Meninges e ventrículos.
MENINGES E LIQUOR •
O tecido do SNC é muito delicado. Por esse motivo, apresenta um elaborado sistema de proteção que consiste de quatro estruturas: crânio, meninges, l íquido cerebrospinal (liquor) e barreira hematoencefálica. Será abordado nesta aula as meninges e o líquido cerebrespinhal, estruturas que envolvem o SNC e s ão de extrema importância para a defesa do nosso corpo.
MENINGES •
O sistema nervoso é envolto por membranas conjuntivas denominadas meninges que são classificadas como três: dura-máter, aracnoide e pia-máter. A aracnoide e a piamáter, que no embrião constituem um só folheto, são às vezes consideradas como uma só formação conhecida como a leptomeninge; e a dura-máter que é mais espessa é conhecida como paquimeninge.
Dura-máter •
É a meninge mais superficial, espessa e resistente, formada por tecido conjuntivo muito rico em fibras colágenas, contendo nervos e vasos.
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É formada por dois folhetos: um externo e um interno. O folheto externo adere intimamente aos ossos do crânio e se comporta como um periósteo destes ossos, mas sem capacidade osteogênica (nas fraturas cranianas dificulta a formação de um calo ósseo).
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Em virtude da aderência da dura-máter aos ossos do crânio, não existe, no crânio, um espaço epidural como na medula. No encéfalo, a principal a rtéria que irriga a duramáter é a artéria meníngea média, ramo da artéria maxilar.
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A dura-máter, ao contrário das outras meninges, é ricamente inervada. Como o encéfalo não possui terminações nervosas sensitivas, toda ou qualquer sensibilidade intracraniana se localiza na dura-máter, que é responsável pela maioria das dores de cabeça.
Pregas da Dura-máter Em algumas áreas o folheto interno da dura-máter destaca-se do externo para formar pregas que dividem a cavidade craniana em compartimentos que se comunicam amplamente. As principais pregas são: Foice do Cérebro; Tenda do Cerebelo; Foice do Cerebelo; • • • •
Diafragma da Sela.
Foice do Cérebro •
É um septo vertical mediano em forma de foice que ocupa a fissura longitudinal do cérebro, separando os dois hemisférios.
Tenda do Cerebelo •
Projeta-se para diante como um septo transversal entre os lobos occipitais e o cerebelo. A tenda do cerebelo separa a fossa posterior da fossa média do crânio, dividindo a cavidade craniana em um compartimento superior, ou supratentorial, e outro inferior, ou infratentorial. A borda anterior livre da tenda do cerebelo, denominada incisura da tenda, ajusta-se ao mesencéfalo.
Foice do Cerebelo •
Pequeno septo vertical mediano, situado abaixo da tenda do cerebelo entre os dois hemisférios cerebelares.
Diafragma da Sela
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Pequena lâmina horizontal que fecha superiormente a sela túrcica, deixando apenas um orifício de passagem para a haste hipofisára.
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Cavidades da dura-máter: em determinada área, os dois folhetos da dura-máter do encéfalo separam-se delimitando cavidades. Uma delas é o cavo trigeminal, que contém o gânglio trigeminal.
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Outras cavidades são revestidas de endotélio e contém sangue, constituído os seios da dura-máter, que se dispõem principalmente ao longo da inserção das pregas da duramáter.
Aracnoide •
É uma membrana muito delgada, justaposta à dura-máter, da qual se separa por um espaço virtual, o espaço subdural, contendo uma pequena quantidade de líquido necessário á lubrificação das superfícies de contato das membranas.
Aracnoide •
A aracnoide separa-se da pia-máter pelo espaço subaracnoideo que contem liquor, havendo grande comunicação entre os espaços subaracnoideos do encéfalo e da medula.
Aracnoide •
Considera-se também como pertencendo à aracnoide, trabéculas que atravessamaso delicadas espaço para ligar à pia-máter, e que são denominados de trabéculas aracnoides. Estas trabéculas lembram, um aspecto de teias de aranha donde vem o nome aracnoide.
Cisternas Subaracnoideas •
A aracnoide justapõe-se à dura-máter e ambas acompanham apenas grosseiramente o encéfalo e a sua superfície. A pia-máter adere intimamente a esta superfície que acompanha os giros, os sulcos e depressões.
Cisternas Subaracnoideas •
Deste modo, a distância entre as duas membranas, ou seja, a profundidade do espaço subaracnoideo é muito variável, sendo muito pequena nos giros e grande nas áreas onde parte do encéfalo se afasta da parede craniana.
Cisternas Subaracnoideas •
Forma-se assim nestas áreas, dilatações do espaço subaracnoideo, as cisternas subaracnoideas, que contém uma grande quantidade de liquor.
As cisternas mais importantes são as seguintes: •
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Cisterna Magna; Cisterna Pontina;uncular; Cisterna Interped Cisterna Quiasmática; Cisterna Superior; Cisterna da Fossa Lateral do Cérebro.
Cisterna Magna •
Ocupa o espaço entre a face inferior do cerebelo e a face dorsal do bulbo e do tecto do III ventrículo. Continua caudalmente com o espaço subaracnoideo da medula e liga-se ao IV ventrículo através da abertura mediana. A cisterna magna é a maior e mais importante, sendo às vezes utilizada para obtenção de liquor através de punções.
Cisterna Pontina
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Situada ventralmente a ponte.
Cisterna Interpeduncular •
Localizada na fossa interpeduncular.
Cisterna Quiasmática •
Situada diante o quiasma óptico.
Cisterna Superior •
Situada dorsalmente ao tecto mesencefálico, entre o cerebelo e o esplênio do corpo caloso. A cisterna superior corresponde, pelo menos em parte, à cisterna ambiens, termo usado pelos clínicos.
Cisterna da Fossa Lateral do Cérebro •
Corresponde à depressão formada pelo sulco lateral de cada hemisfério.
Granulações Aracnoides •
Em alguns pontos da aracnoide, formam-se pequenos tufos que penetram no interior dos seios da dura-máter, constituindo as granulações aracnoideas, mais abundantes no seio sagital superior.
Granulações Aracnoides •
As granulações aracnoideas levam pequenos prolongamentos do espaço subaracnoideo, verdadeiros divertículos deste espaço, nos quais o liquor está separado do sangue apenas pelo endotélio do seio e uma delgada camada de aracnoide. São estruturas admiravelmente adaptadas à absorção do liquor, que neste ponto, vai para o sangue.
Pia-máter •
É a mais interna das meninges, aderindo intimamente à superfície do encéfalo e da medula, cujos relevos e depressões acompanham até o fundo dos sulcos cerebrais. Sua porção mais profunda recebe numerosos prolongamentos dos astrócitos do tecido nervoso, constituindo assim a membrana pio -glial.
Pia-máter •
A pia-máter dá resistência aos órgãos nervosos, pois o tecido nervoso é de consistência muito mole. A pia-máter acompanha os vasos que penetram no tecido nervoso a partir do espaço subaracnoideo, formando a parede externa dos espaços perivasculares.
Pia-máter •
Neste espaço existem prolongamentos do espaço subaracnoideo, contendo liquor, que forma um manguito protetor em torno dos vasos, muito importante para amortecer o efeito da pulsação das artérias sobre o tecido circunvizinho.
Pia-máter •
Verificou-se que os espaços perivasculares acompanham os vasos mais calibrosos até uma pequena distância e terminam por fusão da pia com a adventícia do vaso. As pequenas arteríolas são envolvidas até o nível capilar por pré-vasculares dos astrócitos do tecido nervoso.
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O espaço extradural ou epidural normalmente não é um espaço real mas apenas um espaço potencial entre os ossos do crânio e a camada periosteal externa da dura-máter. Torna-se um espaço real apenas patologicamente, por exemplo, no hematoma extradural.
LÍQUOR •
É um fluido aquoso e incolor que ocupa o espaço subaracnoideo e as cavidades ventriculares. A são função primordial é proteção mecânica do sistema nervoso central.
Formação, Absorção e Circulação do Líquor
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Sabe-se hoje em dia que o líquor é produzido nos plexos corioides dos ventrículos e também que uma pequena porção é produzida a partir do epêndima das paredes ventriculares e dos vasos da leptomeninge.
Formação, Absorção e Circulação do Líquor •
Existem plexos corioi des nos ventrículos, como já vimos anteriormente, e os ventrículos laterais contribuem com maior contingente liquórico, que passa ao III ventrículo através dos forames interventriculares e daí para o IV ventrículo através do aqueduto cerebral.
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Através das aberturas medianas e laterais do IV ventrículo, o, líquor para o espaço subaracnoideo sendo passa reabsorvido principalmente pelas granulações aracnoideas que se projetam para o interior da dura-máter.
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Como essas granulações predominam no eixo sagital superior, a circulação do líquor se faz de baixo para cima, devendo atravessar o espaço entre a incisura da tenda e o mesencéfalo.
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No espaço subaracnoideo da medula, o líquor desce em direção caudal, mas apenas uma parte volta, pois reabsorção liquórica ocorre nas pequenas granulações aracnoideas existentes nos prolongamentos da duramáter que acompanham as raízes dos nervos espinhais.
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A circulação do líquor é extremamente lenta e são ainda discutidos os fatores que a determinam. Sem dúvida, a produção do líquor em uma extremidade e a sua absorção em outra já são o suficiente para causar sua movimentação.
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Um outro fator é a pulsação das artérias intracranianas, que, cada sístole, aumenta a pressão liquórica, possivelmente contribuindo para empurrar o líquor através das granulações aracnoideas.
Os Ventrículos Encefálicos
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Nós temos água no cérebro e na medula espinhal. Por que? Primeiro, para sustentálos e amortece-los contra choques. Segundo, para "limpar" resíduos do metabolismo, drogas e outras substâncias que se difundem no cérebro através do sangue, além de servir como meio de difusão de células de defesa imunológica e de anticorpos. Terceiro, para nutrir o epêndima e estruturas periventriculares.
EPÊNDIMA •
É uma membrana delgada que reveste os ventrículos cerebrais e o canal central da medula espinhal. As células ependimárias têm srcem o revestimento interno do tubo neural embrionário.
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O fluído do cérebro é chamado de líquido céfaloraquidiano (líquor) ou fluído cérebroespinhal. O líquor é um líquido claro, com pequenas quantidades de proteína, potássio, glicose e cloreto de sódio.
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Se o crânio for subitamente deslocado, a densidade do líquor serve para reduzir o impacto entre o encéfalo e os os sos do crânio, reduzindo por meio disso, danos concussivos. Se o cérebro ou os vasos sanguíneos que o irrigam aumentam de volume, o líquor é drenado e diminui a pressão intracraniana, para manter o volume constante.
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O crânio é como uma "caixa rígida". Quando a pressão intracraniana é aumentada (por injúria ou hidrocefalia), o crânio se torna excessivamente tecido cerebral inchado,preenchido sangue, oucom líquor e pode aumentar a pressão sobre o tecido cerebral. A pressão intracraniana aumentada pode causar mudanças nas respostas dos pacientes incluindo agitação, confusão, resposta diminuída, e coma.
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O líquor circula no cérebro e medula espinhal através de cavidades especiais que constituem o chamado sistema ventricular (do termo em latim venter, cavidade). As cavidades são designadas como dois ventrículos laterais, o terceiro ventrículo e o quarto ventrículo.
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Comunicando os ventrículos laterais com o terceiro ventrículo encontram-se os forames ventriculares (um em cada hemisfério cerebral), enquanto o aqueduto de Sylvius comunica o terceiro ventrículo, situado no diencéfalo, com o quarto ventrículo, situado no rombencéfalo. Em cada uma das quatro cavidades ventriculares evagina-se um plexo vascular, responsável pela produção do líquor (o plexo coroide).
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Os ventrículos laterais invadem os lobos frontal, temporal e occipital. Por isso, são considerados em cada ventrículo, três cornos: um anterior ou frontal, outro posterior ou occipital e, finalmente, o inferior ou temporal.
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Cada ventrículo contém o plexo coroide (tecido especializado dos ventrículos) que produz o líquor.
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Se houver uma obstrução em determinado ponto, o líquor s e acumula e comprime o tecido nervoso vizinho de encontro à caixa craniana que o protege. Originam-se assi m, casos de hidrocefalia, com sér ios prejuízos das funções cerebrais.
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As cavidades ventriculares ficam excessivamente amplas, devido à estagnação do líquido em seu interior. Com isso, aumenta a pressão intracraniana.
Ventrículo Lateral •
Os dois ventrículos laterais são os maiores de todos os ventrículos do cérebro.Seu formato é irregular. Cada um consiste de uma parte central, com cornos (horn) anterior, posterior e inferior.
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O plexo coroide (choroid plexus) do ventrículo lateral, é uma evaginação de vasos envolvidos pela pia-máter projetando-se na cavidade ventricular e cobertos pela camada epitelial de srcem ependimal.
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Um processo triangular de pia-máter projetando-se para cima dentro do ventrículo lateral cobre a borda lateral do fórnix e é conhecida como tela coroidea.
Terceiro Ventrículo •
O terceiro ventrículo (3rd ventricle) é uma estreita fenda vertical situada no diencéfalo. Ele possui um teto, um assoalho e quatro paredes: duas laterais, uma anterior e outra posterior.
Terceiro Ventrículo •
O assoalho é formado pelo quiasma óptico, tuber cinereum e infundibulum, corpos mamilares, substância perforante posterior e parte superior do tegmento mesencefálico. A parede anterior é a delicada lâmina terminal. A pequena parede posterior é formada pela haste da glândula pineal e comissura habenular.
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O teto do terceiro ventrículo é formado por uma fina camada de epêndima. As paredes laterais são formadas principalmente pela superfície medial dos dois tálamos. A parede lateral inferior e o assoalho do ventrículo são formados pelo hipotálamo.
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A massa intermédia é uma região de matéria cinzenta que cruza a cavidade do ventrículo juntando as paredes internas. As seguintes estruturas podem ser encontradas no assoalho do terceiro ventrículo (da terminação anterior a posterior): quiasma óptico, infundibulum, tuber cinereum, corpos mamilares e subtálamo.
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Três aberturas se comunicam com o terceiro ventrículo: Os dois foramens ventriculares na terminação anterior se comunicam com os ventrículos laterais, e o aqueduto cerebral (de Sylvius) se abre na terminação caudal do terceiro ventrículo.
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O foramen interventricular (forame de Monro) é uma abertura oval entre a coluna do fórnix e a terminação anterior do tálamo através da qual os ventrículos laterais se comunicam com o terceiro ventrículo.
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O terceiro ventrículo também se comunica com o quarto ventrículo através do aqueduto cerebral. A pequena adesão intertalâmica (massa intermédia) atua como ponte do estrito espaço ventricular.
Quarto Ventriculo •
O quarto ventrículo (4rd ventricle) é uma cavidade localizada posteriormente à ponte, à metade superior do bulbo, e anteriormente ao cerebelo. Ele é contínuo com o aqueduto cerebral(mesencefálico, ou de Sylvius) acima, e o canal central da medula espinhalna metade superior do bulbo.
Quarto Ventriculo •
Em cada lado, um estreito prolongamento, o recesso lateral, projeta-se ao redor do tronco encefálico; sua abertura lateral (foramen de Luschka) encontra-se abaixo do flóculo cerebelar. Uma outra abertura mediana, que comunica o quarto ventrículo com o espaço subaracnóide, recebe o nome de forame de Magendie.
Quarto Ventriculo •
O IV ventrículo tem bordas laterais, um assoalho e um teto. As bordas laterais são formadas de cada lado do pedúnculo cerebelar superior e inferior, e tubérculos grácil e cuneato.
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Teto do quarto ventrículo- Formado por uma fina lâmina de matéria branca. Abaixo está uma abertura mediana (foramen of Magendie); o fluido cérebro-espinhal flui através dessa abertura e aberturas laterais para dentro do espaço subaracnoide.
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Pelo fato dessas serem as únicas comunicações entre espaçospode ventricular es e subaracnóideo, seuosbloqueio produzir um tipo específico de hidrocefalia.
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O assoalho do IV ventrículo, também conhecido como fossa romboide, é formado pela superfície dorsal da ponte e bulbo.
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O aqueduto cerebral é um estreito canal conectando o terceiro e o quarto ventrículos. Ele tem 1.5 cm de comprimento e 1-2 mm de largura. Seu assoalho é formado pelo tegmento do mesencéfalo. Seu teto consiste dos corpos quadrigêmios do mesencéfalo e comissura posterior.
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A tela coroidea é uma camada de pia-máter de grande vascularidade que se invagina próxima ao plano mediano dentro da cavidade do quarto ventrículo para formar o plexo coroide do quarto ventrículo. Achados anatômicos indicam que a média normal do sistema ventricular tem a capacidade de menos de 16 ml.