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S e v e r i n o
P e d r o
A Batalha Final
REIS BOOK DIGITAL
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A Batalha Final
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Todos os direitos reservados. Copyright © 2004 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Con selho de Doutrina.
Preparação dos originais: Kleber Cruz Revisão: Daniele Pereira e Evandro Teixeira Capa e projeto gráfico: gráfico: Eduardo Souza Editoração: Leonardo Marinho
CDD: 236 - Escatologia ISBN: 85-263-0648-0
As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995 da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.
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Caixa Postal P ostal 331 331 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil Ia edição/2004 2aEd ição200 ição 2004 4
P refácio
A palavra "Ar " Arm m agedo age dom" m" sempre despertou interesse interesse ao povo de Deus. Deus. Mas agora, quando entramos no terceiro milênio da his tória tória do cristianismo, cristianism o, ela parece estar presente prese nte em quase qu ase todos os assuntos relacionados ao futuro. Tal expressão é tomada da Bí blia para descrever a grande batalha entre o Anticristo e suas hostes e Cristo e seus exércitos celestiais, no fim da presente era. Geograficamente, "Arm "A rmage agedom dom"" traz em si si o sentido sentido da gran de planície de Asdraelom, que se estende do Jordão ao Mediterrâ neo; profeticamente, porém, é tomado para representar a vitória de Cristo ali naquele vale. Recomendo a todos este livro. Arma Ar mage ge-dom: A Batalha Final, escrito pelo pastor Severino Pedro da Silva, pode ser considerado um verdadeiro bestseller escatológico, escatológico, e que trará edificação espiritual a todos nós na atual dispensação.
Jo J o s é W e llin ll in g to ton n B e z e r ra d a C o s ta Presidente da CGADB
S umário
...................................................... .................................. ....................................... ............................ ........ 5 Prefácio ....................................... 1. O Campo de Batalha Terá o Formato de uma Cruz ................ 9 2. Quando se Pensou no Armagedom..........................................29 3. Os Quatro Impérios Mundiais.................................. ................................................... ................. 39 4. O Marco do Calendário Profético para Israel ....................... 87 5. O A nticristo ntic risto .................................. ..................................................... .................................... ............................... .............. 97 6. A Grande Tribu Tr ibulação lação .............................. ............................................... .................................. .................... ... 117 117 7. A Destruição das Bases do Anticristo.....................................143 8. Um Refúgio Refú gio Prepar Pr eparado ado por Deus ......... .............. .......... ......... ......... .......... .......... ......... ..... 153 9. A Proclamação do Senhorio de Cristo ................................... 163 10. A União União Eu E u rop ro p éia ..................................................................... 191 11. A Carnifici Carnificina na do Ar Arm m agedo age dom m .................................. ................................................ .............. 207 12. Panoram Pan oramaa G e r a l ......... .............. .......... .......... .......... ......... ......... .......... .......... .......... .......... .......... ......... ......... ......219 .219 ...................................................... .................................. .................................. ..................... 239 Bibliografia ...................................
Capítulo 1
O CAMPO DE BATALHA TERÁ O FORMATO DE UMA CRUZ
1. A Posição G eográfica eog ráfica onde se Dará a Batalha Batalha
Geograficamente, o campo de batalha que será ocupado por Cristo e seus exércitos "naquele grande dia do Deus Todo-poderoso" terá "o formato de uma cruz". Ele não somente se refere à famosa planície de Armagedom, Armaged om, mas compreenderá com preenderá toda a parte sul da Terra Santa, atingindo as antigas fronteiras de Edom e se estendendo até o monte Siriom no extremo norte. Esta extensão representa a parte vertical da cruz. Uma linha reta iniciada em Haifa, cidade portuária do Mediterrâneo, cruzando o vale de Jez Je z re reel el prop pr opri riam amen ente te dito dit o e pass pa ssan ando do do lado la do sul su l do m ar da Galiléia — e daí seguindo para o território da Jordânia, num pa ralelo imaginário do rio Jarmuque, ocupando o antigo território de Decápolis, que nos tempos remotos quando Israel entrou em Canaã era ocupado pela terra de Gileade, do outro lado do Jordão, o que indica a parte transversal transversa l da cruz. cruz. Ao que parece, segundo nos é revelado nas Escrituras, a última grande batalha do grande dia do Deus Todo-poderoso se estenderá para além de Armage dom, ou vale de Megido.
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Arm agedom parece ser apenas o local em que as tropas Armagedom tropas se reu nirão vindas dos diversos cantos da terra, e de lá a batalha se alas trará por toda a Palestina. Palestina. O profeta Joel fala dessa grande batalha se estendendo até o vale de Josafá, que fica próximo de Jerusalém, e Isaías Isaías mostra o Senhor Jesus vindo com as vestimentas vestimentas mancha mancha das de sangue "de Edom", que fica ao sul da Palestina. Então a batalha de Armagedom se estenderá desde o vale de Megido, no norte e oeste da Palestina, através do vale de Josafá, próximo de Jerus Jer usalé além, m, até Edom Edo m no extrem extr emoo sul da Palestina Pale stina.. Mais precisa pre cisa mente, esta batalha se iniciará no extremo e xtremo sul e depois seguirá com grande mortandade para o extremo norte da Terra Santa. 2. A Arregimentação das Hostes para o Combate
Em Apocalipse 19.11-16, observamos a arregimentação dos exércitos celestiais sob o comando de Cristo para o sombrio com bate. João o descreve da seguinte forma: "E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro Verdadeiro e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama cham a de fogo; fogo; e sobre a sua cabeça havia hav ia muitos diademas; e tinha um nome escrito que ninguém sabia, senão ele mesmo. E estava vestido de uma veste salpicada de sangue, e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus. E seguiam-no os exércitos que há no céu em cavalos brancos e vestidos de linho fino, bran co e puro. E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do do Deus Todo-poderoTod o-poderoso. E na veste e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis e Senhor dos senhores". Vários pontos que aqui estão em foco de vem ser analisados, para identificação daquele que cavalga um cavalo branco. Ia Um cavalo branco e seu cavaleiro. Não devemos confun dir o cavaleiro que aqui está em foco com aquele que se encontra mencionado no capítulo 6 de Apocalipse, Apocalipse, por várias razões: razões:
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• Ali, apenas "um cavalo branco"; aqui, muitos cavalos bran cos; • Ali, o cavaleiro é citado solitário em sua missão; aqui, o cavaleiro é seguido de um poderoso exército; • Ali, a arma do cavaleiro é um arco; aqui, é uma espada afiada; • Ali, ele recebeu uma coroa; aqui, o cavaleiro tem muitos diademas; • Ali, o cavaleiro é visto na terra; aqui, o cavaleiro é visto no céu; • Ali, o cavaleiro é anônimo; aqui, o cavaleiro tem vários no mes; • Ali, o cavaleiro saiu vitorioso e para vencer; aqui, o cava leiro é vitorioso em sua totalidade. Evidentemente, fica claro que o cavaleiro do capítulo 6 refere-se ao Anticristo, procurando com o manto que usa implantar sua falsa paz no mundo, enquanto o cavaleiro do capítulo 19 refere-se a Cristo, que "cavalga prospe ramente, pela causa da verdade, da mansidão e da justiça". 2a Tinha um nome misterioso. Neste trecho são mencionados vários nomes de Cristo: • Chama-se Fiel e Verdadeiro; • Tinha um nome escrito que ninguém sabia ler; • Chama-se a Palavra de Deus; • Rei dos reis e Senhor dos senhores. Entre estes nomes, o que mais chama a nossa atenção é seu nome misterioso. Este nome de Cristo não é conhecido pela ima ginação humana. Boca alguma (com exceção da boca de Deus e do Espírito Santo) jamais o pronunciou! Talvez seja ele o novo nome que sua noiva receberá por ocasião de suas bodas na recâmara celestial. 32 Os seus olhos eram como chamas de fogo. O mesmo é dito a respeito de Cristo em Apocalipse 1.14. Estes olhos como cha mas de fogo falam da onisciência de Cristo, ou seja, do seu saber. Contudo, há outras passagens nas Escrituras que falam da sua
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onipresença e da sua onipotência. Estes atributos naturais e ou tros, que são estudados em Teodicéia, ou Teologia Natural, gi ram em torno da onipotência divina. Ninguém pode saber tudo, se não possuir todo o poder. De igual modo, ninguém pode estar presente em todos os lugares, se não possuir todo o poder. Mas em Cristo habitam todos estes atributos. NEle habita toda a ple nitude da divindade (Cl 1.19). 4a Sobre a sua cabeça havia muitos diademas. Estes diademas falam de todas as vitórias de Cristo, mas especialmente de sua dignidade real. Cristo é o Rei de Salem, que "julga e peleja com justiça". Seus exércitos são compostos dos anjos e dos santos que foram arrebatados. Eles apenas virão em sua companhia para honrá-lo e adorá-lo! Não será preciso que suas hostes lutem nes ta peleja sombria, que vai além da imaginação humana. Cristo fará a batalha sozinho, como sozinho consumou a obra da reden ção. E, aqui, Ele pode dizer: "Eu sozinho pisei no lagar" (Is 63.3). Toda a força inimiga será derribada por terra e para cada vitória que a Ele for atribuída, será recebido um diadema real como si nal de autoridade suprema. 5- Estava vestido com uma veste salpicada de sangue. Aqui não está em foco o sangue do Cordeiro que fora vertido na cruz. Não é o dia da salvação que está tendo lugar aqui nesta seção; ele se refere ao sangue dos inimigos de Cristo, no dia da vingança. Isto é respondido pelo próprio Cristo a uma pergunta feita por um ser que não é identificado ao guerreiro vingador (Deus?), que diz: "Por que está vermelha a tua vestidura? E as tuas vestes, como as daquele que pisa uvas no lagar? Eu sozinho pisei no lagar, e dos povos ninguém se achava comigo; e os pisei na mi nha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura" (Is 63.2,3, ên fase do autor). 6a Ele mesmo é o que pisa o lagar. A primeira ação de Cristo nesta conquista é o aniquilamento do Anticristo, com seu falso
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profeta e seus seguidores. Depois, Ele se voltará para o grande dragão vermelho, o inimigo de Deus e dos homens, e ordenará a um anjo de grande poder (Miguel?) que efetue sua prisão e o lance no abismo. Finalmente, Cristo aniquilará todo o império, toda potestade e força. Todo passo aqui narrado fala da vitória de Cristo quando voltar à terra, com poder e grande glória, para destruir seus inimigos no Armagedom. Ali o lagar será pisado e o sangue de seus inimigos manchará suas vestiduras. 7 Da sua boca saía uma aguda espada. Esta espada que sai
da boca de Cristo é a Palavra de Deus. Em suas figuras e mani festações, esta palavra é: • Espelho — poder revelador (Tg 1.23-25); • Semente — poder gerador, vida, etc. (Lc 8.11; jo 15.3; Tg 1.18); • Agua — poder purificador (Jo 15.3; Ef 5.26); • Lâmpada — poder iluminador (SI 119.105; 2 Pe 1.19); • Martelo — poder esmiuçador e construtor (Jr 23.29); • Ouro e vestimentas — poder enriquecedor e ornamentador (SI 19.10; Ap 3.17); • Leite, carne, pão e mel — poder alimentador e nutritivo (Jr 15.16; Mt 4.4; 1 Pe 2.2); • Vida — as palavras da vida — que conduzem à salvação (Jo 5.24; 17.17); • E finalmente, poder para a batalha. Na armadura divina que é usada pelo soldado da fé, a espada do Espírito é a Palavra de Deus (Ef 6.16; Ffb 4.12; Ap 2.16; 19.15). O "assopro da sua boca" se transformará em golpes mortais que aniquilarão o Anticristo e suas hostes no dia da peleja e da guerra. 3. Mil e Seiscentos Estádios O livro de Apocalipse mostra-nos um manto de sangue co brindo toda a extensão da Terra Santa. Também nos é dito que haverá uma grande mortandade ali naquele vale, dizendo: "... o lagar foi pisado fora da cidade [Jerusalém], e saiu sangue do la gar até aos freios dos cavalos, pelo espaço de mil e seiscentos estádios" (Ap 14.20). Alguns comentaristas vêem este mar de san-
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gue se estendendo e cobrindo toda a Palestina, pois 1600 está dios cobrem toda a extensão da Terra Santa, visto que se trata de medida de extensão e não de área. Na versão The New American Bible (A Nova Bíblia Americana, ed. 1988), esta frase é traduzida por 200 milhas (two hundred miles) — o que corresponde a cerca de 320 quilômetros. Um estádio era uma medida grega equiva lente ao comprimento da pista do estádio de Olímpia, centro de competições atléticas — igual a 185 metros. Jerusalém, sem dúvida, será o centro de interesse durante a batalha do Armagedom, pois a Palavra de Deus diz: "... ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém" (Zc 14.2). Deve mos ter em mente que os juízos de Deus executados no Apoca lipse mostram-nos a grande extensão deste conflito. A besta que saiu do mar procurou estender o seu poder no mar e na terra. Ao sair do mar, ela mostrou seu poderio sobre as nações gentílicas do mundo, que foram enganadas política e religiosamente, atra vés de astúcias e falsas promessas por ela utilizadas, inspirada pelo grande dragão vermelho. Após uma de suas cabeças ser cu rada de uma chaga mortal, ela maravilha toda a terra e passa também a conquistá-la (Ap 13.3). Neste contexto, Israel parece entrar em cena, pois a terra, nesta passagem, simbolicamente, é claro, pode representar a terra de Israel. Com efeito, porém, o poder do Cristo vitorioso será de infinito alcance! Em Apocalipse 10, Cristo é interpretado como sendo o anjo forte, que descia do céu vestido de uma nuvem, que ali está em foco! Ele pôs o seu "... pé direito sobre o mar, e o esquerdo sobre a terra" (v. 2). Com seu pé direito sobre o mar Mediterrâneo (Ocidente) e o esquerdo sobre a terra de Israel (Oriente), a face do anjo volta-se agora para o sul da Terra Santa, onde Cristo iniciará o grande combate na plenitude de seu poder. Ele, assim, mostra sua autoridade sobre o mar (as nações gentílicas) e sobre a terra (Israel). 4. O Senhor Descerá ao Vale ao Amanhecer
O termo 'Vale" encontra-se nas Escrituras com vários senti dos e significações especiais.
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l 2 Com sentido geográfico. Este é, portanto, quase que o sen tido geral. Por exemplo: "vale de Sidim" (Gn 14.10), "vale do Fi lho de Hinom" (Js 15.8), "vale de Soreque" (Jz 16.4), etc. 2 Com sentido especial. O local passou a ter uma significa
ção especial, pelo motivo de ali ter havido uma operação da par te de Deus em favor do seu povo. "Vale de Aijalom" (Js 10.12), "vale do carvalho" (1 Sm 21.9) e, no futuro, "o vale de Acor" (Is 65.10; Os 2.15). 32 Com sentido espiritual. "Vale da sombra da morte" (SI 23.4), "vale de Baca" (SI 84.6). 42 Com sentido profético. "Vale da matança" (Jr 19. 6), "vale de ossos secos" (Ez 37.1), "vale dos que passam ao oriente do mar" (Ez 39.11), "vale da multidão" (Ez 39.15), "vale de Josafá" (Jo 3.12), "vale da decisão" (Jo 3.14), "vale de Sitim" (Jo 3.18), "vale dos montes" (Zc 14.5), "vale do Filho de Hinom". Este vale, em Josué 15.8 e 2 Reis 23.10 (onde o expressivo "Filho" de Hinom é substituído por "filhos" de Hinom), tem sentido geográfico; mas aqui, no texto em foco, tem sentido profético. O termo "Hinom" é também conhecido como "Geena". Era um vale profundo que ficava a sudoeste de Jerusalém. Ali era depositado o lixo da cida de, onde havia fogo contínuo e um mau cheiro insuportável. Tor nou-se, por esta e outras razões, uma figura do fogo do inferno, "onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga" (Mc 9.44). E finalmente, "vale de Megido" (2 Cr 35.22). Este "vale" deve ser identificado como sendo o mesmo "vale de Megido", em Zacarias 12.11. Ele se refere à grande planície de Armagedom, que se es tende do Jordão ao Mediterrâneo. Ali, o Senhor descerá para sua sombria missão ao "amanhecer do dia" — mas a batalha somen te terminará ao entardecer (Is 13.10; Zc 14.7). Logo, ao romper da aurora (hora local na Terra Santa), Deus ordenará a um anjo de grande poder que intervenha na batalha e este se colocará na parte frontal do sol para que o grande luzeiro de Deus — à semelhança do dia de Josué na batalha de Gibeão — não apresente seu brilho
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total e não se apresse a pôr-se, dificultando assim a ação de seus inimigos (cf. Ap 19.17). Simultaneamente, Cristo, como um relâmpago, descerá so bre o monte das Oliveiras e tocará com seus pés o monte, que se partirá, impelido por uma força sobrenatural produzida pelo su premo poder do Filho de Deus. Tal acontecimento deixará atôni to e em estado de choque a todos os inimigos de Cristo, pois os mesmos encontram-se concentrados em pontos estratégicos ao redor da cidade de Jerusalém, incluindo o monte das Oliveiras. Alguns deles, sem dúvida, perecerão nesta expansão do monte. Entretanto, muitos judeus que se encontravam cercados pelas tro pas mortais do Anticristo fugirão pelo "vale" que foi produzido pelas manifestações sobrenaturais da presença do Senhor. Talvez as frases "... fugireis pelo vale dos meus montes (porque o vale dos montes chegará até Azei) e fugireis assim como fugistes do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá... " (Zc 14.5) se apliquem a este sentido. Dali, Cristo se deslocará para o campo de batalha com a rapidez da imaginação, onde chegará numa fração de se gundo à região dos antigos nabateus. Ali, Ele iniciará sua gran de conquista começando pela cidade de Bozra, no sul (Is 63.1). Algumas companhias de soldados pertencentes aos exércitos som brios do Anticristo estarão ocupando esta região e serão por Cristo aniquiladas. João descreve tal acontecimento, dizendo: "E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reunidos, para faze rem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assenta do sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes" (Ap 19.19-21). O chefe supremo destes exércitos (o Anticristo) e a besta que subiu da terra (o falso profeta) ficarão apavorados com a presen-
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ça espantosa do Senhor e fugirão para a planície de Armagedom e ali serão aniquilados por Cristo da mesma maneira. Paulo fa lou também disso profeticamente, ao escrever aos tessalonicenses: "E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda" (cf. 2 Ts 2.8). Consolidada sua vitória na região ocupada outrora por "... Edom e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom", Cris to agora seguirá em direção ao monte Hermom, no extremo nor te da Palestina (SI 29.6). Quando Moisés e os filhos de Israel con quistaram a região norte da Palestina do poder dos amorreus, esta parte foi anexada ao território de Israel. "Daquém do Jordão, no vale defronte de Bete-Peor, na terra de Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, a quem Moisés e os filhos de Israel feriram, havendo eles saído do Egito. E tomaram a sua terra em possessão, como também a terra de Ogue, rei de Basã, dois reis dos amorreus, que estavam daquém do Jordão, da banda do nas cimento do sol; desde Aroer, que está à borda do ribeiro de Arnom, até ao monte Siom, que é Hermom, e toda a campina, daquém do Jordão, da banda do oriente, até ao mar da campina, abaixo de Asdote-Pisga" (Dt 4.46-49). Ogue e Siom foram dois inimigos mortais de Israel no passa do. Ambos foram destruídos por Deus sob o comando de Moisés e de Josué. Durante a Grande Tribulação, outras hordas do mal ali estarão concentradas, com o objetivo de impedir a vitória de Cristo, o Ungido do Senhor. Mas Deus os destruirá como des truiu aqueles que queriam obstruir a passagem do seu povo. Agora, Cristo será o guerreiro vingador e o profeta Isaías descre ve, em termos de grande expectativa, sua trajetória, desde Bozra até ao monte Siom (Hermom) no dia da batalha. Ele se refere a tal acontecimento em duas partes de seu livro, assim: "Chegai-vos, nações, para ouvir; e vós, povos, escutai; ouça a terra, e a sua plenitude, o mundo e tudo quanto produz. Porque a indignação do Senhor está sobre todas as nações, e o seu furor sobre todo o exército delas; ele as destruiu totalmente, entregou-as à matança.
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E os mortos serão arremessados, e do seu corpo subirá o mau cheiro; e com o seu sangue os montes se derreterão. E todo o exér cito dos céus se gastará, e os céus se enrolarão como um livro, e todo o seu exército cairá como cai a folha da vide e como cai o figo da figueira. Porque a minha espada se embriagou nos céus; eis que sobre Edom descerá e sobre o povo do meu anátema, para exercer juízo. A espada do Senhor está cheia de sangue, está cheia da gordura de sangue de cordeiros e de bodes, da gordura dos rins de carneiros; porque o Senhor tem sacrifício em Bozra e gran de matança na terra de Edom. E os unicórnios descerão com eles, e os bezerros, com os touros; e a sua terra beberá sangue até se fartar, e o seu pó de gordura se encherá. Porque será o dia da vingança do Senhor, ano de retribuições, pela luta de Sião" (Is 34.1-8). Mais adiante o profeta descreve novamente a trajetória de Cristo, passando por Edom, onde participa de uma sangrenta batalha. "Quem é este que vem de Edom, de Bozra, com vestes tintas? Este que é glorioso em sua vestidura, que marcha com a sua grande força? Eu, que falo em justiça, poderoso para salvar. Por que está vermelha a tua vestidura? E as tuas vestes, como as daquele que pisa as uvas no largar? Eu sozinho pisei no largar, e dos povos ninguém se achava comigo; e os pisei na minha ira e os esmaguei no meu furor; e o seu sangue salpicou as minhas vestes, e manchei toda a minha vestidura. Porque o dia da vin gança estava no meu coração, e o ano dos meus redimidos é che gado. E olhei, e não havia quem me ajudasse; e espantei-me de não haver quem me sustivesse; pelo que o meu braço me trouxe a salvação, e o meu furor me susteve. E pisei os povos na minha ira e os embriaguei no meu furor; e a sua força derribei por terra" (Is 63.1-6). Nestas passagens, que descrevem a grande carnificina do dia da batalha, vemos que são usados alguns elementos que são descritos por João, em Apocalipse 14.14-20, que mencionam o mesmo acontecimento. A passagem de Cristo por Bozra sugere que o Anticristo havia feito desta antiga fortaleza um ponto de
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apoio ao seu governo sombrio. Bozra tem sido identificada com a moderna Buseireh, localizada no início do vadi Hamayideh, em uma escarpa isolada, cercada por três lados por profundos vales. Fica cerca de 48 quilômetros ao norte de Petra. Bozra, nos tempos antigos, era a mais poderosa fortaleza do norte de Edom e conhecida por seus luxuosos palácios (Am 1.12). Deslocando suas tropas para o norte da Palestina, o Anticristo intentava, acreditamos, desviar o curso do rio Jordão para fora do território de Israel, ou obstruir suas nascentes. Não sabemos com certeza que tipo de interesse levará o Anticristo a deslocar uma parte de seu exército mortal para esta parte norte da Terra Santa. Atualmente, qualquer exército inimigo de Israel que aspi ra a esta região da Palestina está sempre visando a conquista das nascentes do Jordão. Talvez o objetivo deste antagonista de Cris to seja a mesma coisa. O rio Jordão, como todos sabem, nasce de quatro riachos com origem nas cordilheiras do monte Hermom, resultado do degelo dos picos acima. A partir de Banias (antiga Cesaréia de Filipo), segue em direção do mar da Galiléia. Desde sua nascente, que flui desde o cume coberto de neve do monte Hermom até as profundezas do mar Morto, seus desvios e cur vas, num leito de 300 quilômetros de comprimento, cobrem uma distância de somente 100 quilômetros em linha reta. O Jordão Al Urdun (O descendente) merece este nome porque baixa de 1.000 metros de altura no monte Hermom para 430 metros abaixo do nível do mar Morto. Sua largura média é de 30 metros. O Jordão assemelha-se a uma serpente ondulante, transformando aquela distância em cerca de 300 (calcula-se também 325) quilômetros. Portanto, fertilizando assim toda a Terra Santa. Tomar suas nas centes — obstruir ou desviá-las para uma outra direção — seria, então, praticar um genocídio total contra o povo hebreu. Desde a antigüidade, os exércitos inimigos sempre procura vam tomar as fontes das águas que abasteciam as cidades ou povos que se encontravam em combates. Lemos muitas passa gens nas Escrituras a este respeito (Jz 3.28; 7.24; 12.5); o Anticris-
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to, talvez, fomente em si o mesmo intento, procurando assim di ficultar qualquer ação do povo de Deus. Quando Cristo ali che gar haverá manifestações sobrenaturais e o deserto começará a tremer. Toda a região norte da Palestina, que envolve parte de Israel, Síria, Tíbano e o deserto de Cades à distância, sofrerá de vastações de uma grande tempestade (SI 29). Cremos — e as evi dências apontam neste sentido — que a necessidade de Cristo em passar por esta região norte da Terra Santa é, sem dúvida, aniquilar o intento sombrio do Anticristo contra Deus e contra o seu povo através da extinção do rio Jordão ou o desvio de seu curso natural para um outro sentido oposto do atual. 5. O Monte das Oliveiras Será Fendido no Formato de uma Cruz
O monte das Oliveiras está localizado ao leste de Jerusalém, do outro lado do vale de Cedrom. Cerca de 100 metros mais alto do que Jerusalém, do seu cume descobre-se uma magnífica vista da Cidade Velha e um impressionante panorama das colinas da Judéia até o mar Morto e as montanhas de Moabe, ao leste. O monte das Oliveiras é venerado pelos judeus e cristãos. Pelos judeus, por haverem sido sepultados ali, ao pé do monte no ri beiro de Cedrom, os profetas Ageu, Zacarias e Malaquias. Existe também ali o pilar de Absalão, admirado por filhos desobedien tes aos pais e às mães. Nas encostas do monte das Oliveiras en contra-se o maior e o mais antigo cemitério judeu do mundo. Muitos judeus chegam a Jerusalém para ali morrer e serem se pultados perto do vale de Josafá onde, acredita-se, terão lugar a ressurreição e o Juízo Final. Cristãos e muçulmanos comparti lham da mesma crença e seus túmulos estão situados no lado ocidental do vale. Para os cristãos ele está associado aos mais importantes acon tecimentos da vida de Cristo: lá Ele ascendeu aos céus, predisse a destruição de Jerusalém. Para lá costumava ir para meditar e orar e, provavelmente, passava as noites sob as copas das árvores ou
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em cavernas, já que a cidade não era segura para Ele. Um dia, quando nosso Senhor ia para Jerusalém, quando chegou ao mon te das Oliveiras, a multidão "... lançando sobre o jumentinho os seus vestidos, puseram Jesus em cima" e logo que ele viu a cida de "chorou sobre ela". A igreja de Dominus Flevit alegadamente marca o local onde Jesus chorou diante de Jerusalém. Ali tam bém existe uma pedra que, segundo se crê, Jesus pisou a fim de montar melhor no jumentinho. Uma suposta pegada, deixada na pedra, foi preservada em uma igreja cristã, edificada no monte das Oliveiras em 375 d.C. Esse santuário fora destruído, mas de pois os cruzados restauraram-no. Um santuário islâmico, cha mado Inbomon, também foi construído naquela área. O monte das Oliveiras e, um pouco mais abaixo, entre o ribeiro de Cedrom, na parte inferior do monte, está o jardim do Getsêmani. Estes lugares marcam a presença e os sofrimentos de Cristo quando esteve aqui neste mundo. O jardim do Getsêmani é um dos mais impressionantes lu gares da Terra Santa. Ele fica ao sopé do monte das Oliveiras e tem, hoje, a mesma aparência que tinha há 20 séculos. No lado oposto ao vale de Cedrom, cidades e civilizações se sucederam, mas este jardim conservou-se quase o mesmo dos tempos de Je sus e, talvez, com as mesmas oliveiras. João falou sobre ele como sendo um jardim do outro lado do ribeiro de Cedrom. Este era o lugar preferido de Jesus. João afirma que, quando Ele lembrou seus discípulos com respeito a sua morte, atravessou o ribeiro para o outro lado. "Tendo Jesus dito isso, saiu com os seus discí pulos para além do ribeiro de Cedrom, onde havia um horto, no qual Ele entrou com os seus discípulos" (Jo 18.1). Este é o jardim no qual Jesus, em sua última noite sobre a terra, passou a hora mais triste e angustiante de sua paixão; a hora em que, angustia do, escolheu sofrer e morrer na cruz, tomando sobre si todos os pecados da humanidade. Ali Ele orou três vezes ao Pai, dizendo estas palavras: "Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua" (Lc 22.42). A este lugar che-
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gou Judas com os servos do sumo sacerdote e entregou seu Mes tre (Mt 26.47; Mc 14.44; Lc 22.47; Jo 18.2,3). Neste jardim, Jesus foi preso, arrastado e levado à casa de Caifás e condenado, no dia seguinte, à morte na cruz. No jardim do Getsêmani há cerca de 8 oliveiras cuja idade se perde no tempo. Alguns botânicos afirmam que elas poderiam ter 3.000 anos. Retornando à terra, porém, com poder e grande glória, para aniquilar o Anticristo na batalha do Armagedom, Cristo por ali passará, como que realizando uma espécie de visi ta nostálgica. O profeta Zacarias descreve o momento quando Cristo descerá à terra para seu grande triunfo contra as hostes do mal. Ele diz que o primeiro contato na Terra Santa será no monte das Oliveiras: "E o Senhor sairá [do céu?] e pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul" (Zc 14.3,4). Devemos observar que o monte das Oliveiras será fendido em "quatro partes", assumin do assim o formato de uma cruz. Assim se diz: "... o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ociden te, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se aparta rá para o norte, e a outra metade dele, para o sul". O leitor deve observar no texto em foco que as quatro direções cardeais são aqui mencionadas: • O Oriente; • O Ocidente; • O Norte; . O Sul. Também nos é dito que ali "... haverá um vale muito gran de". Este vale servirá de leito para o rio milenar que terá sua nas-
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cente "debaixo do umbral da casa" do Senhor — especialmente do lado direito do santuário (Ez 47.1; J13.18). Esse rio logo adian te se dividirá em "dois canais" que seguirão direções diferentes: a. O primeiro canal — Este seguirá em direção ao mar Orien tal (mar Morto), formando um vale nas montanhas de Judá (Zc 14.5) e ampliando as fontes de En-Gedi (fonte do cabrito) e EnEglaim (fonte dos bezerros), que se encravam entre Hebrom e o mar Morto (Js 15.62; Ez 27.10), chegando até Asei na parte orien tal do território de Judá (Zc 14.5). Estas correntes sararão as águas do mar Morto — e darão lugar à criação de vidas marinhas e vegetativas (Ez 47.8-10). b. O segundo canal — O segundo canal seguirá em direção do mar Ocidental (mar Mediterrâneo), numa extensão de cerca de 80 quilômetros (Zc 14.8). Estes dois canais fertilizarão toda a terra de Israel, de tal modo que a vida ali se tornará abundante e calma. Há também referência ao "vale de Sitim", segundo nos é dito que ele será "regado" por uma fonte que sairá da casa do Senhor (J1 3.18). O "vale de Sitim" tem sido identificado como sendo a garganta pela qual corre o Cedrom, que nasce ao norte de Jerusalém. A ampliação miraculosa do vale de Cedrom criará também espaço para que ali o Senhor congregue "... todas as na ções" que sobraram da batalha do Armagedom, e ali com elas entrará em juízo (J13.2; Mt 25.31-46). No entanto, outras localida des geográficas são mencionadas nesta batalha. Além do "vale de Josafá", já mencionado anteriormente, fala-se também do "vale dos que passam ao oriente do mar" (vale dos viajantes), vale este chamado pelo profeta de Deus como sendo "o vale da Multidão de Gogue" (Ez 39.11). Embora alguns estudiosos das profecias divinas não associem estes acontecimentos de Ezequiel com a mesma batalha do Armagedom — e, sim, com a invasão de Gogue à Terra Santa —, "o vale dos que passam ao oriente do mar" pode ser identificado como sendo o mesmo "vale de Josafá", visto que era uma rota de saída de Jerusalém.
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6. A Posse da Terra Santa por Abraão Teve o Formato de um a Cruz
Partindo de Harã (região norte) com destino à terra de Canaã, Abraão segue para o Oriente, depois para o Ocidente e finalmen te para a banda do sul (Gn 12.5-9). Imaginariamente, isso dese nha a linha vertical e os braços de uma cruz. Após o incidente que marcou a separação de Abraão e de seu sobrinho Tó, Deus faz novamente a renovação de sua promessa para a conquista da terra de Canaã a Abraão, em forma de cruz, dizendo: "Levantate, percorre essa terra, no seu comprimento [norte a sul] e na sua largura [oriente a ocidente]; porque a ti a darei" (Gn 13.17, ênfase do autor). Isso tipificava a Igreja de nosso Senhor Jesus Cristo conquistando o mundo por meio de sua cruz, quer dizer, espa lhando a mensagem de sua morte e ressurreição em todos os qua tro cantos da terra. 7. Durante o M ilênio as Orientações C ardeais Partirão do Templo do Senhor no Formato de uma Cruz
Os capítulos 40 a 48 de Ezequiel falam do Templo e de seus serviços religiosos durante a era milenial para rememorar o sa crifício supremo de Cristo. Também ali nos é dito que toda e qual quer orientação geográfica partirá do santuário de Deus. Estas dimensões orientativas assumirão o formate de uma cruz. São elas: • Caminho do norte (Ez 40.44); • Caminho do sul (Ez 40.45); • Caminho do oriente (Ez 42.12); • Caminho do ocidente (Ez 41.12). Geograficamente, Jerusalém sempre esteve ligada pelos qua tro pontos cardeais a toda a Palestina e aos países estrangeiros:
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•Norte — Ao norte partiam os caminhos para Samaria, Galiléia, Fenícia, Síria e Mesopotâmia. • Leste — Ao leste, desde as quatro portas orientais, conver giam os caminhos para Jericó e todo o vale do Jordão, bem como para as estradas da Transjordânia que levavam os viajantes para a Arábia, Síria e dali para os países do Golfo Pérsico, etc. • Sul — Ao sul a cidade comunicava-se com Hebrom e Egito. Avista-se deste caminho a planície de Refaim, o sepulcro de Ra quel, Belém e a cabeceira do vale de Elá. • Oeste — A oeste ligava-se com Jope e os caminhos para a Filístia e Egito, bem como para a Fenícia, na direção norte. Como a cruz de Cristo foi erigida em Jerusalém, ainda que fora de suas portas, isto significa que a cruz de nosso Senhor tornou-se o pon to central da história da salvação e também a base da orientação divina para a humanidade. 8. Os Três Anos do Ministério de Jesus Lembram as Trilhas de uma Cruz Olhando do Sul para o Norte da Terra Santa parte: na Judéia — região sul e sudeste. A duração do mi nistério terreno de Cristo é calculado com base nas festas pascais de que Ele participou. Ele iniciou seu ministério na véspera de uma Páscoa e morreu na véspera de uma outra, tendo participa do de duas mais. Temos, portanto, Ia Páscoa (Jo 2.11,13); 2aPás coa (Jo 5.1); 3a Páscoa (Jo 6.1,3); 4a Páscoa (Jo 19.14). Outrossim, seu ministério foi exercido em três regiões diferentes: 8 meses na Judéia (região sul); 2 anos na Galiléia (região norte) e 4 meses na Peréia (região leste). 2 parte: na Galiléia — região norte. Depois de ter conquista do seus discípulos na região de Betábara, Jesus voltou à Galiléia, onde assistiu a uma festa de casamento (Jo 2.1-11). Daí, Jesus foi para Cafarnaum, cidade que ficava na curva noroeste do mar da Galiléia (Jo 2.12). Seu ministério, nesta região norte, durou dois anos. 1-
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3âparte: na Peréia — região leste. Mais ou menos em dezem bro, Jesus desceu de Jerusalém, passando por Jericó, em direção ao vale do Jordão, a fim de levar seu ministério à Peréia, região situada a leste do rio. Terminando ali sua trajetória nos primeiros dias de abril do ano 33 de sua vida, Ele voltou pela longa subida que conduzia do vale do Jordão a Betânia. Agora, suas viagens nesta terra estavam concluídas, porém elas demarcavam as tri lhas de uma cruz em suas direções horizontal e vertical. 9. Quando C risto M orreu, sua Cruz A pon tava para todas as Direções
Quando Cristo morreu, os braços da cruz se abriram. Eram os braços do perdão de Deus se abrindo para cada pessoa em qualquer época e em qualquer lugar. "Deus estava em Cristo [ali] reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pe cados..." (2 Co 5.19a). Ligado diretamente ao plano da salvação, são empregadas frases para expressar o significado do pensamen to tanto no sentido coletivo como no particular. Uns vindo es pontaneamente e outros fugindo: Ia "E virão do Oriente, e do Ocidente, e do Norte, e do Sul e assentar-se-ão à mesa no Reino de Deus" (Lc 13.29); 2a Os magos do Oriente (Mt 2.1); 3e A rainha do Sul (Lc 11.31); 4a Os do Ocidente (Mt 8.11); 5a Os do Norte (Jr 6.1). Também podiam ser usadas frases semelhantes em sentido negativo, tais como: • O rei do Sul (Dn 11.40); • O rei do Norte (Dn 11.40); • Os reis do Oriente (Ap 16.12); • Um bode (rei) que vinha do Ocidente (Dn 8.5,21).
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Tal significação também é decantada na poesia. Os antigos tinham uma concepção de buscarem a Deus seguindo as dire ções cardeais, que se estendiam para o infinito. Jó escreveu este conceito em seu livro, dizendo: "Eis que, se me adianto [oriente], ali não está; se torno para trás [ocidente], não o percebo. Se opera à mão esquerda [norte], não o vejo; encobre-se à mão direita [sul], e não o diviso" (Jó 23.8,9).
Capítulo 2
Q u a n d o s e p e n s o u n o a r m a g e d o m
í.
A Batalha do Armagedom propriamente Dita
Para os habitantes do planeta Terra e até mesmo para os cris tãos, qualquer batalha que se sucedeu depois do Apocalipse de João ter sido escrito por volta do ano 96 d.C., pensava-se que se tratava da Guerra do Armagedom. Quando a Primeira Guerra Mundial foi deflagrada (1914-1918), o mundo todo cria cegamente que era chegado o momento da batalha final. De igual modo, quando foi deflagrada a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) novamente as pessoas voltaram a pensar na mesma coisa, ou seja, que era chegado o fim de todas as coisas. Atualmente, espera-se também uma Terceira Guerra Mundial — com o uso de armas atômicas com poder de destruição muito maior — , que será tam bém denominada guerra do Armagedom. Vemos que outras guer ras têm acontecido e outras acontecerão antes da guerra do Ar magedom, sem contudo ser o Armagedom — mormente, por que, antes da Guerra do Armagedom, surgirá no cenário mundi al o Anticristo, o homem do pecado, oferecendo falsas promes sas, soluções para todos os problemas do mundo. No entanto, o
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cenário de tal profecia parece cada vez mais próximo de nossos dias, tendo, por fim, o seu cumprimento logo após o arrebata mento da Igreja (1 Jo 4.3). Da mesma forma, isso "... não será as sim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora..." Somente então, após o arrebatamento da Igreja, "... será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo es plendor da sua vinda" (2 Ts 2.3,4,8). Com o arrebatamento da Igreja aqui deste mundo para o céu, abrir-se-á caminho para a manifestação do "homem do pecado, o filho da perdição". Este, numa revolta contra Deus e contra o seu Ungido, intentará aniquilar o povo judeu, e, por extensão, "... os que guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus Cristo" (Ap 12.17). Esta perseguição contra o povo escolhi do fará com que o Senhor Jesus tome em suas mãos a vingança, como sendo "um guerreiro vingador", e se manifestará "... desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, toman do vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obede cem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a gló ria do seu poder" (2 Ts 1.7-9). Estas palavras do apóstolo Paulo aos crentes de Tessalônica são confirmadas em Apocalipse 19.19-21, que diz: "E vi a besta, e os reis da terra, e os seus exércitos reuni dos, para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército. E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre. E os demais foram mortos com a espada que saía da boca do que estava assentado sobre o cavalo, e todas as aves se fartaram das suas carnes". Esta manifestação de Cristo neste combate contra as hostes do Anticristo será, portanto, denominado de "o Armagedom". Batalha esta que terá lugar no final da Grande Tribu-
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lação, que culminará com o retorno de Cristo à terra com poder e grande glória. 2. A Batalha do Arm agedom como um a Colheita
O Armagedom será uma espécie de colheita, o que já tive mos a oportunidade de descrever em outras notas expositivas, pelo que o simbolismo da colheita é empregado em várias passa gens das Escrituras que mencionam este grande acontecimento. O termo "Armagedom" veio a ser aplicado a qualquer guerra ou batalha de grande força destruidora, mas, biblicamente, refere-se somente à batalha decisiva daquele "grande dia do Deus Todopoderoso". Limitado pelos montes da Galiléia ao norte e as coli nas da Samaria ao sul, o vale de Jezreel é o mais amplo vale de Israel. Ele tem o formato de um triângulo isósceles, cuja base é de aproximadamente 3 quilômetros, e seus lados têm cerca de 22 quilômetros, formando assim o desenho de uma cruz em sua parte superior. Desde tempos antigos até hoje, ele é famoso por sua fertilidade e é conhecido atualmente como "Celeiro de Israel". Em virtude de sua fertilidade e posição estratégica, este vale foi cenário de inúmeras lutas e combates da antigüidade. Nele, hebreus, cananeus, midianitas, sírios, egípcios, assírios, babilô nios, gregos, romanos, árabes, cruzados, turcos e, finalmente, os ingleses comandados por Allenby, durante a Primeira Guerra Mundial, lutaram em seu solo. Profeticamente, talvez o escritor sagrado do Apocalipse tivesse isso em mente, e comparou a gran de mortandade ali como sendo "uma espécie de colheita". João Batista, o precursor de nosso Senhor, apresenta-o no cenário mundial como aquEle que tem em sua mão uma "pá". "Ele tem a pá na sua mão [disse João], e limpará a sua eira, e ajuntará o trigo no seu celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se apa ga" (Lc 3.17, ênfase do autor). E curioso observar que a "pá" é mencionada nas Escrituras, não só como ferramenta de trabalho, mas também em conexão com a guerra (Dt 23.13), e de igual modo a foice (J1 3.9-13). João, o apóstolo, descreve o Filho do Homem
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como tendo na mão uma "foice afiada", dizendo: "E olhei, e eis uma nuvem branca e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, que tinha sobre a cabeça uma coroa de ouro e, na mão, uma foice aguda" (Ap 14.14). Em Apocalipse 14.14-19, duas foices são mencionadas sete vezes, e em quatro delas nos é dito que estão "afiadas" (vv. 14,17,18). A literatura antiga utiliza-se da colheita como figura simbó lica da morte e da destruição. A morte geralmente é personifica da como sendo um esqueleto que brande sua foice. Será uma co lheita amarga. Contudo, ela será feita de acordo com a semeadu ra! (G1 6.7,8) A localização geográfica do Armagedom tem sido aceita como sendo toda a planície de Asdraelom, que se estende desde o monte Tabor até o Mediterrâneo. Porém, essa grande batalha estender-se-á por toda a Terra Santa. Os intérpretes ofe recem vários sentidos para a palavra "armagedom", não chegan do, portanto, a um consenso geral. Alguns pensam que o vocá bulo significa "monte de Megido", outros, "cidade de Megido", outros, "monte da assembléia" e, ainda outros, "sua colina frutí fera". O termo "armagedom" é registrado apenas uma única vez nas Escrituras, em Apocalipse 16.16, que diz: "E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom". Em Apocalipse 14.10,20, este local é mencionado como sendo "um lagar" — lu gar conhecido pelos vinhateiros da Palestina como "lugar de pi sar uvas amadurecidas". Tal expressão, de acordo com o signifi cado do pensamento, tornou-se também um nome profético de Armagedom. A palavra origina-se também de uma raiz hebraica, ["HáMagedon"], que significa "derrubar, matar, cortar, decepar, ou lugar de mortandade", e é o que Megido sempre foi. O Dr. J. A Seiss diz que a palavra "Megido" significa também "abater o alto", talvez pelo motivo de que a cidade de Megido fica encravada numa elevação acima do vale de Jezreel. Seja como for, esta pala vra, em sua forma de expressão, sempre remete a um sentido de mortandade. Para muitos comentaristas, o monte Tabor também
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deve fazer parte neste contexto profético. Nele, pensam alguns, nosso Senhor Jesus falou da volta do Filho do Homem e da che gada de seu Reino com poder, o que o serviria de elo a todos os acontecimentos ligados ao Armagedom. O monte Tabor eleva-se a uma altura de 588 metros, dominando a planície que se estende a seus pés. Acha-se a cerca de 630 metros acima do nível do mar e é o mais pitoresco e impressionante monte da Galiléia. Davi canta em louvor a Deus dizendo que "o Norte e o Sul, tu os crias te; o Tabor e o Hermom regozijam-se em teu nom e" (SI 89.12). Tal expressão, ligando o Tabor com o Hermom, deve ligar tanto um como o outro na categoria de "alto monte" da Terra Santa. Para o salmista, a força e beleza destas montanhas são testemunho do Criador. Na antigüidade, o Tabor servia de fronteira entre as tribos do norte e as do sul. Ele era considerado sagrado por Israel, por ter sido testemunha da glória de Deus manifestada na importante vitória de Baraque, predita pela profetisa Débora, sobre o exérci to cananeu de Sísera (Jz 4.6). A aldeia árabe aos pés do monte é chamada "Daburieh", em honra à profetisa Débora. Também para os cristãos o monte Tabor é um lugar santo, pois foi escolhido por Jesus para ser o local da sua transfiguração (Lc 9.28-36). O cume do monte Tabor tem 1 quilômetro de comprimento por cer ca de 400 metros de largura e é rodeado pelos restos de uma for taleza construída no século XIII pelos muçulmanos. Em 1924, os franciscanos edificaram ali uma igreja, a Igreja da Transfigura ção, incorporando à nova construção os restos das igrejas ante riores. Além dos vestígios da igreja bizantina do século VI e da igreja cruzada do século XII há, ainda, ruínas de antigas fortale zas e mosteiros. Do topo do monte descortina-se uma esplêndida vista de quase toda a região. O Anticristo aproveitar-se-á de todas as elevações naturais tanto da Terra Santa como de outras partes do mundo para que nelas sejam instaladas suas bases de guerras, cuja finalidade é o apoio incondicional a seu poderio destruidor. Portanto, não é vão
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que Deus removerá todos os montes e ilhas de seus lugares, cuja operação sobrenatural desarticulará todo e qualquer sistema montado pelo Anticristo e seus seguidores. Neles se cumprirá o que está escrito da parte do Senhor pelo profeta Isaías: "... a sa raiva varrerá o refúgio da mentira, e as águas cobrirão o escon derijo" (Is 28.17). A operação divina será enviada contra aqueles que se refugiaram nas falsas promessas do Anticristo e contra as forças do mal. O juízo será regrado pela linha, e a justiça pelo prumo. Ninguém escapará, porque a varredura de Deus dar-se-á como uma espécie de manto de fogo abrasador, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo, e aquele que escapar com vida, tão-somente ouvir tal notícia causará grande perturbação em seu coração (Is 28.19). 3. A Cidade de Megido: Como Era antes e como É atualmente
Devemos ter em mente que as expressões anteriores toma das para descrever e dar significado ao Armagedom não se refe rem precisamente ao vale de Armagedom, mas sim à "cidade de Megido". Quando Israel conquistou Canaã, a cidade de Megido era uma fortaleza cananéia de grande poder militar. Também com o sentido de fortaleza e cidade, a frase ocorre em outras partes das Escrituras, tais como: "... às águas de Megido" (Jz 5.19). Ou tro sentido pode ser o de um vale, propriamente dito: "... vale de Megido" (2 Cr 35.22; cf. Zc 11.11). A antiga cidade de Megido, não a planície, está localizada no lado sul do vale de Jezreel, onde o "Caminho do Mar" (Via Maris) deixa a planície e passa atra vés de um longo e estreito desfiladeiro, continuando na direção da planície Sharon, pelo litoral. A cidade está estrategicamente situada na abertura deste desfiladeiro, que era a principal via de comunicação que ligava o Egito e o sul com a Síria e o norte. O desfiladeiro é, portanto, passagem obrigatória, e Megido, um ponto estratégico, tanto para os povos que se estendiam na fértil costa do Mediterrâneo como para conquistadores ocidentais que
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invadiam o norte e o leste da Terra Santa. Os portões da cidade foram testemunhas de muitas batalhas. No tempo do reinado de Jorão, filho de Acabe, havia um ponto de espionagem chamado "torre de Jezreel", onde ficava o "atalaia" observando qualquer aproximação de exércitos inimigos (2 Rs 9.17). Alguns comenta ristas têm até pensado que, por causa disso, "Armagedom" sig nifica: "torre de vigia" e ainda outros, "lugar de mortandade". Entre 1935 e 1939, Megido foi escavada pelo Instituto Orien tal da Universidade de Chicago. As escavações, cobrindo uma área de 13 acres, revelaram as ruínas de 20 cidades superpostas, cada uma delas representada por uma camada de ruínas distin tas. Atualmente, novos dados arqueológicos revelaram cerca de 23 ruínas de cidades superpostas. O vale do Armagedom, como relatado por João em sua visão apocalíptica, será o cenário do golpe final desferido por Cristo sobre o Anticristo e suas hostes. A besta e os seus exércitos, apavorados com as manifestações sobrenaturais pela presença espantosa do Senhor, deixarão Jeru salém e irão para aquele vale, procurando reunir-se e organizarse "... para fazerem guerra àquele que estava assentado sobre o cavalo e ao seu exército". O apóstolo João menciona ainda o lo cal: "E os congregaram no lugar que em hebreu se chama Arma gedom" (Ap 16.16). Ele diz que esta convocação foi orientada por "três espíritos imundos, semelhantes a rãs", durante o derrama mento da "sexta taça". "E o sexto anjo derramou a sua taça sobre o grande rio Eufrates; e a sua água secou-se, para que se prepa rasse o caminho dos reis do Oriente. E da boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi saírem três espíritos imundos, semelhantes a rãs, porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios; os quais vão ao encontro dos reis de todo o mundo para os congregar para a batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso" (Ap 16.12-14). Estas hostes do mal incita rão as hordas asiáticas (os reis do Oriente), os quais se ajuntarão com (os reis de todo o mu ndo),"... para os congregar para a bata-
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lha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso... e os congre garam no lugar que em hebreu se chama Armagedom" (Ap 16.14,16). A primeira ação poderosa de Cristo ali é a prisão da besta e de seu falso profeta. João descreve este momento da seguinte for ma: "E a besta foi presa e, com ela, o falso profeta, que, diante dela, fizera os sinais com que enganou os que receberam o sinal da besta e adoraram a sua imagem. Estes dois foram lançados vivos no ardente lago de fogo e de enxofre" (Ap 19.20). Para Je sus, sua vitória final, ali naquele vale, torna-se bastante significa tiva. Nazaré, onde Ele passou sua infância e juventude, está si tuada na Baixa Galiléia, cerca de 15 quilômetros ao norte da pla nície de Armagedom. Ali, em Nazaré, seus pais nasceram e vive ram, e ali Ele fora criado. Armagedom era a primeira paisagem contemplada por Jesus quando os raios matinais estendiam-se como uma espécie de manto cobrindo a Terra Santa. Evidente mente, naquele grande dia, Cristo relembrará todo aquele qua dro vivido em sua infância naquela região. Porém, sua volta a esta terra se dará de maneira diferente; não mais como uma cri ança indefesa, mas com poder e grande glória. 4. Que Relação Têm Gogue e Magogue com o Armagedom?
Em Ezequiel 38 e 39 fala-se de "Gogue, Magogue, Meseque e Tubal", e em Apocalipse 20.8 há referência a "Gogue e Magogue" como poderes hostis que se levantarão contra Deus e o seu povo no fim dos dias (Ez 38.16). Alguns comentaristas querem ligar estes poderes com a guerra do Armagedom, achando que estas forças do mal serão dirigidas contra Israel neste tempo do fim. No entanto, parece-nos que as forças que encabeçarão juntamen te com o Anticristo esta luta mortal contra o povo escolhido, ali naquele vale, são do extremo Oriente, e não do Norte — apesar da frase "os reis de todo o mundo" encontrar-se inserida no con texto (Ap 16.14). Contudo, a invasão de Gogue e Magogue e suas congregações dar-se-á numa outra ocasião distinta daquela que
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aqui está em foco. Os nomes Gogue e Magogue, em Apocalipse 20.8, são tomados simbolicamente para representar "as nações que estão sobre os quatro cantos da terra", que se levantarão de pois do Milênio sob o comando de Satanás. Elas não se referem a nenhum poder específico. Já as nações citadas em Ezequiel pare cem indicar simplesmente nações constituídas. Os capítulos 38 e 39 de Ezequiel apontam para um período depois da restauração de Israel e um outro período antes do Milênio. Os capítulos 36 e 37 falam da restauração, e os capítulos 40 a 48, do período milenar. Entres eles, encontram-se os capítulos 38 e 39, que falam da inva são dos poderes do norte à Terra Santa. Para alguns estudiosos das profecias, estão previstas três grandes batalhas envolvendo o povo escolhido de Deus e que, por extensão, envolverão também o mundo como um todo, cada uma delas tendo à sua testa um chefe supremo: A batalha de Magogue, que é tomado para designar as na 1 ções envolvidas no conflito, ao passo que Gogue será o príncipe — ou seja: o chefe (Ez 38.2); 2aA batalha do Armagedom — tendo o Anticristo à frente de suas hostes (Ap 19.16,19-21); 3â A batalha de Gogue e Magogue descrita em Apocalipse 20.8, que será chefiada pelo Diabo e suas sequazes. A batalha do Armagedom dar-se-á no final da Grande Tribu lação. A batalha final descrita em Apocalipse 20 terá lugar após o Milênio. Porém, todas terão como ponto central a terra de Israel, o território do povo escolhido de Deus. A questão aqui levantada é no tocante à época em que se dará a invasão de Gogue à terra de Israel. De acordo com alguns contextos que aqui estão em foco, essa invasão se dará no fim dos tempos. "... no fim dos anos, vi rás à terra que se retirou da espada e que veio dentre muitos po vos aos montes de Israel" (Ez 38.8) — isso parece apontar para a criação do Estado judeu em 1948, quando os judeus dispersos voltaram para sua terra, começando assim uma nova fase de sua
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história. E "... no fim dos dias, sucederá que hei de trazer-te con tra a minha terra" (v. 16). Se o "fim dos dias" aqui se refere ao fim "dos dias da Graça", essa invasão dar-se-á no início da Grande Tribulação (39.9). As passagens de Ezequiel 38.19-22; 39.17-20 parecem fazer ligação com a batalha do Armagedom (Ap 16.17-21; 19.17-21). Nesse caso, a invasão aqui predita teria lugar no final da Grande Tribulação. Contudo, a narrativa completa dessa in vasão parece desassociá-la da batalha do Armagedom.
Capítulo 3
OS QUATRO IMPÉRIOS MUNDIAIS
O Império B abilónico
605—562 a.C.
Nabucodonosor — Império Babilónico
562—560 a.C.
Evil-Merodaque — Império Babilónico
560—542 a.C.
Nabonido?-Belsazar — Império Babilónico
Neste capítulo, estudaremos sobre os quatro impérios de pro jeção mundial, que atualmente já não existem, mas que, no fim dos tempos, ressurgirão com o antigo Império Romano e servi rão de base durante o sombrio governo do Anticristo. Daniel 7.4-7 apresenta estes impérios simbolizados em forma de quatro ani mais: leão, urso, leopardo e fera terrível. Em Apocalipse 13.2, a ordem está invertida: besta, leopardo, urso e leão. Alguns estudio sos das profecias opinam que devem ser relacionados como im périos mundiais seis e não quatro apenas, como aqui está em foco,
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e adicionam a Assíria e o Egito, conforme veremos no final deste capítulo. Eles invocam Apocalipse 17.10, que profeticamente des creve o destino final do último poder gentílico mundial, quando diz: "E são também sete reis: cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo". Seriam eles: o Egito, a Assíria, a Babilônia, o Império Medo-persa e a Grécia. O sexto seria o Império Romano e o sétimo, o do Anticristo. 1. As Duas Faces do Império Babilónico
Devemos estudar aqui, cuidadosamente, o início da forma ção, extensão e declínio do Império Babilónico. Os historiadores mais cuidadosos procuram a origem e o princípio da formação deste grande império mundial, dividindo-o da seguinte forma: I. O Primeiro Império Babilónico — Historicamente, os ba bilônios estabeleceram-se ao norte da região dos sumérios e fun daram ali Babilônia, sua capital. Segundo a tradição suméria, Quish foi a primeira cidade da primeira civilização mesopotâmica; depois, surgiram Ur (terra natal do patriarca Abraão), Uruk, Lagash, Eridu e Nipur. Eram cidades-estados, com autonomia religiosa, política e econômica. Cada cidade era governada por um sacerdote, ajudado por um conselho de anciãos, forma que evoluiu para uma espécie de autocracia, isto é, um governo pes soal, despótico. O chefe político, representante do deus princi pal, chamava-se "patesi". Com o tempo, o patesi instituiu o di reito à hered itariedade, fundando as dinastias, por volta de 2850 a.C. A mais famosa foi a de Lagash, que anexou Ur. O rei semita Sargão unificou as cidades sumérias por volta de 2330 a.C., criando o Primeiro Império Mesopotâmico. Sua cidade mais famosa foi Acad, que deu origem ao termo "acádios". O enfraquecimento sumério criou condições para a ascensão dos semitas, concentrados em torno da Babilônia. Por volta de 1750 a.C., Hamurábi, um rei babilônio, conquista a Suméria e a Assíria. Transformou a língua acádia em língua oficial e
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Marduque, deus babilônio, em primeiro deus supremo da Mesopotâmia. Hamurábi conseguiu conquistar toda a Mesopotâmia, fundando um vasto império ao qual impôs a mes ma administração e as mesmas leis. Era uma legislação baseada na lei de talião: olho por olho, dente por dente, vida por vida, etc. É o famoso Código de Hamurábi, por ser considerado o primeiro conjunto de leis escritas da História. Algumas leis deste código diziam o seguinte: "Se um homem negligenciar a conservação de seu dique, se uma brecha nele se abrir e os campos se inundarem, esse homem será condenado a restituir o trigo destruído por sua falta. Se um homem entregar a um lavrador terras para serem transformadas em pomar, se o lavrador cultivar e tratar esse po mar durante quatro anos, no quinto ano a produção será dividi da igualmente entre o proprietário e o lavrador; o proprietário terá o direito a escolher sua parte. Se um arquiteto construir para outrem uma casa e ela não for bastante sólida, se a casa ruir ma tando o dono da casa, esse arquiteto é passível de morte". Babilônia, portanto, sob o domínio de Hamurábi, tornou-se um vasto e poderoso império. No entanto, com a morte de Hamurábi, o Primeiro Império Babilónico entrou em decadência e acabou por desaparecer, com invasões sucessivas de povos vin dos do norte e do leste. Os invasores da Mesopotâmia foram ven cidos pelos assírios, que aos poucos foram conquistando as re giões vizinhas à Babilônia. Os assírios constituíram um vasto im pério e estabeleceram sua capital ora em Nínive, ora em Assur. Sua grande expansão ocorreu entre 883 a.C. e 612 a.C. Procuran do saída para o golfo Pérsico e o mar Mediterrâneo, os assírios partiram para Nínive e Assur, e conquistaram a Mesopotâmia, a Síria e o Egito, graças ao primeiro exército organizado do mundo. Segundo informações históricas fidedignas, a infantaria compunha-se de lanceiros e arqueiros. Havia carros de combate e ar mas como o aríete — trave arrematada por uma peça de bronze que vários homens impulsionavam para derrubar muralhas e portas —, e a catapulta — máquina capaz de arremessar pedras,
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lanças e outros objetos. Sapadores construíam pontes, e a cavala ria era muito eficiente. Guerreiros ferozes, os assírios impunham a dominação pelo terror. Saqueavam e destruíam, massacravam os vencidos. Os revoltosos sofriam terríveis torturas. O apogeu assírio ocorreu nos reinados de Sargão II, Senaqueribe e Assurbanipal (668—626 a.C.), que tomou Tebas. A crise começou quando os egípcios se libertaram. Seguiram-se rebeliões na Fenícia, na Babilônia e em Elão, a leste da Baixa Mesopotâmia. Em 612 a.Cv os medos, povo oriundo das margens do mar Cáspio, tomaram Assur e Nínive, pondo fim ao Império Assírio. O Impé rio Assírio, porém, não resistiu à pressão exercida pela aliança entre os caldeus e medos que, liderando a revolta dos babilônios contra os assírios, destruíram Nínive e Assur, em 612 a.C. A civi lização mesopotâmica entrou em seu estágio final com a destrui ção da Assíria e o estabelecimento da supremacia dos caldeus. II. O Segundo Império Babilónico — O Império Babilônio dos dias de Nabucodonosor, filho do monarca Nabopolassar e seus seguidores, é chamado pelos historiadores de Segundo Im pério Babilónico. Nabopolassar fundou a nova dinastia, que teve como principal soberano seu filho Nabucodonosor (605—562 a.C.). Tentaram reviver a cultura da época de Hamurábi. Os babilôni os, sob a orientação de Nabucodonosor, tornaram-se poderosos e suas conquistas a outros povos foram por demais surpreenden tes. Estas conquistas tinham em parte o propósito de Deus. Daniel assim escreveu falando destas conquistas, quando interpretava o sonho do rei: "Tu, ó rei, és rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade. E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do céu, ele tos entregou na tua mão..." (Dn 2.37,38). Este aparece em primei ro lugar, na série dos impérios mundiais. Os outros são: o Impé rio Medo-persa, o Império Greco-macedônio e o Império Roma no. O Egito poderia, também, fazer parte desta série. No entanto, seu domínio e alcance jamais atingiu o poder e glória dos impé
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rios mencionados; e, também, o Egito não fora reconhecido por Deus como parte deste contexto. Todos eles (com exceção do Egi to), e, inclusive o Reino de Deus, aparecem representados por uma estátua terrível que Nabucodonosor viu em sonho. Esta es tátua era composta de "cinco materiais", a saber: ouro, prata, co bre (metal na interpretação), ferro e barro. Cada material repre sentava um império mundial, sendo o último, o Império Roma no, representado por dois: ferro e barro. Devemos analisar estes impérios do ponto de vista profético e histórico, pois os aconteci mentos históricos que envolveram estes impérios de alcance mundial tornam-se apenas cumprimento das predições proféti cas a este respeito. Observemos, pois, primeiro, o relato do sonho do rei e depois as descrições e significações dos mesmos ira inter pretação feita por Daniel. 1 O sonho do rei com uma estátua terrível (Dn 2.1-5); 2 A lembrança e descrição do sonho por Daniel (Dn 2.31-36);
3- A interpretação do sonho do rei (Dn 2.36-45). a. O sonho do rei — "E no segundo ano do reinado de Nabu codonosor, teve Nabucodonosor uns sonhos; e o seu espírito se perturbou, e passou-se-lhe o seu sono. E o rei mandou chamar os magos, e os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declarassem ao rei qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o rei lhes disse: Tive um sonho; e, para saber o sonho, está perturbado o meu espírito. E os caldeus disseram ao rei em siríaco: O rei, vive eternamente! Dize o sonho a teus servos, e daremos a interpretação. Respondeu o rei e disse aos caldeus: O que foi me tem escapado..." (Dn 2.1-5a). b. A lembrança e descrição do sonho — "Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era gran de, e cujo esplendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as coxas, de
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cobre; as pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro. Estavas vendo isso, quando uma pedra foi corta da, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra que feriu a estátua se fez um grande mon te e encheu toda a terra" (Dn 2.31-35). c. A interpretação do sonho — "Este é o sonho [conclui Daniel]; também a interpretação dele diremos na presença do rei. Tu, ó rei, és rei de reis, pois o Deus dos céus te tem dado o reino, e o poder, e a força, e a majestade. E, onde quer que habitem filhos de homens, animais do campo e aves do céu, ele tos entre gou na tua mão e fez que dominasses sobre todos eles; tu és a cabeça de ouro. E, depois de ti, se levantará outro reino, inferior ao teu, e um terceiro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra. E o quarto reino será forte como ferro; pois, como o ferro esmiuça e quebra tudo, como o ferro quebra todas as coisas, ele esmiuçará e quebrantará. E, quanto ao que viste dos pés e dos artelhos, em parte de barro de oleiro e em parte de ferro, isso será um reino dividido; contudo, haverá nele alguma coisa da firme za do ferro, pois que viste o ferro misturado com barro de lodo. E, como os artelhos eram em parte de ferro e em parte de barro, assim por uma parte o reino será forte e por outra será frágil. Quando ao que viste do ferro misturado com barro de lodo, misturar-se-ão com semente humana, mas não se ligarão um ao ou tro, assim como o ferro se não mistura com o barro. Mas, nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será ja mais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre. Da maneira como viste que cio monte foi cortada uma pedra, sem mãos, e ela esmiuçou o ferro, o cobre, o barro, a prata e o ouro, o Deus grande fez saber ao rei o que há de ser depois disso; e certo é o sonho, e fiel a sua interpretação" (Dn 2.36-45). Podemos ob
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servar cuidadosamente como nos é apresentada aqui a história do mundo até a consumação dos séculos. Cada parte da estátua vista pelo monarca em sonho representa um império de domínio mundial. A cabeça de ouro — representava o próprio Nabucodonosor, seus sucessores e, por extensão, o Império Babilónico; O peito e os braços de prata — representavam o Império Medo-persa; O ventre e as coxas de cobre (metal) — representavam o Im pério Greco-macedônio; As pernas de ferro, os seus pés e os dedos em parte de ferro e em parte de barro — representavam o Império Romano, especial mente a parte "dos pés". Os "dedos dos pés", que "eram em par te de ferro, em parte de barro", prefiguravam um sistema monárquico e democrático exercido pelos dez reis escatológicos que se levantarão no tempo do fim, ao lado do Anticristo. A "pedra" que "... foi cortada, sem mão, a qual feriu a está tua nos pés de ferro e de barro, e os esmiuçou" — representa tanto Cristo como o seu Reino. Na sua vinda à terra, com poder e grande glória, a estátua será ferida nos pés (o Império Romano restaurado) e sua destruição dará lugar ao Reino do Messias, o qual se tornará como um "grande monte" e encherá toda a terra (Dn 2.34,35,44). O Fim do Império Babilónico — Depois da destruição III. de Jerusalém, em 586 a.C., após submetê-la a um cerco, levando consigo um grande número de cativos para Babilônia, segue-se um período de prosperidade, quando foram construídos gran des edifícios com tijolos coloridos. Evil-Merodaque foi sucessor de seu pai, Nabucodonosor. Seu reinado foi de pouca duração. Foi sucedido no trono pelo usurpador Nergal-Sarezer, que foi substituído por seu filho, cujo reinado só durou alguns meses. Este, por sua vez, foi derrubado por Nabonido, que, segundo al
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guns historiadores, passou a repartir seu trono com seu filho Belsazar, filho-neto do monarca Nabucodonosor. Inicia-se, então, o declínio total do Império Babilônio no tempo do rei Belsazar (Dn 5.11,18,22,30). A tomada da cidade, de acordo com as Escrituras e os Anais da História, deu-se numa noite. Dentro daquela noite, ouviu-se um grande grito: "... Caída é Babilônia, caída é!" (cf. Is 21.9; Ap 14.8) Enquanto Belsazar e seus grandes banqueteavam-se, o inimigo estava às portas da cidade, preparando-se para o assalto que levaria aquele vasto império e aquela grande cidade à des truição. Na maioria das vezes, quando estes monarcas do passa do tomavam um reino ou subjugavam uma nação à tributação, era esboçado por parte de alguns até mesmo um sentimento de humildade e reconhecimento, de que fora Deus, o Todo-Poderoso, quem lhes havia concedido tamanha conquista. Napoleão Bonaparte, imperador francês, em todas as suas batalhas em que fora vitorioso, atribuía sempre a Deus o grande triunfo de suas conquistas. Depois, foi assaltado pelo orgulho de seu coração e chegou a dizer: "Deus somente dá a vitória ao exército maior". Mas sabemos que isso não é verdade, pois tanto a Bíblia como a História têm provado o contrário. Existem determinadas vitórias que não provêm dos homens ou de forças mais poderosas — mas de Deus. Belsazar desprezara a ajuda divina, porque confiava em si e no seu exército. Porém tudo fracassou. O comandante Ciro, o persa, já se encontrava desviando o curso do rio Eufrates, que passava pelo meio da cidade, e em seguida entrou pelo leito seco do rio. Ele tomou a cidade de "assalto" naquela mesma noite. Assim Babilônia foi sacudida pelos dois "tufões de vento do sul, que tudo assola" [Dario e Ciro|, Isaías 21.1,esua glória acabou!1 Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, tornou-se rei dos dois po vos, os medos e os persas, apoderou-se de Babilônia e transformou-a em mais uma província de seu gigantesco império. Termi na, assim, o Império Babilônio com seu poder e sua glória.
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O Império Medopersa
522—486 a.C. 539—530 a.C.
Dario — Império Medo-persa Ciro — Império Medo-persa
À semelhança do Império Babilónico, este foi também um império de domínio muito vasto. Ele é mencionado nas visões do profeta Daniel, em várias conexões de seu livro, onde é repre sentado por várias figuras que são analisadas e compreendidas nas interpretações. Faremos aqui um resumo, mostrando cada significação bíblica que apresenta este reino em várias passagens do livro de Daniel. 1. Os Símbolos do Império Medopersa a. Peito e braços de prata — "Tu, ó rei, estavas vendo, e eis aqui uma grande estátua; essa estátua, que era grande, e cujo es plendor era excelente, estava em pé diante de ti; e a sua vista era terrível. A cabeça daquela estátua era de ouro fino; o seu peito e os seus braços, de prata; o seu ventre e as suas coxas, de cobre; as pernas, de ferro; os seus pés, em parte de ferro e em parte de barro" (Dn 2.31,32). b. Ramos de uma árvore — "Estava vendo isso nas visões da minha cabeça, na minha cama; e eis que um vigia, um santo, des cia do céu, clamando fortemente e dizendo assim: Derribai a ár vore, e cortai-lhe os ramos, sacudi as suas folhas, e espalhai o seu fruto..." (Dn 4.13,14). Podemos oferecer aqui uma interpretação com sentido extensivo, da seguinte forma: a árvore — o Império Babilônio; os ramos — o Império Medo-persa; suas folhas — o Império da Grécia e seu fruto: o Império Romano (Dn 4.20-22). c. Um urso voraz — "No primeiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça; escreveu logo o sonho e relatou a suma das coisas. Fa lou Daniel e disse: Eu estava olhando, na minha visão da noi te, e eis que os quatro ventos do céu com batiam no mar grande.
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E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão e tinha asas de águia; eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levantado da terra e posto em pé como um homem; e foi-lhe dado um coração de ho mem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo animal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, de vora muita carne. Depois disso, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também esse animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pe daços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas" (Dn 7.1-8). d. Um carneiro — "E levantei os meus olhos e vi, e eis que um carneiro estava diante do rio, o qual tinha duas pontas; e as duas pontas eram altas, mas uma era mais alta do que a outra; e a mais alta subiu por último" (Dn 8.3). De acordo com o que já tivemos a oportunidade de expor acima, este império é represen tado por várias composições. Em outras passagens de Daniel, o Império Medo-persa é citado em gráfico sem figura de ilustração (Dn 5.31; 8.21; 9.1; 10.1; 11.1,2). As composições são variáveis, mas apontam para o seu declínio. A primeira aponta para seu valor e pujança: a estátua, sendo referidos aqui "o peito e os seus braços de prata", é vista pelo rei Nabucodonosor em sonho (Dn 2.32). Isto significava que o "peito" do colosso simbolizava o império como um todo; enquanto "seus braços" representavam Dario e Ciro. A segunda aponta para sua expansão: são os "ramos" da árvore frondosa que viu em sonho Nabucodonosor (Dn 4.14). A terceira mostra sua ferocidade na imagem do "urso voraz" (Dn 7.5) e, na quarta, mostra o seu enfraquecimento na figura de "um carneiro" que tinha duas pontas e se encontrava diante do rio Ulai (Dn 8.2). O carneiro em si representava o Império Medo-
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persa, como o "peito de prata" da estátua do capítulo 2. Suas duas pontas representavam novamente Dario e Ciro. Podemos observar como as Escrituras são proféticas e se confirmam em cada detalhe. Esta última passagem que acabamos de mencionar mostra o Império Medo-persa, representado por Dario e Ciro, respectivamente. Não aparecem mais como sendo aquele "urso voraz", como acabara de ser descrito no capítulo 7. Agora, já en fraquecido, é representado apenas como sendo um "animal do méstico" (carneiro). Foi, sem dúvida alguma, o que aconteceu com este império: ele conquistou o mundo civilizado daqueles dias, engrandeceu-se e se tornou poderoso. Agora, "diante do rio", está se preparando para o "assalto" à Babilônia, a maior potência a ser conquistada — embora esta conquista tenha acon tecido quando este império era representado pelo "urso famin to", quando o mesmo se encontrava no auge do seu domínio. O carneiro, pelo contrário, já mostra sinais de fraqueza diante de "um bode" que vinha do Ocidente, ou seja, da Grécia em direção à Babilônia e às regiões vizinhas. I. O Enfraquecimento e o Fim do Império Medopersa — O enfraquecimento e extermínio do império dos medos e dos persas começou com os golpes mortais vindos por parte do reino greco-macedônio. Este império foi considerado pelo profeta de Deus, nesta visão diante do rio Ulai, como sendo "um bode voa dor". A "ponta notável entre os seus olhos" representava o pró prio Alexandre Magno (Dn 8.21). O profeta observa que aquele bode vinha do "Ocidente" em direção ao "Oriente". Isso indica va que o bode vinha da Grécia (Ocidente) em direção à Babilônia (Oriente). O exército de Alexandre era considerado "um exército relâmpago" e, por este motivo, o profeta diz que ele "... não toca va no chão" (Dn 8.5). Aquela grande visão parecia bastante estra nha para o profeta de Deus. Em outras oportunidades, ele já presenciara visões de extrema magnitude. Esta, entretanto, era qua se que inconcebível, pois ver "um bode voando" pelo espaço, como
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se fora um avião, nunca jamais ele o tinha presenciado. Mas o anjo Gabriel fora enviado por Deus e passou a explicar ao profe ta todos aqueles pormenores. Primeiro, o anjo de Deus falou so bre o Império Medo-persa, dizendo: "Aquele carneiro que viste com duas pontas são os reis da Média e da Pérsia" (Dn 8.20). Depois, ele falou do bode e disse a Daniel: "... o bode peludo é o rei da Grécia; e a ponta grande que tinha entre os olhos é o rei primeiro" (Dn 8.21). Estas visões proféticas, seguidas de suas interpretações, fa lam em detalhes dos grandes combates entre estas duas potên cias: os medos e os persas, e os macedônios e os gregos. Qual quer historiador de confiança ou intérprete das profecias bíblicas reafirma a descrição feita por Daniel em seu livro com respeito a Alexandre e ao poderio greco-macedônio. Alexandre sempre com bateu "... com todo o ímpeto da sua força", como foi descrito em Daniel 8.6. Especialmente quando combateu os medos e os persas. Conta-se que ele, quando freqüentava uma escola na Grécia (ele era original da Macedônia), costumava dizer que um dia se vin garia com todo o ímpeto das agressões dos persas, que, sendo senhores do mundo, ainda desejavam dominar a Grécia. Tão logo Alexandre pôde convencer os gregos de que era tem po de se vingarem dos persas, reuniu tudo que tinha e, com uma coragem indómita, que lhe era peculiar, dirigiu-se ao Oriente, nada estorvando a sua incrível coragem. Passando o Helesponto, entrou na Ásia e venceu numa grande façanha e batalha cruel, perto do rio Grânico, os generais que comandavam os exércitos de Dario. Conquistou, em seguida, a Lídia e a Jônia, atravessou a Cária e entrou na Panfília. Dario, ao tomar conhecimento da vi tória obtida por Alexandre sobre seus generais, reuniu todas as suas forças para marchar contra ele. Antes de ter passado o Eufrates e o monte Tauro, que está na Turquia, resolveu dar-lhe combate. Ninguém naquele tempo acreditava que as forças lide radas pela Média e pela Pérsia fossem derrotadas por Alexandre, pois jamais se pensaria que os macedônios, sendo em tão peque
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no número, ousariam combater contra o formidável exército dos persas. Mas os fatos mostraram o contrário. Deus, que é "o Rei do universo", já tinha decretado o fim deste império. A batalha travou-se e Dario foi vencido com graves perdas. Sua mãe, sua mulher e seus filhos ficaram prisioneiros, e ele foi obrigado a fu gir para a Pérsia. Tal acontecimento marcou o declínio e o fim do Império Medo-persa. Após a conquista do porto fenício de Tiro, em 332 a.C., Alexandre ruma para a conquista do Egito, onde é recebido como salvador. No ano seguinte, Dario propõe um acor do de paz, mas este é recusado, e ele, derrotado por Alexandre no campo de batalha. As cidades persas de Babilônia, Susã e Persépolis vão sendo derrotadas. No ano de 331 a.C., Dario é as sassinado e Alexandre proclamado imperador persa. Alguns his toriadores têm encontrado dificuldade em conciliar Dario e Ciro governando o Império Medo-persa ao mesmo tempo. Pensa-se que ele foi o Gobrias, referido nas placas babilónicas, ou, como diz Josefo, historiador judeu do primeiro século, que a conquista da Babilônia foi efetuada por Ciro, rei dos persas, que tomou Babilônia e aprisionou o rei, o último da família de Nabucodonosor. E acrescenta: "Dario, filho de Astíages, ao qual os gregos dão outro nome, tinha sessenta e dois anos quando, com o auxílio de Ciro, seu parente (genro?), destruiu o Império de Babilônia".2 E opinado, portanto, que, enquanto Ciro se ocupava em suas guerras, no norte e no oeste, para consolidação total de seu impé rio, Dario, o meda, reinava em seu lugar. Até Ciro assumir o po der, a ordem era "medos e persas" (Dn 5.28; 6.8). Depois, falavase de "persas e medos" (Et 1.14,18,19). Tanto as profecias como a própria História mostram a ascensão e queda deste império. Ele começou, mas teve seu fim — e um fim desastroso quando rece beu um golpe mortal do Império Greco-macedônio. Ele não era o Reino de Deus, que é um Reino que não tem fim (Dn 9.13).
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O Império Grego
Este império foi descrito em várias passagens do livro do profeta Daniel. Segue-se, portanto, que foi um império de gran de magnitude e importância, a ponto de despertar a atenção do próprio Deus. 1. A Representação Profética, Histórica e Mitológica do Império Grego
O Império Grego é descrito na revelação profética de Daniel da seguinte forma: "Depois disso, eu continuei olhando, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também esse animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio" (Dn 7.6). Este terceiro animal que aparece nesta grande visão refere-se ao Império Greco-macedônio, que entra em cena nesta visão. Em Daniel 2.35-39, este império é chamado de "... um tercei ro reino, de metal, o qual terá domínio sobre toda a terra". Na passagem de Daniel 4.14, o rei Nabucodonosor viu uma grande árvore que se dividia em quatro partes: tronco, ramos, folhas e frutos. Nessa divisão, o tronco seria o Império Babilónico; "os ramos", o Império Medo-persa, e o Império Greco-macedônio pode ser concebido como sendo "as folhas"; enquanto "os fru tos" representariam o Império Romano. Na passagem de Daniel 8.5, ele é representado por "um bode" que vinha do "ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão..." O profeta Joel, cerca de 800 a.C., menciona os gregos como compradores de filhos de Judá, vendidos por negociantes de escravos de Tiro (cf. J1 3.6). Ezequiel 27.13, por sua vez, menciona Javã (a Grécia) e Tiro como negociantes de escravos. O profeta Daniel, em 8.21; 11.3, também menciona a Grécia. O Império Greco-macedônio que dominou o mundo surge em 359 a.C., com o declínio do poderio das cidades-estados gre gas, enfraquecidas por guerras fratricidas. Estende-se até 31 a.C.,
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quando cai sob o domínio romano. Os macedônios, de ascen dência grega, ocupam originalmente o norte da Grécia. Em 359 a.C., Filipe II assume o poder na Macedônia. Redistribui as ter ras, conquistando apoio dos camponeses, e amplia o exército, garantindo a defesa das fronteiras. Dá início então às campa nhas expansionistas, anexando as cidades de Potidéia, Anfípolis e Pidna, controladas por Atenas. Acaba por intervir na Grécia e, em 338 a.C., as forças macedônias derrotam definitivamente os atenienses e tebanos na Batalha de Queronéia. Filipe é assassi nado à traição em 336 a.C., na cidade de Egéia, por Pausânias, filho de Ceraste. Seu filho, Alexandre, o Grande (356 a.C. — 323 a.C.), que havia tido como preceptor Aristóteles, um dos maio res gênios da filosofia, da erudição e do saber, assume o reino com o apoio do exército. Ataca com violência as cidades gre gas que se rebelaram após a morte de seu pai. Só Atenas não é arrasada. Estabelecido o completo domínio sobre a Grécia, Ale xandre, já como líder supremo da cultura helénica, dirige-se à Ásia Menor e liberta do jugo persa as cidades gregas da re gião, em 333 a.C., derrotando as tropas do soberano persa Dario III. Unifica, assim, toda a Grécia com a Macedônia. D aniel descre ve essa união, dizendo que este animal tinha duas naturezas: Leo-leão e Pardo-pantera. Este império cresceu, não apenas em seu poderio militar, mas também política e culturalmente. A Grécia era o berço do saber daqueles dias. A mitologia grega se desenvolveu ali como sendo um poderoso reino de fantasi as encantadoras. I. A Mitologia Grega — Resultado da fusão das mitologias micênica e dórica, a mitologia grega clássica tem suas principais fontes na Teogonia, de Hesíodo, e na Ilíada e Odisséia , escritas por Homero no século VIII a.C. Teogonia é a mais completa e impor tante fonte de mitos sobre a origem e a história dos deuses. Já as narrativas de Homero descrevem os grandes feitos da história grega, nos quais os heróis são ajudados pelos deuses.
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Os deuses gregos são divididos em vários grupos. O mais antigo é o dos Titãs, liderado por Cronos. O mais poderoso é o dos deuses do Olimpo, que se dividem em várias classes. A clas se superior é formada por Zeus, governante de todos os deuses; Apoio, deus da música e da poesia; Ares, deus da guerra; Hefeso, ferreiro dos deuses; Hermes, mensageiro dos deuses; Posêidon, deus dos terremotos e do oceano; Afrodite, deusa do amor; Ártemis, deusa da caça; Deméter, deus da agricultura; Hera, irmã e mulher de Zeus; e Héstia, deusa do fogo. Numa classe inferior estão Hades, irmão de Zeus e deus dos infernos; Dionísio, deus do vinho; Pã, deus das florestas; as ninfas, guardadoras da natureza; e as musas, que representam as artes e as ciências. Os heróis, seres mortais em sua maioria, são tão im portantes na mitologia grega quanto os deuses. Os primeiros a surgir são Jasão, Teseu e Édipo. Na Guerra de Tróia, em 1194 a.C., destacam-se Agamenon, Menelau, Odisseu (conhecido como Ulisses), Aquiles, Heitor e Páris. Mas o principal herói grego é Héracles, mais conhecido por seu nome romano, Hércules. Zeus, de acordo com a mitologia grega, era a divindade principal, que obteve tal posição ao destronar seu pai, Cronos. Os romanos chamavam-no Júpiter, isto é, "pai do céu". Originalmente, Zeus era um deus indo-europeu do céu ou das condições atmosféricas. De fato, seu nome significa "céu". Na concepção dos gregos, a posição e os poderes de Zeus foram crescendo. E ele acabou sendo o panomphaios, ou seja, autor de toda adivinhação, origem dos poderes proféticos e dos estados e potencialidades místicas. Zeus acabou por tornar-se o governante supremo tanto dos homens quanto dos imortais. Tornou-se tam bém o protetor e guardião dos reis, da justiça e da retidão. Era assessorado por D.ikê, Justiça, Thêmis, Lei e Nêmesis, Retidão. Zeus, portanto, tornou-se para o pensamento grego o que o Deus Todo-poderoso tornara-se para o povo hebreu. Hércules foi um outro herói imaginário da mitologia grega. Também no mundo ocidental, suas grandes façanhas — especial
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mente os chamados doze trabalhos de Hércules — são grande mente conhecidas e admiradas por muitos. Hércules é o patrono invocado pelos dóricos, mas isso não significa que a sua lenda seja dórica. Ao contrário, liga-se, como os ciclos precedentes, à Grécia acaica e miceniana. Por sua ascendência, Hércules é um argiano, visto que sua mãe, Alcmena, e seu pai "mortal", Anfi trião, são ambos perseidas. Mas ele não nasceu em Tirinto, em bora a sua família seja originária dessa cidade, e a sua lenda este ja associada a ele. Hércules foi criado segundo a tradição helénica. Deram-lhe como mestre de música Lino, para ensinar-lhe os ru dimentos. Mas Hércules era indócil e desajeitado e, um dia em que Lino tentou corrigi-lo, o aluno agarrou o banquinho (outros dizem a lira) e com ele esmagou o crânio do mestre. Anfitrião decidiu deixar esse filho trabalhoso no campo, onde foi encarre gado de guardar os rebanhos. Aos dezoito anos, Hércules, que atingira a altura extraordinária de quatro côvados e um pé, ma tou o leão de Citeron. Foi a sua primeira façanha. Executou-a por conta do rei Téspis e, enquanto durou a caçada, Hércules dormiu todas as noites no palácio do rei. Téspis, que tinha cinqüenta fi lhas, fez com que cada noite houvesse uma diferente na cama do herói. Hércules uniu-se a todas, e era tal o seu cansaço pela caça da que julgou tratar-se sempre da mesma. Gerou assim cinqüen ta filhos, os tespíades que, mais tarde, colonizaram a Sardenha. Terminada a caçada do leão de Citeron, Hércules livrou a cidade de Tebas de um tributo imposto pelo povo orcômeno. Na bata lha, Anfitrião foi morto ao lado do filho. Para agradecer a Hércules, Creonte, rei de Tebas, deu-lhe em casamento sua filha Mégara. Teve esta vários filhos, mas Hera fez enlouquecer Hércules, o qual, num acesso, matou a todos. Voltando a si, ficou horrorizado com seu crime, renunciou a Mégara e, por ordem da deusa, pôs-se ao serviço exclusivo de Euristeu, filho de Stoleno. II. Os Doze Trabalhos de Hércules — Os doze trabalhos impostos por Euristeu a Hércules são também chamados de "doze
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fadigas sucessiva suces sivas", s", por tratar-se tratar-se de trabalhos trabalhos impossíveis im possíveis de se rem realizados pela imaginação humana. Ia O primeiro trabalho do herói foi vencer o leão que fazia toda a sorte de devastações em Neméia e que era invulnerável. Hércules estrangulou-o em seus braços e, quando o animal mor reu, esfolou-o e revestiu-se com sua pele. A cabeça servia-lhe de capacete tanto que proibiu-lhe o acesso à cidade dali por diante, e intimou-o a depositar os seus troféus diante das Portas. 2a Foi o combate contra a Hidra de Lerna, serpente cujas múltiplas cabeças repontavam à medida que eram cortadas. Com auxílio do sobrinho Iolau, filho de íficles, Hércules cortou as ca beças do monstro e queimou as carnes, o que impediu que res surgissem. 3a A terceira fadiga constituiu em ir buscar vivo um javali que vivia no monte Eurimanto. Hércules deu-lhe caça na neve, cansou-se e pôde assim capturá-lo. Quando Euristeu viu o ani mal escondeu-se escondeu -se numa jarra de bronze, no fundo do seu palácio, tão assustado que ficou. 42 A quarta foi a conquista, por determinação de Euristeu, que desejou a corça sagrada do monte Cerínio. Era um animal velocíssimo, de chifres dourados e outrora dedicados pela ninfa Taígeta a Ártemis. Hércules perseguiu-a um ano sem alcançá-la. Por fim, fim, feriu-a feriu-a levemente com uma flecha, e pôde agarrá-la. agarrá-la. 5(l Em volta do lago Estínfalo, na Arcádia, existia uma espes sa floresta, floresta, cheia cheia de pássaros que haviam fugido em outros tem pos por causa de uma invasão invasão de lobos e se haviam multiplicado de modo extraordinário. Como constituíssem uma praga para para as terras circunvizinhas, Huristeu ordenou a Hércules que os des truísse. Para fazê-los sair todos de uma só vez da espessura da mata, o herói recorreu recorreu a castanholas castan holas de bronze fabricadas fabr icadas por p or ele próprio ou presenteadas presenteada s por Atená. Os pássaros amedrontaramse, saíram do abrigo e foram mortos a flechadas.
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6” Na Élida, vivia o rei Augias, que possuía numerosos reba nhos, porém este monarca era muito negligente, e o esterco acu mulava-se em seus estábulos. Hércules foi encarregado por Euristeu de limpar a moradia de Augias. Conseguiu-o desvian do o curso de dois rios, o Alfeu e o Peneu, para o pátio. Estes trabalhos, segundo a lenda, foram todos realizados dentro da Grécia continental. Os trabalhos seguintes levam-nos fora do Peloponeso Pelopon eso (a penínsu pen ínsula la grega que faz a ligação com a parte con co n tinental), o que avulta a lenda muito além da região. 7° Foi, primeiro, a captura do touro de Creta. Esse touro, o mesmo que havia raptado Europa, e cuja forma Zeus assumira, tinha-se enfurecido enfur ecido e causava causava devastações devastaçõe s em toda a ilha. ilha. FIércules FIércules capturou-o, voltou v oltou à Grécia Gré cia na sua garupa, a nado, e entregou de novo o animal a Euristeu. Este ofereceu a Hera aquela vítima de escol, mas a deusa deu sa não o aceitou e o touro, deixado deixad o em liberdade, ganhou a Ática, onde devia ser mais tarde capturado por Teseu. 8a Havia na Trácia um rei chamado chama do Diomede D iomedess que nutria nu tria suas suas éguas de carne humana. hum ana. Hércules H ércules dirigiu-se dir igiu-se à sua corte e deu-lhe de comer aos seus animais. Foi o seu oitavo trabalho. 92 A filha de Euristeu, Admeta, desejou possuir o cinto da rainha das amazonas. As amazonas eram uma população de mulheres guerreiras que viviam no interior da Ásia. Ásia. Descendiam do deus Ares. Ares. Hércules recebeu por missão m issão satisfazer o capricho capricho de Admeta. Hipólita, a rainha das amazonas, concordou de boa mente em ceder-lhe o cinto, mas eclodiu entre as amazonas e o séquito de Hércules uma briga que degenerou em batalha. Hércules, julga julgando ndo-se -se traído, matou a rainha. rainha. 10fi 10fi Pouco Pou co a pouco, pouc o, Euristeu Eu risteu impu i mpunha nha a seu servo provas cada vez mais longínquas. Ordenou-lhe que fosse buscar os bois de Gerião, filho filho de Crisaor e descendente da Górgona Medusa, Medu sa, pos suidor de grandes rebanhos, guardados pelo pastor Eurition na ilha de Eritia, a ilha Vermelha, no país do pôr-do-sol. A dificulda dificuld a de consistia em transpor o Oceano. Hércules pediu ao Sol a gran de taça em que embarca todas as tardes para ir do Ocidente ao
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Oriente. O Sol consentiu e Hércules chegou ao país de Gerião. Massacrou Eurition e o seu cão Ortros e voltou tocando o reba nho na frente. Ligava-se a essa viagem de volta grande número de aventuras destinadas a explicar explicar particularidades locais. locais. O he rói teria nessa ocasião erguido de ambos os lados do estreito de Gibraltar as "Colunas de Hércules". Ao atravessar a terra dos Lígures, foi atacado por bandidos. Para socorrê-lo, Zeus mandou uma chuva de pedras que até hoje se podem ver nas terras de Crau. Hércules continuou a seguir a costa do mar Tirreno. En controu-se, uma tarde, na margem do Tibre no sítio sítio em que devia mais tarde erguer-se Roma. Aí, um bandido, chamado Caco, ti rou-lhe algumas cabeças de gado e escondeu-as numa gruta no monte Aventino Aventino.. Mas M as Hércules matou-o e fundou, em lembrança de sua vitória, o Grande Altar, em que seu culto foi por muito tempo celebrado. No fim da viagem, o herói entregou os bois a Euristeu, que os ofereceu em sacrifício a Hera. Em seguida Hércules recebeu ordem de ir aos Infernos 11 buscar o cão Cérbero, um monstro de três cabeças cabeças que guardava a entrada do reino dos mortos. Hércules, depois de se ter feito iniciar nos Mistérios de Elêusis, desceu ao mundo subterrâneo pela Porta do Inferno que se abre no cabo Tênaro. Viajava, aliás, sob a direção de Hermes, por ordem de Zeus. No caminho en controu heróis defuntos, defun tos, sobretudo Meleagro, o herói de Calidon, que acabava de morrer e lhe recomendou a sua irmã Dejanira. Hércules prometeu casar-se com ela quando voltasse ao mundo dos vivos. Por fim submeteu Cérbero e voltou a Argos. Euristeu, vendo o cão monstruoso, teve medo e não quis aceitá-lo. Hércules foi obrigado a reconduzi-lo ao Inferno. 12a Esta é a última fadiga de I lércules; consistiu em ir colher pomos de ouro que as I lespérides (as filhas tia Tarde) guarda vam num jardim maravilhoso, com ajuda de um dragão. Quan do do casamento casam ento de Hera com Zeus, Zeu s, a Terra havia-lhe dado esses pomos de presente, e a deusa tinha-os achado tão belos que os havia plantado em seu jardim, ao pé do monte Atlas. Hércules
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começou por indagar o caminho, e soube que o deus marinho Nereu era o único que podia informá-lo. Nereu, todavia, não se deixava interrogar de boa vontade, e Hércules teve de submetêlo para conseguir uma resposta. Conta-se que Hércules atraves sou o Egito, onde matou o rei Busíris, que sacrificava os estran geiros, depois passou à Arábia e, no "mar Exterior", embarcou de novo na taça do Sol. Desembarcou ao pé do Cáucaso e apro veitou para libertar Prometeu, Prom eteu, matando m atando a águia que o torturava torturava.. Em agradecimento, o gigante informou-o que havia mandado colher os pomos por Atlas. Por fim Hércules chegou ao país das Hespérides e ofereceu a Atlas, que sustentava o céu nos ombros, como castigo que lhe dera Zeus por ter destronado os Titãs, a substituí-lo enquanto ele iria colher os frutos. Atlas aceitou, mas, ao voltar, declarou que Hércules Hér cules estava estav a muito bem no seu lugar lug ar e que era melhor que ele continuasse. Hércules fingiu concordar; pediu apenas que Atlas lhe metesse uma almofada nos ombros. Sem desconfiar, desconfiar, o gigante obedeceu, mas, enquanto enquan to ficou susten tando a abóbada, Hércules escapuliu e deixou-o sozinho. Uma vez de posse dos pomos de ouro, Euristeu não soube o que fazer deles e restitui-os ao herói, que os entregou a Atená, e esta foi levá-los novamente ao jardim maravilhoso.3 Assim, para os gregos, Hércules tornou-se o herói imaginá rio das grandes conquistas da vida; ainda que sejam aquelas que aos olhos humanos sejam quase que impossíveis. Nisso pode mos tirar até mesmo uma lição para o nosso viver. Não na ficção — mas no exemplo deixado. Hércules foi apenas um herói ima ginário. Nosso Deus, porém, um herói real e Todo-poderoso. Qualquer conquista ou vitória a Ele atribuída é por demais ver dadeira, porque para Ele "nada é impossível" (Lc 1.37). mo rrer er,, III. A Morte de Alexandre Alexand re e o Fim do Império ■— Ao morr aos 33 anos, em Babilônia (323 a.C.), Alexandre deixa como prin cipais cipais legados um vasto v asto império e a unificação do mundo grego, grego, com a difusão de sua cultura quase até os limites do Oriente. Orien te. Mas
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as conquistas territoriais desapareceram com ele. Disputas até 281 a.C. dividem o império em quatro grandes reinos: Macedônia, Ásia Menor, Egito e Síria. Estes impérios foram vistos por Daniel como sendo as "quatro cabeças" do leopardo e os "quatro ventos do céu" (quatro direções cardeais) vistos no versículo quatro do capítulo 11 do livro de Daniel. Elas representavam, tanto as rea lezas como seus generais que, após a morte de Alexandre, tornaram-se reis. São eles: Egito (Etolomeu), Síria e nações vizinhas (Seleuco), Macedônia (Lisímaco) e Ásia Menor (Cassandro. A palavra seleucidae (plural) vem do nome de Seleuco Nicator, general de Alexandre, o Grande. Esse general, depois da morte de Alexandre, começou a dinastia que governou parte da Ásia Menor, Síria, Pérsia e Báctria. A crise política-econômica dos reinos, a ascensão de novos impérios e a reação grega contrária à cultura helenística contri buem para o declínio a partir de 220 a.C. Entre 197 a.C. e 31 a.C., os romanos tomam Alexandria e encerram em definitivo o domí nio macedônio. Assim termina um dos maiores impérios da anti güidade. Ele foi construído sem Deus e sem Deus terminou! IV. Os Sucessores de Alexandre
336—323 a.C. Alexandre Magno— Império Greco-macedônio: Alexandre é o leopardo com quatro asas de Daniel 7.6. Também é o bode de um chifre só, que corria tão veloz e não tocava na terra, e que atacou e derrotou o carneiro com dois chifres — Média e Pérsia —, que representava Dario, o último dos monarcas persas (Dn 8.4-7). Na estátua de Nabucodonosor, em Daniel 2.39, Ale xandre é o ventre de bronze, ao passo que as pernas [fêmures] de ferro representavam os seus sucessores.
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a. Os Ptolomeus Título Ptolomeu I (Sóter) Ptolomeu II (Filadelfo) Ptolomeu III (Evergetes) Ptolomeu IV (Filopátor) Ptolomeu V (Epifanes) Ptolomeu VI (Filométor) Ptolomeu VII (Evergetes II, "Fiscon") Ptolomeu VIII (Sóter II, "Latirus") Ptolomeu IX (Alexandre) Ptolomeu VIII (Sóter II, "Latirus") Ptolomeu X (Alexandre II) Ptolomeu XI (Auletes) Cleópatra VII
Período 323—285 a.C. 285—246 246—221 221—203 203—181 181—145 145—116 116—108 108—88 88—80 80 80—51 51—30
b. Os Selêucidas Título Seleuco I (Nicator) Antíoco I (Sóter) Antíoco II (Teos) Seleuco II (Calínico) Seleuco III Antíoco III (o Grande) Seleuco IV (Filopátor) Antíoco IV (Epifanes) Antíoco V (Eupátor) Demétrio I (Sóter) Alexandre Balas Demétrio II (Nicator) Antíoco VI (Epifanes)
Período 312/11—280 a.C. 280—261 261—247 247—226 226—223 223— 187 187—175 175—163 163—162 162—150 150—145 145—139 145—142
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Antíoco VII (Sidetes) Demétrio II (Nicator) Antíoco VIII (Gripo) Antíoco IX (Quinzeno)
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139—129 129—125 125—96 115—95
c. A Resistência dos Macabeus Título Matatias Judas Macabeu Jônatas Macabeu Simão Macabeu João Hircano Aristóbulo Alexandre Janeu Alexandra Salomé Hircano II vs. Aristóbulo II Hircano II Antígono
Período 168— 166 a.C. 166—160 160—142 142—135 135—104 104—103 103—76 76—67 67—63 63—40 40—37
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O Império Rom ano
O maior e mais vasto império da antigüidade foi, sem dtivida, o Império Romano. Este império tornou-se notório tanto em poder como em crueldade. O profeta Daniel usou várias compo sições em seus elementos proféticos e o descreveu assim: "De pois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisa va aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas" (Dn 7.7). 1. A Formação de Roma e sua História
Iremos focalizar aqui nesta seção o Império Romano do Oci dente; depois, numa outra seção, focalizaremos o Império Roma no do Oriente. O Império Romano tem como marco inicial a len dária fundação da cidade-estado de Roma, em 754 a.C. ou, se gundo os cálculos astronômicos, em 750 a.C. (a maioria dos his toriadores usa a data de 753 a.C. para a fundação de Roma, mas os teólogos usam, em geral, 754 a.C.), que se toma o centro polí tico do império. Na Eneida, o poeta Virgílio diz que os romanos descendem de Enéias, herói de Tróia que escapou quando os gre gos destruíram a cidade, por volta de 1400 a.C. Sob proteção de Vênus e guiados por Júpiter, chegou à Itália e fundou Lavínio. Seu filho Ascânio fundou Alba Longa e os descendentes Rômulo e Remo seriam filhos da princesa albana Rea Sílvia e do deus Marte. Os dois, ao nascerem, foram colocados em um cesto e ati rados ao rio Tibre por ordem de Amúlio, usurpador do trono de Alba Longa, pertencente a Númitor, avô dos gêmeos. Levados pela correnteza, o cesto encalhou junto ao monte Palatino, onde os dois foram amamentados por uma loba. Encontrados por um pastor chamado Fáustulo, foram por este entregues à mulher Aca Laurência. Na região do Lácio (de onde vem o termo "latino"),
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os gêmeos foram criados por camponeses, depois os irmãos vol taram a Alba Longa, destronaram Amúlio e repuseram Númitor no trono. Então, segundo a lenda, receberam a missão de fundar a cidade e o império. Ainda segundo a lenda, Rômulo, protegido pelos deuses, traçou um sulco no chão com o arado para marcar o local das primeiras construções. Enciumado, Remo saltou so bre o risco, pressagiado que a cidade seria invadida. Rômulo, en tão, travou sangrento combate com seu irmão e o matou.4 I. Informações Históricas de Roma — Historicamente, é opi nado que Roma nasceu de um forte erguido pelos habitantes do Lácio (latinos e sabinos), para impedir as incursões etruscas. No local havia sete colinas. Os latinos fixaram-se nos montes Palatino, Esquilino e Célio; os sabinos, no Quirinal e no Viminal. Mas os próprios etruscos, ao ocupar o Lácio e a Campânia 110 século VII a.C., deram a Roma estrutura final. Então, ela se estendia sobre os montes Capitolino e Aventino. Em Apocalipse 17.9, João des creve estes montes e a cidade assim: "Aqui há sentido, que tem sabedoria. As sete cabeças são sete montes, sobre os quais a mu lher [a cidade] está assentada". A cidade de Roma é das mais antigas da península Itálica. Está edificada "sobre sete colinas", que o apóstolo João chamou de "sete montes" no versículo em foco. Nos dias do Império Ro mano, estas colinas eram chamadas de Palatino, Esquilino, Célio, Quirinal, Viminal, Aventino e Capitolino. A cidade ficava à mar gem esquerda do rio Tibre, a 24 quilômetros da sua desemboca dura no mar de Tirreno, na costa ocidental da península. Hoje, a Roma moderna margeia o Tibre de ambos os lados. Nas descri ções proféticas, o Império Romano foi descrito em cada detalhe e até com minúcias. Primeiro pelas "pernas e pés de ferro e de bar ro" da estátua vista em Daniel 2; segundo, pelas "folhas" da ár vore que Nabucodonosor viu em uma visão (Dn 4); terceiro, por uma figura de um animal: "... terrível e espantoso e muito forte". Em sua consolidação e poder, ele é descrito por Daniel como uma
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fera terrível, conforme lemos no capítulo 7, onde o profeta faz menção a esta criatura em nove referências do versículo 7. 1" Era "terrível". O Império Romano foi terrível, em todos os aspectos. Havia ali traições, conspirações e assassinatos entre os próprios aristocratas do governo e, por extensão, em toda a socie dade romana. Para se ter uma idéia geral, o próprio Filho de Deus, Jesus nosso Senhor, foi morto sob a força brutal deste terrível poder. 2a Era "espantoso". Ele era espantoso em todas as maneiras de proceder. A própria lenda da fundação de Roma diz que Rômulo matou seu próprio irmão em combate e a história secu lar diz que este império deixou atrás de si um rastro de sangue. Conforme já tivemos a ocasião de expor na seção anterior, ali havia muita traição e maldade. Só em pronunciar a palavra "romano" todo o mundo tremia, visto que isso inspirava cisma e extremo terror (Jo 19.12,13; At 16.37-39). 3a Era "muito forte". Durante a república, a política expansionista romana era baseada no interesse dos políticos em expandir seus negócios, e isso trouxe para Roma a necessidade de conquistar novos povos e novas rotas. Após longas lutas, Roma se apossa da Península Itálica, em 275 a.C. Os territórios domina dos formaram uma confederação que supria a administração cen tral com imposto e fornecia homens ao exército, tornando, por tanto, Roma "muito forte", como foi descrita pela palavra divi na. Ainda hoje, se usa um provérbio que diz: "Roma foi um im pério do tamanho do mundo". 4a "Tinha dentes grandes de ferro". O exército romano tornara-se o mais poderoso do mundo e passou a ser visto como uma instituição poderosa. Generais e comandantes enriqueceram, ga nharam prestígio e muitos iniciaram carreira política. Este formi dável exército, dividido em legiões, coortes, manípulos e centúrias, eram os "grandes dentes de ferro" contemplados pelo profeta Daniel em sua visão.
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5aEle "devorava" a todos. Em função do comércio, a agricul tura especializou-se em torno de alguns produtos, como oliva, uvas e frutas. O fluxo de escravos crescia tanto que o escravagismo torna-se o modo de produção dominante, levando pequenos e médios proprietários à falência. Estes fixaram-se nas cidades, ori ginando-se uma massa de elementos socialmente instáveis e de fácil manipulação e, assim, foram todos, portanto, devorados. 6 Ele "fazia em pedaços" a todos. A política de pós-conquista do Império Romano era a divisão em pequenas tetrarquias, províncias e distritos, nas quais eram colocados governadores ou chefes militares de origem romana ou mesmo de uma outra nacio nalidade. Esta maneira de proceder fazia em "pedaços" aquelas terras conquistadas e também trazia enfraquecimento no sentido político e religioso. A Palestina, incluindo também Israel, foi um exemplo disso. Nos dias de Jesus, encontrava-se dividida em cinco tetrarquias: • Galiléia; •Samaria; •Judéia; •Peréia; •Decápolis. Os próprios judeus foram despedaçados por este sistema, e, ainda hoje, encontram-se judeus em todas as partes do mundo (cf. Mt 21.44). 7a Ele "pisava aos pés o que sobejava". Em Daniel 2.33, o Império Romano aparece como sendo "os pés de ferro" da es pantosa estátua vista por Nabucodonosor. As conquistas roma nas traziam em si dois objetivos: matar e reduzir à escravidão. As Escrituras falam de vários elementos proféticos sobre es tes ("pés") e o poder de destruição que os mesmos apresentavam (Dn 2.33,34,41,42; 7.7,19,23; 8.10,13; Lc 21.24; Ap 11.2; 13.2). É in teressante observar como as Escri turas são proféticas e se combi
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nam entre si em cada detalhe. Até o mapa da península Itálica, que serviu de base para o Império Romano, é figura de um "pé" ou de uma "bota", como é por muitos identificada em sua consti tuição geográfica. 8S Era "diferente de todos os animais que apareceram antes dele". Em 264 a.C., há o interesse pela conquista da Sicília, ponto estratégico para o comércio do Mediterrâneo, o que coloca Roma em conflito com Cartago, que dominava o Mediterrâneo central, dando início às guerras púnicas (264 a.C. a 146 a.C’.). Vencedora, Roma ocupa a Espanha, o sul da Gália (França) e o Mediterrâneo oriental. As numerosas conquistas afetam profundamente a es trutura e o modo de vida dos romanos. Roma deixa de ser agrá ria para se tornar mercantil, urbana e luxuosa, tornando-a, as sim, "diferente" de todos os demais povos daquela época. Exata mente como descrevera o profeta, quando disse que aquele ani mal "era diferente" de todos. 9 Ele "tinha dez pontas". O animal espantoso descrito em Daniel 7 tinha "dez pontas", como tinha "dez dedos" os pés da estátua do sonho do monarca Nabucodonosor (Dn 2). Estas "dez pontas", que foram vistas na cabeça do animal por Daniel, assim explicou o anjo ao profeta: "E, quanto às dez pontas, daquele mesmo reino se levantarão dez reis; e depois deles se levantará outro, o qual será diferente dos primeiros e abaterá a três reis" (Dn 7.24). Estas dez pontas vistas em alinhamento na cabeça da fera terrível simbolizam dez reis que "se levantarão" no tempo do fim. Eles ainda não existiam naqueles dias em que o Império Romano dominava o mundo. Estes monarcas farão parte do som brio governo do Anticristo durante a Grande Tribulação. Eles somente se levantarão "no tempo do fim". Isso fica subentendi do na frase dita pelo anjo de Deus em sua interpretação a Daniel: "... se levantarão". O fato de estarem em alinhamento, como em alinhamento estavam os dez dedos da estátua descrita no capítu lo 3 do livro de Daniel, quer dizer que esses reis escatológicos governarão ao mesmo tempo (Ap 17.12). Três deles receberão
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poder apenas por "uma hora", mas depois cairão (Ap 17.12). Os intérpretes contemporâneos opinam que a atual Comunidade Econômica Européia (CEE), que passa formalmente a se chamar União Européia (UE) em 1993 — bloco econômico formado por 25 países da Europa Ocidental —, seja o princípio do cumpri mento desta grande profecia. Segundo este conceito, com a as censão do Anticristo, esta comunidade ficará reduzida apenas a dez países. Cremos que Deus e o tempo nos mostrarão se de fato isto se confirmará II. Os Sistemas de Dinastias — Os sistemas ou dinastias qu governaram este império, de acordo com a lenda e a história, são estes: I a A Realeza. Os dados foram obtidos a partir de lenda sobre os sete reinados. A lenda do rapto das sabinas dá a entender que ocorreu um processo de integração entre romanos e sabinos, na época de Rômulo, primeiro rei de Roma. Numa Pompílio, sabino de origem, organizou o culto religioso. Túlio Hostílio destruiu Alba Longa, conforme a lenda que narra a luta entre os irmãos Horácios, campeões de Roma, e os irmãos Curiácios, campeões de Alba. O quarto rei, Anco Márcio, fundou o porto de Óstia e construiu a ponte Sublícia sobre o rio Tibre. A partir de 640 a.C., Roma passa a ser governada por reis etruscos. Tarquínio, o Anti go, iniciou a construção de grandes obras. Sérvio Túlio ergueu o primeiro muro, dividiu a cidade em quatro tribos urbanas e re partiu a população em cinco categorias sociais, de acordo com as posses de cada um. Tarquínio, o Soberbo, edificou o templo de Júpiter e a cloaca máxima, o sistema de esgotos. Foi deposto e expulso em 509 a.C. porque, segundo a lenda, seu filho Sexto Tarquínio violentou Lucrécia, filha de um influente aristocrata. 2a A Reptíblica. O afastamento de Tarquínio, o Soberbo, mar ca o início do período republicano, de 509 a.C. a 27 a.C. Inicial mente, os chefes das grandes famílias compunham o Senado. Seus membros passaram depois a ser recrutados entre antigos magis-
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trados, com base numa lista preparada pelos censores. Havia 100 senadores no começo, mas depois foi elevado este número para 300. Os cargos eram vitalícios. A República era exercida por 6 categorias: • Cônsules; • Pretores; • Censores; • Questores; • Tribunos da plebe; • Edis. a. Suas funções — De acordo com as informações históricas, estas funções eram desempenhadas da seguinte forma: l 2 Cônsules. Eram dois magistrados principais, talvez cor respondente às funções de primeiros-ministros, com poder equi valente ao dos antigos reis. Suas funções eram: comandar os exér citos, convocar o Senado e presidir os cultos públicos. 2 Pretores. Eram encarregados do poder judicial. Vários fo ram indicados posteriormente para o cargo de governadores de províncias. 3a Censores. Eram nomeados por um período de cinco anos e encarregados durante este tempo de fazer o censo tanto político como econômico do império. 4a Questores. Cuidavam da área financeira. 5a Tribunos da plebe. Eram 10. Funcionavam como uma es pécie de sindicato. Podiam vetar leis contrárias aos interesses da plebe, exceto em períodos de guerra. 6a Edis. Eram encarregados da conservação pública, reparti ção de mercados, policiamento, abastecimento e outras funções menos importantes. Primeiro Triunvirato. O período de disputa pela hegemonia política entre homens novos e patrícios é acompanhado por uma
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guerra civil. Neste contexto, surge o Primeiro Triunvirato, for mado por Crasso, Pompeu e Júlio César. Crasso morre em 53 a.C. César vence Pompeu e seus filhos na Espanha e na África, retornando a Roma como ditador, em 46 a.C. E assassinado em 44 a.C., em pleno Senado, na tentativa de estabelecer uma mo narquia hereditária. Segundo Triunvirato. O Segundo Triunvirato foi também chamado de tribunais militares. Lépido, Marco Antônio e Otávio formam o Segundo Triunvirato em 43 a.C. Três anos depois, os domínios de Roma são divididos. Marco Antônio fica com o Orien te, Lépido com a África e Otávio com o Ocidente. Lépido é afas tado em 36 a.C. Otávio inicia várias manobras políticas junto ao Senado, o que acaba lhe atribuindo plenos poderes. O Império Romano. Em 27 a.C., o Senado atribuiu a Otávio o título de Augusto, que significava "consagrado", "majestoso", "divino". Estas "cinco dinastias", ou sistemas de governos que governaram o Império Romano, já tinham "caído" nos dias do apóstolo João. Ele descreve em Apocalipse 17.10, dizendo: "E são também sete reis: cinco já caíram, e um existe; outro ainda não é vindo; e, quando vier, convém que dure um pouco de tempo". O versículo em foco está dividido em três seções naturais, a saber: 1" "... cinco já caíram", quer dizer, as "cinco dinastias" ou "sistemas de governos" que governaram este império, partindo de 754 a.C. a 31 a.C. 2" "... um existe" refere-se ao sistema de dinastia que gover nava o Império Romano que existia nos dias do apóstolo João, partindo de 31 a.C. a 476 d.C. 32 "... outro ainda não é vindo". Esta terceira seção aponta diretamente para a sétima e última dinastia do ressurgido Impé rio Romano que, no futuro, servirá de base para o governo do Anticristo. Por esta razão, diz: ele será "o oitavo", e é dos "sete"; ou seja, a besta será o oitavo rei mundial deste sistema, mas go vernará dentro da "sétima dinastia" deste sistema de governo.5
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III. Datas e Acontecimentos — Devemos observar através dos registros históricos como se tem cumprido fielmente a Pala vra de Deus e todas as suas profecias. Vejamos as datas e aconte cimentos que marcaram a história deste império, conforme nos foram reveladas por meio dos profetas: Datas Acontecimentos 800 a.C........................................Início do povoamento da região de Roma.
754 a.C........................................Rômulo e Remo, segundo a lenda, fundam a cidade de Roma. c. 616 a.C. — 509 a.C .............. Roma é dominada pelos etruscos. 509 a.C........................................Roma liberta-se do domínio etrusco. Os romanos derrubam o último rei etrusco, Tarqüínio, o Soberbo, e fun dam a República. 494 a.C........................................Os plebeus conseguem o direito de eleger seus próprios representan tes, chamados tribunos da plebe. 449 a.C ....................................... Início da publicação da Lei das Doze Tábuas, que reúne as leis romanas existentes, definindo os direitos e os deveres dos plebeus. 390 a.C ....................................... Os gauleses saqueiam Roma. 264 a.C. — 146 a.C .................. Período das Guerras Púnicas: Roma e Cartago disputam o con trole do comércio no Mediterrâneo ocidental.
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264 a.C. —241 a.C ................... Primeira Guerra Púnica: vitória de Roma sobre Cartago. 218 a.C. —201 a.C....................Segunda Guerra Púnica: Roma vence novamente Cartago. 149 a.C. —146 a.C....................Terceira Guerra Púnica: Roma destrói Cartago e estabelece seu domínio no Mediterrâneo. 133 a.C. —27 a.C......................Período de lutas políticas entre os aristocratas e os plebeus. É a fase de decadência da República. 133 a.C. —121 a.C....................Os irmãos Tibério e Caio Graco tentam realizar as reformas agrárias. 133 a.C........................................Tibério Graco é eleito tribuno da plebe e apresenta o projeto de re forma agrária. Morte de Tibério. 123 a.C........................................Caio Graco tenta continuar o pro jeto de seu irmão. 121 á.C ....................................... Caio Graco é assassinado. 107 a.C. —79 a.C ..................... Período dos governos de Mário e Sila. 107 a.C ....................................... Mário é eleito cônsul. 104 a.C ....................................... Mário faz a reforma do exército. 86 a.C..........................................Morte de Mário. 82 a.C. —79 a.C........................Período da ditadura de Sila. 79 a.C..........................................Sila renuncia.
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78 a.C..........................................Morte de Sila. 73 a.C. —71 a.C ........................Espártaco chefia uma revolta de escravos. 60 a.C..........................................Forma-se o Primeiro Friunvirato composto por Crasso, Pompeu e César. 58 a.C .........................................César começa a conquista da Gália. 53 a.C..........................................Morte de Crasso. 49 a.C ......................................... Pompeu e César disputam o poder. César derrota Pompeu. 46 a.C..........................................César é nomeado ditador por 10 anos. 44 a.C..........................................César é assassinado. 42 a.C..........................................Forma-se o Segundo Triunvirato composto por Marco Antônio, Otávio e Lépido. 27 a.C..........................................Otávio recebe o título de Augusto e torna-se imperador. Fim da Re pública. 27 a.C. —14 d.C ....................... Reinado de Augusto. 1 ..................................................Início da era cristã. 14................................................Morte de Augusto. Tibério tornase imperador. 14—68 ....................................... Período da Dinastia Júlio Claudiana. 14—37 ....................................... Reinado de Tibério.
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37—41 ....................................... Reinado de Calígula. 41—54 ....................................... Reinado de Cláudio. 54—68 ....................................... Reinado de Nero. 6 4 ................................................Incêndio de Roma e começo da perseguição de Nero aos cristãos. 68—96 ....................................... Período da Dinastia Flávia. 68—69
Os exércitos disputam a sucessão do trono.
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Reinado de Vespasiano.
7 0 ................................................Tito destrói Jerusalém. Acontece a Diáspora: dispersão do povo ju deu pelo mundo.
79—81 ....................................... Reinado de Tito. 7 9 ................................................O Vesúvio entra em erupção. 81—96 .......................................Reinado de Domiciano. 96—193 .....................................Período da Dinastia Antonina. 96—98 .......................................Reinado de Nerva. 98—117 .....................................Reinado de Trajano. 117—138 ................................... Reinado de Antonino Pio. 135..............................................Adriano sufoca uma revolta dos judeus e nega-lhes acesso a Jerusa lém. 161—180 ................................... Reinado de Marco Aurélio.
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180—192 ...................................Reinado de Cômodo. 193—235 ...................................Período da Dinastia Severa. 193—211 ...................................Reinado de Sétimo Severo. 211—217 ...................................Reinado de Caracala. 218—222 ...................................Reinado de Heliogábalo. 212..............................................É concedida a cidadania romana a todos os homens livres habitantes das províncias romanas. 222—235 ...................................Reinado de Severo Alexandre. 235 ..............................................Severo Alexandre é assassinado. 235—305 ...................................Período da anarquia militar. Reinados de Maximino I, Gordiano III, Filipe, o Árabe, Décio, Galo, Valeriano, Galieno, Cláudio II, Aureliano, Probo, Caro, Diocleciano, Maximiano, Constâncio e Galério. 284 ..............................................Início do reinado de Diocleciano e criação da Tetrarquia (Diocleciano, Maximiano, Constâncio e Galério). 306—337 ...................................Reinado de Constantino. 313..............................................Pelo Edito de Milão, Constantino concede liberdade de culto aos cristãos. 330 ..............................................Constantino transfere para Constantinopla a capital do império.
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3 9 1 ..............................................O imperador Teodósio proclama o cristianismo a religião oficial do Estado. 395 ..............................................Teodósio divide o Império Roma no entre Ocidente e Oriente. 4 1 0 ..............................................Os visigodos saqueiam Roma. 455 ..............................................Os vândalos saqueiam Roma. 476 ..............................................Odoacro depõe o imperador Rômulo Augústulo. Fim do Império Romano do Ocidente. _»
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IV. Queda e Ressurgimento do Império Romano
Com o fim do Império do Ocidente, o Império Romano pro priamente dito deixou de existir. Hoje Roma existe — porém não o império. João descreve em Apocalipse 13.3 a inexistência deste império por algum tempo, dizendo: "E vi uma de suas cabeças como ferida de morte..." Contudo, na parte final do versículo, ele descreve o seu ressurgimento, que se dará no tempo do fim, quan do o Anticristo surgir no cenário mundial para implantar seu rei no de trevas. Ele diz: "E sua chaga mortal foi curada..."
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A Assíria
No reinado de Assur, conquistaram seus vizinhos e forma ram o Império Assírio no ano 883, que se estendeu do Irã até a cidade de Tebas no Egito. Tornando-se, portanto, um império de projeção mundial. Suas principais cidades-estados foram Nínive e Assur. Os assírios formam o primeiro exército organizado e o mais poderoso até então. Desenvolvem armas de ferro e carros de combate puxados a cavalo. O controle da áreas conquistadas é mantido pelas tropas por práticas cruéis, como a deportação e a mutilação dos vencidos. Durante seu apogeu de poder e glória, conforme já tivemos a ocasião de falar no início deste capítulo, os assírios destruíram muitos povos e fizeram cativos a muitos ou tros. Israel, especialmente (2 Rs 17). Contudo, em 612 a.C., revol tas internas e invasões dos medos, povo oriundo das margens do mar Cáspio, tomaram Assur e Nínive, pondo fim ao Império Assírio. O Egito
Na escala mundial dos grandes impérios, sempre relaciona mos os impérios: • Babilónico; • Medo-persa; • Greco-macedônio; • Romano. Nossa interpretação sobre estas potências mundiais tem como princípio de formação Daniel 7 — onde são relacionados “quatro animais grandes, diferentes uns dos outros [que] subiam do mar". No entanto, não devemos nos esquecer de que, no capítulo 11, o Egito é visto no contexto profético como uma potência que se levantaria depois destas profecias e no final do tempo com gran
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de poder. Lembremos também de que, no passado, tanto a Assíria como o Egito foram cenários de acontecimentos notáveis que marcaram a vida do povo de Deus e, portanto, devem fazer parte nestes acontecimentos proféticos de alcance muito vasto. A his tória do Egito é marcada de mistérios e fatos notáveis. 1. Suas Origens
Tanto os escritores antigos como os historiadores modernos são de opinião que a nação egípcia teve origem em dois povos distintos como princípio de formação: um de origem africana, proveniente do centro da África — Mizraim, progenitor de sete chefes tribais, bisneto de Noé pela linhagem de Cam, instalara-se ali e formou uma dinastia (Gn 10.6,13,14); — o outro, de raça me diterrânea, havia chegado procedente da Ásia Central. Também se crê que um terceiro grupo se havia assentado ali, procedente da lendária Atlântida e chegado ao vale do Nilo pas sando pela Líbia. Estes grupos se dividiram em duas civilizações: O primeiro grupo — O primeiro grupo deteve-se ao norte do país, na região do Delta, fundando ali a primeira aglomeração urbana, Merinda; O segundo grupo — O segundo grupo estabeleceu-se no sul e teve Tasa como capital do distrito. Criou-se, então, a divisão do território em nomos (assim chamados pelos gregos): 22 no Alto Egito e 20 no Baixo Egito. 2. O Baixo e o Alto Egito
De acordo com a tradição egípcia, no tempo em que o rei Osíris ocupava o trono do Egito, fez a unificação dos dois povos, isto é, a união do Alto e do Baixo Egito. Historicamente, a união do Baixo e do Alto Egito começa com o rei Narmer, identificado por alguns com o místico rei Menes, que unificou os dois reinos e
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fundou a primeira das 31 dinastias. Em uma colher de pedreiro de 74 centímetros de comprimento, que data de 3100 a.C., acha da em Hierakonpolis, a antiga Nekheb, hoje El-Kab, a cidade sa grada do reino do Alto Egito, aparece de um lado o rei com uma coroa do Alto Egito; do outro lado, mostra uma outra gravura do rei com a coroa do Baixo Egito. 3. O Primeiro Im pério Antigo
O Império Antigo começa, segundo alguns, em 3200 a.C. e é considerado por muitos como o período mais feliz de toda a his tória egípcia. E também chamado de Império Menfita, quando a capital foi trasladada de Abidos a Mênfis, nome grego de Menefert, capital do l 2 nomo do Baixo Egito. Durante este perío do da história egípcia, criaram-se as primeiras leis civis e religio sas e ocorreu o surgimento da escrita. O Faraó mais importante daquele tempo foi Zoser, fundador da III dinastia e construtor da primeira pirâmide escalonada de Saqqarah. 4. O Império Médio
O Império Médio começa em 2060 a.C., no final da XI dinas tia. Buscando apoio na classe acomodada, o Faraó Mentuhotep I consegue restabelecer o poder sobre o Baixo Egito. Durante o seu reinado e de seus sucessores, Mentuhotep II e Mentuhotep III, tomam maior impulso as transações comerciais, abre-se uma rota comercial no mar Vermelho e tem prosseguimento a política de expansão na Núbia. Em 2000 a.C., tem início a XII dinastia, uma das mais célebres e famosas da história egípcia, fundada por Amenem-het. Ele intensi fica o culto a Amom e o eleva à mais alta patente entre as divindades egípcias. 5. O Império Novo
O Império Novo começa em 1580 a.C. e marca o triunfo do reino egípcio sobre todo o mundo até então conhecido. E um pe
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ríodo de poderio militar fundado em uma política de defesa e de conquista e de máximo esplendor artístico e cultural. A capital é Tebas e os sacerdotes do deus Amom têm muita influência. Os sucessores imediatos de Ahmés, Tutmósis I e Tutmósis II, dedi cam-se a conquistas e expedições militares. Neste período se des taca a rainha Hatsepsut, que se proclama regente do trono egíp cio após depor seu sobrinho Tutmósis III e reina 22 anos, usando barba e vestindo trajes de homem. Depois de sua morte, Tutmósis III recupera o trono e ordena que sejam apagados to dos os monumentos que continham o nome de Hatsepsut, rei nando então por 34 anos. Durante seu reinado, o Egito experi mentou um período de maior esplendor e prosperidade. 6. A Sociedade do Antigo Egito
Na sociedade egípcia, o rei aparecia em primeiro lugar e era considerado filho de Amon-Rá, o deus-sol, e a encarnação de Hórus, o deus-falcão. Tal pensamento mesclado de fanatismo fa zia do Egito uma teocracia, embora regida por uma monarquia absoluta, em cujo ponto culminante estava o rei, cujo nome era "Faraó" (casa grande ou palácio real), considerado um deus e destinado a unir-se às outras divindades depois de sua morte aparente. Tinha por título "filho do Sol", e representava o poder religioso, político e militar de todo o Egito. O nome "Faraó", na realidade, é uma deformação grega de uma palavra egípcia que indicava o palácio real. Somente durante o Império Novo é que a palavra "Faraó" passou a designar a pessoa do soberano. Tinha várias mulheres, mas só a primeira podia usar o título de rainha. 7. Con stituição Social e Adm inistrativa
Constituição social e administrativa. Os egípcios estavam divididos em classes. A primeira, a mais respeitada, era a dos sacerdotes, cuja dignidade sacerdotal passava de pai para filho. Administravam os bens oferecidos aos deuses e cuidavam dos
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templòs. O mais importante de todos era o profeta de Amom. Ricos e influentes, os sacerdotes estavam isentos de impostos e se mantinham com as ofertas do culto. A segunda era constituída dos nobres, encarregados do gabi nete político e religioso das províncias. Os escribas sagrados eram os que mais se destacavam nesta casta. Formavam-se nas escolas do palácio e aprendiam a traçar os complicados caracteres da es crita, os hieróglifos. Eram chamados de "administradores reais". Os soldados não eram muito estimados pela população. Viviam de produtos recebidos como pagamento e dos saques realizados durante as conquistas e, por fim, a terceira, a classe do povo, que era formada por artesãos e camponeses. Os escravos eram, em geral, bem tratados. Esta última classe, que envolvia artesãos, camponeses e escravos, era responsável pela agricultura, indús tria e comércio. A classe sacerdotal era responsável: Ia Pela ciência. Segundo os sacerdotes, as noções da ciência foram transmitidas ao homem por Thot, o deus lunar considera do o inventor da escrita. Os gregos atribuíam a Hermes Trismegisto, ou seja, "três vezes todo-poderoso". Um outro deus, não revelado, havia dado todas as instruções sociais do antigo Egito. 2° Pela religião egípcia. De acordo com o conceito egípcio moderno, a religião primitiva do Egito era na realidade monoteísta. A crença politeísta e as múltiplas divindades foram apenas aceitas como atributos intermediários do Ser supremo, isto é, o único Deus Todo-poderoso. No Panteão egípcio estava um Deus único, imortal, não criado, invisível. Contudo, pouco a pouco a verdadeira crença num único Deus, que procedera de si mesmo, constituindo-se o princípio da vida e o Pai de todos os pais e essência de todas as essências, fora sendo afastada da mente do povo e ficando apenas em pureza, enclausurada na mente do povo copta, que perdura até ao dia de hoje. A origem da vida foi transferida para o "deus Amon-Rá", que significa "sol oculto",
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pai da vida, passando todas as outras divindades a serem apenas membros de seu corpo. 8. As Divindades Egípcias
Os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses. E os deuses eram antropozoomórficos, ou seja, apresentavam for ma de homem e animal. A dependência das cheias do rio Nilo explica a deificação da natureza. Para explicar a origem de seus deuses, os egípcios contavam que, nos primeiros tempos do Egi to, Set (o vento quente do deserto) assassinou Osíris (o sol poen te, o Nilo, deus da vegetação e das sementes) e lançou o corpo ao rio. Isis (deusa da vegetação) conseguiu encontrar o corpo, mas Set voltou a atacar Osíris e dividiu-lhe o corpo em 14 pedaços, que espalhou pelo Egito. Isis, pronunciando palavras mágicas, uniu os pedaços com a ajuda de Hórus (deus-falcão, o sol levan te). A explicação está de acordo com os altos e baixos da vida dos egípcios, dependentes do rio Nilo. Todos os anos, viam as se mentes morrer e ressuscitar: na natureza, aprenderam a noção de imortalidade. Tais crenças foram substituídas por outras, introduzidas pelas classes mais cultas. Os sacerdotes de Heliópolis impuseram o culto de Rá (o sol, criador de todos os deuses, que navegava pelos céus em sua barca sagrada). Os faráos de Tebas, para livrar-se da hegemonia dos sacerdotes, adotaram Amom como deus supremo. No fim, predominou uma combinação dos dois deuses: Amon-Rá, protetor dos faraós. Outros deuses eram Ptah, protetor dos artesãos; Thot, deus da ciência e protetor dos escribas; Anúbis, deus-chacal, protetor dos embalsamadores; e Maat, deusa da justiça. Em Tebas, os crocodilos mereciam culto especial. Sobeque, o deus-crocodilo, recebia até recém-nascidos como oferendas. Em Mênfis, adoravam Ápis, o touro: sua morte era motivo de luto em todo o país. 9. Os Animais Sagrados
Entre outros, os mais venerados eram estes:
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Hórus — Hórus era um falcão; Thot — Thot, um íbis (ave pernalta semelhante à cegonha); Bast — Bast, uma gata; Khnum — Khnum, um carneiro; Ápis — Ápis, um touro. Depois destas, havia um sem-número de animais que eram reconhecidos pelos sacerdotes como sagrados. Quando Ápis morria — o touro sagrado, que era adorado em Mênfis — após longo tempo, os sacerdotes faziam uma busca em todo o país para encontrar um outro animal com as seguintes características: um triângulo branco na testa, uma mancha parecida com uma águia em cima do dorso e outra mancha em forma crescente no costado. 10. O Nilo também Era Considerado Sagrado
O Nilo movia a economia. Era adorado e venerado como sen do a origem de toda a felicidade do povo egípcio. Assim, tanto na adoração como no louvor se dizia: "o Egito é uma dádiva do Nilo". Alimentava milhares de pessoas numa área de 3.000 qui lômetros de comprimento por 15 quilômetros de largura. Garan tia unidade à civilização egípcia, mas dava trabalho, como a cons trução de diques e canais de irrigação, o que exigia um poder forte e centralizado. 11. A Mumificação e a Imortalidade da Alma
A técnica de mumificação do corpo dos mortos e sua trans formação em múmia considerava-se de origem divina, ligandose a Hórus, filho de Osíris e ísis. A palavra "múmia", segundo o viajante árabe do século XII Abd el-Latif, deriva do árabe múmiya e significa “betume ou mescla de pez e mirra", um composto muito usado na manipulação de cadáveres. O deus Anúbis, se gundo a crença egípcia, acompanhava o processo de mumificação. Todos os livros que tratam da vida futura na literatura egípcia
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demonstram, com evidência, que a base principal da crença dos antigos egípcios era a imortalidade da alma. Com efeito, esta deve ser uma das razões de, em certas passagens do livro dos mortos, poder-se ler: "o corpo físico é para a terra, e a alma é para o céu". Numerosos achados que representam a imortalidade da alma e outras cenas religiosas têm sido encontrados nas casas e túmulos dos faraós. Muitas pinturas e descobrimentos nos monumentos funerários e nas tumbas simbolizam a sobrevivência do morto no outro mundo, ou seja, a vida eterna. Também a cruz ansata, o "ank", simbolizava a vida futura com os três atributos: paz, feli cidade e serenidade. A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Por isso, era preciso conservar o corpo. Com esta finalidade, os egípcios desenvolveram a técnica da mumificação. Os especialistas nesse trabalho eram muito bem pagos. Eles ex traíam as vísceras e imergiam o corpo numa mistura de água e carbonato de sódio. Dentro do corpo, punham substâncias aro máticas, que evitavam a deterioração, como mirra e canela. En volviam o corpo em faixas de pano, sobre as quais passavam uma cola especial para impedir o contato com o ar, e o colocavam num sarcófago, para levá-lo a um túmulo. Segundo acreditavam os egípcios, agora Anúbis conduziria o morto até Osíris. Ele seria julgado na presença de 42 deuses. Seu coração, posto numa ba lança, deveria pesar menos que uma pena. Se fosse condenado, sua alma seria devorada por uma deusa com cabeça de crocodilo. 12. A Escrita Hieroglífica
A escrita hieroglífica era também considerada sagrada (hieros, "sagrado" e glyphein, "gravar"). Os antigos egípcios chamavam seus textos escritos de "palavras dos deuses". Segundo a tradi ção, a escrita havia sido ensinada aos homens diretamente pelo deus Thot durante o reinado terreno de Osíris. Nesse caso, a es crita continha caracteres sagrados e até poderes mágicos. Cada um dos 300 sinais da escrita egípcia indicava um som ou um ob
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jeto diferente. Tantos conhecimentos chegaram a nós por meio da escrita egípcia. Havia três modalidades básicas: hieroglífica, a escrita sagrada dos túmulos e templos; hierática, uma simplifica ção da anterior; e a demótica, a escrita popular, usada nos contra tos redigidos pelos escribas. Em geral, os escritos se inspiravam em temas morais, poéticos ou religiosos, como o Texto das Pirâ mides e o Livro dos Mortos.7 13. Contexto Atual e Profético
Qualquer estudante das profecias sabe que o Egito sempre fez parte do contexto profético que envolve passado, presente e futuro. Isso o indica a uma observação histórica segundo a reve lação profética das Escrituras. O Egito foi sempre uma nação de refúgio como de opressão do povo de Deus (Ap 11.8). Nele, Is rael foi escravizado por 430 anos. No capítulo 11 de Daniel, le mos que, numa investida mortal contra a terra de Israel no fim dos tempos, o Anticristo (o rei do norte) lançará um ataque des truidor sobre o Egito e este "não escapará. E apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas desejáveis do Egito..." (Dn 11.42,43). Isso indica que, nesse tempo do fim, o Egito terá se transformado numa grande potência mundial. Possivel mente, será um dos aliados do bloco comum europeu e, por al gum motivo, anulará sua aliança política ou comercial com este, motivo pelo qual o Anticristo determinará a sua invasão e destruição. 1Severino P. da Silva. Daniel: Versículo por Versículo. 10aed., 2002. 2 Flávio Josefo. História dos Hebreus. Vol. 1, 1990. 3 Pierre Grimal. La Mythologie Grecque. 1965. 4 Ary da Matta. História Geral. 5 Severino P. da Silva. Apocalipse: Versículo por Versículo. 17'' ed., 2002. 6 Nelson Piletti e Claudino Piletti. História e Vida. Vol. 3, 1991. 7 Ali Egypt. House Editrice Bonechi. Itália, 1996.
Capítulo 4
O MARCO DO CALENDÁRIO PROFÉTICO PARA ISRAEL
1. As Setenta Semanas e suas Três Divisões Principais
"Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e so bre a tua santa cidade..." As setenta semanas da visão de Daniel 9.24-27 marcam acon tecimentos importantes na vida da nação israelita e também, por extensão, na vida dos povos gentílicos. Em meio a tudo isso, tam bém, a Igreja do Senhor entra em cena entre a 69a e a 70a semana. Tudo começa com os "setenta anos de cativeiro" sobre Judá e Benjamim, que foram levados escravos para a Babilônia. Deus, tocado de compaixão pelos sofrimentos, realizou o que Ele tinha predito pelo profeta Jeremias, antes mesmo da ruína de Jerusa lém, que, depois de passados setenta anos, em dura escravidão sob Nabucodonosor e seus descendentes, voltariam ao seu país, reconstruiriam o Templo e gozariam de grande felicidade. Encontramos o teor desta grande profecia nas palavras do profeta Jeremias: "E toda esta terra [de Israel] virá a ser um de serto e um espanto; e estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos. Acontecerá, porém, que, quando se cumprirem os setenta anos, visitarei o rei da Babilônia, e esta nação, diz o Se-
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nhor, castigando a sua iniqüidade, e a da terra dos caldeus; farei deles um deserto perpétuo" (Jr 25.11,12). Os setenta anos de cati veiro permitidos por Deus à nação hebréia foi para "... que a ter ra se agradasse dos seus sábados; todos os dias da desolação re pousou, até que os setenta anos se cumpriram" (2 Cr 36.21). Deus estava apenas requerendo o "dízim o" dos anos que Israel passou sem ter observado o quarto mandamento, o repouso do sábado, pois durante os 490 anos de monarquia, esta lei não foi observa da, como devia ter sido, por 70 vezes. Daniel sabia que Deus era fiel e não exigiria além daquilo que Ele mesmo determinara, pois Ele jamais agiria contrariando a natureza do seu Ser. Assim está escrito: "No ano primeiro de Dario, filho de Assuero, cia nação dos medos, o qual foi constituído rei sobre o reino dos caldeus, no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o Senhor ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de se tenta anos" (Dn 9.1,2). Daniel começou a examinar as profecias do profeta Jeremias em sentido cronológico. Então verificou que o tempo de duração do cativeiro era de setenta anos, então, paci entemente, começou a buscar ao Senhor para que tal coisa viesse a acontecer. Como resposta às suas orações, Deus lhe envia o anjo Gabriel com a profecia das setenta semanas, que marcava, em detalhes, os acontecimentos na vida de seu povo e que também falava do nascimento do Messias para Israel e para a humanida de. Esta grande profecia das setenta semanas de Daniel, que apa rece descrita pelo anjo Gabriel em 9.24-27, pode ser analisada de acordo com três divisões naturais: Ia Sete semanas; 2a Sessenta e duas semanas; 3a Uma semana. I. Sete Semanas — Ia Divisão: "Sabe e entende: desde a saí da da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Mes
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sias, o Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as ruas e as tranqueiras se reedificarão, mas em tempos angustiosos" (v. 25). "... Sabe e entende". A grande profecia das setenta semanas está dividida em três partes principais e a última semana, subdi vidida em dois períodos de três anos e meio cada um. "... Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete sema nas". Aqui está o ponto de partida para a contagem das setenta semanas: "a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusa lém". São encontradas duas ordens nesse tempo do cativeiro: • A primeira foi promulgada por Ciro, rei dos persas. • A segunda, por Artaxerxes Longímano. Examinando Esdras 1.2,3, fica esclarecido que a primeira "or dem", dada por Ciro, não foi para "restaurar e para edificar Jeru salém", mas sim para edificar o Templo. "Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O Senhor, Deus dos céus, me deu todos os reinos da terra; e ele me encarregou de lhe edificar uma casa em Jerusalém, que é em Judá. Quem há entre vós, de todo o seu povo, seja seu Deus com ele, e suba a Jerusalém, que é em Judá, e edifique a Casa do Senhor, Deus de Israel..." (ênfase do autor). Fica, portanto, evi denciado que a ordem referida por Daniel não é a de Ciro (2 Cr 36.23), mas sim a de Artaxerxes (chamado também de Cambises), que a promulgou no dia 14 do mês de Nisã (abril) do ano 445 a.C., data da ordem para que tivesse início a reedificação da Ci dade Santa (Ne 2.1ss). Segundo o calendário profético, a reedificação durou "sete semanas". Mas a construção levou 49 anos, segundo o calendário ocidental, e terminou no ano 396 a.C. (cf. Nm 14.34; Ez 4.6). II. Sessenta e Duas Semanas — 2a Divisão: "... sessenta e duas semanas". A profecia divina dizia que, "... as ruas [praça, segundo a Versão Atualizada] e as tranqueiras [circunvalações,
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segundo a Versão Corrigida] se reedificarão, mas em tempos an gustiosos". O primeiro período, que começou no ano 445 a.C., terminou 49 anos depois, ou seja, em 396 a.C. A partir daí se iniciaria um novo período que cobriria um lapso de tempo de "... sessenta e duas semanas", ou seja, 434 anos, dando seqüência ao primeiro período que foi de 49 anos. O segundo período, que é o das "sessenta e duas semanas", está ligado ao primeiro que, juntos, somam 483 anos, tempo esse em que "... as ruas e as tranqueiras" seriam edificadas, "... mas em tempos angustiosos". Esses tempos angustiosos marcam as atrocidades sombrias sofri das por Israel debaixo do poder dos monarcas selêucidas e do domínio romano. Dentro deste período de 69 semanas (483 anos), um fato notável deveria acontecer: o nascimento do 'Ungido, o Príncipe' (ARA), e só ("depois") das "sessenta e duas semanas" expirarem é que seria "... tirado [morto] o Messias". Existe um pequeno problema de interpretação entre os eru ditos da Bíblia, no que tange à primeira divisão desta série de três. O anjo disse a Daniel que "... desde a saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, sete semanas" se passariam. Isto é, nesse caso, o Messias viria no final das "sete semanas" e não no final das "sessenta e duas". Entretanto, no versículo seguinte, afirma que o Messias somente seria morto, "... depois das sessenta e duas semanas". Assim, as "sete semanas" encontram-se interligadas num cômputo geral, as "sessenta e duas semanas". E além do mais, poderíamos for çar uma outra interpretação e sugerir que o profeta Ezequiel viu, por muitas vezes, a "glória de Deus" entrando e saindo do Tem plo, e depois desaparecia do monte das Oliveiras. Isso poderia ser interpretado como sendo nosso Senhor Jesus Cristo, entran do e saindo do Templo e depois desaparecendo no monte das Oliveiras. Esta interpretação favorecia uma das aparições de Cris to antes de sua encarnação. Assim sendo, o Messias teria vindo em glória 49 anos depois da saída da ordem para edificação da cidade. Com efeito, isso é mais subentendido do que afirmado.
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III. Uma Semana — 3a Divisão: "... e ele [o Anticristo] firma rá um concerto com muitos [os judeus] por uma semana". Essa terceira divisão das setenta semanas, que é a última semana, se ria dividida em duas partes (ou seções) de três anos e meio cada. Ela se refere ao período sombrio da Grande Tribulação. Devemos ter em mente que a primeira divisão é a de 49 anos; a segunda, de 434 anos: as duas somam 483 anos. O ponto de partida da conta gem dos 483 anos foi marcado no ano 445 a.C. Se somarmos os 445 até o ano ("0") com os 33 da vida de Cristo, teremos apenas 478 anos, e não 483 anos. Mas é evidente que 69 semanas não são 478 anos, mas 483. A predição dizia que o Messias, o Príncipe, seria morto (tirado) apenas "depois" das 69 semanas (v. 26), e realmente foi o que aconteceu. Cristo morreu, como sabemos, somente quando a 69a semana expirou (Lc 24.44). Evidentemente, porém, quando analisamos os 445 anos, com os 33 da vida de nosso Senhor, eles somam só 478, faltando, por tanto, 5 anos e 4 dias. Contudo, não nos esqueçamos de que as Escrituras são proféticas e se combinam entre si em cada detalhe! O nosso calendário atual teve sua origem em Dionísio Exiguus, o Pequeno, monge cita, que vivia em Roma e, em 533 d.C., recebeu o encargo de determinar o começo da nossa era. Em seus cálcu los, esqueceu o ano ("0"), que deve ser incluído entre o ano ("1") antes de Cristo e o ano ("1") depois de Cristo. Além disso, não levou em conta os quatro anos em que o imperador romano Augusto reinara com seu próprio nome de Otávio. Dionísio to mou como ponto de partida a fundação de Roma em 754 a.C. De acordo com os anais da história deste império, no momento exa to da coroação de Rômulo houve um eclipse lunar. Os astrôno mos calcularam que esse eclipse teria ocorrido no ano 750 a.C. Há, portanto, uma diferença de ("4 anos") não computados, que é realmente o que lemos nas margens e rodapés de nossas Bíblias: 4 anos antes de Cristo. Com esta observação dos 4 anos e o ano ("0") não computado por Dionísio encontramos, infalivelmente, os 483 anos conforme a profecia!
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2. O Ponto de Partida e o Ponto de Chegada
De 445 a.C. a 33 d.C., são 478 anos. De 1 a.C. a 1 d.C., encon tramos o ano ("0"). Este ano, junto aos 478, com mais 4 não com putados, soma exatamente 483 anos. A 69a semana terminou sua missão profética no dia 10 de Nisã (abril) — segunda-feira —, quando Jesus entrou em Jerusalém montado num jumentinho e "chorou sobre ela" (Lc 19.41). Há apenas uma diferença de 4 dias (isto é, de terça a sexta), que da ria o dia 14 de Nisã (Ex 12.3,6). Em razão dos 483 anos estarem divididos por séculos, teríamos 119 anos bissextos, pois os anos proféticos não marcam décadas, mas séculos. Mas devemos ter em mente que a profecia marcou a morte do Messias só ("de pois", v. 26), quer dizer, depois das 69 semanas e, além disso, a duração de um ano solar é de 365 dias e 1 /4. Esta fórmula não se acha primariamente nos livros; está descrita nos céus, na mecâni ca celeste que rege os astros. O dia solar, por exemplo, é o espaço em horas e minutos em que a Terra faz uma revolução completa em torno do seu eixo. A duração exata do dia solar é de 23 horas, 56 minutos, 4 segundos e 9/10 de segundos. Os anos hebraicos são de 12 meses, e os meses são de 30 dias. Notemos que, tanto os acréscimos em dias como a diminuição em horas e minutos aqui são insignificativos. Além disso os anos contados em séculos ab sorvem os anos bissextos. "Em 4 séculos temos um verdadeiro ano bissexto". Com o aumento de dias em anos, e com a diminui ção de horas em dias no que diz respeito aos séculos, temos os 4 dias computados pela mecânica celeste (Jr 1.12). A exclamação de Jesus registrada por Lucas parece nos dar uma pista do valor de um único dia para o calendário da profe cia: "Ah! Se tu conhecesses também, ao menos neste teu dia, o que à tua paz pertence!" (Lc 19.42a) Talvez para a mente judaica, aquele "dia" referido por Cristo não significasse grande coisa, porém para Cristo tinha uma importância inigualável. Que "dia" seria este? O dia em que Deus havia estabelecido, conforme a profecia de Daniel, o dia que pertencia a Israel, o dia em que seu
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"Messias" manifestar-se-ia como o "Príncipe", cumprindo-se o dia exato de número da profecia. Como este dia foi ignorado, o calendário profético das 70 semanas parou, em sua 69a semana, sendo a última semana suspensa, a qual somente terá seu real cumprimento durante a Grande Tribulação, terminando com o retorno de Cristo com poder e grande glória. Israel, com grande pranto, aceitá-lo-á como o Messias prometido, o Filho do Deus bendito, então o Senhor "desviará de Jacó as impiedades" (Rm 11.26). 3. As S eções Cron ológicas
"E, depois das sessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais; e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra: estão determinadas assolações" (v. 26). "... E o povo do príncipe, que há de vir" (v. 26). Dois "prínci pes" são citados nos versículos 25 e 26; o primeiro tem seu nome escrito com "P" maiúsculo, enquanto o segundo, com "p" mi núsculo. No versículo 25, o "Príncipe" escrito com "P" maiús culo é chamado, também, o Messias, o Ungido (ARA). No versículo 27, o "príncipe" — escrito com "p" minúsculo — é cha mado "ele", o qual fará um concerto com muitos (os judeus) por uma semana. Aí surge a grande dificuldade entre os comentado res, que divergem quanto ao fato de "ele" se referir a Cristo ou ao Anticristo. "Gramaticalmente, poderia referir-se a qualquer um, porém a pressuposição favorece o último por estar mais perto do pronome". O primeiro Príncipe (Cristo) aparecerá dentro das 69 semanas; o segundo, contudo, só na última semana. Outrossim, antes da aparição do segundo príncipe haveria uma invasão do santuário judaico por parte de seu povo, conforme nos é dito no versículo 26: "... e o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário". O texto em foco não diz que "o príncipe" destruiria a cidade, mas sim, o seu "povo". Esta profecia se refere ao "povo romano" comandado pelo general Flávio Tito Vespasiano, que destruiu a cidade de Jerusalém no 70 d.C. Por
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tanto, o "príncipe" (o Anticristo) ainda virá, não para destruir a cidade e o santuário, mas para o profanar (2 Ts 2.4). "E ele firmará um concerto com muitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manja res; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador" (v. 27). "... E ele firmará um concerto com muitos por uma semana". Tem sido afirmado por alguns que o termo he braico heritli (aliança), empregado aqui, não pode ser uma "ali ança" entre homens, mas tem de referir-se a uma "aliança" da parte de Deus. Eles, porém, se esquecem de que o mesmo termo hebraico (herith ) é usado acerca da aliança entre Acabe e BenHadade (1 Rs 20.33,34), da aliança entre Efraim e a Assíria (Os 12.1), e também da aliança entre Antíoco e Ptolomeu (Dn 11.22). Essa "aliança" ou "concerto" entre o Anticristo e os judeus, por três anos e meio aproximadamente, é o que o profeta Isaías cha ma de "concerto com a morte" (Is 28.15), e que logo a seguir vati cina também seu rompimento: "E o vosso concerto com a morte se anulará; e a vossa aliança com o inferno não subsistirá; e, quan do o dilúvio [inundação, Dn 9.26] do açoite passar, então, sereis oprimidos por ele" (Is 28.18). O objetivo do Anticristo neste con certo é exclusivamente tomar o lugar santo (o Templo) e profanálo (Dn 11.31). Alcançado este objetivo, ele "... se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus" (2 Ts 2.4b). Será esse o momento em que "... a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo..." (Mt 24.15). Os judeus não aceitarão esse tipo de "profanação" na casa de Deus e, certamen te, reclamarão ao Anticristo; ele, indignado, "romperá" o concer to com eles, deflagrando uma grande perseguição (Mt 24.15-22). Eis a razão por que, no retorno de Cristo à terra para exterminar o Anticristo e estabelecer seu reino milenar, Ele purificará nova mente o "santuário" e "ungirá o Santo dos santos", conforme a profecia.1
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4. Seis Coisas Estariam Relacionadas com Cristo e com Israel
Dentro do período de tempo demarcado pelas "setenta se manas" seis acontecimentos notáveis deveriam acontecer na vida da nação de Israel, os quais estariam envolvidos também com a vinda do Messias prometido: Ia "... extinguir a transgressão"; 2a "... e dar fim aos pecados"; 3â "... e para expiar a iniqüidade"; 4a "... e trazer a justiça eterna"; 5a "... e selar a visão e a profecia"; 6a "... e para ungir o Santo dos santos". O desejo de Cristo, durante seu ministério terreno, era ver estas "seis coisas" terem se cumprido na vida de Israel. Mas a nação o rejeitou e não aceitou o seu perdão. Se assim tivesse acon tecido, suas transgressões teriam sido perdoadas, seus pecados extinguidos, sua iniqüidade expiada, a justiça eterna de Cristo estabelecida, a visão e a profecia das setenta semanas seladas com seu cumprimento e, finalmente, o Santo dos santos seria ungido. Israel rejeitou seu Messias (Jo 1.11,12), especialmente no dia em que Jesus entrou na sinagoga de Nazaré, onde fora criado. Ali foi-lhe dado o livro do profeta Isaías. Quando nosso Senhor abriu o livro, foi exatamente na parte em que se achava escrito: "O Es pírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangeli zar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor" (Lc 4.18,19). O Senhor Jesus poderia ter dado prosseguimento à leitura até à parte final desta grande profecia, que, segundo o profeta Isaías, vai mais adiante. Depois do "dia aceitável do Senhor", vem, então, a frase seguinte que diz: "e o dia da vingança do nosso
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Deus" (Is 61.2). Mas o Senhor "cerrou o livro" quando lia "o ano aceitável do Senhor". Tanto ali na sinagoga como na sua entrada triunfal em Jerusalém, Ele trazia, no seu coração, "o dia da salva ção". Se Israel o tivesse aceitado como o Messias prometido, a vingança do nosso Deus cairia apenas sobre seus inimigos. Mas a nação judaica não entendeu desta forma e quando nosso Senhor voltar cavalgando sobre um cavalo branco, não trará, em seu co ração, "o dia da salvação", mas sim, "o dia da vingança". Então todos aqueles benefícios, que seriam concedidos à nação, foram suspensos e somente terão seu real cumprimento com o retorno de Cristo à terra com poder e grande glória para estabelecer seu reino milenar (Am 9.11-15; Mt 23.39; At 1.6; Rm 11.26; Ap 1.7). 1Severino P. da Silva. Daniel: Versículo por Versículo. lOed., 2002, p. 184.
Capítulo 5
O ANTICRISTO
1. A Pesso a do Anticristo: Qu em Será e Quando Surgirá
A manifestação do Anticristo com todo o poder, e sinais, e prodígios dar-se-á durante a Grande Tribulação. A fase mais agu da deste período será ocasionada pelo rompimento de sua alian ça com o povo hebreu. Contudo, de acordo com as profecias bíblicas, antes deste período se dará, no cenário religioso, uma apostasia devastadora. Esta palavra nas Escrituras tem vários sig nificados, mas, em suma, todas elas apontam para uma só dire ção: o desvio da fé. Por exemplo, em Jeremias 2.19, a "malícia" é o ponto principal da apostasia em Israel. Em 5.6, a "rebeldia" é a palavra-chave para expressar o sentido da apostasia. E, finalmen te, em 8.5, o "engano" é a premissa que nos remete a uma refe rência à apostasia. Paulo nos informa que um período de apostasia antecederá a Grande Tribulação e a vinda do Anticristo. Assim escreveu o apóstolo aos crentes de tessalônica: "Ninguém, de maneira alguma, vos engane, porque não será assim sem que antes venha a apostasia e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição" (2 Ts 2.3). O desvio da fé, como apontado nas Escritu-
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ras, refere-se a alguém que estava na luz e optou em ir para as trevas. A apostasia será a precursora do filho da perdição tam bém aqui na terra. Esta será a "operação do erro" de que fala o apóstolo Paulo, em 2 Tessalonicenses 3.11. João Batista recebeu de Deus uma missão de vir adiante do Senhor. A ordem divina, a seu respeito, era esta: "Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas" (Mt 3.3). De se melhante modo, o Anticristo também receberá do dragão verme lho a ordem para implantar no mundo uma apostasia sem prece dente, chamada de "a operação do erro", a qual "preparará o ca minho" tanto para ele, o Anticristo, como para o seu consorte, o falso profeta. Isso culminará na parte final, com a adoração do próprio dragão vermelho (Ap 13.4). Dando continuidade ao seu ensinamento no tocante a esse tempo do fim, o apóstolo segue falando sobre o Anticristo e aqui lo que ele c. "A esse cuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira" (2 Ts 2.9). O homem do pecado, o filho da perdição, será um líder usado por Satanás com seus poderes malignos. Este falso Cristo "... su birá do abismo", de onde virá também toda a fonte do seu poder e "... irá à perdição" (Ap 11.7; 17.8). As passagens do Apocalipse que temos em foco nesta seção, e outras passagens paralelas das Escrituras, nos ensinam que Jesus, "... sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens" (Fp 2.6,7). O Anticristo não surgirá de forma repentina. Certamente, neste contexto de seu surgimento, ele quer imitar o Filho de Deus, quando foi introduzido no mundo, despojado de sua glória e revestido de humildade. Jesus "... foi subindo como renovo... e como raiz de uma terra seca... " (Is 53.2). O Anticristo também se levantará como uma "... ponta mui pequena", mas depois crescerá "... muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa [terra de Israel]... E se engrandeceu até ao exérci to dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra
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e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lan çado por terra... fez isso e prosperou" (Dn 8.9-12). Seu crescimen to vertiginoso dar-se-á mediante o poder que ele recebeu do dra gão vermelho. Fazendo grandes maravilhas e apresentando so luções para os problemas da humanidade, ele será aceito como sendo a solução do momento, e todos — exceto aqueles cujos nomes estão escritos no livro da vida, o aceitarão como o líder esperado. Isso acontecerá durante o tempo sombrio da Grande Tribulação, quando os homens se encontrarem em um estado de "perplexidade". O Anticristo se aproveitará dessa situação e se duzirá os habitantes da terra, oferecendo-lhes as suas falsas pro messas. I. Seus Nomes e Significados — Qu ando surgir no cenário mundial, o An ticristo se apresentará com várias identidades falsas e pseudôn imos, que revelarão a natureza som bria de seu caráter. Seus nomes são:
•O Anticristo (1 Jo 2.18,22); • A besta que sobe do abismo (Ap 11.7); • A besta que subiu do mar (Ap 13.1); •A apostasia (2 Ts 2.3); •O homem do pecado (2 Ts 2.3); •O filho da perdição (2 Ts 2.3); •O iníquo (2 Ts 2.8); • O mentiroso (1 Jo 2.22); •Um rei feroz de cara (Dn 8.23); •A ponta pequena (Dn 7.8); •Um homem vil (Dn 11.21); •O príncipe que há de vir (Dn 9.26); • A abominação da desolação (Mt 24.15).
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Outros apelativos podem também ser a ele aplicados, tais como: •O assírio (Is 10.5); • A operação do erro (2 Ts 2.11); • O caldeu (Hc 1.6); •O pastor inútil (Zc 11.16,17); • A abominação do assolamento (Mc 13.14); • O mistério da injustiça (2 Ts 2.7); • Outro — em sentido negativo (Jo 5.43); • O rei do norte (Dn 11.40). Além destes nomes e apelativos, o Anticristo usará o núme ro misterioso do seu nome como controle total, tirando assim a liberdade de "ir e vir" dos habitantes da terra. Um sinal miste rioso e o peso político de seu nome também serão usados no cam po do engano e da conquista, "para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o sinal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome" (Ap 13.17). O profeta Daniel fala em seu livro do caráter do Anticristo. Do lado religioso, ele será um ateu confesso. Ele "... não terá res peito aos deuses de seus pais... nem a qualquer deus" (Dn 11.37). Do lado amoroso — afetivo — ele terá um comportamento per vertido. Razão por que não "... terá respeito ao amor das mulheres" (Dn 11.37). II. O Anticristo e os muitos Anticristos — "Também agora muitos se têm feito anticristos" (1 Jo 2.18). Esta expressão é quase idêntica àquela que se encontra em 1 João 4.3, que fala do "espí rito do anticristo". O Anticristo e os muitos anticristos e o espíri to do anticristo são distintos nas ações, mas pertencem todos à mesma origem. O que caracteriza todos eles é a negação da encarnação do Verbo (a palavra), o Filho eterno, Jesus, como Cristo (Mt 1.16; Jo 1.1). Os "muitos anticristos" precedem e preparam o caminho para o Anticristo, que é a besta que "subiu do mar".
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III. O Anticristo e o Espírito do Anticristo — Em 1 João 2.18, fala-se do Anticristo e de muitos que se fizeram anticristos. E ain da em 4.3, do "espírito do anticristo". O "espírito do anticristo" deve ser distinguido de "Anticristo" e de "muitos anticristos", embora todos procedam da mesma fonte. "O espírito do anticristo", em sentido amplo, já se encontra operando no mun do, procurando enfraquecer, negar e rejeitar a verdade sobre a pessoa de Jesus Cristo. "A distinção, assim, é clara; o "espírito do anticristo" instrui aos "muitos que se fizeram anticristos", a ne garem que exista um Cristo. Enquanto que o próprio Anticristo afirma ser ele o próprio Cristo".1 De acordo com as profecias bíblicas, o Anticristo surgirá e tomará vulto no cenário mundial dentro de uma estrutura como a dos antigos impérios que tiveram projeção mundial e que fo ram consolidados no Império Romano. O capítulo 11 de Daniel descreve uma sucessão de dinastias até chegar ao reino do Anti cristo, representado pelo rei do norte. Com grande poder de per suasão, ele convencerá as pessoas facilmente. E, como um verda deiro gênio do mal, ele será habilidoso também como:
• Intelectual (Dn 7.20); • Eloqüente (Dn 7.20); • Político (Dn 11.21); •Na área comercial (Dn 8.25); • Militar (Dn 8.24); • Administrador (Dn 8.24); • Religioso (2 Ts 2.4). O Anticristo será hábil em usar de toda sorte de simulacros e falsidades para enganar a todos aqueles cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro, que foi morto desde a fun dação do mundo (2 Ts 2.10; Ap 13.8). Eis algumas de suas falsas promessas:
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a. Falsa paz — "Mas, irmãos, acerca dos tempos e das esta ções, não necessitais de que se vos escreva; porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão" (1 Ts 5.1-3). De acordo com estas informações do apóstolo Paulo, o Anticristo procurará implantar uma falsa paz no mundo e, particularmen te, nas vidas de seus súditos. Provavelmente estas palavras fa çam alusão a um certo período que antecede alguma grande tem pestade, quando o homem do pecado, o filho da perdição, tiver galgado poder e surgir aos olhos de todos como alguém capaz de abafar qualquer insurreição e toda e qualquer oposição, e assim tornar-se autoridade suprema em todo o mundo. No entanto, esta falsa paz por ele oferecida pertence apenas ao tempo e não à eter nidade, como aquela paz que procede de Deus e do Cordeiro. Quando todos que foram enganados pelo Anticristo estiverem apregoando em cada segmento da sociedade: "... Há paz e segu rança, então, lhes sobrevirá repentina destruição". O segundo selo, ao ser aberto, mostra-nos como será tirada esta paz da terra. Veja o que escreveu João: “E, havendo aberto o segundo selo, ouvi o segundo animal, dizendo: Vem e vê! E saiu outro cavalo, verme lho; e ao que estava assentado sobre ele foi dado que tirasse a paz da terra..." (Ap 6.3,4). Jesus falou de uma paz que contrasta com esta que aqui está em foco! Ele disse: "Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá..." (Jo 14.27a). Esta paz de nosso Senhor antecede a paz do Anticristo, porque ela, presentemente, se encontra implantada nos corações dos sal vos; como, de igual modo, ultrapassará o período da Grande Tri bulação para ser desfrutada durante o Milênio. b. Falsa prosperidade — "l!u vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se ou tro |o Anticristo] vier em seu próprio nome, a esse aceitareis" (Jo 5.43). Uma das principais características do Anticristo será a capacidade de seduzir e de enganar. Assim, usan
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do de seus poderes do mundo exterior, ele apresentará ao mun do uma espécie de prosperidade econômica capaz de trazer mo mentaneamente benefícios para os moradores da terra. A passa gem de Apocalipse 13.16,17 apresenta um imenso mercado eco nomicamente organizado, servindo aos súditos da besta, especial mente aqueles que têm na sua mão direita ou na testa o seu sinal, número e nome. Mas essa falsa prosperidade será removida pelo poder daquele que é "Verdadeiro, e julga, e peleja com justiça". c. Falsa esperança — Durante seu governo sombrio, o Anti cristo, querendo imitar o próprio Filho de Deus, procurará im plantar nos corações uma falsa esperança. Em seu discurso ele dirá que aqueles que seguirem sua política e sua religião terão segurança na vida e na morte. Mas isso será puro engano! Ele não é Deus nem Jesus Cristo. Ele é um falso Cristo — "a besta que viste... subir do abismo, e irá à perdição" (Ap 11.7; 17.8). d. Falsa segurança — "Pois que, quando disserem: Fíá paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum esca parão" (1 Ts 5.3). Uma das falsas promessas do Anticristo para seus súditos é de que eles terão segurança em todos os ângulos da vida. Tal segurança pode trazer um sentido vasto e futurístico. Certamente ele prometerá às pessoas que elas terão total garan tia, tanto do ponto de vista físico como do ponto de vista econô mico e até religioso. Mas tudo isso não passará de um embuste, engodado pelo engano daquele "... cuja vinda é segundo a eficá cia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de menti ra... e com todo engano da injustiça..." (2 Ts 2.9,10). Suas falsas promessas serão desmascaradas por Deus e pelo seu Ungido. Todo o seu reino será sacudido pelo supremo poder pessoal de nosso Senhor Jesus Cristo, que lhe responderá com as forças da nature za, minando seu poder e sua glória em cada aspecto. Os sete se los, os sete elementos da natureza, as sete trombetas e as sete taças e os juízos descritos em Apocalipse 6-18, todos eles são juízos da parte de Deus, enviados contra o Anticristo e seu governo som
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brio. Assim, quando ele proclamar aos seus súditos: “Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição". 2. Sua Dupla Nacionalidade
A maioria dos comentadores são de opinião de que o Anticristo terá dupla nacionalidade, uma romana e a outra judaica. Outros opinam que ele terá nacionalidade romana, mas que se tornará um prosélito do judaísmo e, por meio disto, conquistará o povo judeu (cf. Ap 2.9). Para os judeus em geral, incluindo os essênios, o batismo era uma cerimônia introdutora, mediante a qual os novos convertidos ao proselitismo eram admitidos como membros reconhecidos do grupo. A forma nominal baptismos é usada no original grego, em Hebreus 9.10, para indicar as muitas "abluções" dos judeus, em suas cerimônias religiosas. Todavia, tais abluções nada têm a ver com o batismo cristão. Os judeus batizavam os gentios que havi am se convertido ao judaísmo, aos quais chamavam de "proséli tos". Duas coisas eram exigidas dos gentios prosélitos. Em primeiro lugar, precisavam receber o sinal da circuncisão. Era a confirmação do pacto abraâmico. Isso simbolizava a remoção da carne ímpia. Em segundo lugar, precisavam ser batizados. Os converti dos entravam na água até a altura do coração, enquanto ouviam o memorial escrito dizendo que, a partir dali, eles seriam mem bros do povo escolhido por Deus. Depois, imergiam-se totalmente na água, indicando que estavam passando por uma completa purificação dos pecados próprios do paganismo em geral. En quanto os gentios faziam isso, dois judeus ficavam do lado de fora do recinto fechado por cortinas, onde o batismo estava sen do realizado, recitando passagens do Pentateuco. Isso signifi cava que aqueles gentios estavam se submetendo aos precei tos da lei mosaica como novo padrão de sua conduta. A partir daquele instante, quem assim fizesse tornava-se parte da co munidade judaica, apesar do fato de que não era descendente direto de Abraão.2
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3. O Falso Profeta do Anticristo
O Anticristo aparece em Apocalipse 13.1 como uma besta, isto é, trazendo em seu caráter o sentido de uma fera voraz e destruidora. Já o seu falso profeta aparece no cenário mundial como sendo um inofensivo cordeiro (Ap 13.11). Contudo, o seu discurso será destruidor, pois ele "... falava como o dragão" e "... exerce todo o poder da primeira besta na sua presença e faz que a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta, cuja chaga mortal fora curada. E faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens. E engana os que habitam na terra com sinais que lhe foi permitido que fi zesse em presença da besta, dizendo aos que habitam na terra que fizessem uma imagem à besta que recebera a ferida de espa da e vivia. E foi-lhe concedido que desse espírito à imagem da besta, para que também a imagem da besta falasse e fizesse que fossem mortos todos os que não adorassem a imagem da besta. E faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e ser vos, lhes seja posto um sinal na mão direita ou na testa, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tiver o si nal, ou o nome da besta, ou o número do seu nome" (Ap 13.1217). Este trecho de Apocalipse mostra-nos tudo aquilo que será realizado pelo falso profeta. Porém, o leitor deve observar que todos os seus sinais são "... sinais de mentira". Assim, tanto o seu poder como o dos seus parceiros (o dragão e o Anticristo) for mam uma tríplice encarnação da mentira, a saber: I. O Diabo É o Pai da Mentira — Jesus denunciou o Diabo, dizendo que ele é "o pai da mentira", e acrescentou: "... quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiro so e pai da mentira" (Jo 8.44).
II. O Anticristo É o Mentiroso — O Anticristo procurará negar a origem de nosso Senhor Jesus e sua obra redentora. Tam bém procurará, a todo custo, ocultar a concepção virginal do Fi-
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lho de Deus, dizendo que, cientificamente, isso é impossível. Mas a Escritura diz que ele é mentiroso, porque a evidência central da encarnação de Jesus, sua vida, morte e ressurreição, não podem ser negadas. Assim disse João em sua primeira epístola: "Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? É o anticristo esse mesmo que nega o Pai e o Filho" (1 Jo 2.22). III. O Falso Profeta É o Mentor do Engano — O falso profe ta do Anticristo é também caracterizado como sendo o mentor intelectual de todo o engano. Ele "engana os que habitam na ter ra com sinais que lhe foi permitido que fizesse em presença da besta ..." (Ap 13.14). Assim, todos os três — o dragão, o Anticris to e o falso profeta — são referidos como "... três espíritos imun dos, semelhantes a rãs" (Ap 16.13a). Estes espíritos imundos, que saíram da "... boca do dragão, e da boca da besta, e da boca do falso profeta", são espíritos com alto poder de comunicação e persuasão, cuja missão é fazer prodígios para confundir as men tes daqueles, "cujos nomes não estão escritos no livro da vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo". Eles con seguirão a adesão "... dos reis de todo o mundo para os congre gar para a batalha, naquele grande Dia do Deus Todo-poderoso" (Ap 13.8; 16.14). 4. A A bom inação da D esolação
Muitos estudiosos das Escrituras têm indagado quando será posta a abominação no lugar santo. E ainda, que lugar santo é este a que Jesus se referia. Seria a profanação do santuário judai co ou a apostasia no seio da Igreja Cristã? "Quando, pois, virdes que a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel, está no lugar santo (quem lê, que entenda)" (Mt 24.15). Em Mar cos 13.14, onde ocorre a mesma expressão, porém com uma pe quena variação, está escrito: "Ora, quando vós virdes a abomina ção do assolamento, que foi predito, estar onde não deve estar (quem lê, que entenda)..."
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Quando o gnosticismo começou a surgir às margens da igre ja cristã no primeiro século d.C., o que se tornou um grande pro blema para os líderes cristãos do segundo século d.C., pensouse, de imediato, que isso já seria a apostasia descrita por Paulo em 2 Tessalonicenses 2.3 e a abominação da desolação que já ha via chegado como uma inundação nos lugares santos. Mas este movimento gnóstico, em verdade, tratava-se mais de uma here sia filosófico-religiosa; embora trouxesse em si o seu lado perni cioso, pois procurava a qualquer custo degradar a pessoa do Fi lho de Deus. Em Daniel 8.9-14 parece ser o princípio de formação desta passagem que aqui temos em foco. Isto é, quando surge pela primeira vez a frase "a abominação desoladora". Esta ex pressão passará, doravante, a estar presente em outros vaticínios proféticos e, de uma maneira especial, nos ensinos do próprio Jesus. O profeta Daniel nos diz ainda que "... um bode vinha do ocidente sobre toda a terra, mas sem tocar no chão... tinha uma ponta notável entre os olhos" (v. 5), porém, acrescenta também que, depois que "... aquela grande ponta foi quebrada; e subiram no seu lugar quatro também notáveis, para os quatro ventos do céu. E de uma delas [isto é, da ponta pequena que saiu de uma das quatro pontas do bode peludo] saiu uma ponta mui peque na, a qual cresceu muito para o meio-dia, e para o oriente, e para a terra formosa. E se engrandeceu até ao exército dos céus; e a alguns do exército e das estrelas deitou por terra e os pisou. E se engrandeceu até ao príncipe do exército; e por ele foi tirado o contínuo sacrifício, e o lugar do seu santuário foi lançado por terra. E o exército lhe foi entregue, com o sacrifício contínuo, por causa das transgressões; e lançou a verdade por terra; fez isso e prosperou. Depois, ouvi um santo que falava; e disse outro santo àquele que falava: Até quando durará a visão do contínuo sacri fício e da transgressão assoladora, para que seja entregue o san tuário e o exército, a fim de serem pisados?" (vv. 8-13):
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"E ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado" (v. 14). 5. A Cronologia Profética
Antes de observarmos o que estas "duas mil e trezentas tar des e manhãs" significam, devemos observar que nos livros de Daniel e Apocalipse aparecem, por diversas vezes, expressões que marcam extensões de tempo — porém que não são assinaladas por números, mas sim, por frases. Por exemplo, na pergunta fei ta do "homem vestido de linho, que estava sobre as águas do rio", o ser celestial perguntou: "Que tempo haverá até ao fim das maravilhas?" (Dn 12.6b) A resposta do homem vestido de linho a esta pergunta foi: Depois de "um tempo, de tempos e metade de um tempo [3 anos e meio], e quando tiverem acabado de destruir o poder do povo santo, todas essas coisas serão cumpridas" (Dn 12.7). Para que o leitor tenha uma maior compreensão, menciona remos algumas frases que sempre estão presentes em contextos escatológicos. Por exemplo: • "Sete semanas" (Dn 9.25a); • "Sessenta e duas semanas" (Dn 9.25b); • "Uma semana, e na metade da semana" — 7 anos (Dn 9.27); • "Metade da semana" — 3 anos e meio (Dn 9.27); • "Um tempo, dois tempos e metade de um tempo" — 3 anos e meio (Dn 12.7); • "Mil duzentos e noventa dias" — 3 anos e 7 meses (Dn 12.11);
• "Mil trezentos e trinta e cinco dias" — 3 anos, 8 meses e 15 dias (Dn 12.12); • "Quarenta e dois meses" — 3 anos e meio (Ap 11.2); • "Mil duzentos e sessenta d ias" — 3 anos e meio (Ap 11.3); • "Mil duzentos e sessenta dias" — 3 anos e meio (Ap 12.6);
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• "Um tempo, e tempos, e metade de um tempo" — 3 anos e meio (Ap 12.14); • "Quarenta e dois meses" — 3 anos e meio (Ap 13.5). É bom lembrar que quando se trata de linguagem profética, "um dia" eqüivale a "um ano" (cf. Nm 14.34; Ez 4.6). Alguns têm opinado que em lugar de se ler "duas mil e trezentas tardes e manhãs", deveria ser lido "dois mil e trezentos holocaustos falta rão". Isto soma um total de mil cento e cinqüenta dias, número que corresponde ao número de anos em que o santuário voltou a ser purificado. Em Daniel e Apocalipse, encontramos, com ex clusividade, algumas dessas expressões com significações espe ciais. Quase todas elas, com pequenas exceções, apontam para o período da Grande Tribulação. São citados vários períodos con forme já tivemos ocasião de abordar; contudo, o espaço maior de todos eles de "... uma semana" (sete anos) e "... duas mil e trezen tas tardes e manhãs" (6 anos e 5 meses aproximadamente), o anjo celestial reafirma para Daniel no fim da visão, dizendo: "... a vi são da tarde e da manhã, que foi dita, é verdadeira" (v. 26). A Grande Tribulação, que se prolongará por sete anos, terá seu auge nos três anos e meio finais (a última metade da semana profética de Daniel) — Daniel 9.25-27; Mateus 24.21. Seu ponto marcante dar-se-á com a vitória do arcanjo Miguel sobre os exér citos espirituais de Satanás (Dn 12.1; Ap 12.7ss), e terminará com a ressurreição corporal dos santos da Grande Tribulação. Embo ra o período final deste tempo sombrio tenha a duração de ape nas 1.260 dias (Ap 12.6), um período adicionado de mais de trin ta dias parece ser exigido para a purificação e restauração do Tem plo (Dn 12.11). E ainda outro período de quarenta e cinco dias antes que seja experimentada a plena bênção do reino milenar (Dn 12.12). Ainda nos versículos 11 e 12 do capítulo em foco, le mos que "... desde o tempo em que o contínuo sacrifício for tira do e posta a abominação desoladora, haverá mil duzentos e no
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venta dias. Bem-aventurado o que espera e chega até mil trezen tos e trinta e cinco dias". Esta abominação será posta no lugar santo, no início da segunda metade dos sete anos — o período propriamente dito da Grande Tribulação. 6. O Roteiro dos Acontecimentos
Tais períodos e sua cronologia seguem mais ou menos a se guinte ordem: 1° Um período de 1.260 dias (três anos e meio) até a destrui ção e prisão da besta e de seu consorte (Dn 12.7,11; Ap 19.19,20). 2 Um período de 1.290 dias (Dn 12.12), acrescentado de mais 45 dias. 32 Um período de 1.335 dias. Está escrito em Mateus 24.22 que "se aqueles dias [1.335] não fossem abreviados [para 1.260], nenhuma carne se salvaria; mas, por causa dos escolhidos [os judeus], serão abreviados aqueles dias". Observe-se a expressão "abreviados". Com a interpretação que pode ser depreendida dos versículos acima, podemos chegar à seguinte conclusão: A Gran de Tribulação terminará no final dos 1.260 dias — parte final dos sete anos (cf. Ap 12.6,14). Durante os trinta (30) dias que seguem, se dará o julgamento das nações vivas no vale de Josafá; no perío do dos 45 dias restantes, a terra passará por uma espécie de "pu rificação" (O número 30 ou 40 fazem parte da lei da purificação). E a bem-aventurança descrita em Daniel 12.12 terá seu cum primento na introdução do reino milenar de Cristo, quando a fe licidade, perdida pelo homem no Éden, será novam ente restituí da aos habitantes da terra — contudo, vista em um outro prisma. 7. Historicamen te, esta Profecia Cu m priuse em Antíoco Epifânio
A profecia das "duas mil e trezentas tardes e manhãs" apon ta para o período das atrocidades praticadas por Antíoco Epifânio,
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monarca selêucida. Foi ele, segundo as informações de Flávio Josefo e dos escritos paralelos, que estabeleceu a "abominação da desolação" no santuário em Jerusalém. "Essa profecia foi cum prida literalmente. O primeiro sacrifício pagão foi oferecido no dia 25 de dezembro de 168 a.C. por ordem de Antíoco Epifânio, que ordenou uma série de profanações no santuário de Jerusa lém e que, também a partir daquela data, somente fossem ofere cidos no altar do Senhor animais imundos. Mas em 25 de dezem bro de 165 a.C. o sacrifício santo foi oferecido novamente sobre o altar novo. Isso quer dizer que o santuário terreno, e não o celestial, como escreveu a Sra. Elen White, foi purificado. São precisamen te três anos, equivalentes a 2.190 tardes e manhãs. Porém, regula res e de ordenação divina, algum tempo antes da oferta dos sa crifícios pagãos em seu lugar, o que dá conta de duas mil e tre zentas tardes e manhãs de acordo com o texto". Porém, devemos ter em mente que 3 anos somente somam 1.080 dias e não 2.300 tardes e manhãs, que formam dias completos. Mas a História diz que estas profanações continuaram por 6 anos e meio aproxima damente: Dois anos depois, no vigésimo quinto dia do mês que os hebreus chamam quisleu, e os macedônios, apelou, na centésima qüinquagésima terceira Olimpíada, ele voltou a Jerusalém e não poupou nem mesmo os que o acolheram na esperança de que ele não faria nenhum ato de hostilidade. A sua insaciável avareza fez com que ele não temesse violar-lhes também a fé, despojando o Templo das muitas riquezas de que, sabia ele, estava cheio. To mou os vasos consagrados a Deus, os candelabros de ouro, a mesa sobre a qual se punham os pães da proposição e os turíbulos. Levou até mesmo as tapeçarias de escarla te e de linho fino e pi lhou tesouros que estavam escondidos havia muito tempo. Afi nal, nada lá deixou. E, para cúmulo da maldade, proibiu aos ju deus oferecer a Deus os sacrifícios ordinários, como a sua lei os obrigava.
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Depois de saquear toda a cidade, mandou matar uma parte dos habitantes e levou dez mil escravos com suas mulheres e fi lhos. Mandou queimar os mais belos edifícios, destruiu as mura lhas e construiu, na Cidade Baixa, uma fortaleza com grandes torres, as quais dominavam o Templo, e lá colocou uma guarni ção de macedônios, entre os quais estavam vários judeus, tão maus e ímpios que não havia males que não infligissem aos habi tantes. Mandou também construir um altar no Templo e ordenou que lá se sacrificassem porcos, o que é uma das coisas mais con trárias à nossa religião. Obrigou então os judeus a renunciar o culto ao verdadeiro Deus e a adorar os seus ídolos, e ordenou que se construíssem templos para eles em todas as cidades, de terminando que não se passasse um dia sem que lá se imolassem porcos. Proibiu também aos judeus, sob graves penas, circunci dar os filhos e nomeou fiscais para saber se eles estavam obser vando as suas determinações e as leis que ele impunha, e obrigálos a isso, caso recusassem obedecer. A maior parte do povo obedeceu, voluntariamente ou por medo, mas essas ameaças não puderam impedir aos que possu íam virtude e generosidade de observar as leis de seus pais. O cruel príncipe os fazia morrer por meio de vários tormentos. Depois de os mandar retalhar a golpes de chicote, a sua horrível desumanidade não se contentava em fazê-los crucificar, mas, en quanto ainda respiravam, fazia enforcar e estrangular perto de les as suas mulheres e os filhos que haviam sido circuncidados. Mandava queimar todos os livros das Sagradas Escrituras e não poupava ninguém na casa em que os encontrava.3 O capítulo 13 de Apocalipse supre pormenores sobre um outro personagem maior e mais pervertido. Ele é o futuro Anticristo que, quando se manifestar, assumirá o controle do Templo, proclamar-se-á Deus, realizará muitas maravilhas, controlará o mundo inteiro por breve período. Ele será tão intensamente
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iníquo que só se poderá comparar ao próprio Satanás. Alguns acreditam que houve personagens de menor envergadura, e que serviram de material para esta seção, tais como Herodes, o Gran de, que antes de sua morte mandou erigir a imagem de uma águia de ouro sobre a porta principal do Templo. Calígula, que plane jou a destruição do Templo de Jerusalém para erigir em seu lugar a sua própria imagem. Outros acreditam que Marcos liga isso às circunstâncias da guerra dos judeus contra Roma. É verdade que, ao tempo da destruição de Jerusalém, os romanos ofereceram sacrifícios às suas insígnias, postas diante da porta oriental, quan do proclamaram Tito imperador; porém, uma vez mais, isso ser viu de mero símbolo da blasfêmia maior que ainda está por vir. É evidente que o Anticristo não manifestará o seu verdadei ro caráter senão na metade da tribulação, quando então, cheio de si, sentirá que é o próprio Deus e forçará o seu conceito sobre os outros. Israel afinal lhe fará oposição e muito sofrerá por causa disso. Entretanto, o Anticristo assumirá o controle do Templo e obrigará o povo a adorá-lo ali, como se fosse Deus. Isto é justa mente o abominável da desolação, ou, conforme dizem algumas traduções, a abominação que desola. Tal procedimento fala da grande apostasia, quando o próprio Satanás será adorado na pes soa do Anticristo, em lugar de Deus ser adorado na pessoa de Jesus Cristo. A apostasia não atingirá o grau de grande apostasia, isto é, não terá assumido as proporções de grandeza que deverá atingir, enquanto o próprio Satanás não estiver sendo adorado, e isso ocorrerá através da ação e do poder do Anticristo. Ele, o es pírito do anticristo, encontra-se oculto em algum sistema ou lu gar do mundo, mas sua revelação acontecerá subitamente. As sim como Jesus Cristo, o Filho de Deus, manifestou-se ao mun do com grande poder; este falso Cristo também se manifestará "... segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem..." (2 Ts 2.9,10).
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8. Profeticamente, o Anticristo Será Responsável pela Profanação do Santuário
Várias profanações feitas ao santuário em Jerusalém podem ser chamadas de "abominação desoladora", mas a que nosso Se nhor Jesus se referiu trata-se daquela que será feita pelo Anticris to no tempo da Grande Tribulação. Ela, portanto, é futura e não passada. No contexto de Marcos 13.14, que fala do mesmo assun to, está escrito assim: "Ora, quando vós virdes a abominação do assolamento, que foi predito, estar onde não deve estar (quem lê, que entenda), então, os que estiverem na Judéia, que fujam para os montes". Em algum sentido, estas palavras do Senhor assina lavam alguns acontecimentos que tiveram lugar no ano 70 de nossa era, quando os exércitos romanos destruíram a cidade de Jerusalém e o santuário. Contudo, o seu total cumprimento aponta claramente para uma outra ocasião. A predição do profeta Daniel, segundo o Senhor Jesus, aponta para um tempo futuro: o do An ticristo. Ele procurará, a todo custo, aniquilar qualquer sentimento religioso que leve o homem em direção a Deus. Tal "... filho da perdição... se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus" (2 Ts 2.3,4). O objetivo do Diabo, num passado remoto, foi assentar-se na cadeira de Deus e parecer Deus" (cf. Ez 28.2). O Anticristo, de igual modo, também trará em seu coração perverso o mesmo sen timento sombrio. O Diabo queria tomar o lugar de Deus no san tuário celeste — o Anticristo, contudo, quer tomar o lugar de Deus no santuário terrestre — porém divino, porque pertence ao Se nhor, o qual ele o chama de "minha casa". Quando o grande ini migo de Deus e dos homens quis usurpar o lugar que pertencia a Deus no seu santuário celestial, foi chamado de "renovo abomi nável" (Is 14.19); quando o Anticristo se "assentar no santuário de Deus", em Jerusalém, será também chamado de "abominação da desolação". Portanto, a "abominação da desolação, de que fa lou o profeta Daniel", será o próprio Anticristo.
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9. Blasfêmia Era Considerada uma Abominação
Nas Escrituras Sagradas, alguns atos ou palavras abusivas dirigidas contra Deus e contra aquilo que é sagrado eram consi deradas blasfêmias. Por exemplo: falar contra o nome santo de Deus, amaldiçoando-o (Lv 24.10,11); julgar-se igual a Deus. Foi este o motivo alegado pelos judeus para intentarem contra Jesus, querendo apedrejá-lo: "Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia, porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo" (Jo 10.33); falar contra o Templo e contra a Lei também era considerado blasfêmia (At 8.13); falar contra o céu e contra aqueles que nele habitam (Ap 13.6); falar contra Moisés (At 8.11); falar contra a Palavra de Deus (Tt 2.9); contradizer a verdade di vina (At 13.45); proferir mentiras blasfemas (Ap 2.9). Em Apoca lipse 13.5,6 nos é dito que "... foi-lhe dada uma boca [ao Anticris to] para proferir grandes coisas e blasfêmias; e deu-se-lhe poder para continuar por quarenta e dois meses. E abriu a sua boca em blasfêmias contra Deus, para blasfemar do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu". Qualquer ato abusivo à santidade divina que violasse seu santuário e seus mandamen tos era considerado blasfêmia e, por extensão, também, como "abominação" aos olhos de Deus (cf. Dt 23.18; Is 1.13; 66.3, etc.). 0 Anticristo blasfemará contra os "poderes do mundo superior", ridicularizando sua própria existência. Contudo, seu alvo maior é blasfemar contra a pessoa "... de Deus, do seu nome, e do seu tabernáculo, e dos que habitam no céu". Isto significa que ele blasfemará de Deus, de Jesus, do Espírito Santo e dos poderes angelicais, enquanto, aqui na terra, o tabernáculo de Deus foi tam bém blasfemado — quer dizer — profanado.
1Dr. C. I. Scofield. Scofield Reference Bible. 2 Ibid. 1Flávio Josefo. História dos Hebreus, 7a ed. 2003, p. 287.
Capítulo 6
A GRANDE TRIBULAÇÃO
1. Quando Acontecerá a Grande Tribulação
Torna-se importante para nós, que estudamos as Escrituras, ter em mente a posição da Igreja, do Espírito Santo, de Israel, dos gentios e do remanescente. Como também, de igual modo, al guns dos acontecimentos que terão lugar durante o período som brio deste tempo do fim e quais serão as providências de Deus em favor do seu povo (os judeus) e dos demais que o adoram. Existem várias expressões que descrevem a Grande Tribula ção e tudo aquilo que ela representa, a saber: • O dia da peleja e da guerra (Jó 39.23); • A angústia de Jacó (Jr 30.7); •Um tempo de angústia (Dn 12.1); •A aflição daqueles dias (Mt 24.29); •Dias de vingança (Lc 21.22); • A hora da tentação (Ap 3.10); • A grande tribulação (Ap 7.14).
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Devemos ter em mente que esta expressão, "a Grande Tribula ção", que é usada nas Escrituras e empregada por todos os estudi osos de escatologia, refere-se a um período de sete anos de dor e sofrimento sem precedentes na história humana, que terá lugar logo após o arrebatamento da Igreja. Ela será desencadeada pelo Anticristo, que receberá do dragão vermelho o seu trono e o seu poder, e usará todo esse poder para a destruição. A Grande Tribu lação tem como alvo em seus desdobramentos o povo de Israel. Contudo, o mundo todo também será envolvido. Ela é descrita como "... a hora da tentação que há de vir sobre todo o mundo, para tentar os que habitam na terra" (Ap 3.10, ênfase do autor). A volta de Jesus com seus santos, para pôr fim à Grande Tribulação no vale de Armagedom, dar-se-á num dia nublado e de muita pertur bação. O profeta Isaías afirma que "... o dia do Senhor vem, hor rendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação e destruir os pecadores dela. Porque as estrelas dos céus e os astros não deixarão brilhar a sua luz; o sol se escurecerá ao nascer, e a lua não fará resplandecer a sua luz. E visitarei sobre o mundo a mal dade, e sobre os ímpios, a sua iniqüidade; e farei cessar a arrogân cia dos atrevidos e abaterei a soberba dos tiranos. Farei que um homem [judeu] seja mais precioso do que o ouro puro e mais raro do que o ouro fino de Ofir. Pelo que farei estremecer os céus; e a terra se moverá do seu lugar, por causa do furor do Senhor dos Exércitos, e por causa do dia da sua ardente ira" (Is 13.9-13). Tal acontecimento é também confirmado no Novo Testamen to, que afirma ser "justo diante de Deus que dê em paga tribulação aos que vos [nos] atribulam", quando "se manifestar o Senhor Je sus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder, quando vier para ser glorificado nos seus san tos e para se fazer admirável naquele Dia, em todos os que crê em..." (2 Ts 1.6-10)
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O Arreb atam ento da Igreja e a Grand e Tribulação
Algumas questões acerca do arrebatamento da Igreja ainda hoje são a razão de muitas discordâncias entre os estudiosos do assunto. Sobretudo no que diz respeito à Grande Tribulação. O arrebatamento dar-se-á: •Antes da Grande Tribulação? • Durante a Grande Tribulação? • Depois da Grande Tribulação? Estas três linhas de pensamento estão presentes entre os gru pos evangélicos. Uns opinam que Cristo voltará para buscar sua Igreja "antes da Grande Tribulação"; outros, que Cristo arrebata rá a Igreja "no meio da Grande Tribulação"; e, ainda, um terceiro grupo diz que Cristo voltará para o arrebatamento somente "de pois da Grande Tribulação". Os ensinamentos bíblicos e as opiniões da maioria dos teólogos dizem que os acontecimentos que terão lugar durante a Grande Tribulação somente se darão logo após o arrebatamento da Igreja. Um sem-número de passagens e exem plos bíblicos afirmam que a Igreja não passará pela Grande Tri bulação, p.ois, durante este período de dor, ela se estará ao lado de Jesus, no céu, desfrutando das Bodas do Cordeiro. Alguns exemplos tirados da Bíblia podem ilustrar a posição da Igreja neste tempo do fim. 1- Noé e sua família. O dilúvio somente veio sobre o mundo dos ímpios depois que Noé e sua família entraram na arca, e esta foi fechada por fora pelo Senhor (Gn 7.7,16); 2 Sodoma somente foi destruída pelo fogo quando Ló e sua família deixaram a cidade (Gn 19.22,24); 3- Enquanto Israel, sob o comando de Moisés, atravessava o mar Vermelho a pé enxuto, ele permaneceu firme sem retornar suas águas. Porém, quando o povo de Deus alcançou a outra margem, o mar retomou a sua força ao amanhecer, e os egípcios afogaram-se (Êx 14.27-31).
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4 Raabe e seus familiares foram salvos por Deus e tirados do meio da destruição da cidade de Jericó por dois espias — enquanto os demais moradores pereceram sem misericórdia (Js 6.23,24). 5 Na destruição do ano 70 d.C., nenhum cristão pereceu. Todos chegaram a salvo na cidade de Pella, na Peréia, enquanto os demais moradores foram mortos pela fúria assassina dos sol dados rom anos (cf. Lc 21.20-24). O Apocalipse contém sete bemaventuranças para os salvos — cinco para os vivos e duas para os mortos, na glória —, mas uma delas (a 4a) é dedicada à Igreja quando esta estiver nas Bodas do Cordeiro, na corte celestial (Ap 1.3; 14.13; 16.15; 19.9; 20.6; 22.7,14). A mulher vista por João em Apocalipse 12, que, após dar à luz um filho varão, é perseguida pelo grande dragão vermelho, não se refere à Igreja, mas sim a Israel, pois tal cena se dará em plena Grande Tribulação, ainda que apresente reminiscência de alguns acontecimentos do passa do, quando o príncipe das trevas se rebelou contra Deus e contra Jesus. 3. O Papel do Espírito Santo Durante a Grande Tribulação
Com o arrebatamento da Igreja, o Espírito Santo acompanharlhe-á para a corte celestial. Isso tanto depreendemos dos ensina mentos bíblicos, como deduzimos de figuras que apontam nesta direção. Em Apocalipse 14.13, nos é dito que, durante este perío do de dor aqui na terra, o Espírito Santo não se encontrará neste mundo. "E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bemaventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito , para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam" (ênfase do autor). Devemos ter em mente que esta voz que João ouviu mandando-lhe escrever a segunda bemaventurança, das sete que este livro contém, foi a voz do Espírito Santo. ["Sim, diz o Espírito"] e ela partiu diretamente do céu. Esta voz foi ouvida por João durante o período da Grande Tribu lação, dando-nos a entender que, neste período, o Espírito Santo
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não se encontrará aqui na terra. Em figura de retórica, isso tam bém fica subentendido. No episódio que marca o encontro de Rebeca com seu futuro esposo, Isaque, encontramos todos os ele mentos que confirmam isso. Por exemplo: • Abraão — o Pai [figura de Deus]; • Isaque — o Filho [figura de Cristo]; • Eliezer — o mordomo [figura do Espírito Santo]; • Rebeca — a noiva [figura da Igreja]. O mordomo Eliezer foi enviado para a terra de Rebeca a fim de trazê-la à presença de Isaque, em um outro país. Sua missão somente se complementaria quando ele entregasse a noiva (Rebeca) ao noivo (Isaque) no país do noivo. Assim também su cederá com respeito ao Espírito Santo. Sua missão foi preparar a noiva (a Igreja) e conduzi-la à presença de Cristo. Tal encontro se dará nas nuvens. Mas não temos notícias de que após este encon tro com Cristo o Espírito voltará aqui para a terra. Tanto as Escri turas como a lógica dizem que não! Ele, portanto, seguirá com Jesus e sua noiva para participar das bodas celestiais (cf. Ap 22.17). 4. Israel
De acordo com as profecias que apontam para o futuro do povo eleito, antes deste período do fim, haverá um novo deslo camento do povo judeu em direção à Terra Santa. Isaías e outros profetas do Antigo Testamento apresentam os judeus vindos de diversas partes do mundo. Isto se dará, certamente, para que Deus passe sobre eles o seu cordel — preparando-os para o ingresso no reino milenar. Vejamos o que diz o profeta Isaías a este respei to: "Porque há de acontecer, naquele dia, que o Senhor tornará a estender a mão para adquirir outra vez os resíduos do seu povo que restarem da Assíria, e do Egito, e de Patros, e da Etiópia, e de Elão, e de Sinar, e de Hamate, e das ilhas do mar. E levantará um pendão entre as nações, e ajuntará os desterrados de Israel, e os
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dispersos de Judá congregará desde os quatro confins da terra... E o Senhor destruirá totalmente o braço de mar do Egito, e move rá a sua mão contra o rio com a força do seu vento, e, ferindo-o, dividi-lo-á em sete correntes, que qualquer atravessará com cal çados. E haverá caminho plano para os resíduos do seu povo, que restarem da Assíria, como sucedeu a Israel no dia em que subiu da terra do Egito" (Is 11.11,12,15,16). O profeta, portanto, menciona aqui treze povos que estão relacionados com este re gresso de Israel. São eles: •Assíria.1*' •Egito.* •Patros — Patros ficava entre o sul do Alto Egito e o norte da Etiópia. Isto é, fazia parte da Núbia (no atual Sudão). Ali, se gundo o profeta Jeremias, se encontrarão os judeus que retornarão no fim dos tempos à terra de Israel (Jr 44.1,28). •Etiópia — A Etiópia, antiga Abissínia, é um dos países mais velhos do inundo e é citado no início do Antigo Testamento com o nome de Cusi, ou Cuxe (Gn 2.13). Segundo a tradição, a monarquia etíope é fundada no ano 1000, a.C. por Menelik I, fi lho do rei Salomão e da rainha de Sabá. O rei Hallé Sellasié era judeu e, segundo a tradição, descendente de Salomão com Makeda de Aksum — a rainha de Sabá. Recentemente emigra ram para Israel milhares de judeus etíopes, da linhagem falacha. •Elão — Os elamitas eram descendentes de Sem, o primei ro filho de Noé (Gn 10.22). Josefo faz o seguinte relato acerca de Elão: "De Elão, o mais velho, vieram os elameenses, e dele os persas tiveram a sua origem ".1 •Sinar — Sinar era a planície onde foi edificada a antiga torre de Babel — posteriormente a cidade de Babilônia (Gn 10.10; 11.1-9), ocupada atualmente pelo moderno Iraque. •Hamate — Hamate era um reino que se estendia ao norte da Síria no passado. Nos dias de Davi, seu reino tornou-se tribu tário de Israel. "Ouvindo, então, Toí, rei de Hamate, que Davi ferira a todo o exército de Hadadezer, mandou Toí seu filho Jorão
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ao rei Davi, para lhe perguntar como estava..." (2 Sm 8.9,10a) Uma parte dos habitantes de Samaria pertencia ao povo de Hamate (2 Rs 17.24). •Filisteus — Povos descendentes de Cam, por meio de Casluim. Habitaram a ilha de Caftor. De lá, Deus os fez emigrar e se estabeleceram na planície marítima da Palestina, onde edificaram cinco cidades (Gn 10.6-14; Am 9.7). Os filisteus foram inimigos aguerridos de Israel. Historiadores opinam que os filisteus se fundiram com o povo de Israel, na época dos macabeus. Cremos que atualmente alguns dos habitantes da Faixa de Gaza são seus remanescentes. •Os filhos do Oriente (árabes) — Geograficamente, esta ex pressão usada aqui pode designar os povos árabes que habita vam as três Arábias conhecidas do mundo de então. Eram elas: Arábia Petrea, Arábia Deserta e Arábia Félix. A Arábia Petrea se limitava a oeste com parte do Egito, ao norte com a Judéia e parte da Síria, ao sul com o mar Vermelho, e ao oriente com a Arábia Félix. A Arábia Deserta se limitava ao norte com uma parte da Mesopotâmia, a leste com a Babilônia, ao sul com a Arábia Félix, e a oeste com a Síria e a Arábia Petrea. A Arábia Félix [atualmente ocupada pelo Iêmen] limitava-se ao norte com as fronteiras sulistas das Arábias Petrea e Deserta e com a porção mais sulina do Golfo Pérsico. Era chamada pelos roma nos de "Arábia Feliz", devido às suas extensões de terras férteis, em contraste com o deserto que domina a Península Arábica. •Edom.** •Moabe.** •Amom.** * Vide informações no capítulo 3. ** Maiores informações, no capítulo 8.
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Das ilhas do mar — A palavra "ilha" ou "ilhas" é menciona da cerca de 38 vezes nas Escrituras e, em algumas das passagens onde aparece, a palavra "ilh a" pode ser traduzida para seu origi nal hebraico "ai". Os antigos usavam esta palavra referindo-se à "terra costeira"; era um termo designativo das grandes civiliza ções do outro lado do mar. Trata-se de uma expressão idiomática usada entre o povo hebreu para indicar países distantes, isto é, terras da costa do mar. Os confins da terra — "... desde os quatro confins da terra" (Is 11.12). Esta expressão pode ser tomada em dois sentidos: Ia Para indicar o ressurgimento de Israel e a participação que estes povos teriam — contra ou a favor — neste processo; 2 Para indicar o alcance universal do evangelho de Cristo. Depois de passar por Jerusalém, Judéia e Samaria, a continuação da missão evangelizadora era seguir uma outra trajetória: alcan çar os "confins da terra". Para os judeus, a expressão "confins da terra", usada aqui pelo profeta Isaías no capítulo 11 e em outras passagens paralelas que falam do mesmo assunto, significa "gran de distância". Ela era tomada para indicar qualquer país que fi cava fora das fronteiras de Israel. A terra de Sabá foi considerada como sendo situada nos "confins da terra" (Lc 11.31). Jesus usou também esta frase indicando o sentido de além-mar, quer dizer, qualquer extremidade da terra no universo habitado. Gileade e o Líbano — Gileade e o Líbano (Zc 10.10), ambos no extremo norte da Palestina, farão parte também neste contexto. O Líbano atualmente é um país independente e Gileade faz parte do atual território da Jordânia. Tanto um como o outro encon tram-se ligados ao pacto de Deus com Abraão como parte da he rança do povo escolhido (Nm 34.1-12; Js 1.4). Alguns destes povos mencionados acima não conservam atu almente seus nomes primitivos. Outros se fundiram com tribos árabes e ainda outros emigraram para nações distantes. Contu do, no tempo do fim, Deus moverá o espírito de todas estes po vos, e eles tomarão parte no cumprimento das profecias divinas
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que dizem respeito a Israel e a eles próprios. Com a chegada des tes judeus à Terra Santa, Deus ampliará e estenderá as fronteiras de Israel, restabelecendo as antigas herdades (Ob 17). A nação inteira — com exceção dos judeus crentes que, por ocasião do arrebatamento, subirão com Jesus — passará pela Grande Tribu lação. Tal período é conhecido nas Escrituras como "a angústia de Jacó" (Jr 30.7). Este período de dor não deixa também de ser uma espécie de purificação para a nação israelita (cf. Ml 3.1-6). I. Os Tempos e as Estações — Antes de Jesus ser assunto aos céus, quando exortava os seus discípulos a que esperassem a pro messa do Pai, isto é, o batismo no Espírito Santo, eles indagaram dizendo: "... Senhor, restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?" (At 1.6b) A restauração deste reino tem o seu equivalente na mes ma expressão: "... reedificarei o tabernáculo de Davi", citada mais adiante por Tiago, quando falava no Concílio de Jerusalém (At 15.16), conforme veremos no tópico seguinte. Os "tempos ou as estações", em Atos 1.7, apontavam para o Novo Estado de Israel, em 1948, quando "o tabernáculo de Davi foi reedificado" (At 15.13-18). Mas a vinda do Libertador dar-seá no final da Grande Tribulação, quando Cristo virá para pôr fim à grande aflição e estabelecer seu domínio de glória. De acordo com as informações bíblicas, houve uma sucessão de aconteci mentos e de personagens que fizeram parte na cronologia dos fatos até a "plenitude dos tempos". O calendário profético, que trazia em si a grande profecia do nascimento do Messias, tem também uma significação na história da humanidade. A está tua colossal vista em sonho por Nabucodonosor, em Daniel 2, pintava este quadro dos reinos e dos poderes que predominariam até o Armagedom, quando todos serão esmagados sob a "pe dra que foi cortada sem mão". A sucessão dos reinos e de seus representantes, que faziam parte das revelações proféticas, é descrita nos capítulos seguintes que descrevem os quatro impé rios mundiais.
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II. O Tabernáculo de Davi que Estava Caído — De forma restrita, "o tabernáculo de Davi" poderia ser comparado ao "tabernáculo de Deus" e, neste sentido, ele apontava diretamen te para o Templo e suas cerimônias. Com efeito, porém, esta pro fecia do profeta Amós apresenta um sentido maior e mais abrangente. Ela descreve toda a nação de Israel como "tabernáculo de Davi". Ele, então, o descreve assim: "Naquele dia, tornarei a levantar a tenda de Davi, que caiu, e taparei a suas aberturas, e tornarei a levantar as suas ruínas, e a edificarei como nos dias da Antigüidade; para que possuam o restante de Edom e todas as nações que são chamadas pelo meu nome, diz o Se nhor, que faz estas coisas" (Am 9.11,12). Ora, todos nós sabemos que esta profecia apontava, primeiramente, para a dispersão do povo eleito, que, durante cerca de dois mil anos, ficara longe de sua terra natal. A terra de Israel, isto é, a "tenda de Davi", caíra primeiramente sob o poder dos caldeus quando Israel foi levado cativo para a Babilônia e o Templo fora destruído. Depois, pelas mãos dos romanos no ano 70 d.C. Quando o Senhor Jesus dava suas últimas instruções aos discípulos antes de ser assunto aos céus, prometendo-lhes o glorioso poder em plenitude do Espíri to Santo, eles lhe perguntaram se Ele restauraria naquele tempo o reino a Israel, ao que o Mestre respondeu-lhes: "Não vos per tence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder" (At 1.6,7). Para os discípulos, a descida do Espírito Santo efetuaria a restauração de Israel, mas o Senhor Je sus disse-lhes que o Espírito viria para sua Igreja, para restaura ção do pecador no sentido espiritual. III. A Restauração de Israel — A restauração de Israel darse-ia numa data posterior (cf. Kz 37). Tiago, quando tomou a pa lavra no Concílio de Jerusalém, lembrou aos presentes esta pro fecia de Amós com relação a Israel e disse que, antes desta res tauração, Deus tinha um compromisso com os gentios, por causa da rejeição dos judeus ao Messias. Estas foram as suas palavras:
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"Varões irmãos, ouvi-me. Simão relatou como, primeiramente, Deus visitou os gentios, para tomar deles um povo para o seu nome. E com isto concordam as palavras dos profetas; como está escrito: Depois disto, voltarei e reedificarei o tabernáculo de Davi, que está caído, levantá-lo-ei das suas ruínas e tornarei a edificálo. Para que o resto dos homens busque ao Senhor, e todos os gentios sobre os quais o meu nome é invocado, diz o Senhor, que faz todas estas coisas, que são conhecidas desde toda a eternida de" (At 15.13-18). Neste vaticínio de Amós, no que tange à restauração do reino de Israel, dois pontos importantes devem ser aqui analisados, a saber: Primeiro, o poder de governar com plenos poderes não seria de imediato restabelecido ao tabernáculo de Davi, isto é, a nação eleita. Deus ainda tinha outras obras a serem realizadas no plano da redenção, antes que isso acontecesse. Também isto não seria restabelecido totalmente ao povo de Deus com a vinda do Messi as, visto que o povo eleito o rejeitaria. Assim, este governo so mente seria restabelecido a Israel numa data posterior, o que, de fato, aconteceu dois mil anos depois, quando, em 1947, encerra do o conflito desencadeado pela Segunda Guerra Mundial, os ingleses retiram seu domínio da Palestina e delegaram à Organi zação das Nações Unidas (ONU) a tarefa de solucionar os pro blemas da região. Sem uma consulta prévia aos árabes palesti nos, em 1947, a ONU vota a favor da divisão da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes palesti nos — estes rejeitaram o plano. Em 14 de maio de 1948, é proclamado o Estado de Israel, que tem David Ben-Gurion como primeiro-ministro. Foi, então, nesta ocasião que Deus "restaurou o reino a Israel" como nação. O to tal cumprimento desta profecia aguarda, porém, uma restaura ção espiritual que, sem dúvida, dar-se-á durante o Milênio, quan do Cristo reinará. Segundo, antes da restauração de Israel, Deus trabalharia na preparação e formação de uma outra nação santa [a Igreja].
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"... Primeiramente [relatou Simão], Deus visitou os gentios, para to mar deles um povo para o seu nome". Depois, então, é que viria a restauração do povo escolhido. "Depois disto voltarei [isto é, de pois que tiver tomado este povo], e reedificarei o tabernáculo de Davi" (ênfase do autor). Este povo mencionado nesta profecia de Amós é interpreta do por Tiago, o irmão do Senhor, como sendo a Igreja que, no sentido espiritual, ocupou a posição de Israel por ter este rejeita do seu Messias como Salvador e Rei (cf. Mt 21.42,43). Assim sen do, a Igreja tornou-se a esfera central do "reino de Deus" aqui neste mundo, que não apresenta, pelo menos em tese, um reino material, mas inteiramente espiritual, como é descrito pelo após tolo Paulo: "Porque o Reino de Deus não é comida nem bebi da, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo. Porque quem nisto serve a Cristo agradável é a Deus e aceito aos homens" (Rm 14.17,18). 5. Os Gentios
Antes de analisarmos a destruição do poder gentílico mun dial, devemos observar alguns pontos importantes que falam a esse respeito. Como, por exemplo, a relação entre a plenitude dos tempos e o fim do poder gentílico mundial. Três épocas ou esta ções marcam acontecimentos importantes que envolvem Cristo, Israel e os gentios: l 2 Cristo. A plenitude dos tempos marca o nascimento de Cris to. Tomando como ponto de referência as setenta semanas de Daniel 9.25-27, temos uma noção exata de quando se deu "a ple nitude dos tempos". Isto aponta claramente para o ano "0" da virada do 4" milênio, quando o mesmo marca o tempo certo para o nascimento de Cristo. Assim, "a plenitude dos tempos" propri amente dita (Gl 4.4) marcava o tempo preestabelecido para o nas cimento de Cristo. Paulo diz que "... vindo a plenitude dos tem pos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei" (cf. Gn 3.15; Gl 4.4). Esta data culminou com o alistamento de-
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cretado por César Augusto, "para que todo o mundo se alistas se" (Lc 2.1). Como José e Maria tinham sua origem na cidade de Belém, "... subiu da Galiléia também José, da cidade de Nazaré, à Judéia, à cidade de Davi chamada Belém (porque era da casa e família de Davi), a fim de alistar-se com Maria, sua mulher, que estava grávida. E aconteceu que, estando eles ali, se cumpriram os dias em que ela havia de dar à luz. E deu à luz o seu filho primogênito, e envolveu-o em panos, e deitou-o numa manje doura, porque não havia lugar para eles na estalagem" (Lc 2.1-7). 2Israel. Este rejeitou a Cristo e o seu reino. Esta rejeição é chamada de "endurecimento" e "queda" de Israel e, por meio dela, Deus permitiu que "a plenitude dos gentios" entrasse, dan do-lhes direito ã salvação (Rm 11). 3a Os gentios. Devemos ter em mente aqui neste argumento duas coisas importantes relacionadas aos gentios, que são: "os tempos dos gentios" e a "plenitude dos gentios". I. Os Tempos dos Gentios — "Os tempos dos gentios" (Lc 21.24). Os tempos dos gentios começaram com o cativeiro de Judá na Babilônia (2 Cr 36.1-21), porquanto, desde aquele tempo, Jerusalém tem estado debaixo do controle gentílico (Lc 21.24). Este período terminará no vale de Armagedom, quando todos os exércitos confederados e chefiados pelo Anticristo serão ali destruídos (Ap 14.20; 19.20,21). II. A Plenitude dos Gentios — "A plenitude dos gentios" (Rm 11.25). A plenitude dos gentios foi ocasionada pelo endure cimento de Israel em rejeitar o Messias prometido. Refere-se ao tempo oferecido por Deus aos gentios para que estes aceitem a Jesus como Salvador e assim sejam salvos. Este tempo começou com a morte e ressurreição de Cristo, e terminará, sem dúvida, com o arrebatamento da Igreja. Verdade é que, em João 1.11,12,16, a porta da plenitude dos gentios começa a ser aberta pelo endu recimento e cegueira de Israel. "Veio para o que era seu, e os seus
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não o receberam. Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que crêem no seu nome". O versículo 16 aponta claramente para tal acontecimento, que deu aos gentios a oportunidade de fazerem parte no plano da salvação. João assim escreveu: "E todos nós recebemos também da sua plenitude, com graça sobre graça" (v. 16). Isto é, graça para os judeus e graça para os gentios. A cegueira e endureci mento do povo eleito trouxe aos gentios a plenitude, isto é, ri quezas em sua totalidade da graça salvadora em seu mais alto sentido. Desta forma, o plano divino sobre os gentios será, neces sariamente, cumprido e executado em sua plenitude, e as exi gências exatas desse plano de redenção serão todas satisfeitas. Agora, todos os povos podiam cantar: "... graça [para os gregos], misericórdia [para os gentios], e paz [para os judeus], da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 1.4b). Assim, cumprido este plano, o mesmo chegará à sua totalidade. Esta plenitude cessará para os gentios com o arrebatamento da Igreja, dando assim lugar a uma outra plenitude, que é a dos ju deus, especialmente durante o Milênio do Filho de Deus aqui 'neste mundo com poder e grande glória. "E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desvia rá de Jacó as impiedades" (Rm 11.26). III. O Fim do Poder Gentílico — A Bíblia diz em Eclesiastes 3.1: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu". Talvez por não observar este princí pio divino é que Epicuro,2 filósofo que é citado, através de suas idéias, em Atos 17.18, chegou a questionar a onipotência e a bon dade de Deus, dizendo: "Ou Deus quer remover a maldade des te mundo, mas não pode; ou Ele pode, mas não quer; ou Ele não pode nem quer; ou, finalmente, Ele tanto pode como quer fazêlo. Se Ele tem vontade, mas não o poder, isso mostra fraqueza, o que é contrário à natureza de Deus. Se Ele tem o poder, mas não a vontade, isso mostra indiferença, e isso também é contrário à
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sua natureza. Se Ele não pode nem quer, então é impotente quan to à sua natureza, e, conseqüentemente, não pode ser Deus. E se Ele pode e quer, então de onde vem o mal, ou por que Ele não o impede?" Sabemos que Deus quer e pode destruir todo o mal e removêlo para sempre do universo, mas Ele determinou um tempo quan do isso irá acontecer. No Armagedom, de acordo com os ensina mentos das Escrituras, será destruído o poder gentílico mundial, representado (pelo menos em tese) pelos governantes humanos. Cristo foi concebido no ventre da virgem, cerca de 15 quilôme tros daquele vale. Ele não nasceu ali porque precisava cumprir uma profecia que dizia que seu nascimento seria na cidade de Belém (Mq 5.2; Mt 2.1,5,6). Mas ali ele "... fora criado". Ali Ele também consolidará sua grande vitória sobre o Anticristo e sobre suas hostes! Isto é bastante significativo. A "pedra que foi corta da sem mão" esmiuçará o Anticristo e seus súditos ali. Ela não caiu na "cabeça de ouro" (o Império Babilónico), nem no "peito e braços de prata" (o Império Medo-persa). De igual modo, no "ven tre e coxas de cobre" (o Império Greco-macedônio); também não caiu sobre as "pernas de ferro" (os sucessores de Alexandre Mag no) . Mas caiu exatamente "nos pés de ferro e de barro, e os es miuçou". Estes pés de ferro e de barro, historicamente, falam do Império Romano em seu apogeu — profeticamente, eles apon tam para o Anticristo e seu reinado de terror. A pedra que é Cris to cairá primeiro sobre o Anticristo e seu reino no Armagedom; contudo, por extensão, numa ação retroativa, esmiuçará também o cobre, a prata e o ouro (reminiscências dos demais impérios revividos pelo Anticristo). O profeta de Deus, quando fazia a interpretação dessas coi sas para Nabucodonosor, acrescenta que todos esses reinos, com poder e glórias terrenas, "... se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra que feriu a estátua se fez um grande monte e encheu toda a terra" (Dn 2.34,35). O profeta aqui fala da destruição dos
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poderes humanos e o estabelecimento do Reino de Deus, que terá sua esfera de ação visível durante o Milênio aqui neste mundo e depois na eternidade! IV. A Destruição do Governo do Anticristo — Durante o sombrio governo do Anticristo, as nações gentílicas lhe servirão de alvo de manobra no período da Grande Tribulação. Ele, a todo custo, procurará induzir as nações de todo o mundo para o cami nho do erro, para depois conclamá-las em revolta contra Cristo - levando-as em seguida para o vale de Armagedom, onde todos encontrarão o seu fim. O salmista descreve as nações gentílicas se organizando sob o comando do Anticristo. "Por que se amoti nam as nações, e os povos imaginam coisas vãs? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos se mancomunam contra o Se nhor e contra seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que habita nos céus se rirá; o Senhor zombará deles. Então, lhes falará na sua ira e no seu furor os confundirá. Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte Sião. Recitarei o decreto: O Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei. Pede-me, e eu te darei as nações por herança e os fins da terra por tua possessão. Tu os esmigalharás com uma vara de ferro; tu os despedaçarás como a um vaso de oleiro" (SI 2.1-9; cf. Ap 16.12-14). Aqui, está, portanto, o triunfo final de Cristo sobre todo o poder contrário à sua vontade e à vontade do Pai. 6. O Remanescente
Podemos dividir o remanescente aqui em três partes: 1 O remanescente bíblico;
2fi O remanescente histórico; 3fi O remanescente tribulacionista.
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I. O Remanescente Bíblico — De acordo com as informa ções bíblicas, Deus sempre lidou com um remanescente fiel den tro da nação israelita e, por extensão, até mesmo no meio do povo gentílico. Por exemplo: o monarca Melquizedeque, rei de Salém (Gn 14.18-20); Abimeleque, rei de Gerar (Gn 20.3-18); e uma mi noria de egípcios (Êx 9.20, etc.). a. No Antigo Testamento — Abel, Enoque, Noé e sua famí lia (Gn 4.4; 5.22,23; 6.8). Ainda no deserto, Calebe e Josué (Nm 1; 14), Débora e Baraque (Jz 4), Gideão e Purá — e 300 homens esco lhidos (Jz 7), Samuel (1 Sm 2), os levitas na época de Moisés (Êx 32; 33) e de Jeroboão (2 Cr 11.14-16), e Asa (2 Cr 15.9). Nos dias de Elias — ele e os 7.000 que não se dobraram diante de Baal (1 Rs 19.18; Rm 11.4); nos dias deEliseu — ele e os filhos dos profetas (2 Rs 2.15). A sunamita e seu marido (2 Rs 4.8-37). "Nos dias de Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá", Deus reser vou para si "um resto", como declara o profeta Isaías (Is 1.9; Rm 9.29); os recabitas: Jonadabe e seus descendentes (Jr 35); os que voltaram do cativeiro com Neemias e Esdras eram remanescen tes (Ed 2; Ne 7); Daniel e seus companheiros (Dn 1, etc.). b. No Novo Testamento — No Novo Testamento, são eles: Os pastores, Zacarias, Izabel, Simeão, a profetisa Ana, José — marido de Maria, mãe de Jesus —, Maria e João Batista; durante o tempo presente, o restante compõe-se dos judeus crentes (Rm 11.4,5); durante a Grande Tribulação: "Ainda que o número dos filhos de Israel seja como a areia do mar, o remanescente é que será salvo" (Rm 9.27, ênfase do autor). Em Romanos 11.5, acrescenta Paulo: "Assim, pois, também agora neste tempo ficou um resto, segundo a eleição da graça" (Rm 11.5). II. O Remanescente Histórico — Os essênios foram rema nescentes históricos. Deus nunca "... se deixou a si mesmo sem testemunho" (At 14.17) e, em qualquer dispensação, Ele tem sem pre levantado um grupo de adoradores como representantes de sua vontade na terra. Historicamente, antecipando o nascimento
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de João Batista, levantaram-se em Israel várias colônias de ado radores e preservadores dos preceitos divinos, entre outras, uma delas era composta pelos essênios. De acordo com as poucas informações que se tem dos essênios — devido a clausura de sua vida monástica — , os registros histó ricos referem-se a eles como membros de uma seita religiosa que formava uma ordem monástica judaica, à qual se atribui o regis tro dos pergaminhos de Qumran. Estes pergaminhos trazem tam bém informações sobre sua vida e hábitos. Os essênios parecem ter surgido no século II a.C. (alguns opinam que tenham surgido no século I a.C.). Eles eram exem plos de uma incomum grandeza moral e pureza espiritual. Pro vavelmente foi a primeira sociedade humana a condenar a escra vatura, tanto em tese como em prática. Não há certeza quanto à derivação do nome; contudo, existem as seguintes suposições: Vinha do termo grego osis, que significa "santo"; 22 Para outros, vinha do vocábulo grego asyaw, que quer di zer "curar", em face da crença de que os essênios professavam-se capazes de curar a mente e o corpo. 3- Poderia provir do termo aramaico hassaya, que significa "santo", "piedoso". 4- Uma outra interpretação ainda sugere que o termo "essênio" significa "nobre", "poderoso". "As informações mais precisas que temos sobre os 'essênios' foram encontradas nos escritos de Flávio Josefo e na História Natural de Plínio, o Velho. Ele (Plínio) também viveu no século I d.C.; era soldado, com Vespasiano, aparentemente servindo na Décima Legião que, em 68 d.C., penetrou no vale do Jordão, preparando-se para atacar Jerusalém. Em sua História Natural, ele descreveu a região do mar Morto, incluindo um relato de uma seita religiosa judaica cujos membros viviam na região de Qumran. Ele declarou que os membros formavam uma tribo so litária dos essênios". Os escritos de Qumran também trouxeram 1°
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informações importantes sobre os essênios. Josefo descreve-os com as seguintes palavras: Eles são judeus de nascimento; vivem em estreita união e consideram os prazeres como vícios, que devem ser evitados, e a continência e a vitória sobre suas paixões como virtudes, que devem ser estimadas — e muito. Rejeitam o casamento, não por que tenham a intenção destruir a espécie humana, mas para se evitar a intemperança das mulheres que, então persuadidas, não guardam fidelidade aos seus maridos. Não deixam, entretanto, de reconhecer as crianças que lhes são dadas para instruírem e educá-las na virtude. Com tanto cuidado e caridade como se fos sem seus pais, alimentam e vestem todas da mesma maneira. Desprezam as riquezas: todas as coisas são comuns entre eles, com uma igualdade tão admirável que, quando alguém abraça a seita, despoja-se de toda propriedade, para evitar, por esse meio, a vaidade das riquezas, poupar aos outros a vergonha da pobre za e em tão feliz união viver juntos como irmãos. Não toleram a unção do corpo com óleo, mas se isso sucede a alguém, ainda que contra a vontade, eles limpam aquele óleo como se fossem manchas e julgam-se limpos e bastante puros, quando suas ves tes são sempre brancas. Escolhem para ecônomos homens de bem, que recebem todas as suas rendas e as distribuem segundo as necessidades de cada um; não têm cidade certa onde morar; es tão espalhados em várias, onde recebem os que desejam entrar em sua sociedade; ainda que jamais os tenham visto, dividem com eles o que têm como se os conhecessem há muito tempo. Quando fazem alguma viagem, nada levam consigo, apenas ar mas para se defenderem dos ladrões. Eles têm em cada cidade algum dos seus, para receber e alojar os de sua seita, que por ali passam e para lhes dar vestes e outras coisas de que podem ne cessitar. Não mudam de roupa, senão quando as suas já estão rotas ou muito usadas. Nada vendem e nada compram entre si; mas permutam uns com os outros, tudo o que têm. São muito
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religiosos e piedosos para com Deus, só falam de coisas santas; antes que o sol desponte, fazem orações, que receberam por tra dição, para pedir a Deus que o faça brilhar sobre a terra. Depois vão trabalhar, cada qual em seu ofício, segundo o que lhes é de terminado. As onze horas, reúnem-se e, cobertos com um pano de linho, lavam-se em água fria. Retiram-se em seguida para suas celas, cuja entrada só é permitida aos da seita e, tendo-se purifi cado desse modo, vão ao refeitório, como a um santo templo, onde, depois de sentados, em grande silêncio, põem, diante de cada qual, um pão e um pouco de alimento num pequeno prato. Um sacrificador abençoa as iguarias e não se pode tocá-las en quanto não terminar a oração. Oram, depois da refeição, para terminar como começaram, com louvores a Deus, a fim de teste munhar que somente de sua liberalidade eles recebem tudo o que têm para sua alimentação. Deixam então suas vestes que con sideram sagradas e voltam ao trabalho. Fazem a ceia à noitinha, do mesmo modo e com eles recebem seus hóspedes, se os hou ver. Jamais se ouve barulho em suas casas; nunca se vê a menor perturbação; cada qual fala por sua vez e sua posição e seu silêncio causam respeito aos estrangeiros. Tão grande moderação é o efeito de sua contínua sobriedade; não comem nem bebem mais do que é necessário para a sustentação da vida. Não lhes é permitido fazer alguma coisa, a não ser com a anuência de seus superiores, exceto ajudar os pobres sem que qualquer outra razão os leve a isso, que a compaixão pelos infelizes; quanto aos parentes, nada lhes dão se não lhes for concedida a permissão. Têm imenso cuidado de repri mir a cólera; amam a paz e cumprem tão inviolavelmente o que prometem, que se pode prestar fé às suas simples palavras, como a juramentos. Eles os consideram mesmo como perjúrios, porque não podem crer que um homem não seja um mentiroso quando tem necessidade, para que nele se creia, de tomar a Deus por teste munha. Estudam com cuidado os escritos dos antigos, principal mente no que se refere às coisas úteis à alma e ao corpo, e adqui rem grande conhecimento dos remédios próprios para curar as doenças e a virtude das plantas, das pedras e dos metais.
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Eles não recebem imediatamente em sua comunidade os que querem abraçar a sua maneira de viver, mas fazem-nos esperar um ano onde eles têm cada qual uma ração, um cântaro de água, uma veste, de que falamos, e um manto branco. Dão-lhes em se guida um alimento mais conforme ao deles e permitem-lhes lavar-se na água fria, a fim de se purificar, mas não os deixam co mer no refeitório até que tenham, durante dois anos, experimen tado os seus costumes, como antes experimentaram a sua conti nência. Então são recebidos, porque só então, são tidos como dig nos, mas, antes de sentar à mesa com os outros, juram solene mente honrar e servir a Deus de todo o coração, observar a justi ça para com os homèns, jamais fazer voluntariamente mal a nin guém, quando mesmo isso lhes fosse ordenado, ter aversão pe los maus; ajudar sempre os homens de bem, de todos os modos possíveis, manter fidelidade a todos e particularmente aos sober ranos, porque eles recebem o seu poder de Deus. A isso acrescen tam que, se forem constituídos num cargo, não abusarão do po der para maltratar os inferiores; que nada terão mais que os ou tros, nem em suas vestes, nem no que se refere às suas pessoas, que terão um amor inviolável pela verdade, e repreenderão se veramente os mentirosos; que conservarão as mãos e as almas puras de todo roubo e de todo desejo de lucro injusto; que nada ocultarão aos seus confrades dos mistérios mais secretos de sua religião e nada revelarão aos outros, quando mesmo fossem ame açados de morte, para obrigá-los a isso; que só ensinarão a dou trina que lhes foi ensinada e que guardarão cuidadosamente os livros bem como os nomes daqueles de quem a receberam. Tais as promessas que são obrigados a fazer todos os que querem abra çar a sua maneira de viver, e a fazê-lo solenemente, a fim de for talecer a virtude contra os vícios. Se contra elas cometeram faltas graves, são afastados de sua companhia. E a maior parte dos que são assim rejeitados morre miseravelmente, porque, não lhes sen do permitido comer com os estrangeiros, são obrigados a comer erva como os animais e chegam a morrer de fome; por isso, às
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vezes, a compaixão que se tem de sua extrema miséria faz com que sejam perdoados. Os desta seita são muito justos e muitos exatos em seus juízos. Veneram de tal modo, depois de Deus, o seu legislador, que castigam com a pena de morte os que dele falam com desprezo e consideram mui grande dever, obedecer aos antepassados e ao que vários deles lhes ordenam. São tão atenciosos uns para com os outros que, de dez, nenhum ousa falar se os outros nove não consentirem; consideram grande grosseria estar no meio deles ou à sua direita. Observam mais religio samente o sábado do que qualquer outro judeu e não somente fazem preparar o alimento na véspera, para não serem obrigados a fazê-lo no dia de descanso, mas não ousam nem mesmo mudar um objeto de lugar, nem satisfazer, se não forem obrigados a isso, às necessidades da natureza. Nos outros dias, eles o fazem, num lugar afastado e com aquela ferramenta de que falamos, cavam um buraco na terra de um pé de profundidade onde, depois de se terem descarregado, cobrindo-se com suas vestes, como se ti vessem receio de serem manchados pelos raios do sol que Deus faz brilhar sobre eles, enchem o buraco com a terra que dali tira ram, porque, ainda que seja uma coisa natural, não deixam de considerar como impureza, que devem evitar e depois lavam-se para se purificar. Os que fazem profissão dessa maneira de viver estão divididos em quatro classes; os mais jovens têm tal respeito pelos mais velhos, que, quando os tocam, são obrigados a se pu rificar, como se tivessem tocado num estrangeiro. Vivem tanto tempo que alguns chegam a cem anos, o que eu atribuo à simpli cidade da vida e ao fato de eles serem muito metódicos em tudo. Desprezam os males da terra, vencem os tormentos com a cons tância e preferem a morte à vida, quando o motivo é honroso. A guerra que travamos contra os romanos fez ver de mil modos que sua coragem é invencível. Eles sofreram o ferro e o fogo, ti veram quebrados todos os ossos, mas não disseram uma palavra contra seu legislador, nem comeram os alimentos que lhes eram proibidos, nem no meio de tantos tormentos derramaram uma
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única lágrima, nem disseram uma palavra para abrandar a cruel dade dos carrascos. Ao contrário, zombavam deles, sorriam e morriam alegremente, porque esperavam passar desta vida para a melhor e acreditavam firmemente que nosso corpo é mortal e corruptível e nossas almas, imortais e incorruptíveis, de uma subs tância aérea, muito sutil, encerrada no corpo, como numa prisão, onde uma inclinação natural as atrai e retém. Apenas se veriam livres dos laços carnais que prendem as almas em dura escravi dão, elevando-se ao ar e voando com alegria. Nisto estão de acor do com os gregos, que julgam que as almas felizes têm sua mora da além do oceano, numa região onde não há chuva, nem neve, nem calor excessivo; mas um doce zéfiro a faz sempre agradável; e que, ao contrário, as almas dos maus têm por morada lugares gelados, agitados por contínuas tempestades, onde eles gemem eternamente em sofrimentos infinitos. É assim, parece-me, que os gregos querem que seus heróis, aos quais dão o nome de semideuses, morram; nas ilhas a que chamam de felizes, e as al mas dos ímpios estejam sempre atormentadas no inferno, como eles dizem, de Sísifo, Tântalo, Ixion e Titio. Esses mesmos essênios julgam que as almas são criadas imortais, para se darem à virtu de e se afastarem do vício; que os bons se tornam melhores nesta vida pela esperança de serem felizes depois da morte e que os maus, que imaginam poder esconder neste mundo suas más ações, por isso são castigados com tormentos eternos. Tais os seus sentimentos com relação à excelência da alma, dos quais não se afastam uma vez persuadidos. Há entre eles alguns que se van gloriam de conhecer as coisas futuras, quer pelos estudos nos livros santos e nas antigas profecias, quer pelo cuidado que têm de se santificar, acontece que raramente eles se enganam em suas predições. Há uma outra espécie de essênios que estão de acordo com os primeiros, no uso de certos alimentos, dos mesmos costu mes e nas mesmas leis, mas divergem no que se refere ao casa mento. Estes acreditam que é querer abolir a raça humana renun ciar ao mesmo, pois que, se todos fossem dessa opinião, ver-se-ia
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em breve a família humana completamente extinta. Mas nisso procedem também com tanta moderação, que, antes de se casar, eles observam durante três anos se a pessoa com quem querem se casar tem saúde suficiente para criar os filhos; quando depois de casadas as mulheres se tornam grávidas, não dormem mais seus esposos com elas durante a gestação, para mostrar que não foi a voluptuosidade, mas o desejo de dar homens ao mundo e à república, que os induziu a se casar; quando as mulheres se la vam cobrem-se com um pano, como os homens. Assim, pelo que acabo de relatar, conhecemos os costumes e usos dos essênios".3 As principais colônias dos essênios situavam-se próximo à extremidade norte do mar Morto, em redor de En-Gedi, Qumran e outras comunidades espalhadas pela Palestina. Mas parece que seu centro principal no mar Morto foi em Qumran. A vida dessa comunidade foi interrompida por um terremoto que, segundo Flávio Josefo, sacudiu a Judéia na primavera de 31 a.C. Os rolos encontrados em Qumran tornaram possível a reconstrução do estilo de vida, seus costumes e hábitos num espaço de tempo de quase 200 anos. De acordo com informações judaicas, estima-se que nos dias de Jesus a comunidade dos essênios somava cerca de 4.000 pessoas. Seu desaparecimento parece ter se dado gradativamente. Alguns opinam que tenham desaparecido no segun do século d.C., mas ao que parece, desapareceram após a des truição de Jerusalém no ano 70 d.C. Transcrevemos aqui estas poucas informações acerca dos essênios apenas para que o leitor possa observar que Deus, em qualquer tempo ou dispensação, encontra aqueles que se man têm com suas vestes brancas sem as manchas do pecado (cf. Ec 9.8; Ap 3.4). III. O Remanescente Tribulacionista — Este remanescente compõe-se de duas partes: os 144.000 e o restante da semente da mulher. Nessa época, eles são comparados ao "orvalho" ou "chu-
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viscos" e, no Milênio, ao "leão" (Mq 5.7,8); alguns deles sofrerão a morte, para completar um número (cf. Ap 6.11), e o restante será assinalado e guardado por Deus "no deserto". Ele será pre servado com vida por Deus durante o tempo da Grande Tribula ção. Numa interpretação geral, a mulher que dera à luz "o filho varão" e fora perseguida pela serpente representa Israel. Contu do, isso não significa que será a nação toda, mas o "remanescente de Israel" que está aqui em foco (SI 3.13). Quando Cristo retornar do céu com poder e grande gló ria, passará por este lugar chamado "o deserto", e o remanes cente que ali se encontrava preservado por Deus o seguirá, pois "... estes são os que seguem o Cordeiro para onde quer que [Ele] vai" (Ap 14.4b). Depois, eles são contemplados ao lado do Cor deiro no "monte Sião". Frustrada no seu intento, a serpente voltar-se-á para o "restante de sua semente", isto é, para o restante do povo eleito que estará ocupando toda a extensão da Terra San ta, dando início, assim, ao cerco de Jerusalém e outras regiões ocupadas por esta nação. O desfecho destes acontecimentos se dará com a poderosa intervenção divina contra o avanço das for ças do mal, as quais serão aniquiladas pelo seu Ungido no som brio vale de Armagedom (cf. SI 2).
1Flávio Josefo. História dos Hebreus, p. 57 2Filósofo grego (341 — 270 a.C.), cuja doutrina é caracterizada, na física, pelo atomismo, e na moral, pela identificação do bem soberano com o prazer, o qual, concretamente, há de ser encontrado na prática da virtude e na cultura do espírito. 3Op.Cit. Vol. 3, p. 153.
Capítulo 7
A DESTRUIÇÃO DAS BASES DO ANTICRISTO
1. Os Juízos de Deus em Escala S ucessiva
Antes do aparecimento de Cristo no vale de Armagedom, diversas intervenções divinas destruirão as bases e poderes utili zados pelo Anticristo. Alguns desses julgamentos terão efeitos parciais; outros, gerais. O propósito de Deus, em tudo isso, é o enfraquecimento e, por fim, o aniquilamento de todo sistema de governo ou força implantados no mundo por este falso Cristo, que, "... com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira", ten tou usurpar o lugar, a glória e o poder que pertencem somente a Jesus (cf. 2 Ts 2.9). 2. Sete Elementos da Natureza Ferem Sete Categorias de Pessoas
No tempo do fim, haverá uma grande confusão religiosa fo mentada pelo falso profeta de Apocalipse 13.11-18, o qual levará a humanidade a adorar o Anticristo e também outras forças da natureza. Diante de tal cenário, os elementos da natureza, como
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também os astros do firmamento, serão utilizados por Deus, numa série de acontecimentos, para ferir as "sete categorias de pessoas". João, o grande profeta de Deus, descreve estès juízos da seguinte forma: "E, havendo aberto o sexto selo, olhei, e eis que houve um grande tremor de terra; e o sol tornou-se negro como saco de cilício, e a lua tornou-se como sangue. E as estrelas do céu caíram sobre a terra, como quando a figueira lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte. E o céu retirou-se como um livro que se enrola; e todos os montes e ilhas foram removidos do seu lugar" (Ap 6.12-14). No texto em foco, são relacionados sete elementos que serão utilizados por Deus: •Terremoto; •Sol; •Lua; • Estrelas; •Céu; • Montes; •Ilhas. Os julgamentos das trombetas e das taças seguirão também a mesma seqüência na escala dos acontecimentos — apenas com algumas variações em relação aos julgamentos dos selos. Todos estes juízos serão enviados por Deus como golpes mortais contra o Anticristo e serão sentidos em todo o seu reino de trevas. I. Terremoto — Os terremotos, mesmo sendo um dos fenô menos da natureza, são sempre citados nas Escrituras associados aos julgamentos divinos ou como prenúncios dos mesmos, ou ainda para advertir que alguma injustiça estava sendo praticada (Ez 38.19; J12.10; Am 8.8; 9.5; Mt 27.51; 28.2; At 16.26; Ap 6.12; 8.5; 11.13; 16.18). Na literatura judaica, qualquer terremoto, seja de pequena ou de grande intensidade, era tido como aviso iminente de acontecimentos escatológicos. Os terremotos sempre serviram
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de avisos para que as mentes adormecidas se despertassem. Hou ve um terremoto quando Cristo morreu e outro quando Ele res suscitou. Desta maneira, Deus marcava com a sua voz na nature za o término da Lei com a morte de seu Filho e anunciava uma nova dispensação — a da graça —, através da ressurreição de Jesus (Mt 27.51; 28.1). O juízo de Deus se dará a partir da base onde se encontra implantado o reino sombrio do Anticristo. As estruturas físicas e religiosas, bases do governo do "filho da per dição" durante o tempo da Grande Tribulação, serão abaladas sob o poder de Deus. Isto significará que todos os sistemas de sustentação serão danificados pela intervenção de Deus e de seu Ungido. Quando o Anticristo e suas hostes congregarem-se no Armagedom, Deus os aterrorizará com um terremoto sem prece dentes na história humana. Assim o descreveu João: "E os con gregaram no lugar que em hebreu se chama Armagedom. E o sétimo anjo derramou a sua taça no ar, e saiu grande voz do tem plo do céu, do trono, dizendo: Está feito. E houve vozes, e tro vões, e relâmpagos, e um grande terremoto, como nunca tinha havido desde que há homens sobre a terra; tal foi este tão grande terremoto" (Ap 16.16-18). II. O Sol — A astronomia descreve o sol como uma estrela de quinta grandeza; uma estrela luminosa e brilhante. Ao seu redor, giram a Terra e os outros planetas do sistema solar. Calcula-se que tenha se formado há cerca de 5 bilhões de anos. Sua massa repre senta cerca de 99,8% de toda a massa existente no sistema. Criado por Deus no quarto dos dias empregados na História da Criação, o sol sempre exerceu no homem fascínio e admiração, sendo, além de adorado, também um ponto de orientação. O Senhor Jesus falou de sinais que apareceriam neste tempo do fim, que atingiriam todo o sistema solar: "E haverá sinais no sol, e na lua, e nas estrelas, e, na terra, angústia das nações, em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas; homens desmai ando de terror, na expectação das coisas que sobrevirão ao mun
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do, porquanto os poderes do céu serão abalados" (Lc 21.25,26). Qualquer sinal, mudança ou perturbação que envolve o sol traz sempre cisma e extremo terror para os habitantes da terra. Este eclipse total do sol dar-se-á em plena Grande Tribulação, quando o Anticristo incitará grande revolta contra Deus e seu Filho Jesus Cristo. Nas Escrituras estão registradas alguns acontecimentos que envolveram o Sol. Ao lançar sobre o Egito a praga das trevas, Deus ordenou a Moisés, dizendo: "Estende a tua mão para o céu [o Sol], e virão trevas sobre a terra do Egito, trevas que se apal pem. E Moisés estendeu a sua mão para o céu, e houve trevas espessas em toda a terra do Egito por três dias" (Ex 10.21,22). Josué, quando liderava o povo de Israel contra os amorreus, orou a Deus e ordenou aos astros celeste: "Sol, detém-te em Gibeão, e tu lua, no vale de Aijalom. E o sol deteve-se, e a lua parou, até que o povo se vingou de seus inimigos. Isto não está escrito no livro do Reto? O sol, pois, se deteve no meio do céu e não se apres sou a pôr-se, quase um dia inteiro. E não houve dia semelhante a este, nem antes nem depois dele, ouvindo o Senhor, assim, a voz de um homem; porque o Senhor pelejava por Israel" (Js 10.12-14). Por ocasião da doença do rei Ezequias, Isaías orou e Deus fez que o sol retrocedesse "dez graus", como está registrado nas Es crituras: "E Ezequias disse a Isaías: Qual é o sinal de que o Se nhor me sarará e de que, ao terceiro, dia subirei à Casa do Se nhor? E disse Isaías: Isto te será sinal, da parte do Senhor, de que o Senhor cumprirá a palavra que disse: Adiantar-se-á a sombra dez graus, ou voltará dez graus atrás?... Então, o profeta Isaías clamou ao Senhor; e fez voltar a sombra dez graus, pelos graus que já tinha declinado no relógio de sol de Acaz" (2 Rs 20.8,9,11). No momento da morte de Cristo, os evangelistas sinóticos des crevem que algo sobrenatural atingiu o sol. "E, desde a hora sex ta, houve trevas sobre toda a terra, até à hora nona" (Mt 27.45; Mc 15.33; Lc 23.44). O escurecimento do sol e da lua está predito em vários elementos informativos das Escrituras. Isso mostra os
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julgamentos de Deus sobre a humanidade em forma de trevas (cf. Is 13.10; J12.10,31; 3.15; Mt 24.29; Me 13.24; Lc 21.25; At 2.20). No livro de Apocalipse, que descreve o tempo sombrio da Gran de Tribulação, vemos vários acontecimentos sobrenaturais que envolverão o sol (Ap 6.12; 8.12; 9.2; 12.1; '16.8,10; 19.17). Aqui, no texto em foco, o escurecimento do sol dificultará toda e qualquer atividade humana contra Deus e seu Filho Jesus Cristo. III. A Lua — A lua não possui luz própria. Ela reflete a luz do sol e, de modo diferente, segundo a posição em que se encontra. É obvio, portanto, que qualquer toque de Deus no sol também a atingirá de imediato. A referida citação afirma que "a lua tornouse como sangue". Nas palavras de Jesus, em Mateus 24.29, que assinalam aqueles dias, nos é dito que: "... logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz..." Isto nos leva a entender que estes acontecimentos aqui narrados te rão lugar ao final da Grande Tribulação, quando o domínio do Anticristo será notado em todos os segmentos da sociedade polí tica, econômica e religiosa. Tais acontecimentos começarão a mi nar seu reino de trevas e seus súditos serão atingidos pelo supre mo poder de Deus. Em seguida a esta escuridão do sol, o poder de Deus manifestar-se-á sobre a lua, cobrindo-a de sangue! IV. As Estrelas —- Os corpos celestes são conhecidos por sua fidelidade às órbitas. Mas aqui haverá um acontecimento de pri meira magnitude em cumprimento às palavras do Senhor Jesus. Ele predisse a queda das estrelas: "... e as estrelas cairão do céu..." (Mt 24.29). A queda dessas estrelas não seguirá seu curso normal, atingindo a terra no sentido da força da sua gravidade, pois a terra não suportaria tamanho impacto. Certamente sua face e es trutura física ficariam transformadas em milhões de pedaços e depois lançados num espaço vazio. Deus usará de sua misericórdia mais uma vez e ordenará às estrelas que passem de uma extremidade à outra do universo,
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muito próximo ao solo, algo parecido "... como quando a figuei ra lança de si os seus figos verdes, abalada por um vento forte". Quando a figueira encontra-se carregada de figos verdes e é aba lada por um forte vento, seus figos são lançados por terra, per correndo uma extensa área; mas estes não se fincam no solo, ape nas deslizam sobre a superfície, conforme é descrito pelo profeta Isaías: "E todo o exército dos céus se gastará, e os céus se enrola rão como um livro; e todo o seu exército cairá, como cai a folha da vide, e como cai o figo da figueira" (Is 34.4). Assim será du rante o tempo quando este grande fenômeno acontecer. As estre las passarão de uma extremidade à outra da terra, numa veloci dade sem precedentes, causando medo e terror, como nos diz a Palavra de Deus. "Horrenda coisa é cair [em estado pecaminoso] nas mãos do Deus vivo" (Hb 10.31). — "Porque o nosso Deus é um fogo consumidor" (Hb 12.29). V. O Céu — Vários escritos judaicos e ensinos teológicos opi nam que existam "sete céus", isto pensando-se nos "sete dias" que foram utilizados por Deus na obra da criação e em outras interpretações que foram sendo acumuladas com o passar dos séculos. Contudo, as Escrituras nos levam a entender que exis tem apenas três:
•O céu inferior (auronos); •O céu intermediário (mesoranios); •O céu superior (eporanios). O céu que está em foco, nesta passagem, deve ser entendido como sendo "o céu inferior". A sétima taça da ira de Deus será derramada no "ar" (Ap 16.17), onde se localiza o céu atmosférico. Ela será usada para aniquilar todas as forças espirituais da malda de nos lugares celestiais; também neutralizará todo o sistema de satélites e toda e qualquer força aérea empregada pelo Anticristo, que já fora abalado pelo cataclisma descrito aqui nesta passagem.
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VI. Os Montes — Em tempos modernos, de comunicações via satélite, os montes tornaram-se pontos estratégicos para ins talações de torres de comunicações, além de constituir-se um lo cal ideal para esconderijos, fortificações e guerrilhas. O Anticris to, certamente, também se utilizará dos mesmos meios para for talecer o seu poderio. Em certo sentido, os montes são tomados como figuras representativas de reinos e monarquias, como des crevem Isaías, Daniel, Miquéias, entre outras passagens simila res das Escrituras:
"E acontecerá, nos últimos dias, que se firmará o monte da Casa do Senhor no cume dos montes e se exalçará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações" (Is 2.2). "Estavas vendo [Nabucodonosor] isso, quando uma pedra foi cortada, sem mão, a qual feriu a estátua nos pés de ferro e de barro e os esmiuçou. Então, foi juntamente esmiuçado o ferro, o barro, o cobre, a prata e o ouro, os quais se fizeram como a pragana das eiras no estio, e o vento os levou, e não se achou lugar algum para eles; mas a pedra que feriu a estátua se fez um grande mon te e encheu toda a terra" (Dn 2.34,35). "Mas, nos últimos dias, acontecerá que o monte da Casa do Senhor será estabelecido no cume dos montes e se elevará sobre os outeiros, e concorrerão a ele os povos" (Mq 4.1). As interpretações feitas em Isaías, Daniel, Miquéias — como em outras citações das Escrituras — dizem que "este monte" re presenta o Reino de Deus com poder e grande glória. Contudo, por sua vez, o Anticristo herdou do dragão "... o seu poder, e o seu trono, e grande poderio", constituindo-se ambos uma cadeia de montanhas como forma de poder. Entretanto, o julgamento divino não deixará incólume um único resquício deste poderio. E seja qual for o sentido — geográfico ou espiritual —, os mes mos serão "removidos dos seus lugares".
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VII. As Ilhas — Em um outro terremoto, descrito em Apoca lipse 16.20, João nos diz que "... toda ilha fugiu; e os montes não se acharam". As ilhas desapareceram de seus lugares, inundadas por grandes maremotos sem precedentes na história humana. Seja como for, Deus destruirá todo e qualquer sistema do mal que tenha se levantado contra Ele e contra seu Ungido. Algumas des sas ilhas serviam de portos e de pontos estratégicos para a força marinha do Anticristo — especialmente para o desembarque de tropas anfíbias — mas vemos, pouco a pouco, que Deus vai des truindo cada sistema por sua vez! Sete dimensões da existência serão fortemente abaladas pelos juízos de Deus. Eles terão como alvo todos os sistemas de comunicações que estiverem sob o con trole governamental do Anticristo e serão fortemente atingidos — o que o levará a se utilizar de seus poderes espirituais, que rece bera do Dragão no início de seu governo (Ap 13.4), para dar con tinuidade a seu reinado de terror. Por fim, essas forças do mal serão completamente aniquiladas pelo poder de Deus. 3. O Juízo de Deus
Logo a seguir, são descritas sete classes de pessoas que serão atingidas por estas forças da natureza. São eles: • Os reis da terra; •Os grandes; •Os ricos; •Os tribunos; •Os poderosos; • Os servos; • Os livres. Cada classe aqui mencionada representa um segmento da sociedade e do sistema político daqueles dias (todos eles "da ter ra"). Mas ali não haverá exceção — os juízos de Deus atingirão a todos.
A Destruição das Bases do Anticristo
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Houve uma época em que se pensou que o socialismo, em todas as suas formas de expressão, dominaria o mundo. E que todas as democracias e monarquias, ou mesmo um ou outro sis tema teocrático desapareceriam, dando lugar a uma nova ordem implantada por um sistema de governo sem Deus. No entanto, isso jamais acontecerá; mesmo durante o governo tirano do Anti cristo, que procurará dominar todos os segmentos da vida exis tente em nosso planeta. Contudo, aqui nesta seção, vemos como o sistema atual con tinuará até que Cristo, Rei dos reis e Senhor dos senhores, im plante neste mundo um governo de glória e uma ordem regida pela justiça divina, em que pequenos e grandes — todos, sem exceção — desfrutem dos mesmos deveres e dos mesmos direi tos. Diante da "ira de Deus e da ira do Cordeiro", não haverá acepção de pessoas. Deus julgará a todos de acordo com sua reta justiça. Ali, portanto, nem realeza, nem posição, nem a força das armas, nem o poder do dinheiro, nem a opulência, nem o talento, ou a beleza, nem a força física ou o intelecto terão qualquer valor distintivo. Também o que é considerado insignificante aos olhos humanos escapará naquele grande dia, quando Deus trouxer à luz as coisas ocultas. O profeta Ezequiel mostra como Deus julgará a cada um de acordo com sua "posição" e "obra" (cf. Ez 32.17-32). Diante do juízo divino, ninguém escapará aos olhos de Deus e à sua retidão, pois as provas de Deus são provas espirituais. Da mesma forma, as suas armas não são armas carnais, "mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas", sejam elas terrenas ou espirituais (cf. 2 Co 10.4). Deus é amor! E sua vontade é levar cada ser humano a um futuro feliz longe de qualquer dor ou sofrimento. Contudo, nem sempre há, da parte dos homens, uma boa vontade para que assim aconteça! Então a ira de Deus ensina aos homens lições amargas, porém necessárias. Muitas vezes perguntamos ao Senhor, dizendo: "Jesus, tu não tens uma maneira mais suave de nos ensinar?" E o Senhor nos responde,
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como respondeu a Pedro: "O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois" (Jo 13.7). O livro de Apocalipse informa como Deus destruirá pouco a pouco o poder do Anticristo. Nas séries dos selos (Ap 6-8) e das trombetas (Ap 8-11), estes juízos são súbitos e esmagadores, po rém parciais. Eles não atingem a totalidade, mas uma parte. No entanto, quando chegamos às taças (Ap 16), a natureza destes juízos mudam por completo. Eles atingirão todos os segmentos do reino do Anticristo na sua totalidade, até que por fim seja apri sionado, cumprindo assim o juízo divino.
Capítulo 8
Um r e f ú g i o
preparado por deus
1. Um Lugar de Refúgio
No capítulo 6, falamos sobre o "remanescente" e agora, neste capítulo, falaremos sobre um "lugar" preparado por Deus, que servirá de proteção para este grupo de santos durante este perío do de dor. Durante a Grande Tribulação, o Anticristo desencade ará uma perseguição mortal contra o povo de Deus. Aqui não se refere à Igreja porque esta já se encontrará com Cristo nas Bodas do Cordeiro. Não se trata também de toda a nação (pelo menos no início) de Israel, mas sim, ao remanescente do povo eleito que por Deus será preservado como primícias. Depois, então, esta perseguição se estenderá a toda a nação. Cremos que o Anticris to, induzido por Satanás, usará de todas as formas de persegui ção para levar a destruição a estas testemunhas de Deus e de suas leis e, assim, apagar a lembrança das coisas sagradas da mente dos habitantes da terra. Durante a dispensação da graça, a Igreja do Senhor Jesus foi a "coluna e firmeza da verdade" aqui neste mundo. Mesmo sendo composta de homens mortais — sujeitos
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às mesmas fraquezas e às mesmas paixões como os demais — ela sempre deteve o avanço das forças do mal (cf. 2 Ts 2.7). "... Con tudo [Deus], não se deixou a si mesmo sem testemunho..." e le vantará, neste tempo do fim, um grupo de seguidores, os quais se transformarão em suas fiéis testemunhas durante aqueles dias de dor e de sofrimento sem precedentes. Deus, então, não permi tirá que estes remanescentes de fiéis sejam mortos pela espada do Anticristo e lhes oferecerá um lugar de proteção. I. Como se Chamará este Lugar de Refúgio — O próprio Deus é referido como "refúgio e fortaleza" para aqueles que nEle confiam. Mas aqui, no texto em foco, o refúgio trata-se de um lugar geográfico preparado por Deus para este fim, e terá o nome de "o deserto". Também nos é dito que o remanescente permane cerá ali "... por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente". Este período compreende três anos e meio, conforme é descrito por Daniel 7.25; 12.7, que, supõe-se, seria: "um ano, dois anos e metade de um ano", quer dizer, 1.260 dias. Tal período é confirmado em Apocalipse 11.2,3, quando a cidade de Jerusalém será pisada pelos gentios durante 42 meses. Isto significa que o Israel fiel será conduzido a este lugar de isolamento no meio da Grande Tribulação — e ali será milagro samente guardado por Deus até o período final do governo do Anticristo, quando este procurará, a todo custo, aniquilar este remanescente. Muitas vezes, devido a condições climáticas ad versas, algumas regiões do mundo apresentam características de deserto. Já no hebraico, uma planície, um extenso território, lu gares desabitados, despovoados, assolados, assumem também o sentido de "deserto". Em uso figurado, as nações que se esque cem de Deus e ignoram os seus caminhos também são reputadas como "desertos" (Is 32.15; 35.1; 40.3). Mas aqui, segundo o con texto, "deserto" significa "... um lugar preparado por Deus" que servirá de habitação para este remanescente fiel durante tal perío do de dores.
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II. O Socorro de Deus ao Remanescente Perseguido — Em Apocalipse 12.6,14, João descreve o socorro divino a este rema nescente simbolizado por uma mulher: "E a mulher fugiu para o deserto, onde já tinha lugar preparado por Deus, para que ali fosse alimentada durante mil duzentos e sessenta dias". No ver so 14 do capítulo em foco, o escritor sagrado acrescenta: "E fo ram dadas à mulher duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto, ao seu lugar, onde é sustentada por um tempo, e tempos, e metade de um tempo, fora da vista da serpente". Pre vendo que a serpente em sua mortal perseguição alcançasse a mulher que dera ã luz um filho varão, Deus concedeu a esta "duas asas de grande águia, para que voasse para o deserto". Estas asas garantiram à mulher velocidade para escapar a tempo, longe do alcance da serpente, chegando ao lugar preparado por Deus. Foi realmente um milagre! Mas Deus é Deus de milagre! Através dos tempos, Deus tem socorrido seu povo por meio de asas podero sas da sua Palavra. O Antigo Festamento e o Novo têm servido ao povo escolhi do como espécie de asas que voam para além das circunstâncias. Elas podem ser comparadas como as asas da fé, que nos condu zem pelas veredas dos séculos até a presença gloriosa do Senhor. Contudo, estas asas aqui mencionadas podem se referir à prote ção angelical ou uma nuvem especial que conduzirá o remanes cente ao lugar preparado para proteção. Muitos têm questionado por que Deus preparou um "deserto" e não um outro lugar de refúgio para seu povo neste tempo do fim. Bem, há coisas que somente Deus sabe por que Ele quer e realiza desta ou daquela maneira. Ele escondeu Moisés da fúria de Faraó "... atrás do de serto" do Sinai (Ex 3.1); Davi, por muitos dias, foi guardado por intervenção divina em vários "desertos" de Israel (1 Sm 23.14,15,24,25; 24.1; 25.1; 26.3, etc.); Deus também levou o profeta Elias ao "deserto" para o proteger da investida mortal de Jezabel (1 Rs 19.4,8,9). Muitas vezes, a pessoa perseguida desejava per noitar "no deserto" porque este lhe oferecia proteção (SI 55.6,7).
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No Novo Testamento temos informações de que muitos cris tãos andaram "... errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra" (cf. Hb 11.38) — porque o mundo não era digno deles! Deus, em qualquer circunstância, acompanha seu povo com a sua proteção, e no texto de Apocalipse 12.6 é dito que "o deserto" será um "... lugar preparado por Deus" durante a Grande Tribulação. No ano 70 d.C., Deus preparou a cidade de Pella, que fazia parte das cidades de Decápolis, na região da Peréia. As outras, segundo Plínio, eram Damasco, Diom, Gadara, Gerasa, Hipona, Kanatha, Filadélfia, Rafana e Citópolis, que eram um "refúgio" para os crentes fiéis que creram nas advertências do Senhor. Eles ali ficaram por trás do "deserto" da Judéia e de Moabe, e assim escaparam da grande destruição da cidade e do triste fim de seus moradores. 2. Água como um Rio
"E a serpente lançou da sua boca, atrás da mulher, água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar" (Ap 12.15). Esta corrente mortífera, que saíra da boca da serpente, pode ser interpretada de várias maneiras: 1 Todas as forças humanas foram empregadas pelo Anticristo quando este rompeu sua aliança com os judeus. Aqui, no texto em foco, ele, então, procurou atacar a mulher — que representa o remanescente de Deus, durante o período da Grande Tribulação —, com seu poderio político e econômico. Mas todos os seus planos de destruição foram frustrados e ele, então, invoca o poder do dragão, que vem em seu auxílio com novas ofensivas, conforme veremos a seguir. 2a O dragão lança de sua boca água infectada de veneno le tal; talvez enviando também sua cavalaria mortal com seus du zentos milhões de cavaleiros, cuja natureza é igual à do dragão. João viu estes cavalos e os que sobre eles cavalgavam numa vi são, e o seu número era de 200.000.000. Eles tinham "... couraças de fogo, e de jacinto, e de enxofre; e a cabeça dos cavalos era
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como cabeça de leão; e de sua boca saía fogo, e fumaça, e enxo fre" (Ap 9.16,17). João descreve estes cavalos com um poder de destruição além da imaginação. Eles têm couraças de vermelho fogoso, azul fumegante e amarelo sulfúrico. As suas caldas são semelhantes a serpentes e suas bocas sopram fogo, fumaça e en xofre. Mas o poder de Deus triunfou e o exército mortal do dra gão não pôde alcançar a mulher, que chegou a tempo ao lugar preparado por Deus "fora da vista da serpente". Assim, cum priu-se no remanescente o que diz o profeta Isaías: "vindo o ini migo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvora rá contra ele a sua bandeira" (Is 59.19). 3a Uma outra possibilidade nesta investida do dragão é uma campanha de difamação e ridicularização entre os remanescen tes contra Deus e seu Ungido, alegando que o poder divino é insuficiente para lhes oferecer proteção. Mas Deus interveio em tempo oportuno e o remanescente foi salvo da ação mortal do dragão e de seus sequazes. 3. A Cidade de Petra Será Escolhida como Refúgio
Petra, a antiga cidade nabatéia, fica localizada num desfila deiro que garante uma segurança natural excelente. A "Cidade Vermelha Rosa", como é chamada atualmente, é inteiramente construída por edifícios talhados na rocha de um desfiladeiro no sul da atual Jordânia. A conquista desta região, ocupada por Edom e Moabe e as primícias dos filhos de Amom, tornou-se um dos maiores obstáculos para os exércitos romanos. Em 312 a.C., a ci dade defendeu-se com êxito de vários ataques dos gregos. Mes mo em 63 d.C., o general romano Pompeu não conseguiu tomar a cidade. Somente 43 anos depois é que Trajano acabou por der rotar os exércitos nabateus, tendo, então, a cidade caído sob do mínio romano em 106 d.C. Durante o período bizantino, o poder dos nabateus enfraquecera, levando-os a perder Petra e a sua população. Um pequeno grupo de cristãos converteu os maiores túmulos nabateus em locais de culto, e em seguida a cidade foi
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gradualmente abandonada. Talvez seja uma das razões por que a profecia divina chama esta região de "deserto". Cremos que, por determinação do conselho e pré-conhecimento de Deus, provêse um lugar de segurança e manutenção para o remanescente. Sugerem-se que os acontecimentos do ano 70 d.C. voltarão a acon tecer — porém, com maior magnitude —, e que este lugar de "refúgio" seja Petra, no monte Seir, na terra de Edom e Moabe. Sela ou Petra, segundo Estrabão, era a metrópole dos nebaiotanos, descendentes de Ismael, que, posteriormente, asso ciados aos edomitas, fundaram a dinastia nabatéia (Gn 25.13). A cidade da rocha é uma das maravilhas do mundo e, por escolha de Deus, se transformará num possível esconderijo para prote ção do povo de Deus. Podendo acomodar 250.000 pessoas, assim ofereceria proteção excelente. Esta região, demarcada por Deus e denominada de "o deserto", é chamada também por outros no mes em outras passagens similares das Escrituras: • "Lugar" (Ap 12.6); • "Refúgio" (Is 16.4); • "Quartos" (Is 26.20); • "Os montes" (Lc 21.21, etc.). Na simbologia profética das Escrituras Sagradas, "deserto" significa um lugar de "isolamento" (SI 55.5-8), aqui, porém, refe re-se "... ao deserto dos povos" (Ez 20.35). Serão: "Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom" (cf. Dn 11.41). Por uma inter venção divina, a região ocupada por esses países, que compreen dem atualmente a Jordânia e parte da Arábia Saudita, escaparão da influência do Anticristo, durante a Grande Tribulação. Talvez o deserto do Sinai fosse estrategicamente um lugar mais apropri ado para servir de refúgio para este remanescente. Mas o Egito não escapará dos golpes mortais do Anticristo e, concomitantemente, a Península do Sinai será também dominada (Dn 11.41,42).
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4. A Localização deste Lugar de Refúgio
Atualmente — e cremos que, durante o tempo sombrio da Grande Tribulação —, toda esta região demarcada por Deus para servir de refúgio ao seu remanescente faz parte de um só territó rio. Hoje é o da Jordânia. Contudo, profeticamente, este território era ocupado na antigüidade por três países diferentes, ainda que seus habitantes tivessem a mesma origem hebréia (Gn 19.37,38; 36.1-43). I. Edom — Edom ou Iduméia. Os idumeus são descendentes de Esaú, o filho mais velho de Isaque. "Esaú é Edom" (Gn 36.8). A região ocupada pelos edomitas estendia-se desde o mar Mor to, na direção sul, até o golfo de Acaba e desde o vale de Arabá, na direção leste, até o deserto da Arábia, isto é, tinha cerca de duzentos quilômetros de comprimento por quarenta e oito qui lômetros de largura. Era uma região montanhosa, composta de rochas avermelhadas como uma de suas características princi pais. Este país encrava-se na região montanhosa entre o mar Morto e o golfo de Acaba e estende-se até o território da Arábia Pétrea. II. Moabe — Os moabitas descendem do filho da primogênita de Ló. Seu nome era Moabe e este se tornou "... o pai dos moabitas, até ao dia de hoje" (Gn 19.37). Moabe nasceu nas colinas acima de Zoá, aparentemente em um ponto que, posteriormente, se tor nou a parte sul do território de Moabe. A parte principal do terri tório moabita era o planalto existente a leste do mar Morto, entre os rios Arnom e Zerebe, embora uma área ainda maior estivesse incluída no nome Moabe, a maior parte de seu território. Em al gumas passagens das Escrituras são usadas expressões variadas com respeito ao território de Moabe, tais como a planície de Moabe (Nm 22.1), o campo de Moabe (Rt 1.1,2, etc.). Na antigüidade, este país localizava-se a sudeste do mar Morto, e era separado dos amonitas pelo rio Arnom.
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III. Amom — Este nome parece ter origem na filha mais nov de Ló, que tinha este nome e que teve um filho de seu próprio pai, chamando-o de Ben-Ami: "... este é o pai dos filhos de Amom até o dia de hoje" (Gn 19.38). Os amonitas tomaram um território antes ocupado por uma raça de gigantes (Dt 2.20). Os amonitas, mesmo sendo parentes chegados do povo de Israel, não demons traram hospitalidade alguma para com este povo, pelo que fo ram proibidos de entrar na congregação do Senhor, isto é, de se rem membros da comunidade civil dos israelitas, até a décima geração, o que alguns entendiam como uma proibição perpétua (Ne 13.1). O território ocupado pelo país dos amonitas localiza va-se na região nordeste do mar Morto. Hoje esses três países, ou povos (Edom, Moabe e as primícias dos filhos de Amom), fundiram-se em tribos árabes e fazem parte do atual Reino Hachemita da Jordânia, cuja capital chama-se Amã, uma derivação de Amom. Toda a área acima mencionada será preservada por Deus naque les dias e servirá de "refúgio perante a face do destruidor..." (Is 16.4). Deus também demarcará uma parte do monte Sião para oferecer refúgio aos seus oprimidos (cf. SI 125.1; Ob 17; Ap 14.1). Todos esses lugares citados transformar-se-ão no "deserto de Deus" preparado para a "mulher perseguida" (o Israel fiel) durante o tem po da "angústia de Jacó". (Veja as seguintes referências sobre o assunto: SI 60.8-12; Is 16.4; 26.20; 64.10; Jr 32.2; 40.11; 48.8,9; Ez 20.35; Dn 11.41; 12.1; Os 2.14; Ob 17,20; Mt 24.36; Ap 12.13-17.) Salmos 60.8-12 retrata em prosas proféticas Deus demarcando o território, que se transformará no "deserto", e o cântico do remanescente fu gindo para tal região. Eles dizem (Deus e o remanescente): "Moabe é a minha bacia de lavar; sobre Edom lançarei o meu sapato; alegra-te, ó Filístia (Palestina), por minha causa. Quem me conduzirá à cidade forte? (Petra?) Quem me guiará até Edom? Não serás tu, ó Deus, que nos tinha rejeitado? Tu, ó Deus, que não saíste com os nossos exércitos. Dá-nos auxílio na angústia, porque vão é o socor ro do homem. Em Deus faremos proezas, porque Ele é que pisará os nossos inimigos (no Armagedom)".
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Cristo Co meça rá a Batalha pela Cidade de Bozra
Durante o tempo sombrio da Grande Tribulação, Deus con duzirá o Israel fiel a esta região que compreende "... Edom e Moabe e as primícias dos filhos de Amom", conforme já tivemos ocasião de ver. Esta região por meio de uma operação sobrenatu ral, escapará da influência e da destruição do Anticristo (Dn 11.41). No ano 70 d.C., foi poupada, de imediato, esta região da Peréia e para lá foi conduzida uma parte da Igreja do Senhor (especial mente a ala judaica) durante a destruição de Jerusalém. O pró prio Cristo advertiu-os, dizendo: "Mas, quando virdes Jerusa lém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua deso lação. Então, os que estiverem na Judéia, que fujam para os mon tes; os que estiverem no meio da cidade, saiam; e, os que nos campos, que não entrem nela" (Lc 21.20,21). De acordo com as informações contemporâneas, os cristãos ficaram atentos a estas palavras de Cristo e, quando viram a aproximação dos exércitos romanos à cidade de Jerusalém, fugiram para os montes localiza dos nas regiões acima mencionadas. Fato semelhante acontecerá durante o tempo sombrio da Grande Tribulação. O Israel fiel será também conduzido por Deus a esta região ocupada pelo territó rio da Jordânia. Irado contra o povo de Deus, o dragão "... lançou da sua boca, atrás da mulher [o Israel fiel], água como um rio, para que pela corrente a fizesse arrebatar" (Ap 12.15). Evidente mente, "... esta corrente de água", lançada da boca da serpente bem pode representar um poderoso exército enviado pelo Anti cristo para esta região estratégica do Oriente Médio, o que certa mente levará o Senhor Jesus a começar sua peleja pela cidade de Bozra, uma das principais cidades de Edom na parte sul da Terra Santa.
Capítulo 9
A PROCLAMAÇÃO DO
SENHORIO DE CRISTO
1. O Fim da Era Presente e a Introdução do Mundo Vindouro
"E tocou o sétimo anjo a trombeta, e houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser de nos so Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15). Com a proclamação do senhorio de Cristo, todos os reinos do mundo serão resgatados do poder de Satanás e serão propriedades exclusivas de Deus e de seu Filho. Assim, acontecerá o fim da era presente e terá início o Reino dos céus entre os homens, conforme fora vaticinado pelo profetas do Antigo Testamento e en sinado pelo próprio Cristo a seus apóstolos e aos discípulos. O profeta Daniel, em sua visão apocalíptica, viu a glória do domínio universal de Deus e o momento quando Cristo, o seu Filho amado, estava tomando posse deste reino eterno. Ele o des creve assim: "Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem; e dirigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele. E foi-lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas o servissem; e seu domínio é um domínio eterno, que
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não passará, e o seu reino, o único que não será destruído" (Dn 7.13,14). Em alguns capítulos deste livro, falamos largamen te sobre o Império Babilónico, o Império Medo-persa, o Império Greco-macedônio e também sobre o Império Romano. Também mostramos ao leitor a ascensão e queda de todos eles. Seus agen tes humanos também desapareceram e encontram-se sepultados em seus túmulos lançados no esquecimento. Na presente visão, porém, surge um reino com peso de glória e poder que jamais será destruído nem sua glória passará. Este é o Reino de Deus. Ele absorverá todos os reinos do mundo para que Cristo, o Ungi do do Senhor, seja "tudo em todos". A posse total de Jesus no governo de todos os reinos do mundo dar-se-á diante do "toque da sétima trombeta escatológica". Seis sucessivas trombetas fo ram tocadas pelos anjos de Deus durante o período da Grande Tribulação. As ordens de seus toques marcaram acontecimentos de grande magnitude, pois anunciaram castigos iminentes da ira divina sobre a humanidade (cf. Ap 8.7,8,10,12; 9.1,13). A sétima, porém, assinala o tempo em que o "mistério de Deus" deve ser cumprido "no céu e na terra". Isto é, de Deus "tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Ef 1.10). Por este motivo, a sétima trombeta mostra um teor diferente daquelas que foram tocadas anterior mente. Seu toque não traz nenhuma destruição, mas anuncia uma nova aurora de fé e de esperança para os santos e também para toda a humanidade. João diz que, mediante seu toque, "houve no céu grandes vozes, que diziam: Os reinos do mundo vieram a ser cie nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre" (Ap 11.15). Não devemos confundir esta sétima trombeta com "a trombeta de Deus" tocada por ocasião do arre batamento. A que Paulo fala, em 1 Tessalonicenses 4.16, tinha como missão anunciar o arrebatamento e o encerramento em plenitude da dispensação da graça. Esta aqui, porém, que é a última também de uma série de sete, anuncia a introdução do
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Milênio do Filho de Deus aqui neste mundo, que é o "... misté rio da sua vontade... de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos [o Milênio], tan to as que estão nos céus como as que estão na terra" (cf. Ef 1.9,10). O senhorio de Cristo assumirá suas dimensões apropriadas à face da terra. Até mesmo os céus hão de expressar agradeci mento à pessoa do Filho de Deus na era futura. O propósito de Deus também será realizado e sua vontade será aceita "tanto na terra como no céu" (Mt 6.10). Será esse o tempo em que o pró prio Filho de Deus, resigna seu reinado medianeiro em rela ção ao Pai, para que Deus seja "... tudo em todos". Posterior mente, porém, Cristo também é concebido como "tudo em to dos" (Ef 1.23; Cl 2.1). I. O Diabo Ofereceu a Jesus todos os Reinos do Mundo — O Diabo ofereceu a Jesus todos os reinos do mundo e a glória deles, logo após Ele ter sido batizado no Jordão por João Batista. Jesus foi impelido pelo Espírito Santo ao deserto para ser tentado por Satanás. Ali, Ele "... tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome; e, chegando-se a ele o tentador, disse: Se tu és o Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pães. Ele, porém, respondendo, disse: Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus. Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. Disse-lhe Jesus: Também está escrito: Não tentarás o Senhor, teu Deus. Novamente, o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares. Então, disse-lhe Jesus: Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao Senhor teu Deus, adorarás e só a ele servirás" (Mt 4.1-10, ênfase do autor).
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Lucas, em seu evangelho, acrescenta em relação à oferta do Diabo a Jesus, uma particularidade: "Dar-te-ei a ti todo este po der e a sua glória, porque a mim me foi entregue..." (Lc 4.6). Para que o leitor tenha uma ampla compreensão do significado do pen samento em relação ao oferecimento por parte do Diabo a Cristo de "... todos os reinos do mundo, e a glória deles", citamos toda a passagem narrada por Mateus que fala de tal acontecimento. A tentação visava ao estabelecimento de uma acordo, com conces sões principalmente de falsa justiça, a fim de adquirir poder e prestígio, pois isso daria a Cristo a oportunidade de se tornar o conquistador ideal de que Israel e a humanidade precisavam. Parece não haver tentação mais moderna do que essa. Nela, o Diabo oferece a Jesus todas as glórias terrenas e suas vantagens transitórias. Ele disse: Tudo isso te darei, "porque a mim me foi entregue". Cremos, e as Escrituras confirmam que, num momen to de tempo, o Diabo mostrou a Jesus todos os continentes e to dos os reinos humanos. Ele não ofereceu a Jesus seu reino de tre vas, porque bem sabia que este Jesus não o aceitaria; também, se o aceitasse, o destronaria de seu poder (segundo ele pensava) e do poder de seus sequazes. Jesus rejeita sua oferta sombria e sabe que este poder de governar todos os reinos do mundo pertence a Ele por direito e por resgate e não ao Diabo que, de uma maneira ou de outra, tem procurado usurpar o direito e lugar que perten cem somente a Jesus e não mais a ninguém (Ap 11.15). II. Quais os Reinos do Mundo que Foram Oferecidos? — Quais os reinos do mundo que foram oferecidos a Cristo? Al guns pensam que, "os reinos do mundo", aqui nesta passagem, envolviam apenas aqueles que se encontravam dentro do territó rio palestino; outros, que isso se referia apenas ao Império Roma no; outros, porém, têm uma idéia mais abrangente, isto é, que estes "reinos do mundo" envolviam, de fato, todos os reinos da terra, dentro e fora dos limites da Palestina e do Império Roma no. Esta maneira de interpretação parece ser lógica e se coaduna com o argumento e a tese principal.
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O Diabo diz que estes reinos e suas glórias lhes foram entre gues. Aqui não diz que estes reinos eram dele, mas que tinham sido a ele entregues. João diz que "o mundo inteiro jaz no Malig no" (1 Jo 5.19, ARA). De um modo geral, o mundo não pertence ao Diabo; ele pertence a Deus. Deus é o Senhor de tudo que há no mundo (não estamos falando aqui do mundo tenebroso, mas do mundo cósmico). Satanás tem procurado usurpar este direito que pertence a Deus e a seu Filho Jesus Cristo. Com efeito, porém, chegará o dia em que, ouviremos um grande brado de vitória por parte dos anciãos e por extensão dos demais seres subordi nados à vontade divina, dizendo: "Graças te damos, Senhor, Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu grande poder e reinaste" (Ap 11.17). A expressão "passaste a reinar" é traduzida no tempo passado pela (ARC). O verbo, no grego, está de fato no passado, mas o grego tem o que nós cha mamos de um uso ingressivo do tempo aoristo (passado), que coloca a ênfase sobre o início da ação, quase sem dar atenção ao tempo da ação. Isto explica o sentido correto do argumento: "que és [reinas], e que eras [reinavas], e que hás de vir [para reinar]". Era, portanto, por demais justo, Jesus não aceitar tal oferecimen to do inimigo de Deus e dos homens. Os reinos não eram dele; apenas tinham sido entregues: pelo menos ele falou. Os reinos pertencem a Deus e, ao seu tempo, Ele fará o resgate de todos os reinos e as glórias que foram usurpadas por aqueles que não mereciam. "Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei..." (cf. Is 42.8-48.11). O cântico dos vinte e quatro anciãos, diante do trono, confirmam este justo direito que a Cristo pertence. Eles disseram: "Digno és, Senhor, de rece ber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas" (Ap 4.11). Jesus nasceu para reinar. Ele é "o Senhor dos senhores e o Rei dos reis". Ele reinará eternamente na casa de Jacó, no trono de Davi e no céu e na terra (cf. Lc 1.33; Ap 17.14).
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2. A Co nsum ação dos Séculos
Durante sua vida terrena, nosso Senhor e também os escrito res do Novo Testamento falaram sobre a consumação deste sécu lo presente e a introdução de um mundo vindouro. Usaram ex pressões variadas, por diversas vezes, para expressar o significa do do pensamento, tais como: • "O fim do mundo" (Mt 13.39); • "A consumação deste mundo" (Mt 13.40); • "A consumação dos séculos" (Mt 13.49); • "Os últimos tempos" (1 Tm 4.1); • "Os últimos dias" (2 Tm 3.1); • "O fim de todas as coisas" (1 Pe 4.7, etc.). Os discípulos também concebiam da mesma maneira em suas imaginações. Certa feita quando nosso Senhor encontrava-se as sentado no monte das Oliveiras, seus discípulos perguntaram a Jesus acerca do fim do mundo e da consumação deste século e desta ordem presente. Mateus descreve a resposta de Jesus nos seguintes termos: "E, quando Jesus ia saindo do templo, aproximaram-se dele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo. Jesus, porém, lhes disse: Não vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada. E, estando assentado no monte das Oliveiras, che garam-se a ele os seus discípulos, em particular, dizendo: Dizenos quando serão essas coisas e que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?" (Mt 24.1-3) A pergunta dos discípulos envol via três direções diferentes: 1 "... quando serão essas coisas";
2a "... e que sinal haverá da tua vinda"; 3fi "... e do fim do mundo?"
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Jesus, então, passa a responder às indagações dos discípulos assinalando cada acontecimento que se sucederiam tanto na vida do mundo como na vida de sua Igreja, da seguinte forma: • O primeiro sinal: seria o surgimento de falsos profetas que enganariam a muitos. "Acautelai-vos, que ninguém vos engane, porque muitos virão em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos" (vv. 4,5). • O segundo sinal: apresentaria apenas sintomas do princí pio do fim. Seriam as guerras e os rumores de guerras. "E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, por que é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Por quanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino..." (vv. 6,7). • O terceiro sinal: seria ocasionado pelas conseqüências das grandes guerras. "... fomes, e pestes" (v. 7). • O quarto sinal: seria marcado por terremotos. "E haverá... terremotos, em vários lugares" (v. 7). Com estes sinais, o Mestre fecha esta série, dizendo: "Mas todas essas coisas são o princípio de dores" (v. 8). • O quinto sinal: perseguição da Igreja. "Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odia dos de todas as gentes por causa do meu nome. Nesse tempo muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão" (vv. 9,10). • O sexto sinal: o surgimento novamente dos falsos profetas. "E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos" (v. 11). • O sétimo sinal: a multiplicação da iniqüidade. "E, por se multiplicar a iniqüidade, o amor de muitos se esfriará" (v. 12). •O oitavo sinal: a fidelidade de uma Igreja perseverante. "Mas aquele que perseverar até ao fim será salvo" (v. 13). • O nono sinal: a pregação em todas as nações. "E este evan gelho do Reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim" (v. 14).
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A tradição profética aguarda o tempo em que o mundo, con forme o conhecemos agora, chegará ao fim, com o início de um novo ciclo histórico. Mas o vulgo, tomando a expressão "fim do mundo" literalmente, sem entender o que está envolvido, pensa que o mundo terminará numa conflagração em que os homens nem mais terão onde habitar e que toda a vida terrena que co nhecemos acabar-se-á repentinamente. Em tudo isso vai muito de superstição. Nas ocorrências passadas do cometa Halley, na ções inteiras esperaram o fim do mundo e os boatos tornaram-se mais religiosos do que nunca. O fim do segundo milênio e a en trada do terceiro milênio, de acordo com um grande número de pessoas crédulas, seria, então, o fim da história da humanidade, como se fosse uma chama que se apaga. Sabemos pelas Escritu ras que isso não acontecerá desta forma. Pedro diz que a consu mação dos céus e da terra, pelo fogo, somente acontecerá depois do Milênio e do Juízo Final ou no momento em que este for insta lado (2 Pe 3.10; Ap 20.11). A tradição bíblica profética teve começo no Antigo Testamen to. E o esboço que é dado no livro de Daniel, quanto aos tempos do fim, é seguido por outros escritores sagrados. Essa tradição teve prosseguimento durante o período intertestamentário, nos livros chamados apócrifos. Assim, quando chegamos aos tem pos do Novo Testamento, um esboço escatológico geral já estava bem estabelecido. O Novo Testamento, por sua vez, acrescentou alguns detalhes, mormente no que tange ao Anticristo e à relação entre a Igreja cristã e esses acontecimentos que culminarão com a segunda vinda de Cristo. 3. A Idéia Geral do An tigo Testamento
Ia Acontecimentos miraculosos e catastróficos assinalarão o fim de nossa era (J1 2.30; Zc 14.4). 2a As nações serão julgadas e aquelas que tiverem persegui do ou posto obstáculos no caminho de Israel serão objetos espe ciais da ira (J1 3.9-12; Ob 15,16; Zc 14.12-15).
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3a Israel será plenamente restaurado como nação e haverá a renovação de todas as coisas, uma nova harmonia e prosperida de (Os 2.22; J1 3.18; Am 9.11-15). 4a Algum dia será estabelecida a paz, política e em outros sentidos (Is 2.3,4; Mq 4.3). 5a Algum dia, a natureza estará em paz (Is 65.23-25). Isso é importante porque, no presente, a própria natureza envolve uma ameaça mortal constante (terremotos, desastres naturais, enfer midades, morte física). 6a O poder de Deus generalizar-se-á neste mundo. Ele reina rá aqui (Dn 2.44). 7a Haverá a restauração ao estado de impecabilidade (Sf 3.11,13; Zc 14.20,21). 8fi Haverá a ressurreição para a imortalidade (Dn 12.2,3). O exame de todas essas passagens e seu engaste cronológico revela que esse esboço não veio à tona somente porque uma der rotada nação de Israel ficou esperando dias melhores, após os exílios sofridos. A profecia, em vez disso, resulta da confiança do homem na atuação de Deus na história e envolve uma previsão genuína e não apenas a expressão de belos desejos. 4. A Idéia Geral do Novo Testamento
Ia Além das coisas alistadas acima, acerca das quais o Novo Testamento tece comentários, temos a idéia de que o aparecimento do Cristo trouxe modificações e coisas novas. O seu sacrifício pessoal foi a concretização do simbolismo do sistema sacrificial do Antigo Testamento (Hb 9.26), eficaz para a solução definitiva do problema do pecado. 2a A pregação do evangelho, por assim dizer, já começou nos fins dos tempos, pois a expressão "os últimos dias" e seu equiva lente apontam para: • A descida do Espírito Santo em sua plenitude (J1 2.28; At 2.17ss);
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• Para a época do evangelho de Cristo (Mt 24.14; Hb 1.1); •E, de igual modo, para os últimos dias maus (1 Tm 4.1; 2 Tm 3.1; 2 Pe 3.3). Faz-se distinção entre os acontecimentos que introduzirão o Milênio dos acontecimentos que introduzirão a era eterna (Ap 20.1-7; 21.1ss). O Juízo Final diante do grande trono branco faz distinção como linha divisória entre um e outro. Isto é, entre o Milênio e o estado eterno. O primeiro será "antes" e o segundo, "depois". A volta de Cristo assinalará o fim do antigo sistema em que vivemos e a introdução de um novo sistema. Mas o retorno de Cristo envolve uma série de eventos, que culminará com o retorno dele. E, quando Jesus voltar para o arrebatamento dos salvos, terá início uma série de acontecimentos preditos que terminará com a destruição do céu e da terra que agora existem, após o Milênio. a. O surgimento do Anticristo. O Anticristo, que surgirá no cenário mundial depois do arrebatamento da Igreja, isto é, du rante o período sombrio da Grande Tribulação, será uma pode rosa força maligna a combater os santos, especialmente os con vertidos durante a Grande Tribulação (Ap 6.9-11). b. O fim do mundo atual. O fim de nosso velho ciclo ocorre rá através de eventos catastróficos naturais, paralelamente a even tos produzidos pelos homens, em seu desvario (cf. 2 Pe 3.7-10; Ap 21.1). c. O fim da presente dispensação. O fim da presente dispensação não encerrará todos os planos divinos. Ao contrário, o fim desta dispensação será o começo de uma nova era, onde a justiça divina terá lugar em todos os segmentos da sociedade (esta nova era aqui não tem coisa alguma a ver com a Nova Era ensinada por grupos alienados de Deus), da mesma maneira que a morte física, em certo sentido, é o término de uma existência terrena e o ressurgimento de uma nova vida espiritual, na outra dimensão
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da existência, ao lado de Cristo. Assim também sucederá na con sumação dos séculos. Haverá, portanto, uma mudança e trans formação em tudo — mas para melhor. Durante o seu governo, o Anticristo oferecerá à humanidade uma falsa esperança de que o mundo será um paraíso, mas isso nada mais é que parte de seu ardil. Porém, a esperança oferecida por Jesus Cristo aponta para um mundo melhor. De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), existem atualmente 193 países (incluindo: Vaticano, Taiwan e Timor Leste) e 52 territórios. Neles, se movimentam uma popu lação de mais de 7 bilhões de pessoas. A ONU estima entre 7,10 bilhões e 7,83 bilhões o número de habitantes do mundo em 2015. A infra-estrutura mundial tem capacidade apenas para um bi lhão. Cerca de 6 bilhões vivem sem as condições adequadas de vida. Estes números têm gerado uma falta de perspectiva e de sespero para a humanidade, e a esperança no futuro diminui cada vez mais. Aqui, portanto, surge a grande necessidade de Cristo para estas pessoas. Ele deve fazer parte de suas vidas. Porque em Cristo e por meio dEle nasce uma nova esperança na pessoa hu mana; não tão-somente para o futuro que nos espera, mas tam bém no que diz respeito à eternidade. Somente Ele, que é o Se nhor de todos, tem e oferece condições para todos. Ele disse: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei" (Mt 11.28). Jesus Cristo é a esperança neste século pre sente e daquele que há de vir. NEle e por Ele alcançaremos a pro visão de nossas necessidades, sejam elas materiais ou espirituais. O apóstolo Paulo diz que "... Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus" (Fp 4.19). E, em Efésios 3.20 e Romanos 8.32, ele acrescenta: "Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos... nos não dará também com ele [Cristo] todas as coisas?" A vida eterna consiste na aceitação de Cristo como Salvador. A partir daí, o pecador torna-se uma nova criatura e nasce em
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seu coração uma nova perspectiva de vida e uma nova esperança marcada pela confiança inabalável quanto à vida presente e futu ra. Não seria, no momento, o seu dilema neste mundo de tantas incertezas? Então é somente olhar para Cristo e Ele "te concederá o que deseja teu coração". "Entrega o teu caminho ao Senhor; confia nele, e ele tudo fará" (SI 37.5). 5. O Julgam ento das Naçõ es Vivas no Vale de Josafá
E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ove lhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e des tes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestis-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver me. Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com forme e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, pre parado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer, tive sede, e não me destes de beber; sendo es trangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e es tando enfermo e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo
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que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna (Mt 25.31-46). Muitos eruditos têm questionado onde se dará este julgamento, e se ele é um julgamento de caráter espiritual ou terreno. Visto esse julgamento seguir a segunda vinda de Cristo, deve ser concebido como um julgamento terreno e que se desenrola na terra. Em Joel 3.9-14, lemos sobre o princípio da formação da guerra do Armagedom e, por extensão, do julgamento das nações vivas que sobraram desta guerra no vale de Josafá. Assim diz o profeta do Senhor: "Proclamai isso entre as nações, santificai uma guerra; suscitai os valentes; cheguem-se, subam todos os homens de guerra. Forjai es padas das vossas enxadas e lanças das vossas foices; diga fraco: Eu sou forte. Ajuntai-vos, e vinde, todos os poderosos em redor, e congregai-vos (ó Senhor, faze descer ali os teus fortes!); movam-se as nações, e subam ao vale de Josafá; porque ali me assentarei, para julgar todas as nações em redor. Lançai a foice, porque já está madu ra a seara; vinde, descei, porque o lagar está cheio, os vasos dos lagares transbordam; porquanto a sua malícia é grande. Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o dia do Senhor está perto, no vale da Decisão". Joel afirma que esse julgamento mencionado nes tas passagens não se refere ao julgamento dos crentes perante o tri bunal de Cristo, quando nossas obras passarão por uma espécie de avaliação diante dos olhos santos do Senhor (Rm 14.10; 1 Co 3.1315; 2 Co 5.10) nem do juízo do grande trono branco quando cada indivíduo será julgado "... segundo as suas obras" (Ap 20.13). O julgamento que aqui está em foco dar-se-á no "vale de Josafá". Al guns eruditos acreditam que a expressão "Vale de Josafá" tenha sido tomada como sinônimo de "vale de Beraca" ou seja "vale da Bên ção" (2 Cr 20.26), em que o rei Josafá derrotou os moabitas e os amonitas, cuja vitória deu ao lugar um novo nome. Quando nosso Senhor sair vitorioso do Armagedom, tal juízo ou julgamento dar-se-á "diante do trono de sua glória" e trata-se
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das nações restantes que sobreviveram à grande guerra no vale de Armagedom. As nações que ali serão reunidas formarão duas alas distintas: as que foram favoráveis a Israel e aquelas que fo ram contra esta nação, especialmente associando-se ao Anticristo para aniquilar o povo de Deus. As palavras "n ações" que ocor rem 64 vezes e "gentios" 93 ligados a julgamento têm em si a idéia de nações gentílicas. Esse deve ser, então, um julgamento sobre os gentios vivos por ocasião da segunda vinda de Cristo. Quando Jesus voltar em glória para proclamar seu triunfo no Armagedom, Ele tocará com seus pés no monte das Oliveiras. O monte se fenderá em quatro partes. Onde antes era ocupado por massas terrestres, terá lugar um grande vale, ampliando as sim o atual vale de Cedrom que divide Jerusalém do monte das Oliveiras do lado oriental (Zc 14.4), que, sendo ampliado, tomará o nome de "Vale de Josafá", ou seja, "o vale da decisão do Se nhor", que oferecerá lugar suficiente para que estas nações se congreguem ali, quando receberão do Rei a decisão de irem para "o tormento eterno" ou para "a vida eterna". Apesar de tudo, há uma garantia por parte do Senhor para os seus quando advertiu e disse: "Então, os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça" (Mt 13.43). 6. O Milênio
O termo "milênio" tornou-se uma palavra coloquial, usado freqüentemente para desi gnar um futuro período de mil anos em que Cristo governará sobre a terra com poder e grande glória (Is 11; Ap 20.1-7). Este período que engloba o Milênio é chamado nas Escrituras de "plenitude dos tempos". Tal período é também chamado de "sétima e última dispensação da plenitude dos tem pos". Para esse período, convergem tempos, alianças e profecias das Escrituras que foram preditas pelos profetas, pelos apóstolos e pelo próprio Senhor. Este será o tempo da restauração de todas as coisas. Pedro falou disso na porta do templo chamada Formosa. Ele disse:
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"Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apaga dos os vossos pecados, e venham, assim, os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado, o qual convém que o céu contenha até aos tem pos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio" (At 3.19-21). Dois períodos de tempo são aqui mencionados: • Os tempos de refrigério; • Os tempos da restauração de tudo. I. O Primeiro Período — O primeiro período foi inaugurado no Dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu em sua plenitude selando a dispensação da graça em sua manifestação plena. O ministério do Espírito Santo, no seio da Igreja cristã, tem produzido diversas expressões de tais refrigérios ou perío dos. As almas, exaustas pela sequidão do pecado, da dor e do sofrimento são vivificadas pela brisa fresca da manhã que, em Cristo, tem soprado em sua Igreja. Os judeus se referiam às bên çãos de Deus como sendo um "refrigério para a alma". E até diziam: "É melhor uma hora de refrigério, no mundo vindouro, do que a vida inteira neste mundo". II. O Segundo Período — O segundo período se refere aos tempos da restauração de tudo e aponta para o retorno de Cristo à terra, quando todo o olho o verá sobre o céu azul da Palestina, para terminar com o sofrimento do povo judeu; julgar as nações vivas no vale de Josafá e, em seguida, estabelecer seu reino de glória aqui na terra, o Milênio. Os estudiosos da Bíblia vêem este período de restauração de tudo da seguinte forma:
•A restauração da terra, que começará com a redenção da terra de Israel. Isso faz parte do pacto palestino (Gn 12.2,3; Dt 30.1-9; Rm 11.26).
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• Significa também a restauração da teocracia davídica, sob o Filho de Davi, o Messias prometido por Deus aos pais, pelos profetas, e isso inclui o governo da era do reino, em que Israel será o cabeça das nações (cf. 2 Sm 7.8-17). • Parte da restauração consistirá na vinda do reino. Isso cum prirá as profecias feitas pelos profetas de ambos os pactos, bem como todas as exigências do pacto davídico; porém, isso também terá aplicação universal, porquanto envolverá todas as nações, pois as mesmas estão incluídas na expressão abrangente: "res tauração de tudo!" • São inúmeras as profecias messiânicas que falam deste as sunto (cf. Gn 1.26,27; SI 2.6-8; 68.18; 118.22; Is 9.6,7; 32.1-3; 42.1-4; Jr 23.5; Dn 2.44; Mq 5.2; Zc 6.12,13; 9.9,10; Ml 3.1). No Novo Tes tamento, encontramos também grande peso de predições que apontam também para este tempo do fim, quando o Messias governará no reino milenial (Mt 16.28; 19.28; Lc 22.30; 23.42; Jo 18.36,37; Ap 11.15; 17.14; 20.6). • A restauração em seu aspecto eterno. Nos escritos judaicos de natureza apocalíptica, essa palavra tem a idéia do estabeleci mento dos novos céus e da nova terra, sendo, portanto, algo muito mais vasto que o mesmo estabelecimento de um reino divino à face da terra. Essa idéia não está muito distante da idéia do "novo nascimento", em Mateus 19.28; Tito 3.5, onde o nascimento não é meramente de indivíduos, e, sim, envolve uma criação inteira mente nova, um novo universo, a regeneração de tudo (cf. 1 Pe 3.4-13). • O mais elevado aspecto dessa restauração é a salvação dos eleitos, que participarão da mesma forma de vida que Deus pos sui (Jo 5.25,26), de sua natureza (2 Pe 1.4), de sua plenitude, isto é, de seus atributos, alicerçados sobre sua natureza (Ef 3.19), e da natureza e imagem de Cristo (Cl 2.10). •A restauração incluirá os perdidos, porquanto todas as coisas terão de ser unificadas em redor de Cristo, que é a cabe ça (Ef 1.10). A missão de Cristo no Hades contribuiu para isso.
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Isto é ,"... por isto foi pregado o evangelho também aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens, na carne, mas vivessem segundo Deus, em espírito" (cf. 1 Pe 3.18-20; 4.6). •As palavras de Pedro aos judeus, que foram rejeitados por haverem repelido ao Messias, mostram, contudo, uma esperança para este povo. O que é confirmado em Romanos nos capítulos 9 a 11, especialmente os versículos 26 e 27 do capítulo 11. III. Termos Relacionados à Libertação e Restauração de Tudo
• A segundo vinda de Cristo está relacionada com tal aconte cimento (Ap 19.11ss); •O arrebatamento da Igreja antes da Grande Tribulação (1 Co 15.51-54); • O estabelecimento do Milênio propriamente dito (Ap 20.6); • O estado eterno, que concluirá todo o mistério da vontade de Deus, segundo o seu beneplácito (cf. Ef 1.10). A restauração de todas as coisas, portanto, é esperada e aguar dada com grande expectativa, tanto pela Igreja como também pela criação inteira (cf. Rm 8.19-23). O apóstolo Paulo falou e escreveu sobre este período em termos de grande expectativa. Ele disse: "Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu be neplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Ef 1.9,10). A "dispensação da plenitude dos tempos" aponta para o futuro governo sobre a terra, exercida pelo Filho de Deus, "o Príncipe da Paz", durante mil anos. De acordo com as Escrituras, a cidade de Jerusalém, a antiga Salém (cidade de paz) de Melquisedeque e Jebus (a fortaleza fortificada dos jebuseus), será o centro de adoração para todos os povos e a capital religiosa do mundo (Jr 3.17; Zc 14.16). Deste modo, o reino do Messias, prometido aos pais e esperado pelos filhos de Israel, será universal.
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IV. Pontos de Vista em Relação ao Milênio — Existem vários pontos de vista acerca do Milênio. Destes, pelo menos sete são discutidos entre os comentaristas com maior intensidade. Champlin alista alguns deles: a. Ponto de vista judaico. De acordo com este ponto de vista, o Milênio aplica-se apenas a Israel, quando a nação inteira passa rá por uma espécie de renovação e restauração total. Assim a res tauração de Israel trará também o governo desta nação sobre o mundo, a adoração do templo que será construído durante o pe ríodo milenial (cf. Ez 40-48), os sacrifícios do templo descritos no Antigo Pacto voltarão a serem oferecidos pelos sacerdotes levíticos, como rememoração e lembrança do sacrifício de Cristo. Os milenistas pós-tribulação aceitam que este ponto de vista terá seu cumprimento em parte, pois, sem dtivida alguma, durante o Milênio, Israel passará, de fato, por uma espécie de restauração para que a nação inteira possa reconhecer e buscar o senhorio de Cristo. b. Ponto de vista eclesiástico. Esta interpretação diz que a Igreja de Cristo, vitoriosa, atingirá, de uma maneira ou de outra, todos os segmentos da política e da sociedade e, assim, obterá domínio sobre o mundo inteiro, e, mesmo sem o retorno de Cristo, em sua Parousia, para julgar as nações no vale de Josafá e estabele cer o seu reino de glória aqui na terra. Assim, o reino que fora trazido por Jesus, o qual tinha sido anunciado por João Batista e pelo próprio Jesus, não sofrera nenhuma alteração, mas tinha con tinuado na Igreja e através dela no decorrer dos séculos. c. Ponto de vista escatológico. Este ponto de vista de inter pretação identifica o Milênio com o "estado intermediário" dos crentes, sendo compreendido como aquele período de tempo entre a morte e o estabelecimento do estado eterno. Este ponto de vista foge por completo a todas as regras do procedimento tanto em tese como na prática do ensino das Escrituras e do argumento principal.
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d. Ponto de vista evangélico. Este ponto de vista, algumas vezes, apoia-se nas palavras de Jesus, em Lucas 17.20,21: "E, in terrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Ei-lo ali! Porque eis que o Reino de Deus está entre vós". Esta corrente de pensa mento de alguns comentaristas invoca traduções das Escrituras como a Versão Revista e Atualizada que, em vez de dizer "entre vós", diz "dentro de vós". Nesse caso, o Milênio é apenas "um triunfo espiritual no íntimo", o que também é a opinião de al guns acerca do reino, segundo os quais não haverá qualquer rei no literal, qualquer estrutura política ou social aqui na terra como sendo o Milênio de Cristo. e. Ponto de vista amilenista. Este ponto de vista opõe-se a qualquer interpretação que defenda um reino terrestre com tal significação. Para eles, essa idéia repousa sobre um conceito sim bólico de Apocalipse 20.4-7. O termo "amilenista" significa que não haverá milênio, nem reino terrestre, e nenhuma era áurea de restauração e transformação dos segmentos da antiga ordem so cial e política. Nesse caso, os mil anos, mencionados em Apoca lipse 20.2,4,5,6,7, seriam apenas simbólicos de alguma outra coi sa, menos de qualquer período especial com tal significação. f. Ponto de vista pósmilenista. Essa é a posição que diz que a vinda de Cristo não antecederá, mas, antes, seguir-se-á ao milê nio, o qual, por sua vez, é definido como uma espécie de conver são da humanidade, por meio de esforços da igreja. Agostinho, em sua obra A Cidade de Deus, parece ter sido o progenitor dessa idéia. Supunha ele, a Igreja não somente converteria ao mundo, mas também o governaria de modo bem real, produzindo uma era áurea espiritual. A vinda de Cristo ocorreria em resposta a isso, não sendo a Paronsia o agente da introdução do Milênio. Segundo esse ponto de vista, a "primeira ressurreição" consiste da participação na ressurreição de Cristo, "espiritualmente fa lando", nada tendo a ver com a ressurreição do corpo. O pós-
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milenismo tende a ir morrendo nos tempos modernos, conforme o mundo vai piorando e a Igreja, mesmo contrária a vontade de Deus, vai-se corrompendo e debilitando em alguns de seus segmentos. Contra tal posição pode-se dizer que as Escrituras nunca prome tem essa forma de triunfo à igreja, no nível terreno, sem alguma intervenção divina direta, tal como é a Parousia ou segundo ad vento de Cristo. O processo histórico não tem produzido qualquer período áureo, nem há grandes possibilidades disso, diante da ameaça das guerras atômicas e de outros métodos de destruição. g. Ponto de vista prémilenista. Essa posição pode ser di dida entre a posição comum dos pré-milenistas e daqueles que tendem para o pensamento "quiliástico". Este último enfatiza a nação de Israel, em sua restauração em todos os aspectos, com seu reino davídico, seus ritos, cerimônias, sacrifícios no templo de Jerusalém etc.1 Papias, discípulo e presbítero do apóstolo João, era milenista convicto. Ele aceitava que o milênio de Cristo era, de fato, um reino estabelecido aqui neste mundo, em uma data futura que seria estabelecida por Deus, mas dentro de uma cronologia já previamente determinada (cf. At 1.6,7). Justino Mártir, que viveu em Éfeso cerca de 135 d.C., também cria que o milênio seria um reino literal que teria à testa de seu governo nosso Senhor Jesus Cristo. Ele escreveu sobre o Apocalipse de João, dizendo: "E, além disso, um homem que viveu entre nós, de nome João, um dos apóstolos de Cristo, profetizou em uma revelação que lhe foi fei ta. Que aqueles que confiassem em Cristo passariam mil anos em Jerusalém, e que depois a ressurreição universal e eterna de to dos ao mesmo tempo terá lugar, como também o Juízo Final". De conformidade com os pré-milenistas, certos acontecimen tos antecederão ao milênio. Alguns deles se apegam à idéia do retorno iminente de Cristo para vir arrebatar a Igreja. Aqueles que crêem no arrebatamento iminente são chamados "pré-tribulacionistas" e também de "pré-milenistas".
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Este conceito, é, sem dúvida, o mais aceito pelos cristãos em geral, pois isso aponta para uma cronologia dos acontecimentos proféticos, preestabelecida nas Escrituras, que segue em direção ao Milênio, a saber: • A atual dispensação da graça; • O arrebatamento da Igreja; • A Grande Tribulação; •O aparecimento do Anticristo; •O retorno de Cristo à terra com poder e grande glória; •A destruição do Anticristo e de suas hostes; •O julgamento das nações vivas no vale de Josafá; • O estabelecimento do Milênio. Este retorno de Cristo para terminar com a Grande Tribula ção, realizar o julgamento das nações vivas no vale de Josafá e, após esta seleção dos povos, dar prosseguimento ao estabeleci mento do reino milenar, será visível, isto é, "todo o olho o verá". Jesus será visto fisicamente descendo sobre o céu, quando forças confederadas do Anticristo tiverem conquistado a Terra Santa, ameaçando aniquilar o povo judeu. Os estudiosos da Bíblia que aceitam estas predições e estes ensinamentos das Escrituras são chamados de "milenistas", quer dizer, esta corrente aceita um reino visível, futurístico e literal, ainda que espiritual, visto que Deus e Cristo estarão à frente deste governo. Cremos, e as Escri turas também apoiam que isso será de fato assim. Após o arreba tamento da Igreja é que virá a Grande Tribulação. A Igreja não passará por este período de dor e sofrimento. Pelo menos isto está assegurado em vários elementos doutrinários das Escrituras (1 Ts 1.10; Ap 3.10). Atualmente, tanto a Igreja como os comentaristas de grande credibilidade concordam com um reino futuro durante mil anos. Apenas uma pequena fração deste imenso universo cristão está dividida quanto à questão: há os amilenistas (que não crêem no
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Milênio), os pré-milenistas (que dizem que o evangelho lenta mente fará surgir as condições preditas no milênio, e que Jesus voltará no fim desse período, que não teria de ser rigidamente de mil anos). Podemos acrescentar a isso que, no tocante à Grande Tribulação, o mundo evangélico também está dividido em alguns pontos de vista: a. Os prétribulacionistas. Afirmam que Jesus virá arrebatar sua Igreja antes da eclosão da tribulação; b. Os meiotribulacionistas. Insistem que Jesus virá buscar sua Igreja em meio à Grande Tribulação; c. Os póstribulacionistas. Ensinam que Jesus só virá buscar sua Igreja após o fim da Grande Tribulação.
Um reinado literal do Messias era uma expectação rabínica. Jubileus e a tradição judaica posterior falam de uma duração de mil anos. O livro apócrifo de I Enoque fala de 400 anos; outros apocalipses judaicos têm períodos de duração mais curta. O Apo calipse de João antecipa por seis vezes uma era áurea de mil anos (20.2,3,4,5,6,7). Sua duração exata não é importante, mas, prova velmente, os mil anos refletem a verdade, porque Israel, depois de um tempo de terrível julgamento e sofrimento em todo o mun do, será o protetor da nova civilização que será estabelecida na terra, o mesmo poder religioso que Roma representou durante a Idade Média. Características do Milênio — Algumas das características V. apresentadas em relação a este período de glória apontam dire tamente para uma restauração total das coisas e a implantação do sistema de adoração verdadeira para todas as nações que so breviveram ao período sombrio da Grande Tribulação. Elas são preservação da total destruição da terra, o que suce deria em face da tribulação, a qual é descrita nos capítulos 6 a 19 do Apocalipse. Ali, também, é descrita a grande necessidade de
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que este reino seja estabelecido aqui neste mundo. Isso fora des crito pelos 24 anciãos que estão assentados em seus tronos diante do trono de Deus. Eles "... prostraram-se sobre seu rosto e adora ram a Deus, dizendo: Graças te damos, Senhor Deus Todo-poderoso, que és, e que eras, e que hás de vir, que tomaste o teu gran de poder e reinaste. E iraram-se as nações, e veio a tua ira, e o tempo dos mortos, para que sejam julgados, e o tempo de dares o galardão aos profetas, teus servos, e aos santos, e aos que temem o teu nome, a pequenos e a grandes, e o tempo de destruíres os que destroem a terra" (Ap 11.16-18). Nestes versículos, que te mos neste capítulo, encontramos dez seções significativas, a sa ber: o l
. tomaste 0 teu grande poder, e reinaste"; 2 o . iraram-se as nações"; 3 .. e veio a tua ira"; 4-"... e 0 tempo dos mortos"; 55".. . para que sejam julgados"; 6 ". .. e 0 tempo de dares 0 galardão aos profetas, teus servos"; rjo " .. e aos santos"; 0 O 0 I .. e aos que temem 0 teu nome"; 90" . a pequenos e a grandes"; 0 1 ... e 0 tempo de destruíres os que destroem a terra". O A primeira medida de Deus em relação a Satanás, durante o milênio, é sua prisão (Ap 20.1-6), o que, sem dúvida, trará à terra e seus habitantes uma espécie de descanso, para que haja uma nova ordem na face da terra; depois ele será solto e banido para sempre! Esta última seção termina focalizando a destruição daqueles "... que destroem a terra". O poder de Deus fará descer sua "ira", primeiramente contra os homens físicos, então, quanto ao julga mento de suas almas. Mas também ela descerá contra aqueles
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"... que destroem a terra", isto é, Satanás e seus anjos estão aqui em foco. Eles têm procurado destruir todos os primórdios da cri ação de Deus, porém, aqui, eles serão submetidos a uma puni ção irreversível, que é o lago de fogo, a segunda morte (Mt 25.41; Ap 20.10). VI. Será a Dispensação da Plenitude dos Tempos — A dispensação da plenitude dos tempos aponta para um período em que as bênçãos de Deus serão derramadas em plenitudes, quer dizer, em riqueza e totalidade.
• A revelação universal de Jesus Cristo (cf. Ap 19.1ss; Dn 7.13,14): Cristo reinará! Foi esta a grande declaração do Filho de Deus quando Pilatos perguntou-lhe se Ele era rei. Jesus disse: "Tu dizes que eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo..." (Jo 18.37). A nação de Israel converter-se-á a Ele. To das as nações prestar-lhe-ão lealdade. • O novo paraíso ou era áurea. Toda a vida, em seus aspectos científico, social e espiritual, fará progressos impressionantes. O mal será removido da face da terra, pelo menos em sua forma de agressividade (Is 11.9). A duração da vida dos homens será fantasticamente aumentada. • Será um período de teste, mas nem todos os homens sairse-ão dele triunfantes, porque, infelizmente, uma grande parte da humanidade passará a seguir Satanás, logo após sua soltura e se revoltarão contra Deus (Ap 20.7-9). Entretanto, os remidos por Cristo durante este período estão excluídos da derrota, natural mente, os sobreviventes da era milenial, que, sem dúvida, alcan çarão o limiar do grande trono branco e do estado eterno. • Será um período de preparação para o estado eterno, uma transição do mundo antigo para o novo mundo, da antiga cria ção para a novo (comparar com Ap 21,22). • A terra inteira será renovada (cf. Is 11.6-9). Apaz governará com a santidade (Is 2.3,4).
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•A raça humana será renovada. Uma humanidade muito mais espiritualizada terá lugar, em vez dos guerreiros tribais de hoje (Is 65.20). Haverá morte, mas se tornará muito rara. •Todos os seres humanos conhecerão a Deus. Haverá pro gresso espiritual, ainda que não perfeição total. Essa será a prin cipal característica do Milênio (Is 11.9). • Israel será restaurado e renovado e se tomará cabeça das nações (Is 12.6; 11.12,13; 14.1,3). VII. Propósitos do Milênio — O Milênio, como plenitude dos tempos, engloba vários propósitos:
•Evitar a destruição total do globo terrestre e sua popula ção; • Estabelecer o Reino de Cristo sobre a terra, seu conheci mento e, assim, o pleno conhecimento de Deus entre todos os povos; • Quebrar o poder do mal e de Satanás; • Prover um teste final para a humanidade; • Levar Israel ao seu lugar legítimo e profetizado, para que seja uma bênção para todas as nações (Zc 14.16). O sentido da oração do Pai Nosso, ensinada por Jesus, é este: um profundo anseio para que "Venha o teu reino! Seja feita a tua vontade, as sim na terra como no céu" (Mt 6.10). E o ladrão, quando estava morrendo ao lado de Jesus, também orou dizendo: "Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu Reino" (Lc 23.42). VIII. Um Período de Repouso — O escritor da Epístola aos Hebreus fala de um "repouso sabático" nos capítulos 3.11,18; 4.1,3-5, 8-11. Este "repouso", ou "descanso" ou "bem-estar espiritual", é uma das maneiras de descrever a "salvação eterna" e tudo aqui lo que ela representa para os salvos. Gênesis 2.2, geralmente, é incluído nas con siderações referentes ao repouso de Deus. O próprio Deus descansou, após os seus labores, e "restaurou-se"
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(Êx 31.17). Nosso descanso começa quando aceitamos a Jesus como nosso Salvador; nesse caso se refere a um descanso espiri tual, tendo participação direta no descanso de Deus. "Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso, tal como disse: Assim jurei na minha ira que não entrarão no meu repouso; embora as suas obras estivessem acabadas desde a fundação do mundo" (Hb 4.3). Portanto, está em foco algo espiritual, vinculado ao mundo espiritual, e não meramente à possessão de territórios terrenos, quando analisado do ponto de vista humano geográfi co, como se fosse aquele repouso apenas dado por Josué aos hebreus na terra de Canaã. Este repouso de Deus foi oferecido ao povo escolhido, mas eles não entraram nele devido à sua incre dulidade (Hb 3.19). Tal descanso também nos foi proclamado. E podemos falhar (não devemos) como aqueles falharam, e devido à mesma razão. IX. Seria então o "Sétimo D ia" — Muitos comentadores têm interpretado o Milênio do ponto de vista cronológico, tomando os números de dias da criação em sentidos inteiramente simbóli cos. Assim, os quatro dias primeiros empregados na criação seriam tomados para representar o quarto milênio a.C. Deus criara o sol no quarto dia; o sol é figura de Cristo, que é o "sol da justiça" (Ml 4.2). Cristo, então, nasceu no ano 4004 a.C. Baseado, então, na passagem de Eclesiastes 6.3-6, que diz: "Se o homem gerar cem filhos e viver muitos anos, e os dias dos seus anos forem muitos, e se a sua alma se não fartar do bem, e além disso não tiver um enterro, digo que um aborto é melhor do que ele; porquanto de balde veio e em trevas se vai, e de trevas se cobre o seu nome. E, ainda que nunca viu o sol, nem o conheceu, mais descanso tem do que o tal. E certamente, ainda que vivesse duas vezes mil anos, mas não gozasse o bem, não vão todos para um mesmo lugar?" De acordo com este conceito de cronologia figurativa para o Mi lênio, os "dois mil anos" aqui citados seriam, então, tomados para representarem "os dois mil anos" da dispensação da graça.
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Estes, somados aos quatro mil que marcaram o nascimento de Cristo, somariam "seis mil anos", concluindo, assim, a semana de trabalho de Deus e de Cristo na criação e na redenção. Na Parábola do Bom Samaritano, os "dois dinheiros", que foram dados ao hospedeiro, têm sido interpretados também com este sentido. Um denário compreende um salário de um dia; as sim, dois denários corresponderiam ao pagamento de dois dias de trabalho (Lc 10.35), quando comparado ã significação que o apóstolo Pedro dá para um dia comum e para um dia de Deus, dizendo: "M as, amados, não ignoreis uma coisa: que um dia para 0 Senhor é como mil anos, e mil anos, como um dia" (2 Pe 3.8). Nessa forma de interpretação, o Milênio, nesse caso, seria "o séti mo dia", quando Deus nele descansou. No sétimo dia da criação, diz que Deus nele descansou e restaurou-se (Gn 2.1,2; Ex 20.8-11; 31.17). O Milênio seria, então, "o sétimo dia", exatamente "os tem pos da restauração de tudo"; nesse caso, seria, de fato, um tempo de repouso (At 3.31). Esta interpretação em ralação ao Milênio torna-se bastante lógica; com efeito, porém, não podemos, nem devemos, fixar nossa atenção em certos "... tempos ou estações". Alguns têm feito isso; mas falharam e cremos que continuarão falhando. Os tempos, as datas e as estações são todos da inteira exclusividade de Deus (cf. At 1.7). Para o salvo em Cristo, este repouso já teve início. Podemos entrar agora no descanso, de maneira preliminar; o futuro dar-nos-á sua plena concretização. 1 CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo. Vol. 6, p. 634.
Capítulo 10
A UNIÃO EUROPÉIA
1. O Princípio do Cumprimento de uma Grande Profecia
Desde que surgiu a União Européia até o presente momento, os estudiosos da Bíblia perguntam se ela terá participação direta nos acontecimentos escatológicos. Uma boa parte dos comenta ristas renomados acha que sim. Eles sugerem que um líder religi oso de projeção mundial deva surgir no continente asiático, ci tando como exemplo Moisés, Jesus, Buda, Maomé, Confúcio e outros menos conhecidos. Um líder político, com tamanha proje ção, da mesma forma, deverá nascer dentro dos limites do conti nente europeu. Assim o Anticristo, de acordo com essa interpre tação, somente poderá nascer na Europa — ainda que estenda suas pretensões religiosas ao continente asiático — especialmen te em Jerusalém. Devemos ter em mente que grandes movimen tos políticos ou religiosos de oposição a outros sistemas conven cionais têm se levantado exatamente dentro das dimensões do velho continente europeu que, historicamente, sempre serviu de base para a expansão de grandes impérios. Assim cremos, e as evidências apontam, que as bases principais do Anticristo terão
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suas origens também ali. O Anticristo, o homem do pecado, utilizar-se-á de todas as estratégias e alternativas possíveis, e certa mente se aproveitará das linhas demarcatórias da terra. Isto sig nifica que ele usará a linha do Equador — os paralelos — e os meridianos como pontos de referências do seu governo sombrio. Ele se servirá tanto da astronomia como da astrologia, visto ser um homem entendido em adivinhações e um mágico, o que o fortalecerá ainda mais. O poder não será dele próprio; ele o re ceberá do dragão no início de seu reino (Dn 8.23,24; Ap 13.2). Depois, o transferirá para o seu consorte: o falso profeta. Este, atuado por Satanás, "... faz grandes sinais, de maneira que até fogo faz descer do céu à terra, à vista dos homens" (Ap 13.13). Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda (Países Baixos), Irlanda, Itália, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido e Suécia são alguns países membros da União Européia. Não devemos nos espantar se, num futuro próximo, o Irã (antigo Império Pérsa) e o Iraque (antigo Império Babilónico) passarem a fazer parte economicamente da União Européia. Fala-se também na aproximação da Federação Russa, em razão de sua capital, Moscou, fazer parte do leste da Europa. As possibilidades políticas para uma aproximação des tes países com a União Européia são um tanto remotas, mas eco nomicamente, isso já acontece na atualidade. Em reuniões reali zadas em março e abril de 2003, o Parlamento Europeu deu o seu parecer, acenando positivamente à adesão na União Européia de Chipre, República Tcheca, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta e Polônia — o que mais recen temente, no ano de 2004, foi concretizado. O agrupamento destas nações, formando um só bloco político e econômico, começou sem muito alarde. Atualmente, porém, vem crescendo de uma forma vertiginosa, como algo que aponta para o tempo do fim. Para alguns estudiosos das Escrituras, o bloco formado atu almente pelos 25 países da Comunidade Econômica Européia é o princípio de formação da grande profecia que mostra os "dez
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reis escatológicos" descritos por Daniel 2 e 7. Em 1957, Itália, Fran ça, República Federal da Alemanha e os países do Benelux (Bél gica, Holanda e Luxemburgo) assinaram o Tratado de Roma, for mando o Mercado Comum Europeu (MCE) ou a Comunidade Econômica Européia (CEE). O profeta Daniel presenciou uma grande potência se levantando nos fins dos tempos nas margens do mar Grande (mar Mediterrâneo), que fazia oposição a Deus e ao seu Ungido. Ele descreve este acontecimento assim: "No pri meiro ano de Belsazar, rei de Babilônia, teve Daniel, na sua cama, um sonho e visões da sua cabeça; escreveu logo o sonho e relatou a suma das coisas. Falou Daniel e disse: Eu estava olhando, na minha visão da noite, e eis que os quatro ventos do céu combatiam no mar grande. E quatro animais grandes, diferentes uns dos outros, subiam do mar. O primeiro era como leão e tinha asas de águia; eu olhei até que lhe foram arrancadas as asas, e foi levan tado da terra e posto em pé como um homem; e foi-lhe dado um coração de homem. Continuei olhando, e eis aqui o segundo ani mal, semelhante a um urso, o qual se levantou de um lado, tendo na boca três costelas entre os seus dentes; e foi-lhe dito assim: Levanta-te, devora muita carne. Depois disso, eu continuei olhan do, e eis aqui outro, semelhante a um leopardo, e tinha quatro asas de ave nas suas costas; tinha também esse animal quatro cabeças, e foi-lhe dado domínio. Depois disso, eu continuava olhando nas visões da noite, e eis aqui o quarto animal, terrível e espantoso e muito forte, o qual tinha dentes grandes de ferro; ele devorava, e fazia em pedaços, e pisava aos pés o que sobejava; era diferente de todos os animais que apareceram antes dele e tinha dez pontas. Estando eu considerando as pontas, eis que entre elas subiu outra ponta pequena, diante da qual três das pontas primeiras foram arrancadas; e eis que nessa ponta havia olhos, como olhos de homem, e uma boca que falava grandiosamente" (Dn 7.1-8). Qualquer estudioso das profecias de Daniel sabe que estes quatro animais apontavam para quatro potências mundiais que
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se levantariam com grande poder. Embora todos não se levan tassem nas margens do Mediterrâneo, contudo tinham ali sua consolidação, incorporados no Império Romano. São eles: •Império Babilónico; •Império Medo-persa; •Império Greco-macedônio; •Império Romano. Os três primeiros levantar-se-iam e cairiam como potências; contudo, o quarto império — o romano (representado pela fera terrível) — seria destruído, mas depois se levantaria no fim dos tempos. Porém, devemos observar que a "ponta pequena" que se levantou "entre elas" (quer dizer: do meio das dez) é que se tornará notória. O profeta de Deus teve grande desejo de conhe cer o significado de tudo aquilo, mas especialmente sobre o quarto animal terrível, que era diferente de todos os outros. Também daquelas "... dez pontas... e da outra que subia, que tinha olhos, e uma boca que falava grandiosamente". Mais adiante o profeta descreve que o aspecto daquela ponta pequena era mais firme do que o das demais. Historicamente, esta "ponta pequena" apon tava para Antíoco Epifânio, monarca selêucida. Profeticamente, porém, ela aponta para o Anticristo no tempo sombrio da Gran de Tribulação. Alguns comentaristas opinam que o Anticristo surgirá de "um país novo", emergido dentro dos limites do velho continente eu ropeu. Outros opinam que o fato de o Anticristo ser representa do pela "ponta pequena" aponta para um país geograficamente pequeno, dentro dos limites do velho continente, às margens do Mediterrâneo, como, por exemplo, o Vaticano (com 0,44 Km2); San Marino (com 60,5 Km2); Mônaco (com 1,95 Km2); Luxemburgo (com 2.586,4 Km2), entre outros. A famosa Comunidade Econô mica Européia (CEE), que passa formalmente a se chamar União Européia (UE) em 1993, quando o Tratado de Maastriccht entra
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em vigor, tem sido apontada como princípio de formação desta grande profecia, e que servirá de base futura para o governo dos 10 reis confederados da visão do profeta de Deus. Todos sabem que, após a Segunda Guerra Mundial (1939—1945), a Europa dei xou de ser o principal pólo econômico do mundo como o era antes. Começaram, então, a surgir outras potências econômicas no cenário mundial. Os Estados Unidos da América consolidam-se como grande potência com o Tratado do Atlântico Norte (OTAN), aliança mili tar formada pelos países ocidentais, em 1949, com o objetivo de prover uma segurança comum aos países membros no confronto com as nações do bloco socialista, que, neste tempo, representa va uma ameaça para a Europa e para o resto do mundo. Assim, posteriormente, como sabemos, giram, dentro dos limites do an tigo Império Romano, como poderosas forças do século: • Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN); • Mercado Comum Europeu (MCE) ou a Comunidade Eco nômica Européia (CEE), que atualmente se chama União Euro péia (UE). Assinado em dezembro de 1991, em Maastricht (Holanda), este tratado é dividido em dois termos — o da união política e o da união monetária econômica. Juntos formam o Tratado da União Européia, mais conhecido como Tratado de Maastricht. Entrou em vigor em novembro de 1999 com um mercado interno único e um sistema financeiro e bancário comum com moeda própria — o euro (que entrou em circulação no mesmo ano em alguns paí ses do bloco). Segundo alguns analistas, a criação do euro visa ao fortalecimento de um mundo economicamente poderoso em face ao dólar. Também fica garantida a cidadania única aos habitan tes dos países do bloco. O acordo lança ainda as bases de uma política externa e de defesa européias. Na questão social, ficam definidos quatro direitos básicos dos cidadãos da UE: livre-cir-
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culação, assistência previdenciária, igualdade entre homens e mulheres e melhores condições de trabalho. Além disso, serão unificadas as leis trabalhistas, criminais, de imigração e as políti cas externas dos países membros. Pelo Acordo de Schengen, tam bém está previsto o final dos controles de fronteira entre os seus signatários. A adesão de outras nações, antes distantes ideologicamente desta comunidade, pode fazê-la cada vez mais forte. E ainda mais, todas elas, sob da orientação de um só líder, escolhido pela UE, parece preparar o cenário e abrir o caminho para o "führer" do futuro. Cremos que, com o passar do tempo, estas siglas irão mu dando e outros nomes irão também surgindo no cenário da his tória do continente europeu. Quando o Anticristo se levantar, transformará esta união de nações em 10 potências notáveis, que servirão de bases para o seu governo sombrio. Devemos ter em mente que o Anticristo exercerá seu poder e domínio no mundo político, religioso e comercial (cf. Ap 13.1-18). E não é de admirar que as bases para tais acontecimentos futuros continuarão as mes mas, apenas com algumas modificações. O que está vaticinado cumprir-se-á fielmente, pois o maior intérprete das profecias é o tempo e não òs teólogos. Contudo, uma boa parte dos comenta dores opina que a União Européia (UE), ou uma outra sigla ou nome que venha representar o poder político-econômico da Eu ropa, estará envolvida com estes acontecimentos futuros. A ex pansão do Império Romano do passado foi sem dúvida de alcan ce muito vasto. A partir de 510 a.C., Roma dedica-se à conquista de toda a Península Itálica. Em 264 a.C., volta-se contra Catargo, iniciando as Guerras Púnicas. De 200 a.C. até o fim do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., atravessa seis séculos de con tínua expansão territorial, formando um reino ainda mais vasto que o de Alexandre, o Grande. Os romanos conquistam a Macedônia e a Grécia, a Ásia Menor, o Egito, a Cirenaica (atual Líbia), a Península Ibérica, a Gália (França), a Germânia (Alema nha), a Ilíria (Albânia), a Trácia, a Síria e a Palestina. E ainda trans
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formam a Mauritânia, a Capadócia, a Armênia, os Partos e o Bósforo em reinos vassalos. Depois disso, no passado, e até mes mo em nossos dias, todos os acontecimentos de alcance mundial começaram no velho continente europeu, como por exemplo: 2. As Cruzadas
Expedições militares organizadas pelos cristãos europeus, as cruzadas foram um movimento tanto político como religioso e tiveram seu ponto de partida no continente europeu. Desde o final do século XI, para combater os muçulmanos e cristianizar territórios da Ásia Menor e Palestina, ocupados por tribos turcas, as cruzadas empenharam grandes esforços em suas conquistas a atingirem seus objetivos. Estas expedições também têm motiva ções não-religiosas, como a abertura das rotas terrestres de co mércio com o Oriente, a conquista de novos territórios, a forma ção de alianças para derrotar concorrentes feudais e decidir dis putas dinásticas. As oito cruzadas oficiais ocorreram entre 1095 e 1270. Foram formadas por cavaleiros e comandadas por nobres, príncipes ou reis. A primeira, convocada pelo papa Urbano II, teve como objetivo tomar do controle muçulmano o santo sepul cro — local onde Jesus Cristo teria sido enterrado — em Jerusa lém. A campanha terminou com a vitória dos cruzados. Os com bates para expulsar os muçulmanos da Península Ibérica e a luta dos cavaleiros alemães em marcha para o leste também recebe ram o statns de cruzada. Alguns historiadores acreditam que as cruzadas contribuíram para despertar nos europeus a consciên cia de uma unidade cultural, o que evoluiu para a formação dos Estados nacionais a partir do século XIII. í. Primeira Cruzada (1095—1099) — No Concílio de Clermont, o papa convocou os fiéis para a guerra santa contra o Islã. Os cavaleiros da nobreza tomaram a cruz branca como símbolo e partiram em 1096. Sitiaram Nicéia, tomaram Doriléia,
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Antioquia e Jerusalém. Fundaram vários Estados no Oriente Médio, organizados segundo o sistema feudal, como o Reino de Je rusalém, Principado de Antioquia e condados de Edessa e Trípoli. II. Segunda Cruzada (1147—1149) — Preconizada por São Bernardo diante da reconquista de Edessa pelos árabes, fracas sou'após o rompimento entre seus chefes, Conrado III da Alema nha e Luís VII da França. III. Terceira Cruzada (1189—1192) — Cruzada dos reis Ricardo Coração de Leão (Inglaterra), Filipe Augusto (França) e Frederico Barba-Ruiva (Sacro Império), foi organizada depois que o sultão Saladino retomou Jerusalém. Frederico expulsou os mu çulmanos, mas morreu afogado a seguir; seu filho o substituiu e morreu no cerco de São João d'Acre, tomada por Ricardo e Filipe. Ricardo assinou a paz com Saladino, que autorizou os cristãos a peregrinar em Jerusalém.
IV. Quarta Cruzada (1202—1204) — Convocada contra o Egi to e organizada por Henrique VI da Alemanha, esta cruzada ma rítima foi financiada pelos venezianos, com interesses comerci ais. Eles exigiram a tomada de Zara, importante porto do mar Adriático, para suas atividades. As atrocidades praticadas em Zara levaram Inocêncio III a excomungar os venezianos. O prín cipe bizantino Aleixo, marginalizado do trono, fez uma propos ta: os cruzados o ajudariam a tomar o poder e receberiam uma soma para o transporte até o Egito. Os cruzados cumpriram sua parte, mas Aleixo não, e foi destronado. Os cruzados, chefiados pelos interesseiros venezianos, saquearam Constantinopla e ma taram muitos habitantes. Satisfeitos, voltaram à Itália. V. Quinta Cruzada (1217—1221) — Formada depois da Cru zada das Crianças (1212), grupo de jovens que deveria tomar Je rusalém, eles aportaram em Alexandria e acabaram vendidos
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como escravos. A quinta cruzada, chefiada por João de Brienne, iniciou várias ofensivas no Egito, mas ficou isolada pelas enchen tes do Nilo e fracassou. VI. Sexta Cruzada (1228—1229) — Aproveitando a discór dia entre os sultões do Egito e de Damasco, o imperador Frederico II conseguiu que os turcos lhe entregassem Jerusalém, Belém e Nazaré. Recebeu a coroa real do Santo Sepulcro e voltou à Europa. VII. Sétima Cruzada (1248—1254) — Comandada por Luís IX da França (São Luís), foi isolada pelas enchentes do Nilo e dizimada pelo tifo; Luís foi preso e seu resgate custou 500.000 moedas de ouro (libras tornesas). VIII. Oitava Cruzada (1270) — Reinava a anarquia entre as ordens religiosas criadas para defender o Oriente Médio e entre comerciantes genoveses e venezianos. Os turcos estavam dividi dos e, agora, pressionados por novos inimigos, os mongóis, che fiados por Gêngis Khan. Os seldjúcidas do Egito, chamados mamelucos, atacaram os cristãos, empurrando-os para o mar. Luís IX, então, organizou a oitava cruzada, desembarcando em Túnis, onde morreu, o que levou à suspensão da cruzada. A colonização cristã no Oriente Médio chegou ao fim em 1523. As razões do fracasso estão, em primeiro lugar, no caráter super ficial da ocupação e na anarquia feudal. A presença cristã limita va-se aos quadros administrativos. Em suma, o fracasso foi con seqüência da rivalidade nacional entre as potências ocidentais. 3. O Holocausto
Perseguição deflagrada por Adolf Hitler (uma figura do ho mem do pecado). Hitler chamou-se III Reich porque havia o I Reich (o Sacro Império Romano Germânico que Oton I fundou em 962 e durou até 1806) e o II Reich, nascido em 1871 sob Gui lherme I, com a unificação alemã. Em seus dias, e por meio dele,
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deflagrou-se a cruel perseguição contra o povo judeu e que tem o seu ponto de partida dentro do continente europeu. Hitler supri miu o Estado federalista. Os Estados receberam chefes por ele indicados. Dissolveu a Assembléia do reino e o país adotou a bandeira do Partido Nazista, com a suástica. Os membros do partido ocuparam todos os cargos da administração e a vida po lítica reduziu-se a manifestações anuais do nazismo — os con gressos realizados em Nuremberg. O Parlamento, todo nazista, reunia-se conforme a vontade de Hitler de ser aclamado. Os ju deus, duramente perseguidos, foram excluídos da administra ção, ensino, jornalismo, atividades artísticas e literárias. Passa ram à condição de súditos, perdendo os direito civis e o acesso a lugares públicos. Casamento entre "arianos" e judeus passou a ser punido como crime de profanação racial. A partir de 1938, a violência cresceu: espancamentos, destruição de sinagogas e ca sas; além da imposição de sinais identificadores e a proibição de deixarem o país. A onda cruel e crescente torna-se responsável por um dos maiores genocídios da História, quando manda apri sionar e confinar milhões de judeus nos campos de concentração e torna-se mandante do extermínio de cerca de 6 milhões de ju deus e, em seguida, torna-se o desencadeador da Segunda Guer ra Mundial. Suas idéias baseiam-se no nacionalismo, na superio ridade da raça ariana — seleção essa em que Israel e outros po vos estariam excluídos. 4. A Inquisição
Tribunal da Igreja Católica instituído no século XIII para per seguir, julgar e punir os acusados de heresia. Tal movimento to mou o nome de Santa Inquisição e foi fundado pelo papa Gregório IX (1148—1241). Em sua bula Excommnicamus, publicada em 1231, são consideradas como sendo heresias as doutrinas ou práticas contrárias ao que é definido como matéria de fé por esse tribu nal. Na época inicial, elas (as consideradas heresias) eram puni das com a excomunhão. Quando, no século IV — período que
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antecede à chamada Inquisição —, o cristianismo torna-se reli gião oficial, as pessoas consideradas heréticas pela Igreja Católica passam a ser perseguidas como inimigas do Estado. Na Europa, entre o século XI e XV, as heresias são geradas principalmente pelo desenvolvimento cultural, acompanhado de prosperidade econômica e crescimento urbano. As reflexões filosóficas e teoló gicas da época produzem conhecimentos que contradizem a con cepção do mundo defendida até então pelo poder eclesiástico. Além disso, surgem movimentos cristãos, como os cátaros, em Albi, e os valdenses, em Lyon, no sul da França, que pregam a volta do cristianismo às origens, defendendo a necessidade de a Igreja abandonar suas riquezas. Em resposta a essas heresias, milhares de albigenses são liquidados por exércitos papais, entre os anos de 1208 e 1229. A Inquisição é criada dois anos depois. A responsabilidade pela ortodoxia da religião passa dos bispos aos inquisitores — em geral franciscanos e dominicanos —, sob a direta jurisdição do papa, e são estabelecidas punições severas. As penas podiam variar, desde a obrigação de fazer uma abjuração pública ou uma peregrinação a um santuário até o con fisco dos bens e a prisão. A pena mais severa era a prisão perpé tua, mas as autoridades civis automaticamente a convertiam em execução na fogueira ou na forca em praça pública. Os heréticos não podiam recorrer ao direito de asilo e, em geral, duas teste munhas constituíam suficiente prova de culpa. Em 1252, o papa Inocêncio IV sanciona o uso da tortura como método para obter confissões de suspeitos. As condenações para os culpados são lidas numa cerimônia pública no fim dos processos. É o chama do auto-de-fé. Com o declínio dos movimentos heréticos, o po der arbitrário da Inquisição volta-se contra suspeitos de bruxarias e todo e qualquer grupo hostil aos interesses do papado. As dou trinas ou filosofias que foram consideradas como sendo heresias pela Inquisição foram, na sua maioria, verdadeiros ensinamen tos bíblicos e conceitos científicos que, mais tarde, vieram benefi-
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ciar a humanidade. Nos séculos XIV e XV, os tribunais da Inquisição diminuem sua atividade e são recriados sob forma de uma Congregação da Inquisição — mais conhecida como Santo Ofício —, contra os movimentos de Reforma Protestante e contra as "heresias" filosóficas e científicas surgidas com o Renascimento. 5. A Primeira e Segunda Guerras Mundiais
A Primeira e a Segunda Guerras Mundiais começaram no continente europeu, conforme já tivemos a oportunidade de ver. O que começou apenas como uma disputa local entre o Império Austro-húngaro e a Sérvia estende-se às potências imperialistas da Europa e acaba tornando-se global. A Primeira Guerra Mun dial durou de 1914 a 1918. Nela cerca de 8 milhões de soldados e 6,5 milhões de civis perderam suas vidas. A segunda foi o mais devastador conflito da história. Teve início 21 anos depois da Primeira Grande Guerra. Durou de 1939 a 1945 e envolveu países de todos os continentes, quando 50 mi lhões de mortos, na maioria civis, perderam suas vidas. 6. A Guerra dos Cem Anos
Neste contexto comparativo, não podemos esquecer da Guer ra dos Cem Anos, entre a França e a Inglaterra. Igualmente às subseqüentes guerras de âmbito mundial, esta teve também seu centro de atividade dentro dos limites do velho continente euro peu. Apesar do nome, ela dura mais tempo, estendo-se de 1337 a 1453. Havia duas razões principais para a Guerra dos Cem Anos: a primeira, causada por Eduardo III, neto de Filipe, o Belo, e rei da Inglaterra, que em 1337 invadiu França, intitulando-se rei; a segunda causa, de natureza econômica, opunha interesses fran ceses e ingleses na disputa pela hegemonia sobre a Flandres. Os ingleses tiveram vitórias espetaculares até a Peste Negra, que obrigou os combatentes a uma trégua. A guerra recomeçou em 1355, e os franceses foram novamente derrotados. Em 1360, as
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sinaram a Paz de Brétigny. Os ingleses renunciavam à coroa fran cesa mas recebiam a suserania sobre as regiões conquistadas. Com Carlos V (1364—1380), a situação pendeu para os franceses. O nobre Bertrand Duquesclin aniquilou três exércitos, após domi nar o rei de Navarra e aliado dos ingleses, Carlos, o Mau. Mas a fase seguinte foi difícil, pois o rei francês Carlos VI, com 12 anos, ficou sob a regência de parentes e, a seguir, eclodiu uma guerra civil entre partidários do Duque de Orléans e do Duque de Borgonha, João Sem-Medo. Aliado aos ingleses, João tornou-se chefe do reino, mas foi assassinado por partidários do rei. Seu filho Filipe, o Bom, aliou-se definitivamente aos ingleses, que impuseram aos franceses o Tratado de Troyes, em 1420. O trata do determinava que a filha de Carlos VI casasse com Henrique V da Inglaterra, que passava a ser rei da França. Morto Carlos VI, Carlos VII, herdeiro legítimo, passou a ser reconhecido no sul. 7. As Duas Babilônias
Os capítulos 17 e 18 do livro de Apocalipse mostram dois sistemas confusos: o primeiro político-religioso e o outro total mente comercial, denominados de "grande Babilônia". I. Babilônia Políticoreligiosa — "E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças e falou comigo, dizendo-me: Vem, mos trar-te-ei a condenação da grande prostituta que está assentada sobre muitas águas; com a qual se prostituíram os reis da terra; e os que habitam na terra se embebedaram com o vinho da sua prostituição. E levou-me em espírito a um deserto, e vi uma mulher assentada sobre uma besta de cor escarlate, que estava cheia de nomes de blasfêmia e tinha sete cabeças e dez chifres" (Ap 17.1-3). João, no livro de Apocalipse, emprega um capítulo inteiro para descrever dois poderes entrelaçados que se levantari am nos últimos dias. A mulher (o poder religioso) assentada sobre a besta (o poder político) mostra claramente a sua associação com
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o Anticristo e seu sistema de governo tirano, o que remonta ao passado, quando a Igreja, diante da aparente conversão de Constantino, fez uma aliança com o Estado. No fim do século III e início do século IV — cerca de 301 —, a perseguição dos cristãos, que começara em escala imperial sob as ordens de Décio, em meados do século III, continuando poste riormente com Diocleciano, começou a diminuir. O cristianismo sobreviveu às perseguições e execuções em massa e conseguiu edificar templos, desenvolver uma eclesiologia hierárquica, con solidar suas crenças e alcançar todas as cidades importantes de todo o império. Não é possível dizer com precisão quantos cida dãos e súditos do império eram cristãos já naqueles tempos, mas uma estimativa razoável giraria em torno de 5 por cento. Essa devia ser a situação especialmente nas principais cidades e arre dores. A presença cristã foi significativa e permanente em Roma, Cartago, Alexandria, Antioquia e Lião, na Gália. Mesmo assim, os cristãos viviam sob suspeita. Um imperador após outro ten tou erradicar do império a religião cristã, principalmente da casa imperial, dos tribunais, do exército e das burocracias. Por volta de 310, o cristianismo era forte, a despeito da perseguição, mas ninguém esperava o que aconteceria em seguida, e o modo que a igreja reagiu só pode ser entendido à luz da terrível perseguição sangrenta de mais de meio século que acabara de sofrer. Em outubro de 312, um destacado general do exército roma no, chamado Constantino, atacou Roma para depor Maxêncio, o homem que alegava ser o imperador, e tomar o trono do império. Constantino foi o general-comandante das legiões romanas na Bretanha e na Europa ao norte dos Alpes durante vários anos, e acreditava ter mais direito de ser imperador do que qualquer de seus rivais. Provavelmente, tinha bons conhecimentos dos cristi anismo, mas não existem provas de sua conversão à fé, nem mes mo de uma forte simpatia por ela antes de sitiar Roma em 312. Segundo seu biógrafo, o bispo cristão Eusébio, Constantino fez um apelo a qualquer deus que pudesse ajudá-lo a derrotar seu
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rival e teve a visão de um símbolo cristão com as palavras "Sob este símbolo vencerás". Segundo se declara, entrou na batalha no dia seguinte com o símbolo de Cristo exibido em suas bandei ras e escudos de guerra e seu inimigo Maxêncio foi jogado da ponte Mílvia (na periferia de Roma) no rio Pó, onde afogou-se. Eusébio, que considerava Constantino um grande herói, compa rou Maxêncio a Faraó e Constantino a Moisés, declarando que sua vitória foi uma intervenção divina. Depois de se tornar imperador, Constantino promulgou o Édito de Milão, que declarou oficialmente tolerância imperial do cristianismo (313). A partir de então, promulgou uma série de éditos que restauravam aos cristãos os seus bens e, paulatina mente, começou a favorecer os cristãos e o cristianismo mais do que as demais religiões. No entanto, nunca chegou a fazer do cristianismo a religião oficial do império e permaneceu o pontifex maximus, ou sumo sacerdote da religião pagã oficial do império, até ser batizado pouco antes de sua morte em 337. II. Babilônia Comercial — Os especialistas classificam qua tro segmentos de poderes na atualidade: 1.
O islamismo — que conta atualmente com mais de um bi lhão de seguidores; 2 . O cristianismo — incluindo-se cristãos verdadeiros e no minais; 3. A política mundial — representada na ONU por seus dele gados e embaixadores; 4. O comércio globalizado de alcance mundial — que atual mente busca obter o controle total de todos os segmentos sociais em todo o mundo. Em meio a todos estes seguimentos, tem se instalado muita confusão e incerteza por parte de todas as nações e povos do mundo.
Capítulo 11
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1. As Atrocidades do Ano 70 d.C.
No ano 70 d.C., Jerusalém foi cercada pelas milícias roma nas. Jesus falou deste cerco quando predisse a destruição da Ci dade Santa e de seu povo, que o havia rejeitado. Este cerco de Jerusalém, ocorrido em 70 d.C., era apenas um ensaio de tudo aquilo que se sucederá no final da presente era, no vale de Armagedom. Naquele cerco, Jerusalém não apenas foi destruída, mas seu povo, que nela habitava, foi disperso para todas as partes do mundo. Flávio Josefo, historiador judeu, que viveu entre 37 e 103 d.C. e que ocupava o posto de general do exército que participou do cerco, diz que Tito com seus soldados cercou Jerusalém com um muro que tinha treze fortes, e toda essa grande obra foi feita em três dias apenas. O muro começava no acampamento dos assírios, onde ele se estabelecera, continuava até a nova cidade baixa e, depois de ter atravessado o vale de Cedrom (Jo 18.1), chegava até o monte das Oliveiras, que rodeava do lado sul, até a rocha do pombal, como também a colina que estava acima do vale de Siloé, de onde, voltando-se para o Oriente, descia por aquele vale, onde está a fonte que tem o mesmo nome. De lá al-
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cançava o sepulcro do sumo sacerdote Anano, rodeava o monte onde Pompeu outrora havia acampado, voltava-se em seguida para o norte, chegava-se até a aldeia de Erebitom, cercava o se pulcro de Elerodes, do lado do Oriente, e de lá voltava ao lugar onde havia começado. Todo este circuito media trinta e nove es tádios e havia treze fortes, cujas torres eram dispostas de dez em dez estádios. A cidade estava, pois, assim rodeada e cercada. O Senhor Jesus falou deste cerco à cidade de Jerusalém em seu sermão profético: "Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação. Então, os que estiverem na judéia, que fujam para os montes; os que esti verem no meio da cidade, que saiam; e, os que estiverem nos campos, que não entrem nela. Porque dias de vingança são estes, para que se cumpram todas as coisas que estão escritas. Mas ai das grávidas e das que criarem naqueles dias! Porque haverá gran de aflição na terra e ira sobre este povo. E cairão a fio de espada e para todas as nações serão levados cativos; e Jerusalém será pisa da pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem" (Lc 21.20-26). Continuando em seu ensino, o Senhor pronunciou algumas palavras que acompanhariam esse período de dor e terrível so frimento, tais como: • cercada (v. 20 ); •desolação (v. 20 ); •perplexidade (v. 25); • terror (v. 26a); •expectação (v. 26); • vingança (v. 22 ); • ai (v. 23a); • aperto (v. 23b); • ira (v. 23c); • cairão (v. 24a); • cativos (v. 24b); • pisada (v. 24c).
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Todas estas palavras do Senhor Jesus encontram-se registradas em Lucas 21.20-33, como sinal de advertência para aqueles que professavam o seu nome e também para o povo judeu em geral: a advertência do Senhor envolvia a todos! Em sua visão acerca dos quatro animais que subiam do mar, o profeta Daniel faz a seguinte descrição: "o quarto animal, terrível e espantoso" tinha um aspec to destruidor. Em sua interpretação, o anjo disse que aquele ani mal apontava para "o quarto reino da terra" (Dn 7.7,23) e que, sem sombra de dúvida, apontava para Roma e sua pujança e glória. Também nos é dito que este animal "era muito terrível, cujos den tes eram de ferro"; ele "devorava, fazia em pedaços e pisava aos pés o que sobejava". O profeta de Deus também afirma que suas unhas eram "... de metal" (v. 19). Durante o cerco de Jerusalém, segundo informações contemporâneas, muitas das predições dos profetas do Senhor que apontavam para esta calamidade que as solaria o povo judeu, especialmente a Cidade Santa, cumpriu-se literalmente, pois terminaram sua vida desse modo. No ataque ao Templo, quando o fogo devorava o santuário, os soldados furio sos saqueavam e matavam a todos os que encontravam. Não pou pavam sequer as crianças e os velhos, e da mesma forma os sacer dotes e os leigos; eram todos passados a fio de espada... todos eram vítimas dessa matança. Além disso, segundo os registros históri cos, nos tempos do imperador Adriano (132 d.C.), outra devasta ção ainda maior atingiu toda a nação de Israel, quando então os judeus foram proibidos até mesmo de entrar na cidade de Jerusa lém. Em seguida os romanos mudaram o nome da cidade para Aélia Capitolina, até que Constantino a transformou em santuário cristão (em cerca de 310 d.C.). 2. As Águias e os Corpos
Ao lermos nos evangelhos de Mateus e Lucas os sermões pronunciados pelo Mestre, que dizem respeito ao fim da presen te era e à introdução do mundo vindouro, encontramos as enig máticas passagens: "Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão
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as águias" (Mt 24.28), e o contexto de Lucas 17.37: "Onde estiver o corpo, aí se ajuntarão as águias". Existem várias interpretações entre os comentaristas com res peito a esta expressão do Senhor, quando se referia ao cerco de Jerusalém e falou do cadáver e das águias. Porém, tudo nos leva a crer que estas palavras tinham, em sua essência, um sentido natural e apontavam, com mais veemência, para a grande carni ficina que acontecerá no Armagedom, conforme teremos ocasião de ver nas notas expositivas que se seguem. a. O contexto dos versículos seguintes — Os versículos se guintes aos que temos em foco nesta seção descrevem os dias de Noé: "... será levado um, e deixado o outro","... será levada uma, e deixado a outra". Lucas, em sua narrativa sobre este tempo, fala também dos dias de Noé, mas acrescenta também os dias de Ló. Em ambos os episódios, alguém foi salvo da destruição e le vado para um lugar seguro. Noé, com sua família, e Ló, com suas filhas, foram preservados por Deus da destruição. Eles foram "le vados". Mas os outros foram "deixados" (mortos). No ano 70 d.C., a exemplo da narrativa bíblica, o mesmo aconteceu. Os cristãos foram "levados" para a cidade de Petra (ou Sela), na Peréia, en quanto os judeus desobedientes foram "deixados" mortos à mer cê das aves. Durante a batalha do Armagedom, João mostra-nos que a mesma cena se repete. Aqueles que foram mortos pelo es plendor da vinda do Senhor serão também consumidos pelas aves. Assim está escrito: "E vi um anjo que estava no sol, e cla mou com grande voz, dizendo a todas as aves que voavam pelo meio do céu: Vinde e ajuntai-vos à ceia do grande Deus, para que comais a carne dos reis, e a carne dos tribunos, e a carne dos for tes, e a carne dos cavalos e dos que sobre eles se assentam, e a carne de todos os homens, livres e servos, pequenos e grandes" (Ap 19.17,18). O que se pode depreender da natureza das aves aqui mencionadas é que se fartavam da carne de cadáveres, pois "... onde há mortos, ela aí está" (Jó 39.30). Aristóteles diz que es-
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tas aves seguiam os exércitos. Seu grande poder de farejo é enor me, capaz de localizarem suas presas a uma grande distância. b. Uma outra interpretação — De acordo com uma segunda interpretação, Israel, quando rejeitou o Messias prometido, tornou-se este "corpo morto", pois um corpo sem o espírito, que é a vida, está morto. Jesus é a vida e esta vida foi rejeitada. Eles fo ram "deixados" mortos espiritualmente e, por conseguinte, atra íram as águias, ou seja, os soldados romanos, ao seu país. Mas esta interpretação, mais propriamente em sentido figurado e es piritual, não combina bem com a tese e argumento principais. Alguns poderão até sugerir que as guerras modernas não produ zam tamanha crueldade, sendo as armas utilizadas, como tam bém as estratégias, completamente diferentes daquelas vistas 110 passado. Contudo, os métodos de destruição continuam os mes mos, ou ainda mais cruéis. Os conflitos tribais de etnias e algu mas guerras fratricidas têm demonstrado que os homens conti nuam insensíveis e executando suas crueldades sem nenhuma restrição ou conceito ético. Corroborando esta argumentação, as Escrituras afirmam que por ocasião do retorno de Cristo à terra com poder e grande glória, essas atrocidades serão praticadas de forma ainda mais cruel pelo Anticristo. Durante o tempo sombrio da Grande Tribulação, o Anticris to cercará Jerusalém de todos os lados. Os judeus, não vendo outra saída, orarão ao Messias prometido, a quem eles rejeitaram, pedindo-lhe perdão. Um concerto será proposto pela nação inteira, conforme nos diz o profeta Oséias: "E os filhos de Judá e os filhos de Israel juntos se congregarão, e constituirão sobre si uma única cabeça, e subirão da terra; porque grande será o dia de Jezreel" (Os 1.11). Tal concerto será selado no monte de Sião (Rm 11.26). Jesus compadecer-se-á deles "e sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e de sú plicas; e olharão para mim [para Jesus], a quem traspassaram; e o prantearão como quem pranteia por um unigénito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo
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primogênito" (Zc 12.10). E continua o escritor sagrado: "Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido. E a terra pranteará, cada li nhagem à parte: a linhagem da casa de Davi, à parte, e suas mu lheres, à parte, e a linhagem da casa de Natã, à parte, e suas mu lheres, à parte; a linhagem da casa de Levi, à parte, e suas mulhe res, à parte; a linhagem de Simei, à parte, e suas mulheres, à par te. Todas as mais linhagens, cada linhagem, à parte, e suas mu lheres, à parte" (Zc 12.11-14). 3. O Sinal do Filho do Homem
"E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mt 24.29,30). Continuando o seu ensino no to cante ao futuro, Jesus faz alusão ao "sinal do Filho do Homem". Isto se dará nesse momento de dor e de aflição experimentado pelo povo eleito. Deus permitirá a seu Filho que seja visto no céu da Palestina, quando forças hostis de todos os lados procurarão aniquilar o povo judeu. Aparecerá, então, no céu, "o sinal do Fi lho do Homem" nas nuvens, confirmando assim que, verdadei ramente, trata-se de Jesus, o Filho de Deus. Quando nosso Se nhor foi questionado pelo sumo sacerdote se verdadeiramente Ele era o Cristo, o Filho do Deus bendito, Jesus lhe respondeu: "Eu o sou, e vereis o Filho do Homem assentado à direita do Todo-poderoso e vindo sobre as nuvens do céu (Mc 14.62). Em Apocalipse 1.7, nos é dito que, no retomo de Cristo, nessa oca sião "... todo olho o verá, até os mesmos que o traspassaram". Evidentemente, estas palavras apontam para o povo de Deus na presente dispensação, pois aqueles que crucificaram o Senhor en contram-se mortos há milênios.
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I. Que Sinal Será este? — Muitas vezes, por falta de cuidado minucioso no estudo das Escrituras, confundimos a vinda de Je sus para o arrebatamento de sua Igreja com sua vinda em glória com a Igreja, para pôr fim à batalha do Armagedom e estabelecer seu reino milenar. No entanto, quando passamos a analisar uma e outra coisa, descobrimos que a primeira fase — a do arrebata mento — será antes, segundo as Escrituras, "num abrir e fechar de olhos", invisível, e se destinará apenas à sua Igreja. Por sua vez, a sua vinda com poder e grande glória será visível, e será presenciada por todas as famílias da terra, quando "todo olho o verá" descendo fisicamente sobre o céu da Palestina. O registro deste episódio, narrado no Evangelho de Mateus, afirma que Je sus será visto fisicamente em sua forma quando se humanizou. "Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; e todas as tribos da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória" (Mt 24.30). Dois acontecimentos sobrenaturais serão presenciados pelos moradores da terra. a. Os céus se abrirão — Os céus se abrirão e Jesus será visto pelos habitantes da terra "assentado à direita do poder de Deus" antes de sua partida para o vale sombrio de Armagedom (Mc 14.62). b. Um sinal nos céus — Algo de sobrenatural ocorrerá nesse momento que despertará a atenção e o olhar de todos para os céus, e todos contemplarão "o sinal do Filho do homem" quando este ainda se encontrar nas nuvens (Mt 24.30). Em Apocalipse 19.11, João nos diz que enquanto nosso Senhor estará arregimen tando "seus exércitos no céu", os judeus estarão passando por uma angústia sem precedentes em suas vidas e em sua história. Jesus falou desta angústia na vida deste povo durante seu minis tério terreno — dividindo-a em duas etapas:
•A primeira delas teve seu cumprimento no ano 70 d.C.
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• A segunda terá seu real cumprimento no final da Grande Tribulação. II. O Sinal Será o Próprio Filho do Homem — Há muit controvérsia sobre o que seria "o sinal do Filho do Homem". Al guns sugerem tratar-se de um sinal miraculoso que aparecerá no céu em forma de "cruz". Os que defendem essa tese pensam que Deus fará uma intervenção, tal qual fez no Êxodo ao abrir o mar Vermelho. O sinal da cruz aparecerá no firmamento, e o Senhor Jesus será literalmente contemplado pelos judeus e também pe los gentios. Muitos cristãos, através dos séculos, têm também pen sado assim. Talvez relembrando a vitória militar que obteve Constantino, o Grande, sobre Maxêncio, na batalha da ponte Mílvia. A caminho da batalha, ele teve uma visão da cruz, con templando sobre esta as palavras: In hoc signo vinces ["Com este sinal vencerás"]. Durante sua vida aqui neste mundo, o Senhor Jesus era o próprio "sinal" para aquela geração. Certa feita, Ele falou acerca disso para a multidão, dizendo: "Porquanto assim como Jonas foi sinal para os ninivitas, assim o Filho do Homem o será também para esta geração" (Lc 11.30). Ezequiel foi um profeta de grande poder na sua geração e também fora usado por Deus como sinal para os filhos de Israel durante o cativeiro babilónico, como declara o próprio Deus a seu respeito, dizendo: "Porque te dei por sinal maravilhoso à casa de Israel" (Ez 12.6). Contudo, parece-nos que, no argumento em foco, o "sinal do Filho do Homem" serão os sinais dos cravos nas mãos de nosso Senhor. A passagem de Zacarias 12.10, anterior mente citada, leva-nos a entender que isto será assim. Os judeus olharão para os céus, e esses se abrirão — eles verão a Jesus "as sentado" à direita de Deus. Jesus, nesse momento, levantará suas mãos, o que, sem dúvida, formaria um emblema expressivo de uma cruz. Olhando firmemente para suas mãos, os judeus con templarão nelas o sinal dos cravos — então Israel não terá ne nhuma dúvida de que se trata realmente do mesmo Jesus, a quem
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rejeitaram, o filho de Maria e, igualmente, o Filho do Deus bendi to — o Messias prometido. O apóstolo Tomé, quando foi informado pelos seus compa nheiros da ressurreição do Senhor, duvidou que seu Mestre ti vesse de fato ressuscitado dentre os mortos conforme eles diziam. O apóstolo João descreve este acontecimento em seu evangelho da seguinte forma: “Ora, Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Disseram-lhe, pois, os outros discípulos: Vimos o Senhor. Mas ele disse-lhes: Se eu não vir o sinal dos cravos em suas mãos, e não puser o dedo no lugar dos cravos, e não puser a minha mão no seu lado, de maneira nenhuma o crerei. E, oito dias depois, estavam outra vez os seus discípulos dentro, e, com eles, Tomé. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, e apresentou-se no meio, e disse: Paz seja convosco! Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as mi nhas mãos; chega a tua mão e põe-na no meu lado; não sejas in crédulo, mas crente. Tomé respondeu e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!" (Jo 20.24-28) O apóstolo João não nos informa se Tomé chegou a tocar nas mãos e no lado do Senhor. Cremos que não foi necessário João escrever em detalhe, se isso aconteceu ou não. O fato é que Tomé creu só em ver o Senhor ressuscitado conversando com Ele. Cada manifestação sobrenatural do Filho de Deus levava seus apósto los a um aprofundamento na fé e a um amadurecimento na vida espiritual de cada cristão em particular. Assim, também, aconte cerá quando o Filho do Homem retornar a este mundo. Os sinais de suas mãos e as marcas da ferida aberta pela lança do soldado romano levarão a nação inteira de Israel à conversão. Isto se dará, evidentemente, de forma que seja uma preparação para que Israel encabece as demais nações no reino milenial. Pedro chorou amargamente na noite sombria da prisão de Jesus, por ter negado a seu Senhor que tanto o amava (Lc 22.62). Cremos — e as evidências comprovam — que, com Tomé, tam bém não foi diferente. Ele deve ter chorado amargamente por
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não ter crido quando precisava crer. Por ocasião do retorno de Cristo, a nação inteira de Israel sentir-se-á culpada por sua rejei ção ao Messias prometido aos pais pelos profetas; contudo, cada família, naquele dia, chorará à parte, quando todo olho o verá em glória, como o Filho do Deus bendito. João afirma que, ao contemplarem o Filho do Homem nesse momento, /'... todas as tribos da terra [especialmente as tribos de Israel] se lamentarão sobre ele" (Ap 1.7). Cremos que esta lamentação das tribos da terra incluirá o povo judeu, de um lado, em ver o Messias prome tido vindo sobre as nuvens em socorro da nação eleita. Do outro lado, as tribos das terras que estiverem seguindo o Anticristo também se lamentarão em ver frustrado seu intento de ani quilar o povo de Deus. Assim, a presença de Jesus trará lamentações de ambos os lados. O profeta Zacarias descreve tal acontecimento em termos de grande expectativa, confor me já tivemos ocasião de ver em outras notas expositivas. Ele diz: "E acontecerá, naquele dia, que procurarei destruir todas as nações que vierem contra Jerusalém. E sobre a casa de Davi e sobre os habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de graça e 'de súplicas; e olharão para mim, a quem traspassaram; e o pran tearão como quem pranteia por um unigénito; e chorarão amar gamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito. Naquele dia, será grande o pranto em Jerusalém, como o pranto de Hadade-Rimom no vale de Megido. E a terra pranteará, cada linha gem à parte: a linhagem da casa de Davi, à parte, e suas mulheres, à parte, e a linhagem da casa de Natã, à parte, e suas mulheres, à parte; a linhagem da casa de Levi, à parte, e suas mulheres, à parte; a li nhagem da casa de Simei, à parte, e suas mulheres, à parte. Todas as mais linhagens, cada linhagem à parte, e suas mulhe res, à parte" (Zc 12.9-14). Tais expressões indicam que haverá uma conversão individual e coletiva por parte de Israel: cada um à parte! Hadade-Rimom, no vale de Megido, lembra a morte de Josias, rei de Israel, que foi morto pelo Faraó Neco, rei do Egi to. Ele foi ferido ali, mas morreu em Jerusalém. "E Jeremias fez
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uma lamentação sobre Josias; e todos os cantores e cantoras fala ram de Josias nas suas lamentações..." (2 Cr 35.25). Estes aconte cimentos tiveram lugar entre Megido (Armagedom) e Jerusalém. Também nesse tempo do fim haverá semelhante cerco contra o povo escolhido, deflagrado pelo Anticristo e suas hostes do mal. Seja como for naquele dia, o socorro de Deus para o seu povo será patente e cada linhagem, cada família e, em particular, cada membro da casa de Israel sentirá o toque transformador do Filho do Homem, "E assim, todo o Israel será salvo...", mediante o ar rependimento e o perdão do Senhor (cf. Rm 11.26).
Capítulo 12
P a n o r a m a
geral
1. O Grande Dia de Deus
Os crentes fiéis a Jesus não estão se preparando para a Gran de Tribulação nem para o desfecho final no vale de Armagedom. A fé e a esperança dos salvos em Cristo fundamentam-se, pri mordialmente, na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. De acordo com as palavras de Paulo à Igreja de Tessalônica, a mensagem do arrebatamento traz esperança e confiança ao coração dos crentes. Assim, disse ele: "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignoran tes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela pa lavra do Senhor; que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Se nhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebata dos juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos
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ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolaivos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4.13-17). A Igreja, durante estes dois mil anos que se seguiram, após a ascensão de Jesus aos céus, aguarda este grande dia com muita expectativa. O Espírito Santo e a Igreja anelam por este dia e cla mam: "Vem! E quem ouve diga: Vem!" (Ap 22.17a) Muitas vezes, por falta de um estudo mais detalhado dos acontecimentos, con fundimos algumas das frases que se relacionam com o dia do Senhor Jesus para o arrebatamento com sua vinda para o Armagedom. Em Apocalipse 16.14, João afirma que este grande com bate dar-se-á no "grande dia do Deus Todo-poderoso", que cul minará exatamente com o retorno de Cristo à terra com poder e grande glória. Existem nas Escrituras várias expressões com sen tidos que designam épocas e acontecimentos distintos, com rela ção ao "dia do Senhor". I. O Dia de Jesus Cristo — O "Dia de Jesus Cristo", confor me lemos em Filipenses 1.6 e em outras passagens do Novo Tes tamento, está ligado diretamente ao arrebatamento da Igreja, porque o nome JESUS, que significa Salvador, é aqui menciona do (Mt 1.21; At 4.12). Este dia faz parte do "dia da salvação", e nele não há vingança. Os acontecimentos que terão lugar nesse dia, são:
•Jesus virá para os seus santos (1 Ts 4.17); • Virá como a resplandecente estrela da manhã (2 Pe 1.19); • Virá até aos ares e voltará (1 Ts 4.17); • Virá para sua Igreja (Jo 14.3); • Virá como o Cordeiro de Deus (cf. Jo 1.29). II. O Dia do Senhor — "Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor..." (Ap 1.10). Esta frase, no texto em foco, é uma expressão que marca o dia da ressurreição do Senhor Jesus Cris to, com sentido especial (Jo 20.19). A expressão "dia do Senhor",
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aqui, significa o dia da ressurreição de nosso Senhor, visto que a referência ao "Senhor Jesus" só ocorre no Novo Testamento de pois de sua ressurreição (Lc 24.3), sendo identificado entre os cris tãos como "o primeiro dia da semana" (Mc 16.9). Para o cristia nismo, o primeiro dia da semana contrasta bastante com o séti mo (o sábado): o sábado recorda o descanso de Deus no registro bíblico da criação (Êx 20.11; 31.17); o domingo, a ressurreição de Cristo (Mc 16.1,9). No sétimo dia, Deus descansou; no primeiro dia da semana, Cristo esteve em atividade incessante. Sendo as sim, o sábado comemora uma criação acabada, e o domingo rememora uma redenção consumada .1 III. O Dia do Senhor ou de Cristo — O dia do Senhor é men cionado em diversas passagens, tanto do Antigo como do Novo Testamento (cf. Is 2.12; 13.9; 26.20,21; 34.8; Ez 30.3; J1 1.15; 2.1,2; Am 5.18; Ob 15; Sf 1.14,15; Zc 14.1; Ml 4.5; At 2.20; 1 Ts 5.2,3). O "dia do Filho do homem" é mencionado em Lucas 17.24 e o "dia de Cristo", em 2 Tessalonicenses 1.7,8; 2.2; Apocalipse 6.16,17, e ainda "o grande dia do Deus Todo-poderoso", em Apocalipse 16.14. Todas estas são expressões que apontam para um mesmo desfecho: "o dia da ira de Deus e da ira do Cordeiro". O nome de Cristo, que quer dizer "O Rei Ungido", relaciona-se com o se nhorio e o governo de Cristo. Esse dia, que marca uma sucessão de acontecimentos, terminará no vale de Armagedom e será pre cedido por sete sinais sobrenaturais:
• A vinda do profeta Elias (Ml 4.5); • Diversos sinais (J1 2.1-11; Mt 24.29,30; At 2.19,20); •Os "filhos do dia", ou seja, os crentes fora do mundo (1 Ts 5.5); • A apostasia numa igreja morna que será vomitada por oca sião do arrebatamento — Laodicéia (2 Ts 2.3; Ap 3.16); • A manifestação do "homem do pecado, o filho da perdi ção" (2 Ts 2.1-3);
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• Os acontecimentos narrados nos capítulos 6 a 19 de Apoca lipse; • A grande convocação dos combatentes para o vale do Armagedom (Ap 16.14). Portanto, este dia do retorno de Cristo para o Armagedom é distinguido do "dia de Jesus Cristo", como também do "dia de Deus" e do dia de sua ressurreição. A primeira frase referese ao dia do arrebatamento, enquanto o "dia de Deus", propri amente dito, refere-se ao expurgo de céus e terra e o estabeleci mento do Juízo Final. Já o tempo desses acontecimentos referese ao "dia do Senhor", ou "dia de Cristo" (com exceção do dia da ressurreição do Senhor). Estas expiessões marcam uma su cessão de acontecimentos e não apenas um "dia de 24 horas", conforme costumamos chamar no calendário sucessivo. O ter mo "dia do Senhor" aparece nos seguintes trechos: (Is 2.12; 13.6,9; Ez 13.5; 30.3; J1 1.15; 2.1,11,31; 3.14; Am 5.18 [duas vezes], 20; Ob 15; Sf 1.7,14 [duas vezes]; Zc 14.1; Ml 4.5; At 2.20; 1 Ts 5.2; 2 Ts 2.2; 2 Pe 3.10). Além desse, as expressões "aquele dia", "o dia" ou "o grande dia" aparecem mais de 75 vezes no Antigo Testamento. Isso evidencia sua importância nas Escrituras pro féticas. Tais trechos revelam que a idéia de julgamento é pre ponderante, o que é constatado claramente em Sofonias 1.14-18. O julgamento inclui não apenas os juízos específicos sobre Isra el e sobre as nações no fim da tribulação, associados ao segun do advento, mas, à luz de um exame dos próprios trechos, in clui julgamentos que se estendem por todo um período anteri or ao segundo advento. Desse modo, deduz-se que o dia do Senhor incluirá o período da Grande Tribulação. O profeta Zacarias, em 14.1-4, afirma que os acontecimentos da segunda vinda também estão incluídos no dia do Senhor, ao que o texto de 2 Pedro 3.10 valida a idéia de incluir todo o Milênio nesse período. Se o dia do Senhor não começasse até a segunda vin da, visto ser este acontecimento precedido por sinais, ele não
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poderia vir como um "ladrão de noite", inesperado e sem anún cio, como nos é dito em 1 Tessalonicenses 5.2. A única maneira pela qual esse dia poderá chegar inesperadamente ao mundo é se chegar imediatamente após o arrebatamento da Igreja. Conclui-se, então, que o dia do Senhor é o extenso período de tem po que se inicia com a retomada do juízo de Deus para com Israel após o arrebatamento da Igreja, no início do período da Grande Tribulação, passando pelo segundo advento e pela era milenar até a criação do novo céu e da nova terra depois do Milênio. 2. Aco ntecimentos Relacionados por Extensão ao Dia do Senhor
E evidente que os acontecimentos do dia do Senhor são certamente momentosos, e um estudo desse período deve abran ger a análise de grande parte das passagens proféticas. Incluirá os acontecimentos profetizados do período da Grande Tribu lação como: a federação dos Estados num Império Romano (Dn 2; 7); a ascensão do governo político desse império, que fará uma aliança com Israel (Dn 9.27; Ap 13.1-10); a formulação de um falso sistema religioso sob os auspícios de um falso pro feta (Ap 13.11-18); o derramamento dos julgamentos sob os se los (Ap 6); a separação das 144 mil testemunhas (Ap 7); os jul gamentos das trombetas (Ap 8-11); a ascensão das testemunhas de Deus (Ap 11); a perseguição de Israel (Ap 12); o julgamento das taças (Ap 16); a destruição da falsa igreja: as duas Babilônias — a religiosa e a comercial (Ap 17; 18); os acontecimentos da campanha de Armagedom (Ap 16.16; 19.17-21); e a proclama ção do evangelho do reino (Mt 24.14; Ap 14.6,7). Incluirá também as profecias ligadas à segunda vinda, como: o retorno do Senhor (Mt 24.29,30); a ressurreição dos santos do período da Grande Tribulação (Jo 6.39,40; Ap 20.4); a destruição da besta, como também de todos os seus exércitos, do falso pro feta e de seus seguidores na adoração da besta (Ap 19.11-21);
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o julgamento das nações no vale de Josafá (Mt 25.31-46); o reagrupamento de Israel (Ez 37.1-14); o julgamento de Israel (Ez 20.33-38); a reintegração de Israel em sua terra (Am 9.15); a prisão do Anticristo e do falso profeta (Ap 19.20); e a prisão de Satanás (Ap 20.2,3). Incluirá a seleção divina para o Milênio no vale de Josafá: "E, quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os santos anjos, com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele, e apartará uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas. E porá as ovelhas à sua direita, mas os bodes à esquerda. Então, dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e des tes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver me. Então, os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? Ou com sede e te demos de beber? E, quando te vimos estrangeiro e te hospedamos? Ou nu e te vestimos? E, quando te vimos enfermo ou na prisão e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então, dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, pre parado para o diabo e seus anjos; porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo es trangeiro, não me recolhestes; estando nu, não me vestistes; e enfermo e na prisão, não me visitastes. Então, eles também lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, ou com sede, ou estrangeiro, ou nu, ou enfermo, ou na prisão e não te servimos? Então, lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna" (Mt 25.31-46). Muitos eruditos têm questio-
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nado onde se dará este julgamento, e se ele é um julgamento de caráter espiritual ou terreno. Visto esse julgamento seguir a se gunda vinda de Cristo, deve ser concebido como um julgamento terreno e não celestial, conforme já tivemos a oportunidade de ver anteriormente no capítulo 9. Incluirá mais adiante todos os acontecimentos da era milenar, como a revolta final de Satanás (Ap 20.7-10); o juízo do grande trono branco (Ap 20.11,12); e por fim a purificação da terra (2 Pe 3.10-13). I. O Dia de Deus — O dia de Deus também pode ser chama do de "o dia do Senhor", no sentido próprio (2 Pe 3.10). Este ter mo aponta diretamente para o expurgo de céus e terra e para o Juízo Final diante do grande trono branco, e os acontecimentos que terão lugar nele são estes:
•O expurgo dos céus e da terra pelo fogo (2 Pe 3.12); •O Juízo Final (Ap 20.11-15); •O julgamento dos anjos caídos (2 Pe 2 4; Jd 6); •A perdição dos homens ímpios (2 Pe 3.7, etc.). II. O Dia da Eternidade — O "dia da eternidade" faz parte do dia de Deus. Tal expressão ocorre em 2 Pedro 3.18, quando o apóstolo descreve os grandes acontecimentos que anteciparão a introdução do mundo vindouro. Pode-se também relacioná-la com o dia do Senhor, que está em foco no versículo 10 do mesmo capítulo. Ele se refere ao estabelecimento do estado eterno, quan do Deus, por meio de Jesus Cristo, tiver aniquilado todo o impé rio do mal e julgado a todos de acordo com sua reta justiça. Então se ouvirá uma "voz do céu" que dirá: "... já as primeiras coisas são passadas" (Ap 21.4b). Com o passar das primeiras coisas, tam bém deixará de existir o "calendário sucessivo", que mede a ex tensão de tempo em 24 horas. Então ouvir-se-á outra vez: "... ali não haverá noite" (Ap 21.25b).
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3. O Juízo Final
O Juízo Final, descrito em Apocalipse 20.11-15, será o último último julg ju lgam amen ento to da hi hist stór ória ia hum hu m ana an a e divina div ina.. Será um juíz ju ízoo some so ment ntee dos mortos e não dos vivos. É uma cena fora da história humana, e não menciona qualquer hoste de anjos ou de quaisquer outros seres celestiais. Todos os olhos fixar-se-ão diretamente no trono, vasto e intenso e de um branco resplandecente. Vestido Vestido de pure za do reino da luz, ele ocupará inteiramente todo o campo de nossa visão. Os próprios céus e a terra não mais poderão pode rão ser vis tos, ou porque deixaram realmente de existir, em antecipação à nova criação, ou devido à visão imensa do grande trono branco, que encherá todo o espaço da existência! Dentro deste contexto, porém, devemos destacar três tronos com sentidos inteiramente inteiram ente universal un iversal e espiritual: o trono trono de Sata nás, o trono da graça e o grande trono branco. I. O Trono de Satanás Sata nás — Em Apocalipse Apo calipse 2.13, fala-se fala-se do "tro "tro no de Satanás" Satan ás" nos seguintes termos: "Eu "E u sei as tuas obras [obras [obras da igreja de PérgamoJ, e onde habitas, que é onde ond e está o trono de d e Satanás; e reténs o meu nome e não negaste n egaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita" (ênfase do autor) autor).. No presente versículo, fala-se fala-se do "trono de Satanás" Sataná s" e também se diz que este é o "luga "lu garr onde Satanás habita". Isto é, o lugar onde Satanás exerce autori dade, como se fora rei. A referência histórica que temos da locali zação desse trono, segundo se tem opinado, se tratava de uma colina situada próximo próxim o à cidade de Pérgamo, Pérgam o, com 300 metros de altitude, na qual havia hav ia muitos templos temp los e altares altares dedicados dedicad os à ido latria. latria. Essa colina podia ser um monte onde Satanás estabelece estabele ce ra seu próprio trono, em contraste com o "monte de Deus" (cf. Is 14.13; Ez 28.14,16). Tem também sido opinado que o possível "trono de Satanás" referia-se ao altar monumental erguido em honra a Zeus Soter, Soter, sobre sobre uma imensa base, a duzentos e quaren ta metros acima do nível da cidade. Seja como for, havia ali em
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Pérgamo um lugar luga r ocupado pelo pelo "rei dos terrores" (Jó (Jó 18.14), 18.14), que dominava dom inava as mentes e os corações corações daqueles d aqueles que se encontravam sob sua influência maléfica. Este lugar era notável por ter se tor nado um centro de maldade e de depravação. depravação. Lamentavelmen Lam entavelmente, te, também també m em nossos dias, existem alguns lugares neste mundo em que Satanás tem estabelecido seu próprio trono com o objetivo objetivo de corromper as mentes contra Deus e contra seu Filho Jesus Cristo (cf. SI 2.1-12). No entanto, seu verdadeiro trono fica no espaço. Ele é "o príncipe das potestades do ar" (cf. Ef 2.2; 6.12; Ap 12.12; 16.17). 16.17). Algumas vezes, porém, por ém, ele o estabelece aqui na terra, como o fizera na cidade de Pérgamo. II. O Trono da Graça — Este é o lugar onde todo aquele que nele chega arrependido encontra ali o favor de Deus. Por essa razão, somos exortados a nos aproximar deste trono com inteira confiança. Assim diz o escritor sagrado: "Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, graça, para que possamos alcançar alcan çar miseri córdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo opor tuno tu no"" (Hb 4.16). O trono que está aqui em foco é o trono de Deus, o centro de sua glória, poder, majestade e julgamento. Mas ago ra, especialmente aqui, o trono é visto envolvido na graça e na misericórdia. A obra de seu Filho bendito é que faz as as coisas des d es se modo, e agora Ele está assentado à destra do Pai, neste trono de glória e de amor infinito (Ap 3.21), asseguran asse gurando-no do-noss essas bên bê n çãos. Essa expressão ultrapassa o infinito e somente se encontra aqui, em todo o Novo Testamento, embora a menção de trono e tronos tronos seja freqüente em outras outras passagens das das Escrituras. Outras Ou tras expressões similares são encontradas, tais como "trono da sua glória" (Mt 19.28; 2.5.31) e "trono da majestade" (Hb 8.1). Sendo que esta última se refere ao mesmo trono da graça onde presen temente Deus e seu Filho estão assentados. No livro de Apoca lipse, o trono de Deus e do Cordeiro é mencionado mais de 40 vezes, em diferentes contextos, mas, normalmente, expressa as idéias de poder pode r divino. Por esse esse motivo, m otivo, devemos devemo s nos aproximar
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dele com confiança "... para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno". que III. O Trono Branco Bran co — "E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e peque nos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriuse outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos mortos que neles havia; e foram foram julgados julga dos cada um segundo segun do as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados lanç ados no n o lago de fogo. fogo. Está é a segunda morte. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado lançad o no lago de fogo" fog o" (Ap 20.11-1 20.11-15). 5). Deus, Deu s, na qualidade de Rei dos reis, é referido nas Escrituras sentado em seu trono de glória, cercado por suas hostes celestes (1 Rs 22.19; SI 11.4 11.4;; Ap 5.11). 5.11). Algumas Algu mas vezes, vezes , porém, por ém, Ele E le é visto como com o em gran gr an de majestade solitário e em perfeito isolamento! isolamento! Em outras cone xões, o céu é chamado de seu trono (Is 66.1), ou "o templo de Deus" (Is 6.1; Ez 43.6,7), ou então Jerusalém é chamada de "o trono do Senhor" (Jr 3.17). Muitas vezes este trono é descrito em linguagem figurada, porém em termos reais, literais e objetivos (Ez 1.16; Ap 4.4-6). Na cena do grande trono branco, pode-se ver a onipotência de Deus. Esta surge aliada à justiça, e a justiça fi nalmente será feita. Ela estará presente em cada ato e em cada atitude do Grande Criador. Criador. "Justiça "Jus tiça e juízo são são a base do seu tro no" (SI 97.2b). Mas a justiça não poderá ser realizada sem que haja vingança contra o pecado e contra "toda impiedade e injus tiça dos homens" (Rm 1.18). Cada indivíduo terá de pagar sua dívida dívida,, e isto individu ind ividual al e completam com pletamente. ente. Quatro grandes obs ob s táculos táculo s serão removid rem ovidos os para que a justiça divina encontre encontre livr livree curso em sua trajetória e poder de ação na execução de sua von tade:
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•O Anticristo e seu falso profeta; •O Diabo e seus anjos; • A morte e o inferno; • Os ímpios... ímpios... e todos aqueles que se se esquecem de Deus; •O Anticristo e seu consorte — o falso profeta — serão lan çados no lago de fogo e de enxofre (Ap 19.20; 20.10). O Diabo e seus anjos também serão lançados ali (Mt 25.41; Ap 20.10). A morte mo rte e o inferno infern o também també m tiveram tiver am a mesma sorte; s orte; os dois foram também lançados no ardente lago de fogo e de enxo fre (1 (1 Co 15.26; Ap 20.14). Agora, na cena em foco, aparece o grande grand e trono branco, e os "homens ímpios" que se esqueceram de Deus ali serão julgado julg adoss e condenados conden ados à eterna destruição de struição (SI (SI 9.17). Esta destruição não significa significa "aniquilam "an iquilamento ento total da da alma", alm a", mas uma ação julgadora por parte de Deus. Estas almas, depois do juízo do grande trono branco, serão conduzidas para um lugar de so frimento frimen to e dor (Ap 20.15). 20.15). Esta não era, e ra, nem é, a vontade von tade de Deus manifestada para com os homens; mas eles escolheram este ca minho, que é o caminho da perdição. O Juízo Final e a justiça divina recairão sobre todos os atos dos homens. Ambos desobstruirão o caminho para o estado eterno, onde haverá "... novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2 Pe 3.13). De acordo com o Dr. C. I. Scofield, entre os muitos julgamentos da Bíblia, sete têm significação especial: •O julgamento dos pecados do crente na cruz de Cristo (Jo 13.31). Ele foi aí julgado e absolvido, porque Cristo, havendo levado os seus pecados sobre sobre a cruz, foi feito feito por Deus D eus justiça (1 Co 1.30). •O crente julgando-se a si mesmo, para não ser condenado com o mundo (1 Co 11.31). •O julgamento das obras dos salvos diante do tribunal de Cristo, logo após o arrebatamento da Igreja (Rm 14.10; 1 Co 3.12; 2 Co 5.10).
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• O julgamento das nações no vale de Josafá, na Parousia de Cristo com poder e grande glória (Mt 25.32ss). • O julgamento de Israel/ na volta de Cristo para estabelecer seu reino milenial (Ez 20 .33 ss; Mt 19.28). •O julgamento descrito por Paulo em 2 Timóteo 4.1, que se dará "... na sua vinda e no seu Reino [de Cristo ]".2 • O julgamento do grande trono branco, mencionado nesta seção (Ap 20.11-15). IV. Quem Será Julgado diante do Trono Branco — Algumas passagens das Escrituras deixam transparecer que haverá "um julgamento final" para os seres espirituais do mundo tenebroso, diante do trono branco. Ali serão julgados:
l2 Os anjos caídos (1 Co 6.3; 2 Pe 2.4; Jd 6; Ap 20.12). Paulo afirma que "havemos de julgar os anjos" (1 Co 6.3) E Pedro e Judas dizem que uma parte destes seres espirituais aguarda este julgamento "... em prisões eternas até o juízo daquele grande Dia" (2 Pe 2.4; Jd 6). Com efeito, os anjos que aqui estão em foco para serem julgados não devem ser entendidos como sendo os anjos de luz, mas sim, os anjos maus que, num passado distante, aderi ram à revolta de Satanás. 2 Os demônios. No que diz respeito ao julgamento dos de mônios algumas passagens bíblicas induzem-nos a tal pensamen to. Mateus 8.29; 2 Timóteo 4.1, etc., e outras passagens similares inferem talvez essa possibilidade. Os tais, quando se defronta ram com Jesus, sabiam que estavam diante do "Filho de Deus" — como eles mesmos o chamaram —, e perceberam ser Ele aquEle que um dia havia de prendê-los: "... Vieste aqui [na terra] atormentar-nos antes [do juízo?] do tempo?" (Mt 8.29b) Acreditamos que em Apocalipse 20.12 fica subentendido o julgamento dos tais espíritos, segundo as palavras do apóstolo João: "E vi os mortos, grandes [os anjos e demônios] e pequenos [os homens], que esta vam diante do trono..."
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3oO Diabo. Este não comparecerá ali, diante do trono bran co. Seu julgamento foi antecipado por Deus e realizado por Je sus, mesmo antes da cruz, quando disse: "... já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.11). Ele será lançado no lago de fogo mesmo antes do Juízo Final (Ap 20.10). 42 Os ímpios. Serão também lançados ali "Os ímpios... e to das as nações que se esquecem de Deus" (SI 9.17). 3. O Estado Eterno
Eternidade se define como aquilo que "é eterno quanto ao tempo". No Novo Testamento, o termo grego aiónios é usado prin cipalmente em conexão com a vida eterna. Em várias ocasiões, este termo denota o mesmo sentido (Mt 19.16,29; 25.46; Lc 10.25; Jo 3.15-16; Rm 2.7; 5.21; 1 Tm 1.16; Tt 1.2; 1 Jo 1.2; 2.25; 3.15; Jd 21). Nestas passagens, e em muitas outras, a verdadeira vida é a de Deus. Em outras ocasiões, a palavra indica e inclui: o tempo, as coisas e a própria existência em termos globais, e até mesmo a própria Trindade, tais como: • O fogo eterno (Jd 7); • A destruição eterna (2 Ts 1.9); • O juízo eterno (Hb 6.2); •A redenção eterna (Hb 9.12); •A herança eterna (Hb 9.15); •O pacto eterno (Hb 13.20); •A salvação eterna (Hb 5.9); • O Reino eterno (2 Pe 1.11); •O Deus eterno (Dt 32.27); •O Filho, "Pai da eternidade" (Is 9.6); •O Espírito eterno (Hb 9.14). Existe uma outra palavra, muito usada nos escritos clássicos, mas rara no Novo Testamento: aídios. Encontra-se registrada ape-
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nas duas vezes (Rm 1.20; Jd 6). Ela é usada mais comumente em inscrições, mas também significa "eterno". Trazendo em si a idéia de algo sem fim. As Escrituras, em vários de seus elementos doutrinários, apre sentam Deus como o Deus eterno, cuja vida não marca extensão. Em Deuteronômio 33.27, nos é dito que o Deus eterno é o nosso lugar de habitação e que seus braços eternos oferecem proteção e segurança ao seu povo. O profeta Isaías, em 57.15, descreve-o como aquEle que habita na eternidade, num alto e santo lugar. O Senhor não vive no tempo nem no espaço; o seu lugar de habitação e di mensão não é marcado com sentido algum de existência. Deus não precisa de lugar, porque, onde quer que Ele esteja, é o próprio lu gar! Com respeito à eternidade de Deus, o salmista afirma: "Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és Deus" (SI 90.2). Tal conceito envolve a idéia de eternidade, aplicada a de Deus, no sentido de sem fim, isto é, um Ser sem princípio e sem fim. I. O que É o Tempo e a Eternidade — Os filósofos e teólogos, com grande poder de imaginação, perguntam-se: "O que é o tem po?"; "O que é a eternidade?" Algumas vezes encontramos nas Escrituras a expressão "século dos séculos" com a idéia de eter nidade. Uma era, no grego, aeon ou aion, dá o sentido de ciclos futuros, que formarão a eternidade, tendo cada um desses ciclos seu próprio propósito. Este assunto permanece essencialmente misterioso para nós. Alguns acreditam que o tempo, conforme o conhecemos, na verdade, é circular, constituído por uma série de círculos, e que o tempo linear, sobre o qual agora falamos, consis te meramente nas séries de eventos que constituem o ciclo pre sente. A palavra "tem po" vem do latim, tempus, derivado do ter mo grego temno, que significa "cortar", "decepar". O tempo, nes te sentido, é aquilo que divide o dia em frações. E também pode mos conceber períodos de tempo mais diversos, como dias, se manas, meses, anos, décadas, séculos, milênios, eras e até mes-
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mo uma eternidade. Os termos gregos usados especificamente para indicar o tempo são chronos e aion. • O primeiro indica o tempo em geral,
• O segundo, longos período de tempo, como eras. Já o ad vérbio aiónios, no grego, significa "eterno", ou "de qualquer épo ca", sendo usado diversas vezes no Novo Testamento. II. A Divisão do Tempo — O tempo pode ser dividido em três partes:
• O tempo passado; • O tempo presente; • O tempo futuro. De acordo com este conceito de divisão do tempo, somente o tempo presente existe. O passado já não é e o futuro ainda não existe. Quer dizer, os tempos passado e futuro apenas existem em nossa imaginação. a. O tempo concreto (ou vivido) — E aquele que resulta do movimento vivido por cada ser. Na vida humana, por exemplo, esse tempo algumas vezes é suprimido pelas muitas ocupações. Sempre ouvimos alguém dizer: "Não tenho tempo". Assim, o tem po pode ser mais ou menos rápido, conforme a rapidez ou a len tidão do movimento vivido por nós. Durante o sono, por exem plo, o tempo quase desaparece, em conseqüência do relaxamen to da atividade psíquica (ou movimento psíquico). Na vida espi ritual abundante, isso pode ser elevado à terceira potência: "... pois passa rapidamente, e nós voamos" (SI 90.10b). De outras vezes, desde que a atividade é intensa, o tempo parece, ao con trário, precipitar-se. b. O tempo abstrato — É o tempo uniforme e vazio que nós representamos como uma linha, ao longo da qual se situam os acontecimentos do universo. Este é o tempo abstrato de que fala
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o profeta Isaías em 57.4: "De quem fazeis o vosso passatempo?" Mas, evidentemente, isso faz também parte do tempo abstrato "Tudo tem o seu tempo determinado..." (Ec 3.1a). Para facilitar o estudo da História, costuma-se estabelecer uma seqüência de acontecimentos no tempo, chamada cronologia ou linha do tem po. Hoje em dia, quase que no mundo inteiro, toma-se como ponto de partida o ano 1 do nascimento de Cristo. Todos os fatos histó ricos são datados em relação a esse marco, ou seja, distingue-se o que ocorreu "antes" do que se passou "depois" do nascimento de Cristo. Os fatos anteriores são contados no sentido inverso. Indicando sempre antes de Cristo (a.C.). Os fatos posteriores são contados em ordem crescente e são indicados como depois de Cristo (d.C.). O tempo objetivo — É o tempo resultante do movimento c. sobre si mesmo, e que foi tomado como unidade (um dia de vinte e quatro horas). Este tempo uniforme depende de nós, se bem que, sem um espírito que numere (ou meça) o movimento da terra, o tempo não existiria em ato, mas apenas em potência, no movimento da terra .3 III. Preparação para o Estado Eterno — Algumas perguntas são feitas neste sentido. Sempre se ouve alguém perguntando: "O que acontecerá com aqueles que sobreviverem ao Milênio ou que morrerem durante este período?" Existem opiniões diversificadas a este respeito entre os comentaristas. Alguns ar gumentam que será necessário sua morte e ressurreição como a de Jesus e dos santos por ocasião do arrebatamento. Outros, por sua vez, acreditam que estes indivíduos da era milenar seguirão a mesma trajetória dos santos da dispensação da graça. Os mor tos ressuscitarão por meio de Cristo, no final do Milênio. As difi culdades que se nos apresentam, neste contexto, é que em Apo calipse 20.13 apenas "o mar" aparece como guardião dos corpos dos homens; visto que "a morte e o inferno" são os guardiães das almas e espíritos daqueles que morreram. Estes dois — a morte e
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o inferno — foram lançados no lago de fogo. No entanto, não se fala de uma sentença de Deus sendo imposta sobre o mar. Na seção anterior, vemos que "a terra fugiu"; sendo talvez este o motivo de o escritor sagrado não mencioná-la mais aqui. Então aparece o mar que, de qualquer maneira, é apenas uma divisão na extensão de terra, também sustentado sobre uma porção de terra submersa. Anão ser que João tivesse em mente "o oceano primevo" dos tempos primordiais, quando as trevas e a deformação total cobriam a face do abismo (Gn 1.2). Mas tudo nos leva a crer que o mar, aqui no texto em foco, refere-se ao mar natural, ou seja, o ajuntamento das águas, ainda que seja citado fazendo parte de uma cena celestial. Aceitamos que este seja o sentido ordinário do que está escrito aqui. Diante do trono branco dar-se-á a ressurreição final. Ela é abrangente, incluindo os perdidos de todos os tempos e também os santos da era milenar. Jesus falou deste gênero de res surreição, dizendo: "Não vos maravilheis disto, porque vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação" (Jo 5.28,29). Vin dos da terra e do mar, os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida. Estes têm os seus nomes escritos no livro da vida; enquanto aqueles que fizeram o mal não foram achados escritos no livro da vida e ressuscitaram para a condenação. Existem pelo menos três expressões nas Escrituras, no que diz respeito à ressurreição: I a Ressurreição "de" mortos. Ela compreende: o filho da viú va de Sarepta, o filho da sunamita, o homem que tocou nos ossos de Eliseu, o filho da viúva de Naim, a filha de Jairo, Lázaro de Betânia, Tabita e Êutico (1 Rs 17.22; 2 Rs 4.35; 13.21; Lc 7.15; 8.55; Jo 11.44; At 9.40,41; 20.12). 2- Ressurreição "dentre" os mortos. Ela compreende: Cristo, os santos de Mateus 27.52-53, os do arrebatamento (1 Ts 4.16), as duas testemunhas e os mártires da Grande Tribulação (Ap 11.11; 20.4).
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3a Ressurreição dos mortos. Ela é abrangente a todos os que morreram sem Cristo. Mas parece que há uma exceção, e dela tam bém farão parte aqueles que morreram durante o Milênio, de acor do com Daniel 12.2 e daquilo que depreendemos do texto em foco. Com relação àqueles que não morreram durante a era milenar, mas chegaram vivos ao final do Milênio, poderemos depreender três pontos de vista importantes: Primeiramente, por ocasião do arrebatamento da Igreja, aque les que morreram em Cristo serão ressuscitados e os que permane cerem vivos nessa ocasião serão transformados. Paulo descreveu este acontecimento em sentido profético, para os coríntios e os tessalonicenses. Para os coríntios, ele diz o seguinte: "Eis aqui vos digo um mistério: Na verdade, nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ante a última trombeta; porque a trombeta soará, e os mortos ressus citarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque con vém que isto que é corruptível se revista da incorruptibilidade e que isto que é mortal se revista da imortalidade. E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então, cumprir-se-á a palavra que está es crita: Tragada foi a morte na vitória" (1 Co 15.51-54). Para os tessalonicenses: "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus mor reu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Se nhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor" (1 Ts 4.13-17). Ora, a suma do que temos lido e inter pretado aqui nestas duas passagens e em outras citações paralelas,
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por ocasião da vinda do Senhor para o arrebatamento da Igreja, é que os crentes que já morreram serão ressuscitados imediatamente ao ouvirem a voz poderosa do Filho de Deus. Haverá também, de imediato, a transformação logo após a ressurreição dos crentes mor tos. Estes crentes vivos, que serão transformados, somos nós, disse Paulo. E então "... seremos arrebatados juntamente com eles nas nu vens, a encontrar o Senhor nos ares..." Em segundo lugar, semelhante acontecimento suceder-se-á por ocasião do final da Grande Tribulação e a introdução do reino milenar de Cristo. Aqueles que morreram durante este período sombrio por causa palavra de Deus e do testemunho que deram ressuscitarão e viverão com Cristo durante mil anos. "E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a que foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela pa lavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos" (Ap 20.4). Estes mártires vistos aqui são os mesmos que João descreve no capítulo 6 de Apocalipse, por ocasião da abertura do sexto selo. Também devem ser identificados com aquela multidão que é descrita no capítulo 7 do mesmo livro. Ago ra, nesta seção, já no final da Grande Tribulação, eles ressuscitaram para ingressarem no reino milenar do Filho de Deus. No que diz respeito aos vivos que sobreviveram à Grande Tribulação, parece que eles não precisam passar por nenhuma transformação do corpo mortal para o corpo da imortalidade; mas apenas por uma espécie de seleção como novos cidadãos do reino milenar de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. Mt 25.31-46). Em terceiro lugar, antes do trono branco e do expurgo de céu e terra, novamente haverá uma transformação para aqueles que fiel mente serviram a Cristo durante o Milênio. Parece que a estes so breviventes deste período de glória não lhes será necessário morre rem, mas sim, serão apenas transformados para terem o direito de ingressar no estado eterno. Por sua vez, aqueles que morreram na esperança da redenção de Cristo, durante o milênio, ressuscitarão
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em um corpo de glória, isto é, um corpo espiritual com a natureza inerente, para viverem no reino eterno de Deus e de seu Filho Jesus Cristo (cf. Dn 12.2; Jo 5.25,28,29). Antes da criação do mundo, até do mundo angelical, somente existia o Deus Trino e Uno. Deus, o Pai, Jesus Cristo, o Filho, e o Espírito Santo coexistiam numa comunhão perfeita e coeterna. Não existia, portanto, nem os anjos nem os ho mens. Este período de tempo imemorável pode ser chamado de "eter nidade passada", para que possa ser entendido pela mente natural. Na eternidade futura, isto é, no estado eterno, serão agregados a este reino de luz, jünto ao Pai, o Filho e o Espírito Santo, os anjos e os homens que foram redimidos pelo sangue do Cordeiro! O propósi to de Deus durante o Milênio foi "... tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra" (Ef 1.10). Porém, todos estes efeitos benéficos continuarão como bênçãos em plenitu de para os filhos de Deus [sejam os anjos ou os homens] por toda a eternidade. Jesus falou acerca da eternidade usando várias expres sões que em si traziam o mesmo sentido. Em Marcos 10.30, Ele cha mou a eternidade de "século futuro" e, em Lucas 18.30, de "idade vindoura". Este período de glória sem fim será exercido já dentro dos limites dos "novos céus e nova terra, em que habita a justiça" (2 Pe 3.13b). O apóstolo Paulo, citando Isaías 64.4, falou deste perío do de glória interminável em tese para a Igreja da presente dispen sação da graça e, em sentido profético, para esta eternidade futura. Ele disse: "... As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam" (1 Co 2.9b). Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. Amém. 1Dr. C. I. Scofield. Scofielâ Reference Bible. 2 Ibid. 3 Ibid.
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