PLANO DE AULA APOSTILADO Escola Superior de Teologia do Espírito Santo
Angelologia O estudo dos anjos bons e maus
Escola Superior de Teologia do ES
AEscolaSuperiordeTeologiadoEspíritoSanto–ESUTES,éamparadapelodispostono parecer241/99daCES(CâmaradeEnsinoSuperior)–MEC Oensinosuperioràdistânciaéamparadopelalei9.394/96–Artº80eéconsideradoumdos maisavançadossistemasdeensinodaatualidade. Sistemadeensino: OpenUniversity –UniversidadeabertaemTeologia Opresentematerialapostiladoébaseadonosprincipaistópicosepontossalientesdamatéria emquestão. Aabordagemaquicontidatrata-seda“espinhadorsal”damatéria.Anexo,nofinaldaapostila, segueaindicaçãodesitessériosebemfundamentadossobreamatériaqueomóduloaborda, bemcomobibliografiaparamaioraprofundamentodosassuntosetemasestudados.
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Sumário __________ __________ AnjosBons AnjosBons Anjos,quemsão..............................................................................................................04 Origemenaturezadosanjos...........................................................................................04 Aclassificaçãoeaorganizaçãodosanjos......................................................................07 MinistériodosAnjos........................................................................................................09 AnjosMaus AnjosMaus Demonologia-Anjosmaus..............................................................................................11 Aquedadelúcifer...........................................................................................................11 OestadooriginaldeLúcifer............................................................................................12 AcausadaquedadeLúcifer..........................................................................................13 ArebeliãodeLúcifer........................................................................................................14 AsbasesdeLúciferparaosucessodesuarebelião.....................................................14 Seduçãodosanjos..........................................................................................................14 Classificaçãoeorganizaçãosatânica.............................................................................17 Anjoscaídosedemônios................................................................................................18 Anjosamarradosemcorrenteseternas.........................................................................19 Aorigemdosdemônios..................................................................................................21 Satanásgovernaatravésdeseuexércitodedemônios................................................23 Característicasdosdemônios........................................................................................25 Apêndice Apêndice pêndice Aserasmaisprimitivas..................................................................................................30 Evidênciasdaraçapré-adâmica....................................................................................34 Osfilhosdedeuseasfilhasdoshomens.......................................................................37 Bibliografia..................................................................................................................40
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Anjos. Q Quem ssão?
“Deus é Espírito que a tudo preside e permeia. Entre Ele e o homem há uma esfera intermediária habitada por uma ordem de inteligência mais elevada. Não são puros Espíritos como Deus, nem são constituídos fisicamente como o homem. Esses seres são chamados anjos”.
Existe uma ordem de seres celestiais que ocupam uma posição bastante distinta tanto de Deus como do homem. Bem abaixo da divindade, eles se encontram, porém num estado superior ao do homem caído. Denominamos angelologia o estudo desses seres e estudaremos tanto os anjos bons quanto os maus, em seus variados aspectos: sua natureza, seu número, hierarquia, etc. Angelologia vem do grego “ângelo” = Anjo + logia = Angelologia, portanto é o estudo dos anjos. A palavra “anjo” significa mensageiro. A palavra hebraica usada no Antigo Testamento é mal’ak, que significa mensageiro ou representante. É necessário que se faça um estudo sincero e profundo sobre esse assunto, uma vez que a Bíblia é muito clara quanto à existência desses seres celestiais que são ministros de Deus e que trabalham a todo tempo em nosso favor. Ao estudar sobre os anjos, porém, devemos ter muito cuidado para não cair no terreno da mera especulação ou da heresia.
Origem e natureza dos anjos Os anjos são seres criados, não existem desde a eternidade: “Louvai-o todos os seus anjos... Louvem o nome do Senhor, pois mandou Ele e foram criados”(Sl 148.2,5). A época em que foram criados não é clara na Bíblia, mas presume-se que tenham sido criados antes da formação da terra: “Rejubilavam todos os * filhos de Deus quando ele colocou os fundamentos da terra”(Jó 38.4-7). Assim sendo eles estavam presentes quando a terra foi criada. * No livro de Jó, a expressão “filhos de Deus” significa significa anjos
Sobre sua natureza é necessário destacarmos alguns pontos: ESUTES–EscolaSuperiordeTeologiadoES
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Eles não são seres humanos glorificados Mateus 22.30 diz que seremos como anjos, mas não diz que seremos anjos. O que Jesus estava querendo dizer é que depois que ressuscitarmos teremos nossos corpos glorificados e incorpóreos, assim como os anjos no céu, que não se “casam nem se dão em casamento”. Portanto seres humanos depois que morrem não se tornam anjos mesmo sendo salvos.
Eles são espíritos Jesus disse em Lucas 24 37-39: “Um espírito não tem carne nem ossos”. No entanto, em várias ocasiões eles tomaram a forma de corpos humanos (Hb 13.2; Gn 19.1; At 12.7-8). De alguma forma eles podem se materializar, isso devido à sua posição intermediária entre a divindade e o homem. Tomás de Aquino afirmava que os anjos podem assumir aparências físicas comendo, conversando, etc. Se eles são espíritos é provável que não tenham sistema digestivo físico. Mesmo assim eles podem interagir com o mundo físico. Na aparência física eles costumam ser retratados com auréolas e roupas brancas. Uma vez que são espíritos podem assumir formas e aparências variadas. Podem tomar a forma humana, como os mensageiros que comeram com Abraão e posteriormente foram confundidos com homens pelos moradores de Sodoma (Gn 1819). Em outras ocasiões eles têm asas (Zc 5.9). Eles usam vestes brancas ou resplandecentes (Mt 28.3; At 1.10). Os anjos aparecem em diferentes tamanhos. Alguns têm o tamanho dos humanos, enquanto uns são suficientemente enormes para colocar um pé na terra outro no mar (At 1.10-11; Ap 10.1-2). Outra questão pungente é sobre o sexo dos anjos. Geralmente as escrituras sempre os descreve como sendo seres masculinos e geralmente é nesse estado que eles se manifestam (Gn 18-19; Zc 1.10-12). Porém segundo B.J. Oropeza diz que eles também podem se manifestar como seres do sexo feminino (Zc 5.9-11).
Eles são poderosíssimos Excedem os homens em força, mas não são onipotentes. Em II Reis 10.35 lemos que o “anjo do Senhor” destruiu em uma noite 185.000 soldados. Remover a pedra de 4 toneladas que estava diante do túmulo de Jesus foi mais uma demonstração de força e poder desses seres. Em Apocalipse 7.1 João descreve quatro anjos que seguram os quatro ventos da terra. Daí também implica a crença de que os anjos controlam as forças da natureza.
São um batalhão, e não uma raça
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Foram criados de uma só vez e não há propagação entre eles; anjos não morrem. Portanto não há aumento nem diminuição de seu número. Eles não se reproduzem (Mc 12.25).
Eles não são Onipotentes Ou seja, não controlam tudo apesar de sua sabedoria sobre humana; não são Onipresentes - Não podem estar em todo lugar ao mesmo tempo, muito embora possam viajar em velocidade vertiginosa; não são Oniscientes-Não podem ler pensamentos e assim como nós, existem mistérios de Deus que eles também têm curiosidade em saber: “...Coisas estas que anjos anelam perscrutar” (I Pd 1.12).
Eles são seres individuais e possuem todos os aspectos da personalidade Têm personalidade própria: “Eu sou Gabriel que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te estas boas novas”(Lc 1.19); e possuem emoções (Leia Lucas 15.10). São seres morais, com capacidade de saber e fazer o que é certo e errado. É comum que vejamos esotéricos dando nome a anjos, inclusive citando o nome de anjos de guarda pessoais através da data do nascimento de cada pessoa. De fato, Deus deu a esses seres livre arbítrio (II Pd 2.4) e cada um tem aspectos de personalidade individual (Lc 1.19). Por isso é claro que cada um dos anjos tem um nome. Anjos são seres como nós e não coisas. Se Deus, portanto nomeou cada estrela do céu com um nome, mesmo não sendo elas seres vivos, como não daria nome a cada ser angelical? Mesmo assim não podemos sair especulando nomes de anjos a nosso bel prazer. A Bíblia, a única fonte séria de informações sobre esses seres, só apresenta nominalmente dois anjos: Miguel, o arcanjo e Gabriel, o mensageiro especial de Deus. Apesar da angelologia judaica ser engenhosamente elaborada e muitos esotéricos elaborarem listas e mais listas de nomes, qualquer tentativa de dar nome a anjos é mera especulação.
O número de anjos é vasto Segundo o texto de Apocalipse 5.11 calcula-se que existam não menos que 104 milhões de anjos! Como se chegou a esse número aproximado? Acompanhe o versículo: “Vi e ouvi uma voz de muitos anjos ao redor do trono, dos seres viventes e dos anciãos, cujo número era de milhões de milhões e milhares de milhares”(Ap 5.11). Milhões de milhões, segundo cálculos, não poderia ser menos que cem milhões e milhares de milhares não menos que quatro milhões.
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A cclassificação ee o org anização d dos aanjos “Assim como existem estrelas de brilho ofuscante em meio a estrelas mais pálidas e humildes no céu, há capitães esplêndidos e majestosos entre os exércitos de Deus, em posição mais próxima de Deus, refletindo mais do esplendor divino do que seus irmãos resplandecentes à sua volta”.
Ao comparar os versículos bíblicos que se referem a uma ordem e organização do mundo espiritual (Ef 1.21; Cl 1.16; I Pd 3.22) podemos inferir que existam cargos diferentes de autoridade entre esses seres alados (Dn 9.21; Ap 14.6). Paulo diz que existem “Tronos, Domínios, Principados e Potestades”. Dentro dessa escala de poder, traçaremos os nomes e funções que cada ordem angelical.
Os Serafins A palavra significa “nobres” ou “afogueados”. São mencionados apenas em Isaías 6. Eles são distintos dos querubins, e por isso desempenham funções diferentes dos querubins. O relato bíblico associa os serafins com a adoração. Eles lideram os céus na adoração ao Deus Todo Poderoso, purificam e inspiram os servos de Deus para culto e serviço aceitáveis. Eles se preocupam com culto e santidade. Exercem sua função na presença imediata de Deus. Quando a Bíblia se refere a “ tronos” podemos dizer que os serafins se encontram nessa elevadíssima escala de posição. Seja como for, as escrituras ensinam a existência dos serafins, uma ordem angelical com incumbência específica quanto à adoração.
Os Querubins A arqueologia tem lançado bastante luz quanto à aparência e função desses seres. Um par de querubins foi encontrado como apoio do trono do rei Hirão. Os querubins mandados fazer por Salomão estariam postos sobre os seus pés. Ezequiel disse que eles se assemelhavam a homens com asas (Ez 10.8). Por diversas vezes os querubins aparecem apoiando o trono de alguma divindade. Parece que os querubins estão especialmente ligados à justiça e majestade de Deus. São os “guardiões” e assessores do trono de Deus e das coisas santas. Perece que ocupam juntamente com os serafins uma elevadíssima posição junto ao trono de Deus. Dois querubins foram colocados em cima da arca da aliança; querubins foram tecidos na cortinas do tabernáculo no deserto, e no livro do Apocalipse eles aparecem cercando o trono de Deus. Concluímos assim que são principalmente os guardiões do trono de Deus e de sua santidade. Os querubins parecem estar próximos dos serafins em dignidade e é possível que estejam dentro da classificação “domínios”.
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Os Arcanjos O termo arcanjo ( arche = chefe ou príncipe ) só ocorre duas vezes na Bíblia: Em I Tessalonissences 4.16 e em Judas 9. Miguel é o único a ser chamado de arcanjo. Ele figura na Bíblia como comandante de tropas angelicais(Ap 12.7). Alguns argumentam que seria herético dizer a palavra arcanjo no plural, porque segundo se argumenta, só existe um arcanjo no reino celestial, por ser Miguel o único arcanjo a ser nomeado pela Bíblia. Entretanto, em Daniel 10.13, Miguel é descrito como “Um dos primeiros príncipes” o que leva a alguns a crerem que existam outros seres da mesma graduação de Miguel. B.J. Oropeza, afirma que de fato Miguel não é o único arcanjo, argumentando que em Daniel, ele é chamado de “um dos” primeiros príncipes e não “ o primeiro”, sugerindo assim que existem outros da mesma graduação. Os judeus criam na existência de sete arcanjos, como descreve o livro apócrifo de Enoque, e no livro de Tobias há a citação de um arcanjo chamado Rafael. Os sete arcanjos segundo o livro de Enoque seriam: Rafael, Miguel, Gabriel, Uriel, Hanael, Quefarel e Izidquiel. Segundo o livro de Enoque, os arcanjos seriam príncipes dos exércitos angelicais, os únicos seres que teriam direito de penetrar na radiância da glória divina. Porém apesar da angelologia judaica ser complexamente elaborada não podemos comprovar essas informações biblicamente.
Gabriel Seu nome significa “o poderoso”. Na mente de muitos estudiosos paira uma dúvida a respeito desse importante anjo. Seria Gabriel um anjo ou um arcanjo como descreve o livro apócrifo de Enoque? Em Lucas 1.19 Gabriel se apresenta: “ Sou Gabriel, que assisto diante de Deus”. Sua importante posição é indicada por essas palavras. Ele foi o portador das mais importantes notícias relativas aos propósitos de Deus para a humanidade. Esse anjo é mencionado quatro vezes na Bíblia e jamais é designado como arcanjo apesar de ser freqüentemente chamado assim. Há o registros de duas modernas aparições desse anjo. Tem sido dito que Gabriel foi o poder que expulsou o espírito que possuíra o homem envolvido no livro e filme “O exorcista”. A pessoa realmente envolvida foi um homem e não uma adolescente como sugere o filme. Seja como for, depois de terem falhado todos os esforços dos padres católicos romanos, o homem possuído afirmou que Gabriel se pôs visivelmente ao seu lado e ordenou ao espírito maligno “saia”. Não é possível averiguar essas coisas ao ponto da certeza, mas, podemos saber com certeza que há grandes espíritos não humanos que acodem em nosso socorro quando necessário.
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Ministério d dos A Anjos “Com a velocidade da luz e movimento silencioso, eles passam de lugar para lugar. Habitam os espaços do ar acima de nós. Sabemos que alguns se interessam pelo nosso bem-estar, outros se concentram em nos prejudicar”.
Os anjos exercem um ministério bastante diversificado em relação a nós, seres humanos. Eles protegem e livram o povo de Deus. “Aos seus anjos dará ordem ao teu respeito para que te guardem em todos os seus caminhos” (Sl 91.11,12). “ Eis que um anjo lhe tocou e disse: levanta e come” (I Reis 19.5). Jesus também parece afirmar em Mateus 18.10, que as crianças contam com uma proteção angelical especial. •
Eles guiam e encorajam os servos de Deus. “Um anjo do Senhor falou a Filipe dizendo: Dispõe-te e vai para a banda do sul, no caminho que vai de Jerusalém a Gaza” (At 8.26). •
Eles interpretam a vontade de Deus para o homem. “Cheguei a um dos que estavam perto, e lhe pedi a verdade sobre tudo isto. Assim ele me disse e me fez saber a interpretação das coisas” (Dn 7.16). São anjos inspiradores. Iluminam a mente humana solucionando mistérios. Assim como os demônios agem na mente do ser humano causando até mesmo doenças mentais (Mt 4.34) os anjos do Senhor têm esse poder de influência mental nos conduzindo à conhecimentos e à santidade. •
Eles executam o juízo de Deus contra indivíduos e nações. “No mesmo instante o anjo do Senhor o feriu” ...(At 12.23).Há anjos de morte: “... e disse ao anjo que fazia a destruição no meio do povo: basta, retira a mão” (II Sm 24.16). Interferem no nascimento, tanto para executar o juízo de Deus quanto para acompanhar os salvos até a presença de Deus quando morrem. “Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão” ...(Lc 16.22) •
Há anjos que controlam tempestades, terremotos e todo tipo de fenômeno natural: “Aquele que a seus anjos faz ventos, e a seus ministros, labaredas de fogo” (Hb 1.7). •
Há anjos de cura, profecia, de indústria (Ajudam o homem a realizarem seu trabalho), de vida nacional e de progresso (Dn 10.21 ; Dn 7.16). •
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Os anjos realizam feitos milagrosos. Os anjos demonstram a realidade do mundo sobrenatural (At 5.19; 12.7-11). Sadraque, Mesaque e Abede-nego foram jogados por Nabucodonozor na fornalha ardente e eles foram milagrosamente preservados das chamas. O rei exclamou: “Vejo quatro homens soltos passeando dentro do fogo, sem nenhum dano; e o aspecto do quarto é semelhante a um filho dos deuses” (Dn 3.25). •
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Anjos M Maus “Mas Ele lhes disse: eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago” ( Lc 10.18).
Origem e Queda de Satanás Em Isaías 14.12 Satanás é chamado de “Lúcifer” Estrela do dia, filho da alva. Acreditase que apenas Deus estava acima dele (Ez 28.11-15). Havia pouquíssimos segredos que ele não conhecia. Satanás planejou tomar o trono de Deus porque em algum momento imaginou que por ter sido criado, Deus também o teria sido. Ele não tinha ainda a idéia da onipotência de Deus. Ele achou que em algum momento de oportunismo Deus tomara o domínio dos céus, subjugando todos os seres celestiais inclusive a ele. Mas, o que fez satanás pensar que poderia derrotar o criador e assumir seu lugar no céu, se Deus havia-lhe dito que ele era apenas uma criatura? Tudo leva a crer que em algum momento ele duvidou disso. Isso porque ele fora colocado como co-regente da criação e a ele foram desvendados quase todos os segredos do universo; isso tudo o colocava em posição privilegiada de poder em relação a todos os seres criados por Deus. Seu poder era tanto que isso lhe subiu a cabeça. Possivelmente a linha de raciocínio seguida por satanás tenha sido esta:“Será que não era verdade que tanto ele como Deus se originaram de alguma maneira desconhecida e que Deus em algum momento oportuno, ou por uma questão de tempo apenas, não teria tomado o poder?” Se Deus não me criou, pensou satanás, quem poderia ter me criado? Se Deus não era o todo-poderoso, então quem o era? Se satanás tentou tomar o poder, era porque de alguma forma ele cria estar em pé de igualdade com Deus.
A Queda de Lúcifer A Bíblia diz que no começo Satanás, então chamado de Lúcifer, era um ser justo e sem pecado. Ezequiel descreve a integridade e a retidão original do grande arcanjo: “Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você “ (Ez 28.15). Esta criatura perversa, agora arquiinimigo de Deus e do homem, anteriormente era santo e guardava o Trono de Deus. Ele era digno de grande confiança divina e investido de grande autoridade. Por um tempo, cumpriu suas obrigações impecavelmente e em perfeita obediência a Deus. Longe de ser um adversário de Deus, seus atos e sua conduta estavam acima de qualquer suspeita, e contava com a confiança de Deus de tal maneira que a guarda do Céu estava em suas mãos (Leia: 14.12-15 e Ez 28.1-19)
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O Estado Original de Lúcifer As Escrituras descrevem em alguns detalhes o estado original deste ser outrora exaltado. Ele era a estrela da manhã, o guardião do Céu. Possuía autoridade tal que, até onde sabemos, só era menor do que o próprio Deus. Como “querubim guardião ungido” (Ez 28.14), ele reinou como vice-regente no Monte de Deus (expressão bíblica para o Reino de Deus). “Mais sábio que Daniel” (Ez 28.3), não havia segredo entre as miríades angelicais que ele não conhecesse. Muitos estudiosos da Bíblia acreditam que Isaías 14 fala sobre a queda de Satanás: Como você caiu dos céus, ó estrela da manhã, filho da alvorada! Como foi atirado à terra você , que derrubava as nações! Você que dizia no seu coração: “Subirei aos céus, erguerei o meu trono acima das estrelas de Deus; eu me assentarei no monte da assembléia, no ponto mais elevado do monte santo. Subirei no mais alto que as mais altas nuvens; serei como o Altíssimo” (Is 14.1214).
Acredita-se também que Ezequiel 28 relata a causa de sua queda — o orgulho: Esta palavra do Senhor veio a mim: “Filho do homem, erga um lamento a respeito do rei de Tiro e diga-lhe: Assim diz o Soberano, o Senhor: “Você era o modelo da perfeição, cheio de sabedoria e de perfeita beleza. Você estava no Éden, no jardim de Deus; todas as pedras preciosas o enfeitavam: sárdio, topázio e diamante. Berilo, ônix e jaspe; safira, carbúncio e esmeralda. Seus engastes e guarnições era feitos de ouro; tudo foi preparado no dia em que você foi criado. Você foi ungido como um querubim guardião, pois para isso Eu o designei. Você estava no monte santo de Deus e caminhava entre as pedras fulgurantes. Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você. Por meio do seu amplo comércio, você encheu-se de violência e pecou. Por isso Eu o lancei, humilhado, para longe do monte de Deus, e o expulsei, ó querubim guardião, do meio das pedras fulgurantes. Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa de seu esplendor. Por isso Eu o atirei à terra; fiz de você um espetáculo para os reis” (Ez. 28.11-17)
Estas passagens indicam que em eras remotas, Satanás também chamado de Lúcifer, era santo. Ele era aparentemente um arcanjo poderoso e possuidor de uma sabedoria incomum que, em algum ponto no passado, exerceu grande autoridade como vice-regente da criação de Deus. Entretanto, ele não ficou satisfeito com tal exaltada posição, mas em seu coração aspirava um lugar ainda mais alto - tão alto quanto ao de Deus. Esta ambição pervertida tornou-se pecado em sua vida e, no final, culminou em rebelião declarada e em sua posterior expulsão do Céu. Alguns estudiosos acreditam que Apocalipse 12.4 indica que um terço dos anjos se juntaram a ele. Por razões consideradas relevantes para Deus, Ele não destruiu Satanás imediatamente.
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Apesar de expulso do Céu, Satanás tinha acesso às regiões celestiais inferiores. Mais tarde, no Jardim do Éden, ele conseguiu convencer Eva e seu marido a desobedecer à proibição divina de experimentar do fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Desta forma, eles transferiram o domínio que Deus lhes havia dado para Satanás. Por esta razão, o diabo tem direito legal sobre a terra na presente era.
A Causa da Queda de Lúcifer Como este arcanjo tão poderoso, lúcifer, a estrela da manhã, caiu de tão exaltada posição Até as profundezas da depravação para tomar-se o Príncipe das Trevas? Lúcifer foi criado na perfeição da beleza. Ele possuía uma personalidade que cativava a admiração das miríades celestiais. Não é incomum que alguém que possui beleza incomum crie dentro de si um imenso desejo de ser admirado pelos outros. Lúcifer, embora, tivesse uma natureza angelical, não foi exceção. Ezequiel 28.17 declara: “Seu coração tornou-se orgulhoso por causa de se beleza”. A passagem indica que com o passar do tempo, Lúcifer desenvolveu um estranho tipo de paixão por si mesmo. Pouco a pouco, ele deixou que o centro de seu universo mudasse de Deus para si próprio. Ele não o teria admitido; no entanto uma mudança radical em seu estava acontecendo, como prenúncio de algo sinistro e assustador.
Lúcifer foi Corrompido por Ambição Pessoal Lúcifer possuía raros dons. Era dotado de uma grande sabedoria e um grande conhecimento, e muitos segredos da criação lhe haviam sido confiados. Por causa de seus dons e habilidades singulares, Deus o exaltou à posição de vice-regente sobre sua criação. Nesta posição chave, com sua sabedoria e inteligência superiores, Lúcifer tinha profunda percepção e compreensão dos mistérios do universo. Mas há uma dimensão que envolve os eternos propósitos de Deus que só pode ser acenada através de reverência, fé e confiança. Ele, como Criador, é o Juiz que discerne o que é sábio e justo (Gn 18.25). Lúcifer, cego por sua ambição, escolheu questionar os desígnios divinos e, assim fazendo, cometeu seu trágico e fatal erro. O que havia nos planos de Deus que desagradou Lúcifer? Isso é obvio: Vemos claramente nas Escrituras que Satanás queria exaltar seu trono acima das estrelas de Deus” para ser “como o Altíssimo” (Is 14, 13,14). Mas em seus planos, Deus reservara esta exaltação, não para Lúcifer, mas para Cristo. O direito de se sentar com seu Pai no trono foi dado apenas a Cristo (Ap 3.21). Lúcifer, mesmo sendo vice-regente, o arcanjo chefe e querubim ungido, deveria ter uma posição abaixo de Cristo. Quando ficou evidente para Lúcifer que ele não teria a posição máxima, suas ambições foram frustradas, o que resultou em sua rebelião. Esta paixão pela alto-exaltação e ambição desvairadas tem levado muitos homens e mulheres a andarem segundo seus próprios desejos, e os levou a ter um fim semelhante ao de Lúcifer.
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A Rebelião de Lúcifer Até então, Lúcifer havia cumprido suas obrigações de forma impecável e obediente. Não havia razão para que ele agisse de modo diferente. Mas agora, um espírito de rebelião nascera em seu coração. Apesar de Deus ter-lhe entregado tudo menos o trono, Lúcifer não estava satisfeito. O sonho de um reino universal, no qual ele teria o poder supremo, causou-lhe urna jnsaciável ambição. Aparentemente Lúcifer nada fez para reprimir este espírito corrompido auto-exaltação. Ele permitiu que a semente do orgulho brotasse e crescesse em seu coração. No final, ela produziu uma colheita de miséria e condenação para ele e para os seus seguidores — só o infinito Deus pode julgar suas proporções (l Timóteo 3.6). A auto-exaltação, a rebelião e a conseqüente queda de Lúcifer são relatadas rápida, porém claramente em Isaias 14.12-14.
As Bases de Lúcifer para o Sucesso de Sua Rebelião Alguém tão perverso e principalmente tão calculista como Lúcifer não comete um crime a não ser que tenha alguma esperança de sucesso. Como pôde este arcanjo esperar obter sucesso ao desafiar o Criador? Com o conhecimento que tinha da onipotência de Deus, como pôde ele ter alguma esperança de ter sucesso neste desafio aos desígnios eternos de Jeová? Os ímpios deste mundo podem ate desafiar Deus em sua tola ignorância, mas as circunstâncias não são as mesmas no caso de Lúcifer. Infiéis e ateus nada sabem sobre Deus. Ao contrário, Lúcifer compartilhava dos conhecimentos divinos e tinha conhecimento de muitos dos segredos do Criador. Ele sabia o que estava fazendo. Certamente a rebelião do diabo não nasceu num momento de impulso, mas foi resultado de um plano friamente calculado e cuidadosamente pensado. Embora diabólico na essência, seu plano demonstrou ser, em muitos aspectos, estrategicamente perfeito. Devemos levar em consideração que ele tinha razões substanciais para contar com o sucesso. É evidente que os planos de Satanás foram astuciosamente articulados pelo fato de sua conspiração maligna ter sido bem-sucedida num grau surpreendente. Longe de ser rapidamente aniquilada, esta terrível rebelião continua até os dias de hoje, muito embora certamente seus dias estejam contados (Ap 12.12). A verdade é que se Deus não tivesse previsto a entrada do mal no universo e preparado um plano de antemão para contra-atacá-lo — um plano tão secreto que nenhum anjo, bom ou mau, pudesse prever — a rebelião de Satanás teria desencadeado tudo o que ele havia planejado. Mas Deus, que sabe de tudo de antemão, já tinha tudo preparado para que isso não acontecesse. Por enquanto, basta dizer que o seu plano era tão genial que pegou de surpresa até mesmo os anjos leais.
Sedução dos Anjos Como Lúcifer conseguiu seduzir os anjos que o seguiram? Os anjos não teriam nada a perder, mesmo se a rebelião desse errado. Anjos são imortais. O pecado não os levaria à morte física, ou ao fim da existência, por isso eles não temeram se rebelar. Muitas dúvidas pairam a seu respeito :
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Satanás era regente do coro celestial? Não. Ele era um “querubim da guarda ungido”. Querubins não exercem função na adoração do céu. Essa tarefa é delegada aos Serafins. Um querubim está ligado à guarda das coisas santas e do trono e majestade de Deus. A idéia de que Lúcifer era regente do coro celestial vem do versículo 13 de Ezequiel 28, onde se lê: “Em ti foram feitos teus tambores e teus pífaros”. Tambores e pífaros nesse texto estão ligados à realeza e não à condição de regente de coro. A maioria os reis da antiguidade contava com instrumentistas e o texto em questão trata do rei de Tiro e faz um paralelo com Lúcifer, menor apenas do que o próprio Deus.
Se Deus é onisciente e já sabia que satanás cairia porque o criou? Por dois motivos: a) Deus deu a homens e anjos o livre arbítrio. Deus sabia que Satanás cairia, mas não pôde fazer nada a respeito. Deus não pode negar sua própria natureza. Deus deu o livre arbítrio às suas criaturas e não o tira porque é fiel e imutável. b) Para que ele servisse de espetáculo e exemplo das conseqüências que uma rebelião contra Deus pode causar.
Porque então, Deus não mata Satanás? Porque Deus frustraria seu propósito para suas criaturas: o livre arbítrio. Se Deus punisse Satanás com a morte, a adoração a Ele seria por medo e não por amor. Anjos e homens passariam a adorá-lo forçadamente. Imagine esse diálogo entre dois anjos: - Você soube da última notícia? - Não, responde o anjo. - Lúcifer se rebelou e então Deus o matou! - Sério? Então é melhor continuarmos O servindo, ou do contrário Ele nos matará também. Deus, como já dissemos, é imutável. Não volta atrás em nenhuma de suas decisões, ainda que providencie alguma coisa para reverter um efeito devastador provocado por alguém, como quando providenciou o plano de redenção quando o homem caiu. Ele não impediu o homem de usar seu livre arbítrio, mas providenciou um escape, o plano de redenção.
E se Satanás se arrepender? a) Sem chance. Satanás não crê na palavra de Deus. Possivelmente ele não creia que terá o fim trágico que está descrito na palavra de Deus. É bem possível que ele creia que a Bíblia não passe de um material promocional que Deus usa para se promover e fazer todos acreditarem que no final triunfará e o mandará para um lago de fogo e enxofre. b) Não há provisão de perdão para anjos. “ Deus não socorre a anjos, mas socorre a descendência de Abraão”. (Hb 2.16). Quando Colossenses 1.19-20 fala de reconciliação de Deus com a criação fala da restauração da ordem anterior à queda e não do
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arrependimento de satanás como defendem alguns. Satanás é imperdoável por vários motivos: O ser humano é tentado muitas vezes por ele, mas ele foi tentado por quem? O engano se originou dele e todo o mal se originou dele, sendo ele o pai da tentação e da mentira. Os seres humanos nunca desfrutaram da presença de Deus como Satanás, e isso é imperdoável. Não se esqueça que a quem muito for dado, muito será cobrado. Satanás escolheu pecar, juntamente com 1/3 dos anjos que o seguiram. Esta escolha foi voluntária e individual a cada anjo, ao contrário do homem, que, por ser uma raça herda a herança genética de seus pais e a transmite a seus filhos. Por isso Deus providenciou um sacrifício: a morte de Seu Filho Jesus; sacrifício este retroativo e eterno. •
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Onde Satanás habita? Nos ares. Efésios 2.2 afirma que ele é o príncipe da potestade do ar. Essa é a região que fica entre o céu e a terra. Satanás também tem acesso à terra, (Mt 4.3) mas o domínio de Satanás é o primeiro céu, que é a atmosfera terrestre.
Satanás pode se materializar? Satanás é um anjo caído. Em tese ele tem um corpo espiritual como o dos anjos. A Bíblia afirma em II Co 11.14 que Satanás se transforma em anjo de luz. Só pode se transformar, quem já tem uma forma definida.
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Classificação ee O Org anização S Satânica “Porque nossa luta não é contra a carne nem sangue, sim contra principados, potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais da maldade, nas regiões celestiais” (Ef 6.12).
Não temos uma lista exata da hierarquia das trevas, mas Apóstolo Paulo nos dá uma lista de suas categorias no versículo acima. a) Principados. Seriam seres malignos responsáveis por tentarem dominar e influenciar reinos e nações (Dn 10.13).Também guerreiam diretamente contra os santos (Ef. 3.10). b) Potestades. Estão intimamente ligadas aos principados. Seriam seres malignos ligados mais diretamente a autoridades terrenas e espirituais, isso porque estão ligados a oposição direta ao reino de Cristo (I Co 15 24 ; Ef 1.21 ; 6.12). c) Dominadores ou príncipes das trevas . Esses seres dominariam sub-regiões, estados, municípios , etc. d) Hostes espirituais, ou forças espirituais da maldade. Seriam seres espirituais malignos inferiores. Talvez anjos caídos de classe inferior que dominam demônios que incorporam nas pessoas ou os próprios demônios.
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Anjos C Caídos ee D Demônios Esse é um assunto que tem se tornado cada dia mais controverso. Isso porque pela linha tradicional de pensamento, anjos caídos e demônios são a mesma coisa. Atualmente tem se contestado essa idéia. Passaremos a estudar os motivos que levam muitos teólogos modernos a crerem que os anjos caídos não são os demônios que com freqüência incorporam nas pessoas. Antes porém estudaremos a questão dos anjos presos em “cadeias eternas”. Os anjos de Satanás aparentemente se dividiram em dois grupos: Um grupo é composto daqueles que habitam as regiões celestiais e estão em constante guerra contra os exércitos de Deus e o outro é composto por aqueles cuja a liberdade foi tirada : “E quanto aos anjos que não conservaram sua posição de autoridade, mas abandonaram sua própria morada, Ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas para o juízo do grande dia” (Jd 6 ).
Isso significa que alguns anjos não estão mais em liberdade, mas foram aprisionados. Mas a pergunta é: “Porque foram aprisionados?”. Sobre essa questão existem duas correntes de pensamento e duas possibilidades: a) Alguns estudiosos da Bíblia acreditam que o termo “filhos de Deus” mencionados em Gn 6.4 ,refira-se aos anjos que “não conservaram sua posição de autoridade” (Jd 6) e coabitaram com as “filhas dos homens”. Acredita-se que como punição estes anjos tenham sido aprisionados. b) As escrituras dizem que ao longo dos séculos guerras têm sido travadas nas regiões celestiais. De tempo em tempo alguns principados são derrotados. Por Exemplo, Miguel derrotou o príncipe do reino da Pérsia (Dn 10.13). Será que depois desse príncipe ter sido derrotado, ele foi preso ou continuou em liberdade? Seja qual for a corrente mais correta, o que é certo é que alguns desses seres angelicais um dia criados por Deus estão presos em correntes, aguardando seu julgamento. Os demônios são uma classe de seres caídos que a Bíblia menciona com freqüência. Apesar de serem seres espirituais, parecem ser de uma ordem distinta dos anjos caídos. Passaremos aos possíveis contrastes entre essas duas raças. Com a possível exceção de quando satanás entrou em Judas, não há relatos de anjos caídos possuindo corpos humanos. Os anjos caídos aparentemente possuem algum tipo de corpo espiritual e não precisam necessariamente se incorporar em ninguém. É importante então, fazer um contraste entre anjos caídos e demônios.
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Anjos caídos têm em tese um corpo espiritual.
Demônios não possuem um corpo próprio por isso precisam de corpos humanos para descansar. “Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos, procurando repouso...” (Lc 11.24). •
Anjos caídos habitam as regiões celestiais, onde é sua esfera de atividades. Eles geralmente estão envolvidos em conflito com as milícias celestiais de Deus (Dn 10.13; Ef 6.12). •
Demônios andam por lugares áridos e seu habitat é na terra. Usam como casa e habitação corpos humanos e de animais ...“rogaram-lhe que lhes permitisse entrar naqueles porcos. E Jesus o permitiu” (Lc 8.32). Todas as evidências mostram, como já dissemos, que eles não possuem um corpo espiritual como os anjos caídos, e por isso vivem ávidos em incorporar-se em alguém. Um demônio só descansa quando faz morada em um corpo e quando o encontra, permanece lá até que o expulsem. No entanto, existe um fator que pesa contra essa teoria. Se os demônios não são os anjos caídos, então de onde se originaram? Infelizmente, não podemos afirmar com certeza de onde vieram os demônios. Apenas podemos dizer que existem em vasto número e que procuram avidamente habitar em corpos humanos. •
Anjos Amarrados em Correntes Eternas Os anjos de Satanás aparentemente se dividiram em dois grupos. Um grupo inclui aqueles que estão livres nas regiões celestiais assistindo Satanás em sua guerra contra os exércitos de Deus. O outro grupo é composto por aqueles cuja liberdade foi tirada. Estes estão presos nas “correntes eternas”, aguardando o dia do julgamento. “E quanto aos anjos que não conservaram sua posição de autoridade, mas abandonaram sua própria morada, Ele os tem guardado em trevas, presos em correntes eternas para o juízo do grande Dia” (Jd 6).
Isto significa que alguns dos anjos não estão mais em liberdade, mas foram aprisionados nas profundezas das trevas. Tendo amado mais as trevas do que a luz lhes dada a oportunidade de provarem da escuridão eterna. O apóstolo Pedro declara que foram lançados no inferno para aguardar o julgamento. “Pois Deus não poupou os anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo. Ele não poupou o mundo antigo quando trouxe o Dilúvio sobre aquele povo ímpio, mas preservou Noé, pregador da justiça, e mais sete pessoas” (2 Pe 2.4, 5).
A palavra “inferno’, neste caso em particular não vem do grego Hades (lugar dos
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mortos), nem de Gehena, um termo usado para o lago de fogo. A palavra inferno nesta passagem vem da palavra grega Tartarus, evidentemente uma cadeia feita especialmente para os anjos caídos. Por que certos anjos caídos estão livres enquanto outros estão presos nas “correntes eternas”, privados de sua liberdade? Há duas possibilidades. Como o apóstolo Pedro menciona o julgamento de Deus na terra através do dilúvio e a prisão destes anjos, alguns acreditam que os dois eventos estejam ligados. Alguns estudiosos da Bíblia acreditam que o termo “os filhos de Deus” mencionados em Gênesis 6.4 refere-se aos anjos “que não conservaram sua posição de autoridade” (Jd 6) e coabitam com as “filhas dos homens”, produzindo uma raça de gigantes na terra. Acredita-se que, como punição, estes anjos tenham sido aprisionados em correntes nas trevas. É uma possibilidade interessante, embora seja alvo de muitas objeções, como por exemplo a declaração de Jesus de que anjos não se casam (Mt 22.30). Entretanto a Bíblia realmente diz que alguns anjos caídos estão amarrados enquanto outros mantiveram-se livres. Como podemos explicar isto? Tenha em mente que as Escrituras nos dizem que ao longo dos séculos guerras tem ocorrido nas regiões celestiais. De tempos em tempos alguns principados são derrotados. Por Exemplo, Miguel derrotou o príncipe do reino da Pérsia (Dn 10.13). Será que depois desse príncipe ter sido derrotado, ele foi feito prisioneiro ou continuou em liberdade? Enquanto seja verdade que Satanás tenha algum tipo de direito legal sobre a terra por um tempo limitado, também parece que este domínio aos poucos está sendo derrubado. Muitos de seus reinos já caíram. Não é possível que prisioneiros tenham sido capturados à medida que tais reinos foram derrotados? Uma coisa é certa: alguns anjos caídos foram aprisionados, embora o tempo exato da sua prisão não seja conhecido. Alguns anjos caídos estão amarados, tendo suas atividade encerradas, mas parece que pelo menos alguns destes anjos serão libertos por um tempo no final da Grande Tribulação, quando os julgamentos de Deus forem lançados sobre a terra. Ela disse ao sexto anjo que tinha a trombeta. “Solte os quatro anjos que estão amarrados junto ao grande rio Eufrates.Os quatro anjos, que estavam preparados para aquela hora, dia, mês e ano, foram soltos para matar um terço da humanidade” (Ap 9.14, 15). Parece também que ao mesmo tempo, um grande exército de demônios será liberado das profundezas do inferno: “O quinto anjo tocou a sua trombeta, e vi uma estrela que havia caído do céu sobre a terra. À estrela foi dada a chave do poço do Abismo. Quando ela abriu o abismo, subiu dele fumaça como a de uma gigantesca fornalha. O sol e o céu escureceram com a fumara que saia do Abismo. Da fumaça saíram gafanhotos que vieram sobre a terra, e lhes foi dado o poder como o dos escorpi5es da terra. Os gafanhotos pareciam cavalos preparados para a batalha. Tinham sobre a cabeça algo como coroas de ouro, e o rosto deles parecia rosto humano” (Ap 9.1-3, 7).
Entretanto, o tempo de atividade destas forças malignas é muito curto, limitado a cinco meses (Ap 9.1), sendo que depois disto retornarão para as profundezas do inferno (Ap 20.1-3). Isto nos leva ao assunto de demônios.
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A Origem dos Demônios Os demônios são uma classe de seres caídos que a Bíblia menciona com freqüência. São chamados de vários nomes: espíritos malignos ou demônios. Apesar de serem seres espirituais, têm uma ordem distinta da de Satanás e dos anjos caídos. Com a possível exceção de quando Satanás entrou em Judas, não há relatos de anjos caídos habitando em corpos humanos. Os anjos caídos aparentemente têm algum tipo de corpo espiritual e não precisam incorporar-se em ninguém. Sua esfera de atividade é nas regiões celestiais e não na terra — embora certamente eles serão expulsos de lá durante a Grande Tribulação (Ap 12.12). Os demônios, por outro lado, buscam avidamente por habitação humana. Todas as evidências nos mostram que eles não possuem um corpo próprio e que por isso procuram incorporar-se. Embora os demônios sejam subordinados aos anjos caídos, suas atividades estão em harmonia com os planos e propósitos de Satanás. Eles desempenham um papel importante no programa do diabo. De onde os demônios vieram? Esta pergunta já se faz há algum tempo e nem sempre é respondida com facilidade. Que os demônios, ou espíritos imundos existem, disso não há dúvida. Mas como eles se originaram e caíram não é totalmente claro, embora a Bíblia nos revele o suficiente para nos dar uma boa idéia. Enquanto parece evidente que os demônios não estão incluídos entre os anjos caídos que foram expulsos do céu na ocasião da rebelião de Satanás; é provável que sua queda de alguma maneira tenha tido relação com esta rebelião. Os anjos, por não terem corpos físicos, não passam pela morte física como os homens (Lc 20.35, 36), muito embora possam pecar e sofrer morte espiritual — a separação de Deus. Um outro fator que pesa contra o fato de anjos caídos serem demônios é que estes têm seu habitat na terra, enquanto os anjos caídos aparentemente ocupam as regiões celestiais e geralmente estão engajados em conflitos com as milícias celestiais de Deus (Daniel 10). Esta guerra espiritual é graficamente descrita por Paulo em Efésios 6.12, que já citamos anteriormente. Os santos que se assentam nas regiões celestiais com Jesus (Ef 2.6), também participam desta guerra espiritual e são convocados a munir-se de toda a armadura de Deus para resistirem no dia mau. E claro que Satanás e seus anjos caídos podem entrar temporariamente em um homem (Lc 23.3), mas uma vez que tem acesso às regiões celestiais, e mais provável pela evidência que temos que não se confinem em corpos humanos. Há outra teoria sustentada por alguns que os demônios são espíritos desprovidos de corpo e descendentes dos anjos e das filhas dos homens” mencionadas em Gênesis 6.2. Entretanto, Jesus disse que anjos não se casam e não se dão em casamento, o que toma improvável que os “filhos de Deus” mencionados naquela passagem sejam anjos realmente. Certamente, tal incursão angelical resultaria numa raça totalmente inusitada sobre a terra. Estas são as principais teorias sobre a origem dos demônios. O assunto é fascinante, mas felizmente sua conclusão não é primordial para que entendamos adequadamente o modo como os demônios agem, seus hábitos e métodos de operação. E é isso que
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precisamos entender realmente. Não podemos afirmar com certeza de onde os demônios vieram. Entretanto, é certo que existem em vastos números e procuram avidamente por habitação em corpos humanos. Há quem acredite que os demônios são na verdade os anjos caídos que foram derrotados na queda de Lúcifer. Que os demônios não são da mesma ordem dos anjos caídos fica evidente pelo fato de eles necessitarem de habitação. Um demônio só descansa quando faz morada em um corpo humano. Quando ele passa a possuir um corpo, permanece lá até que seja obrigado a sair, ou até a morte da pessoa (Lc 11.15-26). Nunca sairá por sua própria vontade. Embora a Bíblia não nos dê muitos detalhes sobre a origem dos demônios, temos ampla informação a respeito de seus hábitos e atividades. Em Lucas 11.24-26, Jesus fez um comentário interessante sobre a necessidade que os demônios têm de habitar o corpo humano e o que os demônios fazem ao serem expelidos de sua habitação: “Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso e, não o encontrando, diz “Voltarei para a casa de onde saí” Quando chega, encontra a casa varrida e em ardem. Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro” (Lc 11.24-26).
Também sabemos que um demônio precisa se sujeitar ao poder que há no Nome de Jesus. Na Grande Comissão, Cristo disse: “Em meu nome expulsarão demônios” (Mc 16.17). Falou também do poder que Ele deu aos seus discípulos sobre os demônios quando os setenta e dois retornaram regozijando porque os demônios fugiram diante de suas ordens: “Os setenta e dois voltaram alegres e disseram: Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome. Ele respondeu: Eu vi Satanás caindo do céu como um relâmpago. Eu lhes dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o poder do inimigo: nada lhes fará dano. Contudo, alegrem-se, não porque os espíritos se submetem a vocês, mas porque seus nomes estão escritos nos céus” ( Lc 10.17-20).
Voltando às palavras de Jesus em Lucas 11.24, vemos que quando um demônio é expulso, não consegue achar descanso e tentará entrar em outro corpo humano. Se ele tiver dificuldades em encontrar alguém, tenta voltar ao corpo da pessoa de onde foi expulso. No caso mencionado por Jesus, o demônio retornou e achou a casa “varrida e em ordem”. Ao descobrir isto, leva consigo outros sete espíritos ainda piores do que ele, e o “estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro”. Daqui tiramos uma clara lição: os demônios não têm o direito de habitar no indivíduo que professa o Nome de Jesus. Entretanto, se uma pessoa que foi liberta de possessão demoníaca não professa Jesus como o Senhor de sua vida, o demônio tem direito a voltar e possuir a pessoa novamente. Na história do maníaco de Gadara, o homem estava possesso por legiões de demônios — talvez milhares deles (Mc 5.9). Isto mostra que as leis físicas que governam o corpo não se aplicam ao espírito. No mundo natural, dois objetos não podem ocupar o mesmo
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espaço ao mesmo tempo. No mundo espiritual, milhares de demônios podem ocupar a mesma pessoa. John, o apóstolo, diz que o sistema deste mundo é regido pelo diabo: “Sabemos que somos de Deus e que o mundo todo está sob o poder do Maligno” (l Jo 5.19). Satanás aparentemente procura estabelecer centros estratégicos de imoralidade na terra. Por isso é dito que os habitantes de Pérgamo habitavam “onde está o trono de Satanás” (Ap 2.13). Os sistemas educacional, social e político do mundo não reconhecem o poder de Satanás. Os intelectuais de nossos dias negam a existência do diabo como ser pessoal. Consideram os fenômenos do mundo espiritual como sendo inteiramente psíquicos, atribuindo-os às operações naturais da mente. Desta maneira, são cegados e enganados pelos mesmos poderes que eles negam existir.
Satanás Governa Através de seu Exército de Demônios Um dos exemplos mais claros encontrados nas Escrituras de que Satanás domina as nações está em Daniel 10. Lá, vemos que um certo príncipe da Pérsia resistia a muitos anjos de Deus. O termo “príncipe da Pérsia” não se refere ao reino visível daquela nação, que certamente não teria poder algum para guerrear contra seres angelicais, mas a um príncipe invisível do exército satânico que habitava nas regiões celestiais, e exercia poder sobre o reino da Pérsia. Isto indica que cada nação tem um príncipe do reino das trevas, invisíveI, mas real. Debaixo da autoridade destes poderosos arcanjos caídos do mundo espiritual, uma multidão de espíritos menores age e, na medida do possível, cumpre os propósitos de seu mestre supremo — Lúcifer. Por meio destas miríades de espíritos malignos, o diabo faz com que seu poder seja sentido em todas as partes do mundo, Os demônios operam de diversas maneiras. Primeiro procuram habitar em corpos humanos, passando então a enganar sua vítimas e levá-las à mais profunda ilusão. Todos podem ser classificados como espíritos mentirosos, pois enganam e iludem as nações a rebelarem-se contra o verdadeiro Deus. Nenhum demônio pode burlar os princípios em que se baseia o reino satânico, embora o modo de operação e engano varie muito. Jesus declarou: “Mas se é pelo Espírito de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deu” (Mt 12,28). Satanás, portanto, não é ilimitado em poder, e seus planos podem ser abortados e reduzidos a nada através da oração e intercessão. Daniel esperou em jejum e oração por três semanas antes que Miguel, o arcanjo, fosse finalmente liberado a assistir o anjo que estava batalhando contra o príncipe da Pérsia. O resultado foi uma grande vitória, e o anjo pôde ir até Daniel e informá-lo sobre o futuro de sua nação. Daniel, através de suas orações, teve papel fundamental na derrota das hordas malignas, e por sua fidelidade recebeu a recomendação especiaI do anjo. Esta passagem traz grande revelação: “Daniel, você é muito amado. Preste bem atenção ao que eu vou lhe falar; levante-se, pois eu fui
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enviado a você”. Quando ele me disse isso, pus-me em pé tremendo. E ele prosseguiu: “Não tenha medo, Daniel desde o primeiro dia em que você decidiu buscar entendimento e humilhar-se diante do seu Deus, suas palavras foram ouvidas, e eu vim em reposta a elas. Mas o príncipe do reino da Pérsia me resistiu durante vinte e um dias. Então Miguel, um dos príncipes supremos, veio em minha ajuda, pois eu fui impedido de continuar com os reis da Pérsia” (Dn 10.11-13).
Que as orações dos crentes têm um papel fundamental na batalha espiritual nas regiões celestiais fica muito claro em Efésios: “...pois nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo em trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais ... Orem no Espírito em todas as ocasiões, com toda oração e súplica; tendo isso em mente, estejam atentos e perseverem na oração por todos os santos” (Ef 6.12, 18).
Nossa guerra não é contra a carne nem o sangue, mas contra as forças malignas invisíveis nas regiões celestiais que influenciam o homem a praticar o mal. A razão pela qual o povo de Deus precisa desenvolver uma poderosa vida de oração é para neutralizar os ataques destes espíritos pervertidos, aniquilando seu poder de executar os planos diabólicos. Durante a Grande Tribulação, Satanás e seus anjos serão expulsos das regiões celestiais, como resultado da resistência dos anjos de Deus e das orações dos santos de Deus. “Houve então uma guerra nos céus. Miguel e seus anjos lidaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam seu lugar nos céus. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra. Então ouvi uma forte voz do céu que dizia: Agora veio a salvação, o poder e o Reino do nosso Deus, e a autoridade de seu Cristo, pois foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, que os acusa diante do nosso Deus, dia e noite, Eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do testemunho que deram, diante da morte, não amaram a própria vida. Portanto, celebrem, ó céus, e os que nele habitam! Mas, ai da terra e do mar, pois o diabo desceu até vocês! Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco tempo” ( Ap 12.7-12).
A expulsão de Satanás dá início ao temido reinado do Anticristo. Seu reinado é curto e, no tempo certo, Satanás e suas hostes serão acuados e lançados nas profundezas do inferno.
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Características d dos D Demônios Os demônios são tão diferentes em suas capacidades individuais, seus hábitos, e seus caminhos, quanto o são os seres humanos, com uma exceção: seus objetivos são consistentemente malévolos, sempre objetivando a ruína das almas daqueles a quem seduzem e enganam. Alguns demônios são especialistas em causar enfermidades. Outros usam de seu poder para causar engano e ilusão. Alguns demônios podem ser expulsos prontamente enquanto outros são tão resistentes que só podem ser expelidos por meio de jejum e oração. A Bíblia enumera muitos tipos de demônios. Quando estes espíritos foram criados, eram seres íntegros. Deus não criou espíritos pervertidos. Deus disse de Lúcifer antes de sua queda: “Você era inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você” (Ez 28.15). Mas Lúcifer, enchendo-se de orgulho, apostatou e caiu em julgamento. Os demônios foram aparentemente envolvidos nesta rebelião. Talvez neste ponto, Deus os tenha desprovido de seus corpos. Assim como os seres humanos se diferenciam entre si por seus talentos, habilidades e poderes, mesmo depois de perderem seus corpos estes espíritos mantiveram as aptidões especiais e capacidades de sua existência anterior, ainda que agora voltadas para propósitos malignos. Alguns demônios são mais sutis do que outros em seu modo de agir e capacidade de enganar. Outros, como o espírito epiléptico, têm grande poder. Uma vez que este tipo de espírito se apodera de alguém, é capaz de resistir mais à expulsão do que os outros. Os espíritos sedutores se ocupam em seduzir homens e mulheres à imoralidade. Espíritos de morte incitam os homens a cometerem homicídio ou à autodestruição. Espíritos familiares se manifestam através de um médium, disfarçados de espíritos de pessoas que já morreram.
Demônios têm Personalidade Já é mais do que provado que os demônios são mais do que uma influência maligna, e que são seres dotados de personalidade, inclusive com poderes de fala. Médiuns em transe com freqüência não têm consciência daquilo que o espírito que se apossou deles está dizendo; mesmo assim, podem manter conversações inteligentes, porém perigosamente enganosas. Estes demônios fingem ser espíritos de pessoas que já morreram, o que com certeza não é verdade. São espíritos malignos, sob o domínio de Satanás. E, embora operem de diferentes maneiras, seu alvo final é enganar as pessoas e levá-las às trevas. Normalmente ele procura esconder sua identidade, mas quando é descoberto dá lugar a uma linguagem obscena e repulsiva. NelI Hibbard, em seu livro Demonology (Demonologia) relata uma ocasião em que ela
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confrontou uma mulher possessa por um demônio. Tomamos a liberdade de citar este relato: Há muitos anos atrás, um marido desesperado e alguns de seus amigos trouxeram uma mulher possessa por demônios da cidade de Fort Worth à nossa Igreja para receber oração. Ela estava deitada de costas no berçário da igreja quando chegamos. Ao entrarmos na sala, os demônios gritaram através dela. Seus olhos se viraram e saltaram para fora como se estivessem pendurados. Sua face ficou tão distorcida que havia perdido o semblante humano. O canto direito de sua boca foi puxado para baixo do centro de seu queixo. Espuma branca saía de sua boca, amontoando-se no chão. “Eu te odeio”, com uma voz horripilante gritava; a mulher avançou em minha direção como um animal selvagem avança em sua presa. Quando clamamos pelo sangue de Jesus, ela parou na posição em que estava, como se alguém a estivesse paralisado. Então o demônio, através de seus lábios, disse-me o tópico da mensagem que eu havia pregado na noite anterior. Eu estava em Da//as, e a mulher em Fort Worth, e mesmo assim o demônio sabia que eu havia pregado sobre demonologia no domingo à noite. Um dos demônios menores esbravejou: “Você tentou abalar nosso reino ontem à noite, dizendo às pessoas o modo como agimos e as táticas que usamos. Bem, você nos causou alguns problemas, mas há muitos de nós aqui dentro para cause-lhe problema também “. Por um momento suei frio, mas começamos a orar fervorosamente. Por três dias e duas noites alguém esteve batalhando em oração por ela, perante Deus. Ao final da segunda noite, o último demônio saiu e ela foi gloriosamente libertada. Naquele caso, os demônios não possuíram sua mente apenas, mas também seu corpo.
Há casos em que o demônio primeiramente finge ser o Espírito Santo. Houve um caso em que ele advertiu a não duvidar de sua palavra. Ele tinha muitas coisas para revelar a respeito do mundo espiritual entre o Céu e o Inferno, e isto pareceu genuíno a princípio. Mas a Bíblia nos ensina que devemos testar os espíritos (1 Jo 4.1-3), neste caso o espírito não passou no teste. Quando finalmente ficou claro que se tratava de um espírito maligno, ele admitiu que era mesmo um demônio. A pessoa possuída pelo espírito enfrentou uma dura batalha, mas finalmente foi liberta de seu poder.
Vários demônios podem ocupar o mesmo espaço Pela lei da física, dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo. Uma grande carga de pressão pode ser aplicada a uma substância, como água, por exemplo, e não se comprimirá, ou no máximo a um grau muito pequeno. Os cientistas que estudam a energia atômica dizem que o átomo deve ser totalmente desmontado antes que a matéria entre em colapso. Isto se aplica ao universo físico. Mas o que se aplica ao mundo físico não se aplica necessariamente ao mundo espiritual. Um ou mais espíritos malignos podem habitar a mesma pessoa, isto é, ocupar o mesmo espaço. Quando o Espírito Santo vem sobre alguém, Ele de forma alguma anula a personalidade ou o espírito da própria pessoa, mas pelo contrário, dá vigor e aviva o ser do individuo. Um espírito maligno, ao invés de abençoar, age como uma doença maligna que não apenas fere, mas degenera a
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pessoa por completo, de corpo, alma e espírito. Quanto mais espíritos malignos estiverem em uma pessoa, maior é o controle que exercem e mais rápida a deterioração da personalidade se dá. Jesus alertou seriamente um homem após tê-lo libertado de um espírito mudo (Lc 11.2426). Ele disse que o homem deveria agora encher sua vida com as coisas de Deus, ou o espírito maligno voltaria com mais sete espíritos. Desta maneira, a condição do homem se tornaria ainda pior do que anteriormente. Havia Maria Madalena, “de quem foram expelidos sete demônios ” (Lc 8.2). Obviamente ela tinha um grande problema antes de sua libertação, mas depois demonstrou enorme gratidão por ter sido libertada, a ponto de ignorar os perigos que corria ao estar entre as primeiras pessoas a visitar a tumba em que Jesus estava sepultado. O Senhor, reconhecendo sua grande devoção, apareceu primeiramente a ela após sua ressurreição (Mc 16.1,9). Sete ou oito demônios em urna pessoa parece ser um número elevado. entretanto, há pessoas possessas de centenas e até milhares de demônios. Em alguns casos, eles saem de uma só vez, dizendo seus nomes ao saírem. Médiuns espíritas, que fazem pactos com estes demônios, estão cegos quanto à verdadeira natureza e acham que são espíritos de pessoas mortas. Não é de se admirar que o mundo espiritual tenha um sistema e uma ordem própria (Mt 12.25, 26). Em sessões espíritas, é comum que um demônio (fingindo ser uma pessoa que já morreu) assuma autoridade sob o disfarce de um “guia”. Outros demônios que desejam se comunicar com os clientes de um médium devem fazê-lo através deste guia. É importante lembrar que muitos espíritos malignos podem se comunicar e viver juntos no corpo de uma mesma pessoa, causando-lhe miséria e sofrimento. As capacidades quase ilimitadas dos demônios ao possuírem um corpo são bem demonstradas no caso do endemoninhado com quem Jesus se deparou. Antes que ele libertasse o possesso, Jesus perguntou aos demônios seus nomes. O líder respondeu: “Meu nome é Legião... porque somos muitos” (Mc 5.9). Uma legião no exército romano possuía em torno de 6.000 soldados. Isto não quer dizer que o homem necessariamente estava possesso por exatamente 6.000 demônios, mas indica que havia um vasto número; quando foram exorcizados de sua vítima, eles entraram violentamente em uma manada de porcos, fazendo com que 2000 porcos se atirassem no mar e se afogassem (Mc 5.13). Isto indica que uma grande concentração de espíritos tem poder para causar violentos distúrbios entre os seres vivos, sejam homens ou animais. Isto nos mostra o que há por trás dos atos de violência de uma multidão descontrolada. Em momentos de sanidade, os mesmos indivíduos sentiriam repulsa até de pensar nos atos que cometeram.
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Natureza dos demônios Os demônios são diferentes em suas capacidades pessoais. Alguns demônios são especialistas em causar enfermidades, outros usam seu poder para causar engano e desilusão. Alguns podem ser expulsos prontamente, outros, porém só através de jejum e oração. Eles também têm personalidade, e podem ocupar o mesmo espaço. Em Marcos 5.9 Jesus pergunta a um demônio pelo seu nome, ao que respondeu: “Meu nome é legião porque somos muitos”. Uma legião do exército romano possuía não menos que 6.000 soldados. Imagine então a quantidade de demônios naquele homem! Demônios podem causar cegueira e mudez (Mt 12.22) e outros tipos de enfermidade “E veio uma mulher possessa de um espírito de enfermidade, havia já 18 anos; andava ela encurvada, sem de modo algum poder endireitar-se” ( Lc 13.11). Podem também causar insanidade (Mc 5.5), e também ataques de epilepsia “... um espírito se apodera dele, e, de repente, o menino grita, e o espírito o atira por terra, convulsiona-o até espumar; e dificilmente o deixa , depois de o ter quebrantado” (Lc 9.39 ). Demônios inspiram traição e adultério, violência, intolerância, etc. •
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Demônios podem entrar em cristãos? Um cristão professo pode não ser um cristão genuíno. Crentes convertidos que não abandonam vícios ou pecados ocultos estão deixando uma brecha para demônios. Um cristão genuíno cheio do Espírito não pode ficar endemoninhado, uma vez que está cheio do Espírito. A Bíblia também fala de uma crente que era afligida por espírito de enfermidade. (Lc 13.16). Sem falar de casos de crentes com depressão o que é o primeiro passo para a opressão.
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APÊNDICE -- As e eras m mais p primitivas O Senhor e Satanás: Seus Ofícios
A analogia entre o ofício de Satanás e o que nosso Senhor tomou sobre Si em parte e que exercitará plenamente em breve é tão marcante que se torna difícil evitar a seguinte dedução: Satanás abusou do seu elevado ofício de profeta, sacerdote e rei e envolveu totalmente sua província no pecado e a parte terrena desta província, pelo menos, em uma destruição mencionada no versículo de Gênesis 1. Quando sua volta à obediência se tornou uma impossibilidade — talvez, por causa da sua conduta para com a nova criação, que parece ter tido a intenção de dar-lhe uma oportunidade de arrependimento —, e quando nenhum outro ser criado pôde ser encontrado com capacidade de restaurar a confusão, o próprio Senhor Jesus projetou-se da Divindade, para tomar, em Suas mãos, o poder mal-utilizado e mantê-lo, até que a rebelião fosse totalmente sufocada, e cada sinal dela, apagado. Os ofícios de profeta e de sacerdote Ele já está exercendo, mas o de rei não, porque, se tivesse assumido de vez o cetro, o resultado seria a destruição total para todos os que vivem, visto que todos pecaram, e tudo aquilo que é pecaminoso deve ser lançado fora do Seu reino e para dentro do fogo inextinguível. Era, portanto, necessário, remover a iniqüidade daqueles que deveriam ser salvos. Para isso, Ele veio ao mundo, por meio do sacrifício de Si havendo-nos dado instruções quanto à nossa conduta durante Sua ausência e muitas exortações com respeito a estarmos sempre vigiando por Sua volta, Ele partiu com o sangue para dentro do Santo dos Santos celestial a fim de comparecer na presença de Deus nós. Depois disso, voltará à terra, pela segunda vez, para arrebatar o poder das mãos de Satanás e, após destruir aquilo que não pode ser curado, trazer de volta o restante da criação à pureza e ordem. Uma vez que o governo de Cristo, brevemente tomará sobre Seus ombros parece ser exatamente idêntico àquele que foi entregue a Satanás, e que os primeiros arranjos de Deus eram necessariamente perfeitos, não parece provável que, quando os tempos da restituição chegarem, a ordem original das coisas começará a ser restaurada no reino milenar do Cristo? Se assim for, podemos facilmente descobrir o perfil do mundo pré-adâmico de Satanás, pois, no Milênio, Cristo e Sua igreja, cujos membros terão sido feitos como Ele mesmo, deverão reinar nos lugares celestiais sobre a terra e seus habitantes. Por isso, em eras remotas, antes do primeiro sussurro de rebelião contra Deus, Satanás, como o grande cabeça governante e vice-rei do Todo-poderoso, assistido por seres gloriosos da sua própria natureza. Reinava sobre os habitantes sem pecado na terra. Ao mesmo tempo, ele conduzia a adoração dos seus súditos e lhes expunha os oráculos do Criador, grande
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em sabedoria. Contudo, o peso da glória foi maio, do que ele pode suportar: O orgulho elevou seu coração, e ele caiu da sua obediência. E ai, sem dúvida, a corrupção surgiu entre seus anjos e caiu sobre aqueles que estavam na carne. Quanto tempo Deus suportou isso, concedendo advertências e oportunidades? Se alguns deles se beneficiaram da misericórdia divina e agora são anjos santos, que de tempo em tempo, voltam a visitar o lugar da sua antiga habitação, são perguntas que só podemos responder por suposição. tirada da analogia com a nossa própria raça. Porém, o fato de podermos inquiri-las mostra quão certa é a declaração: toda a nossa ostentada sabedoria nesta vida é, no máximo, apenas um conhecimento parcial. E quão maravilhoso acréscimo poderá ser feito, no mundo vindouro, à nossa limitada informação, mesmo com relação à história do planeta onde vivemos. DUAS ORDENS DE SÚDITOS SATANÁS Evidentemente, estamos capacitados a discernir, no Novo Testamento, vestígios claros das duas ordens de súditos de Satanás: a espiritual e aqueles que estavam na carne. Existem três termos distintos aplicados aos habitantes no Reino das Trevas. O primeiro é o diabo, palavra esta nunca usada no plural, porquanto se trata da designação do próprio Satanás. O significado literal é ‘‘aquele que se põe em discórdia’, (o caluniador) ou “acusador maligno”, um nome adequado para aquele que começou a acusar Deus diante do homem quando corrompeu nossos primeiros pais, e, desde então, continua a fazer o mesmo, injetando pensamentos injustos e sugestões malignas incessantemente nos corações humanos! Ele não para por aí, pois, ao dar seus relatórios sobre os habitantes da terra, também acusa o homem diante de Deus. Assim o encontramos declarando ser o interesse próprio o único motivo da retidão de Jó (Jó 1.911). Do mesmo modo, encontramo-lo desejando ter Pedro a fim de poder peneirá-lo como se faz com o trigo (Lc 22.31). Lemos, também, que ele acusa a nossos irmãos e a nós mesmo diante de nosso Deus de dia e de noite (Ap 12.10). O nome Diabo é então aplicado apenas a Satanás, pois parece que ele é o único poder maligno que presta relatório das ações dos homens diretamente à Deus. Em segundo lugar, encontramos a menção aos anjos de Deus (Mt 25.41), que são, sem dúvida, as inteligências espirituais designadas por Deus para o assistirem em seu governo e que escolheram segui-lo no pecado. Estes, provavelmente, constituem os principados, as potestades, os dominadores deste mundo tenebroso(Ef 6.12). Entretanto, existe outra classe de súditos de Satanás bem mais mencionada: Os demônios. Grande confusão surge, nas versões de língua inglesa, quando se traduz erradamente o termo por “diabos”. Podemos, todavia, evitar em alguma medida, esta confusão, lembrando que a palavra própria do diabo não tem plural, como já vimos, e só é aplicada a ele mesmo. Portanto, sempre que encontrarmos o termo (diabo) no plural, podemos ter certeza de que, no grego, é (daimonia) e deveria ser traduzido por “demônios”. Estes demônios são os mesmos espíritos maus e imundos, conforme podemos constatar pelas seguintes passagens: “Chegada a tarde, trouxeram-lhe muitos endemoninhados; e Ele meramente com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam
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doentes”(Mt 8.16). Em Lucas, lemos: “Então, regressaram os 70 possuídos de alegria, dizendo: Senhor, os próprios demônios se nos submetem pelo Teu nome!”, ao que o Senhor respondeu: “Não obstante, alegrai-vos, não porque os espíritos se vos submetem, e sim porque o vosso nome está arrolado nos céus” (10.17, 20). No registro de Mateus sobre o menino lunático, diz-se que o demônio sai dele (17.18), mas, em Marcos, este mesmo demônio é chamado de espírito imundo e também de espírito surdo e mudo (9.25). Lucas dá uma Iista de “algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades”, das quais a primeira mencionada é “Maria Madalena, da qual saíram sete demônios” (8.2,3). Demônios e espíritos malignos são, portanto, termos sinônimos. Mas os demônios devem ser cuidadosamente diferenciados dos anjos (dos maus e dos bons também) porque os anjos não são apenas espíritos desencarnados. Eles são vestidos com corpos espirituais conforme os que nos foram prometidos (Fp 3.21; Lc 24 39). De acordo com a declaração do nosso Senhor, os filhos da ressurreição serão iguais aos anjos, isto é, se formos julgados “dignos de alcançar a era vindoura e a ressurreição dentre os mortos” (20.35). Devemos cuidadosamente fazer distinção entre a ressurreição “dentre” (eu grego ek) e a ressurreição “dos” mortos. Esta última é o levantar final, quando todos os que estão nas sepulturas ouvirão a voz do Filho do homem e sairão. A expressão anterior (“dentre os mortos”) se refere à chamada de uns poucos privilegiados dentre a grande multidão de mortos e só é aplicada à ressurreição de Cristo ou à primeira ressureição de Apocalipse 20.4-6 (veja At 3.15; Lc. 20.35; Fp. 3.11). DIFERENÇA ENTRE ANJOS E DEMÔNIOS Esta distinção entre demônios e anjos foi claramente entendida pelos judeus, pois, em Atos dos Apóstolos, lemos que os fariseus clamaram com respeito a Paulo: “Não achamos neste homem mal algum; e será que algum espírito ou anjo tenha falado?” (23.9). No versículo anterior, foi dito que seus oponentes, os saduceus negavam a existência de anjos e espíritos. Qual é, então, o significado do termo “demônio”? Platão entende que se origina de daemon, um adjetivo que significa “conhecedor”, “inteligente”. A maioria dos eruditos modernos o atribui a “dividir”, como se significasse um repartidor ou distribuidor de destino. Tendemos mais para a opinião de Platão, que faz a palavra apontar para o conhecimento superior que se acreditava ser posse dos espíritos desencarnados. Seu uso clássico é assim: Homero o aplicou aos deuses. Entretanto, devemos lembrar que os deuses de Homero são apenas homens sobrenaturais, O termo foi, depois, usado para designar uma espécie de divindade intermediária e inferior. “A Divindade’’, diz Platão, não se comunica como o homem; mas todos os tratos e conversas entre deuses e homens são realizados pela mediação dos demônios”. E ele explica mais dizendo: “O demônio é um intérprete e portador dos homens para os deuses e vice.-versa, das orações e sacrifícios de um e das ordens e recompensas dos sacrifícios do outro. Se perguntarmos de onde vieram estes demônios, responderiam para nós que são espíritos de homens da era dourada agindo como divindades protetoras, heróis canonizados, tendo grande semelhança com os santos romanos (católicos) tanto na origem quanto nas funções.
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Ora, se lembrarmos que, segundo o ensinamento bíblico, deuses pagãos eram, na verdade, anjos e demônios malignos que inspiravam oráculos e recebiam adoração, compreenderemos facilmente que o período de ouro, a respeito do qual poetas antigos tão entusiasticamente cantaram, não se tratava de Iembranças do Paraíso, mas dos tempos daquele mundo anterior quando o poder de Satanás ainda estava intacto. A mudança na dinastia celestial, a expulsão de Cronos ou Saturno, sempre é mencionada como tendo colocado um fim a esta era de total alegria. Não precisamos também ficar alarmados com a boa influência atribuída aos demônios, por Hesíodo, pois, em um poema pagão, só podemos esperar aprender aquilo que o Príncipe do Mundo escolhe dizer, e não há motivo para surpresa se ele elogia seus próprios agentes.
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EVIDÊNCIAS D DA R RAÇA P PRÉ-ADÂMICA Mas aqui surge naturalmente uma pergunta: se uma raça pré-adâmica realmente existiu sobre a terra na carne, por que não encontramos algumas indicações de sua existência entre os resíduos dos fósseis? E certo que os ossos humanos ainda não foram detectados nas rochas primitivas. Todavia, se alguns forem descobertos daqui para a frente, não precisaremos encontrar nesse fato qualquer contradição à Escritura. Porém, a ausência, na camada Fossilífera, de qualquer vestígio do homem pré-adâmico não constitui nenhum obstáculo para a interpretação que aceitamos, pois somos totalmente desconhecedores das condições de vida naquele mundo antigo, o qual pode não ter sido e certamente não era como o nosso. Porquanto Adão foi criado depois, e aparentemente, como iremos ver, devido a um fracasso anterior. Por isso, é possível que a morte não tenha tocado aqueles homens primitivos antes da destruição final, e que o apodrecimento e estado mortal do reino animal e vegetal fossem uma advertência constante diante dos olhos deles com respeito à ira que finalmente alcançariam a menos que se arrependessem. É bem possível que seus corpos tenham sido dissolvidos em elementos principais, deixando o espírito despido, e não a saída do espírito entregando o corpo para se decompor, como acontece conosco, Pode ser que o Senhor tenha ferido com uma praga consumidora, o que lhes mudou a forma elegante em massas de corrupção indistinguíveis (Zc 14.12), ou então, tenha-os reduzido, em um abrir e fechar de olhos, a cinzas sobre a terra (Ez 28.18; Ml 4.3). Pode ser que a terra tenha aberto a boca e os tragado, com tudo o que lhes pertencia, fazendo-os descer vivos ao abismo (Nm 16.30). É possível que todos tenham perecido no que é o mar para nós hoje, e que seus restos mortais estejam cobertos pelos resíduos no fundo do oceano. Evidentemente, nossa terra habitável foi, uma vez, o soalho do mar; a deles pode ser agora. Na verdade, podemos encontrar indicações que talvez acrescentem algumas pequenas confirmações a esta última suposição e ajudem a fazer o elo entre os espíritos desencarnados com o lugar que pode ter sido o cenário dos seus pecados na carne e na justa punição, pela qual foram finalmente apanhados. Pelo menos, existe uma prisão mencionada na Escritura que está nas profundezas do mar, ou relacionada com elas, e na qual, podemos deduzir, com probabilidade, muitos demônios já estejam confinados, enquanto novos cativos são colocados, de tempos em tempos, sob a mesma restrição, sempre que um ultraje de atrevimento acima do comum exige a justa indignação de Deus e O leva pôr um fim repentino e definitivo à carreira perversa dos seus perpetradores. Certamente, o conhecimento de alguns fatos como esses parecem ter aterrorizado a legião de espíritos que nosso Senhor expulsou do gadareno; caso contrário, que significado podemos dar à súplica agonizante deles para que Jesus não os mandasse
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para o Abismo? (Lc 8.31) No registro de Mateus, as palavras que utilizam são diferentes, mostrando o temor de serem atormentados antes do tempo (8.29). Porém, a última expressão dá a mesma idéia da anterior, e, desse modo, ficamos sabendo que, em um tempo já determinado e bem conhecido por eles, todos os demônios que ainda estão em liberdade serão lançados na mesma prisão. Ela é chamada de “o Abismo”, e, em algumas passagens, tal como o nono capítulo do Apocalipse, este termo é evidentemente aplicado a um buraco em chamas no centro da terra; mas é usado também para designar as profundezas do mar, significado este que se encaixa muito bem em sua derivação. Por exemplo: na Septuaginta, ele é o mar sobre o qual as trevas estavam colocadas antes dos Seis Dias e também o grande abismo, cujas fontes foram rompidas para inundar a terra (no dilúvio). A relação pode ser apenas a idéia de profundidade em ambos os sentidos. Todavia, é provável que o Abismo no centro da terra tenha sido assim chamado por duas razões: o compartimento que o forma fica logo abaixo do mar, e o caminho para se entrar nele é através do mar profundo, sendo esta certamente a sua proteção. A explicação para o fato de não haver mais o mar na Terra Renovada está nisto: depois do último julgamento, todos os prisioneiros do Abismo terão sido lançados no Lago de Fogo e Enxofre. Considerando o mar como a tranca do abismo, ou assumindo que o Abismo, às vezes, pode ser chamado de mar, assim como o mar profundo é chamado de Abismo, parece que somos auxiliados no tocante à exposição de uma passagem que não tem recebido até o momento, uma interpretação adequada. No registro do grande último julgamento, lemos: “Deu o mar os mortos que nele estavam. A morte e o além” (isto é, “o mundo invisível”, porque a tradução “inferno” é incorreta) “entregaram os mortos que neles havia. E foram julgados, por um, segundo as suas obras” (Ap 20.13). Geralmente, imagina-se que o mar, aqui, está entregando as sementes corpóreas daqueles que morreram afogados ou foram enterrados nele. Porém se o significado não for além disso, porque não se menciona a terra entregando os mortos em número muito maior que os que jazem embaixo dela? Entretanto, ao invés de o mar ser relacionado com a terra, vemos que é misteriosamente ligado com a morte e o mundo invisível; quer dizer, ele é mencionado em uma lista de lugares cheios, não com os resíduos de formas materiais, mas com espíritos desencarnados. Isso é certamente uma objeção fatal. Mas, se o mar for a prisão dos demônios todos os pontos difíceis desaparecem, e, neste caso, entendemos perfeitamente por que ele é o primeiro a entregar os seus mortos: todos serão julgados em sua ordem. Por isso, estes seres pré-adâmicos terão uma precedência terrível aos prisioneiros da Morte e do Além, cujas celas inumeráveis talvez estejam lotadas exclusivamente com criminosos do nosso mundo atual. Agora, no entanto, precisamos prosseguir além desse assunto estupendo. Bastante tem sido dito visando a demonstrar as indicações da Escritura com respeito às eras anteriores e a destruição pré-adâmica. Uma vez que o que é colocado diante de nós é apenas uma forma vaga, não devemos convencer-nos de que estamos vendo um contorno claramente definido. Ser sábio acima daquilo que está escrito é enredar-se em uma trama de Satanás, da qual é quase impossível escapar.
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Entretanto, não devemos falhar em aprender uma lição das coisas maravilhosas que estamos a contemplar. Rebelião é ruína, não importa quão nobre, sábio ou honesto seja o seu líder, pois mesmo Lúcifer, a Brilhante Estrela da Manhã, o mais elevado dor; anjos de Deus, despencou do seu estado elevado e, em breve despojado de toda a sua sabedoria, poder e beleza, será lançado na noite perpétua do Abismo. Só existe uma atitude natural ou possível para um ser criado: submissão total e obediência irrestrita `a vontade Daquele que o criou e o sustém. Que os arrogantes da terra considerem isso, aqueles loucamente voltam contra Deus as próprias habilidades e vantagens concedidas por Sua generosidade e os que audaciosamente andam nos caminhos do próprio coração. Entretanto, se alguém despreza a lei, a destruição deve acontecer; caso contrário, o universo logo se desintegraria em anarquia. Por causa do restante d a criação, a misericórdia de Deus está restrita a um limite fixo, e, a menos que o rebelde se arrependa a tempo, destituído de tudo que elevou seu coração, fulminado pelos raios do Onipotente, deverá afundar no horrível silêncio das trevas eternas (1 Sm 2.9).
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OS F FILHOS D DE D DEUS E E A AS F FILHAS D DOS H HOMENS Então, um novo acontecimento assustador explodiu no mundo e acelerou horrivelmente o já rápido progresso do mal. “Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas, tomaram para si mulheres, as que, entre todas, mais lhes agradaram”. (Gn6.2) Estas palavras, com freqüência são explicadas como nada mais do que o casamento misto dos descendentes de Caim com os de Sete, mas uma investigação cautelosa da passagem produzirá um significado muito mais profundo. As Escrituras nos dizem que, quando os homens começaram a multiplicar-se na face da terra, e lhes nasceram filhas, os filhos de Deus viram as filhas dos homens (vs. 1, 2). Em cada caso, a palavra homens evidentemente significa toda a raça humana, tanto os descendentes de Caim quanto os de Sete. Por conseguinte, os “filhos de Deus” são claramente diferenciados da geração de Adão. Mais uma vez, a expressão “filhos de Deus (Elohim)” ocorre apenas quatro vezes no Antigo Testamento, e, em cada um dos casos é utilizada indiscutivelmente para designar seres angélicos. No início do Livro de Jó, lemos duas vezes a respeito dos filhos de Deus apresentandose perante o Senhor em momentos declarados, e Satanás também os acompanha como sendo um filho de Deus, embora decaído e rebelde (Jó 1.6; 2.1). A expressão “filhos de Elohim”, o poderoso Criador, parece ser confinada àqueles que foram diretamente criados pela mão divina e não nasceram de outros seres de sua própria ordem. ]Por isso, na genealogia de nosso Senhor mostrada em Lucas, Adão é chamado de filho de Deus (3.38). A Bíblia diz também que a todos os que o receberam, Cristo deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus (Jo 1.12), nascendo de novo do Espírito de Deus com seu homem interior na vida presente. Na ressurreição, serão revestidos de um corpo espiritual, um edifício de Deus (II Co 5.1), a fim de que sejam, então, iguais aos anjos em todos os sentidos, sendo uma nova criação (Lc 20.36). A terceira repetição da frase ocorre em um dos últimos capítulos de Jó, em que as estrelas da alva são representadas cantando juntas com alegria, e os filhos de Deus rejubilando-se com a criação da terra (38.7). Por fim, uma expressão semelhante é encontrada no livro de Daniel (Dn 3.25), mas no singular e com a diferença necessária de que bar é a palavra usada para designar filho ao invés Ben, cujo singular é desconhecido em caldeu. Nabucodonosor exclama ao ver quatro homens passeando dentro do fogo e declara que o quarto é semelhante a um filho dos deuses, querendo dizer evidentemente, um ser angélico ou sobrenatural, distinto dos demais. Parece, portanto, que, no Antigo Testamento, o título “filhos de Deus” é restrito aos anjos. Diversas passagens são de fato fornecidas como exemplo a fim de provar sua aplicação
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aos homens, ma, ao serem examinadas, todas serão imprecisas, sendo as palavras do original diferentes em cada caso e, algumas vezes, significando aos filhos do Senhor. Esta última, como já vimos é uma expressão muito diferente e, provavelmente, teria sido usada pelo inspirado historiador no versículo que analisamos se ele tivesse desejado distinguir os descendentes piedosos de Sete dos de Caim, pois, ao passo que constitui uma verdadeira descrição de todos os santos da terra, teria sido peculiarmente apropriada, nesse caso, para os descendentes de Sete,logo após a menção do fato de que tinham sido acostumados desde o nascimento de Enos, a clamar pelo nome do Senhor. Logo, parece que os filhos de Deus são seres angélicos, e a misteriosa declaração acerca deles, no sexto capítulo de Gênesis parece referir-se a uma segunda apostasia mais profunda da parte de alguns dos Elevados na altura. Todavia, esses rebeldes mais ousados não foram encontrados dentre os espíritos das trevas que hoje povoam o ar. Eles não mais guardam a posição de principados e poderes do mundo, ou até mesmo a liberdade que tinham, mas podem ser identificados com os criminosos aprisionados sobre os quais Pedro nos diz que depois de terem pecado Deus não os poupou, mas precipitando-os no inferno os entregou a abismos e trevas, reservando-os para o juízo. Judas também menciona a condição presente desses anjos empregando termos similares (Jd 6), e o contexto de uma das passagens indica, com suficiente clareza, a natureza do pecado que cometeram. Eles optaram por abandonar o mundo onde viviam, ultrapassando os limites de Deus, ir atrás de carne estranha. Portanto, Ele lançou-os, sem demora, aos Seus calabouços mais baixos, um castigo instantâneo resultante do escândalo ímpio que causaram, e os privou para sempre do poder de produzir mais confusão. O versículo que segue o anúncio do pecado dos anjos é um parêntese de propósito solene (Gn 6.3). A cena é, durante um momento, deslocada da maldade horrivelmente crescente da terra e transferida para o céu dos céus. Lá, o Deus invisível senta-se no trono e, olhando para baixo, em direção à rebelião e ao pecado, pronuncia a sentença de maldição sobre o mundo inconsciente. O final deve vir. Seu Espírito nem sempre deverá lutar pelos homens, vendo que são irrecuperavelmente derrotados pelos desejos da carne. No entanto, eles terão um descanso maior de 100 ou 200 anos. Assim, a história se resume numa breve dica da causa que deu vazão aos casamentos mistos entre os filhos de Deus e as filhas dos homens, ambos antes e depois do Dilúvio (Gn 6.4). Nossos tradutores de novo omitiram um artigo definido no começo deste verso, que deveria ter sido escrito da seguinte forma: “Ora, naquele tempo havia os gigantes — ou os caídos — na terra; e também depois, quando os filhos de Deus possuíram as filhas dos homens.” Por meio de um equívoco da Septuaginta, que explicaremos a versão que temos traduz nephilim como “gigantes”, mas a forma da palavra hebraica indica um adjetivo ou substantivo verbal, de significado ficado neutro ou passivo, a partir de naphal — “cair”, que, por conseguinte, quer dizer “os caídos”, Ou seja, os anjos caídos provavelmente. Seja como for, o termo parece ter sido transferido para a descendência, como podemos entender a partir da única outra passagem na qual ocorre. No relatório maldoso que os dez espias dão acerca da terra de Canaã, encontramo-los dizendo: “Todo o povo que
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vimos nela são homens de grande estatura. Também vimos ali gigantes (os filhos de Anaque são descendentes de gigantes), e éramos, aos nossos próprios olhos, como gafanhotos e assim também o éramos aos seus olhos” (Nm 13.32, 33). Foi, sem dúvida, a menção à grande estatura daqueles homens, acrescentada do fato de a Septuaginta ter traduzido a palavra hebraica para “gigantes”, que resultou “gigantes” em nossa versão. No entanto, as raízes do grego (gigas) não fazem referência à grande estatura, mas indicam algo muito diferente. A palavra é simplesmente outra forma de (gigenis), que significa “nascido da terra” e foi usada a fim de designar os Titãs, ou filhos do Céu e da Terra – Coelus e Terra, porquanto, apesar de superiores à raça humana, eles eram, porém, de origem parcialmente terrena. O significado de “gigantes” no sentido em que usamos a palavra, é geralmente secundário e surgiu do fato de que diziam serem estes produtos de nascimento mesclado, revelando um crescimento monstruoso e uma imensa força corporal. Logo, é aparente que a tradução da Septuaginta expressa com exatidão a idéia que estava na mente do tradutor, visto que ele parece ter adotado nephilim, em cada caso, com o intuito de designar a prole dos filhos de Deus e as filhas dos homens. Contudo, como explicamos acima, preferimos compreender que a Palavra se refere primariamente aos próprios a anjos caídos. Agora, falando acerca do pecado de alguns destes anjos, Judas 6 nos diz que, depreciando a posição de dignidade e responsabilidade de na qual Deus os colocara, eles, por vontade própria, deixaram seu domicilio, no reino do ar, estimulados, como parece pelos desejos terrenos, e começaram a exercer uma influência ilícita sobre a raça humana. Talvez, como punição, Deus os tivesse proibido de voltarem. Eles foram banidos do céu e confinados aos limites da terra — assim como Satanás e o restante de seus anjos serão lançados, no futuro, um pouco depois do aparecimento de Cristo, a um abismo ainda mais profundo. Porém, eles foram, por alguma razão, habitar na terra naquele tempo, e o fato é aparentemente mencionado em consideração aos casamentos mistos com as filhas dos homens. Então, se a moradia dos anjos caídos foi escolhida voluntariamente, eles logo passaram para um pecado muito mais aterrador. Se, ao contrário, foi resultante da punição, em vez de humilhar-se sob a mão poderosa de Deus e suportá-la com paciência até Ele diminuir Seu castigo, eles não hesitaram a desafiá-lo com mais ousadia ainda e a violar a lei do seu estado original. A declaração a respeito de uma ocorrência similar depois do Dilúvio concorda com a passagem de Números, na qual é dito que os filhos de Enaque foram gigantes ou provêm dos gigantes(Nm 13.33), e parece também que, em consideração ao mandamento de Deus, toda a raça de descendentes de Caim deveria ser extirpada porquanto, imediatamente depois da comissão do pecado dos antediluvianos, a maldição do mundo foi pronunciada. A profecia declara que o futuro aprisionamento dos anjos na terra será a próxima causa da grande rebelião que provocará a vinda do Senhor Jesus em fogo flamejante para vingar-se (Ap 12.13). Os filhos dessas relações ilícitas são renomados heróis do passado antes do Dilúvio, e a subseqüente repetição do crime sem dúvida deu vazão às inúmeras lendas sobre os amores de deuses e explica as numerosas passagens nos clássicos, nas quais as famílias humanas são relacionadas a uma origem semi-divina.
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Bibliog rafia LINDSAY, Gordon. – Satanás e o reino das trevas - 1ª ed. Belo Horizonte, Atos,2002. PEMBER, G.H – As eras mais primitivas da terra – 1ª ed. São Paulo, CCC edições,2002. B.J. Oropeza – 99 Perguntas sobre anjos demônios e batalha espiritual – 2º ed. São Paulo, Mundo Cristão, 2001 •
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AVALIAÇÃO DO MÓDULO: ANGELOLOGIA
1-
Qual o significado literal da palavra anjo?
2-
Classifique os níveis de poder (classe) angelical e seus respectivos ministérios:
3-
Cite pelo menos 5 passagens bíblicas que relatam aparições angelicais.
4-
Qual o significado literal da palavra Lúcifer?
5-
Satanás pode se arrepender? Por que?
6-
Segundo o que Paulo diz em Efésios 6, existe uma hierarquia satânica. Liste-a.
7-
Anjos do Senhor podem se materializar? Se podem, dê uma referência bíblica.
8-
Na sua opinião, os demônios fazem parte do grupo de anjos que se rebelaram com Lúcifer. Fale a respeito.
9-
Alguns autores defendem o fato de demônios não serem os mesmos anjos que se rebelaram com Lúcifer. Segundo esses autores há diferenças entre as duas classes. Enumere as diferenças defendidas por esses teólogos.
10-
Segundo alguns teólogos, a expressão entre “Filhos de Deus” em Gn. 6.2, refere-se a anjos. Qual é a sua opinião a respeito do ass unto?
OBS: Não se esqueça de colocar nome em sua avaliação a)Oalunodeveráenviaraavaliaçãoparaoe-mail:provas
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