LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA II Prof. Dra. Rejane Vecchia. Org. Ubiratã Souza Souza
Pela Pátria e pelo Povo. “Vamos fazer a Revolução” Com os teus olhos vivos De um homem decidido Sentados na cama tosca Me dizias sorridente Creio em ti Herói A sinceridade que Envolve a tua humanidade Convida a minha alma À Revolução Popular
Mas também outrora Morreu muita gente. Todas essas mortes Significados diferentes tiveram Morreram uns na resistência Outros como agonizantes. “Morrer pela Pátria Defendendo os interesses do Povo Sua morte tem mais peso Como o monte Gorongosa” [...]
Creio em ti Herói Pelo sangue que derramaste Pela vida que deste Pela Revolução e pela Pátria [...] Omar Juma [PC1]
2) Luta armada como libertação nacional ou da pátria pátria “E quando o poeta escreve ‘camaradas, avante’, ele vai avante; quando ele se alegra de possuir uma espingarda, ele empunha-a realmente, como realmente tem nas mãos o calo da enxada e nos pés doloridos as longas marchas que fizemos”. [Introdução PC1]
Morrer pela Pátria Pátria Não é só agora Que a gente morre
Luchwacha [PC1]
A luta armada armada Sangue Moçambicano se derrama E vidas de combatentes se perdem Sangue Moçambicano estruma a terra Novas gerações Revolucionárias nascem Qual o motivo da perda deste sangue? E da opressão e massacre deste Povo forte? Este sangue é perdido pela justeza Massacrado e oprimido este Povo é Por de Moçambique quererem sugar toda a riqueza Mahasule [PC1]
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA II Prof. Dra. Rejane Vecchia. Org. Ubiratã Souza Souza
A luta justa justa
[...]
Uma bala do inimigo Feriu o coração Dum militante
Sê patriota e une-te na FRELIMO Guiado serás por bons caminhos, Não vaciles porque a acção é gloriosa Até que expulses os estranhos. {...]
E em paga Deste doloroso crime Morreram mais inimigos Uma bala guerrilheira Por esta ser justa Mata mais que um inimigo
Quem em ti deposita a confiança É a própria tua Mãe Moçambique. Espera obediente Às ordens dum só guia, a FRELIMO.
Portanto, Quando o inimigo estiver Cônscio, há-de recuar.
Xicalavito [PC1]
Domingos Savio [PC1]
Sobre as asas da poesia Aqui nos trouxe a Liberdade, Cantamos nas liras do horizonte E aos amigos mandamos saudades [...]
3) A FRELIMO como condutora do movimento de libertação “Um dos grandes méritos da Revolução é precisamente o de permitir ao povo produzir, libertar a sua energia criadores, que esteve sufocada durante tanto tempo. E quando é libertada, essa energia como que explode – e nós vemos então o povo produzir coisas maravilhosas em todos os campos – na política, na arte, na técnica, na ciência”. [Introdução PC1]
Foi o que disse mamã mamã Ó filho das minhas entranhas A quem a liberdade é pertença Grandioso é o teu poder nestas montanhas Não te rendas nem te canses.
Farol da Liberdade
O generoso e heroico Povo Guiado pela FRELIMO Marcha gloriosamente pela vitória Já tem zonas libertas Onde desenvolve a Cultura Rafael Bobo [PC1]
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA II Prof. Dra. Rejane Vecchia. Org. Ubiratã Souza Souza
Somos combatentes da FRELIMO Tantos os caminhos que percorremos já! Tantas as populações que saudámos libertámos agasalhámos alimentámos ensinámos ao longo da nossa marcha! [...] Somos combatentes da FRELIMO. Aviões? Tanques? Não temos. Mas trazemos certezas no nosso olhar certezas que também matam e destróem certezas que o inimigo teme mais do que as armas: mas que, sobre as ruínas, reconstroem. {...] FRELIMO 1971 [PC2}
4) A construção construção nacional e a criação do “homem novo” – o povo enunciador “Nesta poesia de combate cada poema é, acoma de tudo, participação. E essa participação só surge quando o combatente se torna o Homem Novo, o Povo, a Classe” [Introdução, PC2]
Moçambique Minha Terra Terra Moçambique é minha Terra Ela não quero deixar na miséria Tenho que esforçar-me para formas Uma terra nova
Moçambique é meu caminho Nele não quer haver pedras Tenho que derrubar para ser limpe Para que gente passe à vontade [...] Moçambique é minha riqueza A ela tenho que defender muito Para que os ladrões não me roubem Kumwanga [PC1]
Nós somos o povo Alongamos os olhos pela nossa terra trabalhamos as mãos sentimos e vivemos tantas conquistas do Povo A terra casas escolas hospitais a nossa vida inteira já é nossa já recuperámos Os capitalistas dizem que o Povo é gente de baixo extracto desprezível a parte da humanidade que não sabe o que e quer [...] Hoje o nosso Povo descobre a arma do combate novo define a meta a estratégia e o caminho assume o Socialismo Científico
LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA II Prof. Dra. Rejane Vecchia. Org. Ubiratã Souza Souza
E combatendo alarga a zona libertada da humanidade Toda a riqueza imensa nós a construímos com as nossas mãos de operários e de camponeses Toda a imensa sabedoria nós criámos Nós somos os construtores conscientes da História e do Progresso Somos os destruidores do imperialismo Somos o Povo FRELIMO 1977 [PC2]
Obscurantismo Encontrei a turba ajoelhada a rezar a lançar suas preces sofridas ao Deus invisível Encontrei a turba farta de sofrer chorar, suplicar, sentida pela justiça do Deus invisível Encontrei a turba lavada em lágrimas gemer, bradar alto p’ra acordar o Deus invisível “Xikwembu Nkulukumba hi yingele” Mas Deus não ouvia
porque cada vez mais pobres ficavam porque mais insultos recebiam porque mais torturas sofriam “Xikwembu Nkulukumba hi yingele” Mas Deus não ouvia porque mais chicotadas feriam suas costas porque mais impostos perseguiam seu dinheiro porque mais dívidas enchiam seus bolsos Encontrei aquela turba a rezar e, eu também sem saber porquê sentei-me e rezei e bradei alta voz p’ra ver o invisível p’ra apalpar o invisível E senti com tristeza a escravatura que espera aquele que n’“Ele” confia. Armando Guebuza (1966) [PC2]
FRELIMO. Poesia de Combate. Departamento de Educação e Cultura, 1971. FRELIMO. Poesia de Combate 1. Departamento de Trabalho Ideológico do Partido, 1979. FRELIMO. Poesia de Combate 2. Departamento de Trabalho Ideológico, 1977.