem, nem o !ue " mal nem o !ue " bem 8ue ânsia distante perto chora> 7udo " incerto e derradeiro 7udo " disperso, nada " inteiro N *ortugal, hoje "s nevoeiro