Interpretação Interpretaçã o de Texto Profª Maria Tereza
Interpretação de Texto
Professora: Maria Mar ia Tereza Tereza Faria
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Edital: Leitura, compreensão e Interpretação de Texto – Texto – Compreensão global do texto. Estruturação do texto: recursos de coesão. Significação contextual de palavras e expressões. Informações literais e inferênci inferências as possíveis
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Aula 1
Procedimentos Observação de 1. Fonte bibliográfica e gênero textual
Efeitos de Chernobyl ainda preocupam Na madrugada de 26 de abril de 1986, um reator da usina nuclear de Chernobyl, Ucrânia, antiga União Soviética, explodiu durante um teste, espalhando material radiativo pelo ar, em uma área de 150 mil quilômetros quadrados. Um dia depois da explosão, 350 mil pessoas foram evacuadas. A radiação seria 400 vezes maior do que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima, no Japão. Quarenta e sete pessoas morreram na hora e milhares longo dos anos seguintes. Cinco mil toneladas de material extintor, como areia e chumbo, foram jogados sobre o reator, que ainda queimava dias depois da explosão. Foram usados 1,8 mil helicópteros para o trabalho, e 3,5 mil homens se envolveram na operação. Até hoje países como a Rússia e Ucrânia investem em descontaminação. O temor é que os efeitos continuem causando prejuízos ao ambiente e à saúde humana. Entre 1986 e 1994, quase triplicou o número de adultos com câncer na região próxima usina. Em áreas contaminadas na Ucrânia, em Belarus e na Rússia, é alta a incidência de câncer na tireoide e de mama, além de anomalias genéticas em recém-nascidos. Um relatório da ONU de 2005 estimou que cerca de 4 mil pessoas morrerão de doenças relacionadas com a radiação. Chernobyl foi desativada em 2000. (Zero Hora – Domingo, 13/03/2011, p. 05) 1. Considere as seguintes afirmações e assinale aquela que estiver em desacordo com o texto acima. a) A explosão na usina nuclear de Chernobyl provocou contaminação radiativa bem superior à bomba lançada sobre de Hiroshima. b) Atualmente há uma política de investimentos em descontaminação na Rússia e na Ucrânia. c) Um acidente nuclear pode representar perdas imensas ao ambiente por longo tempo. d) Os efeitos de radiação cessaram com a desativação da Usina de Chernobyl em 2000. e) Na antiga União Soviética, o acidente nuclear de 1986 ocorreu por razões distintas das que provocaram as explosões no Japão em 2011.
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Observação do 2. Autor
O texto como placebo A palavra placebo (do latim a agradarei ) refere-se a uma substância ou a um procedimento que teoricamente não faria efeito sobre o organismo, mas que acaba tendo resultados terapêuticos, pela crença que uma pessoa deposita nela. Pergunta: é o texto um placebo? No caso da ficção, pode-se dizer que sim. É algo que resulta da imaginação de um escritor, de um cineasta, de um dramaturgo; mas, quando agrada o espectador ou o leitor (um objetivo implícito na própria criação ficcional), exerce um efeito que poderíamos chamar de terapêutico. A ficção ajuda a viver. E isso inclui uma melhora da saúde – pelo menos do ponto de vista psicológico. Para muitas pessoas a leitura é um amparo, um consolo, uma terapia. Daí nasceu inclusive um gênero de livros que se tornou popular: as obras de autoajuda. Diferentemente da ficção, elas aconselham o leitor acerca de problemas específicos: luto, controle do stress, divórcio, depressão, ansiedade, relaxamento, autoestima, e até a felicidade. Esse tipo de leitura faz um enorme sucesso; não há livraria que não tenha uma seção destinada especialmente à autoajuda. [...] Um dos autores mais conhecidos dessa área é o médico hindu Deepak Chopra. Deepak Chopra é autor de mais de 50 livros de autoajuda, que, traduzidos em 35 idiomas, fizeram enorme sucesso; em 1999, a revista americana Time incluiu-o na sua lista das 100 personalidades do século, como o “poeta e profeta das terapias alternativas”. As obras mostram a diversidade de áreas que Chopra aborda: ele fala de religião e misticismo (budismo, cristianismo, cabala), dá conselhos a pais, aborda o envelhecimento, aconselha sobre guerra e paz, fornece “sete leis espirituais” para o sucesso, e publicou dois romances, em 1999, Lords of light (Senhores da luz), e em 2000, The angel is near (O anjo está perto). Também fundou, com seu filho, Gotham Chopra, uma editora de revistas em quadrinhos e criou, junto com dois colaboradores, um tarô cabalístico composto de 22 cartas, cada uma das quais representa a história de um personagem do Antigo Testamento. (Moacyr Scliar – Revista Mente&Cérebro – Ed. 201, out./2009 – disponível em http://www2. uol.com.br/vivermente/artigos – Adaptação) 2. De acordo com o texto, assinale V, para a assertiva verdadeira, ou F, para a falsa. ( ) Tanto livros quanto medicamentos podem ser considerados placebos, visto que ambos, apesar de não surtirem efeito real, provocam efeitos sobre quem faz uso. ( ) As obras originárias do latim, sejam de autoajuda ou não, servem de consolo a todos aqueles que procuram conforto. ( ) Segundo Chopra, a medicina alternativa está diretamente relacionada à condição humana, que crê, apenas, em evidências e experimentos. A ordem correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é d) F – F – F. a) V – V – V. e) F – V – V. b) V – V – F. c) V – F – F. 8
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3. Análise do título 4. Identificação do “tópico frasal”. 5. Identificação de termos de aparecimento frequente (campo semântico/lexical).
Cultura de segurança Nas últimas décadas, o país colecionou sucessos e reveses com o seu trânsito. Dentre os aspectos positivos, podem-se apontar o Código de Trânsito Brasileiro, moderno e austero, a municipalização do trânsito, a melhoria da segurança dos veículos, com cintos de segurança (obrigatórios), air bags e freios ABS (opcionais), computador de bordo e uma nova engenharia do veículo que o torna mais seguro. Ainda, algumas rodovias, principalmente as concessionadas, oferecem um padrão de segurança e assistência ao usuário comparável às vias americanas e europeias, embora com um custo elevado. Por outro lado, outros fatores ainda deixam muito a desejar: os órgãos gestores carecem de estrutura adequada e de técnicos especializados, faltam políticas de segurança, a fiscalização é insuficiente, alterações no Código o tornam mais brando, a formação de condutores tem grandes deficiências etc. Também é visível o crescimento extraordinário no número de veículos, que fazem uso de espaços viários que não acompanham minimamente aquele crescimento. As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás. Apesar de tudo, o Estado incentiva efusivamente a aquisição de novos veículos, através de renúncia fiscal e prazos de financiamento a perder de vista. O final de 2009, para muitas cidades e regiões, trouxe também a constatação de um crescimento no número e na gravidade dos acidentes de trânsito, lamentavelmente. Os dados sobre os acidentes são ainda muito pouco confiáveis, em nível municipal, estadual e federal, o que torna muito difícil combater um “inimigo” que não se conhece com clareza. Um grande especialista em segurança no trânsito, J. Pedro Correa, que implantou e gerencia no país o maior e mais importante prêmio de segurança no trânsito, aponta que o Brasil não possui uma cultura de segurança. Esse conceito vai além do trânsito; basta ver o comportamento do brasileiro com as questões ligadas a energia elétrica, construção civil, indústria, manutenção dos veículos etc. Sobram ações inseguras a todo o momento. Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. Quem se preocupa em ler o cartão disponível no assento, sobre como proceder no caso de pane? Quem se dispõe a assistir com interesse à explanação da comissária de bordo sobre os procedimentos de segurança a bordo? Pude presenciar, em países europeus, vários exemplos de comportamento seguro que mostram essa cultura de segurança. Certa vez, em Montet, na Suíça, vi um grupo de crianças correndo pela calçada ao sair da escola. Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. Correram até chegar ao cruzamento e pararam. Do meio deles, saiu um garoto, o guia, que se colocou no centro da via a ser transposta e, com o braço estendido, segurava uma placa de pare para deter o trânsito enquanto o grupo atravessava. Isso foi feito com muita consciência e calma. Após a travessia, como qualquer criança, voltaram a correr e brincar. Há que se citar um caso raro no Brasil. Na capital federal é possível atravessar pela faixa de pedestres com muita segurança. Isso foi conseguido através de um grande movimento, do qual participou toda a sociedade brasiliense, que exigiu a redução da acidentalidade viária. Foi uma
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semente plantada na década de 1990 para que nascesse uma cultura de segurança. A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega. O Brasil urge em desenvolver e em implantar com seriedade uma verdadeira cultura de segurança, e toda a sociedade é responsável por isso. (FISCAL TRIBUTÁRIO – 2012 / Archimedes Azevedo Raia Jr. Extraído de http://www.transitobrasil.org/artigos/ doutrina/cultura-de-seguranca. Texto revisado e adaptado para esta prova.)
3. Considere as seguintes afirmações sobre a disposição do assunto do texto. I − O primeiro parágrafo do texto dedica-se a apresentar os sucessos do trânsito brasileiro; o segundo parágrafo é dedicado aos reveses. II − O terceiro parágrafo acrescenta dados que se somam aos aspectos negativos relacionados
ao trânsito no Brasil. III − No quarto parágrafo, é apresentado o conceito de cultura de segurança, conceito esse que
– segundo o autor – falta no Brasil não apenas no trânsito, mas em vários outros aspectos. IV − No quinto parágrafo, o autor dá um depoimento a fim de exemplificar o conceito que
empresta nome ao texto e é retomado na conclusão. Quais estão corretas? a) b) c) d) e)
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Apenas a I e a II. Apenas a I e a III. Apenas a I, a II e a III. Apenas a II, a III e a IV. A I, a II, a III e a IV.
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Estratégias Linguíscas 1. PALAVRAS DESCONHECIDAS = PARÁFRASES e CAMPO SEMÂNTICO 4. Considerando o contexto em que se encontram, os vocábulos austero (Dentre os aspectos positivos, podem-se apontar o Código de Trânsito Brasileiro, moderno e austero, a municipalização do trânsito...) e efusivamente (Apesar de tudo, o Estado incentiva efusivamente a aquisição de novos veículos, através de renúncia fiscal) só NÃO poderiam ser substituídos, respectivamente, por a) b) c) d) e)
rígido e veementemente. severo e energicamente. antiquado e cordialmente. rigoroso e entusiasticamente. exigente e vigorosamente.
Estratégias Linguíscas 2. OBSERVAÇÃO DE PALAVRAS DE CUNHO CATEGÓRICO NAS ALTERNATIVAS: • • •
Advérbios; Artigos; Expressões restritivas, de ênfase e de certeza.
Advérbios O bom senso vale também ao entrar em contato com outras culturas. Ler o máximo possível sobre as diferenças e conhecer os costumes das nações é primordial. É preciso saber o porquê de as pessoas agirem de certa forma para compreender que alguns hábitos não são falta de educação, mas, sim, divergência cultural. Mas Fabio adverte: “Não somos obrigados a fazer as mesmas coisas que os estrangeiros, porém, devemos respeitar suas atitudes por mais estranhas que elas nos pareçam”. É unânime que a etiqueta contemporânea é bem mais simples. Os detalhes que o Rei-Sol se preocupou em passar para a Corte por meio de pequenos bilhetes não caíram em desuso, apenas sofreram adaptações e se tornaram mais flexíveis para acompanhar a modernidade. Segundo Fabio, o princípio básico da atualidade é ser educado com todos e se aprimorar como ser humano.
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5. Em relação à palavra unânime são feitas as afirmações que seguem. I − Na frase em que está inserida, expressa a ideia de que apenas uma pessoa, no caso Fábio
Arruda, concluiu acerca da simplicidade da etiqueta contemporânea. II − Introduz na frase a ideia de consenso em relação à afirmação de que a etiqueta
contemporânea é bem mais simples. III − Deriva-se de duas outras palavras: um e ânimo, constituindo-se, portanto, em palavras
cognatas. Quais estão corretas? a) b) c) d) e)
Apenas I. Apenas II. Apenas I e II. Apenas II e III. I, II e III.
Argos
6. Um dos autores mais conhecidos dessa área é o médico hindu Deepak Chopra. Pelas informações contidas nessa frase, pode-se afirmar que a) b) c) d) e)
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Chopra é o mais conhecido médico hindu. Há poucos médicos que trabalham na mesma área que Chopra. Nenhum outro médico desenvolve atividades na mesma área que Chopra. Há outros autores atuando na mesma área que Chopra. Todos os autores, assim como Chopra, são médicos.
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Expressões restrivas
A Geração Z Até pouco tempo atrás, livros e filmes ainda falavam da Geração X, aquela que substituiu os yuppies dos anos 80. Esta turma preferia o bermudão e a camisa de flanela à gravata colorida e ao relógio Rolex, ícones de seus antecessores. Isso foi no início dos anos 90. Recentemente, o mercado publicitário saudou a maioridade da Geração Y, formada pelos jovens nascidos do meio para o fim da década de 70, que assistiram à revolução tecnológica. Ao contrário de seus antecessores slackers – algo como “largadões”, em inglês –, os adolescentes da metade dos anos 90 eram consumistas. Mas não de roupas, e sim de traquitanas eletrônicas. Agora, começa-se a falar na Geração Z, que engloba os nascidos em meados da década de 80. A grande nuance dessa geração é zapear. Daí o Z. Em comum, essa juventude muda de um canal para outro na televisão. Vai da internet para o telefone, do telefone para o vídeo e retorna novamente à internet. Também troca de uma visão de mundo para outra, na vida. Garotas e garotos da Geração Z, em sua maioria, nunca conceberam o planeta sem computador, chats, telefone celular. Por isso, são menos deslumbrados que os da Geração Y com chips e joysticks. Sua maneira de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Diferentemente de seus pais, sentem-se à vontade quando ligam ao mesmo tempo a televisão, o rádio, o telefone, música e internet. Outra característica essencial dessa geração é o conceito de mundo que possui, desapegado das fronteiras geográficas. Para eles, a globalização não foi um valor adquirido no meio da vida a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela já na infância. Como informação não lhes falta, estão um passo à frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. Enquanto os demais buscam adquirir informação, o desafio que se apresenta à Geração Z é de outra natureza. Ela precisa aprender a selecionar e separar o joio do trigo. E esse desafio não se resolve com um micro veloz. A arma chama-se maturidade. É nisso, dizem os especialistas, que os jovens precisam trabalhar. Como sempre. 7. Assinale a alternativa cuja afirmação não pode ser inferida a partir do texto. a) Os adolescentes da geração Y diferem de seus antecessores por serem consumidores de equipamentos eletrônicos. b) A juventude Z é, de certa forma, instável em suas concepções de mundo. c) Os jovens da geração X vestiam-se de uma forma mais casual e despojada que seus antecessores, os Yuppies. d) A geração Z não tem nenhuma dificuldade em lidar com o volume de informações que lhes é apresentado, ao contrário, sabem analisar o que realmente é relevante. e) A geração Z já nasceu num mundo globalizado e desapegado de fronteiras, portanto, não precisou empreender esforços para aprender a ver o mundo dessa forma.
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As Questões Propostas Compreensão do texto: resposta correta = paráfrase textual. e Inferência: “entrelinhas”. INFERÊNCIA = ideias implícitas, sugeridas, que podem ser depreendidas a partir da leitura do texto. Enunciados = “Infere-se”, Deduz-se”, “Depreende-se”, etc.
Efeitos de Chernobyl ainda preocupam Na madrugada de 26 de abril de 1986, um reator da usina nuclear de Chernobyl, Ucrânia, antiga União Soviética, explodiu durante um teste, espalhando material radiativo pelo ar, em uma área de 150 mil quilômetros quadrados. Um dia depois da explosão, 350 mil pessoas foram evacuadas. A radiação seria 400 vezes maior do que a bomba atômica lançada sobre Hiroshima, no Japão. Quarenta e sete pessoas morreram na hora e milhares longo dos anos seguintes. Cinco mil toneladas de material extintor, como areia e chumbo, foram jogados sobre o reator, que ainda queimava dias depois da explosão. Foram usados 1,8 mil helicópteros para o trabalho, e 3,5 mil homens se envolveram na operação. Até hoje países como a Rússia e Ucrânia investem em descontaminação. O temor é que os efeitos continuem causando prejuízos ao ambiente e à saúde humana. Entre 1986 e 1994, quase triplicou o número de adultos com câncer na região próxima usina. Em áreas contaminadas na Ucrânia, em Belarus e na Rússia, é alta a incidência de câncer na tireoide e de mama, além de anomalias genéticas em recém-nascidos. Um relatório da ONU de 2005 estimou que cerca de 4 mil pessoas morrerão de doenças relacionadas com a radiação. Chernobyl foi desativada em 2000. (Zero Hora – Domingo, 13/03/2011, p.05)
8. De acordo com o texto, pode-se fazer a seguinte inferência acerca dos acidentes nucleares: a) b) c) d) e)
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a contaminação das pessoas começa a ocorrer no dia seguinte ao de uma explosão. provocam anomalias entre os moradores mais idosos das proximidades de usinas. próximo a uma centena de pessoas morreram em decorrência da explosão de Chernobyl. trazem consequências à saúde das pessoas e ao meio ambiente. espalham material radiativo especialmente pelas águas.
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Extratextualidade = a questão formulada por meio do texto encontra-se fora do universo textual, exigindo do aluno conhecimento mais amplo de mundo.
Vivissecção: ciência ou barbárie? A palavra complicada usada no título deste artigo justifica uma explicação inicial. Em sentido restrito, vivissecção é a prática (cuja origem é atribuída ao médico romano de origem grega Cláudio Galenao, no século I d.C) de se dissecar animais vivos para estudar sua anatomia e fisiologia. Em sentido amplo, o termo define todos os experimentos realizados em animais vivos.[...] Tudo em nome da Ciência – e, de forma velada, do dinheiro. Porque, não se iluda, este é o pano de fundo do debate. Ainda que fosse justificável a necessidade de se torturar e mutilar animais em nome da Ciência, o que é discutível, não o é fazê-lo em nome do dinheiro. Por isso, a vivissecção é, sem dúvida, a maior das questões da Bioética. Não por acaso. Não há referências oficiais sobre o número de animais mortos neste gênero de barbárie moderna, mas os PhDs alemães Milly Schar-Manzoli e Max Heller, no livro Holocausto , estimam que a máquina de dinheiro que move esta fábrica de horrores chega a consumir extraordinários quatrocentos milhões de animais em todo o mundo, anualmente. 9. Qual é a finalidade da referência ao Holocausto? a) Situar a obra que menciona o grande número de animais mortos anualmente por interesses econômicos. b) Comparar a vivissecção com o massacre dos judeus pelos alemães durante a Segunda Guerra Mundial. c) Refletir sobre a prática de sacrifício dos antigos hebreus em que se queimavam as vítimas. d) Trazer informações sobre um período importante da História da Humanidade. e) Divulgar a publicação dos PhDs alemães Milly Schar-Manzoli e Max Heller.
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Sinônimos X Antônimos Sinônimos: palavras que possuem significados iguais ou semelhantes. A bruxa prendeu os irmãos. A feiticeira prendeu os irmãos. Porém os sinônimos podem ser perfeitos: significado absolutamente igual, o que não é muito frequente. Ex.: morte = falecimento / idoso = ancião imperfeitos: o significado das palavras é apenas semelhante. Ex.: belo~formoso/ adorar~amar / fobia~receio
Antônimos: palavras que possuem significados opostos, contrários. Pode originar-se do acréscimo de um prefixo de sentido oposto ou negativo. Exemplos: mal X bem ausência X presença fraco X forte claro X escuro subir X descer cheio X vazio possível X impossível simpático X antipático
“O uso deste site permite que tenhamos um canal de comunicação de nossos funcionários, clientes, fornecedores e de um monte de malucos oferecendo produtos e soluções mirabolantes – considera o diretor de uma empresa de TI em Porto Alegre. 10. Considerando o significado da palavra mirabolantes , qual das alternativas a seguir não apresenta um vocábulo que poderia substituí-la, sem alterar o significado expresso no texto? a) b) c) d) e)
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Espalhafatoso. Surpreendente. Espantoso. Assombroso. Estrondeante.
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Tipologia Textual Narração: modalidade na qual se contam um ou mais fatos – fictício ou não – que ocorreram em determinado tempo e lugar, envolvendo certos personagens. Há uma relação de anterioridade e posterioridade. O tempo verbal predominante é o passado. Descrição: é a modalidade na qual se apontam as características que compõem determinado objeto, pessoa, ambiente ou paisagem. Usam-se adjetivos para tal. Argumentação: modalidade na qual se expõem ideias e opiniões gerais, seguidas da apresentação de argumentos que as defendam e comprovem. Exposição: apresenta informações sobre assuntos, expõe ideias, explica e avalia e reflete Não faz defesa de uma ideia, pois tal procedimento é característico do texto dissertativo. O texto expositivo apenas revela ideias sobre um determinado assunto. Por meio da mescla entre texto expositivo e narrativo, obtém-se o que conhecemos por relato. Injunção: indica como realizar uma ação. Também é utilizado para predizer acontecimentos e comportamentos. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os verbos são, na sua maioria, empregados no modo imperativo.
Gêneros Textuais EDITORIAL: texto opinativo/argumentativo, não assinado, no qual o autor (ou autores) não expressa a sua opinião, mas revela o ponto de vista da instituição. Geralmente, aborda assuntos bastante atuais. Busca traduzir a opinião pública acerca de determinado tema, dirigindo-se (explícita ou implicitamente) às autoridades, a fim de cobrar-lhes soluções. ARTIGOS: São textos autorais – assinados –, cuja opinião é da inteira responsabilidade de quem o escreveu. Seu objetivo é o de persuadir o leitor. NOTÍCIAS: são autorais, apesar de nem sempre serem assinadas. Seu objetivo é tão somente o de informar, não o de convencer. CRÔNICA: fotografia do cotidiano, realizada por olhos particulares. Geralmente, o cronista apropria-se de um fato atual do cotidiano, para, posteriormente, tecer críticas ao status quo, baseadas quase exclusivamente em seu ponto de vista. A linguagem desse tipo de texto é predominantemente coloquial.
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Nocia Obra-prima de Leonardo da Vinci e uma das mais admiradas telas jamais pintadas, devido, em parte, ao sorriso enigmático da moça retratada, a “Mona Lisa” está se deteriorando. O grito de alarme foi dado pelo Museu do Louvre, em Paris, que anunciou que o quadro passará por uma detalhada avaliação técnica com o objetivo de determinar o porquê do estrago. O fino suporte de madeira sobre o qual o retrato foi pintado sofreu uma deformação desde que especialistas em conservação examinaram a pintura pela última vez, diz o Museu do Louvre numa declaração por escrito. Fonte: http://www.italiaoggi.com.br (acessado em 13/11/07).
11. A um conjunto de regularidades relativamente estáveis no que diz respeito à função social, produção, circulação e consumo de um texto, bem como aos seus aspectos composicionais e linguísticos, dá-se o nome de gênero textual. É por razões assim que um leitor proficiente não confunde uma receita de bolo com uma carta, uma passagem de ônibus com uma nota fiscal, por exemplo. Considerando para o texto esses mesmos aspectos, é possível afirmar que ele pertence ao gênero a) b) c) d) e)
relatório. editorial. resenha. artigo. notícia.
1 E 1 . . 0 E 1 . B 9 . D 8 . D 7 . D 6 B . 5 C . 4 . E 3 C . 2 . D 1 . o t : b r a i G a
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Aula 2
Polissemia Polissemia significa (poli = muitos; semia = significado) “muitos sentidos”, contudo, assim que se insere no contexto, a palavra perde seu caráter polissêmico e assume significado específico, isto é, significado contextual. Os vários significados de uma palavra, em geral, têm um traço em comum. A cada um deles dá-se o nome de acepção. • • •
A cabeça une-se ao tronco pelo pescoço. Ele é o cabeça da rebelião. Sabrina tem boa cabeça.
Exemplicando
1. Para criticar a possível aprovação de um novo imposto pelos deputados, o cartunista adotou como estratégias a) b) c) d) e)
polissemia das palavras e onomatopeia. traços caricaturais e eufemismo. paradoxo e repetição de palavras. metonímia e círculo vicioso. preterição e prosopopeia.
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Denotação X Conotação Denotação é a significação objetiva da palavra – valor referencial; é a palavra em “estado de dicionário“ Conotação é a significação subjetiva da palavra; ocorre quando a palavra evoca outras realidades devido às associações que ela provoca. DENOTAÇÃO
CONOTAÇÃO
palavra com significação restrita
palavra com significação ampla
palavra com sentido comum do dicionário
palavra cujos sentidos extrapolam o sentido comum
palavra usada de modo automatizado
palavra usada de modo criativo
linguagem comum
linguagem rica e expressiva
2. Assinale a alternativa em que há um fragmento que apresenta sentido conotativo. a) b) c) d) e)
As ruas, estradas e rodovias são quase as mesmas de 20 ou 30 anos atrás. Outro exemplo clássico é o dos passageiros de uma aeronave. Parei e fiquei observando e registrei em minha câmera. Na capital federal é possível atravessar pela faixa de pedestres com muita segurança. Foi uma semente plantada na década de 1990 para que nascesse uma cultura de segurança. A plantinha nasceu, mas ficou raquítica pela falta de rega.
Recursos de Coesão Elementos referenciais: estabelecem uma relação de sentido no texto, formando um elo coesivo entre o que está dentro do texto e fora dele também. À retomada feita para trás dá-se o nome de anáfora e a referência feita para a frente recebe o nome de catáfora. Observe: 1- Zambeli mora com a tia. Ele faz faculdade de Psicologia. Ele – retomada de Zambeli = anáfora. 2- Carlinhos ganhou um cachorro. O cachorro chama-se Lulu. “Um cachorro”, informação para a frente = “o cachorro” = catáfora
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Mecanismos 1. Repeção 3. A sequência em negrito (globalização do olho da rua. É a globalização do bico. É a globalização do dane-se.) caracteriza a globalização a partir da desestruturação do mundo do trabalho. Do ponto de vista dos recursos da linguagem é correto afirmar que, no contexto, ocorre uma a) b) c) d) e)
gradação, com a suavização das dificuldades. contradição, entre os modos de sobrevivência do desempregado. ênfase, com a intensificação da afirmativa inicial. retificação, pela correção gradual das informações iniciais. exemplificação, pelo relato de situações específicas.
2. ELIPSE: é a omissão de um termo que pode ser facilmente deduzido pelo contexto. 4. Elipse é uma das figuras de sintaxe mais usadas e pode ser definida como sendo “a omissão, espontânea ou voluntária, de termos que o contexto ou a situação permitem facilmente suprir”. De acordo com a definição, há um bom exemplo de elipse em a) b) c) d) e)
“Entre cá dentro, berrou o guarda.” “O balão desceu cá para baixo.“ “Lá fora, umidade; tinha garoado muito.” “Eu, parece-me que tenho uma fome danada.“ “Do bar lançou-me para a sarjeta.”
3. PRONOMES: a função gramacal do pronome é justamente a de substuir
ou acompanhar um nome. Ele pode, ainda, retomar toda uma frase ou toda a ideia conda em um parágrafo ou no texto todo. 5. “... que lhe permitem que veja a origem de todos os seres e de todas as coisas para que possa transmiti-las aos ouvintes”. Em transmiti-las, -las é pronome que substitui a) b) c) d)
a origem de todos os seres. todas as coisas. aos ouvintes. todos os seres.
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ESSE = assunto antecedente (A seca é presença marcante no Sul. Esse fenômeno é atribuído a ‘La Niña’.) OU próximo do ouvinte. ESTE = assunto posterior (O problema é este: não há possibilidade de reposição das peças.) OU próximo do falante. ESTE = antecedente mais próximo / AQUELE = antecedente mais distante “Jogaram Inter e Grêmio: este perdeu; aquele ganhou.”
O senão do livro Começo a arrepender-me deste livro. Não que ele me canse; eu não tenho que fazer; e, realmente, expedir alguns magros capítulos para esse mundo sempre é tarefa que distrai um pouco da eternidade.
6. O emprego dos pronomes ESTE e ESSE, no início do texto, a) tem a finalidade de distinguir entre o que já se mencionou (mundo) e o que se vai mencionar (livro). b) marca a oposição entre o concreto (mundo real) e o abstrato (mundo da ficção). c) faz uma distinção decorrente da diferença entre a posição do narrador e a do leitor. d) é consequência da oposição entre passado (livro) e presente (mundo). e) é indiferente; assim como hoje, esses pronomes não têm valor distintivo.
4. ADVÉRBIOS: palavras que exprimem circunstâncias, principalmente as de lugar, tempo, modo, causa...
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7. Considere as afirmativas que seguem. I − O advérbio já, indicativo de tempo, atribui à frase o sentido de mudança. II − Entende-se pela frase da charge que a população de idosos atingiu um patamar inédito no
país. III − Observando a imagem, tem-se que a fila de velhinhos esperando um lugar no banco sugere
o aumento de idosos no país. Está correto o que se afirma em a) b) c) d) e)
I apenas II apenas I e II apenas II e III apenas I, II e III.
5. NOMES DEVERBAIS: são derivados de verbos e retomam a ação expressa por eles. Servem, ainda, como um resumo dos argumentos já ulizados. 8. Assinale a alternativa cuja frase apresenta uma retomada deverbal. a) E naquela casinha que eu havia feito, naquela habitação simples, ficava meu reino. b) Mas como foi o negócio da Fazenda do Taquaral, lugar em que se escondiam os corruptores? c) Ao comprar o sítio do Mané Labrego, realizou um grande sonho; tal compra redundaria em sua independência. d) O que ele quer lá, na fazenda Grota Funda?
C 8 . 7 E . C 6 . B 5 . C 4 . C 3 . 2 E . A 1 . o t : b r a i G a
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Exercitando Como não pensei nisso antes? Para ser um inventor, basta enxergar os problemas como matéria-prima para a criavidade e apostar nas próprias ideias. 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46.
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“No meio do caminho tinha uma pedra/ tinha uma pedra no meio do caminho.” O poeta Carlos Drummond de Andrade criou um dos textos mais famosos da literatura brasileira ao buscar inspiração num obstáculo. De forma parecida, muita gente, famosa ou anônima, no decorrer da história, tem convertido suas dificuldades em criações. Não é difícil perceber que, na origem de todos os objetos criados pelo homem, havia um problema. Foi de tanto machucar os pés ao caminhar descalço que algum remoto ancestral inventou o calçado, por exemplo. Cansado de beber água usando as próprias mãos, alguém concebeu o copo. E por aí vai. Diante de uma pedra no caminho, pode-se lamentá-la ou tentar removê-la. A primeira opção é a mais fácil, mas não leva a nada. A segunda nos permite não só dar um fim ao empecilho, mas também deixar uma contribuição para a humanidade. Foi esse rumo que o motorista de caminhão aposentado José Roberto Rodrigues, de 55 anos, escolheu. Há 15 anos, em um acampamento, José viu um botijão de gás ir pelos ares. Impressionado com o acidente, pôs na cabeça que poderia fazer algo para evitá-lo. Anos depois, teve a ideia: se acondicionasse o botijão dentro de uma estrutura fechada e a conectasse com a área externa da casa, o problema estaria resolvido. Afinal, a explosão só acontece se há acúmulo de gás dentro da cozinha. Estava concebida a cápsula antiexplosão. Para construir a engenhoca, ele pegou um balde grande de plástico, desses usados como lixeira, e fez dois furos: um para a mangueira do botijão e outro para permitir a conexão com o exterior da casa. Se o gás vazar, sai para o ambiente externo. “Fiz tudo sozinho”, orgulha-se José. Tempos depois, inspirado pelas filhas, que volta e meia deixavam a comida queimar, aperfeiçoou o invento. Adicionou-lhe um dispositivo capaz de controlar o tempo pelo qual o fogão permanece aceso. Para isso, comprou um timer, aparelho encontrado em lojas de material elétrico, e o acoplou à válvula do botijão. Funciona como um relógio de corda: em quinze minutos, quando completa a volta, o equipamento trava a saída de gás. Se o cozimento for demorado, é só reprogramar o dispositivo.(...) A história de José mostra que não é preciso pós-doutorado para transformar problemas do dia a dia em solução. O necessário é ter autoconfiança, persistência, motivação e capacidade de pensar por si próprio, como enumera a psicóloga Eunice Alencar, da Universidade Católica de Brasília. “Todos temos essas características. O que precisamos é saber cultivá-las para despertar nossa capacidade de criação”, diz Eunice.(...) A satisfação de ver a própria invenção ser usada por várias pessoas é algo que Beatriz Zorovich, de 78 anos, conhece há muitas décadas. Um belo dia, quando estava na cozinha, ela percebeu que, se a bacia que usava para lavar o a rroz tivesse furinhos, ficaria fácil escorrer os grãos. Com a ajuda do marido, o engenheiro Sólon Zorovich, construiu um protótipo em uma espécie de papel alumínio grosso.(...) Deu certo: lançado na Feira de Utilidades Domésticas de 1962, o escorredor de arroz ganhou as cozinhas de todo o País. Beatriz não sabe calcular exatamente quanto ganhou com o produto. Mas lembra que os lucros equivaliam ao seu salário de dentista. A patente expirou em 1978.(...) COSTA, Rachel. Sorria 13. abr./mai. 2010.
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1. O texto “Como não pensei nisso antes?” tem como tema as(os) a) b) c) d) e)
invenções movidas pelo desespero do cotidiano. origens dos objetos de inventores famosos. problemas da vida de pessoas ilustres. inventores que saíram do anonimato. obstáculos do dia a dia transformados em invenções.
O fenômeno urbano: passado, presente e futuro As cidades surgiram como parte integrante das sociedades agrícolas. Cerca de dois mil anos antes da era cristã, as cidades egípcias de Mênfis e Tebas já se constituíam em núcleos urbanos que abrigavam milhares de habitantes. Outras surgiram nos vales fluviais da Mesopotâmia, da Índia e da China. Elas se caracterizavam por concentrar atividades não agrícolas, sendo locais de culto e de administração. No entanto, comportavam-se apenas como complemento do mundo rural, pois não tinham funções ligadas à produção. Isso foi válido também para as cidades gregas e romanas e mesmo para as cidades da Idade Média. Com o tempo e o surgimento do comércio de longa distância, os núcleos urbanos passaram a ter a função de entrepostos comerciais. A Revolução Industrial representou uma transformação radical das cidades. Com a indústria, o núcleo produtivo das sociedades concentrou-se geograficamente e transferiu-se para o meio urbano. À nova função de produção de mercadorias juntaram-se as funções urbanas anteriores, de administração e comércio. Essas “novas” cidades difundiram-se inicialmente pela Europa e pela América do Norte, e depois por todos os continentes. Elas passaram a abrigar uma parte crescente da força de trabalho, originária principalmente das áreas rurais. No século XX, as cidades transformaram-se ainda mais, como consequência do crescimento das atividades industriais e da expansão do setor de serviços. Mais do que nunca, no raiar do século XXI, a cidade se tornou um polo irradiador de comércio, serviços e informações. Com essas funções, ela se consolidou como centro de organização do espaço geográfico. O mundo atual vive um acelerado processo de urbanização. Atualmente, mais da metade dos quase 7 bilhões de habitantes do planeta já reside em centros urbanos. Por volta de 1950, apenas 30% das pessoas do mundo moravam nas cidades. No início do século XIX, as cidades não abrigavam sequer 2% da população mundial. Segundo a ONU, em 2025 pouco mais de 60% do contingente demográfico total do mundo morará em cidades. [...] OLIC, Nelson B. O fenômeno urbano: passado, presente e futuro. Disponível em: . Acesso: 6 maio 2012. Adaptado.
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2. Com base nas informações contidas no texto, conclui-se que a) a transformação das cidades, no século passado, gerou graves problemas, entre os quais, o aumento da criminalidade. b) a Revolução Industrial foi um dos fatores de crescimento dos centros urbanos e da migração de pessoas do campo para a cidade. c) as novas cidades industrializadas se organizaram exclusivamente a partir da produção de bens para o consumo. d) as cidades da antiguidade se desenvolveram a partir de suas vocações econômicas, fato que já ocorria cerca de dois mil anos antes de Cristo. e) o processo de concentração de habitantes em centros urbanos tende a se estabilizar em 60% por volta de 2025.
A vida sem celular O inevitável aconteceu: perdi meu celular. Estava no bolso da calça. Voltei do Rio de Janeiro, peguei um táxi no aeroporto. Deve ter caído no banco e não percebi. Tentei ligar para o meu próprio número. Deu caixa postal. Provavelmente eu o desliguei no embarque e esqueci de ativá-lo novamente. Meu quarto parece uma trincheira de guerra de tanto procurá-lo. Agora me rendo: sou um homem sem celular. O primeiro sentimento é de pânico. Como vou falar com meus amigos? Como vão me encontrar? Estou desconectado do mundo. Nunca botei minha agenda em um programa de computador, para simplesmente recarregá-la em um novo aparelho. Será árduo garimpar os números da família, amigos, contatos profissionais. E se alguém me ligar com um assunto importante? A insegurança é total. Reflito. Podem me achar pelo telefone fixo. Meus amigos me encontrarão, pois são meus amigos. Eu os buscarei, é óbvio. Então por que tanto terror? Há alguns anos – nem tantos assim – ninguém tinha celular. A implantação demorou por aqui, em relação a outros países. E a vida seguia. Se alguém precisasse falar comigo, deixava recado. Depois eu chamava de volta. Se estivesse aguardando um trabalho, por exemplo, eu ficava esperto. Ligava perguntando se havia novidades. Muitas coisas demoravam para acontecer. Mas as pessoas contavam com essa demora. Não era realmente ruim. Saía tranquilo, sem o risco de que me encontrassem a qualquer momento, por qualquer bobagem. A maior parte das pessoas vê urgência onde absolutamente não há. Ligam afobadas para fazer uma pergunta qualquer. Se não chamo de volta, até se ofendem. — Eu estava no cinema, depois fui jantar, bater papo. — É... Mas podia ter ligado! Como dizer que podia, mas não queria? Vejo motoristas de táxi tentando se desvencilhar de um telefonema. — Agora não posso falar, estou dirigindo. — Só mais uma coisinha...
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Fico apavorado no banco enquanto ele faz curvas e curvas, uma única mão no volante. Muita gente não consegue desligar mesmo quando se explica ser impossível falar. Dá um nervoso! A maioria dos chefes sente-se no direito de ligar para o subordinado a qualquer hora. Noites, fins de semana, tudo submergiu numa contínua atividade profissional. No relacionamento pessoal ocorre o mesmo. — Onde você está? Estou ouvindo uma farra aí atrás. — Vendo televisão! É um comercial de cerveja! Um amigo se recusa a ter celular. — Fico mais livre. Às vezes um colega de trabalho reclama: — Precisava falar com você, mas não te achei. — Não era para achar mesmo. Há quem desfrute o melhor. Conheço uma representante de vendas que trabalha na praia durante o verão. Enquanto torra ao sol, compra, vende, negocia. Mas, às vezes, quando está para fechar o negócio mais importante do mês, o aparelho fica fora de área. Ela quase enlouquece! Pois é. O celular costuma ficar fora de área nos momentos mais terríveis. Parece de propósito! Como em um recente acidente automobilístico que me aconteceu. Eu estava bem, mas precisava falar com a seguradora. O carro em uma rua movimentada. E o celular mudo! Quase pirei! E quando descarrega no melhor de um papo, ou, pior, no meio da briga, dando a impressão de que desliguei na cara? Na minha infância, não tinha nem telefone em casa. Agora não suporto a ideia de passar um dia desconectado. É incrível como o mundo moderno cria necessidades. Viver conectado virou vício. Talvez o dia a dia fosse mais calmo sem celular. Mas vou correndo comprar um novo! CARRASCO, Walcyr. A vida sem celular. Veja São Paulo, São Paulo, n.2107, 08 abr. 2009. Disponível em: Acesso: 26 dez. 2011. Adaptado.
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3. O texto apresenta vários aspectos negativos em relação ao uso do celular. O fragmento que exemplifica um desses aspectos é a) b) c) d) e)
“Deve ter caído no banco e não percebi”. “Podem me achar pelo telefone fixo”. “A implantação demorou por aqui em relação a outros países”. “Se não chamo de volta até se ofendem”. “Na minha infância, não tinha nem telefone em casa”.
4. Os exemplos de uso dos celulares, tanto pelos chefes quanto no relacionamento pessoal, indicam que, para o autor, tais aparelhos favorecem relações de a) b) c) d) e)
controle desconfiança exploração hipocrisia proximidade
5. De acordo com o texto, um exemplo de pessoa/setor da sociedade que consegue claramente tirar proveito do celular é o(a) a) b) c) d) e)
motorista de táxi próprio narrador trabalhador subordinado representante de vendas família tradicional
6. Ao longo do texto, o cronista reflete sobre aspectos diversos relativos à inserção do celular no cotidiano. Pela leitura global do texto, sintetiza-se o conjunto da reflexão do cronista da seguinte maneira: a) b) c) d) e)
Apesar dos aspectos negativos, hoje o celular é uma necessidade. Sem a existência do celular, as pessoas eram tolerantes. Para as pessoas de hoje, o celular traz novas oportunidades. Com o advento dessa tecnologia, a comunicação ficou acelerada. Em certas situações cotidianas, essa tecnologia é dispensável.
7. “E quando descarrega no melhor de um papo, ou, pior, no meio da briga, dando a impressão de que desliguei na cara?” O vocábulo que poderia substituir o termo destacado e expressar o mesmo sentido básico é a) b) c) d) e)
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disfarçadamente abruptamente secretamente paulatinamente demoradamente
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De quem são os meninos de rua? Eu, na rua, com pressa, e o menino segurou no meu braço, falou qualquer coisa que não entendi. Fui logo dizendo que não tinha, certa de que ele estava pedindo dinheiro. Não estava. Queria saber a hora. Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua. É assim que a gente divide. Menino De Família é aquele bem-vestido com tênis da moda e camiseta de marca, que usa relógio e a mãe dá outro se o dele for roubado por um Menino De Rua. Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão. Ouvindo essas expressões tem-se a impressão de que as coisas se passam muito naturalmente, uns nascendo De Família, outros nascendo De Rua. Como se a rua, e não uma família, não um pai e uma mãe, ou mesmo apenas uma mãe os tivesse gerado, sendo eles filhos diretos dos paralelepípedos e das calçadas, diferentes, portanto, das outras crianças, e excluídos das preocupações que temos com elas. É por isso, talvez, que, se vemos uma criança bem--vestida chorando sozinha num shopping center ou num supermercado, logo nos acercamos protetores, perguntando se está perdida, ou precisando de alguma coisa. Mas, se vemos uma criança maltrapilha chorando num sinal com uma caixa de chicletes na mão, engrenamos a primeira no carro e nos afastamos pensando vagamente no seu abandono. Na verdade, não existem meninos DE rua. Existem meninos NA rua. E toda vez que um menino está NA rua é porque alguém o botou lá. Os meninos não vão sozinhos aos lugares. Assim como são postos no mundo, durante muitos anos também são postos onde quer que estejam. Resta ver quem os põe na rua. E por quê. [...] Quem leva nossas crianças ao abandono? Quando dizemos “crianças abandonadas”, subentendemos que foram abandonadas pela família, pelos pais. E, embora penalizados, circunscrevemos o problema ao âmbito familiar, de uma família gigantesca e generalizada, à qual não pertencemos e com a qual não queremos nos meter. Apaziguamos assim nossa consciência, enquanto tratamos, isso sim, de cuidar amorosamente de nossos próprios filhos, aqueles que “nos pertencem”. Mas, embora uma criança possa ser abandonada pelos pais, ou duas ou dez crianças possam ser abandonadas pela família, 7 milhões de crianças só podem ser abandonadas pela coletividade. Até recentemente, tínhamos o direito de atribuir esse abandono ao governo, e 1 responsabilizá-lo. Mas, em tempos de Nova República *, quando queremos que os cidadãos sejam o governo, já não podemos apenas passar adiante a responsabilidade. COLASANTI, Marina. A casa das palavras. São Paulo: Ática, 2002. Adaptado.
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Nova República: termo usado à época em que a crônica foi escrita (1986) para designar o Brasil no período após o fim do regime militar.
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8. Com base na leitura do texto, conclui-se que o principal objetivo da autora é a) b) c) d) e)
resolver o problema das crianças abandonadas. comparar meninos de rua com meninos de família. narrar a história do menino que a interpelou na rua. convencer o leitor de que não existem meninos na rua. discutir a responsabilidade pela existência de crianças nas ruas.
9. O fragmento abaixo apresenta um ponto de vista que é justificado por um argumento apresentado no texto. “Talvez não fosse um Menino De Família, mas também não era um Menino De Rua.” A passagem do texto que justifica esse ponto de vista é a) “certa de que ele estava pedindo dinheiro.” b) “Menino De Rua é aquele que quando a gente passa perto segura a bolsa com força porque pensa que ele é pivete, trombadinha, ladrão.” c) “Na verdade, não existem meninos DE rua. Existem meninos NA rua.” d) “Os meninos não vão sozinhos aos lugares.” e) “7 milhões de crianças só podem ser abandonadas pela coletividade.”
A cultura da la É uma cena comum em aeroporto; já antes da chamada para o embarque, às vezes muito antes, passageiros começam a formar uma fila. O que não deixa de ser estranho; afinal, os lugares já estão previamente marcados, não há necessidade de pressa. Nem mesmo a disputa pelo lugar no compartimento de bagagens serve como explicação, pois muitos dos que estão na la não têm qualquer bagagem de mão. Uma razão para esse comportamento poderia ser a natural ansiedade desencadeada pela viagem em si. Mas, ao menos no caso do Brasil, há um outro, e curioso movo. É que gostamos de fazer la. Algo surpreendente, num país sempre caracterizado pelo pouco apreço à ordem e à disciplina; a regra parece ser chegar primeiro a qualquer custo, combinando esperteza e o poder dos cotovelos. Contudo, a fila não é só uma maneira de organizar uma determinada demanda, seja por ingressos, seja pelo acesso a um determinado lugar. A fila é um estilo de vida, e isso fica muito visível nos fins de semana, nas casas de diversão. Passem pela Goethe num sábado à noite e vocês constatarão isso. A fila representa uma forma de convívio. Normalmente as pessoas deveriam estar todas voltadas numa mesma direção, o cara de trás olhando a nuca do cara da frente. Mas não é assim. Na fila formam-se, por assim dizer, nódulos de convivência; pessoas, especialmente os jovens, que, sem se afastar de seus lugares, ou afastando-se muito pouco, conseguem conversar, e conversar animadamente. E certamente não fazem isso para matar o tempo, enquanto aguardam a hora de entrar; não, a conversa na fila é um objetivo em si, e podemos apostar que para alguns, pelo menos, um objetivo mais interessante que entrar no lugar diante do qual está formada a fila. [...]
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Para psicólogos, sociólogos e até cientistas políticos, as filas representariam um interessante campo de estudo, quem sabe até uma especialidade, gerando teses de mestrado e de doutorado. Enquanto isso não acontece, as filas continuam se formando. Quando chegar o Juízo Final e vocês virem uma fila às portas do Céu, não duvidem: ali estarão os brasileiros. SCLIAR, Moacyr. A cultura da fila. Zero Hora, Rio Grande do Sul, 12 dez. 2011.
10. O fragmento que confirma a ideia expressa no título do texto é a) b) c) d) e)
“a natural ansiedade desencadeada pela viagem em si.” “num país sempre caracterizado pelo pouco apreço à ordem e à disciplina” “combinando esperteza e o poder dos cotovelos.” “A fila é um estilo de vida, e isso fica muito visível nos fins de semana” “Normalmente as pessoas deveriam estar todas voltadas numa mesma direção”
11. O trecho: “É que gostamos de fazer fila. Algo surpreendente, num país sempre caracterizado pelo pouco apreço à ordem e à disciplina” revela, em relação ao povo brasileiro, uma a) b) c) d) e)
contradição esperteza virtude versatilidade sutileza
Retratos de uma época Mostra exibe cartões-postais de um tempo que não volta mais Em tempos de redes sociais e da presença cada vez maior da internet no cotidiano, pouca gente se recorda de que nem sempre tudo foi assim tão rápido, instantâneo e impessoal. Se os adultos esquecem logo, crianças e adolescentes nem sabem como os avós de seus avós se comunicavam. Há 15 dias, uma educadora no Recife, Niedja Santos, indagou a um grupo de estudantes quais os meios de comunicação que eles conheciam. Nenhum citou cartões-postais. Pois eles já foram tão importantes que eram usados para troca de mensagens de amor, de amizade, de votos de felicidades e de versos enamorados que hoje podem parecer cafonas, mas que, entre os séculos XIX e XX, sugeriam apenas o senmento movido a sonho e romansmo. Para se ter uma ideia de sua importância, basta lembrar um pouco da história: nasceram na Áustria, na segunda metade do século XIX, como um novo meio de correspondência. E a invenção de um professor de Economia chamado Emannuel Hermann fez tanto sucesso que, em apenas um ano, foram vendidos mais de dez milhões de unidades só no Império Austro-Húngaro. Depois, espalharam-se pelo mundo e eram aguardados com ansiedade. – A moda dos cartões-postais, trazida da Europa, sobretudo da França, no início do século passado para o Recife de antigamente, tornou-se uma mania que invadiu toda a cidade – lembra o colecionador Liedo Maranhão, que passou meio século colecionando-os e reuniu mais de 600, 253 dos quais estão na exposição “Postaes: A correspondência afetiva na Coleção Liedo Maranhão”, no Centro Cultural dos Correios, na capital pernambucana.
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O pesquisador, residente em Pernambuco, começou a se interessar pelo assunto vendo, ainda jovem, os postais que eram trocados na sua própria família. Depois, passou a comprálos no Mercado São José, reduto da cultura popular do Recife, onde eram encontrados em caixas de sapato ou pendurados em cordões para chamar a atenção dos visitantes. Boa parte da coleção vem daí. [...] – Acho que seu impacto é justamente o de trazer para o mundo contemporâneo o glamour e o romantismo de um meio de comunicação tão usual no passado – afirma o curador Gustavo Maia. – O que mais chama a atenção é o sentimento romântico como conceito, que pode ser percebido na delicadeza perdida de uma forma de comunicação que hoje está em desuso – reforça Bartira Ferraz, outra curadora da mostra. [...] LINS, Letícia. Retratos de uma época. Revista O Globo, Rio de Janeiro, n. 353, p. 26-28, 1º maio 2011. Adaptado.
12. A ideia contida nos dois primeiros parágrafos é a de que a) a necessidade de comunicação interpessoal desenvolveu-se só com a internet. b) os cartões-postais eram, à sua época, considerados cafonas. c) a atividade interpessoal realizada hoje pela internet era realizada, antes, similarmente por meio dos cartões-postais. d) a importância dos cartões-postais se deveu ao fato de terem sido criados na Europa e, então, trazidos para o Brasil. e) os cartões-postais eram o principal meio de correspondência entre os professores na Áustria. 13. Pela leitura do texto, infere-se que a época do surgimento dos cartões-postais se caracterizava por a) b) c) d) e)
lentidão e fugacidade vagareza e permanência indiferença e celeridade rapidez e solidariedade pessoalidade e velocidade
14. As afirmações abaixo relacionam-se ao professor Emannuel Hermann. I − Deixou de ser professor de Economia, após vender mais de dez milhões de postais. II − Inventou os cartões-postais. III − Nasceu na segunda metade do século XIX.
Está contido no texto o que se afirma em a) b) c) d) e)
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I, apenas. II, apenas. III, apenas. I e II, apenas. II e III, apenas.
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15. Em um cartão-postal, lê-se o seguinte: “Teu celestial sorriso / Me alegra, encanta e fascina, / Prometendo um paraíso, / Onde serás luz divina:” A relação entre o trecho destacado e a explicação ao seu lado está correta em a) b) c) d) e)
“Teu celestial sorriso” – o sorriso de quem remete o cartão. “[...] encanta e fascina” – o destinatário é encantado, fascinado pelo sorriso. “Prometendo um paraíso” – o remetente infere no sorriso uma promessa. “Onde serás luz [...]” – a palavra onde remete ao sorriso. “[...] serás luz divina” – a luz é proveniente do céu e inerente ao paraíso.
Eu tinha dois anos de idade quando meus pais compraram um pequeno sítio: cinco alqueires de terra coberta de mato a oito quilômetros da nossa cidade, Santo Anastácio, no oeste paulista. Sob a orientação do meu avô paterno, que tinha sido fazendeiro, profissionais reformaram a cerca de aroeira, ergueram um curral, um galpão para as ferramentas e uma casa de tábuas, furaram um poço e formaram três pastos – um de pangola para os cavalos, o Cassino e a Rebeca, e dois de braquiária para uma dúzia de cabeças de gado tucura. Com a ajuda da minha mãe e das minhas avós, meu pai cultivou um pomar – em que metade das árvores eram pés de limão-taiti, sua fruta predileta – e uma horta. Atrás da casa, fez uma roça de milho e plantou melancias. Mais tarde, mandou construir uma casa de tijolos – sem forro, mas com lareira e um fogão a lenha. Duas mangueiras enormes, que, segundo meu avô, deviam ter mais de 60 anos, sombreavam o pátio dos fundos. Não muito longe, a cachoeira. Passando o rio, o ermitão. Em dias de chuva forte, a Ponte Alta ameaçava desabar. Íamos para lá nos finais de semana e nas férias. Às quartas ou quintas, meu avô levava sal para o gado, e eu ia com ele. Meu sonho era me tornar adulto, casar, ter filhos e morar ali até morrer. Minha mãe, que assim como meu pai era dentista, me aconselhava a parar de pensar besteira e continuar estudando, mas eu ouvia as histórias de peão que meu avô contava e achava inferior a vida na cidade. Na adolescência, decidi que era poeta, e todas as coisas do mundo, ao mesmo tempo em que ganhavam cores mais intensas e reveladoras, foram rebaixadas a um segundo plano. No ano em que vim morar em São Paulo, meus pais estavam precisando de dinheiro e venderam o sítio. Minha mãe perguntou se aquilo me incomodava. Eu disse que não – o que mais eu poderia dizer? Meu avô morreu dois anos depois, e, ruminando sua morte, escrevi meus primeiros poemas com alguma marca própria. De lá para cá, publiquei nove livros, (...) Em geral, durmo antes das dez e levanto às seis. Gosto dessa rona, me ajuda a escrever melhor; e, se é assim, não tenho o direito de me queixar. Mas, a verdade é que, às vezes, me canso de tudo. Da cidade, das pessoas e de mim. Nesses momentos, me lembro do sío – reconstruo na cabeça cada um dos seus detalhes, me comovo e, no m, prometo a mim mesmo não esquecer o que vivi e o que sonhei naquele lugar. Venho cumprindo essa promessa. CORSALETTI, Fábio. Globo Rural. São Paulo: Ed. Globo. n. 296. jun. 2010, p. 122. Adaptado.
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16. De acordo com o texto, a importância que o sítio tinha para o menino revela-se no trecho a) “Eu tinha dois anos de idade quando meus pais compraram um pequeno sítio: cinco alqueires de terra coberta de mato a oito quilômetros da nossa cidade, Santo Anastácio, no oeste paulista.” b) “Sob a orientação do meu avô paterno, que tinha sido fazendeiro, profissionais reformaram a cerca de aroeira, ergueram um curral, um galpão para as ferramentas e uma casa de tábuas,” c) “Com a ajuda da minha mãe e das minhas avós, meu pai cultivou um pomar – em que metade das árvores eram pés de limão-taiti, sua fruta predileta – e uma horta.” d) “Duas mangueiras enormes, que, segundo meu avô, deviam ter mais de 60 anos, sombreavam o pátio dos fundos.” e) “Íamos para lá nos finais de semana e nas férias. Às quartas ou quintas, meu avô levava sal para o gado, e eu ia com ele. Meu sonho era me tornar adulto, casar, ter filhos e morar ali até morrer.” 17. “Pangola” e “braquiária” são a) b) c) d) e)
árvores frondosas. plantas com folhas grossas. tipos de capim. espécies de orquídeas. flores do campo.
18. De acordo com o texto, a pergunta do autor no trecho “Eu disse que não – o que mais eu poderia dizer?” significa que ele a) b) c) d) e)
tinha dúvidas sobre o que responder. entendera que, diante da venda já realizada, o melhor a fazer era nada dizer. esperava que a mãe lhe respondesse. gostaria de, primeiro, ter ouvido a opinião do avô. apresenta sentimentos de indiferença.
19. Em “Meu avô morreu dois anos depois, e, ruminando sua morte, escrevi meus primeiros poemas com alguma marca própria.”, a expressão em negrito pode ser substituída adequadamente por a) b) c) d) e)
sofrendo e elaborando a sua morte. procurando evitar o sofrimento da sua morte. sonhando com a sua morte. ignorando a sua morte. esquecendo a sua morte.
20. “Venho cumprindo essa promessa.” A promessa a que se refere o texto é a) b) c) d) e)
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não esquecer as experiências no sítio. viver na cidade. tornar-se adulto, casar e ter filhos. ter como profissão escritor. seguir o conselho materno de estudar.
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21. No texto, o autor se utiliza, em alguns momentos, do processo de descrição para o que deseja apresentar. Um exemplo de descrição no texto é a) “Eu tinha dois anos de idade quando meus pais compraram um pequeno sítio:” b) “Mais tarde, mandou construir uma casa de tijolos – sem forro, mas com lareira e um fogão a lenha.” c) “Duas mangueiras enormes, que, segundo meu avô, deviam ter mais de 60 anos, sombreavam o pátio dos fundos.” d) “Íamos para lá nos finais de semana e nas férias.” e) “Na adolescência, decidi que era poeta, e todas as coisas do mundo, ao mesmo tempo em que ganhavam cores mais intensas e reveladoras, foram rebaixadas a um segundo plano.”
Inferno e paraíso Por certo, existe o Carnaval. Mas a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha corresponde, em boa medida, a um preconceito, quando se tomam em comparação os padrões vigentes nas sociedades europeias, por exemplo. Já se a métrica for a realidade de países asiáticos, não há razão para tomar como especialmente infelizes as declarações do empresário taiwanês Terry Gou, presidente da Foxconn, a respeito da operosidade dos brasileiros. O Brasil – país em que a empresa de componentes eletrônicos planeja investir uma soma bilionária para fabricar telefones e tablets –, tem grande potencial, disse Terry Gou numa entrevista à TV taiwanesa. Mas os brasileiros “não trabalham tanto, pois estão num paraíso”, acrescentou o investidor. A frase, relatada pelo correspondente da Folha em Pequim, Fabiano Maisonnave, inserese entre outras ressalvas feitas pelo empresário quanto à possibilidade de o Brasil tornar-se fornecedor internacional de componentes eletrônicos. Quaisquer que sejam os seus julgamentos sobre o Brasil, as declarações do empresário embutem um paradoxo típico da era globalizada. Refletem o clássico modelo da ética do trabalho – antes associada aos países anglo-saxônicos, agora proeminente nas economias do Oriente. Ocorre que, na sociedade de consumo contemporânea, a esse modelo veio sobreporse outro – o da ética empresarial. Nem sempre os modelos coincidem. Haja vista as frequentes denúncias a respeito de superexploração de mão de obra nas economias asiáticas, que já se voltaram, por exemplo, contra empresas de artigos esportivos e agora ganham projeção no mundo da informática. A tal ponto que a Apple, preocupada com o impacto moral negativo em sua imagem, instituiu um sistema de inspeções de fornecedores para precaver-se de acusações dessa ordem. A própria Foxconn, de Terry Gou, foi objeto de severas reportagens e denúncias a respeito. É de perguntar em que medida a globalização dos mercados – e dos próprios hábitos culturais – permitirá, no futuro, a coexistência entre regimes “infernais” e “paradisíacos” nas relações de trabalho. Sob crescente pressão pública, é possível que noções como a de Terry Gou venham, aos poucos, parecer bem menos modernas do que os produtos que fabrica. (Folha de S.Paulo. Editoriais. A2 opinião. Domingo, 26 de fevereiro de 2012. p. 2)
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22. O editorialista a) confronta a Foxconn com a Apple, com o objetivo de defender a segunda como modelo que garante, em escala global, todos os direitos do trabalhador em empresa de eletrônicos. b) admite desconhecer os verdadeiros motivos de o taiwanês Terry Gou ter declarado que o Brasil é um país paradisíaco. c) apresenta as razões que o fazem defender a competência do Brasil em tornar-se fornecedor internacional de componentes eletrônicos. d) interpreta a fala de Terry Gou como expressão do específico momento histórico em que o intercâmbio econômico e cultural entre países é uma realidade. e) analisa as implicações econômicas da falta de coerência dos empresários internacionais ao avaliarem a capacidade produtiva de um país que deseja ingressar no mercado globalizado. 23. No primeiro parágrafo, quando o autor a) vale-se da expressão Por certo, está tornando patente que a frase constitui uma resposta ao empresário taiwanês, que supostamente pôs em dúvida essa expressão cultural brasileira, o carnaval. b) emprega a expressão uma espécie de, está antecipando o detalhamento que fará do grupo a que pertence o Brasil em função de seus hábitos culturais. c) refere-se ao Carnaval, está apresentando um fato que poderia, em parte, ser tomado como justificativa para a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha. d) menciona um preconceito, está expressando seu entendimento de que a ideia de que o Brasil é uma espécie de paraíso onde pouco se trabalha é um prejulgamento absolutamente inaceitável. e) cita os padrões vigentes nas sociedades europeias, está remetendo a uma base de comparação que considera sinônimo de excelência. 24. O editorial abona o seguinte comentário: a) Se o parâmetro de avaliação do Brasil por Terry Gou for a realidade de países asiáticos, o peso de seus comentários sobre o trabalho nesse país está por si só minimizado. b) Considerado o ramo de componentes eletrônicos, os países asiáticos são reconhecidamente insuperáveis no que se refere a sua capacidade de trabalho e à excelência dos seus produtos. c) Apesar do grande potencial que o Brasil tem de ser um líder mundial na fabricação de eletrônicos, o atual contexto da globalização não lhe é favorável, dado o especial desenvolvimento dos países do Oriente. d) São muitas, e as mais variadas, as opiniões que empresários estrangeiros têm a respeito dos brasileiros no trabalho, mas todas coincidem no que se refere à pouca produtividade do Brasil quando comparado aos outros países. e) A relevância da economia dos países orientais se deve a seu apego ao modelo clássico de produção e distribuição de produtos, ainda que com adaptações à realidade contemporânea.
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25. Afirma-se com correção que o editorialista a) lança dúvidas sobre o futuro do mercado globalizado, dado que os específicos hábitos culturais dos países que o integram impedem uma estrutura organizacional adequada a cada um deles. b) lança a hipótese de que a influência coativa da população pode tornar ultrapassados regimes de trabalho que ele denomina “infernais”, como o das economias asiáticas. c) defende a harmonia entre o produto comercializado e o regime de trabalho adotado para sua manufatura, do que decorre, necessariamente, a coexistência de distintos sistemas produtivos. d) defende a superposição da ética do trabalho e da ética empresarial, sob a condição de que os empresários vigiem para que sua mão de obra não especializada não afete a imagem do produto. e) mostra que o povo, informado pelos meios de comunicação, poderá monitorar a presença simultânea dos regimes ditos “infernais” e “paradisíacos”, visando à adequada adoção de cada um deles.
Sorte: Todo mundo merece Anal, existe sorte e azar? No fundo, a diferença entre sorte e azar está no jeito como olhamos para o acaso. Um bom exemplo é o número 13. Nos EUA, a expedição da Apollo 13 foi uma das mais desastrosas de todos os tempos, e o número levou a culpa. Pelo mundo, existem construtores que fazem prédios que nem têm o 13º andar, só para fugir do azar. Por outro lado, muita gente acha que o 13 é, na verdade, o número da sorte. Um exemplo famoso disso foi o então auxiliar técnico do Brasil, Zagallo, que foi para a Copa do Mundo de (19)94 (a soma dá 13) dizendo que o Mundial ia terminar com o Brasil campeão devido a uma série de coincidências envolvendo o número. No final, o Brasil foi campeão mesmo, e a Apollo 13 retornou a salvo para o planeta Terra, apesar de problemas gravíssimos. Até hoje não se sabe quem foi o primeiro sortudo que quis homenagear a sorte com uma palavra só para ela. Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a “sorte” de todos nós que falamos português. Sors designava vários processos do que chamamos hoje de tirar a sorte e originou, entre outras palavras, a inglesa sorcerer , feiticeiro. O azar veio de um pouco mais longe. A palavra vem do idioma árabe e deriva do nome de um jogo de dados (no qual o criador provavelmente não era muito bom). Na verdade, ele poderia até ser bom, já que azar e sorte são sinônimos da mesma palavra: acaso. Matemacamente, o acaso – a sorte e o azar – é a aleatoriedade. E, pelas leis da probabilidade, no longo prazo, todos teremos as mesmas chances de nos depararmos com a sorte. Segundo essas leis, se você quer aumentar as suas chances, só existe uma saída: aposte mais no que você quer de verdade. Revista Conhecer. São Paulo: Duetto. n. 28, out. 2011, p. 49. Adaptado.
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26. De acordo com o texto, a pergunta feita no subtítulo “Afinal, existe sorte e azar?” é respondida da seguinte maneira: a) b) c) d) e)
Depende das pessoas, umas têm mais sorte. A sorte e o azar podem estar, ou não, no número 13. Sorte e azar são frutos do acaso ou da aleatoriedade. Como são ocorrências prováveis, pode-se ter mais azar. A fé de cada um em elementos, como os números, pode dar sorte.
27. No trecho “Os romanos criaram o verbo sors, do qual deriva a ‘sorte’ de todos nós que falamos português”, sorte designa a) b) c) d) e)
uma ideia uma palavra um conceito o contrário de azar o adjetivo do verbo sortear
O futuro segundo os brasileiros Em 2050, o homem já vai ter chegado a Marte, e comprar pacotes turísticos para o espaço será corriqueiro. Em casa e no trabalho, vamos interagir regularmente com máquinas e robôs, que também deverão tomar o lugar das pessoas em algumas funções de atendimento ao público, e, nas ruas, os carros terão um sistema de direção automazada. Apesar disso, os implantes corporais de disposivos eletrônicos não serão comuns, assim como o uso de membros e outros órgãos cibernécos. Na opinião dos brasileiros, este é o futuro que nos aguarda, revela pesquisa da empresa de consultoria OThink, que ouviu cerca de mil pessoas em todo o país entre setembro e outubro do ano passado. [...] De acordo com o levantamento, para quase metade das pessoas ouvidas (47%) um homem terá pisado em Marte até 2050. Ainda nesse ano, 49% acham que será normal comprar pacotes turísticos para o espaço. Em ambos os casos, os homens estão um pouco mais confiantes do que as mulheres, tendência que se repete quando levadas em conta a escolaridade e a classe social. As respostas demonstram que a maioria da população tem acompanhado com interesse esses temas – avalia Wagner Pereira, gerente de inteligência Estratégica da OThink. – E isso também é um sinal de que aumentou o acesso a esse tipo de informação pelos brasileiros. [...] – Nossa vida está cada vez mais automatizada e isso ajuda o brasileiro a vislumbrar que as coisas vão manter esse ritmo de inovação nos próximos anos – comenta Pereira. – Hoje, o Brasil tem quase 80 milhões de internautas e a revolução que a internet produziu no nosso modo de viver, como esse acesso maior à informação, contribui muito para esta visão otimista do futuro.
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Já a resistência do brasileiro quando o tema é modificar o corpo humano é natural, analisa o executivo. De acordo com o levantamento, apenas 28% dos ouvidos creem que a evolução da tecnologia vai levar ao desenvolvimento e uso de partes do corpo artificiais que funcionarão melhor do que as naturais, enquanto 40% acham que usaremos implantes eletrônicos para fins de identificação, informações sobre histórico médico e realização de pagamentos, por exemplo. – Esse preconceito não é exclusividade dos brasileiros – considera Pereira. – Muitos grupos não gostam desse tipo de inovação. Romper a barreira entre o artificial e o natural, a tecnologia e o corpo, ainda é um tabu para muitas pessoas. [...] BAIMA, Cesar. O futuro segundo os brasileiros. O Globo, 14 fev. 2012. 1o Caderno, Seção Ciência, p. 30. Adaptado.
28. A frase em que o uso das palavras acentua a oposição de ideias que o autor quer marcar é a) “Em 2050, o homem já vai ter chegado a Marte” b) “Na opinião dos brasileiros, este é o futuro que nos aguarda” c) “Esse preconceito não é exclusividade dos brasileiros” d) “Muitos grupos não gostam desse tipo de inovação e) “Romper a barreira entre o artificial e o natural, a tecnologia e o corpo 29. O trecho “Em ambos os casos” se refere a a) b) c) d)
homens mais confiantes e mulheres menos confiantes. escolaridade dos entrevistados e classe social dos entrevistados. quase metade das pessoas ouvidas e 47% das pessoas entrevistadas. pessoas que acreditam que o homem chegará a Marte em breve e pessoas que não acreditam nisso. e) entrevistados sobre o homem em Marte e entrevistados sobre pacotes turísticos para o espaço.
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O tempo, como o dinheiro, é um recurso escasso. Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios. Ocorre que a aplicação do cálculo econômico às decisões sobre o uso do tempo é neutra em relação aos fins, mas exigente no tocante aos meios. Ela cobra uma atenção alerta e um exercício constante de avaliação racional do valor do tempo gasto. O problema é que isso tende a minar uma certa disposição à entrega e ao abandono, os quais são essenciais nas atividades que envolvem de um modo mais pleno as faculdades humanas. A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo. Valéry investigou a realidade dessa questão nas condições da vida moderna: “O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. O nosso ócio interno, todavia, algo muito diferente do lazer cronometrado, está desaparecendo. Estamos perdendo aquela vacuidade benéfica que traz a mente de volta à sua verdadeira liberdade. As demandas, a tensão, a pressa da existência moderna perturbam esse precioso repouso.” O paradoxo é claro. Quanto mais calculamos o benefício de uma hora “gasta” desta ou daquela maneira, mais nos afastamos de tudo aquilo que gostaríamos que ela fosse: um momento de entrega, abandono e plenitude na correnteza da vida. Na amizade e no amor; no trabalho criativo e na busca do saber; no esporte e na fruição 25. do belo − as horas mais felizes de nossas vidas são precisamente aquelas em que perdemos a noção da hora. (Adaptado de Eduardo Giannetti. O valor do amanhã. São Paulo, Cia. das Letras, 2005, p.206-209)
30. O posicionamento crítico adotado pelo autor em relação ao emprego do cálculo econômico sobre a utilização do tempo está em a) O uso racional do tempo seria aquele que maximiza a utilidade de cada hora do dia. b) Diante de cada opção de utilização do tempo, a pessoa delibera e escolhe exatamente aquela que lhe proporciona a melhor relação entre custos e benefícios. c) A atenção consciente à passagem das horas e a preocupação com o seu uso racional estimulam a adoção de uma atitude que nos impede de fazer o melhor uso do tempo. d) Isso poderia sugerir que ele se presta, portanto, à aplicação do cálculo econômico visando o seu melhor proveito. e) O lazer aparente ainda permanece conosco e, de fato, está protegido e propagado por medidas legais e pelo progresso mecânico. 31. O paradoxo a que o autor se refere está corretamente resumido em a) b) c) d) e)
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O tempo despendido na busca de conhecimento é recompensado pelo saber. Os momentos de relaxamento pleno advêm do bom planejamento do uso do tempo. A criatividade confere maior qualidade ao tempo despendido com o trabalho. O controle do uso do tempo compromete o seu aproveitamento prazeroso. As horas de maior prazer são aquelas empregadas em atividades bem planejadas.
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O romance policial, descendente do extinto romance gótico, conserva características significativas do gênero precursor: a popularidade imensa e os meios para obtê-la. “Romances policiais”, reza um anúncio do editor de Edgar Wallace, “são lidos por homens e mulheres de todas as classes; porque não há nada que seja tão interessante como a explicação de um crime misterioso. Não há nada que contribua com eciência maior para diverr os espíritos preocupados”. Os criminosos e detetives dos romances policiais servem-se dos instrumentos requintados da tecnologia moderna para cometer e revelar horrores: sociedades anônimas do crime, laboratórios científicos transformados em câmaras de tortura. Os leitores contemporâneos acreditam firmemente na onipotência das ciências naturais e da tecnologia para resolver todos os problemas e criar um mundo melhor; ao mesmo tempo, devoram romances nos quais os mesmíssimos instrumentos físicos e químicos servem para cometer os crimes mais abomináveis. Leitores de romances policiais não são exigentes. Apenas exigem imperiosamente um final feliz: depois da descoberta do assassino, as núpcias entre a datilógrafa do escritório dos criminosos e o diretor do banco visado por eles, ou então a união matrimonial entre o detetive competente e a bela pecadora arrependida. Não adianta condenar os romances policiais porque lhes falta o valor literário. Eles são expressões legítimas da alma coletiva, embora não literárias, e sim apenas livrescas de desejos coletivos de evasão. (Adaptado de Otto Maria Carpeaux. Ensaios reunidos 1942-1978. Rio de Janeiro: UniverCidade e TopBooks, v.1, 1999. P. 488-90)
32. O leitor de romances policiais, tal como caracterizado no texto, a) b) c) d) e)
pertence a determinada classe social e despreza a técnica literária. é difícil de satisfazer e descrente da moral contemporânea. confia na soberania da ciência e é condescendente com enredos inverossímeis. é leigo em tecnologia e demonstra alto grau de erudição. usa a leitura como fonte de entretenimento e prescinde de finais felizes.
Um dos mitos narrados por Ovídio nas Metamorfoses conta a história de Aglauros. A jovem é irmã de Hersé, cuja beleza extraordinária desperta o desejo do deus Hermes. Apaixonado, o deus pede a Aglauros que interceda junto a Hersé e favoreça os seus amores por ela; Aglauros concorda, mas exige em troca um punhado de moedas de ouro. Isso irritou Palas Atena, que já detestava a jovem porque esta a espionara em outra ocasião. Não admitia que a mortal fosse recompensada por outro deus; decide vingar-se, e a vingança é terrível: Palas Atena vai à morada da Inveja e ordena-lhe que vá infectar a jovem Aglauros. A descrição da Inveja feita por Ovídio merece ser relembrada, pois serviu de modelo a todos os que falaram desse sentimento: “A Inveja habita o fundo de um vale onde jamais se vê o sol. Nenhum vento o atravessa; ali reinam a tristeza e o frio, jamais se acende o fogo, há sempre trevas espessas. A palidez cobre o seu rosto e o olhar não se fixa em parte alguma. Ela ignora o sorriso, salvo aquele que é excitado pela visão da dor alheia. Assiste com despeito aos sucessos dos homens, e este espetáculo a corrói; ao dilacerar os outros, ela se dilacera a si mesma, e este é seu suplício”. (Adaptado de Renato Mezan. “A inveja”. Os sentidos da paixão. São Paulo: Funarte e Cia. Das Letras, 1987. P.124-25) www.acasadoconcurseiro.com.br
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33. Atente para as afirmações abaixo. I − O autor sugere que se rememore a descrição da Inveja feita por Ovídio com base no fato
de que antes dele nenhum autor de tamanha magnitude havia descrito esse sentimento de maneira inteligível. II − A importância do mito de Aglauros deriva do fato de que, a partir dele, se explica de
maneira coerente e lógica a origem de um dos males da personalidade humana. III − Ao personificar a Inveja, Ovídio a descreve como alguém acometido por ressentimentos e
condenado à infelicidade, na medida em que não tolera a alegria de outrem. Está correto o que se afirma APENAS em a) b) c) d) e)
I e II. I e III. II e III. I. III.
Numa dessas anotações que certamente contribuíram para lhe dar a reputação de grande fotógrafo da existência humana em sua época, Stendhal observou que a Igreja Católica aprendeu bem depressa que o seu pior inimigo eram os livros. Não os reis, as guerras religiosas ou a competição com outras religiões; isso tudo podia atrapalhar, claro, mas o que realmente criava problemas sérios eram os livros. Neles as pessoas ficavam sabendo coisas que não sabiam, porque os padres não lhes contavam, e descobriam que podiam pensar por conta própria, em vez de aceitar que os padres pensassem por elas. Abria-se para os indivíduos, nesse mesmo movimento, a possibilidade de discordar. Para quem manda, não pode haver coisa pior − como ficou comprovado no –aso da Igreja, que foi perdendo sua força material sobre países e povos, e no caso de todas as ditaduras, de ontem, de hoje e de amanhã. Stendhal estava falando, na sua França de 200 anos atrás, de algo que viria a evoluir, crescer e acabar recebendo o nome de “opinião pública”. Os livro“ ou, mais exata”ente, a possibilidade de reproduzir de forma ilimitada palavras e ideias foram a sua pedra fundamental. (J.R.Guzzo. Veja, 3 de agosto de 2011, p. 142) Stendhal “_escritor francês (1783-1842) que valorizava o perfil psicológico das personagens.
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34. Segundo o texto, a) a livre e ampla divulgação do conhecimento resulta naquilo que se entende por “opinião pública”, reflexo “o acesso à info”mação e do desenvolvimento do espírito crítico. b) Stendhal foi o criador do termo “opinião pública”, para se “eferir à atuaçã” da Igreja Católica na França quanto ao controle da divulgação do conhecimento, o que em sua época era feito pelos padres. c) a grande força da Igreja Católica, em todos os tempos e lugares, se deve à educação esmerada recebida pelos padres, única fonte do conhecimento transmitido aos fiéis. d) a competição pelo poder é marcada, há alguns séculos, pela oposição entre valores políticos, relativos aos reis, e religiosos, especialmente quanto à atuação da Igreja Católica em todo o mundo. e) escritores de todas as épocas, como Stendhal, aprofundaram-se na discussão de problemas da sociedade de seu tempo e, por consequência, voltaram-se para a análise do poder que a Igreja sempre manteve sobre os governantes. 35. Leia este texto, divulgado pela internet.
Disponível: : HTTP://img149.imageshack.us/i/diamanteafroms8.jpg/Acesso em 30 jun 2009
A respeito dessa paródia do rótulo de um chocolate conhecido, assinale a afirmativa correta. a) b) c) d) e)
O jogo de palavras desse texto aponta para uma censura à sociedade de consumo. No texto, expõe-se uma crítica à linguagem publicitária, marcada pelo jogo persuasivo. A imagem é uma metáfora usada para identificar um tipo especial de barra de chocolate. O texto é um desrespeito à população afrodescendente. No texto, há uma crítica alusiva à atual preocupação com o uso de termos politicamente corretos.
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36. Na piada acima, o efeito de humor a) deve-se, principalmente, à situação constrangedora em que ficou um dos amigos quando a mulher o cumprimentou. b) constrói-se pela resposta inesperada de um dos amigos, revelando que não havia entendido o teor da pergunta do outro. c) é provocado pela associação entre uma mulher e minha esposa, sugerindo ilegítimo relacionamento amoroso. d) firma-se no aproveitamento de distintos sentidos de uma mesma expressão linguística, devo muito. e) é produzido prioritariamente pela pergunta do amigo, em que se nota o emprego malicioso da expressão sua protetora. 37. É legítima a afirmação de que, na piada, a) ouve-se exclusivamente a voz de personagens, exclusividade que é condição desse tipo de produção humorística. b) TTsença efetiva de um narrador, expediente típico desse tipo de texto. c) as falas das personagens constituem recurso para a defesa de um ponto de vista, sinal da natureza dissertativa desse específico texto. d) os elementos caracterizadores da mulher, dados na descrição, são contrastados com a sua profissão. e) ocorre uma inadequação, dadas as normas da narrativa: a introdução à fala da primeira personagem está no próprio trecho em que se compõe a cena introdutória.
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Disponível em:. Acesso em: 05 mar. 2012.
38. A relação entre o conjunto da charge e a frase “Brasil tem 25 milhões de telefones celulares” fica clara porque a imagem e a fala do personagem sugerem o(a) a) b) c) d) e)
sentimento de vigilância permanente aperfeiçoamento dos aparelhos celulares inadequação do uso do telefone popularização do acesso à telefonia móvel facilidade de comunicação entre as pessoas
39. No texto, a frase do personagem produz o humor porque dá um sentido surpreendente para a palavra trânsito. O emprego da palavra trânsito é surpreendente nesse contexto porque a charge a) b) c) d) e)
não mostra vias públicas. não revela outros condutores. não sugere fluxo de automóveis. não envolve veículos particulares. não apresenta proprietários de carros.
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Leia os textos com atenção. As questões de número 40 a 42 referem-se a eles. Texto I
Xilogravura “A Grande Onda de Kanagawa”, de Katsushika Hokusai (1760-1849)
Texto II
Charge de João Montanaro, publicada na Folha de S.Paulo, 12/03/2011, um dia depois da tragédia que assolou o Japão.
40. Sobre as relações entre os textos I e II, não é possível afirmar que a) para que haja produção de sentido quando da leitura do texto II, faz-se necessário o (re) conhecimento do texto I. b) o deslocamento da xilogravura de Hokusai, o que se dá pela associação a novos elementos, produz efeito de tragicidade. c) a leitura do texto II pressupõe um rico repertório de leituras, tanto da xilogravura quanto de fatos recentes no noticiário internacional. d) há, no texto II, reprodução do estilo do autor do texto I, o que confere à charge menor intensidade emocional.
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41. O movimento realizado pelo leitor no processo de (re)produção do diálogo entre a charge de Montanaro e a xilogravura de Hokusai se confirma, exceto pelo acréscimo de informações inusitadas sobre o texto I. a) b) c) d)
pelo acréscimo de informações inusitadas sobre o texto I. pela supressão de elementos significativos na composição do texto I. pela substituição de elementos triviais por fundamentais. pela transposição de conhecimentos não pertencentes à xilografura.
42. Quanto à produção dos textos I e II, só não é possível afirmar que a) são diferentes manifestações textuais, pois sua forma de estruturação e de circulação é distinta. b) sua compreensão depende da primazia dada à produção individual relativamente ao caráter social dos textos. c) são práticas sociocomunicativas que atendem a intencionalidades diferentes: efeito estético e denúncia. d) sua leitura é orientada por competências do leitor, por exemplo, a de discernir a composição dos textos.
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43. No Texto II, a mãe identifica no discurso do menino a) b) c) d) e)
contradição crueldade tristeza generosidade acerto
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44. O fragmento do Texto II que NÃO apresenta linguagem informal é: a) b) c) d) e)
“Mãe, o que é esse tal de efeito estufa?” “Dizem que os poluentes que lançamos no ar irão reter o calor do sol” “Claro que você já vai ter batido as botas” “Que belo planeta vocês estão deixando para mim, hein?” “Ei, não me falaram nada sobre as calotas polares, tá?”
Fico impressionada com os comentários maldosos contra o cartunista João Montanaro. Ao ver a charge, não a li como uma sátira. Meus olhos apenas a receberam como uma realidade. Quem imaginaria que a xilogravura do artista Hokusai serviria de base para reforçar uma tragédia que ocorreu no Japão? Que me conste, estamos no ano 2011 e a liberdade de expressão é direito de qualquer ser humano. João Montanaro apenas retratou o que acontece hoje no mundo em que vivemos, e nós, habitantes deste planeta, somos os responsáveis pelas tragédias que ocorrem e ocorrerão. (Maria Rita Marinho, gerente da Secretaria Geral de Fundação Bienal, São Paulo, SP)
45. Marque (V) para Verdadeiro ou (F) para Falso diante de cada afirmativa sobre o texto. ( ) O texto é carregado de elementos que desnudam o grau de estupefação de seu enunciador, como se vê pelo uso de “impressionada” . ( ) O autor se revela estrategicamente em intensa carga significativa, por exemplo por meio da repetição do vocábulo “tragédias”. ( ) O uso da metonímia presente em “meus olhos” promove a coesão com a frase anterior, onde está presente o verbo “ver”. ( ) A palavra ‘apenas’, no primeiro parágrafo, promove sentido diferente daquele presente no último – somente e unicamente, respectivamente. Assinale a sequência CORRETA, de cima para baixo. a) b) c) d)
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F; F; F; V. F; V; F; V. V; V; V; F. V; F; V; F.
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Science con O marciano encontrou-me na rua e teve medo de minha impossibilidade humana. Como pode existir, pensou consigo, um ser que no existir põe tamanha anulação de existência? Afastou-se o marciano, e persegui-o. Precisava dele como de um testemunho. Mas, recusando o colóquio, desintegrou-se no ar constelado de problemas. E fiquei só em mim, de mim ausente. ANDRADE, Carlos Drummond de. Science fiction. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1988, p. 330-331.
46. De acordo com a primeira estrofe do poema, o medo do marciano origina-se no fato de que a) b) c) d) e)
a aparência do homem em conflito consigo mesmo o apavora. as contradições existenciais do homem não lhe fazem sentido. o homem tinha atitudes de ameaça ao marciano. o homem e o marciano não teriam chance de travar qualquer tipo de interação. o encontro na rua foi casual, tendo o marciano se assustado com a aparência física do homem.
47. Já no título do texto (ficção científica, em português), anuncia-se a possibilidade de utilizar termos correlatos a “espaço sideral”. É o que ocorre logo na 1a linha, comªo uso da palavra marciano. Outra palavra, empregada no texto, que apresenta relação com esse mesmo campo de significação, é a) b) c) d) e)
impossibilidade (v. 2) anulação (v. 4) testemunho (v. 6) colóquio (v. 7) constelado (v. 8)
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Asa Branca Quando olhei a terra ardendo Qual a fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai Por que tamanha judiação Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Até mesmo a asa branca Bateu asas do sertão Então eu disse, adeus, Rosinha Guarda contigo meu coração Hoje longe, muitas léguas Numa triste solidão Espero a chuva cair de novo Pra mim voltar pro meu sertão Quando o verde dos teus olhos Se espalhar na plantação Eu te asseguro não chore não, viu Que eu voltarei, viu, meu coração GONZAGA, Luiz; TEIXEIRA, Humberto. Asa Branca. Intérprete: Luiz Gonzaga. In: O canto jovem de Luiz Gonzaga [S.L.]: RCA, p.1971. Faixa 6. Adaptado.
48. No texto, a asa branca é uma pomba que simboliza a partida do personagem que canta. Essa partida é sentida por esse personagem como um(a) a) b) c) d) e)
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sofrimento, pois ele perdeu muitas coisas e está deixando seu amor. alívio, pois ele não quer encontrar mais Rosinha. alegria, pois ele está esperando a chuva cair. alegria, pois ele irá para longe. felicidade, pois ele está deixando a terra para ficar sozinho.
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Tempo de Escolher “Um homem não é grande pelo que faz, mas pelo que renuncia.”
(Albert Schweitzer) Muitos amigos leitores têm solicitado minha opinião acerca de qual rumo dar às suas carreiras. Alguns apreciam seu trabalho, mas não a empresa onde estão. Outros admiram a estabilidade conquistada, mas não têm qualquer prazer no exercício de suas funções. Uns recebem propostas para mudar de emprego, financeiramente desfavoráveis, porém, desafiadoras. Outros têm diante de si um vasto leque de opções, muitas coisas para fazer, mas não conseguem abraçar tudo. Todas estas pessoas têm algo em comum: a necessidade premente de fazer escolhas. Lembro-me de Clarice Lispector: “Entre o ‘sim’ e o ‘não’, só existe um caminho: escolher.”
Acredito que quase todas as pessoas passam ao longo de sua trajetória pelo “dilema da virada”. Um momento especial em que uma decisão clara, específica e irrevogável tem que ser tomada simplesmente porque a vida não pode continuar como está. Algumas pessoas passam por isso aos 15 anos, outras, aos 50. Algumas talvez nunca tomem esta decisão, e outras o façam várias vezes no decorrer de sua existência. Fazer escolhas implica renunciar a alguns desejos para viabilizar outros. Você troca segurança por desafio, dinheiro por satisfação, o pouco certo pelo muito duvidoso. Assim, uma companhia que oferece estabilidade com apatia pode dar lugar a outra dotada de instabilidade com ousadia. Analogamente, a aventura de uma vida de solteiro pode ceder espaço ao conforto de um casamento.
Prazer e Vocação Os anos ensinaram-me algumas lições. A primeira delas vem de Leonardo da Vinci, que dizia que “A sabedoria da vida não está em fazer aquilo que se gosta, mas em gostar daquilo que se faz” . Sempre imaginei que fosse o contrário, porém, reendo, passei a compreender que quando esmamos aquilo que fazemos, podemos nos senr completos, sasfeitos e plenos, ao passo que se apenas procurarmos fazer o que gostamos, estaremos sempre numa busca insaciável, porque o que gostamos hoje não será o mesmo que prezaremos amanhã. Todavia, é indiscutivelmente importante aliar prazer às nossas aptidões; encontrar o talento que reside dentro de cada um de nós, ao que chamamos de vocação. Oriunda do latim vocatione e traduzida literalmente por “chamado”, simboliza uma espécie de predestinação imanente a cada pessoa, algo revestido de certa magia e divindade.(...) Escolhas são feitas com base em nossas preferências. E aí recorro novamente à etimologia das palavras para descobrir que o verbo preferir vem do latim praeferere e significa “levar à frente”. Parece-me uma indicação clara de que nossas escolhas devem ser feitas com os olhos no futuro, no uso de nosso livre arbítrio.
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O mundo corporativo nos guarda muitas armadilhas. Trocar de empresa ou de atribuição, por exemplo, são convites permanentes. O problema de recusá-los é passar o resto da vida se perguntando “O que teria acontecido se eu tivesse aceitado?” . Prefiro não carregar comigo o benefício desta dúvida, por isso opto por assumir riscos evidentemente calculados e seguir adiante. Dizem que somos livres para escolher, porém, prisioneiros das consequências [...] Dialogar e apresentar propostas são um bom caminho. De nada adianta assumir uma postura meramente defensiva e crítica. Lembre-se de que as pessoas não estão contra você, mas a favor delas. Por fim, combata a mediocridade em todas as suas vertentes. A mediocridade de trabalhos desconectados com sua vocação, de empresas que não valorizam funcionários, de relacionamentos falidos. Sob este aspecto, como diria Tolstoi, “Não se pode ser bom pela metade” . Meias-palavras, meias-verdades, meias-mentiras, meio caminho para o m. Os gregos não escreviam obituários. Quando um homem morria, faziam uma pergunta: “Ele viveu com paixão?” . QUAL SERIA A RESPOSTA PARA VOCÊ?COELHO, Tom. Disponível em: . Acesso em: 07 mai. 2008.(adaptado)
49. Quanto ao tipo, o texto classifica-se predominantemente, como a) b) c) d) e)
expositivo. injuntivo. descritivo. narrativo. argumentativo.
Rio Grande do Norte: a esquina do connente Os portugueses tentaram iniciar a colonização em 1535, mas os índios potiguares resistiram e os franceses invadiram. A ocupação portuguesa só se efetivou no final do século, com a fundação do Forte dos Reis Magos e da Vila de Natal. O clima pouco favorável ao cultivo da cana levou a atividade econômica para a pecuária. O Estado tornou-se centro de criação de gado para abastecer os Estados vizinhos e começou a ganhar importância a extração do sal – hoje, o Rio Grande do Norte responde por 95% de todo o sal extraído no país. O petróleo é outra fonte de recursos: é o maior produtor nacional de petróleo em terra e o segundo no mar. Os 410 quilômetros de praias garantem um lugar especial para o turismo na economia estadual. O litoral oriental compõe o Polo Costa das Dunas − com belas –raias, falésias, dunas e o maior cajueiro do mundo –, do qual faz parte a capital, Natal. O Polo Costa Branca, no oeste do Estado, é caracterizado pelo contraste: de um lado, a caatinga; do outro, o mar, com dunas, falésias e quilômetros de praias pracamente desertas. A região é grande produtora de sal, petróleo e frutas; abriga síos arqueológicos e até um vulcão exnto, o Pico do Cabugi, em Angicos. Mossoró é a segunda cidade mais importante. Além da rica história, é conhecida por suas águas termais, pelo artesanato reunido no mercado São João e pelas salinas.
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Banrisul - Interpretação de Texto - Profª Maria Tereza Faria
Caicó, Currais Novos e Açari compõem o chamado Polo do Seridó, dominado pela caatinga e com sítios arqueológicos importantes, serras majestosas e cavernas misteriosas. Em Caicó há vários açudes e formações rochosas naturais que desafiam a imaginação do homem. O turismo de aventura encontra seu espaço no Polo Serrano, cujo clima ameno e geografia formada por montanhas e grutas atraem os adeptos do ecoturismo. Outro polo atraente é Agreste/Trairi, com sua sucessão de serras, rochas e lajedos nos 13 municípios que compõem a região. Em Santa Cruz, a subida ao Monte Carmelo desvenda toda a beleza do sertão potiguar – em breve, o local vai abrigar um complexo voltado principalmente para o turismo religioso. A vaquejada e o Arraiá do Lampião são as grandes atrações de Tangará, que oferece ainda um belíssimo panorama no Açude do Trairi. (Nordeste. 30/10/2010, Encarte no jornal O Estado de S. Paulo).
50. O texto se estrutura notadamente a) com o objetivo de esclarecer alguns aspectos cronológicos do processo histórico de formação do Estado e de suas bases econômicas, desde a época da colonização. b) como uma crônica baseada em aspectos históricos, em que se apresentam tópicos que salientam as formações geográficas do Estado. c) de maneira dissertativa, em que se discutem as várias divisões regionais do Estado com a finalidade de comprovar qual delas se apresenta como a mais bela. d) sob forma narrativa, de início, e descritiva, a seguir, visando a despertar interesse turístico para as atrações que o Estado oferece. e) de forma instrucional, como orientação a eventuais viajantes que se disponham a conhecer a região, apresentando-lhes uma ordem preferencial de visitação. 51. O trecho “Há 15 dias, uma educadora no Recife, Niedja Santos, indagou a um grupo de estudantes quais os meios de comunicação que eles conheciam. Nenhum citou cartões postais.” classifica-se como do tipo textual narrativo PORQUE a narração se caracteriza pela apresentação de um evento marcado temporalmente, com a participação dos personagens envolvidos. Analisando-se as afirmações acima, conclui-se que a) b) c) d) e)
as duas afirmações são verdadeiras e a segunda justifica a primeira. as duas afirmações são verdadeiras e a segunda não justifica a primeira. a primeira afirmação é verdadeira e a segunda é falsa. a primeira afirmação é falsa e a segunda é verdadeira. as duas afirmações são falsas.
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