Otto Maria CARPEAUX 2001 [1958]
O Livro de Ouro da História da Música: da idade média ao século XX .
Rio de Janeiro: Ediouro. ( a. Edi!"o#
C AP A P Í T U L O 1
As Origens A
brindo qualquer história da música, o leitor encontrará alguns ca!tulos introdutórios sobre a arte musical dos chineses, dos indianos, dos o"os do Oriente antigo# deois, discuss$es mais ou menos ormenori%adas sobre a teoria e os &ragmentos e'istentes da antiga música grega# en&im, descri()o laboriosa do desen"ol"imento da oli&onia "ocal, at* seu aer&ei(oamento no s*culo +-. /ada ou muito ouco de tudo aquil o constará do resente ca!tulo. Con&orme os conceitos e'ostos na 0'lica()o Pr*"ia deste li"ro, n)o nos ocuará a música dos orientais nem a dos gregos antigos. Por o utro lado, a e'osi()o das origens da nossa música &icará redu%ida a oucas obser"a($es introdutórias. Pois nosso assunto só * a música que "i"e hoe. /ossa literatura, nossas artes lásticas, nossa &iloso&ia seriam incomreens!"eis sem o conhecimento dos seus &undamentos greco2romanos. 3as n)o acontece o mesmo com a nossa música. 0sse roduto aut4nomo da ci"ili%a() o ocidental moderna n)o tem suas origens na Antig5idade que se costuma chamar clássica. 6uando muito, alguns germes da e"olu()o osterior &icam escondidos num outro &en4meno musical, 7 maneira de documentos seultados nos &undamentos de uma catedral ou uma constru()o multissecular. 0sse &en4meno, de imort8ncia realmente &undamental, * o coral gregoriano, o cantoch)o, o canto litúrgico da grea 9omana 1. :em dú"ida, escondem2se nas melodias do cantoch)o &ragmentos dos hinos cantados nos temlos gregos e dos salmos que acomanha"am o culto no temlo de ;erusal*m. /)o odemos, or*m, areciar a roor()o em que esses elementos entraram no cantoch)o. Tamouco nos auda, ara tanto, o estudo das liturgias que recederam a re&orma do canto eclesiástico elo aa
?@ B@D, concedeu es*cie de monoólio na grea 9omanai. O coral gregoriano n)o * obra do grande aa. A atribui()o a ele só data de EFG =;ohannes HiaconusD. 0nt)o, o que se canta"a na :chola Cantorum de 9oma á n)o era e'atamente o mesmo como no &im do s*culo -. O cantoch)o so&reu, durante os muitos s*culos de sua e'istIncia, numerosas modi&ica($es, quase semre ara o ior. Aos monges do mosteiro de :olesmes e a outros benem*ritos da Ordem de :)o Jento de"e2 se, or*m, em nosso temo, o restabelecimento dos te'tos originais. :)o estas as 1
P. Kagner, Einfuehrurgindie Gregorianischen Melodien, Melodien, G "ols., reiburg, 1?111?M1. ;. P. :chmit, Geschichte des Gregorianischen Choralgesanges, Choralgesanges, Trier, 1?>M.
melodias litúrgicas que se cantam, diariamente, em :olesmes e e m Jeuron, em 3aria Laach e em Cler"eau' e em todos os con"entos beneditinos do -elho 3undo e do /o"o# e se cantar)o, eseramos, at* a consuma()o dos s*culos. N a mais antiga música ainda em uso. As qualidades caracter!sticas do coral gregoriano s)o a inesgotá"el inesgotá"el rique%a melódica, o ritmo uramente rosódico, subordinado ao te'to, disensando a seara()o dos comassos elo risco, e a rigorosa homo&onia o cantoch)o, or mais numeroso que sea o coro que o e'ecuta, semre * cantado e m un!ssono, a uma "o%. /ossa música, or*m, * muito menos rica em mat*ria melódica# rocede rigorosamente con&orme o ritmo rescrito# e, a n)o ser a música mais simles ara uso oular ou das crian(as, semre se caracteri%a ela di"ersidade das "o%es, seam lin has melódicas oli&onicamente coordenadas, seam acordes que acomanham uma "o% rincial. /ossa música *, em todos os seus elementos, &undamentalmente di&erente do cantoch)o, que arece ertencer a um outro mundo. 9ealmente ertence, histórica como teologicamente, a um outro mundo * a música dos c*us e de um assado imensamente remoto. Outra &or(a sub"ersi"aQ &oi a resen(a da música ro&ana a oesia l!rica aristocrática dos troubadours, troubadours, cantada nos castelos, e a oesia l!rica oular, cantada nas aldeias. Uma can()o oular inglesa, guardada num manuscrito do come(o do s*culo +, o Cuckoo-Song =Sumer is icumen in...D, in... D, * um c8none a seis "o%es, isto *, as seis "o%es entram sucessi"amente, 7 dist8ncia de oucos comassos, com a mesma melodia. 0"identemente ha"ia mais outras can($es assim ao cantoch)o gregoriano, rigorosamente homó&ono, o$e o o"o a oli&onia# e esta entrará nas igreas. Aquele c8none *, n)o or acaso, uma can()o de "er)o. Assim como nos c*lebres murais do Camo :anto de Pisa os eremitas e ascetas saem dos seus cub!culos ara resirar um ar di&erente, assim come(a tamb*m na música contemor8nea o "er)o da alta dade 3*diaii. 0ssa música &oi, mais tarde, chamada de ars antiqua. antiqua. 3as antigaQ ela só * em rela()o a outra, osterior a ars nova. nova. /o s*culo +, ars antiqua era antiqua era no"a# * a a rte que ertence 7 chamada 9enascen(a do s*culo +Q, &lorescimento das cidades e constru()o das catedrais, "ida no"a nas uni"ersidades, tradu()o de Aristóteles e de escritos árabes ara o latim e elabora()o da grande s!ntese &ilosó&ica de santo Tomás de Aquino. Rou"e, dentro do coral gregoriano, o germe de uma e"olu()o a contradi()o entre a obriga()o de acomanhar &ielmente o te'to litúrgico, 7 maneira de recitati"o, e, or outro lado, a resen(a de t)o rica mat*ria melódica, os melismasQ que se estendem longamente quase como coloraturas, sem considera()o do "alor da ala"ra. 0ssa contradi()o le"aria 7 di"is)o das "o%es u ma, recitando o te'to# outra, ornando2o melodicamente. :)o essas as origens das rimeiras tentati"as de música oli&4nica, do Organum e Organum e do Discantus, Discantus, detidamente estudados e descritos elos historiadores# mas n)o nos reocuar)o. Os rimeiros te'tos da ars antiqua &oram antiqua &oram encontrados na biblioteca da igrea de :aint2 3artial, em Limoges. 3as o desen"ol"imento dessa no"a arte reali%ou2se na :chola Cantorum da catedral de /otre2Hame de Paris. 9egistra2se a ati"idade de um magister Leoninus. 3as o grande nome da ars antiqua * antiqua * seu disc!ulo e sucessor na dire()o daquela escola arisiense or "olta de 1M@@, o magister P09OT/U:# P09OT/U:# na história da nossa música, * o rimeiro comositor que sai da obscuridade do anonimato. -árias obras de Perotinus encontram2se no manuscrito R1?B da biblioteca da aculdade de 3edicina de 3ontellier e no Antihonarium A ntihonarium de 3ediceum da Jiblioteca Lauren%iana em
melodias litúrgicas que se cantam, diariamente, em :olesmes e e m Jeuron, em 3aria Laach e em Cler"eau' e em todos os con"entos beneditinos do -elho 3undo e do /o"o# e se cantar)o, eseramos, at* a consuma()o dos s*culos. N a mais antiga música ainda em uso. As qualidades caracter!sticas do coral gregoriano s)o a inesgotá"el inesgotá"el rique%a melódica, o ritmo uramente rosódico, subordinado ao te'to, disensando a seara()o dos comassos elo risco, e a rigorosa homo&onia o cantoch)o, or mais numeroso que sea o coro que o e'ecuta, semre * cantado e m un!ssono, a uma "o%. /ossa música, or*m, * muito menos rica em mat*ria melódica# rocede rigorosamente con&orme o ritmo rescrito# e, a n)o ser a música mais simles ara uso oular ou das crian(as, semre se caracteri%a ela di"ersidade das "o%es, seam lin has melódicas oli&onicamente coordenadas, seam acordes que acomanham uma "o% rincial. /ossa música *, em todos os seus elementos, &undamentalmente di&erente do cantoch)o, que arece ertencer a um outro mundo. 9ealmente ertence, histórica como teologicamente, a um outro mundo * a música dos c*us e de um assado imensamente remoto. Outra &or(a sub"ersi"aQ &oi a resen(a da música ro&ana a oesia l!rica aristocrática dos troubadours, troubadours, cantada nos castelos, e a oesia l!rica oular, cantada nas aldeias. Uma can()o oular inglesa, guardada num manuscrito do come(o do s*culo +, o Cuckoo-Song =Sumer is icumen in...D, in... D, * um c8none a seis "o%es, isto *, as seis "o%es entram sucessi"amente, 7 dist8ncia de oucos comassos, com a mesma melodia. 0"identemente ha"ia mais outras can($es assim ao cantoch)o gregoriano, rigorosamente homó&ono, o$e o o"o a oli&onia# e esta entrará nas igreas. Aquele c8none *, n)o or acaso, uma can()o de "er)o. Assim como nos c*lebres murais do Camo :anto de Pisa os eremitas e ascetas saem dos seus cub!culos ara resirar um ar di&erente, assim come(a tamb*m na música contemor8nea o "er)o da alta dade 3*diaii. 0ssa música &oi, mais tarde, chamada de ars antiqua. antiqua. 3as antigaQ ela só * em rela()o a outra, osterior a ars nova. nova. /o s*culo +, ars antiqua era antiqua era no"a# * a a rte que ertence 7 chamada 9enascen(a do s*culo +Q, &lorescimento das cidades e constru()o das catedrais, "ida no"a nas uni"ersidades, tradu()o de Aristóteles e de escritos árabes ara o latim e elabora()o da grande s!ntese &ilosó&ica de santo Tomás de Aquino. Rou"e, dentro do coral gregoriano, o germe de uma e"olu()o a contradi()o entre a obriga()o de acomanhar &ielmente o te'to litúrgico, 7 maneira de recitati"o, e, or outro lado, a resen(a de t)o rica mat*ria melódica, os melismasQ que se estendem longamente quase como coloraturas, sem considera()o do "alor da ala"ra. 0ssa contradi()o le"aria 7 di"is)o das "o%es u ma, recitando o te'to# outra, ornando2o melodicamente. :)o essas as origens das rimeiras tentati"as de música oli&4nica, do Organum e Organum e do Discantus, Discantus, detidamente estudados e descritos elos historiadores# mas n)o nos reocuar)o. Os rimeiros te'tos da ars antiqua &oram antiqua &oram encontrados na biblioteca da igrea de :aint2 3artial, em Limoges. 3as o desen"ol"imento dessa no"a arte reali%ou2se na :chola Cantorum da catedral de /otre2Hame de Paris. 9egistra2se a ati"idade de um magister Leoninus. 3as o grande nome da ars antiqua * antiqua * seu disc!ulo e sucessor na dire()o daquela escola arisiense or "olta de 1M@@, o magister P09OT/U:# P09OT/U:# na história da nossa música, * o rimeiro comositor que sai da obscuridade do anonimato. -árias obras de Perotinus encontram2se no manuscrito R1?B da biblioteca da aculdade de 3edicina de 3ontellier e no Antihonarium A ntihonarium de 3ediceum da Jiblioteca Lauren%iana em
loren(a. :)o obras de uma oli&onia rudimentar, blocos sonoros rudes como as edras nas &achadas rom8nicas de catedrais que mais tardes &oram continuadas em estilo gótico. A imress)o ode ser descrita como maestosamente ocaQ. A liga()o rigorosa da segunda "o% 7 melodia gregoriana n)o ermite a di"ersidade r!tmica. Algumas dessas e(as curtas, Quis tibi Christe e Christe e Sederunt !rinci!es, !rinci!es, &orma modernamente gra"adas em iii discos . O imobilismoQ da ars antiqua e'lica2se antiqua e'lica2se insu&iciIncia do sistema de nota()o, atribu!do ao monge
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A Polifonia Polifonia Vocal O OUTO/O HA HAH0 3NHA
A
rimeira grande *oca da música ocidental, a da oli&onia "ocal, costuma ser chamada medie"alQ. 3as esse adeti"o n)o * e'ato. 3edie"al * a ars antiqua. antiqua. 3edie"al * a ars nova. nova. 3as as obras &undamentais sobre aquela grande *oca 1 tratam tamb*m e sobretudo de ;osquin des Prs e de Orlandus Lassus, de Palestrina, -ictoria e dos dois
K. Ambros, Geschichte der Musik , G "ols., Jreslau, 1EBM1EEM. =/o"a edi()o, comletada or R. Leichtentritt, Lei%ig, 1?@?.D R. Jesseler, Die Musik des Mittelalters und der (enaissance, (enaissance , Potsdam, 1EME. A. Pirro, )istoire de la musique de la fin de *+, oe. sicle la fun du *, e. sicle, sicle, Paris, 1?@.
*oca osterior. A escritura * rigorosamente linearQ, hori%ontalQ, isto *, as "o%es rocedem com indeendIncia =enquanto na música modernaQ se sucedem acordes, colunas "erticaisQ de sonsD. N essa indeendIncia das "o%es que, quando coincidem eu&onicamente, rodu% a imress)o de coros ang*licos. 3as como temas musicais, que d)o os nomes 7s missas dos comositores, ser"em can($es oulares da *oca /0homme arm1, Malheur me bat , 2ortuna des!erata..., Se la face... can($es eróticas e at* obscenas. 0sse oulismoQ n)o ilude. /)o se trata de arte oular. /as cidades &lamengas e &rancesas está em lena decomosi()o o cororati"ismo medie"al. Os mestres &lamengosQ n)o s)o artes)os. :)o cientistas da música, e'ercendo uma arte que só o músico ro&issional * caa% de e'ecutar e comreender. As incr!"eis artes contraont!sticas de escre"er em at* GB e mais "o%es indeendentes, de in"ers)o e rein"ers)o de temas, em escritura de eselhoQ, em asso de carangueoQ, nem semre arecem destinadas ao ou"ido# a comle'idade da constru()o só se re"ela na leitura. N música que menos se dirige aos sensos do que 7 inteligIncia. N arte abstrata. O mar que banha aquela regi)o &ranco2&lamenga * o canal da 3ancha. Ho outro lado da 3ancha, do a!s do c8none Sumer is icumen in, "eio o rimeiro grande contraontista, o inglIs ;ohn Hunstable =c. 1GF@1G>D, ao qual á se atribui maior liberdade de in"en()o que aos mestres da ars nova# que os leitores ulguem con&orme seu motete Quam !ulcra es, que &oi gra"ado em disco ". Hunstable este"e esquecido durante s*culos. 3as em seu temo assa"a or comositor de grande categoria e mestre dos mestres &lamengosQ. O rimeiro "erdadeiro &lamengoQ * DM, maestro da caela da catedral de Antu*ria e, deois, na corte do rei da ran(a. Parece ter sido um grande ro&essor# deois da sua morte, todos os músicos em osi($es de resonsabilidade, na J*lgica, ran(a e tália, dedicaram elegias 7 sua memória# &amosa * a D1!loration d0Ockeguem, de ;osquin Hes Prs. 0logiaram2lhe, sobretudo a Missa cuiusvis toni , que ode ser transosta ara todas as tonalidades, e o motete Deo gratias, ara nada menos que GB "o%es. oi um mestre de arti&!cios eruditos, de irregularidades ineseradas, de solu($es no"as. :ua música nos imressiona como sendo ainda mais arcaica que a dos Hunstable e Hu&aS, dir2se2ia mais gótica# a&inal, &oi ele que regia o coro naquele milagre de arquitetura gótica que * a :aint2Chaelle em Paris"ii. Chegamos a sentir mais "i"amente com a arte de ;aob Obrecht =c. 1G@1>@>D, regente de coro na catedral de Utrecht e, deois, na corte do duque 0rcole dX0ste, em 1
Ch. ". d. Jorren, Guillaume Dufa% , Jru'elas, 1?M>. L. de Jurbute, 3an Ockeghem, Antu*ria, 1E>G. 3. Jrenet, Musique et musiciens de la vielle 2rance, Paris 1?11. ;. Plamenac, 3ean Ockeghem, Paris 1?M>. M
errara. :ua missa 2ortuna des!erata * obra que realmente lembra os -an 0Sc# 7 arquitetura em torno do altar corresonderia seu gigantesco motete Salve cru4 arbor vitae, uma catedral sonora em gótico flambo%ant "iii . 3as n)o con"*m e'agerar. Toda essa música dos Hu&aS, Oceghem, Obrecht só tem interesse histórico. /)o oderá se re"i"i&icada. O rimeiro mestre ainda "i"oQ da história da música ocidental * ;osquin. ;osquin H0: P9Y: =c. 1>@1>M1D1 *, na música, o reresentante do Quattrocento. A historiogra&ia rom8ntica, con&undindo as di"ersas &ases da 9enascen(a, gosta"a de comará2lo a 9a&aelo, a Andr*a del :a rto, a Correggio, comara($es que se encontram em escritos musicológicos da rimeira metade do s*culo ++, em *tis e em Ambros. 3as ;osquin n)o tem nada de italiano# sua 9enascen(a * nórdica, a das cidades de landres,
0di()o das obras comletas or A. :miers, 1?M1 e seguintes. . de 3*nil, 3osquin Des 5rs, Paris 1E??. A. :chering, Die niederlaendische Orgelmesse im 9eitalter des 3osquin Des 5rs, Lei%ig, 1?1M. O. Ursrung, ;osquin Hes PrsQ, in &ulletin de l08nion Musicologique, 1?MB.
de ;osquin# e"in, La 9ue, @>1>E>D, comositor insular que ainda culti"a o estilo de ;osquin quando á o tinham abandonado no continente euroeu. 3as á s)o alestrinianas suas imonentes /amentationes 3eremiae. :eu motete S!em in alium e o Miserere =@ "o%esD s)o imensas constru($es góticas, edras de toque, at* hoe, ara a arte de cantar a caela dos coros ingleses '. 90/A:C0/ZA 0 90O93A 9enascen(a e 9e&orma s)o mo"imentos antag4nicos, na música assim como os outros setores da "ida. /)o * oss!"el de&ini2los em termos musicais, orque o no"o s*culo n)o signi&ica, or enquanto, mudan(a de estilo continua2se a escre"er em estilo &lamengoQ# mas o centro desloca2se ara outras regi$es, a ran(a, a Alemanha, a tália, a nglaterra. Tamb*m se nota uma di&eren(a de nature%a social nos a!ses que continuam &i*is 7 &* romana, a música sai, mais que antes, do recinto das igreas ara encher a "ida da sociedade aristocrática# nos a!ses que aderem 7 9e&orma, a música retira2se, rincialmente, ara a igrea, adatando2se 7s &ormas mais simles da de"o()o do o"o. A regi)o &ranco2&lamenga &oi o &oco de irradia()o da música renascentista ara onde ha"ia sociedades aristocráticas que continua"am &i*is ao credo de 9oma, como na Alemanha do :ul e na tália# ou ent)o, sociedade que escolheu uma via media entre a "elha &* e os rigores do cal"inismo, como na nglaterra elisabetiana. 3as os rimeiros ortadores dessa no"a mensagem musical ainda s)o os &lamengosQ. O rimeiro grande nome * Philie de 3O/T0 =1>M11B@GD, natural de 3echelen =3alinesD, que trabalhou na tália, ara tornar2se deois regente da caela do imerador alem)o 9odol&o em Praga. :ua obra imensa * hoe um dos obetos re&eridos dos estudiosos da musicologia, mas sem ter sa!do desse c!rculo estreito# hou"e oortunidade de ou"ir sua bela missa +nclina cor meum. O lugar que hoe se retende conceder a 3onte ertence, tradicionalmente, e com ra%)o, a Orlandus LA::U: =9oland de LattreD =c. 1>G@1>?D1 natural de 3ons, regente de coros na ran(a e na tália# de 1>B@ at* sua morte, regente da caela da corte de 3unique, centro do catolicismo romano na Alemanha do :ul. :eu uni"ersalismo lembra os grandes gInios da 9enascen(a, os Leonardo, os 3iguel [ngelo. :abe dirigir as massas sonoras como se &osse um Randel da *oca do canto a caela. Assim como Randel, Lassus * cosmoolita * &lamengo, &rancIs, italiano e alem)o ao mesmo temo. O es!rito e a t*cnica da música contraont!stica &lamenga s)o incon&und!"eis em grande arte dos seus inúmeros motetes o Salve (egina =quatro "o%esD e o 5ater :oster em f; maior , que ertencem ao reertório das associa($es corais# o motete "imor et "remor , que ainda continua sendo cantado no Homingo de Páscoa nas igreas de 3unique e -iena# os Magnificats, o motete 3ustorum animae e o mais &amoso de todos, Gustate e videte, do qual conta a lenda &oi escrito em 3unique, ara rociss)o que ediu chu"as deois de longo er!odo de seca# e como"eu de tal maneira do c*u 1
0di()o das obras comletas or . +. Raberl e A. :andberger, B@ "ols., 1E? e seguintes. A. :andberger, &eitrage 4ur Geschichte der Muencher )fka!elle unter Orlando /assus, M. "ols., 3unique, 1E?1E?>. Ch. "an den Jorren, Orlandus /assus, Paris, 1?M@. A. :andberger, Orlando /assus und die geistigen Stroemungen seiner 9eit , 3unique, 1?MB. 0. :chmidt, Orlando di /asso, Ma. ed., Kiesbaden, 1?>.
que a chu"a logo come(ou a cair. :)o obras góticasQ. 3as seu autor tamb*m escre"eu, com a mesma m)o in&ali"elmente segura do e&eito sonoro, chansons e róticas com letra &rancesa =Quand mon mari , Margot , 30ai cherch1D, 7s "e%es humor!sticas =/e March1 d0'rrasD, e coros latinos ara as tertúlias alegres de estudantes =2ertur in convivioD. N autor de madrigais italianos como 'mor mi strugge e Matona mia cara. N latinista erudito, ondo em música te'tos de -irg!lio = "it%reD e Rorácio =&eatus illeD. 0 *, aesar de certas "eleidades re&ormatórias, um de"oto católico romano, em cua obra á se anuncia a Contra29e&orma. 0sse grande humanista, humorista e homem da sociedade aristocrático * o autor do Magna o!us musicum =ublicado ostumamente em 1B@D nada menos que >1B motetes ara todas as &estas e comemora($es do ano litúrgico, de uma "ariedade in&inita de t*cnicas, insira($es e emo($es o e'tático 3ustorum animae, descre"endo a ascen()o das almas dos u stos ara o c*u, e o amargo "ristis es anima mea, de essimismo brahmsiano, o retumbante Creator omnium e o solene (esonet in laudibus, e tantos outros. /o entanto, a obra caital de Orlandus Lassus, tal"e% a maior do s*culo, s)o os 5salmi !oenitentiales =1>B@D, isto *, os salmos n os. B, G1, GF, >@, 1@1, 1M? e 1M =con&orme a numera()o da -ulgataD, de ro&unda contri()o e energia sombria# sobretudo o salmo >@ =MiserereD, e o salmo 1M? =De 5rofundisD. N a música mais emocionada, mais dramática de toda a *oca do canto a caela, n)o acomanhado. /o coro ro&ano )ola Charon =1>F1D, Lassus tinha e"ocado a morte com o es!rito ag)o de um homem da 9enascen(a. /as Sacrae /ectiones e# 3ob =1>B>D e nas /amentationes )ieremiae =1>E>D á o insiram te'tos essimistas da -u lgata do -elho Testamento. 3udaram os temos. /o &im do s*culo, 3unique será o centro da Contra2 9e&orma na Alemanha. /as /agrime di San 5ietro =1>?D á se sente algo do es!rito barroco, tal"e% de"ido ao te'to, do oeta italiano Luigi Tansillo. Orlando Lassus *, ela intensidade do seu sentimento ro&ano e ela angústia religiosa, o mais modernoQ entre os mestres antigosQ. :ua s!ntese de constru()o rigorosamente arquitet4nica e de abundante lirismo á &e% ensar na s!ntese de elementos equi"alentes em Jrahms. 3as as comara($es dessa nature%a nunca dei'am de &erir a consciIncia historicista. A arquitetura oli&4nica de Lassus n)o tem nada que "er com a oli&onia instrumental de um ós2beetho"ianiano# e o seu lirismo re&lete o estado de es!rito de uma sociedade da q ual só subsistem recorda($es li"rescas. 0ssa sociedade aristocrática * a da 9enascen(a, mais e'atamente a do Cinquecento, de uma *oca á sacudida elas temestades da 9e&orma e Contra29e&orma, enquanto a aristocracia está amea(ada de se trans&ormar num mero ornamento das cortes de r!ncies absolutos. A música dessa sociedade *, na ran(a, a chanson, cuo grande mestre * Cl*ment ;A//06U/ =1E>1>B@D# e, na tália, o madrigal, a can()o a quatro ou cinco "o%es, cantada or damas e ca"alheiros, sem acomanhamento =embora mais tarde se admita o do alaúdeD# es*cie de motete ro&ano, as mais das "e%es de lirismo erótico. Uma arte &ina e requintada que tem, hoe, o sabor de recorda()o de álbum de nobre &am!lia e'tinta. 3as o madrigal n)o * um gInero inteiramente morto. Algumas dessas equenas obras de Jaldassare Honato HO/AT =m. 1B@GD e >B1BMMD ainda s)o cantadas elas associa($es corais, embora em arranos ouco &i*is ao es!rito dos originais, &eitos or comositores ós2rom8nticos do s*culo ++, como Peter Cornelius e Rer%ogenberg s)o e secialmente conhecidos os madrigais "utti venite amati e ' liete vita de >@1>??D, que &oi chamado il !i< dolce cigno. :ua arte * estuendamente e'ressi"a# n)o e"ita cromatismos, modula($es audaciosas, disson8ncias ara interretar te'tos como Gi torna, O voi che sos!irate, Scaldava il sol , Cantiam la bella Clori , +n un boschetto, Se il raggio del sol , Scendi dal !aradiso V 7s
"e%es lembra a arte de Rugo Kol&. N a música com que se di"ertiram, nas ausas da con"ersa()o sobre &iloso&ia lat4nica, literatura latina e educa()o dos nobres, as rincesas, literatos e relados reunidos na corte de Urbino das con"ersas que "i"em ara semre na obra literária mais nobre da 9enascen(a italiana, no Cortegiano de Jaldassare Castiglione. O madrigal, embora &orma arcaica, ainda hoe n)o morreu de todo# sobre"i"e esecialmente na nglaterra, onde se culti"a a memória da música elisabetiana. 3úsica de uma sociedade aristocrática que imita assiduamente as maneiras &inas dos italianos# e que, elo menos em arte, guarda &idelidade 7s e'ress$es est*ticas do mundo católico# mas a 9e&orma á liberou as &or(as de "italidade ro&ana da merr% old England da 9ainha 0lisabeth e de Killiam :haeseare. 0ntre os comositores elisabetianos há um número surreendentemente grande dos que continuam &i*is ao catolicismo romano, aesar do rigor com que a monarquia im4s a seara()o da grea anglicana de 9oma# tal"e% orque as no"as &ormas litúrgicas n)o concederam 7 música as mesmas oortunidades de outrora. /o terreno ro&ano culti"am o madrigal, as comosi($es ara alaúde e uma es*cie de elementar música ian!stica o instrumento * chamado de "irginalQ. N uma arte aristocrática, que tamb*m sabe interretar os cris de la rue, do o"o. /unca &oi t)o inteiramente esquecida como a música renascentista no continente eu roeu. Rá, na nglaterra moderna, numerosas associa($es de madrigal# e no iano ou no cra"o se toca, ainda ou de no"o, a música de "irginalQ1. O gInio da música elisabetiana * Killiam J]9H =1>G1BMGDM, que &icou &iel 7 &* romana, aesar de desemenhar o cargo de maestro da caela da rainha rotestante. Obra meio clandestina &oi, ortanto, sua Missa ara cinco "o%es =1>EED, or causa da qual a osteridade lhe concedeu o t!tulo de Palestrina inglIsQ obra realmente de grande "alor, mas menos alestriniana do que góticaQ, &lamengaQ. /o resto, JSrd &oi um daqueles gInios uni"ersais da 9enascen(a, dominando todos os gIneros. N estuenda a amlitude emocional dos seus 5salms, Sonnets and Songs of Sadness and 5iet% . :eus madrigais =/ullab% , "his S=eet and Merr% Month, "hough 'mar%llis DancesD lembram o ambiente erótico e alegre das com*dias da rimeira &ase de :haeseare. A merr% old England tamb*m "i"e na música ian!sticaQ de JSrd, ara o "irginal, na qual o Palestrina inglIsQ se re"ela de estranha modernidade, dei'ando de lado a oli&onia edante ara escre"er "aria($es esirituosas sobre dan(as aristocráticas e oulares Carman0s >histle, Sellenger0s (ound , "he &ells e a 5avane Earl of Salisbur% s)o, at* hoe, música "i"a. Os outros culti"am arcelas desse &eudo musical. Thomas 3orleS =1>>F1B@GD * o cantor da "ida nos camos e do bucolismo de "eraneio# &orneceu grande arte das e(as que s)o cantadas elas modernas associa($es madrigalescas Since m% "ear , :e= is the Month of Ma%ing , Sing >e and Chant . ;ohn HOKLA/H =1>BG1BMBD &oi grande comositor ara o alaúde, &amoso elas suas a"anas maestosas e sombrias. A gente mais simles arece ter re&erido suas can($es melancólicas =Go Cr%stal "ears# Shall + Sue# >ee! ?ou no MoreD. Assim &oi Do=land... =hose )eavenl% "ouch @ 8!on the /ute doth (avish )uman Sense os "ersos est)o no 5assionate 5ilgrim, de Killiam :haeseare. O último dos grandes elisabetianos &oi Orlando <JJO/: =1>EG1BM>D, que tamb*m escre"eu docesQ madrigais, tal"e% os mais belos de todos Silver S=an e 1
;.Werman, "he Elisabethan Madrigal , O'&ord, 1?BG. 0di()o das obras or R. ello^es, 1?GF e seguintes. . Ro^es, >illiam &%rd , Londres, 1?ME. 0. ello^es, >illiam &%rd , Ma. ed., Londres, 1?E. M
>hat +s Our /ife s)o as !ices de r1sistance do reertório das associa($es madrigalescas. 3as @> 1>FMD, uma das "!timas dos massacres de huguenotes na ro"!ncia, deois da /oite de :)o Jartolomeu, de"ia limitar sua arte a &ormas mais simles, ara a comunidade toda cantar seus FB salmos =1>B>D, dignos e se"eros. 0ssa simli&ica()o e, mais tarde, a e'clus)o de toda a música instrumental dos temlos cal"inistas, com a única e'ce()o de relúdios e acomanhamentos do órg)o, acabaram com a música do cal"inismo &rancIs e holandIs. Hentro do mundo rotestante, a arte &oi sal"a elo acaso da &eli% musicalidade de Lutero. Tal"e% nem &osse acaso. A esse reseito como a outros, Lutero &oi o orta2"o% da na()o germ8nica, cua ro&unda musicalidade * o mais imortante elemento em toda a história da música moderna. 3as só da moderna. /a dade 3*dia e nos s*culos +- e +- a contribui()o dos alem)es n)o * de rimeira ordem. O único nome indisensá"el * o de ;acobus >@1>?1D, que o s historiadores da sua na()o chamam de Palestrina Alem)oQ# cada na()o retende ter tido seu Palestrina, o s*culo +-. O aelido * inadmiss!"el quanto ao estilo de F11BM1D. ;á est)o reunidos os elementos de que se constituirá a obra de Jach. A C O / T 9 A 29 0 O 9 3 A P AL 0: T 9 / A O mo"imento caracteri%ado ela &unda()o da Comanhia de ;esus e elo Conc!lio de Trento só odia ser bati%ado com o nome de Contra29e&orma or historiadores
rotestantes, que o considera"am como resistIncia da "elha grea agoni%ante contra a 9e&orma "itoriosa. Os &atos históricos n)o con&irmam essa &alsa ersecti"a. A grea de 9oma n)o morreu. Ao contrário no &im do s*culo +- á tinha reconquistado metade dos a!ses ao norte dos Ales, al*m de &icarem e'tintos os &ocos de heresia na tália e 0sanha. He"eu essas "itórias ao &ato de que a chamada Contra29e&orma &oi uma "erdadeira 9e&orma dogmática =dentro dos limites da tradi()o imutá"elD, administrati"a e moral. Tamb*m se re&ormou o culto. Tamb*m se re&ormou a música do culto. Um dos instrumentos mais oderosos da roaganda esu!tica &oi a liturgia romana 7 qual os rotestantes n)o tinham o que oor sen)o o "erbo b!blicoo, interretado no serm)o elo ministro. 3as na igrea católica colaboraram as artes lásticas e a música ara reresentar a "erdade religiosa de uma maneira que assombra os es!ritos simles, ele"a os de elite e con&unde a todos. 6uanto 7 música, trata2se de uma re&orma n)o somente litúrgica, mas tamb*m musical. Para a "erdade religiosa &icar reresentada, tIm os &i*is de entender bem as ala"ras sacras que o coro canta. 0ssa e'igIncia e'clui inaela"elmente os /0homme arm1 Malheur me bat , Se la face e outras melodias ro&anas que os mestres &lamengos tomaram como bases temáticas de suas obras# deois, obriga a redu%ir a abund8ncia e suntuosidade de artes contraont!sticas, imedindo tamb*m o canto simult8neo de te'tos di&erentes# en&im, essa simli&ica()o da oli&onia torna disensá"el o aoio d o coro em acomanhamento instrumental, de modo que at* o órg)o ode &icar calado ou ent)o limitar2se a oucos acordes iniciai s, 7 guisa de relúdio. A música da Contra29e&ormaQ * rigorosamente desacomanhada, a caela. :ó a "o% da criatura humana * digna de lou"ar o Criador. 0is os elementos básicos do estilo chamado de PalestrinaQ. :uas origens n)o se encontram na tália, mas na 0sanha assim como a re&orma da grea esanhola ela rainha sabel e elo cardeal +im*ne% recedera 7 re&orma da grea uni"ersal e romana elo Conc!lio de Trento. O rimeiro mestre daquele estilo * o esanhol Cristóbal 3O9AL0: =1>1M1>>GD1, que &oi membro da Caela :istina em 9oma ali ainda hoe se canta, ocasionalmente, seu motete /amentabatur 3acob, que á tem as qualidades caracter!sticas do no"o estilo. Outros motetes de 3orales, como Emendemns in Melins, &oram reimressos e cantados no 3*'ico. O mestre * recursor de Palestrina. M>1>?DM * o mais clássicoQ dos comositores# naturalmente, n)o no sentido da música clássica "ienense de RaSdn, 3o%art e Jeetho"en, mas no sentido de equil!brio er&eito, latino, assim como s)o chamados clássicos os grandes escritores &ranceses da *oca de L u!s +-. 3as * reciso ad"ertir contra comara($es il!citas. Chamar, or e'emlo, Palestrina de Jach católicoQ só ode signi&icar que o latino ocua dentro da música da grea romana a mesma osi()o de destaque que Jach ocua dentro da música da grea luterana# mas ara nós, numa *oca em que nem esta nem aquela grea dis$e de música "i"a, aquelas osi($es históricas n)o tIm nenhuma imort8ncia ou signi&ica()o a comara()o ser"e aenas ara esconder ao menos in&ormado as di&eren(as &undamentais Jach n)o * clássicoXQ em nenhum sentido estil!stico da ala"ra, de modo 1
9. 3itana, Crist7bal Morales, 3adrid, 1?M@. 0di()o das obras comletas or Kitt, 0sagne, Commer e Raberl, GG "ols., 1EBM1?@E. /o"a edi()o das obras or 9. Casimiri, 9oma, 1?G? e seguintes. 3. Jrenet, 5alestrina, Ma. ed., Paris, 1?1. A. Cametti, 5alestrina, 3il)o, 1?M>. W. ;eesen, Der 5alestrinastil und die Dissonan4 , Lei%ig, 1?M>. W.<. ellerer, Der 5alestrina-Stil , Lei%ig, 1?M?. ;. :amson, 5alestrina ou la 5o1sie de l0E#actitude,
que * caa% de e'ercer a mais ro&unda in&luIncia sobre a música moderna# enquanto Palestrina * clássicoQ dentro de um estilo há s*culos e'tinto e á or ningu*m culti"ado. N um grande &en4meno histórico. A "ida de Palestrina &oi mais agitada do que a serenidade imerturbá"el da sua arte dei'a entre"er. oi, sucessi"amente, regente da caela ED nem sequer e"ita a disson8ncia. 3as * reciso e'licar e comentar ao ou "inte moderno esses tra(os de modernidadeQ ara ele ercebI2los. 6uem n)o estudou em ro&undidade o estilo alestriniano, achará que todas as obras do mestre s)o iguais# assim como nos museus de loren(a e 9oma, todos os quadros de Andr*a del :arto arecem igualmente belos, at* monotonamente belos. N uma ilus)o rodu%ida or aquele equil!brio clássico entre a oli&onia e a declama()o, e mais or algumas outras qualidades caracter!sticas, sobretudo ela &alta de mo"imento r!tmico em nosso sentido a nota()o dessa música n)o recisa de di"is)o em comassos. Ha! a imress)o de monotonia. Um cr!tico inglIs disse, ocosamente,
que na e'ecu()o de uma missa de Palestrina se oderiam ular "árias áginas sem que ningu*m ercebesse. Rá nessa obser"a()o irre"erente um gr)o de "erdade mas o ou"inte logo erceberia a omiss)o se acomanhasse a música, na igrea, com o missal na m)o. A música de Palestrina n)o de"eria ser e'ecutada nas salas de concerto, embora as grandes associa($es corais n)o queiram desistir de ocasional e'ecu()o da Missa 5a!ae Marcelli ou do Stabat Mater . /o recinto ro&ano, essas obras est)o t)o deslocadas como os quadros de altar de 9enascen(a nos grandes museus# cansam, em "e% de edi&icar. O lugar das obras de Palestrina * na igrea. N uma arte antiga# mas n)o * uma arte morta. Pelo menos nas bas!licas e em outras grandes igreas da cidade de 9oma, um certo número de missas de Palestrina ertence ao reertório ermanente as missas 'lma (edem!toris, &eatus /aurentius, Ecce 3ohannes, Su!er ,oces, O admirabile commercium, O Magnum m%sterium, Quem dicunt homines, "u es !astor , "u es 5etrus, ,iri Galilaei , a missa )odie Christus natus est , ara a noite de /atal e a calma Missa !ro defunctis. Hurante a :emana :anta cantam2se na Caela :istina os motetes 5ueri hebraeorum e 2rates ego enim, as &amosas /amentationes =1>EED e os n)o menos &amosos +m!ro!eria# e deois das cerim4nias que iniciam a Páscoa, * e'ecutada a Missa 5a!e Marcelli . 0sta missa, de 1>BF, n)o * a maior obra de Palestrina, mas * a mais &amosa, de ur!ssima eu&onia e de solenidade sóbria# o te'to litúrgico * declamado, de roósito, com grande simlicida de, como ara salientar a ortodo'ia imecá"el da interreta()o do te'to. 0m comensa()o, Palestrina dá brilhante amostra das suas artes contraont!sticas na missa /0)omme arm1 =1>F@D, a última que &oi escrita 7 maneira dos mestres &lamengosQ# e em mais outras missas sabe habilmente esconder as comlica($es oli&4nicas ara imressionar os músicos sem desagradar aos teólogos. :ua obra2rima tal"e% sea a missa 'ssum!ta est =1>EGD, maestosa e no entanto ro&undamente sentida# menos ubilosa do que se oderia ensar, antes insirada ela triste%a dos que, tendo assistido 7 Assun()o, continuam, &ilhos de 0"a, neste "ale de lágrimas. Ao leigo que retende iniciar2se na música alestriniana, ser)o mais acess!"eis as obras curtas, os motetos. :)o muitos# e alguns continuam sendo cantados n)o só em 9oma, mas em todas as maiores igreas do mundo católico Surge illuminare e O magnum m%sterium# os Magnificats =sobretudo o no o tonoD# o Salve (egina =quatro "o%esD# o ubiloso e e'tático Dum com!lerentur =ara o Homingo de PentecostesD# "ribularer si nescires# o melancólico 5aucitas dierum, di%endo das atribula($es de ;ó# o 5ange lBngua# 5eccavimus# ,iri Galilaei # 'cce!it 3esus calicem# e os salmos Su!er flumina e Sicut cervus. N, or*m, muito caracter!stico o &ato de que nenhuma obra de Palestrina conquistou &ama t)o uni"ersal como o equeno Stabat Mater de 1>?1, que, á no s*culo +-, o musicólogo inglIs JurneS oulari%ou ois * a obra menos t!ica e mais modernaQ do mestre. /ela, as "o%es á n)o tIm indeendIncia melódica, a comosi()o * uma sucess)o de admirá"eis acordes "ocais de sabor m!stico, de colunasQ sonoras. N a transi()o da música oli&4nica, hori%ontal, ara a música "ertical, harm4nica. `... N oss!"el de&inir e'atamente as qualidades musicais do estilo alestriniano. N muito mais di&!cil coordená2lo com o estilo de outras artes da mesma *oca. Os musicólogos do s*culo ++ comararam Palestrina a 9a&aelo e Correggio, o que hoe nos arece ouco acertado# n)o considera bem a osi()o do comositor dentro do mo"imento contra2re&ormista# em comara()o com ele, aqueles dois intores s)o ag)os. Palestrina á n)o ertence 7 9enascen(a. 3as tamb*m n)o * oss!"el de&ini2lo V como á se &e% V como músico barroco# ara tanto, n)o * batante m!stico nem e'altado nem realista
nem omoso. A corresondIncia er&eita do seu estilo com a no"a bas!lica de :an Pietro in -aticano antes &a% ensa no maior arquiteto dela, em 3iguel [ngelo, dos últimos anos da sua "ida. He Palestrina e de 3iguel [ngelo chega2se, na música e nas artes lásticas, ao maneirismo. O 3 A/ 0 9 : 3 O O termo maneirismoQ á n)o tem, como antigamente, sentido eorati"o. N geralmente usado, na história das artes lásticas, ara a &ase intermediária entre as últimas &ormas renascentistas e o Jarroco. N r*2barroco orque á se aro'ima do meraviglioso e stu!endo# ainda n)o * barroco orque, mesmo usando recursos colossais, continua dentro de limites clássicos ou classicistas da e'ressi"idade. 3aneiristaQ * o estilo que retende suerar2se a si mesmo, sem disor, ainda, de recursos inteiramente no"os ara tanto. Ha! a imress)o do e'agero e da auto2imita()o, que n)o e'cluem a ossibilidade de criar obras2rimas. Um dos recursos t!icos do maneirismo em música * a ollicoralidadeQ. O &lamengo Adrian KLLA09T =c. 1E@1>BMD, natural de Jruges, nomeado em 1>MF regente do coro da bas!lica de :an 3arco em -ene%a, obser"ara as ossibilidades sonoras de &a%er alternar os coros colocados nos dois balc$es sueriores de que aquela bas!lica dis$e. 0m motetes como /audate !ueri e Confitebor e'erimentou essa conquista do esa(o musicalQ, de&ini()o que lembra o caráter r*2barroco da iniciati"a. 0ssa conquista * obra de dois disc!ulos "ene%ianos do mestre nórdico Andrea 1@1>EBD e seu sobrinho >F1B1MD 1, ambos organistas em :an 3arco. A música de Andrea, em motetes como Deus misereatur e &enedicam Domino, á * de um colorido sonoro que lembra imediatamente a intura "ene%iana contemor8nea, Ti%iano sobretudo. ?F, há obras2 rimas em que a altern8ncia e reuni)o dos coros rodu% e&eitos sonoros "erdadeiramente assombrosos assim o Miserere =seis "o%esD, o Domine 3esus Christe =oito "o%esD, Domine e#audi orationem meam =1@ "o%esD, 'scendit Deus in 6ubilo =1B "o%esD e o &amoso &enedictus =ara trIs corosD. 0ste último e oucas outras obras, menores, ertencem ao reertório das associa($es corais. 3as, ainda mais que com reseito a Palestrina, cabe lembrar que só &a%em o de"ido e&eito na igrea e mesmo só em igreas que dis$em das condi($es acústicas de :an 3arco. Por outro lado, só ela leitura, elo estudo atento, re"elam2se as grandes artes oli&4nicas de
0di()o das Sacrae S%m!honiae, or P. Rindemith, 3ain%, 1?B1. C. Kinter&eld, 3ohanne s Grabieli und sein 9eitalter , M "ols. Jerlim, 1EG. =obra antiga, mas ainda n)o suerada.D L. Torchi, /0'rte Musicale in +talia, "ols. . M a. ed., Turim, 1?MF.
trombones. /o seu temo, ?B, gor :tra"insS regeu na bas!lica de :an 3arco, em -ene%a, seu Canticum Sacrum ad honorem Sacti Marci nominis, a e'ecu()o da obra moderna &oi recedida ela de alguns coros de Andrea e M "e%es di"ididaD# outros =entre eles o rório @ 1B1D1. Rá s*culos, esse nobre diletante * um autor re&erido dos que rocuram na história histórias interessantesQ. Pois te"e uma "ida rom8ntica# assassinou sua esosa in&iel 3aria dXA"alos e o amante dela# e só deois de longos anos de enitIncia, a angústia !ntima le"ou2o a dedicar2se 7 arte. 0ntre seus madrigais, ublicados em "ários "olumes entre 1>? e 1B11, há e(as que n)o odem dei'ar de assombrar os musicólogos. Moro lasso e (esta di darmi noia, que, hoe em dia, se "oltou a cantar, tIm sabor rom8ntico. 0m outros madrigais, o cromatismo e'tremado lembra "risto e +solda. 0m mais outros, á n)o * oss!"el reconhecer a tonalidade, como se &osse obras da &ase atonal de :choenberg. O sistema tonal da *oca da oli&onia "ocal está em lena dissolu()o está 7s ortas daquele caos com que se inicia, na música, a *oca barroca. 1
C. e Ph. Reseltine, Carlo Gesualdo, Londres, ,1?MB.
C AP ÍT U L O G
O Barroco A
creditamos saber, deois de tantas discuss$es, o que * J arroco# tamb*m na música. Os teóricos da música do s*culo +- con&irmam nossos conceitos ou reconceitos. Citam um &amoso soneto do oeta barroco 3arino F del !oeta il fin la meraviglia Chi non sa far stu!ir vada alla striglia. 0'igem que a música tamb*m sea meravigliosa, grandiosa, am!ollosa, massicia# que chegue a rodu%ir lo stu!ore dos ou"intes e a col!ire i sensi . :)o conceitos &amiliares. 3as n)o se alicam só 7 música barroca. Alguns "alem, igualmente, ara a contraont!stica &lamenga# outros, ara a grande óeraQ de 3eSerbeer, a música rogramática de Jerlio%, os dramas musicais de Kagner, as sin&onias e óeras de 9ichard :trauss. 0sses crit*rios s)o, no &undo, subeti"os aenas se re&erem 7s imress$es recebidas elos ou"intes. 3as a tentati"a de re&erir2se 7 t*cnica musical e ao es!rito atrás dela &ornece resultado ainda mais insatis&atório. Pensando nas artes lásticas e na literatura do Jarroco, odemos eserar da sua música as mais ricas comle'idades oli&4nicas e a e'ress)o de uma religiosidade m!stica. 3as ent)o, os &atos nos dececionam totalmente. O gInero musical dominante do s*culo +- n)o tem nada que "er com religiosidade m!stica * a óera. 0 em "e% das comlica($es oli&4nicas, esera2nos o canto do solista, a homo&onia, a ária. O gInio com que, na música, abre o s*culo * o oerista homo&4nico 3onte"erde. O esetáculo * desconcertante. O s*culo +- *, nas artes lásticas, o d e Jernini e 9embrant, 0l
n)o &oi sentido como "ira"olta re"olucionária, mas como rogresso. 6uanto mais se estuda"am os testemunhos literários da Antig5idade, tanto mais se &ortaleceu a oini)o de que os gregos, na oesia e no teatro, tinham emregado os recursos da ala"ra e do canto, untamente, ara dar e'ress)o aos sentimentos. 3as a música da 9enascen(a n)o esta"a em condi($es de reali%ar esse ideal. Pois só admitia, na música sacra e no madrigal, o canto a caela, oli&4nico, de "árias "o%es contraontisticamente combinadas. 0 ode2se imaginar o ael de Orestes ou o de 0lectra, ersonagens de trag*dia, cantado or um equeno coro misto 0sta imossibilidade &oi demonstrada or Ora%io -0CCR =1>>@1B@>D, oli&onista erudito que contribuiu com a maior e&iciIncia ara destruir o ideal da oli&onia "ocal. /a sua e(a 'nfi!arnasso commedia harmonica, os atores no alco &a%em aenas os gestos, seus a*is s)o cantados, nos bastidores, or coros de quatro e cinco "o%es. O e&eito * irresisti"elmente c4mico. A obra teria sido deliberadamente arod!stica 0m todo caso, mostrou indiretamente o caminho ara o canto homó&ono, indi"idual. O 'nfi!arnasso, escrito em 1>?, ano da morte de Orlandus Lassus e de Palestrina, &oi ublicado em 1>?F. /o mesmo ano de 1>?F recitou2se em loren(a a rimeira óera. As origens da óera &lorentina1 s)o literárias. 0m torno do mecenas Jardi reuniu2se um gruo de eruditos e literatos, entre eles -i ncen%o ?FD e Euridice =1B@@D# a música escre"eu2a o maestro ;acoo P09 =1>B11BGGD. Outra música ara mesma Euridice &oi escrita em 1B@@ elo cantor >@ 1B1ED, autor de um "olume de :uove Musiche, isto *, can($es no"as orque ara uma "o% só um "erdadeiro re"olucionário. 0ntre a música de Peri e a de Caccini há di&eren(as e"identes aquele declama te'to# este en&eita2o de melodias. O rinc!io *, or*m, o mesmo o canto * homó&onoQ, =monódicoQD. N a "itória do indi"!duo sobre o coro# * o indi"idualismo na música. 3as aos ou"idos acostumados 7 oli&onia a caela e aos acordes "ocais a "o% indi"idual soa"a como insu&iciente, como que recisando de um comlemento. He"ia acomanhá2la um instrumento, com re&erIncia um instrumento de teclas, um dos recursores do nosso iano, orque nestes instrumentos se odem tocar acordes, substituindo uma multid)o oli&4nica inteira. 3as n)o hou"e inten()o nenhuma de des"iar a aten()o do cantor ara o instrumentalista. 0ste último limitou2se a &ornecer a harmoniaQ, comletando continuamente os sons cantados, tocando acordes mais em bai'o * o basso continuo. O no"o gInero institui a soberania do cantor * ele, o indi"!duo, que está no centro, em "e% do coro. Parece2se com o monarca absoluto, esse outro ersonagem central do 1
3. :chneider, Die 'nfaenge des basso continuo, Lei%ig, 1?1E. R. Wret%schmar, Geschichte der O!er , Lei%it, 1?1?. 9. 9oland, )istoire de l0H!era avant /ull% et Scarlatti , Ma. ed., Paris, 1?G1.
Jarroco, odendo di%er la musique c0est moi . 0m seu torno gira a corte toda de arquitetos e maquinistas de que se recisa ara encenar o esetáculo. Os instrumentalistas que tocam o bai'o cont!nuoQ reresentam o o"o, &icando na sombra, mas aoiando o edi&!cio que cairia sem seu trabalho incessante. Contudo, o instrumentalista tamb*m guarda certa liberdade. O basso continuo n)o &oi comletamente escrito elos comositores os acordes &oram aenas notados em es*cie de linguagem ci&rada, em números que ind icam os inter"alos, e que odem ser interretados de maneiras di&erentes. Ao bai'istaQ &ica"a larga margem de imro"isa()o. A esse reseito, tamb*m * soberano, assim como o súdito do monarca absoluto guarda"a, no &oro !ntimo, a liberdade da consciIncia. O canto monódico e o bai'o2cont!nuo eis os el ementos da música barroca. O J A9 9 O C O 3 O / T 0 - 0 9 H 0 0 A P 0 9 A - 0 / 0 \ A / A A óera &lorentina &oi obra de intelectuais. A óera do Jarroco m*dio á * arte aristocrática, da corte, assim como a arquitetura e a intura da mesma *oca. N suntuosa e omosa. 3as assim como nas artes lásticas barrocas, e'iste nela uma tens)o !ntima, rodu%ida ela resen(a do elemento realista. Ao lado dos intores acadImicos de Jolonha, dos Carraci e 9eni, está o realista 9ibera. 0m Jernini coe'istem a soberbia atl*tica e o naturalismo do sentimento. 0m \urbarán coe'istem o realismo esanhol e a m!stica. A óera barroca * roduto de uma colabora()o &abulosa de artes arquitet4nicas, cInicas, teatrais, musicais, a ser"i(o de um no"o realismo da e'ress)o dos sentimentos humanos ela melodia cantada. Claudio 3O/T0-09H0 =1>BF1BGD1 &oi maestro de música na corte de 38ntua# deois, regente do coro da bas!lica de :an 3arco, em -ene%a# ordenou2se adre# seu túmulo &ica na igrea dos rari, erto do mausol*u de Ti%iano. oi homem al tamente combati"o, consciente do seu ael de re"olucionário de uma arte multissecular. :uas ,es!erae ,irginis =1B1@D, escritas na maneira no"a, terminam com uma missa a caela ara seis "o%es, em estilo alestriniano. :erá que o comositor quis demonstrar aos inimigos V e tinha muitos V sua caacidade de escre"er no estilo antigoQ N como se :tra"isS escre"esse uma sin&onia haSdniana ara desmentir o boato de sua incaacidade de &a%er música acadImicaQ# ou :choenberg, um lied 7 maneira de :chubert. Ou ent)o, seria aquela missa es*cie de e'ia()o de um crime deliberadamente cometido, sinal de má consciIncia Aquelas ,es!erae, hoe &acilmente acess!"eis numa edi()o de R. . 9edl ich =1?GD, á aarecem com certa &req5Incia em nossos concertos obra altamente con"incente, de &orte e'ress)o religiosa. Para os contemor8neos de 3onte"erde, &oi mesmo &orteQ demais. /unca antes se ou"ira música sacra assim, com maci(o acomanhamento instrumental e com solistas, cantando árias de como"ente dramaticidade. 3oti"o su&iciente ara o comositor &a%er aquele gesto de enitIncia contrita. 3onte"erde tinha introdu%ido na música sacra os modos e meios de e'ress)o da óera. N mesmo o "erdadeiro criador do gInero. /a "erdade, o Orfeo =1B@FD, de 3onte"erde, * a rimeira óera que merece esse nome. Ainda hoe, nas edi($es2arranos de"idas a co mositores modernos como Al&redo Casella e Carl Or&&, &a% &orte e&eito em nossas casas de óera. Os solistas dominam o 1
0di()o das obras comletas or . <. 3aliiero, 1G "ols., 1?MB e seguintes. . <. 3aliiero, Monteverde, 3il)o, 1?M?. R. Prunires, /a ,ie et l0oeuvre e Claudio Monteverde, Ma. ed., Paris, 1?G1. R. . 9edlich, Claudio Monteverde, Paris, 1?>1. L. :chrade, Monteverde Creatr of Modern Music . Londres, 1?>M.
alco ela rimeira "e%, a e'ress)o musical * realmente dramática# o sentimento, uramente humano. 0m torno dos solistas cantam coros# mas n)o tIm nada que "er com os coros a caela da *oca oli&4nica# á desemenham e'atamente o mesmo ael como os coros numa óera de EF e 1BGE# o madrigal &oi seu camo de e'eriIncias, assim como ara Jeetho"en a sonata ara iano. 0sses madrigais tal"e% seam, or isso, as obras mais caracter!sticas do mestre, re"elando seu eslendor e sua mis*riaQ. Ha rimeira cole()o at* os Madrigali guerrieri e amorosi =1BGED odemos obser"ar, em todos, sua curiosidade insaciá"el de esquisa, seus ocasionais acertos mara"ilhosos, seus muitos &racassos. N música e'erimental. Os madrigais dos comositores ingleses elisabetianos, os de
dramáticos. Hesde a reedi()o de 1?G@, essa última óera de 3onte"erde reconquistou o alco moderno. A reresenta()o no &esti"al de Ai'2en2Pro"ence, em 1?B1, te"e sucesso t)o grande que a obra arece agora continuar n o reertório. 3onte"erde, o grande reno"ador, &oi, durante decInios, obeto re&erido de estudos musicológicos. Continua a sI2lo. 3as n)o * uma &igura só histórica. Orfeo, Orfeo, e as "oltaram a &a%er arte integral da /0+ncorona4ione di 5o!!ea e 5o!!ea ,es!erae ,irginis "oltaram ,irginis música que entre nós "i"e. Hos outro oeristas do gruo "ene%iano n)o se ode a&irmar o mesmo, aesar das reedi($es modernas. rancesco CA-ALL =1B@M1BFBD arece, em comara()o com 3onte"erde, quase arcaico. Os recitati"os dramaticamente agitados, na sua óera Giasone =1B?D, Giasone =1B?D, n)o signi&icam rogresso na linha "ene%iana# a ntes reali%am lenamente aquilo que &ora o obeti"o dos rimeiros oeristas &lorentinos. Arcaico tamb*m arece o (1quiem ara oito "o%es que Ca"alli escre"eu em 1BF>, destinando2o ara os seus rórios &unerais * obra de solenidade austera. ProgressistaQ &oi 3arcXAntonio C0:T =1BMG1BB?D á lhe imorta menos a "erdade da e'ress)o do que a bele%a da melodia. 0scre"e árias. /a Dori =1BB1D =1BB1D &oi sua óera mais &amosa. Possu!mos not!cias ormenori%adas sobre a reresenta()o de outra óera sua, +l 5omo d0Oro =1BBBD, d0Oro =1BBBD, escrita ara núcias na corte imerial de -iena de"e ter sido um esetáculo deslumbrante, com a colabora()o de coros e bai lados, numa arquitetura suntuosa, esecialmente constru!da ara esse &im, e com a alica()o de truques cInicos que areciam &a%er articiar do esetáculo o c*u, os !n&eros e a nature%a toda. /em a leitura dessas obras nem sua reresenta()o em arranos modernos dá id*ia aro'imada do que &oi uma noite de óera no s*culo +-. 0nt)o, sim, &oi reali%ado o sonho de Kagner, o Gesamtkunst=erk , a obra na qual colaborariam a oesia dramática, a música, a dan(a e todas as artes lásticas. 0m nossas bibliotecas ainda se conser"am os desenhos cenográ&icos de arquitetos como os membros da &am!lia BM1BM1D, organista da Oude Wer =grea -elhaD em Amsterd), n)o este"e, ro"a"elmente, na tália. 3as, aesar de ser austero cal"inista nórdico, adotou os rocessos sonoros de Andrea e B1B1MD, deois organista em /uremberg e Ulm. :eus Salmos de Salmos de 1B@F s)o elaborados 7 maneira "ene%iana# mas o
cora()o do homem ertencia 7 &* luterana in"entou, com "eia de &olclorista, as melodias de "ários corais, inclusi"e o como"ente O )au!t voll blut und >unden = >unden =O O (osto Cheio de Sangue e 2eridasD 2eridasD que todo mundo conhece da 5ai#o de So Mateus na Mateus na qual Jach o inseriu. A música instrumental de EB1BG@D, que &oi em 1B1B nomeado ara um cargo destinado a grande &uturo $antor , isto *, diretor de música da igrea de :)o Tomás em Lei%ig. :chein &oi um dos rimeiros que te"e a id*ia id* ia de reunir, em uma &orma de equeno tamanho, "árias dan(as da *oca, estili%ado2as Sarabande, Sarabande, Gigue, Gigue, Gavotte, Gavotte, &ourr1e, &ourr1e, Minueto, Minueto, 'llemande, 'llemande, 5avane etc. 5avane etc. Uma obra dessas, destinada a ser e'ecutada durante um banquete na corte ou no a(o municial, chama"a2se su!te. :chein reuniu no &anquetto musicale =1B1FD musicale =1B1FD muitas su!tes, de t*cnica instrumental bastante a"an(ada e de sabor &olclórico# alguns cr!ticos á acreditam reconhecer nele a in&luIncia de 3onte"erde. Hisc!ulo mesmo de 3onte"erde &oi Reirich :chuet% =1>EG1BFMD 1, tal"e% o maior gInio da música roriamente barroca. oi homem grande e &orte como um gigante, de "asta cultura erudita e &errenha &* luterana# n)o o quebraram as temestades da *oca. Tinha estudado Hireito e outras ciIncias antes de &a%er a "iagem ara -ene%a onde ainda chegou a ou"ir @D, sueriores a tudo que, em música sacra, nos deram os dois @D# e o sereno hino de :ime)o, :unc Domine dimittis servum tuum in 5ace =1BFD 5ace =1BFD eis os &rutos maduros da música sacra "ene%iana, mas saturadas de de"o()o luterana, mais essoal. He insira()o di&erente * o Magnificat =1BFD, =1BFD, de delicioso sabor &olclórico alem)o, uma antecia()o da arte de Jach. Como a maior obra de :chuet% * considerada, or alguns, a 'uferstehungshistorie a 'uferstehungshistorie =)ist7ria da (essurreiJo, (essurreiJo , 1BMGD, ainda &ortemente monte"erdiana# declama()o dramática, um ouco monótona, do te'to e"ang*lico, interromida or coros de &or(a assombrosa. Outros re&erem Die sieben >orte am $reu4 = 's 's Sete 5alavras na Cru4 , 1B>D * melhor reali%ada a s!ntese entre o e stilo da óera "ene%iana e as e'igIncias !ntimas da de"o()o luterana. Os horrores da e 1BBB, a 5ai#o Segundo So 3oo e a 5ai#o Segundo So Mateus, Mateus, obras de estilo deliberadamente arcaico, aesar da dramaticidade dos recitati"os e coros# s)o escritas a caela, sem acomanhamento, como se o "elho quisesse e'iar e 'iar ecados e castigos merecidos. 0m temos melhores, :chuet% tal"e% n)o &osse muito in&erior a Jach# mas o adeti"o 1
0di()o das obras or Ph. e R. :itta e A. :chering, 1? "ols. 1EE>1?MF. Ph. :itta, )eirich Schuet4 /eben und >erke, >erke, Jerlim, 1E?. A. Pirro, )einrich Schuet4 , Wassel, 1?ME. R. ;. 3oser, )einrich Schuet4 sein /eben und seine >erke, >erke , Wassel, 1?GB.
melhoresQ n)o alude só aos horrores da guerra. :chuet% nasceu e "i"eu numa *oca de e'eriIncias e e'erimentos. 6uando acertou, acertou melhor que 3onte"erde. 3as a maior arte das suas obras, mais que as do "ene%iano, só tIm imort8ncia histórica. 0m sua grande%a há algo de arcaico, a rcaico, de inacess!"el, como de uma grande ra(a e'tinta. /)o "oltou, com sua obra total, a &a%er arte da música moderna. 0ntre os italianos que emigraram ra o norte, o maior ael histórico esta"a destinado ao &lorentino D, "h1s1e =1BF>D, 't%s 't%s =1BF>D =1BF>D e 5roser!ine =1BE@D. Aesar de tudo que querem di%er os musicólogos, n)o s)o obras "i"as ou que oderiam, um dia, ressurgir ara "oltar ao reertório. 3as sua imort8ncia histórica * grande. /)o acreditamos na tese que encontra no recitati"o de LullS uma antecia()o da arte de F1FMBD, que te"e a sorte de sobre"i"er or 1
0di($es das obas or R. Prunires, 1?G@ e seguintes, L. de la Laurencie, /es cr1ateurs de l0o!1ra franJais, franJais, Paris, 1?M1. 0. Jorrel, 3ean-&a!tiste /ull% le Cadre la ,ie la 5ersonnalit1, 5ersonnalit1 , le (a%onnement , les Oeuvres, Oeuvres, Paris, 1??. M Cl. Crussard, Marc-'ntoine Char!entier , Paris 1?>.
muito temo ao ditador, terminando seus dias como regente de coro da caela do castelo de -ersalhes. /essa caela &oi em 1? cantado, ela rimeira "e% desde 1F@F, o De 5rofundis de 5rofundis de Lalande, música decorati"a e suntuosa =assim como o &enedictus de 1B?>D, com acentos de dramaticidade monte"erdiana, mas ouco litúrgica# estilo Lu!s +-. monente tamb*m e o 8squoque Domine =salmo Domine =salmo 1GD. 3úsicos e musicólogos &ranceses est)o, nos últimos anos, "i"amente emenhados em consertar a inusti(a secular cometida contra Charentier e Lalande. Um último e retardado e&eito do estilo monte"erdiano * a óera de RenrS PU9C0LL =1B>E21B?>D1. 6uando ele nasceu, 3onte"erdi á morrera e :ch5t% esta"a muito "elho# quando morreu, Jach, Randel e Homenico :carlatti eram crian(as. Purcell * o maior músico de sua *oca. :ua morte rematura, com GF anos de idade, teria sido erda menor ara a arte, se Purcell ti"esse encontrado em "ida as &ormas musicais de que seu gInio recisa"a. O destino condenou2o a e'erimentar, a recursor. /as suas 1@ trio2 sonatas =1BEGD, das quais as mais &amosas s)o a Sonata de Ouro, Ouro, n.N, n.N , em f; maior e a Sonata n. em sol menor =Chacon% =Chacon% D, D, * Purcell o recursor de Pergolese e de toda a música instrumental do s*culo +-# mas n)o adi"inha a sonata2&orma. Continua culti"ando &ormas antigas as 1> 2antasies ara 2antasies ara trIs a sete "o%es de \amba, \a mba, que s)o, aliás, ótima música. Ha sua música sacra sobre"i"e o "e Deum de Deum de 1B?, que os coros ingleses ainda costumam cantar no /atal, e as quatro odes ara o dia de :ta. Cec!lia# * música concertante, arecida com a &orma da cantata bachiana, anteciando e&eitos de Randel, mas sem atingi2los. Caráter e'erimental tamb*m tIm as obras dramáticas de Purcell. /)o s)o óeras mas antes música d e cena ara e(as teatrais, como $ing 'rthur =1B?1D# reresentado or Wonrad no &esti"al de /Smhenburg, em 1?M1. era "erdadeira * Dido and Eneas =1BE?D, que á "oltou a aarecer no reertório moderno obra bel!ssima, embora mais interessante elos ormenores do que em conunto. Dido musical da trag*dia heróicaQ da 9estaura()o, dos HrSden e and Eneas * Eneas * !endant !endant musical Ot^aS, que &oi tentati"a menos bem2sucedida de s!ntese do teatro elisabetiano e do classicismo &rancIs. A tentati"a de s!ntese do estilo de 3onte"erde com as qualidades dramatúrgicas rórias do teatro inglIs tamb*m deu mistura algo heterogInea, embora cheia de colorido heróico e erótico. /ote2se a &orte e'ress)o dramática nos recitati"os, o uso do &olclore inglIs nos coros, a re&erIncia elos ritmos de dan(a =in&luIncia de LullSD. 0m certos momentos se ensa em
0di()o das obras ela Purcell2:ocietS, ME "ols., 1EFE1?GM. R. Hur*, 5urcell , Paris, 1?MF. 0.;. Hent, 2oundation of English O!era, O!era , Cambridge, 1?ME. ;.A. Kestru, 5urcell , Londres, 1?GF. 9.0. 3oore, )enr% 5urcell and the (estoration "heatre, "heatre, Londres, 1?B1.
esquema tonal, herdado da dade 3*dia, e &ormas certas da constru()o arquitet4nica. A homo&onia e o bai'o cont!nuo n)o chegaram a substitu!2los. /em &oi oss!"el 4r em ordem esse no"o mundo caótico das disson8ncias e dos cromatismos. O rimeiro desses dois roblemas, o do sistema tonal, n)o será resol"ido antes do in!cio do s*culo +-. 6uanto ao roblema das &ormas, come(am, á antes, a esbo(ar2se "árias solu($es. A óera renunciou a uma arte do terreno conquistado 7 &orte e'ress)o dramática, que amea(a"a destruir as biens1ances do mundo aristocrático. O comositor limita2se a interromer a a()o dramática, con"encionalmente elaborada, or e(as "ocais brilhantes, as árias, nas quais reside rincialmente o "alor musical das obras. N o tio de óera de Alessandro :carlatti e Randel. A ornamenta()o das linhas melódicas cantadas ser"e, no in!cio, ara salientar o caráter r!gido, dir2se2ia monárquico e q uase sacro, dessa música teatral. Heois, come(a a re"alecer a ornamenta()o ao gosto do 9ococó. 0ssa &orma de música "ocal, a ária ornamentada, tamb*m terá &orte in&luIncia na música instrumental barroca. 3as esta á ertence rincialmente 7 rimeira metade do s*cul +-, isto *, 7 *oca da análise matemática, cuo es!rito in&orma no"as &ormas instrumentais. He"e2se 7 óera e aos oeristas o aer&ei(oamento da su!te ela &oi, no temo de LullS, mera acumula()o de dan(as estili%adas# agora, no temo de Couerin e Jach, a su!te aracer2se2á com "erdadeiros anoramas de "ida contemor8nea, re&letida em música a corte de -ersalhes e o mundo de astores de orcelana de :"res, a "ida de"ota, submissa e alegre dos burgueses alem)es e a dan(a dos camoneses ao ar li"re e os corteos cerimoniosos que inauguram as sess$es do Parlamento inglIs. Tamb*m * translantado ara a música instrumental o esquema da ária oer!stica esta come(a com um trecho orquestral =o ritornelloD# deois, o cantor declama a ária# en&im, o ritornello * reetido. 0sse esquema, o AJA, dá a lanta arquitet4nica do concerto grosso A, os tutti, a orquestra# J, a e'ibi()o dos solistas# A, no"amente, os tutti . 3as esse esquema * logo V com es!rito matemático V analiticamente desen"ol"ido, ela distribui()o do tema entre "árias "o%es e elas suas modi&ica($es s)o as &ormas da &uga e da "aria()o, que nasceram no órg)o. Com elas "olta a oli&onia ara a música instrumental. 0 n)o só ara a música in strumental. Pois o emrego dessas &ormas oli&4nicas ara o canto em coro e a mistura desses coros com árias con&orme o esquema AJA, dá os dois gIneros no"os da música barroca, ara solistas, coro e orquestra a cantata e o oratório. O caminho de e"olu()o da música barroca está assim indicado na óera, a redu()o ao lirismo homó&ono# na música instrumental e sacra, a renascen(a d a oli&onia abandonada. A R O 3 O O / A / A P 0 9 A 0 / A < 9 0 ; A Os &lorentinos tinham in"entado a óera ara aer&ei(oar a arte dramática. 0m "e% disso surgiu um gInero que os &ranceses e os italianos costumam, at* hoe, chamar de l!ricoQ. Arte l!rica no teatro * uma contradictio in ad6ecto, um absurdo. /o entanto, * um &ato histórico# e de "ida tenac!ssima. O ber(o dessa no"a óera &oi /áoles 1. :eu criador * Alessandro :carlatti =1B>?
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<. Tintori, /0O!era :a!oletane, 3il)o, 1?>E.
1FM>DM. /)o será inusto chamá2lo de grande oortunista. Pois sabia escre"er e escre"eu em "ários estilos, con&orme a oortunidade o e'igiu. Certa arte das suas numerosas obras de música sacra está no estilo antigoQ, inclusi"e motetes a caela e uma missa bem alestriniana. 3as toda a bele%a l!rica da s suas óeras tamb*m se encontra em seu Stabat Mater , recentemente re"i"i&icado or uma gra"a()o em disco, e nos seus oratórios, que s)o roriamente óeras de enredo b!blico, destinados ara a e'ecu()o durante a 6uaresma, quando o uso, nos a!ses católicos, n)o e rmitia a reresenta()o de óeras ro&anas. Rá, entre esses oratórios, obras e trechos admirá"eis. 0m Sedecia =1F@BD, a orquestra de LullS está largamente suerada, elo brilho dos instrumentos de soro. 0m /a ,ergine addolorata =1F1FD há certas árias a roósito das quais á &oi lembrado o nome de Jach. 3as s)o obras teatrais. Tamb*m á s)o introdu%idas or sin&oniasQ, isto *, aberturas. O tio de abertura italianaQ, de"ido a Alessandro : carlatti, *, or*m, o contrário da abertura &rancesaQ de LullS em "e% de um trecho ráido entre dois trechos lentos escre"e :carlatti um trecho lento entre dois trechos ráidos * o germe da sin&onia. :carlatti escre"eu aberturas assim ara suas numerosas óeras, reresentadas entre 1?B@ =(osauraD e 1FM1 =GriseldaD# todas elas &amosas durante a "ida do comositor# e logo deois esquecidas. Os comositores do s*culo + - n)o esera"am, aliás, outro destino das suas obras# escre"eram ara determinada oortunidade, mas n)o ara &icar no reertório. /o caso de Alessandro :carlatti, a osteridade rati&icou aquele ulgamento todas as óeras desse grande mestre &oram e'clu!das do cor!us da música que "i"e. A rória nature%a e constru()o daquelas obras * o moti"o do esquecimento. Alessandro :carlatti * o criador da ária melodiosaQ, da ária na qual o ou"inte guarda na memória a melodia, embora n)o udesse cantá2la as di&iculdades do bel canto reser"aram isto aos cantores ro&issionais. Heois da reresenta()o, nada &ica sen)o a recorda()o daquelas !ices de r1sistance, das grandes árias de amor ou de desesero, das árias de lamento ou de ombra =in"oca()o dos mortosD# uma dessas árias de Alessandro :carlatti, Cara tomba =da óera Mitridate, de 1F@FD, imressionou tanto o grande Jach que a coiou em seu caderno de notas. 0 Mitridate realmente * uma obra2rima, tamb*m ela e'ress)o dramática nos recitati"os# ressurgiu "igorosamente no &esti"al de Jordeau' em 1?BM. 3as * uma e'ce()o# em geral só sobre"i"em árias isoladas. Uma ou outra ainda ode ser ou"ida, hoe em dia, em concerto, como aria antica. Os libretos n)o tIm signi&ica()o dramática# n)o assam de andaimes de que as "o%es dos cantores se ser"em ara subir ao c*u do bel canto. A grande ária * cantada ustamente no momento em que a a()o dramática ára# ou antes, a a()o &ica interromida, ara o cantor recitar a grande ária, que n)o tem &un()o sen)o a de agradar aos ou"idos. A óera naolitana * arte essencialmente n)o2dramática, l!rica. 0 Alessandro :carlatti re"ela o lado mais &orte do seu gInio nas cantatas de c8maraQ, equenas obras l!ricas, das quais /ontanan4a crudele *, at* hoe, muito conhecida e Su le s!onde del "ebro merece sI2lo. Pois gInio era. :ua imort8ncia histórica * de rimeira ordem, inclusi"e ara a solu()o de um dos mais gra"es roblemas da música barroca de maneira assistemática, intuiti"a, :carlatti á se mant*m dentro dos limites das tonalidades modernas e da seara()o rigorosa entre tom maior e tom menor. Antecia os sistemas do Cravo &em "em!erado, de Jach, e do "rait1 d0)armonie, de 9ameau. 3as de sua obra, assim como da dos seus disc!ulos, só sobre"i"em os equenos trechos que os editores italianos editaram e editam como arie antiche, ara o uso no ensino e no M
0. Hent, 'lessandro Scarlatti his life and =ork , Londres, 1?@>. Ch. "an den Jorren, 'lessandro Scarlatti et l0esth1tique de l0o!1ra na!olitain, Jru'elas, 1?M1.
concerto. /ingu*m teria, ent)o, re"isto que esta"a reser"ado destino melhor ao uso do mesmo estilo oer!stico na música sacra e, or outro lado, na o!era buffa ou c4mica. /aquela, será introdu%ido or Hurante. Aos dois gIneros está l igado o nome do seu disc!ulo, FD M, de maior e'ressi"idade dramática e suerior arte oli&4nica. /o Stabat de Pergolese censuraram a le"iandadeQ melódica de um trecho como +nflammatus et accensus, que lembra irresisti"elmente a "er"e r!tmica da óera2c4mica. Pois o autor do Stabat naolitano tamb*m *, e em rimeira linha, o de /a Serva !adrona =1FGGD. N uma equenina obra2rima, com aenas dois a*is, a criada graciosa e astuta que, com truques ino&ensi"os e alegres, conquista o amor do seu atr)o. 0 *, ela rimeira "e%, uma óera baseada no &olclore musical e nos costumes da tália "i"a. 3uitos anos deois da morte de Pergolese, em 1F>M, uma comanhia italiana reresentou a Serva !adrona em Paris, com imenso sucesso# desde 1F>, uma tradu()o, /a Servante maPtresse, &icou incororada ao reertório &rancIs. Continua no 1
0di()o das obras or . Ca&&arelli, 1?G? e seguintes. <. 9adiciotti, Giovanni &attista 5ergolese, Ma. ed., 9oma, 1?G1. M R. -olmann, Emmanuele d0'storga, M "ols., Lei%ig, 1?111?1?.
reertório at* hoe. 0 tem tido role numeros!ssima# * o modelo de toda a óera2c4mica italiana, &rancesa e esanhola. O estilo em que se odiam escre"er igualmente música sacra e óera2c4mica, tamb*m ser"iu bem ara insu&lar algo de cantabilidadeQ naoli tana aos instrumentos as trio2sonatas =1FG1D de Pergolese anteciam algumas qualidades da música de RaSdn. Pergolese á n)o * chamado, hoe em dia, de 3o%art italianoQ. 3as &oi, certamente, um gInio recursor. He toda a música italiana daquela *oca só o Stabat Mater de Pergolese continua "i"o, gra(as 7 colabora()o de "árias circunst8ncias casuais. O resto está esquecido assim como a o!era seria# e elo mesmo moti"o. Pois * uma música oer!stica que usa te'tos sagrados como libretos. O estilo *, nois dois gIneros, idIntico# a escritura, a interdeendIncia constante de solistas, coro e orquestra, lembra2nos o estilo ouco edi&icante da música sacra do s*culo ++. 3as esse &ato basta ara demonstrar a grande imort8ncia histórica do gInero, cua e"olu()o n)o merece o desre%o. Tamb*m ode ha"er, entre aquelas obras, uma ou outra surresa. A música sacra italiana do s*culo +- á &oi, or alguns historiadores, comarada ao estilo esu!tico na arquitetura# o que * e"idente anacronismo. 3as e'iste uma rela()o dessas nas origens. 1BFD &oi regente do coro do Collegium @D * hoe conhecido or uma gra"a()o em disco. N uma obra agradá"el, edi&icante, ele"ada e "i"amente dramática. 3as n)o há moti"o ara &alar, como á se &e%, em Randel do s*culo +-Q. O uso de e'ecutar oratórios durante a 6uaresma, quando era roibida a reresenta()o de óeras ro&anas, tem contribu!do ara &omentar a rodu()o de obras desse gInero e ara torná2lo cada "e% mais oer!stico. 0ste último adeti"o n)o tem sentido eorati"o. A&inal, um oratório n)o * e'ecutado durante o culto# n)o * obra litúrgica# e, sendo semidramática, n)o recisa renunciar aos e&eitos teatrais. Um oratório grandiosamente dramático * o San Giovanni &attista =1BF>D, de Alessandro :T9AH0LLA =c. 1B>1BEMD# o comositor &oi ersonagem rom8ntico, cua "ida V ratou a amante de um aristocrata e &oi assassinado e los esbirros V tem &ornecido o enredo de uma óera de loto^. :tradella &oi nature%a de recursor escre"eu as rimeiras cantatas de c8mara e os rimeiros concerti grossi . Um concerto grosso tamb*m ser"e, algo estranhamente, de abertura ao :an >D dois Magnificat seus, em si bemol maior e em r* maior, e uma missa de r*quiem, de bele%a sua"e e et*rea, ainda odem ser ou"idos em concertos alem)es =cada "e% mais raramenteD, e em igreas de /áole s. Hisc!ulo seu
&oi Pergolese. :eu estilo á * o mesmo da música sacra de RaSdn e 3o%art. A "itória desse estilo n)o &oi instant8nea# e hou"e resistIncia s*ria. 0m -iena, o regente do coro da catedral de :ant :tehan, ;ohann ;oseh u' =1BB@1F1D, mante"e com energia o rest!gio da música a caela, oli&4nica e contraont!stica sobre a qual escre"eu &amoso tratado, o Gradus ad 5arnassum. :ua Missa Cannica ara quatro "o%es =1F1ED *, ela última "e%, um modelo de estilo alestriniano# admira()o e'cessi"a con&eriu2lhe o t!tulo de Palestrina austr!acoQ. 3enos e'clusi"o &oi Leonardo L0O =1B?1FD. :eus contemor8neos e os cr!ticos musicais do romantismo &estearam2no or causa das suas obras a caela, sobretudo um &amoso Miserere ara oito "o%es. A osteridade chegou a areciar ustamente o lado oosto das suas ati"idades num recente &esti"al de música sacra em Perúsia &oi e'ecutado, ela rimeira "e% desde 1FGM, o oratório /a morte d0'bele, que reúne estilo oli&4nico e e'ress)o dramática, 7s "e%es teatral. Os coros no &im das duas artes da obra, Oh di su!erbia figlia e 5arla l0estinto 'bele, s)o solenes e como"entes ao mesmo temo, com um ouco de sentimentalismo que lembra a ro'imidade da *oca r*2 rom8ntica. O mais cons!cuo entre esses retrógrados ou conser"adores * o aristocrata "ene%iano Jenedetto 3A9C0LLO =1BEB1FG?D, um dos nomes mais &amosos na história da música. /um an&leto que &e% sensa()o, +l teatro alla moda =1FMMD, denunciou a óera de tio scarlattiano como mera e'ibi()o de "ai dades dos comositores e cantores, sem "alor musical e moral, sem aelo aos sentimentos humanos# 3arcello á le"anta a ergunta retórica que mais tarde os !hiloso!hes &ranceses dirigir)o aos músicos Musique qu0est-ce que tu me veu# 0 re&ere a música sacra que enetra nas ro&undidades da alma. 3ais tarde, 3arcello so&reu um acidente misterioso =numa igrea "ene%iana caiu, or acaso, num túmulo abertoD que o le"ou a abandonar todas as "eleidades art!sticas ara dedicar o resto da sua "ida a e'erc!cios religiosos. A in"as)o da música sacra elo estilo oer!stico encheu2o de indigna()o. A essa arte sacr!lega o4s os dois "olumes da sua &amosa obra Estro !oetico-armonico =1FMG1FMFD s)o >@ salmos, na ará&rase italiana =um ouco em dialeto "InetoD de Lionardo , e outrosD. Os cr!ticos musicais da *oca rom8ntica, como 0.T.A. Ro&&mann e Thibaut, e ainda 30ndelssoh, sentiram a mais "i"a admira()o elo Estro !oetico-armonico, que se lhes a&igura"a como música antigaQ# o rório -erdi &alou, deois de ou"i2lo, em antica arte italianaQ. :omos, hoe, um ouco mais c*ticos. 3as * reciso ad"ertir que os arranos modernos ara solistas e coro, or ra%%i e or
A descoberta osterior de uma colet8nea que surgiu em Amsterd) or "olta de 1F1B esclareceu a "erdadeira autoria. O concerto &oi comosto or Alessandro 3arcello, irm)o de Jenedetto.
músicos ro&issionais. Cometiu com eles na óera 'rianna =1FMED, que te"e na *oca um sucesso de estima# a reresenta()o em -ene%a, em 1?>B, dececionou. Tal"e% sea 3arcello ouco mais que um nome &amoso Ou tal"e% menos que um nome Obra de "alor ermanente * um concerto ara obo* e orquestra de c8mara, em r* menor, &amos!ssimo durante o s*culo +-, transcrito ara cra"o elo rório Jach e ertencendo at* hoe ao reertório camer!stico# :chering e outros musicólogos á atribu!ram esse concerto a 3arcello# mas * obra an4nima. R O 3 O O / A / : T 9 U 3 0 / T A L H O J A 9 9 O C O AO 9 O C O C /enhuma resistIncia conseguiu imedir a "itória da homo&onia na óera, na música sacra e na música instrumental# embora nesta última as ossibilid ades do uso simult8neo e a resen(a de instrumentos de tecla, como bai'o cont!nuo, contribu!ssem ara recondu%ir a no"as honras a oli&onia. A mais simles das no"as &ormas * a sonata ara "iolino =e"entualmente, ara "iolonceloD com acomanhamento de bai'o cont!nuo ci&rado. Cabe lembrar que essas sonatas s)o simles e"olu($esQ sobre um tema, arecidas com um rondó moderno# n)o tIm nada com a sonata da *oca clássico2 "ienense e do romantismo. 3as aquela sonata n)o * a &orma mais antiga. Ainda mais arcaica * a trio2sonata na qual outro instrumento de cordas =o "ioloncelo, com re&erInciaD aóia o solista. Ha! arece só um asso ara o concerto um solista =o "iolino, mas tamb*m ode ser instrumento de soro `...D, acomanhado ela orquestra de c8mara, orque nessa *oca, toda a música instrumental * camer!stica. 3as o concerto de solista antes * roduto osterior da e"olu()o. O gInero t!ico da música instrumental barroca * o concerto grosso no qual dois, trIs ou mais solistas =instrumentos di"ersosD alternam com a orquestra de c8mara =os tutti D. N um gInero, que, ela sua nature%a, insira "eleidades oli&4nicas ser)o, segundo a &orma()o do comositor, mais &racas num Corelli, mais &ortes num Jach. 3as a &alta de um rinc!io de desen"ol"imento dos temas le"ará a acentuar as a rtes "irtuos!sticas do instrumento2 l!der. :obretudo do "iolino. O canto homo&4nico da "o% humana nasceu em 38ntua, cidade dos rimeiros triun&os de 3onte"erde. 3uito erto de 38ntua =a obser"a()o * de To"eSD &ica a cidade de Cremona, onde, naqueles mesmos anos, se reali%ou uma equena re"olu()o na constru()o de instrumentos musicais. At* ent)o, o "iolino &ora um instrumento desre%ado, só usado or mendigos ou ara acomanhar a dan(a dos embriagados na ta"erna e de camoneses na aldeia# instrumento que assa"a o r obscenoQ, de uso roibido na igrea ou em sal)o de gente bem2educada. 0m Cremona, no s*culo +-, os :tradi"arius, Amati, G1F1GD 1, que &oi em 1F@B eleito membro da &amosa academia literária da 'rc;dia e, em 1F1G, seultado na igrea :anta 3aria dei 3artiri, o Pante)o de 9oma. Romenagens que, naquela *oca, n)o se costuma"a conceder a um músico, a um tocador de rabecaQ, d)o a usta medida da sua glória entre os contemor8neos. /)o se cansa"am de admirá2lo. Chama"am2no de arcano mesmoQ. Testemunhas descre"em seu comortamento esquisito ao tocar o "iolino, ora &echando os olhos e entregando2se a I'tases m!sticos, ora torcendo2se em mo"imentos burlescos e &a%endo caretas. 0ssas articularidades n)o se re"elam em sua 1
3. Pincherle, Corelli , Paris, 1?GM.
linha melódica, que semre * um canto nobre, aristocraticamente medido. N a rimeira "e%, na história da música, que um instrumento canta e at* arece &alar. 0 que di% Corelli &oi, em 9oma, rimeiro "iolinista na igrea de :an Luigi dei rancesi e, deois, no Teatro Caranica. 0is os dois asectos, o religioso e o ro&ano, da sua obra ob ra antes de tudo, os E trio2sonatas =ara dois "iolinos e bai'o2cont!nuoD que ublicou, como o!us R, R, K , e L, entre 1BEG e 1B?. :)o, em arte, sonatas de ig reaQ, nas quais ser"e como cont!nuoQ o órg)o, e em arte sonatas de c8maraQ, nas quais desemenha a mesma &un()o o cra"o. 3as n)o há, entre os do is gIneros, nenhuma di&eren(a de estilo todas aquelas sonatas arecem igualmente religiosas e nobres. Um marco histórico s)o as &amosas 1M sonatas ara "iolino e cont!nuo, o!. T =1F@@D, =1F@@D, as rimeiras solo2sonatasQ, o "erdadeiro in!cio da literatura "iolin!stica. Hurante todo o s*culo +- ser"iram como obra &undamental do ensino do instrumento. O rom8ntico 0. T. A. Ro&&mann ainda costuma"a tocá2las ara sua edi&ica()o. /o s*culo ++, o grande "iolinista ;oachim, amigo de Jrahms, editou2as no"amente. Aos "irtuosos de hoe arecem &áceis demais. /o reertório de concerto sobre"i"e elo menos a Sonata em r1 menor , o!. T , no.RK , denominada /es folies d0Es!agne, d0Es!agne, nada de &olia, aliás, mas uma dan(a estili%ada, de incomará"el nobre%a. =N, or*m, reciso ou"ir o orignial, com acomanhamento do cra"o, em "e% da "ers)o que &e%, no s*culo ++, o &amoso "iolinista olonIs Kiena^si, na qual o iano acomanha uma detura()o seudo2rom8ntica da melodia corelliana, inteiramente alheia ao estilo do mestre antigo.D Corelli n)o * o in"entor do concerto grosso. 3as seus 1M Concerti Grossi o!. =1F1MD =1F1MD tIm a maior imort8ncia histórica o mestre amliou o gInero 7 maneira da su!te &rancesa. 0ssas obras tamb*m continuam "i"as# sobretudo o Concerto em sol menor fatto !er la notte di :atale , o!. , no.U , em que um mo"imento !astorale mo"imento !astorale,, em ritmo de :iciliana, e"oca a atmos&era natalina# Randel aro"eitará, no 3essias, esse ritmo. Corelli, autor de tantas obras de bele%a semre igual e algo monótonas, tal"e% n)o &osse um gInio# aenas um grande talento. A&igura2se2nos maior do que &oi orque seus redecessores e contemor8neos ca!ram no esquecimento. Alessandro :tradella á tinha escrito concerti grossi . He elice dallXAJACO =1BF>1FMD e'istem nobres concerti grossi , que mereceriam ser ressucitados. ;á est)o ressucitados os de Tommaso ALJ/O/ =1BF1F>D, mestre mestre do ariosoQ nas sonatas sonatas e introdutor do obo* no concerto grosso. O gInio do gInero * -i"aldi. 0m Corelli, o estilo sacroQ e o estilo de c8maraQ ainda s)o essencialmente idInticos. A seara()o * aenas &ormal. &ormal. Antonio --ALH =c.1BFE1F1D1, embora sacerdote, dá o asso de&initi"o ara a música instrumental ro&ana, en"eredando or um caminho que le"ará diretamente 7 arte de Jach. /)o lhe conhecemos o ano de nascimento entre 1BF> e 1BE@, ro"a"elmente 1BFE. :ó há ouco temo se sabe que n)o &oi seultado em -ene%a, mas e m -iena. 0ssas incerte%as biográ&icas s)o caracter!sticas ois a música italiana dedicou2se, nos s*culos +- e ++, de maneira t)o e'clusi"a 7 óera que o grande instrumentista &oi esquecido. :obre"i"eu aenas uma &igura lendária, de um adre esquisito, de cabelos rui"os, que &oi e'comungado orque certa "e% durante a missa, ocorrendo2lhe uma bela melodia, correu ara a sacristia ara notá2la, abandonando o altar no momento sacrossanto da transubstancia()o eucar!stica. ilho de um "iolinista "ene%iano, o adre -i"aldi &oi &amoso como "iolinista na 0uroa ∗
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3. 9inaldi, 'ntonio 9inaldi, 'ntonio ,ivaldi . 3il)o, 1?G. 3. Picherle, 'ntonio Picherle, 'ntonio ,ivaldi et la musique instrumentale instrumentale , M "ols., Paris, 1?E. Ch. Jaignres Jaignres ,ivaldi vie mort et r1ssurection, r1ssurection , Paris, 1?>>. -i"aldi nasceu em de mar(o de 1BFE.
inteira, esecialmente na Alemanha, em -iena, em Hresden =onde Jach o teria ou"idoD# á ent)o, os estrangeiros o admira"am mais do que os os italianos. -i"eu em -ene%a, contratado elo conser"atório do Osedale della Piet7. 3as suas obras &oram ublicadas esarsamente, em Amsterd), Paris, Londres. A maior arte dos originais &icou in*dita encontra2se na Jiblioteca de Turim# &oi osta em ordem, só em nosso temo, elo musicólogo &rancIs Pincherle# cóias manuscritas ser"em de base aos arranos mais ou menos &i*is que hoe ertencem ao reertório dos concertos camer!sticos. 0ntre as obras imressas destacam2se, rimeiro, os 1M concerti grossi , reunidos como Estro armonico, armonico, ublicado em Amsterd), em 1?FM, como o!us . . Jach transcre"eu metade desses concertos ara cra"o ou órg)o, entre eles os melhores da cole()o no.U em l; menor , no.RV em si menor , e sobretudo n sobretudo no.RR em r1 menor , a obra mais conhecida de -i"aldi. Os arranos de Jach s)o, or*m, obras de arte di&erentes com a instrumenta()o mudou o es!rito. -i"aldi só ode ser de"idamente comreendido nos originais, naquele o!us ou ou no o!us U Cimento dell0armonia e dell0inven4ione =1FMED. dell0inven4ione =1FMED. /esta última cole()o encontra2se os quatro concerti grossi dedicados 7s Quattro stagione do stagione do ano# rima"era, "er)o, outono e in"erno, música rogramática que ilustra quatro sonetos. /)o *, naturalmente, música de rograma no sentido de Jerlio%. - i"aldi aenas descre"e o 1tat d0Ame das d0Ame das di&erentes esta($es, ermitindo2se algumas ino&ensi"as imita($es de "o%es de ássaros etc. 3úsica ictóricaQ assim tamb*m se encontra em o!. U no.T =/a =/a tem!est di mareD, mare D, em o!. U no.RV =/a =/a CacciaD# CacciaD# no Concerto ara &lauta, denominado /a :otte, :otte, em o!. RV . 3as "I2se logo que -i"aldi n)o ensa em subordinar a essas id*ias o*ticas ou itorescas a constru()o das suas obras esta * a mesma nos concertos citados como na música absoluta do 0stro armonico ou nos do%e concertos da cole()o /a Stravagan4a, Stravagan4a, o!. L. L. -i"aldi obedece, geralmente, ao esquema "utti-Soli-"utti . 0 á se di%ia =a obser"a()o * de um cr!tico italianoD que -i"aldi escre"eu quatrocentas "e%es o mesmo concertoQ. N &rase eigramática, mas inusta. N grande a di"ersidade de -i"aldi, e alguns, como o sin&4nico Concerto in due cori con flauti obbligati , em lá maior, s)o mesmo e'cecionais. O mestre sabe e"itar a monotonia elas artes da orquestra()o, ela altern8ncia entre os solistas, e ela di"ersidade de &ormas, entre as quais se encontram &ugas e "aria($es. /)o se o$e 7 in&luIncia da óera os seus mo"imentos lentos s)o cantosQ largamente desen"ol"idos. Tamb*m * este o moti"o do ael reonderante do "iolino, do instrumento que canta, em todas as suas obras. /unca se admirará bastante a rique%a melódica dos concerti grossi de -i"aldi, que * tiicamente italiana# a esse reseito s)o, ara muitos, mais atrati"os que a melodia antes comle'a de Jach. Tamb*m se admira, com ra%)o, o temeramento do !adre rosso, rosso, sua "er"e r!tmica. 6uanto 7 densidade do tecido oli &4nico, ele * largamente in&erior ao $antor de :anto Tomás. 0m comensa()o, seu tratamento da orquestra arece mais modernoQ# antecia certas conquistas de dinamismo =o crescendoQD que tornar)o, no s*culo +-, &amosa a escola de 3annheimQ. 0mbora -i"aldi &osse rincialmente comositor instrumental, tamb*m * riqu!ssima e ainda n)o bastante conhecida sua música coral. Obras imortantes como o oratório 3uditha triunfans, triunfans, o Magnificat , o Stabat , o astoral :infa e 5astore ainda 5astore ainda eseram a ressurrei()o gloriosa. 3as sobretudo o Hi'it ara cinco soli stas, duas orquestras e dois órg)os * a obra2rima da música sacra "ene%iana# * digna de Jach. -i"aldi *, hoe em dia, dos comositores mais e'ecutados. O disco long-!la% quase quase o tornou oular. O m*rito dessa renascen(aQ cabe, em arte, 7 onda de JachQ, que n)o odia dei'ar de re"i"i&icar tamb*m seu modelo na música instrumental# em outra arte, 7 ati"idade de "árias associa($es de música de c8mara, esecialmente do Collegium 3usicum de 9oma =-irtuosi di 9omaD, sob a dire()o de 9enato asano. Al*m daqueles
concertos e concerti grossi "oltaram "oltaram a ser &amosos e muito e'ecutados o concerto ara "iolino e orquestra em dó maior = 5er l0'ssuntD, l0'ssuntD, o concerto ara obo* e orquestra em &á maior, o concerto ara "iola dXamore e o rquestra em r* menor e o irresist!"el concerto ara cra"o e orquestra em sol maior = 'lla = 'lla rusticaD. rusticaD. 3uitos outros ainda ressurgir)o# ois a in"en()o e a imagina()o de -i"aldi s)o inesgotá"eis. :em dú"ida, -i"aldi * um gInio. 3as sua limita()o a oucos gIneros e a redomin8ncia da in"en()o melódica sobre a densidade oli&4nica ad"ertem contra o e'agero -i"aldi n)o * um Jach. Huas qualidades caracter!sticas da arte de -i"aldi determinam o desen"ol"imento osterior da música instrumental, esecialmente da "iolin!stica a e'ressi"idade &antástica, que trans&ormou em &igura lendária o !adre o !adre rosso, rosso, e a "irtuosidade cada "e% mais brilhante dos mestres do arco. Aquela, em -eracini e Homenico :carlatti# esta, na escola de Tartini. O desen"ol"imento da e'ressi"idade n)o esta"a ligado a este ou 7quele instrumento. Podia ser o "iolino, com sua caacidade de cantar. Tamb*m odia ser o cra"o, com suas ossibilidades harm4nicas. O "iolinista rancesco 3aria -0 9AC/ =1BE>1F>@D1 &oi es*cie de Paganini do s*culo +-, "irtuose &antástico, cuas sonatas =ublicadas em 1FM1 e 1FD só ele mesmo sabia e'ecutar# logicamente, com e'ce()o de duas, sobremaneira belas, em si menor e em mi menor, ca!ram em esquecimento deois de sua morte. O musicólogo Torchi, redescobrindo esse mestre ol"idado, aliás um d os recursores da sonata2&orma, chamou2as de Jeetho"en italiano do "iolinoQ, o que arecia e'agero grosseiro# mas só quis di%er, e com ra%)o, que -eracini substituiu o estilo aristocrático e semre medido de Corelli or um subeti"ismo todo essoal. 0s!rito semelhante &oi rancesco Antonio JO/PO9T =1BFM1F?D, temeramento e'cIntrico e r*2rom8ntico, autor de curiosas in"en($esQ ara "iolino, das quais Jach coiou quatro que, encontradas entre seus manuscritos lhe &oram erroneamente atribu!das ="ol. > da 0di()o da :ociedade Jach# erro reti&icado or Al&red Hor&ellD. /o mesmo ano de 1BE> em que nasceram -eracini, Jach e Randel, tamb*m "iu a lu% do mundo Homenico Ho menico :CA9LATT =1BE>21F>FDM, &ilho do grande Alessandro, a cua arte "irou t)o in&iel como os &ilhos de Jach 7 de seu ai. :ua biogra&ia esta"a, at* há ouco, en"ol"ida em incerte%as menos or &alta de documentos do que elo estranho retraimento do comositor, in&enso 7 lu% da ublicidade. 0ste"e em Londres, em Lisboa. Como ro&essor da rincesa ortuguesa 3aria Járbara, deois rainha da 0sanha, &oi com ela ara 3adri, ent)o grande centro de ati"idades musicais, onde o trataram com considera()o descomunal numa *oca na qual os músicos assa"am or lacaios eseciali%ados# &oi nomeado caballero del h;bito de Cristo. Cristo . /o entanto, retirou2se da corte, cedendo o lugar de ditador musical da 0sanha ao &amoso cantor castrado arinelli# morreu, en&im, em obscuridade, em 3adri. :ó seu último b iógra&o, o eminente cra"ista americano Wiratric, chegou a esclarecer, dois s*culos deois, as incerte%as da biogra&ia, gra(as 7 descoberta do endere(o dos úl timos :carlattis na lista tele&4nica de 3adri e de um i neserado arqui"o de &am!lia. Homenico :carlatti * um casoQ sicológico. 0nquanto "i"ia com o ai, escre"eu óeras sem muita imort8ncia# sobre"i"e no reertório de concerto a bela á ria Consolati e s!eraW que que á re"ela insira()o indeendente. 3as só deois da morte de Alessandro conseguiu libertar2se, 1
L. Torchi, /a musica istrumentale in +talia nei secoli *,+ *,++ e *,+++ , *,+++ , Turim, 1?@1. 0di()o das obras ian!sticas or A. Longo, 11 "ols., 1?@B. 0di()o de B@ sonatas or 9. Wiratric. A. Longo, Domenico Scarlatti e la sua figura nella storia della musica , 3il)o, 1?1G. 9. Wiratric. Domenico Scarlatti , Princeton, 1?>G. M
muito tarde, da in&luIncia aterna, en"eredando or caminho inteiramente no"o tornou2 se o maior comositor ara o cra"o. 3as semre continuou retra!do. Pouco da sua obra ublicou2se em sua "ida, e em arte sem sua autori%a()o as 5ices de clavecin =1FG@D# clavecin =1FG@D# os Eserci4i !er il clavicembalo =1F@D# as Sonates et suites =1F>@D. suites =1F>@D. /o todo e'istem mais ou menos >@@ sonatasQ de Homenico :carlatti. 3as n)o se de"e ensar em sonatasQ de tio beetho"eniano. :)o e(as curtas, destinadas ao ensino do instrumento ou 7 e'ibi()o de artes "irtuos!sticas. Hurante todo o s*culo +- ser"iram =como as sonatas ara "iolino de CorelliD ara &ins didáticos. /unca &oram esquecidas. 3as as edi($es do come(o do s*culo ++, do &amoso ro&essor C%ernS, des&iguraram2nas comletamente, &acilitando2asQ ara o uso dos alunos. /a "erdade, s)o muito di&!ceis# a maior arte só ode ser tocada or "irtuoses consumados. Pois Homenico :carlatti, embora só retendendo escre"er e'erc!cios, chegou a alturas ineseradas. :ua imagina()o inesgotá"el, sua &antasiaQ realmente &antástica, seu temeramento &ogoso le"aram2no a entrar em terreno no"o. :ó a reedi()o &iel das suas obras or Alessandro Longo restabeleceu2lhe a "erdadeira &isionomia =a Longo se de"e uma numera()o das sonatasQ, hoe geralmente aceitaD. 3esmo assim &oi reciso romer com o hábito de tocar2lhes as obras no iano# n)o se destinam ao instrumento moderno. A reabilita()o do cra"o or Kanda Lando^sa e 9alh 9 alh Wiratric ermitiu reconhecer, en&im, o gInio. A enumera()o de aenas algumas das mais &amosas e hoe mais tocadas sonatasQ ode dar alguma id*ia da amlitude do es!rito do mestre as modula($es audaciosas do no.RV =sol maior D# D# as &ortes disson8ncias no no.KVT =em d7 maior D# D# a emo()o o o aai'onada do n .K =mi maior D# D# a solenidade barroca do n do n .LRU =r1 maior D# D# o colorido sombrio, tiicamente esanhol, do n do no.LKK =r1 menor D# D# ritmos de dan(a esanhola no no.L =r1 maior D# D# a e'los)o de temeramento do n do no.LNN =sol menor D, D, e(a &amosa sob o a denomina()o &uga de gatoQ# e o n .LXT =em f; maior D, D, que * uma tarantella, tarantella, recorda()o da mocidade naolitana. Homenico :carlatti &oi homem de e'traordinária imagina()o harm4nica, a"enturando2se a modula($es nunca antes ousadas# e &oi o rimeiro que imrimiu a e(as de música instrumental os e&eitos de &ortes contrastes dramáticos. N, neste e naquele sentido, um recursor da sonata2&orma da música clássica. oi, como -i"aldi, um gInio. O "irtuosismo desen"ol"eu2se rincialmente no "iolino, gra(as a
3. Hounias, Die ,iolinsonaten Giuse!!e "artini0s, "artini0s, Kol&enbuettel, 1?G>. A. Cari, .
subconsciente. Tartini &oi o maior "iolinista do s*culo +-# arte considerá"el da sua obra continua no reertório. Hos outros mestres do instrumento, da mesma *oca, sobre"i"em aenas algumas oucas e(as de rancesco <03/A/ =1BBF21FBMD, que se situa entre Corelli e -i"aldi, mas á conhece a din8mica da escola de 3annheim, as Sonatas em sol maior e em d7 menor # de Pietro LOCAT0LL =1B?>21FBD, disc!ulo de Corelli e mestre do cantabile, as Sonatas em d7 menor e em r1 maior # de elice <A9H/ =1F1B1F?BD, que ainda escre"e trio2sonatas, mas tamb*m á quartetos e uns carices# de P ietro /A9H/ =1FMM1F?ED, disc!ulo de Tartini e comositor mais nobre que "irtuose, as Sonatas em sol bemol maior e em r1 maior , de 1?BMD costuma"a e'ecutar em concerto# e que eram da sua rória la"ra, imita($es er&eitas e congeniais do estilo "iolin!stico do 9ococó. Hurante muitos anos Wreisler esera"a com aciIncia que os cr!ticos e musicólogos desertassem do erro# ois todos eles aceita"am a &raudeQ. :ó quando o grande mestre -incent dXndS &e% a obser"a()o de que a e'ecu()o daquela e(a de PugnaniQ or Wreisler n)o obedecia &ielmente 7s inten($es do comositor antigo, Wreisler resol"eu re"elar a "erdade, ro"ocando temestade de indigna()o da arte dos mesmos cr!ticos que tinha cometido tantas ga&es. O caso WreislerQ * um sinal de ad"ertIncia. N t)o &ácil imitar o estilo instrumental do 9ococó orque a maior arte dos ou"intes só resta aten()o a sinais e'teriores daquele estilo 7 dissolu()o das &ormas barrocas em ornamenta()o e arabescos 1. Pelo mesmo moti"o, muita gente acredita reconhecer como mo%artianaQ qualquer música do s*culo +-. Os tra(os indi"iduais s)o menos marcados que o ar de &am!lia da *oca. /o entanto, n)o * oss!"el con&undir -i"aldi e Jach, Homenico :carlatti e Couerin. Pela rimeira "e%, na história da música, come(am a esbo(ar2se nitidamente as di&eren(as nacionais. /a ran(a, ent)o saindo da *oca de Lu!s +-, o 9ococó tem caráter classicista. 0ssa combina()o de Classicismo e 9ococó * conhecida na história das artes lásticas e da literatura como st%le r1gence. N a *oca de um arquiteto com 9obert de Cotte, de um decorador como Claude
C&. ise Wimball, "he Creation of the (ococo, ilad*l&ia, 1?B. 0di()o das obras or 3. Cauchie, 1?GG e seguintes. A. Tessier, Cou!erin, Paris, 1?MB. ;. Tiersot, /es Cou!erin, Paris, 1?MB. K. 3ellers, 2ranJois Cou!erin and the 2rench Classical "radition, Londres 1?>@. M
5ices !our le clavecin =1F1G, 1F1F, 1FMM, 1FG@D, equenas e(as reunidas em MF su!tes. 3enos audacioso, menos ino"ador que Homenico :carlatti, orque n)o criando ara e'andir seu temeramento art!stico, e sim ara di"ertir a sociedade galante da r*gence, encantando2a com o sonho de id!lios astoris. A maior arte das e(as tem t!tulos o*ticos. 3as n)o se trata de música de rograma, aenas de 1tats d0Ame, sugeridos or t!tulos como /a ,olu!tueuse, /a tendre :anette, 'rlequin, /es barricades m%st1rieuses, Soeur Monique, /e rossignol en amour , /es moissoneurs /es tricoteuses, /a distraite, Sarabande ma6estueuse, /es tambourin, /es !etits moulins vent . Couerin &oi oeta. Criou um mundo comosto de su!tes V sua obra mais ambiciosa * a Suite /0+m!1riale V como se e'istisse "ida em que a gente n)o tem nada que &a%er do que tocar, dan(ar e ou"ir su!tes# e sugere, irresisti"elmente, que o nosso mundo seria melhor se a gente n)o ti"esse que &a%er nada do que ou"ir su!tes * o ara!so dos sonhos de Katteau. 3as n)o * inteiramente sonho * realidade suerior, criada ela mestria de um artista consumado. /enhuma nota, nenhuma &rase oderia ser outra do que *. N uma arte clássica. 0'erceu in&luIncia em Jach. O se"ero Jrahms ubl icou em 1EEE uma edi()o das 5ices. Roe, gra(as a 9a"el, * Couerin reconhecido como o modelo do neoclassicismo &rancIs. /)o será reciso acomanhar a e"olu()o da a rte cla"ecin!stica &rancesa# orque n)o tra%em contribui()o no"a os Haquin, os 3archand# a n)o ser o grande 9A30AU 1, autor de 5ices !our le clavecin =1F@B etc.D, que reencontraremos em outro ambiente. 3as merece men()o esecial ;ean23arie Leclair =1B?F1FBD M, cuas Sonatas !ara violino e trio-sonatas =sobretudo a em r1 maior , o!.K , no.U D s)o como um re&le'o &rancIs da arte de -i"aldi. O maior mestre &rancIs do órg)o * /icolas de <9] =1BF11F@GD, organista da catedral de 9eims. Ho seu /ivre d0Orgue =1F11# reeditado or
C&. A 3úsica ClássicaQ, nota 1B. 3. Pincherle, 3ean-Marie /eclair , Paris, 1?>M.
M
linha cuida"a do culto. Orienta"a o organista que tinha de accomanhar o canto da comunidade, o coral luterano reludiar, acomanhar e eilogar. 0 a ra que tudo &icasse dentro dos limites da ortodo'ia, e'igia2se ao $antor mais ou menos "asta erudi()o teológica. oi um mundo equeno e &echado. 0 com toda a con&ian(a no gInio musical da ra(a germ8nica V que at* ent)o tinha contribu!do muito ouco ara o desen"ol"imento da arte V ode2se du"idar se os $antoren teriam encontrado o caminho ara um mundo mais "asto, se n)o &osse a in&luIncia italiana. 3onte"erdi &oi a &or(a cua in&luIncia se sentira nos redecessores daqueles $antoren, em Rasler, em :chuet%. A in&luIncia italiana em seus sucessores &oi a de EG1BGD1. oi o maior organista do seu temo imro"isador t)o genial, no mais di&!cil dos instrumentos, que os admiradores lhe atribu!ram algo como insira()o di"ina. 3as o organista da ba s!lica de :an Pietro in -aticano `... 0ssa renascen(a tardia da oli&onia, ustamente nos maiores mestre do Jarroco, mas no &im da *oca, * o que nos &a% ensar, erroneamente, no barroco musical como arte eseci&icamente oli&4nica. 3as mesmo nessa última &ase, a no"a oli&onia "ocal, de origem organ!stica e de !ndole alem), só * um dos elementos constituti"os do estilo. Os outros elementos s)o de origem italiana e &rancesa. 0 acrescenta2se a heran(a inglesa, no caso de 1F>?DM. Randel, di%em os ingleses. Raendel, di%em o s alem)es. /asceu e &ormou2se na Alemanha. -i"eu e morreu na nglaterra. 3as n)o s)o estes os únicos elementos constituti"os de sua ersonalidade. :ua terra * a :a'4nia Ralle. Ali estudou Hireito, destinado a tornar2se urisconsulto erudito. 3ais o atraiu, or*m, a erudi()o teológica e musical. :ua &orma()o &oi a de um organista que, um dia, será $antor da igrea rincial de uma cidade sa'4nia# como Jach. 0, realmente, do órg)o translantará ara o coro as grandes a rtes oli&4nicas. /a tália, ara onde "iaou em 1F@F, ainda se e'ibe como "irtuose no órg)o. 3as á ensa na óera. 0m Rano"er, o generoso :te&&ani &acilita2lhe a mudan(a ara Londres, onde a dinastia hano"eriana sucederá no trono. Ali esera obter o sucesso que n)o &oi oss!"el conquistar em Ramburgo &unda e dirige uma casa de óera. A luta &oi dura contra resistIncias inglesas, contra ri"ais italianos como Juononcini e, rincialmente, contra os credores. Heois de temoradas ruidosas "eio em 1FME a &alIncia. /o"as lutas. /o"as e maiores di&iculdades. 0m 1FGB a ru!na &inanceira comleta, um derrame cerebral, a aralisia. 3as Randel n)o sucumbe. 9e&a%2se. /)o odendo mais encenar óeras no alco, manda e'ecutar óeras de enredo b!blico na sala de concertos * o oratório. N a "itória comleta, triun&al. 0m 1F>?, Randel * seultado no ante)o dos ingleses, na Kestminster AbbeS# sua estátua olha os túmulos dos reis da nglaterra e o 1
L. 9onga, Girolamo 2rescobaldi Organista in ,aticano, Turim, 1?G@. . 3orel, Girolamo 2rescobaldi , Kinterthur, 1?>. L. 9onga, 'rte e Gusto nella Musica, Jari, 1?>F. M 0di()o das obras comletas or . ChrSsander, 1@> "ols., 1E>?1E?. . ChrSsander, Georg 2riedrich )aendel , G "ols., Lei%ig, 1E>?1EBF. 9. A. :treat&ield, )andel , Londres, 1?@?. 9. 9olland, )aendel , Paris, 1?11. 3. Jrenet, )aendel , Paris, 1?1G. R. Abert, )aendel als Dramatiker , B1?BM, R. Chr. Kol&&, Die )aendelO!er auf der modernen &uehne, Lei%ig, 1?>F. K. Hean, )andel0s Dramatic Orat7rios and Masques, Londres, 1?>?.
monumento de :haeseare. A música de Randel só ode ser caracteri%ada elo adeti"o inglIs over=helming . /)o e'iste, em arte nenhuma, nada de t)o oderoso. Roe, sendo reabilitado o Jarroco, gostar!amos de e'licar essa qualidade como a surema reali%a()o do ideal barroco a música de Randel * grandiosa, am!ollosa, massicia# rodu% lo stu!ore e sabe, como nenhuma outra, col!ire i sensi . Os temos de incomreens)o comleta ela arte barroca á o ulgaram, aliás, da mesma maneira RaSdn, 3o%art, Jeetho"en considera"am2no como o maior de todos os comositores. 3as, * estranho, esse gigante da música era um lagiário. Aesar de disor de recursos inesgotá"eis de in"en()o, aroriou2se inescruulosamente de temas e trechos de outros comositores como se &ossem seus. N "erdade que os conceitos de roriedade intelectual n)o eram, ent)o, os de hoe. 3as os lágio de Randel e'igem outra e'lica()o sicológica. /o mesmo lano está a inescruulosidade com que o mestre usa "árias "e%es, e m obras di&erentes, as mesmas melodias suas, ora ara &ins ro&anos, ora na música sacra. Ja stam algumas modi&ica($es r!tmicas e uma can()o intensamente erótica tamb*m lhe ser"e, com letra di&erente, ara um De 5rofundis# ou ent)o, a música de um id!lio bucólico, ara uma triun&al marcha militar. O estilo de Randel ermite essas con&us$esQ orque * essencialmente sint*tico. Tudo está amalgamado at* arecer, elo menos, homogIneo. 0, em rimeira linha, os elementos nacionais. Randel ou Raendel O mestre * alem)o ou inglIs N isto e aquilo ao mesmo temo e *, mais, um ouco &rancIs e muito italiano. N uma s!ntese. A melodia de Randel * italiana# a oli&onia de Randel * alem)# como inglIs, reresenta o barroco rotestante. O elemento rotestante2inglIs * e"idente na música litúrgica de Randel, ara o uso da grea anglicana, reali%ando aquilo que Purcell iniciara# o "e Deum de 8trecht =1F1GD, ara celebrar o tratado de Pa% conclu!do nesse a no naquela cidade holandesa ainda * todo urcelliano# os 1M Chandos-'nthems =1FM1D, ara ser"i(os na caela articular de Lord Chandos, á s)o obras2rimas, sobretudo os nos.R, , , N, RV # os quatro Coronation 'nthems =1FMFD, que at* hoe se cantam durante a cerim4nia de coroa()o de um rei da nglaterra, s)o música meio rinciesca, meio oular, como e'citando o atriotismo das multid$es# o 2uneral 'nthem =1FGFD, ara um enterro na &am!lia real, * de emo()o raramente ro&unda nessa s*rie de obras# o "e Deum de Dettingen =1FGD, celebrando uma "itória das armas inglesas, * a mais oderosa das obras litúrgicas do mestre. Contudo, a liturgia anglicana n)o se resta bem ara ser musicalmente adornada. 3úsica sacra inglesa, deois da 9e&orma, semre tem algo de &ormal ou &ormal!stico, sem muita emo()o religiosa. Todas aquelas obras de Randel s)o mais oderosas ou imressionantes que ro&undas. 0lementos &ranceses será oss!"el descobrir nos ritmos alados da música instrumental do mestre, embora as &ormas &ossem, naturalmente, as italianas, de transi()o entre o Jarroco e o 9ococó. A! est)o os Concerti grossi o!.X =1F@D, dos quais sobretudo o no. , em sol menor , * &req5entemente e'ecutado# e os Concertos !ara 7rgo e orquestra, entre os quais aquele em f; maior , o!.L, no.L =1FGED, * uma das obras musicais mais conhecidas no mundo. N música que seria inusto comarar com a obra organ!stica de Jach, t)o incomensura"elmente mais ro&unda# mas * oular no melhor sentido da ala"ra. A >ater Music =1F1FD, escrita ara acomanhar uma e'curs)o do rei
0'iste um tio de comositor que dá seu melhor em música instrumental =RaSdn, Jeetho"enD, e outro tio que se e'rime com re&erIncia em música "ocal =3o%art, :chubertD. Jach * antes do tio instrumental. Randel * decididamente do tio "ocal, embora sua maneira de tratar as "o%es ro"enha do órg)o. :ua música instrumental agrada muito, sem ser ro&unda. 0m geral se ode a&irmar n)o con"*m ou"ir uma obra de Randel logo deois de uma de Jach. :ua maneira de intar al fresco, que á &oi comarada 7 arte de 9ubens ou Tieol o, * grandiosa e ode arecer, 7s "e%es, suer&icial. 3as isto só acontece quando se ensa e medita deois da audi()o. Atualmente, bastam trIs acordes de uma introdu()o orquestral ou alguns comassos cantados elo coro ou a linha melódica caracteristicamente nobre de uma ária ara restabelecer a grande%a incomará"el e irresist!"el do mestre que, mais do que qualquer outro artista barroco, sabe rodu%ir lo stu!ore. Todas essas considera($es tamb*m "alem quanto 7s óeras de Randel. /elas, o estilo do mestre * e"identemente italiano, embora nos coros, marchas e dan(as se re"ele o conhecimento da óera &rancesa de LullS. O tio * o das óeras de Alessandro :carlatti o enredo dramático, meio indi&erente, só ser"e ara arar em determinados momentos nos quais o cantor ou a cantora a"an(a ara a ribalta ara brilhar na grande ária. Por isso, da maior arte das óeras de Randel só sobre"i"em certos trechos, nas cole($es de Arie Antiche, ara o uso dos cantores de concerto. Has mais &amosas s)o, at* hoe, as árias ,0adoro !u!ille =de Giulio CesareD, Ombra cara di mia s!osa =de (adamistoD, Ombre !iante une funeste =de (odelindaD, /ascia ch0io !ianga =de (inaldoD. 3as o trecho mais c*lebre * o chamado largoQ =Ombra mai fuD, da óera Serse =1FGFD, uma das mais nobres melodias amais in"entadas, e(a indisensá"el no reertório dos grandes tenores e bar!tonos, mas que n)o de"eria ser cantada com acomanhamento de iano solo ou de orquestra sin&4nica# * indisensá"el a resen(a do "ioloncelista e do bai'o2cont!nuo. 0n&im, n)o se esquece o chamado Arioso, com te'to alem)o Dank sei dir )err = 'gradeJamos ao Senhor D, hino magn!&ico, tal"e% trecho de um oratório erdido# alguns du"idam da autoria de Randel. As óeras, das quais aquelas árias s)o os trechos mais brilhantes, assaram, durante quase M@@ anos, or imoss!"eisQ no alco# ela &alta de a()o dramática, que as trans&orma em quadros "i"osQ como de estátuas de museu, e elas imensas di&iculdades de bel canto que os cantores modernos á n)o sabem dominar. Contudo, quando da reabilita()o da arte barroca em nosso temo, rele"aram2se certas di&eren(as entre a óera scarlatiana e a de Randel. ;á estamos hoe areciando melhor do que a cr!tica do s*culo assado a &orma barroca do gInero. Tamb*m ercebemos mais nitidamente a heran(a de 3onte"erde, atra"*s de LullS e de Purcell. 0n&im, nota2se nas óeras de Randel certa sicologia dramática que * heran(a indireta da trag*dia elisabetana, atra"*s do drama da 9estaura()oQ, tio HrSden, que &oi, aliás, um dos oetas re&eridos do comositor. Todas essas considera($es insiraram or "olta de 1?M@ e rincialmente na Alemanha, no c!rculo do s musicólogos da Uni"ersidade de ?D# (odelinda =1FM># edi()o e reresenta()o or Osar Ragen em
que só rodu% o leno e&eito quando e'ecutada com toda a oma da cenogra&ia barroca, com cantores que, dominando as artes mais di&!ceis do bel canto, sabem mo"imentar2se no alco com a gra"idade de reis e lordes do s*culo +-. N uma arte de museu. ora do alco, Randel culti"ou o mesmo estilo em cantatas ro&anas V a mais imortante * no.L , /ucre4ia V em que reúne &orte emo()o e artes realmente &antásticas de bel canto# s)o, ara o cantor2solista, as obras mais di&!ceis que e'istem. Uma cantata ro&ana em grandes dimens$es * 'le#ander0s 2east =1FGBD, comosi()o da conhecida ode de HrSden em homenagem 7 arte da música. /o meio, entre essa obras corais e as óeras, situa2se 'cis and Galathea =1F1?D, id!lio arcádico, de encanto erene, que na nglaterra tamb*m se costuma aresentar cenicamente# * adata()o ao gosto inglIs de um enredo o*tico 7 maneira da 'rc;dia romana e de 3etastasio. ;á * angl ic!ssima uma outra obra que se costuma chamar de oratório ro&anoQ /0'llegro e il 5enseroso =1F@D, comosi()o do mara"ilhoso oema de 3ilton, surema homenagem do músico anglici%ado a England0s green and !leasant land . Ao mesmo gInero ertence Reracles =1FD, obra classicista, digni&icada como uma trag*dia clássica &rancesa# 9omain 9olland considera"a2a como o maior drama musical a ntes de
J A9 9 O C O P 9 O T 0 : T A / T 0 J AC R A arte de Randel n)o teria sido oss!"el no ambiente &echado e mesquinho das equenas cidades da sua terra sa'4nia, ent)o searada do mundo ocidental e mediterr8neo ela rigide% da ortodo'ia luterana, elo absolutismo atriarcal dos equenos rinciados, ela obre%a deois das de"asta($es da 1F>@D1 n)o &oi absolutamente, em "ida, o centro do mundo musical na Alemanha do /orte. 0ssa osi()o, des&rutou2a seu amigo Telemann. Jach &oi &amoso como o maior organista do seu temo e e'celente "irtuose no cra"o e no "iolino# al*m disso tinha &ama de cumrir ontualmente suas obriga($es de $antor , escre"endo as grandes quantidades de música sacra que o culto luterano, con&orme o uso da *oca requeria, e brigando constantemente com as autoridades administrati"as quanto aos recursos ara e'ecutá2las. Temos osteriores acredita"am conhecI2lo melhor. /o s*culo ++, assa"a or um grande e remoto deus ai da música, o maior de todos, mas t)o longe de nós como um ;osquin des Prs ou Palestrina. Roe, antes * adorado como o 0s!rito :anto da nossa arte, "i"i&icando todas as artes do cor!us m%sticum da música. 6uase se esquece o &ato de q ue &oi homem e &ilho de homem com os *s &incados na terra, calculando sobriamente as ossibi lidades desta "ida e aro"eitando ara o que lhe arecia essencial, at* as últimas. /a &amosa carta ao amigo 0rdmann, de 1FG@, chega a quei'ar2se do bom estado da saúde ública em Lei%ig, orque o número menor de &alecimentos e enterros solenes, com música, lhe diminui os emolumentos. Um grande realista. /)o se retende negar, nele, o elemento m!stico. 1
0di()o das obras comletas ela Jach2M1?1@. Ph. :itta, 3ohann Sebastian &ach, M "ols., 1EFG1EE@ =no"a edi()o, Lei%ig, 1?M1D. A. :ch^eit%er, 3. S. &ach le musicien-!ote, Lei%ig, 1?@> =muitas reedi($esD. A. Pirro, 3ean-S1bastien &ach, Paris, 1?1G. R. Wret%schmar, &ach-$olleg. ,orlesungen ueber &ach, Lei%ig, 1?MM. 0. Wurth, Grundlagen des linearen $ontra!unkts. Einfuehrung in Stil und "echnik von &ach0s melodischer 5ol%!honie, Ma. ed., Jerlim, 1?MM. 3. \ulau&, Die )armonik 3ohann Sebastian &ach, Jerna, 1?MF. Ch. :. TerrS, &ach a &iogra!h% , Ma. ed., O'&ord, 1?GG. R. ;. 3oser, 3ohann Sebastian &ach, Jerlim, 1?G>. L. :chrade, Jach. The Con&lict bet^een the :acred and the :ecularQ, in 3ournal of the )istor% of +deas, -M, 1?B. /. Hu&ourcq, &ach le maPtre de l0orgue, Paris, 1?E. K. :chmieder, "hematishces ,erseichnis der Musikalischen >erke von 3ohann Sebastian &ach, Kiesbaden, 1?>@. . Ramel, 3ohann Sebastian &ach Geistige >elt , 1. W. E.
3as * um grande m!stico luterano, isto *, dentro deste mundo, nunca dei 'ando de ensar no outro, mas com a satis&a()o alegre de quem cumre, aqui embai'o, suas obriga($es ro&issionais e tem mulher e muitos &ilhos, sem desre%ar o "inho. -inho, mulher e músicaQ, &oi este o lema de Lutero, que era, no entanto, homem de Heus e testemunha do -erbo. Como nenhum outro &ilho esiritual de Lutero soube Jach sincroni%arQ os dois mundos este e o outro. A harmonia er&eita entre os doi s a&igura"a2se2lhe garantida elas regras do contraonto, que s)o as mesmas na terra e no c*u. A "ida aqui embai'o e ali em cima constituem, sem interru()o, uma &uga er&eita. A le i da e'istIncia &!sica e esiritual de Jach * a oli&onia. A historiogra&ia liberal do s*culo ++ considera"a Lutero como o rimeiro homem moderno, que teria romido as cadeias esirituais da grea medie"al, iniciando a *oca do rogresso. A historiogra&ia moderna, deste Trfltsch, antes &ocali%a em Lutero os elementos medie"ais, góticos, que sobre"i"eram na grea Luterana do s*culo +- como Chr%stus-M%stik , muito arecida com a da dade 3*dia. :)o esses elementos que determinam o rimeiro e mais arcaico asecto da ob ra de Jach o gótico, elo qual ele se liga 7 oli&onia góticaQ dos mestres &lamengosQ do s*culo +-, embora sem conhecI2 los. 3uito se tem lamentado a qualidade miserá"el dos te'tos que oetastros com /eumeister, Picander e outros escre"eram ara Jach os trans&ormar em cantatas, ois a literatura alem) do seu temo, deois da # das quais grande arte se erdeu or cula da de"assid)o de Kilhelm riedmann, seu &ilho mais "elho e herdeiro dos seus a*is. :ó subsistem 1?E cantatas sacras de Jach. As cantatas de Jach &ormam um mundo comleto, de mil &acetas di&erentes. 6uem á ou"iu uma única, reconhecerá qualquer outra como sendo de Jach# mas nenhuma delas se arece com qualquer outra sua. `...
racassaram as tentati"as de "eri&icar tra(os de um critocatolicismo na mentalidade de Jach. 3as * "erdade que o mestre n)o se &echou dentro dos limites algo estreitos de sua grea. Como membro da :ociedade das CiIncias em Lei%ig, de"e ter conhecido e areciado a &iloso&ia de Leibni%# Albert :ch^eit%er chega a &alar em racionalismo crist)oQ =glauebiger (ationalismusD. Certamente, Jach aro"ou as iniciati"as, in&eli%mente &racassadas, daquele &ilóso&o de romo"er a reuni)o das greas searadas. 0 essa atitude &acilitou2lhe aquele trabalho que causou a maior estranhe%a aos rotestantes ara &im uramente rático, ara obter o t!tulo de )ofka!ellmeister =3aestro da corte realD, escre"eu o maior músico do rotestantismo uma missa católica, dedicando2a ao rei da :a'4nia, que se tinha &ormalmente con"ertido ao catolicismo romano ara oder eleger2se rei da Pol4nia. Jach teria agido or oortunismo, assim como seu rei ao qual ele quis agradar Hecididamente n)o. A Missa em Si Menor =1FGG1FGED, de dimens$es t)o grandes que nunca oderia ser e'ecutada durante o ser"i(o sacro, * uma obra de insira()o rotestante, * uma cole()o de grandes cantatas que interretam, trecho or trecho, o te'to litúrgico latino. Um tema como o do 'gnus Dei * eseci&icamente bachiano, dir2se2ia luterano. Certos trechos d)o a imress)o de uma imensa &esta oular em igrea t)o grande como nunca a ideou a imagina()o de um arquiteto. Outros trechos arecem re&le'o direto da harmonia V e do oder V das "o%es ang*licas no c*u. /esses momentos á n)o se ensa e m rotestantismo nem em catolicismo. As ala"ras 8nam sanctam catholicam et a!ostolicam Ecclesiam, no Credo, Jach manda cantá2las con&orme a melodia do coral gregoriano, que * anterior 7 seara()o das greas como se quisesse mani&estar a eseran(a da reuni)o da Cristandade erante o trono de Heus. A 3issa em si menor, tamb*m chamada )ohe Messe =tradu()o ine'ata de Missa SolemnisD, * a maior obra de Jach e, tal"e%, a maior obra de toda música ocidental. Uma catedral in"is!"el, a mais alta que &oi amais constru!da. As cantatas s)o ara quatro ou trIs solistas e coro algumas, e das mais imortantes =como os nos.TR, T e T D, ara um solita só e coro. Com$em2se de recitati"os, árias e coros, como se &ossem óeras religiosas em miniatura. 0nquanto os coros ser"em de &undamento oli&4nico, os recitati"os e as árias s)o e scritos no estilo da óera italiana, do tio da óera de Alessandro :carlatti, embora a in"en()o melódica semre sea bem alem). Para a chamada sin&oniaQ que ser"e de abertura, e ara o acomanhamento instrumental das e(as "ocais, Jach emrega uma orquestra de c8mara, com re&erIncia marcada or certos instrumentos de soro =&lauta, obo*D e, naturalmente, elo coro dos "iolinos, comletado or violas d0amore e outros instrumentos que ouco deois do temo de Jach á ser)o arcaicos. Como bai'o2cont!nuo ser"e ara os coros, o órg)o# e ara os solistas, o cra"o. O &inal da cantata * semre o coral l uterano que &orneceu a base do libreto, harmoni%ado e cantado a uma "o% elo coro. /o acomanhamento instrumental e nas árias * &orte a in&luIncia italiana. A esse reseito, o barroco de Jach reali%ou o que n)o conseguira reali%ar a literatura alem) da gera()o recedente uma "erdadeira renascen(a em terras da Alemanha. Coiou, de m)o rória, muitas obras de Corelli, -i"aldi, Caldara e elo menos uma ária de Alessandro :carlatti# arranou concertos de -i"aldi ara o órg)o ou o cra"o. =N, or*m, reciso obser"ar que a maior arte das obras i mressos de -i"aldi &oi ublicada quando Jach á tinha escrito suas su!tes e concerti grossi .D Assim, á se disse, com algum e'agero arado'al o maior comositor instrumental italiano do Jarroco * o alem)o Jach. Tamb*m há, em Jach, in&luIncias &rancesas. :ua literatura ian!sticas re"ela o conhecimento e estudo de Couerin e outros cla"ecinistas &ranceses e do organista
sobretudo a SuBte no.K em si bemol menor =1FMMD, com abertura maestosa e, como &inal, uma &adinerie, de alegria &antástica# e a SuBte no.K em r1 maior =1FMMD. 3as nesta última, o mo"imento lento =tamb*m &amoso em arrano ara o "iolino, como ria na Corda Sol D * uma sentida ora()o de noite# e a Gavotte, aesar do ritmo &rancIs, * uma alegre dan(a alem)# assim com na SuBte no.K * uma can()o alem) o 'ir . 0ncontramos, ali, o Jach que, mais do que qualquer outro comositor na história da música, alimentou de &olclore oular a sua arte. Rá elementos &olclóricos na maior arte das cantatas. olclóricas s)o as &amosas can($es ara uma "o% =CanJo de :oiva, CanJo 'ntes de 'dormecer etc.D que Jach notou no :otenbuechlein =Caderno Musical D de sua segunda mulher, Anna 3agdalena# entre"emos, or um instante, a intimidade do lar do mestre. At* nas sutil!ssimas ,ariaJYes de Goldberg introdu%iu, sub2reticiamente, duas alegre can($es oulares. He burlesco humorismo &olclórico * a &auernkantate =Cantata dos Cam!oneses, 1FMD. Jach sabe &a%er tudo. olclore alem)o religioso s)o as melodias do coral luterano, que Jach aro"eitou em tantas cantatas e, com e&eito esecial, nas ai'$es. Tal"e% só um luterano nato, ao qual essas melodias s)o &amiliares desde a in&8ncia, ossa sentir comletamente o ro&undo e&eito dramático do momento em que, na 5ai#o Segundo So Mateus, quando o e"angelista &ala da coroa()o de ;esus com esinhos, o coro canta o "elho coral O )au!t voll &lut und >unden =O (osto Cheio de Sangue e 2eridasD. As ai'$es s)o es*cie de oratórios cuos libretos se baseiam no te'to e"ang*lico da Pai')o do Cristo grandes dramas religiosos, encenados num alco sem cenários, com coros, recitati"os, árias e corais, e com o te'to e"ang*lico lido em recitati"o or um narrador# e com grande orquestra. A 5ai#o segundo So Mateus =1FM?D * a obra mais &amosa de Jach * t)o dramática como os grandes oratórios de Randel, sobretudo nos coros do o"o, curtos e incisi"os# e * da mais ro&unda emo()o religiosa, caa% de con"erter um ateuQ. :eria reciso escre"er uma monogra&ia ara dar alguma id*ia desta obra colossal, s!mbolo incomará"el da m!stica gótica, da !ntima de"o()o luterana e da insira()o dramática do Jarroco. 0 *, acima de qualquer determina()o estil!stica ligada a este ou 7quele er!odo histórico, como uma mensagem que nos chega de um outro mundo que or misericórdia se digna de &alar a nossa l!ngua. 0n&im * uma re"ela()o, no sentido b!blico# or isso, á se deu a Jach o t!tulo de quinto e"angelistaQ. A 5ai#o Segundo So 3oo =1FMGD, algo menos conhecida, n)o * in&erior# em temos recentes, ela "olta a ser e'ecutada com maior &req5Incia. 3as, sendo mais l!rica e de melodismo mais arcaico, n)o conquistará, ro"a"elmente, a imensa oularidade da outra obra. Por causa das ai'$es, Jach á &oi chamado de o maior dramaturgo musical do JarrocoQ. 0"identemente, esse Jarroco n)o * o de Alessandro :carlatti nem * o de Randel. 9e"ela2se menos nas artes "ocais, re&erentemente oli&4nicas, do que na música instrumental o emrego de muitos e di&erentes instrumentos ara a e'ecu()o do bai'o2cont!nuo# a in"en()o dos temas que, ensando2se semre em seu aro"eitamento ara &ugas e comle'os contraont!sticos, só raramente s)o cantá"eis assim como os temas instrumentais de um RaSdn ou 3o%art# os des&echos curtos, nunca brilhantesQ, mas semre em retardandoQ. Jarroco *, sobretudo, outro asecto da obra de Jach sua harm4nica. /ingu*m lhe negará o t!tulo de maior oli&onista de todos os temos. 3as sua inesgotá"el rique%a e melodias homo&4nicas V as árias das cantatas &ormam tesouro muito maior do que qualquer cole()o de arie antiche V á da ara ensar. Alguns musicólogos, e dos mais entendidos, a&irmam que Jach ensa "erticalmenteQ em colunas de acordes. /ingu*m
assinaria essa tese deois de uma audi()o dos motetos# mas estes s)o oucos. 0 em outras obras está a oli&onia linear, realmente, a ser"i(o da harmonia, ao onto de arecer anteciar, 7s "e%es, a escritura de um RaSdn ou de um Kagner. O $antor de Lei%ig á ode escre"er assim orque a última &ase do Jarroco remo"eu o maior obstáculo 7 escritura harm4nica a desa&ina()o ermanente entre as "o%es humanas e os instrumentos de cordas e de soro, or um l ado, e or outro lado, os instrumentos de teclas que tinham de acomanhar aqueles como bai'o cont!nuo. 0ssa &onte de desordem caótica na música barroca &oi eliminada ela determina()o matematicamente e'ata, embora acusticamente ine'ata, dos inter"alos nos instrumentos de teclas. O cra"o, agora bem temeradoQ, tornou2se dono da música, imondo os seus inter"alos aos outros. oi um "erdadeiro gole de estado na música. Permitiu, ela rimeira "e%, &a%er conscientemente o que Alessandro :carlatti aenas &i%era instinti"amente o im*rio da lei de seara()o rigorosa de tom maior e tom menor# a ure%a de cada uma das tonalidades# e a &aculdade de usar, na comosi()o, todas as M tonalidades oss!"eis. O rório Jach e'erimentou logo V e esgotou V todas aquelas ossibilidades nos M relúdios e &ugas do rimeiro "olume do Cravo &em "em!erado =1FMMD# deois, no"amente, nos M relúdios e &ugas do segundo "olume dessa obra =1FD. N a maior obra ian!stica de todos os temos# Rans "on J 5lo^ chamou2a de -elho Testamento do ianoQ, sendo o /o"o TestamentoQ as sonatas de Jeetho"en. N o manual da t*cnica do instrumento, seu bre"iário didático, e * a obra &undamental da harmonia moderna. 3as aqueles E relúdios e &ugas tamb*m s)o modelos de escritura oli&4nica no iano# neles se arende distinguir e &a%er soar distintamente as "árias "o%es, distribu!das entre as artes das m)os. 0, ainda or cima, esses relúdios e &ugas s)o imbu!dos de ro&undo es!rito religioso. A mesma s!ntese de religiosidade, es!rito didático e oli&onia tamb*m caracteri%a as seis 5artitas =1FG1D, tamb*m chamadas SuBtes 'lems. O es!rito de esquisa de Jach n)o tem limites, assim como * ilimitada a liberdade esiritual interior do luterano. Logo deois do Cravo &em "em!erado escre"eu a 2antasia e 2uga Crom;tica =1FMGD, estudo em comor sem tonalidade determinada, anteciando o cromatismo de Trist)o e solda# tamb*m *, aliás, gra"e medita()o religiosa. Outras obras ian!sticas de Jach lembram o &ato de que o comositor, anacr4nico em seu temo como músico gótico e barroco, tamb*m * homem da *oca e do estilo 9ococó. Tiicamente 9ococó á * o dueto de amor, entre ;esus e a alma, na Cantata no. RLV . 9ococó s)o, em arte, aquelas duas grandes SuBtes orquestrais, nos. K e . Tamb*m há elementos desse estilo em certas obras "iolin!sticas. A Sonata !ara violino e cravo em l; maior =1FMGD * a música mais &eli% que amais se escre"euQ, de uma eu&oria que ressente as beatitudes do ara!so# mas os anos dan(am lá em ritmos de 9ococó. 0n&im, Jach re"ela re&erIncia marcada elo instrumento mais querido do 9ococó, a &lauta. 0ntre as Sonatas !ara flauta e cravo, a em si bemol menor * a obra2 rima. 0lementos do estilo 9ococó tamb*m "i"i&icam "árias obras ian!sticas as SuBtes inglesas =1FM>D e, mais ainda, as SuBtes francesas =1FMMD, das quais a quinta cont*m uma gavotte irresist!"el. O Concerto italien =1FG>D * imita()o do estilo de -i"aldi em solo de cra"o# * música &esti"amente aristocrática como n)o e'iste nenhuma outra# e * caracter!stico o &ato de que os rórios contemor8neos, inclusi"e o cr!tico hostil :cheibe, &estearam esse Concerto italien como obra2rima. /)o *, aliás, in&erior a imonente Ouverture dans le goZt franJais =1FG>D, tamb*m ara solo de cra"o. 0, no mesmo estilo, o brilhant!ssimo Concerto !ara tr[s !ianos e orquestra em d7 maior
=1FGGD. Rá em tudo isso algo de Couerin. 3as o &undo * di&erente. Jach, como organista ro&issional, nunca dei'a de escre"er oli&onicamente. N um $antor alem)o. :)o aquelas e(as ian!sticas que insiraram a um escritor inglIs a imress)o da etiqueta rigorosa das equenas cortes alem)s, a&rancesadas, e do sóbrio bem2estar dos burgueses, e da dan(a dos camoneses em torno das ár"ores "erdes que arecem ár"ores de /atal em leno sol de "er)o, brilhante sobre a "asta terra alem), e de uma &or(a gigantesca, ro&undamente enrai%ada no solo, e de um oder acima do temo e de todos os esa(osQ. O asecto 9ococó dessas obras n)o * mera imress)o o*tica. Pode ser e'licada ela t*cnica de Jach, de di&erencia()o e integra()oQ das massas sonoras, que dá sentido musical 7 ornamenta()o e aos arabescos. 0ssa t*cnica de Jach * o !endant er&eito das di&erencia($es e integra($es que reali%aram em seu temo os grandes matemáticos e &!sicos, os Jernouilli e 0uler da análise matemática e da mec8nica dos coros celestes que &oram as grandes ciIncias do seu temo, e que o mestre arece ter conhecido. 0sse oli&onismo matemático insirou Jach certos e'erimentos singulares de escre"er oli&onicamente ara instrumentos que, or sua nature%a, n)o se restam ara tanto. :)o as obras ara "iolino solo e ara "ioloncelo solo, sem acomanhamento. Como se uma única "o% humana &icasse obrigada a cantar a caela. sto * imoss!"el. 3as naqueles instrumentos, Jach reali%ou o imoss!"el. As seis SuBtes !ara violoncelo solo =1FM@D, sobretudo a no.K em d7 menor e no. em r1 menor , s)o dan(as nobremente estili%adas, obras de densidade e'traordinária e de sonoridade quase orquestral# hoe s)o muito conhecidas gra(as ao es&or(o de Pablo Casals. He di&iculdade tal"e% ainda maior s)o as trIs Sonatas !ara violino solo =1FM@D, sobretudo as em d7 maior e em sol menor # * uma arte ouco acess!"el, que o ou"inte m*dio só consegue areciar atra"*s das artes de um "irtuose como 3enuhin. 0n&im, há trIs SuBtes =ou 5artitasD !ara violino solo =1FM@D. A segunda, em si bemol menor , termina com a &amosa chacona, que assa"a, durante o s*culo ++, como o non !lus ultra do "irtuosismo "iolin!stico# hoe * considerada como o suremo hino do músico Jach, de uma insira()o religiosa que n)o recisa de ala"ras, mas que &a% soar um único "iolino como se &osse uma orquestra inteira. N o triun&o esiritual de uma arte matematicamente e'ata. A interreta()o matemáticaQ da arte de Jach * certamente unilateral. /ingu*m a alicaria 7 5ai#o Segundo So Mateus, 7 Missa, ao Magnificat ou 7s Cantatas. 3as ser"e ara rati&icar outra interreta()o, n)o menos unilateral * a conhecida teoria de Albert :ch^eit%er sobre Jach como musicien-!ote. O grande teólogo2músico2&ilantroo conseguiu demonstrar que Jach, último rebento da tradi()o madrigalesca dos 3aren%io,
maior , de uma inocente alegria aradis!aca# o Concerto em l; menor , de energia "iril at* na ornamenta()o "irtuos!stica# e o Concerto !ara dois violinos e orquestra em r1 menor , de alegria ubilosa. 0m todos os trIs concertos, o mo"imento lento * meditati"o# o largo, no Concerto !ara dois violinos, * uma como"ente can()o religiosa. 3as nem semre * oss!"el interretar dessa maneira o*tico2sicológica as obras instrumentais de Jach. O bel!ssimo "ri!el-Concerto !ara !iano violino flauta e orquestra em l; menor =1FG@D * um enorme arabesco oli&4nico em torno dos temas. Chega2se a um onto em que a teoria de :ch^eit%er á n)o ser"e. :)o as obras de oli&onia matemáticaQ. 0nt)o, Jach escre"e música er&eitamente absoluta, que tem seu sentido em si rória. O cume dessa música absoluta s)o os seis concerti grossi que Jach dedicou ao 3argra"e de Jrandemburgo =1FM1D. N música brilhantemente &esti"a, 7s "e%es de nobre%a aristocrática, outras "e%es de alegria &olclórica, com e&us$es ro&undamente l!ricas no meio. As ossibilidades do gInero, o contraste entre "ários solistas e os tutti da orquestra de cordas, s)o esgotadas at* as últimas sutile%as. O tecido oli&4nico da escritura * de densidade e'traordinária. /ingu*m conseguiria descobrir id*ias o*ticas ou mo"imentos sicológicos nessa música absoluta. O Concerto no.R em f; maior * comletado or algumas dan(as estili%adas, como uma su!te. O Concerto no.K em f; maior * o mais alegre de todos, lembrando um ro"*rbio alem)o O c*u está cheio de "iolinosQ. O Concerto no. em sol maior n)o tem mo"imento lento# * um eretuum mobile de ritmos barrocos. O Concerto no.L em sol maior e'ibe o "irtuosismo do "iolino o Concerto no.T em sol maior , com o cra"o no centro, no &undo, * um grandioso concerto ara o ianista2solista. O Concerto no. em si bemol maior , or*m, n)o tem solistas as "iolas lideram o mo"imento incansá"el, de energia sombria. 6uanto 7 subst8ncia musical dessas obras, &altam as ala"ras * a música mais er&eita que á se escre"eu. Os Concertos de &randemburgo re"elam mais um asecto caracter!stico do gInio de Jach a tendIncia de esgotar todas as ossibili dades de um gInero, todas as solu($es oss!"eis de um roblema musical, rodu% obras didático2monumentais. 6uer di%er s)o manuais ráticos, como destinados ara o ensino do resecti"o gInero ou roblema# e s)o, ao mesmo temo, as reali%a($es mais monumentais, de&initi"as do gInero. Assim, os Concertos de &randemburgo, que s)o, aliás, dos últimos concerti grossi que se escre"am no s*culo +-, s)o o monumento do gInero concerto grossoQ. Obras didático2monumentais assim s)o o Cravo &em "em!erado e aquele catecismo luterano ara órg)oQ a terceira arte dos $lavier\bung . A &orma musical da "aria()o, at* ent)o ouco desen"ol"ida, &oi emregada or Jach nas ,ariaJYes de Goldberg =1FMD, escritas ara o cra"ista @D, a última obra de Jach. O monumento da sua arte oli&4nica. Um único tema * e'lorado ara &ornecer todas as &ormas oss!"eis do gInero &ugaQ# uma delas, o grande (icercare, * a maior &uga em toda a música ocidental. 0 todas essas &ugas s)o reunidas em determinada ordem, con&orme um esquema arquitet4nico de dimens$es colossais. :ó &alta a onta da torre dessa catedral# ois o des&echo teria sido uma harmoni%a()o do coral ,or deinem "hron tret0ich hiermit = '!areJo 5erante "eu "ronoD, que &icou interromida ela morte de Jach. Cumre obser"ar que a arte da &ugaQ só e'iste e m nota()o esquemática, sem qualquer
indica()o dos instrumentos que a de"eriam e'ecutar. 0'istem "ários arranos modernos, ara ossibilitar a e'ecu()o ara dois ianos =de :eidlho&erD, ara quarteto de cordas, ara orquestra de c8mara =M, com o in!cio da edi()o das obras comletas ela :ociedade Jach em Lei%ig, come(ou a ublica()o das cantatas. /aquele temo, a grea luterana á n)o tinha uso ara as obras de Jach na liturgia# só tolera"a a e'ecu()o, na igrea, a t!tulo de concertos, assim como a grea católica come(ou a ermitir, em seus temlos, a e'ecu()o das obras o rgan!sticas de Jach, que n)o le"am te'to suseito de heresia. A obra de Jach tinha erdido, ara a osteridade, a signi&ica()o religiosa. Jach * ara os rom8nticos, o grande e"ocador de sentimentos religiosos de um assado irremedia"elmente erdido# ara Jrahms e seu cr!tico2amigo Ranslic o grande mestre de constru($es arquitet4nicas# ara Kagner e ara um &ilóso&o como HiltheS o recursor da trag*dia em música# ara o s modernos o &abuloso t*cnico dos gIneros r*2clássicos, cuas obras se e'ecuta hoe de maneira e'atamente histórica, com bai'o2cont!nuo, orquestra equena e instrumentos arcaicos, sem din8mica e, se &or oss!"el, sem e'ress)o de sentimentos. O mestre antigoQ "irou o mestre mais moderno. oi este o destino óstumo da música de Jach. Hestino que ele rório nunca adi"inharia. Pois suas inten($es &oram comletamente di&erentes. /as linhas e nas entrelinhas dos documentos conser"ados descobrimos o moti"o mais ro&undo das interminá"eis brigas e querelas com as autoridades eclesiásticas em 3uehlhausen e com o Conselho 3unicial de Lei%ig. Jach, consciente da sua rória imort8ncia, n)o quis subordinar seu gInio a outra inst8ncia sen)o 7 ro"idIncia di"ina. ;ulga"a2se encarregado da miss)o de re&ormar &undamente a música sacra da grea luterana. 3as esta resistiu em arte, esta"a etri&icada or um dogmatismo cada "e% mais seco, escolásticoQ, que iria deois trans&ormar2se em racionalismo n)o menos seco# em arte, a de"o()o luterana á come(ou a derramar as lágrimas do ietismo sentimental. /em estes nem aqueles sentiram a necessidade de uma no"a música sacra. 0 que no"a música sacra oderia nascer no s*culo do racionalismo &ilosó&ico e da óera Jach n)o conseguiu reali%ar seu alto obeti"o. 0 &oi esquecido. 3as os recursos musicais que emregara, tornaram2se indeendentes. Come(aram a desemenhar sua &un()o &ora do recinto sacro. A sala de concertos trans&ormou2se em igrea de uma no"a religi)o da religi)o da música. 6uando RaSdn, 3o%art e Jeetho"en tinham i niciado essa trans&orma()o, Jach &oi redescoberto. 6uando Kagner e Jrahms tinham cumrido sua miss)o de terminar aquela trans&orma()o, Jach "oltou a ocuar o rimeiro lugar na história da música. :ua obra * hoe o &undamento do nosso temlo de música ro&ana. Consumou2se a ro&ecia b!blica =0". 3at. ++ MD A edra que os obreiros reeitaram, tornou2se edra &undamentalQ.
9 0 : U 3 O A 3 : C A J A 9 9 O C A Acomanhando a reabilita()o do Jarroco nas artes lásticas e na literatura, a musicologia tem elaborado "árias teorias ara solucionar o roblema da música barroca1. /)o &oi necessário reabilitá2la. Pois Jach e Randel s)o, há muito, reconhecidos como os ontos mais altos da história da música. /o entanto, os musicólogos italianos resistem, sob a in&luIncia de Croce, 7 "alori%a()o da música barroca. Para eles, Jarroco continua a signi&icar decadIncia. `... /o in!cio do s*culo +-, as "itórias incomletas da 9e&orma e da Contra29e&orma rodu%em um estado de ceticismo &ilosó&ico, do qual se encontram sinais em Cer"antes e Hescartes. /a música, o &en4meno corresondente * a dissolu()o da arquitetura e do sistema tonal da oli&onia "ocal, ara os quais os rimeiros mestres da óera á n)o tIm uso. A este e 7quele reseito, quanto 7s &ormas e quanto 7 harmonia, o s*culo +- musical * uma *oca de con&us)o caótica. :al"am2se uns oucos gInios e'erimentadores2recursores como 3onte"erde e :chuet%, que n)o se reali%aram comletamente# tamb*m &oi este o destino de Purcell. /o come(o do s*culo +- corresonde a essa situa()o caótica aquela &ase do ensamento euroeu que Paul Ra%ard chamou de crise de la conscience euro!1enne os rimeiros sinais de relati"ismo e racionalismo acrist)os e anticrist)os. 3as na música, a ordem &oi restabelecida ela arte neooli&4nica de Randel e Jach. Ao mesmo temo, Alessandro :carlatti á adotou, antes instinti"a do que sistematicamente, a no"a ordem tonal, Jach sistemati%a2a, em 1FMM, no rimeiro "olume do Cravo bem "em!erado, que *, muito signi&icati"amente, a única obra sua que &icou "i"a e conhecida durante a segunda metade do s*culo. 0 no mesmo ano de 1FMM ublicou 9ameau o "raPt1 d0)armonie. Ao restabelecimento da ordem tonal corresonde o estabelecimento de uma no"a ordem social no reino da música os comositores do s*culo +- ser)o ser"idores úblicos, embora de categoria subalterna, trabalhando ara determinadas ocasi$es na "ida da corte, do alácio aristocrático, da grea. :ua arte * estritamente &uncional. Com a e'ecu()o, resecti"amente reresenta()o da obra, o obeti"o está reali%ado. A grande massa das comosi($es do s*culo nunca &oi ublicada, imressa# caiu, deois da e'ecu()o, no esquecimento. 0ste tamb*m &oi um dos moti"os do desaarecimento da obra de Jach.
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9. Raas, Die Musik des &arock , Potsdam, 1?ME. A. Hella Corte e C. Pannain, Storia della Musica, t., Turim, 1?M. :. Clec', /e &aroque et la Musique. Essai d0esth1tique musicale, Jru'elas, 1?. 3. Juo&%er, Music in the &aroque Era. 2rom Monteverde to &ach, /o"a orque, 1?F. 3. /e^man, "he Sonata in the &aroque Era, Londre, 1?>?. A. Rutchings, "he &aroque Concerto, /o"a orque, 1?B1.
C AP ÍT U L O
A Música Clássica O : L R O : H 0 J AC R
A
resen(a da música barroca de Jach =1F>@D e Randel =1F>?D em leno s*culo +- n)o contribui ara de&inir o estilo de sua *oca. Para e'licar essa resen(a anacr4nicaQ num temo em que a literatura e as artes lásticas á tinham abandonado e esquecido o estilo barroco, basta a conhecida tese de /iet%sche sobre o atraso habitual da música em rela()o 7s outras mani&esta($es do es!rito. N muito mais di&!cil acostumar2se a um no"o estilo musical do que a ino"a($es no terreno da oesia ou da intura, de modo que a música semre &icaria ara trás. 3as a análise das correntes literárias e &ilo só&icas e'lica mais outros ormenores do &en4meno. O s*culo +- assa or ter sido racionalista no ensamento e classicista na arte. :eu reresentante mais comleto seria o racionalista2classicista -oltaire. /a "erdade, o anorama * um ouco di&erente. -oltaire á era &amoso como dramaturgo e ornalista ol!tico2&ilosó&ico, or "olta de 1FG>, quando o estilo dominante da 0uroa ainda era o 9ococó, último deri"ado do estilo barroco. 0 quando -oltaire morreu, em 1FFE, a 0uroa esta"a, ha"ia decInios, dominada elo r*2romantismo, sentimental ou at*tico. As &ormas musicais do Jarroco n)o se resta"am ara dar e'ress)o 7 no"a mentalidade. A óera naolitana, tio Alessandro :carlatti, era uma arte essencialmente n)o2dramática, cuo "alor musical residia nos momentos de medita()o l!rica. Randel n)o tinha re&ormado a óera# or isso, suas óeras s)o a arte de sua obra que caiu logo em esquecimento. A música instrumental barroca culmina"a em arte t)o abstrata como s)o os Concertos de Jrandemburgo. A arte oli&4nica de Jach á era um anacronismo no seu temo. :eus rórios &ilhos &oram os rimeiros a abandoná2la 1. ;ohann Christian JACR =1FG>1FEMDM &oi o &ilho mais no"o e redileto do $antor , e nunca hou"e trai()o mais comleta. 0m 1F>, em 3il)o, quatro anos deois da morte do ai, esse &ilho do maior músico rotestante con"erteu2se ao catolicismo romano ato uramente &ormal, insincero, ara obter o cargo de organista no domo. Poucos anos deois, em 1FBM, Jach está em Londres, como maestro da rainha# e m 1FB>, &undou, de arceria com o "iolinista Warl riedrich Abel, uma sociedade de concertos úblicos, a rimeira dessa nature%a, colhendo grandes lucros &inanceiros, entregando2se a uma "ida de ra%eres bastante materiais. Os contemor8neos chama"am2no de Jach de 3il)oQ, e'ecrando2o como aóstata, ou ent)o de Jach de LondresQ, desre%ando2o como eicureu c!nico e cortes)o inescruuloso. Roe em dia, atribui2se2lhe grande imort8ncia histórica, como comositor t!ico do 9ococó e um dos reresentantes rinciais do estilo galanteQ em música. ;ohann Christian &oi o rimeiro que no concerto ara solista e orquestra substituiu o cra"o elo iano. 0m 1FBE tocou, ela rimeira "e%, um concerto ara iano e orquestra erante úblico an4nimo, admitindo mediante agamento de ingresso# * o &im "irtual da música escrita ara a c8mara de r!ncies e aristocratas. 1
R. 9iemann, Die Soehne &achs =in Proeludien und :tudienD, "ol. , Lei%ig, 1E?F. R. P. :choeel, 3ohann Christian &ach und die +nstrumentalmusik seiner 9eit , Kol&ebuettel, 1?MB. Ch. :. TerrS, 3ohann Christian &ach, Londres, 1?M?. W. E. M
6uem o ou"iu tocar em Londres &oi o o"em 3o%art, ent)o menino rod!gio# a imress)o &oi &orte e duradoura. 6uem, hoe em dia, chega a ou"ir uma obra qualquer de ;ohann Christian Jach, logo diria sto * de 3o%artQ /a "erdade, o estilo de 3o%art * ohann2 christian2bachiano. 0ssa arte, esquecida durante tanto temo, á n)o * &en4meno uramente histórico. Pode2se desre%ar o Jach de 3il)oQ. 3as o Jach d e LondresQ "oltou a &a%er arte do reertório moderno. /ossas associa($es de música de c8mara e'ecutam2lhe a chamada Sinfonia !ara Duas Orquestras, em r1 maior , es*cie de concerto grosso degeneradoQ# e alguns ianistas modernos inclu!ram no seu reertório os Concertos em d7 maior , sol maior e mi bemol maior , graciosos como e(as de orcelana de 3eissen ou :"res. Tamb*m &oi ressucitada uma sin&onia em sol menor, na qual se notam sinais do &uturo r*2romantismo. ;ohann Christian tinha recebido, em casa do a i, cuidadosa educa()o musical, assim como os outros &ilhos, inclusi"e o mais "elho, Kilhelm riedemann, cuo talento musical notá"el ereceu nos del!rios do alcoolismo e de dissoluta "ida boImia. :ó n)o quisera o $antor que se tornasse músico seu segundo &ilho, Carl Phili 0manuel Jach =1F1 1FEED1# como se adi"inhasse que este acabaria de&initi"amente com a arte antiga. Hestinara2o 7 carreira de urisconsulto erudito. O destino, or*m, n)o o quis assim. Heois de anos de ser"i(o na corte do rei rederico , o G1FBMD# essa "erdadeiraQ á n)o era a do Cravo &em "em!erado. 0 isto come(ara cedo. As rimeiras sonata do &ilho &oram escritas quando o ai ainda trabalha"a na missa em si bemol menor. Por outro lado, as últimas obras de Carl Phili 0manuel s)o contemor8neas das obras maduras de RaSdn e 3o%art. 0 as ,ariaJYes sobre as 2olies d0Es!agne arecem anteciar o grande estilo sin&4nico de J rahms. Carl Phili 0manuel * homem de uma &ase de transi()o. Carl Phili 0manuel Jach tem contribu!do muito ara o desen"ol"imento do no"o concerto ara iano e orquestra# *, a esse reseito, o mestre de 3o%art. 3as sua &orma redileta &oi a sonata ara iano solo. As cole($es s)o Sonatas Dedicadas ao (ei da 5rssia =1FMD# Sonatas Dedicadas ao Duque de >uerttemberg =1FD# Sonatas com (e!rises ,ariadas =1FB@, 1FB1, 1FBGD, de in&luIncia decisi"a no desen"ol"imento da arte de RaSdn. 3as á s)o osteriores 7 re"olu()o musicalQ reali%ada em -iena as Sonaten f\r $enner und /iebhaber =Sonatas !ara Conhecedores e 'madores, seis cole($es, 1FF?1FEFD, das quais "árias se mant*m at* hoe no reertório, elo menos ara o ensino suerior. Hiscutiremos logo mais as ino"a($es &ormais e o no"o es!rito dessa arte, que os contemor8neos arecia"am como uma re"ela()o ela rimeira "e%, a música instrumental arecia ter adquirido a &aculdade de di%er tudo, embora sem ala"rasQ. 9ealmente, Carl Phili 0manuel Jach n )o * só imortante ersonagem histórico. Come(ou maneando o no"o recurso &ormal da sonata2&orma com tanto gInio que lembra 7s "e%es Jeetho"en. 3as na maior arte das suas obras n)o consegue manter2se nessa altura deois de come(os altamente dramáticos, "olta logo ara os 1
A. Kotquenne, "hematisches ,er4eichnis der >erke von Carl 5hili!! Emanuel &ach, Lei%ig, 1?@>. O. -rieslander, Carl 5hili!! Emanuel &ach, Lei%ig, 1?MG.
reciosismos graciosos do estilo 9ococó. /o entanto, nos seus mo"imentos lentos á * incon&und!"el o es!rito sentimental do r*2romantismo. Carl Phili 0manuel Jach tamb*m &oi, 7 sua maneira, um gInio. : O / A T A 2 O 9 3 A 0 : / O / A R A ]H / O roblema &oi o seguinte a música instrumental barroca n)o conhecia nenhum rinc!io de desen"ol"imento temático. O tema in"entado elo comositor &oi colocado em determinada situa()o oli&4nica =tomado e retomado elas "árias "o%es instrumentaisD e em determinada situa()o de orquestra()o =tomado e retomado elos solistas e elos tutti D# deois de esgotadas todas as ossibilidades dessa situa()o inicial, o mo"imento esta"a terminado. Os Concertos de Jrandenburgo est)o constru!dos assim. /)o ha"ia outro rinc!io de constru()o de um trecho instrumental# e a reuni)o de "ários trechos desses, ara &ormarem uma obra inteira, &oi arbitrária oderia ser uma su!te ou um concerto grosso, indistintamente. Poderia ser a su!te a sucess)o de "árias dan(as estili%adas. Tamb*m oderia ser a abertura de óera que, quando obti"era sucesso, tamb*m &oi e'ecutada, indeendente da reresenta()o em concerto. Rou"e dois tios de abertura, que &orneceram os esquemas ara as obras instrumentais de -i"aldi e Jach. A abertura &rancesa, de LullS, com$e2se de uma introdu()o lenta, mo"imento ráido, e reeti()o de trecho lento. A abertura italiana, de Alessandro :carlatti, com$e2se de um trecho ráido, de um mo"imento lento no meio, e da reeti()o do trecho ráido alegro# adágio ou andante# e alegro &inal. 0sse tio italiano de abertura * o recursor da nossa sin&onia# ara comletá2la só &oi reciso introdu%ir entre o mo"imento lento e o &inal um terceiro mo"imento, que &oi tomado emrestado 7 su!te uma dan(a estili%ada, o minueto. 3as com esses esquemas, todos rotineiros, n)o esta"a resol"ido o roblema do desen"ol"imento de um tema dentro de um mo"imento. Um recursor da solu()o &oi Pergolese em suas trio2sonatas de 1FG1 esbo(a2se o rinc!io de dois temas contrastantes. /o entanto, oucos negam a Carl Phili 0manuel Jach1 a arte rincial do m*rito de ter desen"ol"ido a sonata2&orma. Chama2se assim o no"o rinc!io de constru()o do rimeiro mo"imento, o mais longo e mais imortante de uma sonata. O andante ou adágio ode ser uma medita()o musical. O alegro &inal ode contentar2se com reeti()o, ouco "ariada, de um tema * a &orma do rondó. 3as o rimeiro alegro tem de ser mais elaborado. Carl Phili 0manuel Jach artiu de uma &orma simles um tema * sumariamente e'osto =e'osi()oD# deois muda a tonalidade# no no"o ambiente tonal, continua o desen"ol"imento# en&im, a e'osi()o * =com modi&ica($es mais ou menos ligeirasD reetida na tonalidade original =recaitula()o ou reriseD. O &ato imortante, nesse esquema, * a mudan(a de tonalidade, a modula()o# * um rinc!io dramático. 3ais deois, Carl Phili 0manuel J ach aer&ei(oou esse esquema ela introdu()o de um segundo tema, contrastante, que entra em es*cie de luta d ramática com o rimeiro tema. 0is a sonata2&orma comleta. N di&!cil atribuir in"en()o dessas a um determinado indi"!duo. A coisa esta"a no ar. Carl Phili 0manuel Jach te"e comanheiros e cometidores. 0m obras do seu irm)o ;ohann Christian tamb*m se encontra esbo(ada a sonata2&orma. Precursor da &orma, dos mais geniais, * Homenico :carlatti. 0lementos da sonata2&orma s)o reconhec!"eis nas obras orquestrais, chamadas sin&oniasQ, do milanIs
C&. nota 0rror 9e&erence source not &ound anterior.
música de c8mara italianas retendem ressuscitá2lo. igura de transi()o * o &rancIs ran(ois ;oseh FDM. 1FFFD * a mesma dos mannheimianos. Outro austr!aco, @D, escre"eu em 1F@ uma obra orquestral em quatro mo"imentos cuo terceiro * um minueto * a mais antiga de todas as sin&onias. 3onn tamb*m &oi o rimeiro que emregou o mesmo esquema ara um concerto de solista# seu Concerto !ara ,ioloncelo e orquestra em sol menor &oi reeditado, na cole()o Monumentos da Msica na ustria ="ol. ++, t.MD, or ningu*m outro que Arnold :choenberg. Logo a sonata2&orma come(a a dominar toda a música instrumental. A sin&onia n)o * outra coisa sen)o uma sonata ara orquestra. Um concerto V agora muito di&erente dos concertos de Jach e -i"aldi V n)o * outra coisa sen)o uma sonata ara um solista com acomanhamento da orquestra. A sonata ara quatro instrumentos de cordas, o quarteto, será acrescentada or RaSdn. As origens de sonata2&orma, sin&onia e orquestra &oram, durante muito temo, obeto de &orte olImica entre os musicólogos. O alem)o Rugo 9iemann de&endeu 1
W. /e&, Geschichte der Sinfonie und Suite, Lei%ig, 1?M1. . Kaldirch, Die kon4ertante Sinfonie der Mannheimer , Reidelberg, 1?G1. P.
intransigentemente a rioridade do gruo de 3annheim. O "ienense á lhe era encomendada uma obra elos c4negos da catedral de Cádi%, na remota 0sanha. 0m 1FEB, escre"e sin&onias ara os concertos úblicos da Loa 3a(4nica OlSmique em Paris. Liberto, en&im, ela morte do "elho r!ncie 0sterhá%S e ela morte da mulher, "iaa em 1F?1 ara Londres, a con"ite do "iolinista e emresário :alomon com seus concertos ganha muito dinheiro e o doutorado honoris causa da Uni"ersidade de O'&ord numa segunda "iagem, reetem2se os triun&os. 0nt)o, tamb*m * reconhecido como comositor o&icial do m*rio Austr!aco, ao qual escre"eu, em 1F?F, o hino. : ucesso triun&al do oratório ' CriaJo. Heois, retira2se ara a solid)o de sua casa. RaSdn morreu em 1E@? em -iena, ocuada elas troas de /aole)o# o&iciais &ranceses &ormaram a guarda de honra no seu enterro. O chamado classicismo "ienense isto * a tr!ade Ra Sdn23o%art2Jeetho"en. N uma rotina historiográ&ica que &alsi&ica comletamente a ersecti"a histórica como se RaSdn ti"esse sido o &undador e o menos er&eito dos trIs, 3o%art á melhor e Jeetho"en o melhorQ dos trIs. Um rogressismo t)o simlista merece ser radicalmente eliminado. 1
/o"a edi()o das Obras Com!letas =ed. ;. P. LarsenD, Woeln, 1?>E e seguintes =at* agora 1M "ols.D. C. . Pohl, 3ose!h )a%dn, M "ols., Jerlim, 1EF>1EEM, ="ol. , or R. Jotstiber, Lei%ig, 1?MFD. A. :chering, )a%dn, -iena, 1?ME. C. Wobald, 3ose!h )a%dn, -iena, 1?GM. C. 3. Jrand, Die Messen von 3ose!h )a%dn, Kuer%burg, 1?1. W. @. 9. :ondheimer, )a%dn ' )istorical and 5s%chological Stud% based on his Quartets, Londres, 1?>1. A. "an Roboen, 3ose!h )a%dn. "hematisch-bibliogra!hisches >erkver4eichnis, "ol. ., 3ain%, 1?>F. R. C. 9obbins Landon, "he S%m!honies of 3ose!h )a%dn, Londres, 1?>>. =:ulementQ, Londres, 1?B1.D
RaSdn n)o * menorQ nem imer&eitoQ. 3as o s*culo ++ acredita"a nesse mito. Os rom8nticos idolatra"am 3o%art de tal maneira que RaSdn, embora ainda muito areciado, &oi relegado ara o &undo. :chumann á o trata com mera bene"olIncia. Conhecidas s)o umas &rases ouco comreensi"as de Kagner. Roe, gra(as a intenso trabalho dos musicólogos e de regentes como Jeecham, Jruno Kalter e Toscanini, está RaSdn mais que reabilitado. :ó em li"ros antiquados ainda se encontra es*cie de de&esasQ. RaSdn * hoe reconhecido como gInio, da categoria de Jeetho"en, 3o%art e Jach. Considera"am2no, antigamente, como simlório. N "erdade que &oi homem de oucas lertas, sem contato com o desen"ol"imento da literatura alem) em seu temo. 3as a inteligIncia musical * &en4meno comletamente 7 arte# e bem obser"ou To "eS que a introdu()o, numa sin&onia ou num quarteto, de um no"o tema * oera()o t)o di&!cil e sutil como a introdu()o de um no"o ersonagem numa trag*dia de :haeseare ou 9acine. A surema inteligIncia musical de RaSdn reali%ou uma re"olu()o mais ro&unda que a da ars nova e mais construti"a que a de 3onte"erde enterrou a música barroca e iniciou a moderna. A esse reseito * RaSdn o mais original de todos os comositores# tamb*m o * quanto 7 in"en()o melódica. A origem * o &olclore. RaSdn * o mais t!ico, o mais incon&und!"el dos austr!acos. Romem da _ustria Jai'a, ro"!ncia que * o cora()o das regi$es de &ala alem) do antigo im*rio dos Rabsburgos. Roe, a _ustria Jai'a * o centro de um a!s equeno. 3as naquele temo con&lu!ram nela e em sua caital -iena as gentes e as in&luIncias de todas as artes do im*rio multinacional, os esla "os, os italianos, os húngaros. RaSdn aro"eitou o &olclore musical dessa gente toda, orque nas ruas de -iena se canta"a em alem)o, tcheco, húngaro, italiano, croata e romeno. Come(ou sua carreira esantosa como músico de rua, tocando o "iolino em serenatas ara as quais ent)o se costuma"a alugar equenas bandas de música. 6ualquer instrumento so ode le "ar ara a rua, menos um iano ou um cra"o. Os músicos de rua tinham de trabalhar sem bai'o2 cont!nuo e, com ele, a música barroca inteira. N reciso di%I2lo a "itória da música de RaSdn * muito resonsá"el elo esquecimento da arte de Jach# mas o caminho á tinha sido iniciado. 6uando tamb*m articiam da serenata os instrumentos de soro, ent)o torna2se imortante o &ato de que, nessa equena banda de músicos humildes, nenhum deles * caa% de desemenhar o ael de solista2"irtuose. O que "ale * o conunto instrumental. :erá a orquestra, a sin&onia. Para garantir a constru()o e a coes)o do quarteto e da sin&onia, sem o aoio harm4nico do bai'o2cont!nuo, elabora a inteligIncia musical de Carl Phili 0manuel Jach o rinc!io da constru()o será a sonata2&orma. O idioma musical que RaSdn &ala, emregando como recurso material só os instrumentos, * o da música sacra italiana da *oca recedente, o idioma de A lessandro :carlatti e Pergolese. 0is mais uma di&eren(a essencial, em comara()o com a música barroca os temas instrumentais de RaSdn s)o cantá"eis. N ele um dos maiores in"entores de melodias em toda a história da música. /enhum 9ossini ou -erdi comara2se2lhe a esse reseito. /em sequer 3o%art. A melodia do antigo hino austr!aco =hoe abolido na _ustria, orque os alem)es se aroriaram deleD * um coral de grande e emocionante simlicidade, destinado a ser cantado elo o "o# ser"iu como tema das e'traordinárias "aria($es do Quarteto O!.X , no., um dos ontos altos da música instrumental. 0stamos hoe acostumados a areciar o Quarteto de cordas como o suremo gInero da música instrumental. 9aros á s)o os e s!ritos simles que consideram como suerior a sin&onia, orque e'ecutada or maior número de instrumentos. Abandonada está a teoria de que RaSdn teria in"entadoQ, rimeiro, o quarteto, amliando2o deois ara a sin&onia. 3as tamouco seria e'ata a tese contrária, da esirituali%a()oQ osterior da
sin&onia no quarteto. O desen"ol"imento dos dois gIneros &oi simult8neo. As rimeiras sin&onias de RaSdn s)o dos anos deois de 1FB@# á de"e ter conhecido as obras de 3onn, ois logo inclui, como terceiro mo"imento, o minueto. 3as a e"olu()o &oi "agarosa. Os Quartetos o!. =1FBED ainda s)o arcaicos, inclusi"e o em f; maior o!. no.T , que continua sendo e'ecutado at* hoe orque seu segundo mo"imento * uma bel!ssima serenata# ainda estamos erto das origens do gInero. 3as logo deois, os Quartetos o!. KV =1FFMD, chamados os Grandes Quartetos ou Quartetos do Sol , tIm a no"a oli&onia instrumental lenamente desen"ol"ida e tIm os rimeiros mo"imentos em sonata2&orma# 1FFM *, na e"olu()o da música, uma grande data histórica. A lena maturidade de RaSdn re"ela2se nos Quartetos o!. =1FE1D, denominados Quartetos (ussos, e nos alegres Quartetos o!. L =1F?@D, dos quais sobretudo o no.T em r1 maior =denominado CotoviaD * dos mais queridos. Alguns desses quartetos da rimeira &ase de RaSdn constam do reertório ermanente das associa($es de música de c8mara. 3as só oucos# e seu número está diminuindo. Ainda nos temos do &amoso quarteto ;oachim, or "olta de 1EE@, a sele()o &oi mais larga ou"iram2se nos concertos o Quarteto em d7 maior o!. n o., denominado O 5;ssaro =1FE1D# o Quarteto em r1 maior o!. TV n o. =1FEBD, denominado (# o Quarteto em sol maior o!. TL n o.R =1FE?D# o Quarteto em d7 maior o!. TL n o.K =1FE?D, denominado :avalha# o Quarteto em si bemol maior o!. L n o. =1F?@D# e outros. :)o, todos eles, obras2rimas. O "agaroso rocesso de esquecimento dessas obras signi&ica erda incalculá"el do nosso uni"erso musical. Pois nenhum daqueles quartetos oderia ser substitu!do or qualquer outro. A a mlitude de emo($es alegres, burlescas, solenes, gra"es, ir4nicas, melancólicas, de ternura, de es!rit , de nobre resigna()o * estuenda. Os quartetos de RaSdn constituem um mundo da música comleto e aut4nomo, assim como as cantatas de Jach. As rimeiras sin&onias de RaSdn datam de 1FB@. 3as estas e muitas outras, osteriores, á est)o esquecidas. 3uito redu%ido demais tamb*m * o número de sin&onias de RaSdn da &ase da maturidade que ainda se mant*m no reertório. Obras cheias de es!rit , &ino humorismo, melancolia nobre e nobre%a aristocrática, terminando quase semre com a alegria ruidosa de um &inal 7 base &olclórica. A cronologia, a autenticidade de "árias obras com ou sem ra%)o atribu!das ao mestre e os te'tos autInticos só &oram estabelecidos or 9obbins Landon. 3uitas sin&onias de RaSdn tornaram2se conhecidas elos aelidos a Sinfonia no. LU em d7 maior =3aria Theresia, 1FFGD# a Sinfonia no. TT em mi bemol maior =MaPtre d01cole, 1FFD# a Sinfonia no. em d7 maior =9o'olane, 1FFFD# a Sinfonia no. N em d7 maior =Laudon, 1FFED# a Sinfonia no. X em r1 maior =/a Chasse, 1FE1D# a Sinfonia no. U em sol menor =/a 5oule, 1FE>D# a Sinfonia no. UK em d7 maior =/0Ours, 1FEBD# a Sinfonia no. UT em si bemol maior =/a (eine, 1FEBD# a Sinfonia no. NK em sol maior =O#ford , 1FEED. Os aelidos n)o tIm, naturalmente, sentido rogramático# lembram circunst8ncias da rimeira e'ecu()o ou a imress)o que &i%eram certos trechos. Todas essas obras ainda ertencem e semre ertencer)o ao reertório dos nossos concertos sin&4nicos, enquanto hou"er reertório. 3as s)o da sua *oca a do aristocrático s*culo +- que detesta"a os grandes gestos at*ticos, re&erindo a alus)o esirituosa e, se &or ine"itá"el, a ligeira melancolia. Hentro dos limites tra(ados elas biens1ances, as boas maneiras, * "asta a amlitude emocional dessas obras RaSdn sabe, sem ala"ras, e'rimir tudo. :ó &alta a trag*dia# mas n)o * or moralismo t!mido, como acredita"a /iet%sche, e sim, or understatement de homem bem2educado. Pois o &en4meno RaSdnQ n)o * simles. N muito comle'o. N homem da mais requintada so&istica()o aristocrática# mas nunca esquece suas origens camonesas e o &olclore de sua terra. N &ilho &iel e tradicionalista da grea católica# mas sua *tica * a
racionalista ou meio racionalista da 3a(onaria, 7 qual tamb*m ertencia. :ua mentalidade * a de um aristocrata ou, elo menos, de um ab1e da *oca galanteQ e, ao mesmo temo, a de um burguIs que gosta de economi%ar dinheiro. /)o &altam tra(os do 9ococó nem do r*2romantismo sentimental nem sequer do Jarroco que com ele e or ele acabou, mas que * a grande tradi()o cultural de sua terra austr!aca. Todas essas ambig5idades n)o odem dei'ar de rodu%ir tens$es !ntimas, cua e'ress)o musical * a sonata2&orma a música eseci&icamente dramática, embora sea in"is!"el o alco. /a segunda &ase da "ida e rodu()o musical de RaSdn nota2se a in&luIncia de 3o%art, comanheiro mais o"em ao qual o mestre á en"elhecida dedica"a o maior are(o. As &ormas musicais tornam2se mais amlas, a constru()o mais comle'a. 3as n)o con"*m e'agerar essa in&luIncia. N oss!"el identi&icar, erroneamente, como sendo de RaSdn, certa melodia de 3o%art# mas o conhecedor nunca incorrerá no erro contrário. 3o%art escre"e no estilo da *oca. O estilo de RaSdn * intensamente essoal. 3uita coisa que se costuma atribuir 7 in&luIncia de 3o%art * de"ida ao amadurecimento, algo tardio, de "elho mestre, que at* os seus últimos dias nunca dei'ou de rogredir. As 1M mais imortantes sin&onias de RaSdn s)o chamadas londrinasQ orque &oram escritas ara os concertos em Londres. A Sinfonia no. NL =Sinfonia de /ondres no. D em sol maior =1F?1D * denominada Sur!rise, or causa do gole de timbale que interrome humoristicamente o come(o id!lico do segundo mo"imento# * uma das obras rediletas do úblico inglIs e de qualquer úblico. A Sinfonia no. RVV =Sinfonia de /ondres no. RK D em sol maior =1F?D, denominada Militaire, * a mais esirituosa de todas, brilhante ideali%a()o de um 9ococó de orcelana. A Sinfonia no. RVR =Sinfonia de /ondres no. RRD em r1 menor =1F?D * denominada "he Clock =O (el7gioD# seu segundo mo"imento * o mais melancólico que RaSdn at* ent)o escre"era. A Sinfonia no. RV =Sinfonia de /ondres no. U D em mi bemol maior =1F?>D, denominada Drum-roll , * a mais elaborada# oderia ser a rimeira de Jeetho"en. 0n&im, a Sinfonia no. RVL =Sinfonia de /ondres no. X D em r1 menor =1F?>D, 7s "e%es chamada simlesmente Londres, n)o tem aelido# n)o recisa de etiqueta ara ser lembrada como a maior de todas, um dos ontos culminantes da literatura musical# o segundo mo"imento * de ineserada ro&unde%a do sentimento# o &inla, cuo tema * a can()o oular húngara Oi +lonaW , * o alegre e!logo da grande música &olclórica2clássica. A grande%a de RaSdn como sin&onista este"e durante muito temo eclisada elos seus grandes sucessores. :ó a obra de 9obbins Landon ermitiu restabelecer a imagem autIntica do incomará"el comositor. /)o há, decididamente, in&luIncia mo%artiana nas obras ara ou com iano. :erá di&!cil encontrar entre as obras de 3o%art ara iano solo uma e(a t)o essoal como a Sonata no. em mi bemol maior =1F?@D de RaSdn. Personal!ssimo tamb*m * o "rio !ara !iano e cordas no. R em sol maior =1F?BD, denominado O Cigano, que deois de in!cios gra"es termina com o rondó ao qual d e"e o aelido, amostra e'traordinariamente "i"a de &olclore austr!aco, esla"o e húngaro. 0m comensa()o, a in&luIncia de 3o%art * sens!"el nos últimos quartetos de RaSdn, que s)o os maiores. A s*rie come(a com o Quarteto o!. XL n o. R em d7 maior =1F?GD, que n)o arece go%ar da merecida estima. O Quarteto o!. XL n o. em sol menor =1F?GD, denominado )orseman, está cheio de alegres &olclorismos que en"ol"em um conteúdo emocional bastante gra"e e intenso. O Quarteto o!. X , no. K em r1 menor =1F?ED, denominado Quarteto das Quintas, assa or ser o mais imortante do mestre s)o, realmente, incomará"eis a energia serena do rimeiro mo"imento, a do(ura erótica do andante e o minueto quse turbulento, que &oi chamado de minueto das bru'asQ. O Quarteto o!. X , no. em d7 maior =1F?ED * denominado +m!erador orque seu mo"imento lento s)o aquelas "aria($es et*reas, celestes sobre o hino austr!aco. Heois,
o Quarteto o!. X no. L em si bemol =1F?ED, denominado 'urora. O Quarteto o!. X n o. T em r1 maior =1F?ED de"e o aelido Quarteto do /argo ao seu e'tático mo"imento lento. 0n&im, o gra"e Quarteto o!. XX n o. K em f; maior =1F??D, com sua quase2marcha &únebre ine'orá"el no meio, *, em toda a sua aarente simlicidade, digno de &igurar ao lado dos últimos quartetos de Jeetho"en# um grande documento humano. `... RaSdn &oi &ilho de um s*culo ro&ano. 6uando, no &im da sua "ida, emreendeu a tare&a de escre"er oratórios, n)o odia dei'ar de rodu%ir obras de insira()o mais ro&ana. Die Schoe!fung =A Cria()oQ, 1F?ED * a maior obra de RaSdn, "erdadeiro monumento da de"o()o realista, otimista e alegre do s*culo +-, a b!blia musical do de!smo# a &amosa ária Mit >uerd0 und )oheit =Com Dignidade e :obre4a...D * um mani&esto de antroocentrismo# a música, ora solene, ora ubilosa, ora humoristicamente realista e semre digna, * de t)o alta categoria que, ao ou"i2la hoe em dia, á n)o sentimos a resen(a daqueles res!duos históricos. 3uito di&erente * a segunda grande obra coral 's EstaJYes =1E@1D. O libreto, a descri()o da "ida nos camos ingleses, tem como base os Seasons de Thomson, um dos oemas2recursores do r*2romantismo. RaSdn n)o &oi um r*2rom8ntico. O te'to lhe reugna"a. 3as descre"eu a nature%a a seu modo, lembrando2se das suas origens, da in&8ncia na aldeia. 0 criou uma obra que relude 7 Sinfonia 5astoral de Jeetho"en. RaSdn * mesmo, diretamente, o recursor e, em boa arte, o anteciador de Jeetho"en. A reercuss)o da obra de RaSdn &oi ráida e "asta. 0m sua terra austr!aca, todos s)o haSdnianos, inclusi"e o o"em 3o%art. Amigo e cometidor do mestre &oi Warl Hitters "on HTT09:HO9 =1FG?1F??D, do qual sobre"i"em alguns quartetos e a encantadora com*dia musical Der Doktor und der '!otheker =O M1dico e o 2armac[uticoD# suas numerosas sin&onias &oram esquecidas. A música camer!stica de RaSdn chegou a conquistar o a!s da óera, a tália. He RaSdn italianoQ está sendo chamado Luigi JOCCR09/ =1FG1E@>D1, "ioloncelista, que "i"eu e morreu na mis*ria em 3adrid. oi esquecido. Hurante muito temo sobre"i"eu da sua obra aenas o encantador 3inueto do Quinteto !ara cordas em mi maior o!.RR =1FFD# Joccherini arece ter in"entado o gInero do quinteto, acrescentando ao quarteto um segundo "ioloncelo. Roe se e'ecutam "ários desses quintetos seus, os em r1 menor , em l; menor , em mi menor , e um em sol maior , o!. V n o.T =1E@1D, que * digno de RaSdn, ela melancolia do mo"imento lento e elo &olclorismo alegre do &inal. Pablo Casals re"i"i&icou o melodioso Concerto !ara violoncelo e orquestra em si bemol maior =1FE@D. 0 a associa()o coral italiana M1EGMD, o mais &amoso ro&essor de iano do seu temo e tal"e% de todos os temos. :ua obra didática Gradus ad 5arnassum =1E1FD * at* hoe o terror das crian(as que come(am a estudar o instrumento# á su&ocou muito talento insu&iciente. 3as n)o 1
L. Piquot, :otice sur la vie et les oeuvres de /uigi &occherini , Ma. ed., Paris, 1?M?. A. Jona"entura, /uigi &occherini , 3il)o, 1?G1.
assusta os mais &ortes. Algumas das suas Sonatinas, como a em d7 maior e a em si bemol maior , tIm "alor mais que didático. :eu ri"al no ensino e na sala de concertos &oi o austr!aco ;ohann /eomu RU330L =1FFE1EGFD, do qual tamb*m e'iste muito boa música sacra no estilo de RaSdn, at* hoe em uso nas igreas de -iena. Pois ustamente a música sacra de RaSdn, embora t)o d iscutida, te"e a reercuss)o mais "asta. 0m 1FE>, os c4negos da catedral de Cádi%, t)o longe da 0uroa central, á encomendam a RaSdn uma obra. /)o *, ortanto, estranhá"el a resen(a de RaSdn na Am*rica do :ul, ainda colonial. N o caso da -ene%uela1. /o &im do s*culo +- e come(o do s*culo ++, a música sacra de RaSdn * muito e'ecutada nas caelas das casas2grandes nas &a%endas de ca&* no interior da -ene%uela# em Caracas, &unda2se uma orquestra &ilarm4nica. Aarecem comositores como ;os* Angel LA3A:, com uma Missa em r1 maior e um 5o!ule meus# ;os* rancisco -0L_\6U0\, com um Salve a la ,irgen. Hadas as condi($es, tem2se ra%)o em &alar de um milagre musical "ene%uelano. N, or*m, milagre maior a música brasileira do s*culo +- em 3inas D, organista em Hiamantina, deois regente de coro da igrea do Carmo em Ouro Preto. :uas obras rinciais s)o a Missa em si bemol maior , a Missa !ara a Quarta2eira de Cin4as, um Salve (egina, um Officium )ebdomadae Sanctae, uma 'ntBfona de :ossa Senhora etc.# assim como obras de seus contemor8neos, est)o hoe no"amente acess!"eis e á &oram e'ecutadas na Argentina, no 3*'ico e na 0uroa. `... A 9 0 O 9 3 A H A P 0 9 A < L U C W A reno"a()o da música instrumental or RaSdn n)o atingiu, or enquanto, o gInero da óera, á comletamente etri&icado em rotina desde os temos de Alessandro ;.A. Calcajo, Contribuici7n al Estudio de la Msica en ,ene4uela, Caracas, 1?G?. 0. Lira 0seo, 3ilagro 3usical -ene%olano durante la ColoniaQ, in (evista :acional de Cultura, Caracas, 1? de unho de 1?@. ;.J. Pla%a, Msica Colonial ,ene4olana, Caracas, 1?>E. M .C. Lange, La 3úsica en 3inas 1. G A maior arte das obras citadas &oi descoberta or rancisco Curt Lange no arqui"o da 3atri% do Pilar, em Ouro Preto, e em Hiamantina. Tamb*m em Hiamantina &oram outras obras encontradas or Cleo&e Person de 3atos e 3ercedes 9eis Pequeno. 1
:carlatti só na o!era buffa ainda ha"ia alguma "ida no"a. O rório RaSdn tamb*m escre"eu "árias óeras2c4micas que, deois de e'istIncia e&Imera, &oram esquecidas# uma delas, /o S!eciale =O &otic;rio, 1FBED, acaba de ser re"i"i&icada# o lib reto * do "ene%iano o u mais "e%es, como se as mesmas ala"ras ermitissem numerosas e di&erentes interreta($es musicais# na "erdade, trata"a2se aenas de di&eren(as de ornamenta()o. 6uase todos aqueles libretos s)o da autoria de Pietro 3etastasio =1B?E1FEMD que &oi oeta notá"el# mas sua oesia erde os contornos &irmes, torna2se musicalQ no sentido eorati"o da ala"ra ara só ser"ir de andaime "erbal dos goreios. Os donos da óera s)o os cantores e, sobretudo, os castrados, cua "o% arece ter ossu!do uma qualidade et*rea da qual nunca mais conheceremos o encanto# alguns deles, um arinelli, um Crescentini, artistas de grande cultura musical, &oram mais areciados que os rórios comositores. Toda essa história dos cantores e dos esetáculos nas cortes de /áoles e Pa rma, -iena, Hresden e 3unique, 3adri, 0stocolmo e Petesburgo e outros centros da "ida oer!stica n)o ertence roriamente 7 história da música# antes 7 história dos costumes. A música que encantou aquela sociedade aristocrática assim como hoe a arte das estrelas cinematográ&icas encanta o o"o, está hoe comletamente seultada mas sobre"i"em eda(os nas arie antiche. :eu monumento * o romance )ildegard von )ohenthal =1F?BD, do escritor alem)o, mel4mano e italianó&ilo entusiasmado ;ohann ;aob R0/:0 =1F?1E@GD, romance didático em que um enredo i nsigni&icante =e obscenoD está subordinado a interminá"eis e altamente interessantes digress$es sobre música. O mais conhecido oerista italiano do s*culo +- &oi, estranhamente, um alem)o o sa'4nio ;ohann Adol& RA::0 =1B??1FEGD1, que os italianos chama"am il caro Sassone# diretor de óera de Hresden, italiani%ado ela &orma()o e elo casamento com a &amosa cantora austina Jordoni, assando os últimos decInios da sua longa "ida em -ene%a. oi disc!ulo de Alessandro :carlatti. N como um Randel que só ti"esse escrito óeras sem e"oluir ara comositor inglIs. 0ssa comara()o *, or*m, bastante honrosa# e Rasse n)o merece o desre%o que os musicólogos alem)es, semre muito nacionalistas, dedicaram ao italiani%ado. :uas óeras n)o ressucitar)o. 3as seus oratórios, embora de insira()o ouco religiosa, s)o obras de um grande in"entor de melodias nobres e como"entes. /a Conversione di Sant0'gostino seria, con&orme o reeditor :chering =Monumentos da Msica na 'lemanha, "ol. ++D, uma obra2rima. Reinse, que era, a&inal de contas, al*m de entusiasta, um grande conhecedor, considera"a como a maior o!era seria do seu temo o Giulio Sabino =1FE1D, de D, que te"e dois s*culos deois, em 1?>, ressurrei()o triun&al num 1
L. Wamiensi, Die Oratorien von 3ohann 'dolf )asse, Lei%ig, 1?1M.
&esti"al de -ene%a# * obra autenticamente goldoniana. Um grande nome &oi ou ainda *
A. della Corte, 5a]siello, Turim, 1?MM. 9. -itale Domenico Cimarosa. /a vita e le o!ere. A"ersa, 1?M?. G 0di()o das obras comletas or 0mmanuel, T*n*o, :aint2:ans e 3alherbe, 1E "ols., 1?@> 1?M. L. de la Laurencie, (ameau biogra!hie critique, Paris, 1?11. P. 3. 3asson, /0o!1ra de (ameau, Paris, 1?G@. <. 3igot, 3ean-5hili!!e (ameau et le g1nie de la musique franJaise, Paris, 1?G@. ;. F. =0di()o &rancesa, aumentada, 3ean-5hili!!e (ameau sa vie son oeuvre, Paris, 1?BM.D M
Hion, aluno dos esu!tas =como -oltaireD, deois organista em cidades de ro"!ncia onde adquiriu, na solid)o, erudi()o enciclo*dica# en&im, em P aris, maestro da caela do rei Lu!s +-. O acontecimento rincial da sua "ida, algo obscura, * um &ato negati"o a "iagem ara 3il)o, de onde "oltou dececionado in&enso desde ent)o 7 músico italiana. 9ameau *, com Alessandro :carlatti e ;ohann :ebastian Jach, um dos trIs &undadores da música modernaQ. :eu "rait1 d0)armonie =1FMMD, ublicado no mesmo ano do Cravo bem "em!erado, * a base teórica do sistema tonal que continuará em "igor at* :choenberg. ;á n)o ertence ao Jarroco. :uas >G 5ices !our le clavecin, ublicadas entre 1F@B e 1FF, desen"ol"em o estilo 9ococó de Couerin tamb*m tIm t!tulos o*ticos, como /0Eg%!tienne "endre !lainte, /a 5oule, /a Dau!ine, ao lado de graciosos (igaudons e Gavottes. A constru()o das e(as *, or*m, mais arquitet4nicaQ, mais &irmemente delineada 7s "e%es, 9ameau arece anteciar a sonata2&orma. A terceira &aceta de sua obra * o racionalismo "oltairiano que, na música, aarece como classicismo e, no teatro, como re&orma ra%oá"elQ da óera, 7 qual só tarde na "ida come(ou a dedicar seus es&or(os. Por "olta de 1F>@, chegou a dominar o alco l!rico &rancIs )i!!ol%te et 'ricie =1FGGD# Castor et 5ollu# =1FGFD# Dardanus =1FG?D, obra maestosa, da qual durante muito temo só sobre"i"eu no reertório dos concertos um &amoso (igaudon, mas que &oi em 1?B triun&almente ressucitada# 9oroastre =1F?D, óera ma(4nica que antecia alguma coisa da 2lauta M;gica. /)o há nada de menos arecido com a óera =no entanto contemor8neaD de Randel do que os recitati"os de 9ameau, sóbrios e dramáticos, er&eitamente adatados ao gInio da l!ngua &rancesa. 9ameau &oi grande comositor. A subst8ncia musical das suas obras *, tal"e%, mais rica que a das obras do rório D ertence hoe no"amente ao reertório da era de Paris. Has outras óeras, 5lat1e =1F?D &oi ressucitada com sucesso, em 1?>B, no &esti"al de Ai'2la2Pro"ence# no &esti"al de LSon, 1?B1, Castor et 5ollu# "oltou a ser reconhecida como obra2rima. 3aior, or*m, que essas obras todas * a &ama de 9ameau como es*cie de adroeiro da música genuinamente &rancesa. Os es&or(os de -oltaire no sentido de dar no"a subst8ncia, mais atualQ, 7 trag*dia clássica &rancesa reercutiram muito na tália, onde alguns tamb*m ensa"am em humani%arQ a óera. Coincidiu com esses es&or(os a in&luIncia da no"a música alem) em alguns oucos oeristas italianos que tinham estudado na Alemanha. :)o os recursores e cometidores de
A. J. 3ar', Gluck und die O!er , M "ols., Jerlim, 1EBG. <. Hesnoiresterres, Gluck et 5iccinni , Paris, 1EF>. ;. Tiersot, Gluck , Paris, 1?1@. A. 0instein, Gluck , Londres, 1?GF. R. ;. 3oser, Christo!h >illibald Gluck , :tuttgart, 1?@. ;. <. ProdXhomme, Gluck , Paris, 1?E. 9. Jen%, Deutsches &arock , :tuttgart, 1??. 9. illibald Gluck , Ma. ed., Potsdam, 1?>@. A. A. Abert, Christo!h >illibald Gluck , \urique, 1?B@. P. Ro^ard, Gluck and the &irth of Modern O!era, Londres, 1?BG..
mandou ara a tália a &im de aer&ei(oar sua de&iciente &orma()o musical. Tornou2se um comositor de óeras no estilo de Rasse. Te "e algum sucesso. 9ecebeu uma condecora()o aal, chamando2se, desde ent)o, (itter =ca"aleiroD
"itória comleta. N uma ena que essa grande obra só aare(a raramente no reertório moderno. N, entre todas as óeras do mestre, a mais dramática e da s mais digni&icadas# merece o e!teto de racinianaQ a nobre%a e serenidade da trag*dia de 9acine no alco musical. _rias, r*licas e coros s)o de alta insira()o melódica. O acomanhamento orquestral * magn!&ico.
reali%a()o do teatro religioso barroco. Rá muita "erdade nessa tese, que *, or*m, unilateral. Pois considera F, re"i"i&icada no Teatro alla :cala em 3il)o, essa suosta e(a de museuQ re"elou "italidade ineserada. 0m certo sentido, Piccinni &oi mais modernoQ que
0. Jlom, Ste!children of Music , Londres, 1?M>. A. della Corte, 5iccinni , Jari, 1?ME.
3o%art &oi, aliás, tamb*m gluciano em certas horas. 0mbora n)o admirasse com entusiasmo a arte de B1F?1D1 na camisa2de2&or(a de uma e"olu()o históricaQ. 0mbora in&luenciado or todas as correntes de sua *oca, 3o%art n)o ertence a nenhuma delas# e sua rória in&luIncia sobre as gera($es osteriores V quase só sobre a música ian!stica de Clementi e os come(os de Jeetho"en V &oi menor que a de um Keber. A admira()o que se lhe dedica tem como obeto uma arte e'tratemoral e suratemoral. 3ais do que no caso de Ra Sdn, a tr!ade rotineira RaSdn23o%art2 Jeetho"enQ &alsi&ica a ersecti"a histórica. 3o%art n)o * uma &ase intermediáriaQ entre os dois outros. A única linha "eri&icá"el da e"olu()o * RaSdn2Jeetho"enQ. Ho onto de "ista historiográ&ico * 3o%art um eisódio. :ua "ida tamb*m &oi um eisódio# um eisódio doloroso. 6uando Kol&gang Amadeus tinha quatro anos de idade, seu ai Leoold 3o%art, "iolinista na corte do Arcebiso de :al%burgo, á come(ou a ensinar2lhe os elementos da harmonia, al*m dos e'erc!cios á bem a"an(ados no iano e no "iolino. Com cinco anos de idade, a crian(a á &a%ia as rimeiras comosi($es, a roósito das quais se im$e, aliás, uma obser"a()o. Os biógra&os mais antigos reeitaram, indignados, a suseita surgida entre os contemor8neos de que Leoold 3o%art teria colaborado naqueles rimeiros trabalhos ara enganar o mundo. Roe se admite &rancamente essa colabora()oQ, at* em obras osteriores. /)o imorta# ois aquelas obras n)o contam, dentro da obra do mestre. 0m 1FBM, o ai le"ou o menino rod!gio ara 3unique e -iena, obtendo sucessos ruidosos. 0m 1FB, reetem2se em Paris e -ersalhes os triun&os. /os anos seguintes, 1FB> e 1FBB, o menino dá concertos em Londres. ;á arece maduro, assimilando conscientemente a in&luIncia de ;ohann Christian Jach. 0m 1FBF, no"amente em -iena. 0m 1FF@, "iagem ara a tália# consagra()o de&initi"a elo se"ero adre 3artini. /o ano seguinte, o adolescente * nomeado maestro da corte de sua cidade natal de :al%bugo, ent)o caital de uma arquidiocese soberana. 3as o arcebiso conde Colloredo, aristocrata soberbo e estúido, trata2o mal, como se &osse lacaio. Chega a di&icultar2lhe as "iagens. /o entanto, 3o%art &oi em 1FFF no"amente ara Paris# no caminho tomou contato ro"eitoso com a orquestra de 3annheim. :ó em 1FE1 conseguiu desligar2se do ser"i(o odiado de :al%burgo. i'ou residIncia em -iena. 0 come(ou o caminho do cal"ário. Al*m de uns t!tulos o&iciais, sem ordenado, 3o%art nunca obte"e um cargo.
0di()o das obras comletas, Jreitot Rartel, B1 "ols., 1EFB1EEB. /o"a edi()o, do 3o%arteum, :al%burg =1?>B e seguintesD. O. ;ahn, Das /eben Mo4arts =edi()o comletada or R. Abert, M "ols., Lei%ig, 1?MG# Fa. ed., Kiesbaden, 1?>>D. T. de KS%*^a e <. de :aint2oi', >olfgang 'madeus Mo4art. S avie et son oeuvre de l0enfance la !leine maturit1, 1F>B1FFF, "ols., Paris, 1?1M1?>. 0. Hent, Mo4art0s O!eras. ' Critical Stud% , Londres, 1?1G ="árias reedi($esD. A. :churig, >olfgang 'madeus Mo4art , Lei%ig, 1?MG. C. Jellaigue, Mo4art , Paris, 1?GG. C. 3. ?. L. :chrade, >olfgang 'madeus Mo4art , Jerna, 1?B.
aesar dos sucessos de /e :o44e di 2igaro em -iena e do Don Giovanni em Praga, mui equena. oi a mis*ria ermanente, a obre%a humilhante, a de edir dinheiro emrestado com a certe%a de n)o o oder de"ol"er# as desesas e'ageradas da esosa Constan%a e as mortes de &ilhos rec*m2nascidos# a dece()o de tantas d[marches &rustradas# o arreendimento deois de noites alegre e o aborrecimento com as calúnias dos ri"ais italianos. oi como uma consira()o de todos e de tudo contra o o"em mestre, cua saúde nunca tinha sido das melhores. - eio, en&im, a uremia, a morte dolorosa# e o enterro na "ala comum, que deois n)o &oi oss!"el identi&icar. :eu chamado túmulo no Cemit*rio Central de -iena * um cenotá&io. O destino in&eli% do gInio * um con"ite aos que gostam de romancear2lhe a biogra&ia. Um e'emlo entre muitos a história do (1quiem que um desconhecido lhe encomendou nos últimos temos de sua "ida, e que 3o%art, sacudido or acessos hist*ricos, acredita"a escre"er ara os seus rórios &unerais# essa história &oi e n&eitada de toda a es*cie de arabescosQ rom8nticos. Outro e'emlo * a lenda in&undada do en"enenamento or seu ri"al :alieri. 0n&im, 3o%art arecia aos b iógra&os um ano, erseguido or dem4nios. 3as 3o%art n)o &oi um ano. oi um homem direito, incaa% de qualquer ato desonesto. oi, tamb*m, homem do seu temo, do rococó aristocrático, de rinc!ios morais menos r!gidos. Rou"e o ogo# e hou"e as mulheres, aesar da ternura de 3o%art ela esosa e elos &ilhos. Ano só &oi no sentido em que 9ile &ala dos anos terr!"eisQ, de asecto insuortá"el ara nós outros orque s)o eselhos da er&ei()o di"ina. Assim * a obra de 3o%art. 0 só temos esta. O homem 3o%art e, ara nós, uma lenda. /)o há, em 3o%art, nenhuma rela()o seguramente "eri&icá"el entre a obra e a "ida. /os momentos mais desolados, de &alta de dinheiro ao onto de ele e a &am!lia assarem &ome, de morte de &ilhos rec*m2nascidos, escre"eu música da maior eu&onia como o Divertimento !ara trio de cordas =$. TD ou o Quinteto com clarinete =$. TURD. :ua aarente alegria * a olide% do aristocrata que n)o quer, ela e'ib i()o dos seus so&rimentos, imortunar outras essoas. 3as quase semre se ercebe, at* nas obras mais alegres, um &undo de melancolia subterr8nea. 3o%art &oi homem ro&undamente in&eli%. A grande desgra(a de sua "ida &oram os triun&os que conquistara como menino rod!gio. Hesde ent)o, esera"am2se dele milagres. 3as quando os reali%ou, arecia re"olucionário erigoso, amea(ando as boas tradi($es da música# mas quando os reali%ou trabalhos de rotina, ao gosto da *oca, a gente &icou dececionada. `... 6uem n)o desea &icar na &ase de u m entusiasmo indiscilinado e en&im &atalmente insensato, terá de escolher cuidadosamente suas re&erIncias. 3o%art n)o *, com RaSdn ou Jeetho"en, um comositor de tio instrumental# *, como Randel ou :chubert, de tio "ocal. Por isso, grande arte das suas obras instrumentais s)o de "alor in&erior, trabalhos or encomenda ou de rotina. A mesma obser"a()o se ode &a%er quanto 7 in"en()o melódica. 3o%art * mais rico em in"en()o melódica do que qualquer outro comositor. 3as nem semre sua melodia * essoal. 0m arte se e'lica isso elos conceitos est*ticos do s*culo +- que, antes do ad"ento do r*2romantismo, &a%ia ouca quest)o de originalidade e, muito menos, de genialidadeQ# que s)o conceitos rom8nticos. 3as n)o * este o único moti"o. Um mo%artiano t)o entusiasmado como o cr!tico inglIs 0ric Jlom ousou obser"ar que a linha melódica de 3o%art * menos essoal, menos incon&und!"el suaQ do que a de outros comositores, incomara"elmente menores menos que a de um Tchaio"sS ou at* de um Puccini. Ao leigo, essa obser"a()o arecerá blas&Imia
terr!"el. O músico, or*m, sabe que a melodia n)o imorta tanto# imorta a maneira or que o comositor sabe aro"eitar suas in"en($es melódicas. 0 a esse reseito, 3o%art n)o tem ares, a n)o ser Jeetho"en e RaSdn. Aquela imersonalidadeQ da melodia mo%artiana tem, ara o ou"inte, conseq5Incia desagradá"el nada * mais &ácil do que con&undir 3o%art com outros comositores da sua *oca =menos com RaSdnD. 6ualquer tema de ;ohann Christian Jach arece ser de 3o%art. Com muitos outros, menores, acontece o mesmo. 3o%art escre"eu e'atamente no estilo do seu temo. :ó uma análise muito ormenori%ada re"ela os di"ersos elementos que o com$e. Aesar de :al%burgo ser uma cidade de asecto e tradi($es barrocas, s)o oucos e insigni&icantes os elementos barrocos em 3o%art. Os tra(os caracter!sticos da sua música s)o o cosmoolitismo, rório do s*culo +-, gra(as ao qual 3o%art * meio italiano e, se ti"esse &icado em Paris, teria sido meio &rancIs# um elemento "ienense, que n)o con"*m, aliás, con&undir com austr!aco, mas que *, em todo caso, di&erente do tio alem)o# e o 9ococó. 0ste último arecerá, a muitos, o tra(o &ision4mico mais decisi"o da música mo%artiana. 3as o mestre de :al%burgo n)o * só 9ococó nem o * semre. Tamouco se ercebe em 3o%art o menor "est!gio daquele racionalismo que &oi, a&inal, uma tendIncia maior do s*culo +- e que se obser"a nitidamente em RaSdn. Assim como este, 3o%art tamb*m &oi ma(om# mas sua &* ma(4nica arece, antes, uma m!stica. Jasta ou"ir os acordes misteriosos da Msica 2nebre MaJnica =$. LXX , 1FE>D, que "oltar)o, em orquestra()o e'atamente igual, acomanhando as árias de :arastro na 2lauta M;gica. `... 3o%art n)o tem nada de racionalista da *oca das lu%es. Ao contrário *, 7s "e%es, sombriamente rom8ntico, at* demon!aco. Acontece isso em certas obras instrumentais do mais alto "alor a Serenata !ara R instrumentos de so!ro em si bemol maior =$. R, 1FE@D# a Sonata !ara !iano em d7 menor =$. LTX , 1FED# o Quarteto !ara !iano e cordas em sol menor =$. LXU , 1FE>D, de energia quase beetho"eniana# o "rio !ara clarinete !iano e viola em mi bemol maior =$. LNU , 1FEBD, de melancolia ro&unda# o Quinteto !ara cordas em sol menor =$. TR , 1FEFD, cuo solene adágio * o maior mo"imento lento de 3o%art =com essa obra criou 3o%art a &orma moderna do quinteto ara cordas, substituindo o segundo "iolocelo de Joccherini or uma segunda "iolaD. :)o obras de ineserada energia sombria, que desmentem a lenda absurda de um 3o%art meio in&antil, meio orcelana de :"res. 9om8ntico tamb*m *, 7s "e%es, o colorido da sua orquestra, sobretudo elo aor"eitamento do clarinete, que só 3o%art incororou de&initi"amente ao conunto. Um romantismo mais sua"e, sonhador, caracteri%a o segundo mo"imento, chamado roriamente (omance, do Concerto !ara !iano e orquestra em r1 menor =$. V D. s "e%es se oderia ensar em Keber. 3as n)o con"*m e'agerar esse romantismoQ de 3o%art, que *, quando muito, um r*2 romantismo. :)o erradas todas as interreta($es que retendem trans&ormá2lo em recursor de Jeetho"en. Certos &atos biográ&icos arecem autori%ar essa tese assim como Jeetho"en, te"e 3o%art acessos de re"olta contra a soberbia dos aristocratas# assim como a Jeetho"en, insirou2lhe "eleidades de nacionalismo alem)o o redom!nio dos músicos italianos na _ustria e na Alemanha. 3as s)o &atos que ertencem 7 ersonalidade em!rica sem atingir a ersonalidade art!stica. /as suas grandes obras, 3o%art suera os elementos rom8nticos =demon!acosQD ela discilina emocional e &ormal que garante a er&ei()o absoluta. :ó assim será e'licá"el a eu&onia, nunca antes ou deois atingida, daquelas obras á mencionadas o Divertimento !ara trio de cordas em mi bemol maior =$. T, 1FEED, que n)o * o que o t!tulo romete, um mero di"ertimento, mas uma das maiores e mais sutis obras
camer!sticas da literatura musical# e o Quinteto !ara clarinete e cordas em l; maior =$. TUR, 1FE?D, o mais er&eito modelo de equil !brio sonoro# e a grande Sonata !ara dois !ianos em f; maior =$. LNX , 1FEBD. 0quil!brioQ * a ala"ra que semre ocorre, ao discutir esse gruo de obras instrumentais de 3o%art. Aarentemente sem es&or(o, o mestre $e em equil!brio a sonoridade harmoniosa e a constru()o arquitet4nica. O resultado * melhor acess!"el ao leigo nas sin&onias. Primeiro, na Sinfonia no. T em d7 maior =$. LKT , 1FEGD, denominada de /in4 # e na Sinfonia no. U em r1 maior =$. TVL, 1FEBD, denominada de 5raga, que á s)o obras er&eit!ssimas. Heois e sobretudo nas trIs últimas a Sinfonia no. N em si bemol maior =$. TLD, que desde o rimeiro dia tem arecido, a todos os cr!ticos, um eco da lendária harmonia das es&erasQ# a Sinfonia no. LV em sol menor =$. TTV D, de e'traordinária energia r!tmica e comom que insirada ela resolu()o de tenter de "i"re# e a maestosa Sinfonia no. LR em d7 maior =$. TTRD, denominada ;úiter, que culmina numa &uga soberana. Todas essas trIs obras, t)o imensamente di&erentes aesar de ertencerem ao mesmo gInero, s)o de 1FEE, escritas dentro de oucas semanas. en4meno ine'licá"el. `... Aesar dessa galeria de obras2rimas instrumentais, con"*m admitir que 3o%art * comositor de tio "ocal. :uas obras2rimas mais mo%artianasQ s)o as óeras. As equenas obras oer!sticas da mocidade n)o recisam ocuar2nos neste resumo sucinto# tamouco a última, /a Clemen4a di "ito =1F?1D, óera s*riaQ de tio con"encional escrita or encomenda con&orme o uso da *oca. A rimeira "erdadeira óera de 3o%art * +domeneo =1FE1D, obra gluciana, música solene, com grandes momentos =cena do oráculoD, e, no entanto, em conunto, ainda imer&eita# só sobre"i"e nos &esti"ais. Die Entfuehrung aus dem Serail =O (a!to do Serralho, 1FEMD está no reertório# * uma com*dia encantadora, graciosa, 7s "e%es burlesca, 7s "e%es dolorosamente sentimental no melhor sentido da ala"ra# mas n)o * uma grande obra. /)o há moti"o ara quei'ar2se. A solenidade de +domeneo e a com*dia do (a!to, untos, dar)o a 2lauta M;gica. 3as nem esta nem as outras grandes óeras de 3o%art teriam sido oss!"eis se o seu autor n)o &osse um sin&onista consumado. :em deender muito de
diretamente em ala"ras ao arranarQ a com*dia de Jeaumarchais. Rá, no finale, uma melancolia ro&unda, quase &únebre. 3as o que &ica inesquec!"e s)o, sobretudo, as melodias t)o insinuantes e encantadoras que ser"em ara caracteri%ar os ersonagens igaro, o conde Alma"i"a, a condessa :usanna e o aem Cherubin, a cria()o mais erótica de 3o%art, o maior comositor erótico de todos os temos. :ó aquele crit*rio de d1tachement soberando do autor em rela()o 7 sua obra * a cha"e ara a comreens)o de Cos_ fan tutte =1F?@D. Hurante todo o s*culo ++ essa óera, a mais deliciosa de 3o%art, esta"a banida do alco, orque o libreto de Ha Ponte V a "olubilidade de duas mo(as que se enamoram de seus rórios no i"os, &antasiados de estrangeiros ara e'erimentar2lhes a &idelidade V arecia de in"erossimilhan(a quase in&antil, ou ent)o de cinismo &r!"olo. :ó alguns oucos =0. T. A. Ro&&man, TaineD esta"am acima desse moralismo incomreensi"o. Cos_ fan tutte * obra deliberadamente arti&icial * a com*dia do mundo arti&ical do s*culo aristocrático, acomanhada elos comentários comreensi"os e or isso aarentemente c!nicos do raisonneur don Al&onso, que embrulha e, deois, desmancha os equ!"ocos entre os quatro o"ens. /unca escre"eu 3o%art música mais eu&4nica do que a dessa com*dia reali%ou o imoss!"el, o de 4r em música a ironia. Cos_ fan tutte * hoe uma das obras mais reresentadas do mestre# indica o caminho ara a usta interreta()o de Don Giovanni =1FEFD. Os incon&und!"eis acentos trágicos que se ercebem nessa obra, &ortalecidos elos trombones que na abertura e no último ato anunciam a "olta do Commendatore assassinado do outro mundo, insiraram ao grande rom8ntico 0. T. A. Ro&&mann uma interreta()o da óera como trag*dia rom8ntica &or(as demon!acas, unindo o erotismo celerado de don
solene trag*dia &ilosó&ica e mani&esto da sabedoria ma(4nica =cenas de :arastroD# e *, nas cenas de Tamino e Pamina, um drama sentimental alem)o no alto estilo dos clássicos de Keimar. Rá na 2lauta M;gica acordes que lembram D, denominada Missa dos 5ardais. Liberto das obriga($es da corte eclesiástica, logo dei'ou de escre"er missas e ladainhas# a n)o ser, elo moti"o esecial de uma romessa, a gra"e Missa em d7 menor =$. LKX , 1FEGD, que o mestre dei'ou, signi&icati"amente, acabada. 3ais brilhante do que ro&unda tamb*m * a Missa da CoroaJo =$. RX , 1FF?D. 3as sua última obra * o c*lebre (1quiem =1F?1D, música sacra das mais s*rias. /)o se e'lica"a essa con"ers)oQ sen)o elo choque que o doente recebeu quando um desconhecido misterioso lhe encomendou a obra, na qual há, no meio de grandes bele%as l!ricas, tra(os de a"or hist*rico. A lenda em torno do 9*quiem está hoe des&eita o desconhecido n)o &oi um mensageiro do outro mundo, mas um aristocrata meio louco que costuma"a encomendar, dessa maneira, obras musicais ara &a%er e'ecutá2las, deois, erante amigos como se &ossem de sua rória la"ra. :em encomenda alguma 3o%art á escre"era, ouco temo antes, o 've ,erum =1F?1D, um dos mais belos hinos de adora()o do :acramento. /unca conheceremos com certe%a o estado de es!rito em que escre"eu o (1quiem, dei'ando2o incomleta# assim como n)o * oss!"el determinar e'atamente em que onto come(a o trabalho de comleta()o, do seu disc!ulo :uessmaSer. Tamouco como as missas de RaSdn e d o rório 3o%art corresonde o (1quiem a se"eras e'igIncias litúrgicas. Certos trechos do Dies irae s)o teatrais. N música altamente e'ressi"a, no estilo t!ico da música sacra italia na do s*culo +-. 3as * música insirada, de bele%a inesquec!"el e emocionante. /)o odia ha"er mais belo e!logo. 0!logos tamb*m s)o as últimas obras da música de c8mara e o Don Giovanni , escrito dois anos antes de rebentar a re"olu()o, que acabou ara semre com o mundo e a música da aristocracia. Don Giovanni &oi le"ado elos dem4nios e os anos cantaram2lhe nos &unerais. 3o%art, o artista consumado, * o &im de uma ci"ili%a()o. :ua "ida, sua obra &oram o maior eisódio da história da música. CO/:U3AZO HO : NCULO J00TRO-0/ O &im do s*culo +- tamb*m marca o &im de um ca!tulo na história da música. O mais imortante dos &atores de transi()o * o no"o úblico. ;á come(ara a emergir, nos anos de 1FB@, quando ;ohann Christian Jach e Abel &undaram em Londres a rimeira emresa ara organi%ar concertos úblicos. Heois, surgem emresas semelhantes em Paris, -iena, Jerlim. A grea, a corte monárquica e o alácio do aristocrata erdem a &un()o de mecenas que encomenda obras ao artista. /o s*culo ++, o comositor en&renta o úblico, isto *, uma massa de desconhecidos, essoas que n)o encomendaram nada eseraram, aenas, algo de no"o. O artista terá de dar o q ue
ode dar, isto *, o que quer dar ao anonimato dos ou"intes corresonde o subeti"ismo rom8ntico do comositor. 0sse no"o úblico *, e"identemente, a burguesia. A data decisi"a teria sido a 9e"olu()o rancesa de 1FE?, que acabou com o 'ncien (1gime ara estabelecer o dom!nio da no"a classe dirigente. 3as o musicólogo inglIs To"eS rotestou, com bons argumentos, contra a eriodi%a()o da história da música con&orme crit*rios ol!ticos e sociais. Aquela data recisa de reti&ica()o. Jeetho"en, artidário &er"oroso da 9e"olu()o rancesa, ainda "i"e no ambiente aristocrático de -iena# tal"e% n)o udesse "i"er em outro. :ua retirada ara as regi$es da música a bstrata só come(ou deois de 1E1, ano do Congresso de -iena que, embora retendendo restabelecer as monarquias aristocráticas, marcou realmente o &im da *oca delas. N esta a data decisi"a. :ó deois de 1E1, a música de RaSdn e 3o%art torna2se &en4meno histórico, do assado. 3as entre RaSdn e Jeetho"en, t)o intimamente ligados elo estilo comum, ainda n)o há solu()o de continuidade. Aquela música que se costuma chamar clássica "ienenseQ, constitui, entre 1FB@ e 1EM@, uma &ase homogInea da h istória# at* seria oss!"el acrescentar2lhe o rom8ntico :chubert, cua curta "ida coincide com os últimos a nos de Jeetho"en. 3as n)o con"*m abolir assim todas as &ronteiras. /o c!rculo de :chubert a mentalidade á * outra * tiicamente burguesa# enquanto Jeetho"en, embora de origem humilde, se ulga suerior ao seu ambiente de aristocratas de sangue, como aristocrata de es!rito. :ua arte ainda ertence 7 grande *oca do s*culo +-, embora terminando2a, consumando2a. Lud^ig "an J00TRO-0/ =1FF@1EMFD1 *, ao lado de 3iguel [ngelo, a ersonalidade mais oderosa na história das artes. /uma conhecida ob ra sobre história da música, a caa de cada um dos quatro "olumes * en&eitada com uma "inheta simbólica no rimeiro "olume, um monge tocando o órg)o# no segundo, o cra"o aberto e os instrumentos de música de c8mara# no quarto, um regente erante a orquestra e o úblico. 3as na caa do terceiro "olume aarece, em "e% de um desenho simbólico, o retrato de determinado indi"!duo Jeetho"en, o grande indi"idualista. N indisensá"el conhecer2lhe a biogra&ia ara comreender2lhe a obra. A biogra&ia de Jeetho"en &oi t)o e'austi"amente estudada como a de nenhum outro artista, com e'ce()o de
K. Len%, &eethoven et se trois st%les, M "ols., Petersburgo, 1E>M. A. K. ThaSer, /ud=ig van &eethoven0s /eben, 1EBB1EFM =edi()o alem), comletada or R. 9iemann, G "ols., Lei%itg, 1?@11?1@D. Th. Relm, &eethoven Streichquartette, :tettin, 1EE>. K. /agel, &eethoven und seine $laviersonaten, M "ols., Langensal%a, 1?@G1?@>. P. Jeer, &eethoven, Jerlim, 1?11 ="árias reedi($esD. R. 9iemann, &eethovens saemtliche $laviersonaten, G "ols., Jerlim, 1?1F1?1?. 9. 9olland, &eethoven. /es grandes 1!oques cr1atrices, "ols., aris, 1?M@1?GE. R. 3ersmann, &eethoven. Die S%nthese der St%le, Jerlim, 1?MM. 0. 0"ans, &eethoven0s :ine S%m!honies, M "ols., Londres, 1?MG1?M. Th. rimmel, &eethoven-)andbuch, M "ols., Lei%ig, 1?MB. ;. K. /. :ulli"an, &eethoven his S!iritual Develo!ment . Londres, 1?MF. 0. Juecen, /ud=ig van &eethoven, Potsdam, 1?G.
ocuar a mocidade assada em Jonn, triste e in&eli% orque o ai, alcoólatra contuma% e brutal, o quis or &or(a amestrar como menino rod!gio a e'emlo de 3o%art. 3as Jeetho"en n)o &oi menino rod!gio. 9e"elou cedo seu talendo ara &a%er música# mas só se tornará digno de nota numa idade em que 3o%art á tinha escrito a maior arte das suas obras2rimas. A "ida de Jeetho"en come(ou, "erdadeiramente, quando em 1F?M se mudou ara -iena, sua cidade adoti"a. Conquistou &ama como brilhante imro"isador no iano. As rimeiras comosi($es ublicadas &oram consideradas com certo mal2estar elos conser"adores# mas obti"eram sucesso unto ao úblico. oram anos de "ida &eli% e desreocuada, no ambiente da aristocracia austr!aca, entusiasmada ela música.
autor de uma e'celente grande obra sobre a "ida art!stica de Jeetho"en, tamb*m escre"eu uma equena biogra&ia, muito di"ulgada e muito desanconselhá"el, na qual o mestre só aarece como so&redor e lutador. :e &osse só isso, muito maior seria Relen Weller que nasceu cega e surda2muda e, no entanto, "enceu na "ida. /o resto, a ersonalidade em!rica e a ersonalidade art!stica s)o di&erentes. Uma "ida d ramática, rom8nticaQ, ode ser oortunidade ara criar uma obra clássica# "eam2se os 3o%art e 9acine. Jeetho"en *, or*m, clássicoQ num outro sentido * o clássicoQ do reertório musical moderno. /enhum outro comositor lhe &orneceu tantas obras, sem que os ou"intes sentissem monotonia. Pois cada obra de Jeetho"en * um indi"!duoQ di&erente, bem2de&inido e incon&und!"el. Jeetho"en &oi o rimeiro que, que, habitualmente, n)o escre"eu escre"eu or encomenda, mas só só or insira()o e soberana "ontade rórias. 6uando manda, * o /aole)o da música. 6uando outros lhe querem mandar, e mesmo quando ele gostaria de obedecer, or moti"os e'teriores, n)o sai grande coisa. As obras encomendadas quase semre s)o &racassos. O oratório Christus am Oelberg =Cristo =Cristo em Gets[mani , 1E@MD, encomendado elo r!ncie 0sterhá%S, n)o "ale nada# os contemor8neso elogiaram nessa ob ra certos trechos de t!ico estilo oer!stico italiano que hoe nos arecem burlescos, indignos do mestre# a obra, que hoe em dia n)o oderia ser desenterrada, &oi, or*m, na *oca um grande sucesso. A Missa em d7 maior o!.U =1E@FD, =1E@FD, encomenda do mesmo aristocrata, * música digna e n)o sem tra(os de originalidade na interreta()o do te'to# ocasionalmente, ainda cantam2na em igreas "ienenses# mas quase n)o se reconhece Jeetho"en nessa obra de estilo sacro haSdniano. A chamada Sinfonia da &atalha =1E1GD, rimiti"a e ruidosa música de rograma, escrita ara celebrar a "itória de Kellington em -itória, &oi o maior sucesso &inanceiro na "ida de Jeetho"en# quase o &e% rico. oi or causa da atualidade# a obra está hoe, com lena ra%)o, totalmente esquecida, assim como as equenas óeras de ocasi)o, (ei Est[vo =1E11D, Est[vo =1E11D, e o bailado Gli uomini di 5rometeo =1E@@D. 5rometeo =1E@@D. Tamb*m em outros casos, a insira()o recusou2se ao mestre# assim no omoso "ri!el-Concerto em d7 maior !ara !iano violino violoncelo e orquestra o!.T =1E@>D, =1E@>D, que * uma obra acadImica. 0, or causa de sua e"olu()o "agarosa, certas obras da mocidade s)o med!ocres. N uma ena que o bras como os Concertos !ara !iano e orquestra n o.R, .R, o!.RT =1F?ED, =1F?ED, e no.K , o!.RN =1F?ED o!.RN =1F?ED continuem no reertório e &iquem gra"ados em discos, só orque s)o de Jeetho"en# ao leigo menos iniciado d)o id*ia &alsa de sua música, enganando2o. Jeetho"en só * ele mesmo quando uma insira()o irresist!"el lhe in&orma a elabora()o meticulosa. N um artista subeti"o or isso tamb*m &ala de "o%a alta, ara &a%er2se ou"ir e comreender# n)o raramente * retórico, de eloq5Incia a"assaladora. `... /essa rodu()o distinguiu o musicólogo russo Len% trIs &ase ou er!odos. N uma eriodi%a()o geralmente aceita# a de 3ersmann, que distingue seis &ases, aenas tem o m*rito de de&inir melhor as transi($es. A ordem cronológica n)o coincide e'atamente com os números de o!us, o!us, orque certas obras da mocidade só &oram ublicadas muito osteriormente. Tamb*m há uma ou outra e'ce()o contrária, de obras que &oram imressas antes de outras, anteriores. 3as em geral ser"e, ara a orienta()o, a seguinte indica()o a rimeira &ase "ai de o!us R at* R at* o!us LU . A segunda &ase "ai de o!us T at* T at* o!us NU . A terceira &ase "ai de o!us RVR at* RVR at* o!us RT . A rimeira &ase come(a come(a com música galanteQ, de sociedade, no sentido do s*culo +-. 3as logo se &a%em ou"ir sons di&erentes, de rebeldia e de emo()o at*tica. Jeetho"en * contemor8neo dos oetas e dramaturgos do r*2romantismo alem)o, do chamado Sturm und Drang , entre eles o o"em erther , e o o"em
:chiller, autor dos &andoleiros. &andoleiros. Como eles, o o"em Jeetho"en * meio re"olucionário, meio sentimental# aenas os recursos da sua arte á est)o muito melhor desen"ol"idos do que a l!ngua literária alem) de ent)o. A rebeldia e'rime2se em modula($es audaciosas# o sentimentalismo lhe insira os rimeiros daqueles mara"ilhosos segundos mo"imentosQ, eleg!acos, nos quais Jeetho"en * mestre incomará"el. 3úsica galanteQ * o &amoso Se!teto !ara clarinete trom!a fagote violino viola violoncelo e contrabai#o em mi bemol maior o!. KV =1E@@D, bastante mo%artiano, tal"e% o mais encantador e'emlo de música de sociedadeQ, obra de um Jeetho"en o"em, totalmente desreocuado. O &rescor u"enil tamb*m &a% o charme da charme da ligeira Sonata !ara violino e !iano em f; maior maior o!. KL =1E@1D, 7 qual se deu o aelido de Sonata 5rimavera. 5rimavera. RaSdnianos s)o os seis Quartetos o!. RU =1E@@D# =1E@@D# o no. em si bemol maior , * &amoso elo último mo"imento em que lutam dramaticamente um tema alegre e outro, sombrio, em cima do qual o comositor escre"eu a ala"ra /a Malinconia. Malinconia. N a mesma melancolia que er"ade o belo lied 'delaide =1F?>D, 'delaide =1F?>D, e cua maior mani&esta()o * o mara"ilhoso /argo da Sonata !ara !iano em r1 maior , o!. RV , no. =1F?ED, e'ress)o de um estado de es!rito angustiado. N o r*2romantismo de Jeetho"en, seu Kertherismo. 3as tamb*m á se re"ela no o"em mestre um outro r*2 romantismo, re"oltado e ind4mito, no "rio no "rio !ara !iano e cordas em d7 menor , o!. R, R, no. =1F?>D, que assustou o "elho RaSdn, e em certos trechos das Sonatas !ara !iano o!. K e o!. RV . N o Jeetho"en at*tico. 0le mesmo deu 7 obra na qual a melancolia e a re"olta se encontram, 7 Sonata !ara !iano em d7 menor , o!. R =1F?ED, R =1F?ED, o t!tulo Sonate !ath1tique. !ath1tique. Hó menorQ será semre sua tonalidade re&erida ara as mani&esta($es trágicas =, =, Sinfonia, Sinfonia, CoriolanoD# CoriolanoD# e muita gente considera aquela sonata como a rimeira grande obra trágica do mestre. 3as o t!tulo !ath1tique de&ine2a !ath1tique de&ine2a melhor a ai')o turbulenta do rimeiro mo"imento e a bela e legia do segund n)o s)o t)o trágicas# s)o at*ticas. 0ssa sonata, tal"e% a mais tocada de todas, á * magistral# mas ainda * obra da mocidade. Ainda ertencem 7 rimeira &ase a + Sinfonia em d7 maior =1F??D, =1F??D, que n)o se a&asta muito do modelo RaSdn, e o belo Concerto !ara !iano e orquestra n o., ., em d7 menor , o!. X =1E@@D, =1E@@D, que * bastante mo%artiano sem atingir a al tura dos maiores concertos de 3o%art. `... /unca um artista rodu%iu em t)o curto esa(o de tamo t)o numerosas obras2rimas como Jeetho"en em sua segunda &ase. :)o as mais conhecidas, as mais e'ecutadas# algumas at* demais, at* o cansa(o. A s*rie come(a com a +++ Sinfonia em mi bemol maior =1E@GD, =1E@GD, 7 qual Jeetho"en deu o t!tulo Eroica. Eroica. Todo mundo conhece e admira o segundo mo"imento, a marcha &únebre. Os músicos tIm mais &ortes moti"os ara admirar o rimeiro mo"imento, a maior e(a sin&4nica at* ent)o escrita, amlia()o coerente da sonata2&orma intrinsecamente dramática ara a escala da grande trag*dia. A Sonata !ara !iano em d7 maior o!. T =1E@D, que os austr!acos e os alem)es chamam de Sonata >aldstein orque >aldstein orque dedicada ao conde desse nome, le"a em outros a!ses, or moti"os desconhecidos, o t!tulo 'urora t!tulo 'urora.. de"eria chamar2se leno solQ. Pois * o maior c8ntico de triun&o e a&irma()o da "ida que amais se ou"iu no instrumento. 0'atamente o contrário * a Sonata !ara !iano em f; menor , o!. TX =1E@D, =1E@D, 7 qual &icou ligado o aelido '!!assionata aelido '!!assionata a mais sombria e mais deseserada de todas as obras de Jeetho"en# dois terr!"eis gritos de re"olta, com a ora()o eseran(osa das "aria($es d o segundo mo"imento no meio. He insira()o semelhante, embora modi&icada con&orme as e'igIncias di&erentes do gInero, * o trecho central do Concerto !ara !iano e
orquestra no.L em sol maior o!.TU =1E@BD =1E@BD o segundo mo"imento, diálogo entre uma elegia dolorosa do iano e resostas imlacá"eis da orqustra, * uma dessas coisas elas quais a arte usti&ica o so&rimento da "idaQ =:choenhauerD. 0sse concerto * o mais l!rico de todos# * menos imressionante que o quinto concerto, mas melhor equilibrado, tal"e% gra(as 7 maior e'tens)o do al egre &inal. 0quil!brioQ * a ala"ra que sobretudo ocorre a roósito do maestoso Concerto !ara violino e orquestra em r1 menor , o!. R =1E@BD# R =1E@BD# * a única obra desse gInero que Jeetho"en escre"eu, mas ningu*m du"ida * o maior concerto ara "iolino que e'iste, um dos ontos mais altos da eloq5Incia beetho"eniana. 0ssa eloq5Incia t)o caracter!stica da segunda &ase, tamb*m se descobriu, recentemente, na Sinfonia no.L em si bemol maior =1E@BD, =1E@BD, que os regentes do s*culo ++ ouco &req5enta"am# n)o * um interme44o r*2rom8ntico entre as grandesQ sin&onias, como se ensa"a, mas, como estas, um aelo 7 humanidadeQ. Aenas, os recursos emregados emregados s)o mais modestos. Jeetho"en ainda está rearando rearando o uso leno da orquestra. Por enquanto, escre"e sin&onicamente ara as cordas. Os trIs Quartetos !ara cordas cordas em f; maior mi mi menor e e d7 maior , o!. TN =1E@BD, TN =1E@BD, dedicados ao conde 9asumo"sS, entao embai'ador da 9ússia em -iena, eterni%am o nome desse grande mecenas. Pois s)o os quartetos mais oderosos que e'istem o maestoso no.R# .R# o o o temestuoso n ., ., com a &uga &inal# e sobretudo o Quarteto (asumovsk% n .K , em mi menor , com seu adágio celeste, seu scher4o bi%arro e com a in*dita e'los)o temeramental no &im. N a !ice a !ice de r1sistance do reertório da música de c8mara. 0sses quartetos de"em o e&eito irresist!"el 7quela sua qualidade que alguns á chegaram a censurar s)o escritos ara os quatro instrumentos como se &ossem grandes sin&onias. Come(a a *oca eseci&icamente sin&4nica de Jeetho"en. A abertura de Coriolano em d7 menor , o!. K =1E@FD, =1E@FD, &oi escrita ara introdu%ir uma e(a med!ocre do oetastro "ienense Collin# * digna da trag*dia de :haeseare, * a abertura mais trágica de toda a literatura musical. /ada se recisa di%er sobre a , Sinfonia em d7 menor =1E@FD, =1E@FD, orque todos conhecem esta obra, a mais oulari%ada de J eetho"en. N chamada, muitas "e%es, Sinfonia do Destino, Destino, mas n)o tem rograma aenas enche de es!rito o*tico a sonata2&orma, do trágico rimeiro alegro at* o ubiloso &inal. N música absoluta. N o e'emlo mais er&eito da sonata2&orma# * a obra2modelo do classicismo "ienenseQ. Programa tem a bucólica ,+ Sinfonia em f; maior =1E@ED, =1E@ED, a 5astoral , or isso imensamente querida do úblico e, elo mesmo moti"o, algo menos areciada ela cr!tica# mas em temos recentes a análise encontrou ustamente nesse id!lio sin&4nico certas audácias harm4nicas, ouco ortodo'as, anteciando o modernismoQ musical. As K variaJYes !ara !iano em d7 menor =sem número de o!us# o!us# 1E@BD assam or uma das obras mais caracter!sticas da segunda &ase. =3as tamb*m há oini)o menos &a"orá"el.D A Sonata !ara violoncelo e !iano em l; maior , o!. N =1E@ED, N =1E@ED, quei'osa e en*rgica, escrita inter lacr%mas et luctum, luctum , * um grande documento humano# certamente a mais bela obra desse gInero raro. O "rio !ara !iano e cordas em r1 maior , o!. XV n o.R =1E@ED, chamado Geistertrio = Geistertrio =2antasma 2antasmaD, D, tem um segundo mo"imento que * a mais ro&unda e'ress)o de melancolia em toda a música. O Concerto !ara !iano e orquestra no.T em mi bemo maior , o!. X =1E@?D, X =1E@?D, * a obra mais oderosa do gInero, de !meto o b*lico# o Concerto n .L ode .L ode ser mais ro&undo, mas o no.T * * de e&eito irresist!"el. 3as ao mesmo temo escre"e Jeetho"en o Quarteto !ara cordas em mi bemol maior , o!. XL =1E@?D, denominado )ar!a, )ar!a, e a Sonata !ara !iano em mi bemol maior , o!. UR =1E1@D, UR =1E1@D, denominada /es 'dieu# , obras2rimas de arte intimista. Obra 7 arte, em todos os sentidos, * a única óera de Jeetho"en 2id1lio =1E@# 2id1lio =1E@# modi&icada em 1E@B e em 1E1D. N, como a 2lauta M;gica, M;gica, um Sings!iel , com te'to alem)o &alado entre as árias e coros. /)o * uma óera como outras# antes uma e(a
ara ser reresentada em ocasi$es solenes, e'traordinária, esse c8ntico dramático da "itória do amor conugal sobre a tirania ol!tica. Um enredo ent)o muito conhecido, o mesmo da óera /es deu# 3ourn1es de Cherubini &oi trans&ormado oor Jeetho"en em trag*dia das ris$es subterr8neas do coro e do es!rito# e c8ntico da liberdade. TrIs aberturas escre"eu o mestre ara a rimeira "ers)o dessa óera, ent)o chamada /eonore# nenhuma satis&e% ara o teatro. 3as a terceira delas, a /eonore no. em d7 maior =1E@BD, conquistou "ida indeendente na sala de concertos. N uma grande sin&onia de rograma resumo, sem ala"ras, do enredo da óera, a maior obra de Jeetho"en como oeta em sonsQ. /o entanto, o mesmo suerlati"o tamb*m "ale com reseito 7 abertura ara Egmont de D, acredita ter encontrado, or engano, um outro comositor. O estilo mudou comletamente. /ada mais de trag*dia at*tica, de elegias como"entes, de c8nticos de triun&o. A sonoridade tornou2se ásera, a oli&onia instrumental mais dura, a e'ress)o enigmática. N a terceira &ase. Os contemor8neos &ica"am estue&atos# e n)o só eles. O s*culo ++ inteiro, com e'ce()o de certos conhecedores, considera"a as últimas obras de Jeetho"en como esquisitas, se n)o incomreens!"eis. 0'licou2se o &ato ela surde%, ent)o comleta, do mestre, que lhe teria roubado o senso de eu&onia, a &aculdade de calcular os e&eitos sonoros e at* a humanidade do sentimento. Roe se ensa de maneira di&erente. A surde% de Jeetho"en, embora trágica ara ele essoalmente, arece2nos ro"idencial &oi ela que libertou o mestre de todas as con"en($es, abrindo2lhe as ortas ara o reino da música totalmente abstrata. 0ssas últimas obras de Jeetho"en, embora nem t)o &req5entemente e'ecutadas como as da segunda &ase, assam hoe or suas maiores. /)o e'ageremos. Rá nelas certas imer&ei($es t*cnicas, que se e'licam realmente ela surde%. Algumas obras n)o arecem destinadas 7 e'ecu()o, mas a serem lidas. Assim como a 'rte da 2uga de Jach. O que indica a categoria. A Sonata !ara !iano em si bemol maior o!. RV =1E1ED, le"a na &olha de rosto a obser"a()o 7 qual de"e o aelido 5ara o )ammerklavier =iano&orteD. Ainda se usa"a muito o cra"o, esecialmente em casa# or mais estranho que a re(a a nós outros que a
'!!assionatta ou a 'urora amais &ossem amais tocadas nesse instrumento. 3as a Sonata o!. RV , di% o rório autor, requer o iano# da! o aelido )ammerkaviersonate. Hu"idam alguns se basta isso# se ode ser e'ecutada, satis&atoriamente, em instrumento algum, essa maior de todas as sonatas, de tamanho de uma sin&onia e de ro&undidade in*dita, culminando numa grandiosa &uga. /o entanto, * abuso condená"el o arranoQ da Sonata o!. RV ara orquestra. A obra ocua hoe lugar certo no reertório dos ianistas# * roriamente o onto mais alto do reertório ian!stico. Heois, as trIs últimas sonatas. A Sonata em mi maior , o!. RVN =1EM@D * uma nobre elegia, terminando com um set de "aria($es. O des&echo da Sonata em l; bemol maior , o!. =1EM1D, de oesia dolorosa, *, como na Rammerla"iersonate, uma &uga. A última, a Sonata em d7 menor , o!. RRR =1EMMD, 7 qual Thomas 3ann dedicou, no romance Doutor 2austo, uma ágina admirá"el, só tem dois mo"imentos deois de um alegro heróico, de &or(a de bron%e, uma s*rie de "aria($es et*reas que re&letem harmonias transcendentais. Heois dessas trIs sonatas, Jeetho"en "oltou ao iano a ra escre"er as ,ariaJYes sobre uma ,alsa de Diabelli o!. RKV =1EMGD. Chegou a interromer o trabalho na 3issa :olemnis ara "ariar um med!ocre tema alheio, n o qual descobrira ineseradas ossibilidades combinatórias. N suerior at* as ,ariaJYes de Goldberg de Jach, a maior obra de "aria($es da literatura musical. Obra inteiramente abstrata, destinada mais 7 leitura do que ara um instrumento material. 3úsica, com licen(a a ra o suerlati"o, absolut!ssima. /os seus últimos anos Jeetho"en só escre"eu ara o iano o que chama"a de bagatelasQ# uma delas, searadamente ublicada, * o (ond7 em sol maior o!. RKN =1EMGD, denominada Die >ut ueber den verlorenen Greschen = ' (aiva !elo "osto 5erdidoD, e'ress)o de humorismo burlesco de quem, das maiores alturas, caiu ara as equenas mis*rias da "ida cotidiana. A obra de mais alto "4o, da terceira &ase, * a Missa Solemnis em r1 maior o!. RK =1EMGD. 3enor em tamanho que a missa de Jach, e'cede no entanto, de longe, as dimens$es que a liturgia admite# a n)o ser ara missas onti&icais como a da consagra()o de um biso. 9ealmente, a Missa Solemnis &oi escrita ara a consagra()o do arquiduque 9udol&, aluno redileto do mestre, como arcebiso de Olomouc. 0 e'eriIncias demonstraram que a e'ecu()o da obra n)o * incomará"el com o culto católico. 3as * uma mani&esta()o colossal de religiosidade li"re, &ora e acima de qualquer credo dogmático. A &* religiosa de Jeetho"en &oi, ro"a"elmente, nos in!cios, o de!smo do s*culo +-. :)o desse es!rito as Seis CanJYes Sacras o!. LU =1E@GD, escritas com grande simlicidade no estilo da Cria()o de RaSdn, das quais uma, Die Ehre Gottes =tradu()o li"re ' Gl7ria de DeusD, * uma das obras mais di"ulgadas de Jeetho"en, cantada or coros de amadores do mundo inteiro em todas as ocasi$es oss!"eis e imoss!"eis. 3as essa &* de Jeetho"en aro&undou2se mais tarde elos contatos com a &iloso&ia idealista alem), sobretudo a de Want na interreta()o, mais acess!"el, de :chiller# tamouco se querem e'cluir in&luIncias oss!"eis do ensamento de :chelling. Aquele credo de!sta adquiriu ro&undidade quase =embora só quaseD m!stica. ;á n)o se trata de religiosidade ra%oá"elQ, no sentido do s*culo +-, mas de &* no ine&á"el. 0sse ine&á"el, Jeetho"en o e'rimiu na Missa Solemnis a solenidade quase bi%antina do $%rie, a &uga coral =Et vitam venturi saeculi D no &im do Credo, o solo do "iolino no &enedictus, a remota música guerreira que acomanha o doloroso Dona nobis !acem, s)o cumes da música sacra. undamental a mesma mensagem * a da única obra da última &ase que se tornou realmente oular a +* Sinfonia em r1 menor o!. RKT =1EMGD. 3úsica * re"ela()o mais alta que qualquer &iloso&iaQ, re%a um a&orismo de Jeetho"en. N a &iloso&ia idealista de Wante, ichte, e :chiller em que o mestre ensa"a. Um oema de :chiller * o te'to dos
soli e coros que &ormam, de maneira ineserada e inortodo'a, o último mo"imento da +* Sinfonia, a rimeira sin&onia com a colabora()o de "o%es humanas. A esse colossal mo"imento "ocal de"e a sin&onia a oularidade. Hurante decInios assara or obra esot*rica, que só oderia ser e'ecutada em ocasi$es e'traordinárias. Heois, os ^agnerianos interretaram a +* Sinfonia como obra recursora do drama musical do seu mestre recorrendo 7 "o% humana, Jeetho"en teria demonstrado que a arte sin&4nica * insu&iciente ara mani&estar todos os mist*rios do uni"erso# teria indicado o caminho ara "risto e +solda e 5arsifal . Hesde ent)o, o úblico, semre acess!"el 7s alus$es literárias que &acilitam a comreens)o da música, tem dado re&erIncia marcada 7 +* Sinfonia. 3as, com toda a admira()o, n)o há moti"o ara tanto. :emre re&erimos a , e sobretudo a ,++ Sinfonia. Pois o grandioso último mo"imento da +* , embora a mais &orte mani&esta()o da eloq5Incia beetho"eniana, * algo inorganicamente acrescentado# a obra * h!brida. 3as esses argumentos n)o "alem, e"identemente, contra a dolorosa triste%a do andante, o humorismo gigantesco do scher4o e, sobretudo, o rimeiro allegro, que * o maior mo"imento sin&4nico de Jeetho"en. /a Missa Solemnis e na última arte da +* Sinfonia, a escritura "ocal de Jeetho"en, comositor instrumental or e'celIncia, reseita ouco as ossibilidades e os limites da "o% humana# certos trechos dos coros assam or di&icilmente e'ecutá"eis. A surde% ode ter contribu!do ara tanto, assim como nas imossibilidadesQ ian!sticas da )ammerklaviersonate. 3as o "erdadeiro moti"o dessas imer&ei($es materiais &oi outro nenhum instrumento solo nem a orquestra sin&4nica nem a "o% humana &oram caa%es de materiali%ar comletamente o ensamento musical abstrato. O único recurso oss!"el &oi o som imaterial do quarteto de cordas. As obras derradeiras de Jeetho"en s)o os cinco últimos quartetos. Hurante decInios, deois da morte do mestre, &oram considerados com re"erIncia t!mida, como mani&esta($es ine'ecutá"eis de uma inteligIncia musical erturbada ela surde% e, tal"e%, or um alheamento á arecido com anormalidade mental. 3as aconteceu, en&im, o que 3arcel Proust &ormulou t)o bem Os últimos quartetos de Jeetho"en criaram um úblico ara os úl timos quartetos de Jeetho"enQ. Roe se e'ecutam muito. :)o ontos altos, tal"e% os ontos mais altos da cria()o musical# e grandes documentos humanos. `... A e"olu()o de Jeetho"en V da música graciosa do Se!teto ate o N recisoQ do último Quarteto V * a mais coerente e a mais admirá"el de que se tem conhecimento na história das artes# lembra a e"olu()o de :haeseare, da Comed% of Errors at* a dissia()o de todos os erros no "em!est . 3as Jeetho"en disse tudo isto sem ala"ras. e% os instrumentos e'rimirem mais do que oderia e'rimir a mais a ala"ra. N o soberano V ele rório disse o /aole)oQ V da música instrumental. :ua in&luIncia &oi a"assaladora. Assim como 3iguel [ngelo, iniciando o Jarroco, domina as artes lásticas do s*culo +-, assim domina Jeetho"en toda a música do s*culo ++ a música rogramática de Jerlio%, a música dramática de Kagner e a música absoluta de Jrahms de"em2lhe tudo. Roe em dia * Jeetho"en o comositor mais conhecido do mundo. :uas obras s)o a s mais e'ecutadas, &ormando a base do reertório sin&4nico, camer!stico e ian!stico. 3as á n)o * modelo ara ningu*m, a n)o ser, de maneira algo indireta, ara um gInio solitário como Jartó. Tendo se libertado daquela in&luIncia enorme e, en&im, esterili%ante, a música moderna acredita oder disensar sua arte. Rá in imigos de Jeetho"en, que lhe detestam o subeti"ismo, a e'ressi"idade, o &ormalismo da constru()o. 3as mais erigosos que esses inimigos s)o os admiradores. Aquele redom!nio de Jeetho"en no reertório te"e conseq5Incias &unestas certas obras, a , e
a +* Sinfonia, a Sonata ao /uar e a '!!assionatta, s)o e'ecutadas com tanta &req5Incia que se rodu%, en&im, o cansa(o. oram rebai'adas 7 categoria d e e(as re&eridas do úblicoQ. ;unta2se a isso a a"ers)o moderna contra a eloq5Incia retórica, que *, indubita"elmente, um elemento essencial do idealismo beetho"eniano. 3as s)o argumentos que desaarecem, como obser"a($es mesquinhas, erante o esetáculo daquela e"olu()o do o!us R at* o o!us RT . A arte de Jeetho"en * o maior documento humano em música. :e desaarecesse do nosso hori%onte esiritual, a humanidade teria dei'ado de ser humana. 0st)o indissolu"elmente ligados o destino da música beetho"eniana e o destino da nossa ci"ili%a()o.
C AP ÍT U L O >
Os Romantismos O 9O3A/T:3O /A 3:CA
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or mais comle'o que sea o &en4meno do romantismo literário, n)o se ode negar que tenha bem2de&inidos limites cronológicos. N a *oca de /o"alis, Tiec, 0.T.A. Ro&&man e 0ichendor&&, na Alemanha# de Lamartine, Rugo e 3usset, na ran(a# de :helleS, Weats e sir Kalter :cott, na nglaterra# de Lermonto" e ur4eln der romantischen +deologie in Der $am!f , 1?MED. Parte dos artistas hostili%a o no"o úblico de burguesesQ e &ilisteusQ# s)o os rom8nticos &antásticos que tamb*m salientam os asectos burlescos da realidade. Outros á chegam a baular esse úblico, o no"o mecenas an4nimo s)o os come(os do grande "irtuosismo, dos "iolinistas, ianistas, cantores, bailarinas. 3as tamb*m e'iste um romantismo que se reconcilia amistosamente com o ambiente burguIs numa boImia ino&ensi"a que n)o chega a in&ringir os regulamentos de ol!cia =c!rculo de :chubertD, ou num comortamento bem2educado e rigorosamente aol!tico =ambiente de 3endelssohnD. 0ssas duas últimas &ormas, que tamb*m &icam mais &i*is ao classicismo
"ienenseQ, s)o rórias da "ida id!lica na Alemanha da 9estaura()o, entre 1E1 e 1EG? um id!lio, garantido ela ol!cia e ela censura, o &iedermeier , a *oca da bonhommie equeno2burguesa. O 9 O 3 A / T : 3 O A/ T _: T C O A rea()o hostil ao no"o úblico * atitude de homens que á eram maduros quando a re"olu()o acabou com a sociedade aristocrática. Por isso n)o * estranho o &ato de ter sido mo%artiano entusiasmado o mais t!ico reresentante do romantismo &antástico2 demon!aco2burlesco 0rnst Theodor Amadeus RO3A// =1FFB1EMMD 1, o grande contista, o maior narrador do romantismo, mas tamb*m notá"el como músico e cr!tico de música. A rodu()o musical desse rotagonista do mo"imento rom8ntico V muita música sacra e obras instrumentais V * toda mo%artiana. Tamb*m a sua óera 8ndine =1E1BD, que Rans P&it%ner tentou ressuscitar em nosso temo, só * rom8ntico o en redo# nada, nessa obra, antecia a arte de Keber, ela qual Ro&&man n)o sentiu entusiasmo# re&eriu :ontini. 3as suas cr!ticas de obras de Jeetho"en = , Sinfonia, Coriolano, Egmont , "rio 2antasmaD, escritas entre 1E1@ e 1E1G, s)o os rimeiros comentários congeniais# o único de&eito desses te'tos notá"eis * a tentati"a de romanti%arQ demais o clássico de -iena e de considerá2lo como mensageiro de ro"!ncias misteriosas do es!rito. Ha mesma maneira Ro&&mann romanti%ou
<. 0llinger, E. ". '. )offmann Sein /eben und seine >erke, Ramburgo, 1E?. K. Rarich, E. ". '. )offman. Das /eben eines $uenstlers, Jerlim, 1?M1. R. 0hinger, E. ". '. )offmann als Musikers und Musikschriftsteller , Olsten, 1?>.
A "ida de ran% :CRUJ09T =1F?F1EMEDM assou, sem acontecimentos esetaculares, na atmos&era agradá"el da burguesia e equena burguesia "ienense da *oca do &iedermeier e no ambiente da boImia ino&ensi"a dessa sociedade. n&eli%mente, numerosas lendas, totalmente in&undadas, tIm des&igurado essa biogra&ia. A lenda de que :chubert teria sido es*cie de don ;uan melancólico, herói de oereta sentimental, chegou mesmo a rodu%ir uma oereta * o Dreimaederlhaus = ' Casa das "r[s MeninasD, escrita em 1?1> or um certo Jert* que, em torno de um libreto estúido, aro"eitou generosamente melodias schubertianas. O sucesso mundial desse asticho arece ter rodu%ido con&us$es ine'licá"eis á insirou a a&irma()o de que aquela oereta =da qual :chubert * o in&eli% ersonagem rincialD seria obra do rório :chubert, ara tirar2se conclus$es ouco lisoneiras ao grande comositor. /aturalmente o mestre n)o tem nada que "er com aquela &alsi&ica()o, eretrada quase um s*culo deois da sua morte. /a "erdade, n)o &oi um don ;uan melancólico, mas um boImio semre =e sem sorteD enamorado, um ouco dedicado 7s bebidas e so&rendo de gra"es acessos de deress)o. 3as estas últimas tamb*m &oram des&iguradas ela lenda como se :chubert ti"esse sido um estigmati%ado ela morte, adi"inhando o &im rematura, em obras como a c*lebre Sinfonia +nacabada. 3as a +nacabada * de 1EMM, isto *, seis anos antes do &im# n)o &oi interromida ela morte# a obra &oi simlesmente abandonada elo comositor que, assediado or ermanente insira()o abundante, tratou seus rórios originais com descuido imerdoá"el, 7s "e%es esquecendo2os em casa alheia ou em ta"ernas, 7s "e%es erdendo2os or deslei'o# algumas das suas obras mais imortantes, a grande Sinfonia em d7 maior e a Sinfonia +nacabada, só &oram reencontradas muitos anos deois da sua morte, gra(as aos es&or(os de :chumann e outros admiradores. Os contemor8neos "ienenses de :chubert só conheciam e admira"am equena arte da sua obra imensa, que * relati"amente mais "olumosa que a de 3o%art. /o resto, comositor t)o o"em n)o odia contar =nem oderia contar hoeD com reconhecimento internacional. :chubert &oi homem obre# e, no entanto, alegre, a n)o ser durante aquelas &ases de deress)o melancólica. /)o &oi homem &eli%# mas n)o morreu de cora()o rasgado e, sim, de ti&o# ustamente no momento em que sua &ama á come(a"a a atra"essar as &ronteiras de sua cidade e d e sua átria. :chubert n)o &oi, con&orme aquela desreocua()o elo destino dos seus originais oderia &a%er crer, um imro"isador &ácil, esse tio de "ienense amá"el e ligeiro que tamb*m * roduto da imagina()o dos &abricantes de oeretas. oi artista muito s*rio. /)o há que negar, em :chubert, o &orte lastro de música &olclórica da sua terra n)o geralmente austr!aca, aliás, como em RaSdn, mas eseci&icamente "ienense. N reconhec!"el em certos trechos de quase todas as suas obras. Ho :chubert "ienense, no sentido &olclórico do adeti"o, * o Quinteto, ara o conunto incomum de violino, viola, violoncelo, contrabai#o e !iano, em l; maior =1E1?D, denominado "ruta orque um dos mo"imentos s)o "aria($es sobre o lied desse t!tulo, do rório :chubert# obra encantadora, de inesgotá"el rique%a melódica e sem muita ro&undidade emocional, um di"ertimentoQ no melhor sentido da ala"ra. He insira()o semelhante * o belo Octeto !ara instrumentos de so!ro em f; maior =1EMD. 0 * tiicamente "ienenseQ o "rio !ara !iano e cordas em si bemol maior =1EMFD, tamb*m uma das obras mais oulares de M
O. Jie, 2ran4 Schubert. Sein /eben und sein >erk , Jerlim, 1?M>. 3. riedlander, 2ran4 Schubert , Lei%ig, 1?ME. 0. <. Porter, "he Songs of Schubert , Londres, 1?GF. /. lo^er, 2ran4 Schubert the Man and his Circle, Ma. ed., /o"a orque, 1?G?. K. e 9. 9ehberg, 2ran4 Schubert sein /eben und >erk , \urique, 1?B. A. CoeuroS, /es /ieder de Schubert , Paris, 1?E. A. 0instein, Schubert , Londres, 1?>1. J. Paumgartner, 2ran4 Schubert , \urique, 1?B@. L. Wusche, 2ran4 Schubert Dichtung und >ahrheit , 3unique, 1?BM.
:chubert. 3as á * s*rio o "rio !ara !iano e cordas em mi bemol maior =1EMFD, cuos temas, embora tamb*m de insira()o &olclórica, s)o elaborados com arte maior. N o outro :chubertQ, que *, na música de c8mara, sucessor leg!timo de RaSdn. 0 * sensi"elmente in&luenciado or Jeetho"en s)o contemor8neos, residindo na mesma cidade, embora os suostos contatos essoais entre eles are(am ertencer ao reino da lenda. Aquele rimeiro :chubertQ * o de inúmeras marchas, dan(as etc., de melodismo inesgotá"el e semre encantador todo mundo conhece as trIs Marches Militaires e os Deutsche "`n4e =DanJas 'lems, 1EMD. O outro :chubertQ * o de ambiciosa música sin&4nica e camer!stica, de um autIntico contemor8neo e sucessor de Jeetho"en. 0ssas grandes obras s)o, com e'ce($es, menos conhecidas do úblico. Hurante um s*culo inteiro, quase, a cr!tica censurou nelas gra"es de&eitos de constru()o, de estrutura. Roe á se ensa de maneira totalmente di&erente. As suostas imer&ei($esQ s)o tentati"as de desen"ol"er as &ormas haSdnianas e beetho"enianas. :chubert n)o "i"eu bastante ara oder atingir seus obeti"os# o que ideara, nesse terreno, será reali%ado or Jrahms, mas com outro es!rito, mais nórdicoQ. Pois :chubert * um grande ino"ador esecialmente em suas obras de música de c8mara s)o &req5entes as audaciosas solu($es de roblemas harm4nicos, modula($es in*ditas que anteciam Choin, :chumann e at* Kagner. A esse reseito * de rique%a esecial a música ian!stica de :chubert. Ao lado de muitas e(as aenas bonitas e dos encantadores Moments musicau# =1EMED, est)o os imonentes +m!rom!tus o!. RLK =1EMFD# quem ignorasse a autoria, tomá2los2ia or obras de Choin. 0 a 2antasia em d7 maior o!. RT =1EMMD, chamada 2antasia >anderer , orque aro"eitando temas e ritmos do lied schubertiano desse t!tulo, á &oi celebrada como antecia()o, no iano, da sin&onia de rograma de Jerlio% e Lis%t# * "erdadeiro oema sin&4nico V con"*m reetir V ara o iano solo# ois a adata()o dessa obra ra iano e orquestra, &eita or Lis%t, des&igura2a. N re&er!"el tocar e ou"ir a "ers)o original. Has sonatas ara iano nenhuma se mant*m ermanentemente no reertório dos ianistas# o que "ale, aliás, ara a maior arte das sonatas escritas deois de Jeetho"en que esgotara as ossibilidades do gInero. /o entanto, a Sonata em l; menor o!. LK =1EM>D e a Sonata em sol maior O!.XT =1EMBD s)o re"i"i&icadas, de "e% em quando, o r ianistas ambiciosos# e a Sonata inacabada em d7 maior =1EM>D * entre as sonatas de :chubert o que * a +nacabada entre as suas sin&onias. 0ssa Sinfonia inacabada em si menor =1EMMD tem aenas dois mo"imentos# quase todo mundo conhece. N uma das obras mas e'ecutadas e mais oulares da literatura musical inteira sorte que a tem reudicado muito. Pois "irou insuortá"el a muitos ou"idos. Rá quem a ou(a como se &osse música de realeo. N reciso &a%er u m es&or(o ara ou"i2la como se &osse ela rimeira "e%, ara inteirar2se do "alor suerior dessa música nada sentimental, mas de tragicidade beetho"eniana e, no entanto, de eu&onia mo%artiana. /)o sabemos orque :chubert dei'ou incomleta essa obra. Parece que só com certa di&iculdade conseguira aoderar2se do dom!nio da orquestra. 0ntre 1E1G e 1E1E tinha escrito nada menos que seis sin&onias, das quais a n. L em d7 menor =1E1BD, denominada "r;gica, e a n. em d7 maior =1E1ED ainda s)o ocasionalmente e'ecutadas# mas todas as seis s)o obras u"enis, cua ressurrei()o n)o resta ser"i(o 7 memória de um comositor do qual tantas obras de "alor suerior s)o raramente ou"idas. 3ais uma tentati"a, al*m daquela Sinfonia +nacabada, ara chegar 7s alturas
do gInero, &oi uma obra in&eli%mente erdida =ou destru!daD que arece sobre"i"er em "ers)o ian!stica o Grand Duo !ara !iano a quatro mos em d7 maior =1EMD, que Jrahms e ;oachim admira"am tanto. O obeti"o &oi, en&im, atingido na Grande Sinfonia n. X em d7 maior =1EMED, que de"e o aelido Grande ao seu tamanho incomum, lenamente usti&icado ela subst8ncia musical, e'ress)o de um sonho in&inito de bele%a &ascinante# * o onto mais alto do romantismo alem)o na música sin&4nica, a maior sin&onia que &oi escrita entre Jeetho"en e Jrucner. `... Ocua lugar 7 arte o Quarteto !ara cordas em r1 menor =1EMD, denominado ' Morte e a Don4ela orque seu segundo mo"imento s)o "aria($es sobre o lied homnimo de :chubert. Acima de qualquer elogio est)o o rimeiro mo"imento, meio trágico, meio nostálgico, assim como o en*rgico scher4o e o ubiloso &inal# mas s)o sobretudo aquelas "aria($es, e'ress)o serena da angústia da morte, que á insiraram a um cr!tico a &rase usta 0sse quarteto * o ous meta!h%sicum de :chubertQ. 0stá dignamente ao lado dos últimos quartetos de Jeetho"en, cua s*rie o mestre iniciou naquele mesmo ano de 1EM. As tentati"as u"enis de :chubert de escre"er óeras e com*dias musicais n)o deram bons resultados, a n)o ser a bonita música de cena ara a e(a (osamunde =1EMGD. 3as os contatos com o mundo oer!stico ti"eram outros e&eitos, mais imortantes. Por interm*dio do seu ro&essor e amigo aternal :alieri recebeu :chubert a in&luIncia de D, merece sobre"i"er# nas igreas "ienenses ainda se e'ecuta, tamb*m, a Missa em f; maior =1E1D. 3as o o"em mestre n)o &icou nessa música sacra de rotina. e% tentati"as de reno"a()o em "árias dire($es. 0scre"eu a Deutsche Messe =Missa 'lem, 1EMBD, que n)o * uma missa roriamente dita, mas uma cole()o de equenos coros, muito &áceis, ara serem cantados durante a missa or uma comunidade de camoneses ou equeno2burgueses que n )o conseguem acomanhar o te'to litúrgico. A religiosidade sincera e humilde dessa música simles e melodiosa tornou a Missa 'lem e'tremamente oular na _ustria e na Alemanha do :ul, onde resiste aos ataques do mo"imento litúrgico dentro da grea. A reno"a()o do estilo sacro de :chubert "eio, or*m, da in&luIncia de Randel. mitou2o em hinos como Miriams Siegessang =CanJo de ,it7ria de MiriamD. us)o do estilo de RaSdn e do estilo de Randel * a ambi()o da grande Missa em l; bemol maior =1EMMD# n)o reali%ou inteiramente esse obeti"o, mas saiu algo de no"o, uma música ang*lica, mais congenial dos quadros de altar de -an 0Sc e 3emling do que &ora a música oli&4nica de um Obrecht ou Hes Prs. Alguns consideram suerior a Missa em mi bemol maior =1EMED, que * menos melodiosa, menos alegreQ, antes se"era como uma g rande missa barroca. Aesar de tudo, o estilo dessas duas missas, quando areciado or um liturgista, ainda * o mesmo das missas de RaSdn. 0 os adetos da ortodo'ia musical n)o dei'aram de censurá2las. N reciso admitir que :chubert, &ilho do s*culo +- e contemor8neo do idealismo alem)o, n)o odia &icar imbu!do de es!rito litúrgico. Tamb*m se admite que o o"em mestre n)o era uma nature%a ro&undamente religiosa# seu catolicismo era sincero, mas de rotina, como acontece na equena burguesia "ienense. 3as do onto2 de2"ista uramente musical s)o aquelas duas missas das maiores obras de :chubert. N quase inacreditá"el a rique%a da rodu()o, dessa "ida de aenas G1 anos. 0 ainda &alta o maior ca!tulo o gInero que :chubert criou e logo le"ou at* as alturas da
er&ei()o. O lied . 0m torno desse gInero ainda e'istem equ!"ocos, &omentados ela incomreens)o de alguns musicólogos &ranceses do s*culo assado. Ainda há quem acredite que o lied * um gInero de música &olclórica can()o oular estili%ada. N um erro comleto. A rai% desse erro reside no desconhecimento da oesia l !rica alem). 0sta se reno"ou, na segunda metade do s*culo +-, quando oetas como , com 1E anos de idade, escre"eu o Erlkoenig , a obra2rima do gInero baladaQ# o adolescente á * mestre consumado. Ho ano seguinte, 1E1B, * o >anderer =O CaminhanteD e de 1E1F Der "od und das Madchen = ' Morte e a Don4elaD, oesias musicais do mais alto "alor, e m estilo tiicamente r*2 rom8ntico. /o mesmo estilo escre"eu :chubert a música ara numerosos oemas de asser 4u singen =5ara cantar sobre as guas, 1EMMD, Staendchen =Serenata, letra de :haeseare em tradu()o alem), 1EMBD e aquele Musensohn =O Estudante, 1EMMD de D, Suleika + e ++ =1EM1D, Geheimes =Segredo, 1EM1D e outros# aqueles dois grandes lieds u"enis, Der >anderer =O Caminhante, 1E1BD e Der "od und das Madchen = ' Morte e a Don4ela, 1E1FD, de estuenda maturidade emocional# os lieds de grande estilo, como 'llmacht =O "odo-5oderoso, 1EM>D, +!higenia =1E1FD, Gru!!e aus dem "artarus =Gru!o no ";rtaro, 1E1FD, Memnon =1E1FD# lieds de sentimento religioso, como 've Maria =letra de Kalter :cott, tradu%ida, 1EM>D e Du bist die (uh ="u 1s (e!ouso, 1EMGD# odes rom8nticas como +m 2ruehling =:a 5rimavera, 1EMBD e o como"ente +m 'bendrot =:o Cre!sculoD# mara"ilhosas estili%a($es do &olclore austr!aco, como Der >anderer an den Mond =O Caminhante /ua, 1EMBD, Der Strom =O (io, 1EMFD, Erlafsee =1EMFD. O onto mais alto tal"e% sea um lied dos rimeiros anos 'n die Musik = Msica, 1E1FD, minúsculo hino de insira()o religiosa, e m lou"or 7 nossa arte que, con&orme re%a a letra, em tantas horas cin%entas nos le"ou a ra um mundo melhorQ. 0m 1EMG :chubert á tinha escrito um ciclo de lieds, Die schoene Muellerin = ' &ela MoleiraD# * o mais belo id!lio l!rico da oesia musical, embora n)o &altem as sombras da melancolia. 0sta torna2se trágica no ciclo >interreise =,iagem de +nverno, 1EMFD, que * obra2rima do oeta :chubert. Costuma2se cantar e celebrar esecialmente alguns dos
lieds desse ciclo Der /indenbau = ' "BliaD, que "irou can()o oular# Die $raehe = ' GralhaD# e sobretudo Der >eg=eiser =O 5osteD e Der /eiermann =O )omem do (eale6oD, que s)o insira($es beetho"eniananamenteQ trágicas. 3as * semre reciso ou"ir e estudar o ciclo inteiro M e(as de insira()o homogInea, sombria, desolada, at* &únebre. /)o * roriamente um ciclo o "olume Sch=anengesang =Canto de CisneD# s)o, simlesmente, os últimos lieds que :chubert escre"eu, reunidos, em 1EME, sob aquele t!tulo, elo editor. /)o *, ortanto, um conunto homogIneo. Rá, nesse gruo, um lied como 'bschied =Des!edidaD, can()o alegre 7 qual o acomanhamento ian!stico acrescente uma arrire-!ens1e &únebre. Rá uma grande can()o dramática como 'ufenhalt =(e!ousoD. Rá, sobretudo, os lieds com te'tos de Reine. :ó nos últimos d ias de sua "ida chegou :chubert a conhecer "ersos desse oeta, ent)o no"o que lhe insirou música comletamente di&erente, do mais alto "alor Die Stadt = ' CidadeD, 'm Meer =:o Mar D, Der Do!!elgaenger =O S7siaD, oesias musicais de ro&undidade sombria e como interiormente iluminadas ela lu% de um outro mundo. :)o, sobretudo, essas últimas obras que insiram as esecula($es sobre o que :chubert teria chegado a escre"er se a morte n)o o le"asse com G1 anos de idade se ti"esse atingido a idade de um -erdi, sobre"i"endo a Kagner. :)o esecula($es inúteis. :chubert morreu cedo, mas er&eito. `... Comositores como Loe^e e ran% s)o t!icos do &iedemeier , da *oca da 9estaura()o, meio id!lica, meio cin%enta, na Alemanha. O adr)o cultural, nessa *oca ós2goethiana, continua, or*m, alto. Louis :POR9 =1FE1E>?D, o grande "iolinista, * o contrário do "irtuose &antástico Paganini só tocou música clássica, &oi mestre do nobre legato. :eus oratórios e sin&onias est)o t)o esquecidos como seus numerosos quartetos do quarteto te"e, aliás, o curioso conceito de ser uma e(a ara um "irtuose no "iolino, acomanhado or trIs músicos menores. :obre"i"e seu Concerto !ara violino e orquestra em l; menor =denominado Cena de CantoD. /a mocidade &oi rotagonista do romantismo, ent)o no"o seu 2aust =1E1BD e 3essonda =1EMGD s)o das rimeiras óeras rom8nticas, ao lado das de Keber. 3ais tarde, "irou reacionário etri&icado, chegando a detestar a última &ase de Jeetho"en, mas adi"inhou a grande%a de Kagner. O reresentante do &iedermeier russiano, rigorosamente aol!tico, de alto n!"el cultural e moral, ignorando ou querendo ignorar os con&litos mais ro&undos orque o 0stado esta"a aqui ara oliciá2los, * eli' 30/H0L::OR/2JartholdS =1E@?1EFD1. /eto do &ilóso&o udeu 3oses 3endelssohn, &oi bati%ado, quando crian(a, na grea luterana, 7 qual semre &icou ortodo'amente &iel# &ilho de rico banqueiro, recebeu brilhante educa()o# nunca chegou a conhecer as reocua($es materiais da "ida# de recocidade e'traordinária, obte"e cedo o mais comleto sucesso como ianista, regente e comositor, sendo idolatrado em "ida# &undou os &amosos concertos sin&4nicos do
C. Jellaigue, Mendelssohn, Paris, 1?@F. K. Hahms, Mendelssohn, Jerlim, 1?1?. :. .
semitismo dos ^agnerianos. Hurante a *oca na%ista, suas obras esta"am banidas do reertório alem)o. Roe se esbo(a &orte rea()o &a"orá"el. /ingu*m á co mbaterá 3endelssohn orque udeu. 3as as grandes qualidades &ormais da sua música tal"e% n)o cheguem a comensar o sentimentalismo e a &alta de ai')o desse homem &ino e culto, seu equil!brio ermanente e algo &ácil orque conquistado sem luta. Contudo, semre * nobre# e hesita2se em chamá2lo e!gono V como * hábito classi&icá2lo V orque sua linguagem musical * incon&undi"elmente essoal. :eria inusto con&undir 3endelssohn como os mendelssohnianos alem)es e ingleses da segunda metade do s*culo ++, estes sim e!gonos. O mestre antes merece ser de&inido como um ecl*tico que tem de di%er algo de rório. oi grande artista. Precisa2se, or*m, do discernimento mais cuidadoso ra &a%er2lhe usti(a. /)o ode ser ulgado em bloco. orte =CanJYes sem 5alavrasD, sentimentais e esirituosas como as equenas oesias de Reine, antigamente nas m)os de todos os diletantes, só restam mesmo ara os diletantes. 3as tIm "alor di&erente as obras mais di&!ceis as ,ariations s1rieuses em r1 menor , O!.TL, e o Concerto !ara !iano e orquestra no.R em sol menor =1EMBD, que continua muito e'ecutado. Hos seus lieds só sobre"i"e uma única melodia, muito &ina 'uf 2luegln des Gesanges =:as 'sas do CantoD. 3endelssohn criou oucas obras2rimas# mas estas tIm "alor ermanente. Antes de tudo a abertura ara o Sonho de uma :oite de ,ero, de :haeseare, escrita em 1EMB =a música incidental e a marcha nucial &oram acrescentadas em 1EMD. A abertura * obra do mais !ntimo lirismo e de encantador colorido rom8ntico de orquestra()o. N o milagre entre os milagres da recocidade# ois nem sequer o rório 3o%art chegou a escre"er com 1F anos de idade uma obra2rima dessas. Ho Concerto !ara violino e orquestra em mi menor o!. L =1E>D nem sequer os ad"ersários de 3endelssohn ousam &alar mal * a mais melodiosa, a mais nobre e a mais brilhante entre as obras desse gInero, entre o concerto de Jeetho"en e o de Jrahms# * uma das cria($es mais uras da música alem). 0is as duas obras2rimas indiscutidas do mestre, de oularidade bem merecida. ;á * di&erente o caso do "rio !ara !iano e cordas em r1 menor =1EG?D, em que alguns descobrem "ários de&eitos, enquanto outros lhe concedem o lugar altamente honroso entre os trios de :chubert e o quintento de :chumann. A energia sombria do rimeiro mo"imento e a "er"e do scher%o mandam aoiar a tese &a"orá"el, que tamb*m &oi a oini)o de um :choenberg. `... Obras de er&ei()o &ormal s)o as sin&onias a Sinfonia +taliana em l; maior =1EGGD e a Sinfonia Escocesa em l; menor =1EMD, esta última antecedida ela semelhante abertura 's )1brides =tamb*m denominada ' Caverna de 2ingal D =1EGGD. 0ssas obras sin&4nicas, que mant*m tena%mente seu lugar no reertório, s)o &rutos de imress$es de "iagens# á se &alou em sin&onias de turistaQ. 3as s)o admirá"eis elo equil!brio entre a &orma rigorosamente clássica e o colorido rom8ntico. 0sse colorido só *, or*m, &ei()o e'terior. /o &undo, 3endelssohn n)o &oi rom8ntico# teria sido arnasiano, muito antes dos literatos criarem esse termo. Ortodo'ia clássica e agradá"el colorido rom8ntico * uma &órmula ara e!gonos. O conser"atório de Lei%ig, que 3endelssohn &undara, &oi at* o &im do s*culo ++ uma cidadela dos e!gonos anti^agnerianos# seus alunos, "ido de todos os lados, semearam no mundo inteiro o academicismo.
A / O - A P 0 9 A T A L A / A 9 O : : / 0 J 0 L L / Os deuses musicais que a 9estaura()o e o &iedermeier adora"am, eram 3o%art, ressuscitado da "ala comum e colocado entre os anos do c*u# Jeetho"en, idolatrado, embora só meio comreendido# e 3endelssohn. 0m bre"e, tamb*m ha"erá altares ara :chubert e Keber. 3as esse culto era o das elites e de um gruo musicalmente bem2 educado da no"a burguesia. A música dominanteQ da *oca * outra. 6uando Jeetho"en deu, em F de maio de 1EM, seu último concerto em -iena, sendo os números rinciais do rograma a +* Sinfonia e trechos da Missa Solemnis, o emresário obrigou2o a incluir no inter"alo mais um número, e'ecutado or uma cantora a ária Di tanti !al!iti , de 9ossini. 0sta * a música dominante da *oca uma no"a óera italiana. ;á n)o * a óera barroca de Alessandro :carlatti e Rasse# nem a óera classicista, estilo em!ire, de Cherubini e :ontini. s artes do bel canto acrescenta2se um &orte elemento histri4nico os cantores tamb*m tIm de emocionar ou di"ertir o úblico com artes de ator. ;á n)o se $em em música semre os mesmos libretos de 3etastasio, ou, ara as óeras2 c4micas, de Loren%i ou Casti. O enredo torna2se mais i mortante do que &oi no s*culo +-. A grande ária ainda * o ingrediente essencial, mas como centro da cena dramática. 0ssa no"a imort8ncia do elemento teatral * a contribui()o i taliana 7 óera rom8ntica. anos, entre 1E1B e 1EG@ V * e'atamente a *oca da 9estaura()o, entre Katerloo e a 9e"olu()o V uma &ebre rossinianaQ ercorreu o continente. 6uem acabou com essa eidemia &oi o rório 9ossini. :ua &orma()o musical &oi melhor do que esse homem de teatro achou or bem admitir# na rimeira mocidade, o cisne de PesaroQ tinha estudado a música de RaSdn, chegando a escre"er uns ino&ensi"os quartetos. 0m 1E1G, no Teatro enice em -ene%a, obte"e o rimeiro sucesso com a óera "ancredi , na qual se canta aquela &amosa ária Di tanti !al!iti . O &arbiere di Siviglia &oi, em 1E1B, no Teatro Argentina em 9oma, um &racasso# mas ouco temo deois, tornou2se o maior sucesso oer!stico de todos os temos, conquistando Paris e -iena, Londres, Petesburgo e 3adri. ;á homem muito rico, 9ossini mudou2se em 1EMG ara Paris, assinando com a Academia de 3úsica um contrato, atrocinado elo rório rei da ran(a. /o"o sucesso triun&al, em 1EM?, com Guillaume "ell . Heois, retirou2se do teatro ara n)o "oltar nunca mais. Ai nda "i"eu G? anos, dedicado aos ra%eres da mesa V in"entou o "ournedor (ossini V e &alando mal dos outros, da maneira mais esirituosa. Para e'licar sua retirada, 9ossini disse, aludindo aos sucessos esetaculares de 3eSerbeer e Ral*"S 3e reviendrai quand les 3uifs auront fini leur Sabbath. 3as n)o era este o moti"o ro&undo. Com a queda da sociedade da 9estaura()o, em ulho de 1EG@, a miss)o de 9ossini esta"a cumrida. :abe2se que :tendhal, no seu entusiasmo, con&undiu 9ossini e 3o%art, colocando2os na mesma altura# oini)o que o grande essimista :choenhauer tamb*m assinaria. Ainda há, ocasionalmente, quem caia na mesma con&us)o de "alores. 3o%art * aristocrático# em comara()o com ele, 9ossini * lebeu. Contudo, * u m lebeu que ser"e a uma aristocracia, embora &osse a aristocracia decadente da 9estaura()o# aquela que :tendhal descre"eu na Chartreuse de 5arme. Tamb*m gosta"a de 9ossini a 1
R. :. 0d^ards, (ossini and his School , Londres, 1EE1. R. de Cur%on, (ossini , Paris, 1?M@. <. 9adiciotti, (ossini , G "ols., Ti"oli, 1?MF1?ME.
burguesia no"a, que se es&or(a"a em imitar os costumes aristocráticos# imita()o que * um dos elementos constituti"os da mentalidade rom8ntica. O classicismo á ertence ao assado. /)o há em 9ossini, que esqueceu seus come(os haSdnianos, nenhum tra(o da música clássica "ienense. :ua música n)o * trabalhada# * insira()o simlesmente notada. N brilhante, mas sem nenhuma seriedade moral, sem ambi()o art!stica. O comositor rocura o onto de menor resistIncia do úblico, e 'lorando2o com &acilidade. N, sobretudo, um grande autor c4mico. Uma óera2c4mica, o &arbiere di Siviglia =1E1BD, * seu maior t!tulo de glória * a aoteose ocosa da +talia !iccola, humilhada elos dominadores estrangeiros, que, n)o odendo de&ender2se, elo menos %omba dos outros. N música de uma "er"e in*dita, nos !i44icati e nos &amosos crescendi # simboli%ando musicalmente os gestos dos cantores que, sendo italianos, s)o atores natos. N a mais oer!stica de todas as óeras# a obra2rima da música de &acilidade. He insira()o semelhante s)o a +taliana in 'lgeri =1E1GD, Cenerentola =1E1FD e /a ga44a ladra =1E1FD. Todas elas &oram sucessos internacionais t)o grandes como as óeras s*rias de 9ossini "ancredi =1E1GD, Otello =1E1BD, Mos in Egitto =1E1ED, Semiramide =1EMGD, das quais hoe se conhecem só os nomes e, quando muito, as aberturas, cheias de es!rit e anima()o e'atamente no mesmo estilo das aberturas de óeras2c4micas. 9ossini arece semre autor c4mico, mesmo quando o enredo * trágico. 6uando Jeetho"en, em 1EM, recebeu em -iena a "isita de 9ossini, ediu2lhe que escre"esse mais &arbieres e mais outros &arbieres# ois ara a óera s*ria, seu talento n)o restaQ. A segunda metade do s*culo ++ assinou essa oini)o se"era. 3as hoe se come(a a ensar de maneira di&erente. 6uando "ancredi , esquecido durante um s*culo, &oi reresentado em loren(a, em 1?>M, a cr!tica italiana "eri&icou, com surresa, que ainda há nessa obra algo da nobre%a clássica do s*culo +-# tese que &ica sueita a discuss)o. Hurante mais de um s*culo n)o se comreendeu o que os contemor8neos admira"am t)o &anaticamente na 5reghiera =Dal tuo stellato soglioD, que * a grande ária de Mos in Egitto# hoe, deois da rerise dessa óera e m /áoles, em 1?>B, sentimos melhor, embora sem entusiasmo e'agerado, o "alor dessa tentati"a de translantar ara o alco certos elementos de oratório b!blico. Assim com em /a Donna del /ago =1E1?D 9ossini &e% uma rimeira e t!mida tentati"a de translantar ara o alco da óera o romantismo de Kalter :cott. 9esta Guillaume "ell =1EM?D a rimeira grande óera de enredo histórico ou seudo2histórico, anteciando diretamente, 7 dist8ncia de oucos anos, a grande óeraQ de 3eSerbeer e Ral*"S. 3ais uma "e%, a !ice de r1sistance * a brilhante abertura, o eda(o mais s*rio de música que 9ossini escre"eu. 3as as reresenta($es da óera inteira, embora hoe em dia á menos &req5entes, ainda ermitem "eri&icar a resen(a dos mesmo "alores em "ários outros trechos. Rá em Guillaume "ell um soro de ar no"o, com de !lein air das montanhas su!(as na *oca da 9estaura()o, algo que anuncia a regenera()o social e moral do (isorgimento, elo qual a humilhada +talia !iccola se tonará a +talia liberta. Contudo, 9ossini n)o &oi artista bastante s*rio ara continuar nesse caminho. Calou2se. :eu Stabat Mater , de 1EGM, que ainda se canta, embora raramente, na nglaterra, * uma obra &r!"ola, de mero bel canto. 6uem lembra os raros momentos s*rios de 9ossini * -incen%o J0LL/ =1E@1 1EG>D1, que n)o ode ser considerado seu ri"al# sua arte antes * um ólo oosto ou um onto muito di"erso dentro da no"a óera italianaQ. 6uatro óeras de Jellini sobre"i"em, embora seam reresentadas com &req5Incia di&erente. ;á "oltam raramente ao alco + 1
A. Amore, ,incen4o &ellini , M "ols., Cat8nia, 1E?M1E?. . Pi%%etti, /a Musica di ,incen4o &ellini , 3il)o, 1?1B. A. raccaroli, &ellini , 3il)o, 1?M.
Montecchi e i Ca!uleti =1EG@D e + 5uritani =1EG>D# algumas árias, elo menos, ertencem ao reertório dos cantores de concerto. /a tália ainda gostam muito de Sonnambula =1EG1D. 3as a obra2rima de Jellini, com lugar garantido no reertório, * :orma =1EG1D# sobre"i"e nela algo da se"era grande%a romana de :ontini# há nela algo do mesmo atriotismo liberalQ, como no Guillaume "ell , de 9ossini# e * a óera italiana mais ricamente melódica antes de -erdi. A di&eren(a *, or*m, grande em "e% dos grandes e&eitos dramáticos, redomina em :orma o lirismo mais uro e algo simles. Jellini, aesar de ter estudado música, arece ignorar os elementos da ro&iss)o musical. :eu acomanhamento orquestral * de um simlismo desconcertante. /)o e'iste, ara ele, a harmonia. tudo se redu% 7 melodia cantada. N o comositor mais monódico de todos os temos. 3as sua melodia, que arece surgir esontaneamente das ala"ras, * de rara nobre%a. te"e in&luIncia decisi"a em Choin# e isto *, ao lado de :orma, o maior t!tulo de glória de Jellini, que morreu cedo, tal"e% antes de ter dado o que oderia dar. 9i"al e sucessor de 9ossini &oi D n)o * só oortunidade ara uma cantora brilhar, como se costuma ensar# tem realmente grandes momentos dramáticos. Tamb*m a esquecida 'nna &olena =1EG1D &oi em 1?>B re"i"i&icada com sucesso nos 0stados Unidos e, deois, em 3il)o. Contudo, Honi%etti * melhor nas suas e'celentes óeras2c4micas, /0Elisire d0amore =1EGMD e Don 5asquale =1EGD, antecia($es da grande oereta de O&&enbach. A O 5 ( ' C O M + Q 8 E Uma das alegres guerrasQ de teatro na Paris do s*culo +- &oi aquela entre os buffonistes, admiradores da o!era buffa italiana, e os antibuffonistes, em torno da Serva !adrona de Pergolese. A tradu()o do libreto e a adata()o or Jauron decidiu, em 1F>, a guerra a &a"or da Servante maPtresse. :)o estas as origens italianas da o!1ra comique, gInero t)o tiicamente arisiense. nter"eio, deois, o sentimentalismo r*2rom8ntico, de modo que á mal se nota a origem ergolesiana do teatro de Andr* 0rnest 3odeste <9NT9] =1FM1E1GD M, belga de nascimento e arisiense or ado()o. oi o músico da moda nos temos da rainha 3aria Antonieta e de /aole)o# a gente canta"a suas melodias nos sal$es e na rua.
<. Honati Petteni, Gaetano Doni4etti , Milo, 1?G@. R. Keinstoc, Doni4etti and the >orld of O!era, Londres, 1?B. M 0. Closson, 'ndr1 Ernest Modest Gr1tr% , Paris, 1?M@. ;. JruSt, Gr1tr% , Paris, 1?G. :. Clec', Gr1tr% , Jru'elas, 1?.
A 7!era comique * o gInero musical rório do rimeiro romantismo &rancIs# ou antes, daquilo que os habitu1s e os cr!ticos dos teatros arisienses de 1EM@ imagina"am ser o romantismo. O n!"el da cultura musical, na ran(a da 9estaura()o e da 3onarquia de ;ulho, era bai'o. At* :tendhal, aesar de sua &ina sensibilidade musical, en"ol"eu2se em con&us$es delorá"eis entre Cimarosa, 3o%art e 9ossini. /)o se admitia outra música sen)o a de teatro. Jal%ac acha"a 9ossini suerior a Jeetho"en e 3eSerbeer suerior a 3o%art. 1EGD, bonhomme e imro"isador de melodias bonitas. /a dame blanche =1EM>D * quase uma obra2rima dentro dos limites estreitos do gInero da o!1ra comique, e sobre"i"e at* hoe. Tamb*m há coisas graciosas e engra(adas em /e Calife de &agdad =1E@@D e /e !etit cha!eron rouge =1E1BD. A &ama de Joildieu &oi internacional em seu temo. 0.T.A. Ro&&mann e at* 3endelssohn e :choenhauer o admira"am. 3as &alar em 3o%art &rancIsQ * e'agero burlesco. `... A P 0 9 A 9 O 3 [ / T C A A L 0 3 K 0J09 At* o &im do s*culo +-, a música &oi arte cosmoolita, ara a qual contribu!ram quase e'clusi"amente trIs na($es os italianos, os alem)es e os &ranceses. O romantismo quebrou esse bom entendimento euroeu. niciaram2se as dissen($es nacionais. A cometi()o ac!&ica trans&orma2se em ri"alidade aai'onada, 7s "e%es "enenosa. Os alem)es, que á tinham conquistado a hegemonia no setor da música instrumental, n)o suortam mais o redom!nio dos italianos em seus teatros de óera. Os comositores alem)es reeitam, indignados, os libretos em l!ngua italiana, que 3o%art ainda re&erira. Procuram criar uma arte eseci&icamente alem) no alco de óera. 0ntusiasmaram2se elo &olclore, elas lendas e suersti($es oulares, ela dade 3*dia. 0is o mundo teatral de Keber. Carl 3aria "on K0J09 =1FEB1EMBD 1 n)o arecia destinado ara esse ael. ilho de um aristocrata deca!do a emresário teatral e ogador ro&issional, le"ou na mocidade a "ida dissoluta de um a"entureiro do s*culo +-. 3as recebeu sólida educa()o musical. As guerras contra /aole)o, em 1E1G, con"erteram2no ao nacionalismo alem)o. Como diretor da óera em Hresden conseguiu e'ulsar os italianos. :ó durante ouco temo go%ou a glória internacional das suas óeras. 3orreu cedo, tuberculoso. oi, or !ndole, aristocrata que V assim como tantos outros de sua classe &i%eram no s*culo +- V se cur"ou ara tomar contato com o o"o. O romantismo indicou2lhe o caminho ara tanto. Primeiro, &oi r*2rom8ntico sentimental, em lieds anteriores 7 cria()o do "erdadeiro gInero or :chubert, hoe esquecidos. :uerou o sentimentalismo r*2rom8ntico, em lieds anteriores 7 cria()o do "erdadeiro gInero or :chubert, hoe esquecidos. :uerou o sentimentalismo r*2rom8ntico elo 1lan heróico do atriotismo alem)o, antinaole4nico, ara o qual contribuiu com coros b*licos. Algo daquele 1lan tamb*m insira o $on4ertstueck em &á menor =1EM1D, brilhante e(a ara iano e orquestra, que ainda ertence &irmemente ao reertório ian!stico. A 'ufforderung 4um 1
R. K. Kaltershause, Der 2reischuet4. Ein ,ersuch ueber die Musikalische (omantik , Lei%ig, 1?M@. A. CoeuroS, >eber , Paris, 1?M>. ;. Wa, >eber , Jerlim, 1?G1. 0. Wroll, Carl Maria von >eber , Potsdam, 1?G. R. ;. 3oser, >eber , Wassel, 1?1 =M a. ed., 1?>>D.
"an4 =Convite DanJa, 1E1?D á * uma obra bem nacional ois a "alsa, que ent)o se tornou moda, assa"a or dan(a tiicamente alem). A melodia * t)o habilmente in"entada que arece can()o oular# e "oltou a ser can()o oular. Keber &oi comositor muito "ersátil. 0scre"eu uma Missa em mi bemol maior , de boa subst8ncia musical# e muita música instrumental de "alor ermanente uma das Sonatas !ara !iano em r1 menor , o belo Quinteto !ara clarinete e cordas em si bemol maior , o brilhante Concerto !ara clarinete e orquestra em si beml maior , O!.XR sobre"i"em. Como 3endelssohn, insu&lou es!rito rom8ntico 7s &ormas do classicismo "ienense. :ó no teatro n)o te"e sorte durante muito temo a &orma da óera, comosta de recitati"os, árias e coros arecia resistir 7 tentati"a de usá2la ara roagar o romantismo. :ó conseguiu isso no 2reischuet4 =1EM1D, que * uma óera de tio italiano, com árias, duetos, etc.# mas o enredo e as melodia s)o incon&undi"elmente alem)es * a descoberta da nature%a, da misteriosa &loresta noturna, da "ida alegre e erigosa doos ca(adores, das suersti($es oulares, do sentimentalismo do lar alem)o. O sucesso &oi &ulminante. A abertura assou a ser tocada elos realeos. O coro &inal canta"a2se nas ruas. A óera, que * at* hoe a mais reresentada na Alemanha, conquistou o mundo inteiro, de Londres e Petesburgo, e at* os alcos de Paris e /o"a orque. 3as Keber, artista consciente, n)o aro"eitou o sucesso ara reeti2lo com enredo semelhante. 0m Eur%anthe =1EMGD rocurou o rom8ntico mundo medie"al# e &e% uma tentati"a de abolir a seara()o r!gida dos númerosQ =árias, duetos, coros, etc.D, escre"endo cenas musicalemente ininterrutas. A obra cua sobre"i"Incia &oi reudicada elo libreto con&uso, * uma antecia()o de /ohengrin e do drama musical ^agneriano. 3ais um asso ara o terreno no"o &oi Oberon =1EMBD, com seus sons in*ditos, ecos do Oriente &antástico e do a!s das &adas. oi sua última obra, antes de o consumir a doen(a &atal. `... Arte t)o original e consumada at* a er&ei()o n)o odia ser imitada. 3as n)o con"*m con&undir com os muitos ^eberianos med!ocres e &racassados o sólido Reinrich 3A9:CR/09 =1F?>1EB1D. :ua óera &antástica Der ,am!ir =1EMED tem considerá"el &alor musical# &oi desenterrada e arranadaQ ara o alco moderno, em nosso temo, or P&it%ner, o último rom8ntico alem)oQ. He imort8ncia histórica * outra óera de 3arschner )ans )eiling =1EGGD# ois te"e in&luIncia notá"el no libreto e na música do 2liegender )ollaender =:avio 2antasmaD de Kagner, que será o herdeiro da óera rom8ntica alem). O : P 9 3 0 9 O : / A C O / A L :T A: C R O P / Com a conquista do alco da óera, a música alem), que á disusera do quase monoólio da música instrumental, tinha a hegemonia musical na 0uroa. Aesar da glória internacional de 9ossini, nenhuma outra na()o tinha o que oor aos RaSdn, 3o%art, Jeetho"en, :chubert, 3endelssohn e Keber. 3as essa hegemonia á continha, em si rória, o germe da sua destrui()o. Pois &ora conquistada, contra os italianos, elo &orte destaque das qualidades tiicamente alem)s da música alem). 0 outras na($es n)o tardaram em oor 7 redomin8ncia dos alem)es suas rórias articularidades nacionais, ser"indo2se ara tanto do mesmo recurso o romantismo como meio ara encontrar e descobrir a alma oular. Hesde que no s*culo +- os &lamengos, os esanhóis e os ingleses tinham dei'ado de &a%er contribui($es rórias ara a música euro*ia, esta &ora quase e'clusi"amente obra dos italianos, alem)es e &ranceses. /o come(o do s*culo ++, com o romantismo,
no"os cometidores aarecem os escandina"os, os russos, os húngaros, os oloneses. N a rimeira onda de nacionalismo musical ercorrendo a 0uroa. Keber tinha dado o e'emlo. Cada na()o retende, ent)o, ossuir seu rório Keber# algumas tamb*m &a%em quest)o de ter um 3endelssohn. Assim os dinamarqueses, cuo rimeiro grande comositor instrumental * /iels FD 1# &oi roriamente a música de Keber que lhe abriu os olhos, libertando2o, elo menos em arte, do italianismo dos seus come(os. :uas óeras ' ,ida !elo C4ar =1EG>D e (uslan e /udmila =1EMD, com seus enredos nacionais, suas dan(as e coros oulares, s)o o órtico da história da música russa. 0 n)o &oi uma russi&ica()oQ suer&icial. D, &ruto de uma "iagem ara a en!nsula ib*rica, descobriu o modoQ esanhol# e na e(a sin&4nica $amarinska6a =1EED descobriu o modoQ olonIs. :eus atr!cios n)o se contentam com considerá2lo como o Keber de sua átria. Tchaio"sS chamou2o de 3o%art russo ou melhor, RaSdn russoQ. 6uanto 7 osi()o histórica dentro da música russa, a comara()o a RaSdn ode estar certa# quanto 7 "alori%a()o que a comara()o encerra, * reciso dei'ar aos russos a resonsabilidade. /a Rungria &undou ran% 09W0L =1E1@1E?GD a óera nacional, de base &olclórica )un%;d% /;s4l7 =1ED e &ankb;n =1EB1D. O tio &ormal dessas óeras ainda *, como em Keber, o italiano. -ale a mesma obser"a()o ara o Keber da Pol4nia, :tanisla^ 3O/U:\WO =1E1?1EFMDM, autor da óera )alka =1EFD. N natural que essas na($es mantenham no reertória obras que s)o rel!quias do assado musical nacional. 3as * igualmente comreens!"el que essas óeras n)o encontrem resson8ncia em outros a!ses, onde continuam mal conhecidas. Pode2se, em geral, a&irmar, que nenhum comositor dessa rimeira onda rom8ntico2nacionalista conquistou a 0uroa nem
3. H. Cal"ocoressi, Glinka, Paris, 1?1G. J. Hobrohoto" e outros, Mikhael +vanovitch Glinka, 3oscou, 1?>E. M K. 9ud%insi, Monius4ko, -arsó"ia, 1?BM.
Choin. `... r*d*ric CROP/ =1E1@1E?D1 nasceu em \ela%o^a2Kola, erto de -arsó"ia, &ilho de um &rancIs natural de /ancS, e d e m)e olonesa. :ua "ida * um romance melancólico. 3enino rod!gio no iano, resol"eu ir ara a 0uroa ocidental, ara aer&ei(oar2se# saiu de -arsó"ia em 1EG@, ouco antes de rebentar a re"olu()o aristocrático2liberal cuo &racasso &ortalecerá o dom!nio do c%ar russo na Pol4nia, inundando a 0uroa de re&ugiados e emigrantes oloneses. :aindo antes, Choin n)o chegou, ortanto, a articiar do le"ante atriótico# a Pol4nia, ara a qual n)o "oltou em "ida, n)o será ara ele um !dolo de ai')o ol!tica, mas uma recorda()o nostálgica romantismo moderadamente nacionalista. O o"em ianista te"e os rimeiros sucessos em -iena. i'ou2se em Paris, onde a sociedade aristocrática e os c!rculos intelectuais lhe abriram largamente as ortas. Perante essa audiIncia seleta costuma"a tocar# nunca &oi "irtuose das grandes salas de concerto, ara úblico an4nimo. Heois as rela($es com a grande escritora
;. Runeer, Cho!in the Man and his Music , Londres, 1?@@. R. Leichtentritt, Cho!in, Jerlim, 1?@>. A. Keissmann, Cho!in, Ma. ed., Jerlim, 1?MG. R. Kindae^ic%e^a, Os 5rot7ti!os da Melodia Cho!iniana na Msica 5o!ular 5olonesa. Cracó"ia, 1?MB =em l!ngua olonesaD. <. de Pourtals, 2r1d1ric Cho!in, Paris, 1?MF. 0. ;achimeci, 2r1d1ric Cho!in, Cracó"ia, 1?MF. Tradu()o &rancesa, Paris, 1?G@. P. 0gert, Cho!in, Potsdam, 1?GB. <. Abraham, Cho!in0s Musical St%le, O'&ord, 1?G?. C. KieraSnsi, "he /ife and Death of Cho!in, /o"a orque, 1??. ;. 3.
música dele lhe arecia democráticaQ e barulhentaQ demais. 3as ama"a o aristocrático 3o%art. 0 seu )o de todos os diasQ &oi o Cravo &em "em!erado de Jach, os relúdios e &ugas que s)o anteriores 7 sonata2&orma, mas tIm muita &ormaQ. Choin * mais clássico do que se ensa, embora n)o no sentido do classicismo "ienense. 0 a re&erIncia elas melodias de Jellini &ortalece a imress)o de um gInio menos esla"o2 nórdico do que latino2mediterr8neo. Jach23o%art2Jellini# e ield# e o romantismo &rancIs# e, sobretudo, Oginsi e a Pol4nia no entanto, Choin n)o * ecl*tico. :ua arte * altamente essoal. A ersonalidade art!stica desse homem &raco e tuberculoso era t)o &orte que tudo em que tocou se tornou incon&undi"elmente seu. O encanto essoal da sua arte enobrece os brilhantismos "irtuos!sticos. Os ornamentos e arabescos que nas obras de outros só ser"em ara e'ibi()o das artes dos dedos, em Choin tornam2se essenciais, indisensá"eis e como animados. Choin criou um no"o estilo ian!stico. As &ormas clássicasQ, a sonata, o concerto, n)o se resta"am bem ara ser"ir 7 mani&esta()o desse seu estilo. 0 com elas, o comositor te"e menos sorte. Os Concertos !ara !iano e orquestra em mi menor =1EG@D e em f; menor =1EM?D tIm lugar ermanente no reertório, ela bele%a encantadora das melodias =sobretudo do Concerto em mi menor , &ortemente esla"oD e elo brilho "irtuos!stico que os torna indisensá"eis aos ianistas# mas ningu*m os comararia aos grandes concertos de 3o%art e Jeetho"en. Tamb*m a Sonata em si bemol menor =1EG?D, com a &amos!ssima marcha &únebre como mo"imento lento, * menos uma sonata em sentido beetho"eniano do que uma cole()o de trechos gloriosos. A 2antasia em f; menor o!. LN =1EMD á &oi chamada, elo entusiasta americano Runeer, de a maior obra ian!stica deois de Jeetho"enQ# e a rique%a musical da obra * realmente esantosa# mas a a nálise &ormal imlacá"el tem demonstrado, mesmo nessa &orma li"re da &antasia, certas incoerIncias e &endasQ. O "erdadeiro reino de Choin s)o as curtas e(as o*ticas. `... ragmentos isolados desse uni"erso ian!stico de Choin s)o os 5r1ludes O!.KU =1EG?D, e'ress$es de um essimismo desolado, esbo(os de id*ias que o desesero ou o cansa(o n)o ermitiram reali%ar. oi a rimeira "e% que um comositor o&ereceu, assim, ao úblico, uma "ista ara o seu &oro !ntimo. A música conquistara mais um terreno da oesia l!rica. Algumas oucas obras de Choin le"am aelidos, dados or admiradores ou elos editores. 3as em geral n)o tIm, como as de :chumann e HebussS, t!tulos o*ticos. :)o música absoluta que aenas insinua estados de alma l!ricos, algo arecidos com os que rodu% a leitura da oesia de :helleS. N arte ara gente emocionalmente madura. 3as acontece que as obras de Choin s)o colocadas, cedo, nas m)os de adolescentes ara &ins didáticos ou ara e'ibi()o em concertos de alunos. N claro que a mocidade n)o * caa% de entendI2las bem# aos no"os a maturidade emocional do comositor a&igura2se en"elhecimento antes do temo doen(a e decadIncia. d*ia errada ara a qual contribuem as biogra&ias romanceadas. Rá um gr)o de "erdade nesse e rro. Um conterr8neo do mestre, o grande escritor olonIs PrSbSs%e^sS, conhecedor da sicologia moderna, &alou a roósito de Choin em sicologia da alma hist*ricaQ# em anemiaQ e ele transarente da m)o, dei'ando "er as "eia s mais &inasQ# em ner"osismo dos requintados que morrem cedoQ# em sensibilidade atologicamente irritadaQ# em angústias de agoniaQ. O decadentismo de Choin * um &ato sico&isiológico. 3as n)o * um argumento contra sua a rte. O romantismo de Choin &oi e'agerado# mas n)o con"*m negar o caráter &eminino da sua sensibilidade art!stica. 0rrado * o conceito da música choiniana como música de sal)oQ da alta sociedade#
mas * "erdade que só aquele alta sociedade &oi, ent)o, caa% de areciar a ga%a scien4a desse troubadour do ianoQ. 0n&im, todo o esnobismo em torno de Choin e a imensa oularidade de certas obras suas entre os musicalmente menos educados n)o tIm nada que "er com os "alores em causa. 0stamos diante do &ato estranho, tal"e% único, do entusiasmo oular or uma arte altamente esot*rica. < 9 A / H 0 P 0 9 A Q 0 < 9 A / H 0 O P 0 9 0 T A Paris *, entre 1EG@ e 1EF@, a caital da burguesia euro*ia. Enrichisse4-vous, messieurs, * o lema da 3onarquia de ;ulho, do 6uste milieu# a ditadura de /aole)o acrescentará o &austo de uma corte imerial, &req5entada or brasseurs d0affaires e negocistas. 0ssa classe n)o conhece a arte sen)o como di"ertimento e ostenta()o. A única es*cie de música que admite * a óera, 7 qual todas as outras artes &icam subordinadas. A grande óeraQ1, de 3eSerbeer, Ral*"S e outros, * um Gesamtkunst=erk =obra de arte totalQD e'atamente no sentido em que o maior inimigo do gInero arisiense, Kagner, de&inirá sua rória arte a colabora()o dos músicos, dos cantores e atores, dos bailarinos e bailarinas e dos cenógra&os com o diretor de cena a cuo ser"i(o est)o. 0ssa id*ia de Kagner * eseci&icamente rom8ntica no in!cio do s*culo ++, a est*tica rom8ntica á reconi%ara a con&us)o intencional e colabora()o de todas as artes# um 0.T.A. Ro&&man antecia, teoricamente, as e'igIncias de Kagner. A grande óeraQ &rancesa tamb*m * arte rom8ntica. Pois na caital cosmoolita na qual con&lu!ram todas as tendIncias ol!ticas, sociais e esirituais da *oca, n)o odia &altar o romantismo. 3as * um romantismo &alsi&icado, que n)o acredita em esectros nem na dade 3*dia nem na rória história e'lora2os aenas como decora()o de teatro. Pre&ere enredos históricos orque &ornecem oortunidade ara aresentar no alco bacanais romanas, rociss$es católicas, coroa($es de reis e tumultos oulares. A subst8ncia musical &ica redu%ida a uma grande cena de amor =duetoD, uma ora()o na hora do erigo, uma ária de brinde e muito barulho da orquestra. O e&eito * controlado elo homem da bilheteria. Os &undamentos da grande óeraQ, lan(ara2os :ontini. Os rimeiros e'emlos, ainda modestos, do gInero, s)o, em 1EME, a Muette de 5ortici , de Auber e, em 1EM?, Guillaume "ell , de 9ossini. 0n&im, "eio 3eSerbeer.
K. L. Crosten, 2rench Grand O!era, /o"a orque, 1?E. R. Abert, Me%erbeer , Lei%ig, 1?1E. . Hauriac, Me%erbeer , Ma. ed., Paris, 1?G@. ;. Wa, Me%erbeer , Ma. ed., :tuttgart, 1?GM. M
ara obter o má'imo e&eito teatral. N certo que todo dramaturgo, todo comositor de óeras retende conseguir e&eitos de cena# * leg!timo. 3as 3eSerbeer sacri&icou 7 e'igIncia do e&eito as da rória arte musical que ele, músico de grande talento e bem2 &ormado, conhecia er&eitamente. /)o acredita"a em nada sen)o nas almas do úblico, que signi&ica"am "itórias de bilheteria. Tamb*m sua &amosa meticulosidade na elabora()o das obras e na mise-en-scne só ser"iram ara aquele &im garantir o sucesso. 0ste &oi, a&inal, resultado de uma colabora()o, de um coleti"oQ, como se diria hoe o rório 3eSerbeer# seu libretista, o "ersátil :cribe# -*ron, o diretor da óera, grande industrial e comerciante do ramo teatroQ, que á &oi de&inido como ersonagem de romance de Jal%acQ# o &amoso Auguste, o che&e da claqueQ. O sucesso imenso e internacional dessa emresa n)o odia dei'ar de ro"ocar a rea()o irritada de todos os que ser"iam 7 arte s*ria. 3endelssohn &icou &rio. Jerlio% hostili%ou o oerista. :chumann combateu2o &rancamente. Kagner acrescentou aos argumentos dos outros o anti2semitismo e "i"eu bastante ara "er ainda a ráida decadIncia da glória de 3eSerbeer, que * hoe uma celebridade morta. (obert le Diable, adata()o dos frissons do 2reischuet4 a uma lenda medie"al arti&icialmente in"entada, * coisa in"oluntariamente burlesca# se ainda &osse oss!"el aresentar hoe essa obra, que entusiasma"a e sacudia ro&undamente nossos a"ós, ela ro"ocaria gargalhadas. /e 5ro!hte e /0'fricaine &icaram no reertório at* or "olta de 1?1@ ou 1?M@# hoe, ningu*m á ensa neles. 0n&im, /es )uguenots, a obra2rima, tamb*m desaareceu. /)o &oi Kagner quem matou essas obras# &oi o temo. 3as esse &ato incontestá"el manda areciar 3eSerbeer como &en4meno histórico# e ent)o, sua imort8ncia re"ela2se bastante grande, sobretudo quanto aos rogressos que reali%ou na orquestra()o e na encena()o# rogressos de que o rório Kagner se ser"iu generosamente. Rá ossibilidade de ressurrei()o (obert le Diable certamente n)o "oltará nunca mais. /e 5ro!hte te"e uma rerise isolada em \urique. Ha 'fricaine sobre"i"em certas árias, de nobre linha melódica, no reertório dos cantores e cantores de concerto# as reresenta($es em Aq5isgrano e 3unique =1?BMD &oram bem recebidas. 3as, antes de tudo, ode2se de&ender /es )uguenots, obra em que há cenas de notá"el "alor musical, esecialmente no quarto ato. /o :cala de 3il)o, em 1?BM, e em Ramburgo a "elha óera te"e sucesso retumbante que á &oi interretado como come(o de uma renascen(a de 3eSerbeerQ. 0ntre os ri"ais de 3eSerbeer encontraremos o rório Kagner, mas só &oi no in!cio, quando escre"eu (ien4i . O outro nome c*lebre do gInero * ;acques2romental20lie RALN-] =1F??1EBMD /a 3uive =1EG>D mante"e2se or mais temo no reertório que as obras de 3eSerbeer# tem certas qualidades musicais e maiores de&eitos dramatúrgicos# tamb*m * hoe mera recorda()o dos habitu1s da óera. A aródia alegre da grande óeraQ arisiense * a oereta arisience de ;acques O0/JACR =1E1?1EE@D1. ilho de um rabino ou cantor da sinagoga de Col4nia, le"ou ara Paris as recorda($es do &amoso carna"al da sua cidade natal. Como comositor do Teatro das olies2Jergres dominou a "ida musical mundana e demi-mondaine da caital de /aole)o . Heois de 1EF@, em ambiente radicalmente di&erente "i"eu em solid)o dolorosa, trabalhando na sua obra s*riaQ, na óera Contes d0)offman, cua reresenta()o n)o chegou a "er. `... Ho gInio singular de O&&enbach n)o sobre"i"eu nada na oereta arisiense de temos 1
P. Jeer, 3acques Offenbach, Jerlim, 1?@?. A Renseler, 3acques Offenbach, Jerlim, 1?G@. :. Wracauer, 3acques Offenbach und das 5aris seiner 9eit , Amsterd), 1?E.
osteriores. 3uito menos ainda na oereta "ienense, que * gInero di&erente, sem inten()o sat!rica, sem es!rito de aródia# seu absurdo * incontestá"el, mas n)o * di"ino. :)o equenas obras bem2humoradas, com uma dose de sentimentalismo. A "ariedade r!tmica * singularmente redu%ida só há uma "alsa, e um ouco, a olca. Autor de inúmeras "alsas mundialmente &amosas &oi ;ohann :T9AU::, &ilho =1EM>1E??D 1, descendente de uma dinastia de "alsistas. 0 cole($es de "alsas bem2trabalhadas, com algumas boas árias no meio, s)o suas oeretas, das quais Die 2ledermaus =O Morcego, 1EFD * a mais conhecida. :)o, aliás, elaboradas com muita ciIncia musical e bom gosto# basta di%er que o se"ero Jrahms admira"a o rei da "alsaQ. 3as n)o con"*m &alar dos sucessores, nem dos :u* e 3illoecer nem, deois, dos Lehar, Osar :trauss, 0Ssler etc. Assim como há li"ros que est)o hors de la litt1rature, assim essa indústria de oeretas "ienenses está hors de la musique. A L T O 9 O 3 A / T : 3 O 9 A / C p : J 0 9 L O \ O ambiente arisiense, em 1EG@ e 1EF@, &oi q uase hostil 7 música s*ria M. Literatos e cr!ticos re"elaram ignor8ncia esantosa do assunto. Com e'ce()o dos c!rculos limitados que &req5entaram os concertos Rabenec, n)o se admitiu outra música sen)o a dramática, a óera# e mesmo na óera, o úblico e os cr!ticos eram sens!"eis 7 menor inter"en()o do elemento sin&4nico at* um @. 1 M
e'ecu()o =30ai fra!!1 beaucou! de tombes...D. A e'ecu()o da obra sin&4nica (om1o et 3uliette &oi um sucesso de estima# só rendeu 1.1@@ &rancos. 0m 1EB, o &racasso comleto do concerto em que &oi e'ecutada /a damnation de 2aust , acabou com a carreira musical de Jerlio% em Paris. Hesde ent)o, dedicou2se 7 "ida de regente "iaante de orquestra no estrangeiro, na Alemanha e na 9ússia, semre acomanhado ela amante, a cantora med!ocre 3arie 9ecio que lhe amargurou a "ida. /)o conseguia &a%er reresentar a grande óera /es "ro%ens. Lis%t audara2o bastante# mas os sucessos de Kagner &i%eram emalidecer a estrela de Jerlio%. 3orreu na mis*ria de semre, abandonado. Jerlio% só escre"eu música quando estimulado or i mress$es literárias# ele mesmo &oi grande escritor, um dos maiores cr!ticos musicais de todos os temos e esirituoso cronista e memorialista. 3as seria reciitado concluir que ti"esse sido mais literato que comositor. Organi%ou suas obras sin&4nicas como ilustra($es musicais de enredos literários =música de rogramaQD# mas n)o dei'aram, or isso, de ter "alor como música absoluta. A S%m!honie 2antastique =1EG@D, romance musical alta e &antasticamente rom8ntico, tem os de&eitos, mas tamb*m a energia e &rescura u"enil d e uma obra de mocidade. N desigual só o mo"imento lento, a Cena nos Cam!os, satis&a% a todas as e'igIncias# a Marcha ao 5atBbulo, que á &oi muito censurada como atentado ao bom gosto, * uma combina()o, única na literatura musical, do realismo mais crasso e de atmos&era de sonho, de esadelo. A sin&onia )arold in +talie =1EGD, insirada elas recorda($es da "iagem na tália, assa or ser sua obra melhor equilibrada# mas * mais itoresca que o*tica. (om1o et 3uliette =1EG?D, grande sin&onia de rograma com coros, * muito desigual o scher4o (eine Mab e a cena de amor s)o altamente o*ticos# outros trechos s)o desagrada"elmente oer!sticos. A obra2rima de Jerlio% * a cantata cInica /a damnation de 2aust =1EBD, destinada ara a sala de concertos, mas que tamb*m ode ser reresentada no alco. /)o se de"e ensar no 2aust de
0ssa teatralidadeQ erturbou seriamente as tentati"as desse homem c*tico e ro&undamente arreligioso de escre"er música sacra. O (1quiem =1EGFD * uma sin&onia &únebre que abala os ner"os dos ou"intes elo barulho aocal!tico de duas orquestras enormes e quatro coros# nasceu dessa obra a &ama de Jerlio% de escre"er ara >@@ e'ecutantes. Reine &alou, a roósito do (1quiem, em monstros antedilu"ianosQ e ru!nas colossais de im*rios esquecidosQ. A obra *, com todos os seus de&eitos, o onto mais alto do romantismo musical &rancIs, que semre &oi grotescamente &antástico e brutalmente real!stico ao mesmo temo# ensa2se nos romances de -ictor Rugo. `... Jerlio% &oi homem de muitas id*ias. :ua caacidade de in"en()o melódica * admirá"el. 3as * mais admirá"el o aro"eitamento dessas id*ias musicais na instrumenta()o. 0ntre todos os comositores, grandes ou notá"eis, de todos os temos &oi Jerlio% o único que n)o domina"a o iano nem o "iolino nem qualquer outro instrumento. :eu instrumento &oi a orquestra inteira. 9eno"ou ou antes re"olucionou a arte e a t*cnica da instrumenta()o. A Marcha ao 5atBbulo na S%m!honie 2antastique, a rociss)o dos eregrinos em )arold en +talie, o scher4o (eine Mab e a cena noturna de amor em (om1o et 3uliette, o &ailado das SBlfides e o Minueto dos 2ogos-2;tuos na Damnation de 2aust , as cenas da ca(a e da temestade em /es "ro%ens Carthage s)o e(as magistrais de um dono soberano da orquestra. A esse reseito, Lis%t, Kagner, 9ichard :trauss e 9imsS2Worsao" s)o seus disc!ulos. Jerlio% &oi um dos comositores que e'erceram, em todo o s*culo ++, a mais "asta in&luIncia. 3as &icou isolado. 0sse grande indi "idualista n)o te"e alunos nem disc!ulos. A L T O 9 O 3 A / T : 3 O A L 0 3 O : C R U 3 A / / 9obert :CRU3A// =1E1@1E>BD1 colocá2lo ao lado de Jerlio% n)o * um e'erc!cio historiográ&ico. Personalidades e artistas dos menos arecidos tIm, no entanto, muitos ontos de contato. :chumann tamb*m &oi grande escritor e eminente cr!tico musical. :ua música tamb*m se alimenta"a de est!mulos literários, embora nunca chegasse a &a%er música de rograma. 0ste e aquele &oram homens &antásticos. A loucura, a cua beira Jerlio% gosta"a de mo"imentar2se, como numa ose interessante, tornou2se no caso de :chumann cruel realidade. :)o dois rom8nticos. 3as o romantismo de Jerlio% * &rancIs# * o de Rugo, Lamartine, Helacroi'. O romantismo de :chumann * o de ;ean Paul, 0.T.A. Ro&&man, 0ichendor&&, Reine. :ua arte n)o * só o onto mais alto do romantismo musical na Alemanha# * o resumo e o &im do romantismo alem)o em geral. `... A obra de :chumann * enorme. N di&!cil orientar2se nela. A maior arte das obras escritas deois de 1E> ou 1E>@ V e s)o as mais numerosas V n)o tem muito "alor. 0'umá2las só signi&ica reudicar a memória do comositor. O conhecido Concerto !ara quatro trom!as e orquestra em f; maior =1E?D * &raco. O Concerto !ara violino e orquestra, que dedicara, em 1E>G, ao grande "iolini sta ;oachim, &oi or este cuidadosamente escondido numa ga"etal descendentes incomreensi"os de :chumann ublicaram2no em nosso temo, o que n)o acrescentou nada 7 glória do autor. A insira()o de :chumann está concentrada, rincialmente, nas suas obras de 1
;. K. Kasilie^si, (obert Schumann, a. ed., Lei%ig, 1?@B. R. Abert, (obert Schumann, Jerlim, 1?M@. K. Jasch, Schumann, Ba. ed., :tuttgart, 1?M>. -. Jasch, Schumann, Paris, 1?MB. K. Worte, (obert Schumann, Potsdam, 1?MF. A. CoeuroS, (obert Schumann, Paris, 1?>@. 3. Jrion, (obert Schumann et l0Ame romantique, Paris, 1?>>.
mocidade. Produ%iu eruti"amente dentro de oucos anos, quase todas as suas obras ian!sticas de "alor# dentro de um ano só, os seus melhores lieds. 0m cada &ase re&eriu determinado gInero. 0ntre essas &ases hou"e inter"alos de imroduti"idade, de ro&unda deress)o mental. :chumann * um caso sicoatológico. A rimeira &ase ertenceu ao iano. Carnaval =1EG>D á * uma obra2rima uma s*rie de equenas e(as altamente rom8nticas, de encanto ermanente, baseadas num sonho u"enil de :chumann que ideara uma alian(a de es!ritos o*ticos =os Davidsbuendler D contra os &ilisteus# * a obra de :chumann que o úblico de concertos re&ere, at* hoe, a todas as outras. He insira()o semelhante, os Davidsbuendlertaen4e =DanJas dos Davidsbuendler , 1EGFD e 2aschingssch=ank aus >ien =2arsa Carnavalesca ,ienense, 1EG?D. As outras obras ian!sticas desses anos, todas elas obras2rimas, s)o de "ariedade surreendente. As $inders4enen =Cenas +nfantis, 1EGED n)o s)o obra didática, destinada ao ensino# tIm de ser tocadas, or adultos que, assim como :chumann, conseguem er&eitamente sentir com a alma in&antil# uma dessas cenasQ, a "raumerei =([verieD, * a mais bela melodia que :chumann in"entou. As 5hantasiestuecke =5eJas 2ant;sticas, 1EGFD s)o estudos em e'ress)o musical de situa($es sicológicas# uma das obras mais rom8nticas, no sentido mais alto da ala"ra# esecialmente 'ufsch=ung =ala"ra intradu%!"el que signi&ica a &irme resolu()o deois de momentos de angústiaD * uma melodia ine squec!"el, de energia sombria. Os tudes s%m!honiques =1EGFD, a obra tecnicamente mais di&!cil do comositor e a re&erida dos "irtuoses s*rios, s)o uma s*rie de "aria($es engenhosas que culminam num ubilosos c8ntico de triun&o. As $reislerianas =1EGED, insiradas elo &antástico ersonagem Wreisler, de 0.T.A. Ro&&mann, s)o a obra harmonicamente mais audaciosa do mestre# ainda decInios mais tarde, os anti^agnerianos atribu!ram a essa rodu()o u"enil de :chumann a resonsabilidade ela suosta decadIncia modernistaQ da música alem). 0n&im, a 2antasia em d7 maior =1EGED, de maior "ulto e de insira()o &irmemente mantida# assim teria Jeetho"en escrito se, na mocidade, ti"esse sido rom8ntico. Os t!tulos o*tico2literários que :chumann deu 7 maior arte dessas obras ian!sticas, indu%iram certos cr!ticos no erro de considerar o comositor como literato que or engano se dedicou 7 músicaQ. 3as as mais das "e%es esses t!tulos &oram in"entados elo comositor deois de ele ter escrito as e(as. Aenas o est!mulo de rodu()o &oi de ordem o*tica =assim como aconteceu em HebussSD. :chumann &oi oeta# mas u m oeta que só sabia e odia &a%er oesia em sons musicais. :ua rosa, nos escritos sobre música, antes * desagrada"elmente o*ticaQ, ao asso que a oesia das suas obras ian!sticas semre * ura. Como oeta do iano, :chumann n)o * in&erior a Choin# con&essou2o o rório D, em f; menor =1EG>D, e em sol menor =1EG>D, aesar de serem obras muito belas =esecialmente a segunda, determinada Concert sans orchestreD, n)o s)o sonatas no sentido beetho"eniano da ala"ra# * uma
obser"a()o que tamb*m oderia ser &eita quanto 7s sonatas de : chubert e Choin. Tal"e% n)o sea mesmo oss!"el escre"er "erdadeiras sonatas ara o iano deois de Jeetho"en ter esgotado todas as ossibilidades desse gInero. 3as, antes de tudo, as dú"idas se re&erem 7s sin&onias de :chumann, nas q uais se censuram de&eitos de constru()o e erros grosseiros de orquestra()o. 3as essa cr!ticas n)o est)o certas sen)o em arte# e o ou"inte moderno á n)o alica os crit*rios de um ro&essor de comosi()o de um conser"atório tradicionalista. A Sinfonia n.R em si bemol maior =1E1D, denominada 5rimavera, de encantadora &rescura u"enil# a ictórica Sinfonia n. em mi bemol maior =1E>@D, denominada (enana# e sobretudo a Sinfonia n.L em r1 menor =1E1, re"ista em 1E>1D odem ter "ários de&eitos e s)o, no entanto, magn!&ica música, que ningu*m gostaria de tirar do reertório. `... A glória de :chumann n)o dei'a de crescer, hoe em dia. 3as, em seu temo, sua solid)o &oi quase t)o grande como a de Jerlio%. Os anos de 1EG@ e 1E@ n)o s)o aenas os do id!lio &iedermeier . Tamb*m s)o os anos dos o"ens hegelianosQ, ateus e re"olucionários, dos come(os do ornalismo liberal, da mocidade de 3ar'. A essa gente toda :chumann, o eoeta aol!tico, a&igura"a2se &igura anacr4nica. Por outro lado, os conser"adores da música detestaram2lhe as licen(as estruturais e harm4nicas. 3as ouco deois, Kagner á mani&estará sua hostilidade contra o schumannismoQ atrasado. Tamouco te"e :chumann sorte com seus disc!ulos quase todos eles acabaram no eigonismo mendelssohniano do Conser"atório de Lei%ig. 0n&im, o o"em Jrahms, ao qual o mestre nos seus últimos anos redissera, num artigo entusiasmado, o grande &uturo, &icou &iel durante a "ida toda a Clara :chumann# mas na música en"eredou logo or outro caminho, totalmente di&erente. /o &undo, só hou"e na Alemanha um único schumanniano autIntico Peter CO9/0LU: =1EM1EFD# e este n)o esta"a bem consciente desse &ato. oi um rom8ntico conser"ador, de muita ro&undidade emocional, como re"elam os &rautlieder =CanJYes de :oivaD e os >eihnachtslieder =CanJYes de :atal D. 3as iludiu2se a reseito de si rório. Aderiu ao c!rculo de Lis%t e Kagner. :ua óera2c4mica Der &arbier von &agdad =O &arbeiro de &agd;, 1E>ED * encantadora recorda()o de um id!lio e rdido, do e'otismo ingInuo dos rimeiros rom8nticos# a esada armadura da orquestra()o ^agneriana em que Cornelius encerrou a obra, reudicou2a muito. N raramente reresentada. A abertura ertence, or*m, ao reertório sin&4nico. : 0 < U / H A O / H A H 0 / AC O / AL : 3O L : \ T # O : T C R 0 C O : # O : 9 U : : O : # O : 0:CA/H/A-O: Hireta ou indiretamente, a in&luIncia de :chumann &oi maior no estrangeiro do que na Alemanha. :uas ingInuas "eleidades de e'otismo V lieder escoceses e esanhóis, melodias orientais etc. V insiraram ineserado interesse aos numerosos estudantes estrangeiros de música nos conser"atórios da Alemanha. A modernidadeQ de :chumann arecia ser"ir melhor que o academismo de 3endelssohn ara trans&ormar em música s*riaQ os di"ersos &olclores nacionais que eram as recorda($es mais caras daqueles estudantes húngaros, tchecos, dinamarqueses, noruegueses. 0nquanto n a nglaterra se toca"a incansa"elmente 3endelssohn, na 9ússia estuda"a2se :chumann. 0 * um nacionalismo di&erente. ;á n)o quer contribuir com algo de no"o ara o grande concertoQ da música ocidental. N um nacionalismo agressi"o, tentando reser"ar seus "alores rórios contra a a"assaladora in&luIncia alem).
:eria e'agero atribuir só 7 reercuss)o limitada da música de :chumann essa segunda onda de nacionalismo musical. Outras in&luIncias contribu!ram oderosamente ara o mesmo &im sobretudo a de Lis%t. 0 o nacionalismo húngaro deste último ainda ertence, elos imulsos iniciais, 7 rimeira onda nacionalista, insirada or Keber Lis%t * um cosmoolita ocidental de origens e'óticas, que o&erece ao Ocidente a contribui()o das recorda($es de sua mocidade sem querer im42las. Pois ran% =erenc%D L:\T =1E111EEBD 1 n)o * só húngaro# ou antes, ode2se mesmo du"idar do seu magiarismoQ &undamental. /asceu na Rungria, de anteassados alem)es# nunca chegou a arender bem a l!ngua o&icial de sua átria, ois educou2se longe dela. Como menino rod!gio &oi estudar iano em -iena, onde te"e, em 1EMM, o rimeiro sucesso sensacional. Logo come(ou a carreira de "i rtuose "iaante. 0m Paris ou"iu Paganini# resol"eu conseguir no iano o que aquele &eiticeiro conseguiu no "iolino# e "enceu brilhantemente. Paris &oi o rimeiro lar desse homem inquieto, igualmente á"ido de música, de literatura, de no"as id*ia s &ilosó&icas e religiosas V e de mulheres. Aderiu ao romantismo de Lamartine e Rugo. Tornou2se adeto do catolicismo re"olucionariamente democrático de Lamennais, ent)o á e'comungado elo aa. 0ntrou na seita dos saint2simonistas, entusiasmado elas id*ias de um socialismo religioso. Por sua causa, a condessa 3arie dXAlgoult abandonou o marido, "i"endo com Lis%t em uni)o li"re na :u!(a e na tália# das &ilhas que nasceram dessa uni)o, Cosima terá um grande ael na história da música. 0m 1E searou2se Lis%t da condessa. 9enunciou 7 carreira de ianista, 7 qual de"eu a glória internacional e a &ortuna. i'ou residIncia em Keimar, como diretor musical do teatro e como comanheiro da rincesa Ca roline :aSn2Kittgenstein, sua no"a musa. Come(ou a escre"er suas grandes obras orquestrais e corais. Tornou2se che&e do mo"imento musical neo2alem)oQ =:eu-deutsche Musikbe=egung D e roagandista da música de Kagner. Com generosidade in*dita audou mestres ainda n)o bastante reconhecidos, como Jerlio%, e talentos no"os, como
;. Chanta"oine, /is4t , Paris, 1?1@. 3. Cho, /is4ts S%m!honische >erke, Lei%ig, 1?M. ;. Wa, /is4t , M@a. ed., Jerlim, 1?M. \. erken 2ran4 /is4ts, Jerlim, 1?G1. P. 9aabe, 2ran4 /is4t , M "ols., :tuttgart, 1?G1. R. KesterbS, /is4t and his 5iano >orks, Londres, 1?GB. R. :eaarle, "he Music of /is4t , Londres, 1?>. P. 9ehberg e <. /estler, 2ran4 /is4t sein /eben Schaffen und >erke, \urique, 1?B1.
cidad)o da *oca mais cosmoolita da 0uroa, entre 1E>@ e 1EE@, quando em torno de uma aristocracia culta, internacional, se reuniram as elites literárias e art!sticas de todos os a!ses. `... Rou"e em Lis%t algo de cigano. oi imro"isador de habilidade "ertiginosa. 0ssas artes incr!"eis, aliadas a sólida cultura musical e a um gosto requintado, &i%eram dele o maior ianista de todos os temos, "erdadeiro soberano do instrumento, encanto das elites e !dolo do úblico. 3as or isso mesmo Lis%t n)o quis &icar ianista. Heois de ter reunido as qualidades de Paganini e de Choin =que ent)o só assa"a or "irtuoseD, quis ser grande comositor orquestral como Jerlio%. 3as nem sequer essa grande músicaQ conseguiu matar sua sede esiritual. Procura"a a consola()o na oesia e a a% da alma em no"as religi$es e, en&im, na religi)o antiga. Os est!mulos da sua arte musical &oram literários# os imulsos, &ilosó&icos e religiosos. 0sta"a destinado a &a%er música de rogramaQ. :uas obras sin&4nicas n)o &oram bem recebidas elo úblico. oram reeitadas, como má músicaQ, elos adetos de :chumann e elo rório Jrahms. oram e'altadas elos admiradores do mestre. 0 quase todas elas &oram, deois, esquecidas aesar de "árias tentati"as de ressuscitá2las. At* hoe, as oini$es sobre o "alor ermanente dessa música continuam muito di"ididas. Hescontando alguns oemas sin&4nicos que á odem ser considerados esquecidos ara semre, &icam os seguintes Ce qu0on entend sur la montagne =1E?D, ilustrando um te'to o*tico de -ictor Rugo, * bom oema musical que se sal"a ela &alta de ambi()o maior# /es 5r1ludes =1E>D, insirado or um oema de Lamartine, mas sem rograma roriamente dito *, tal"e% or isso, o melhor oema sin&4nico de Lis%t e ainda ertence ao reertório# Ma44e!a =1E>D &oi muito admirado na *oca orque o rograma o*ticoQ tamb*m se im$e aos ou"idos menos musicais V mas * música de rograma no ior sentido da ala"ra, meramente ilustrati"a# Die )unnenschlacht = ' &atalha nos Cam!os Catalaunos, 1E>BD, insirada or uma tela de Waulbach, ent)o &amoso como intor de quadros históricos, * música de e&eito esetacular e só isso. /essas obras todas, a insira()o literário2o*tica * o único rinc!io da constru()o musical. Hi&erentes s)o as duas sin&onias em que Lis%t emregou, como Jerlio%, o rinc!io de temas que "oltam, trans&ormados, em todos os mo"imentos. N a Sinfonia 2aust =1E>>D, em trIs mo"imentos dedicados a austo, 3e&istó&eles e 3argarida, decididamente a maior obra orquestral de Lis%t e ai nda considerada, or alguns, como autIntica obra2rima. 0 a Sinfonia Dante =1E>BD, com o Magnificat como último mo"imento. Todas essas obras est)o cheias de interessantes id*ias musicais# e, no entanto, s)o irremedia"elmente antiquadas, assim como os quadros históricos de Helaroche, Waulbach e PilotS, assim como as ilustra($es dantescas de Hor*. :)o ro"a do gosto suntuoso e seudo2histórico da *oca dos mó"eis de estiloQ e da imitada arquitetura gótica. `... Lis%t reali%ou2se lenamente só na música ara iano, seu instrumento. Ainda assim * necessário n)o le"ar em conta a maior arte da sua obra ian!stica as &antasias e "aria($es sobre melodias de óeras, as "alsas e outras dan(as de moda, as e(as o*ticas 7 maneira de :chumann. :)o trabalhos do "irtuose ara brilhar como "irtuose# a sobre"i"Incia de muitas dessas obras no reertório * um &ato, mas um &ato menos deseá"el. O "irtuosismo tamb*m domina nos dois Concertos !ara !iano e orquestra em mi bemol maior =1EED e em l; maior =1EED# mas nenhum grande ianista quer
disensá2los# e n)o se lhes negará, sobretudo ao rimeiro =denominado com o tri8nguloQD, s*rias qualidades musicais. Tamb*m s)o mais que meras ro"as de "irtuosismo seus Estudos "1cnicos, que Jusoni e Jartó admira"am# in&eli%mente n)o s)o acess!"eis em reedi()o moderna. A melhor música ian!stica de Lis%t encontra2se nas duas cole($es de e(as o*ticas 'nn1es de !1legrinage =1EG?D, insiradas elas recorda($es da :u!(a e da tália# e )armonies !o1tiques et religieuses =1EED, sugeridas or oesias de Lamartine. Alguns consideram como in&eriores as duas /1gendes =1EBGD, de insira()o religiosa# mas ent)o, n)o sentem a grande nobre%a dessa música. A o bra2rima incontestada * a Sonata !ara !iano em si menor =1E>GD. /)o * uma sonata em sentido beetho"eniano. N uma &antasia rasódica, uni&icada ela resen(a de um tema único, cuas trans&orma($es substituem o desen"ol"imentoQ das sonatas clássicas. 0ssa obra magn!&ica tamb*m tem grande imort8ncia histórica insirará o rinc!io c!clico de C*sar ranc. 3as de"ia desagradar "i"amente ao o"em Jrahms, ent)o ainda amigo e admirador de Lis%t ou"iu a obra e'ecutada elo rório mestre# e adormeceu. oi o in!cio de uma inimi%ade que continuou durante a "ida toda. Lis%t &oi considerado o anti2 JrahmsQ, de con"ic($es musicais diretamente oostas. Com a "itória &inal da música brahmsiana, a maior arte da obra de Lis%t, t)o rica e "ariada, &oi relegada ara o limbo. Hestino inusto de um grande artista e homem de rara nobre%a da alma e do es!rito. Lis%t só * nacionalistaQ numa arte equena e menos imortante da sua obra. /o resto, * homem dos c!rculos aristocráticos e das elites da 0uroa de 1E>@ na "ida, como na arte, um ecl*tico. /)o tem nada com o nacionalismo democrático do s*culo. A Rungria tamb*m se libertou, em 1EBF, or obra da sua aristocracia, que a go"ernará at* 1?1E. Os maiores ad"ersários desse reino dos 3agnatasQ húngaros &oram, dentro do im*rio Austro2Rúngaro, os tchecos, na()o democrática e de &ortes instintos oosicionistas. Os tchecos s)o o"o de e'traordinária musicalidade e d e &olclore musical riqu!ssimo# aquilo que na música nos arece tiicamente esla"oQ, * tcheco. Pois a música olonesa * mais ocidentali%ada# e a música russa adotou muitos elementos orientais. Rá s*culos articiam os tchecos da música do Ocidente, nem semre identi&icados orque a ala"ra boImioQ signi&ica"a, antigamente, tanto os tchecos como os alem)es naturais da JoImia. Hos músicos de 3annheim, alguns eram certamente tchecos, tal"e% tamb*m o rório :tamit%1. 3as o &undador da música tcheca nacional só &oi :metana =ronúncia :m*tanaD. O destino de Jedrich :30TA/A =1EM1EED M &oi dos mais duros. Crescido na atmos&era mesquinha da equena cidade de ro"!ncia, tornou2se nacionalista# deois da &racassada re"olu()o de 1EE re&eriu o e'!lio "oluntário. Lis%t, semre generoso, obte"e ara ele o lugar de regente da orquestra municial em
W. 3. Womma, Das &oehmische Musikantentum, Wassel, 1?B@. . -. Wreci, &edrich Smetana, Praga, 1?@@ =em l!ngua tchecaD. K. 9itter, Smetana, Paris, 1?@F. \. /eedlS, &edrich Smetana, F "ols., Praga, 1?MM1?G =em l!ngua tchecaD. ;. Tiersot, Smetana, Paris, 1?MB. M
:metana á &oi chamado de >D, sombriamente trágico, e antes de tudo o Quarteto !ara cordas em mi menor =1EFBD, denominado Da Minha ,ida, cuos quatro mo"imentos, embora cla ssicamente constru!dos, obedecem a um rograma quatro &rases de sua "ida desgra(ada. N o único quarteto autobiográ&icoQ da literatura musical# obra bela e como"ente. `... 0mbora in&luenciado or Kagner, :metana n)o sentiu entusiasmo elo comositor alem)o. :ua ambi()o antes &oi a de tornar2se o Keber tcheco. As óeras históricas Dalibor =1EBED e /ibussa =1EFMD n)o tIm nada que "er com a grande óeraQ de 3eSerbeer. Antes lembram Eur%anthe, elo nacionalismo musical e ela glori&ica()o da dade 3*dia. :)o obras que de"emos dei'ar ao reertório tcheco. 3as os rórios tchecos, seus contemor8neos, n)o as admira"am e'cessi"amente. Pre&eriram a óera2 c4mica 5rodana nevesta =:oiva vendida, 1EBBD, que o comositor considera"a como obra secundária, chegando a chamá2la de minha oeretaQ. /a "erdade, a :oiva vendida * muito mais. A &orma * a da óera2c4mica italiano2&rancesa# o libreto * de simlicidade in&antil. 3as a música * intimamente nacional, &olclórica no melhor sentido da ala"ra# e * elaborada com uma arte consumada que em certos trechos =notadamente na aberturaD lembra 3o%art. A comara()o arece ousada, mas usti&ica2se a óera de :metana tamb*m está insirada or um ro&undo sentimento humano. N uma obra2rima. Hurante muito temo só &oi reresentada nas cidades tchecas. 0m 1E?M, oito anos deois da morte do comositor, o Teatro /acional de Praga reresentou2a em -iena com sucesso &ormidá"el, que logo se reetiu na Alemanha e em Paris. Roe ertence a :oiva vendida ao reertório internacional. 0sse &ato á insirou a cr!ticos estrangeiros o conceito menos e'ato de ser :metana rincialmente comositor humor!stico# mas aos tchecos signi&ica a sua arte a e'ress)o musical da nacionalidade. :e :metana * o Keber tchecoQ, ent)o o :chumann tchecoQ seria \deno ibich =1E>@1?@@D, de cua abundante rodu()o só se e'ecuta no estrangeiro a abertura de concerto 8ma :oite no Castelo de $arlstein. 0"identemente, comara($es daquelas entendem2se cum grano salis# n)o signi&icam ulgamento cr!tico. 3as de n!"el realmente alto * a obra de Anton!n H-O9AW =1E11?@D 1, &ilho de gente humilde, de um artes)o de aldeia, que chegou, deois de uma "ida sem acontecimentos esetaculares, a diretor dos conser"atórios em /o"a orque e Praga, doutor honoris causa da Uni"ersidade de Cambridge e membro, nomeado or merecimento, da C8mara dos Pares do m*rio Austr!aco. O sucesso e'traordinário de H"ora * atribu!do ao emrego sábio do encantador &olclore musical tcheco. Antes de tudo * reciso, ortanto, e'licar a di&eren(a &undamental entre sua música e a de : metana, que emregou os mesmos elementos# mas ningu*m con&undirá amais um tema de :metana com u m de H"ora. /em este nem aquele usaram melodias e'istentes. n"entaram seus temas# e a insira()o * di&erente. :metana * disc!ulo de Lis%t# tamb*m conhece Kagner. H"ora * disc!ulo de 1
W. Ro&&meister, 'ntonBn Dvorak . =Original em l!ngua tcheca.D Tradu()o inglesa de 9. /e^march, Londres, 1?ME. O. :oure e P. :te&an, Dvorak , -iena, 1?G>. R. :ir, 'ntonBn Dvorak , Potsdam, 1?G>. P. :te&an, "he /ife and >ork of 'ntonBn Dvorak , /o"a orque, 1?1.
:chumann e Jrahms# seu amor secreto &oi a música de :chubert. A re&erIncia de :metana ela música de rograma e a de H"ora ela música absoluta arece signi&icar, naquele, uma insira()o mais literária e, neste, uma &orma()o mais acadImica. 3as acontece o contrário :metana elabora suas obras com o cuidado de um oli&onista erudito# H"ora * um grande imro"isador que obedece 7 insira()o do momento, sem muita reocua()o da estrutura. H"ora, músico intensamente oular, conquistou enorme oularidade internacional. Por isso mesmo, o mais eminente musicólogo tcheco, \deno /eedlS, se ronunciou energicamente contra a arte de H"ora que teria sido um cosmoolita aburguesadoQ, muito in&erior ao "erdadeiro esla"oQ :metana. :urreende2nos essa tese que se e'lica elas atitudes ol!ticas de /eedlS o grande biógra&o de :metana *, há decInios, comunista e nacional ista aai'onado. Tamb*m no estrangeiro a imensa oularidade da música de H"ora irritou muita gente. 3as assim como o insucesso de obras di&!ceis n)o * ro"a do seu "alor intr!nseco, assim o sucesso n)o signi&ica, &atalmente, a &alta de imort8ncia suerior. Admite2se, sem hesita()o, que muitas obras de H"ora s)o aenas bonitas, agradá"eis, di"ertidas ou sentimentais. Assim uma equena obra, a )umoresque, O!.RVR, noX , ara iano =tamb*m ara "iolino e ianoD chegou a ser ou"ida a toda hora em toda arte do mundo, sem ser mais do que uma melodia agradá"el. As duas cole($es de DanJas Eslavas, O!.L =1EFED e O!.XK =1EEBD, oular!ssimas, encontram2se no mesmo n!"el# contudo, dá ara ensar o entusiasmo de um Jrahms or elas. Tamb*m uma obra mais ambiciosa como o grande Stabat Mater =1EEGD n)o * roriamente ro&unda, embora a introdu()o de elementos de de"o()o oular no hino sacro &osse um gole de mestre# outras mani&esta($es do catolicismo de H"ora s)o o (1quiem e o grande "e Deum. 0n&im, a obra mais conhecida e mais e'ecutada a , Sinfonia em mi menor =1E?D, denominada Do :ovo Mundo orque H"ora a escre"eu quando diretor do /ational Conser"atorS em /o"a orque n)o * uma grande sin&onia =outras sin&onias de H"ora, a ++ e a +, , s)o suerioresD# mas o mo"imento lento tem como tema uma melodia t)o incomara"elmente encantadora que os mais amusicais a sabem de cor e que &icou rebai'ada, en&im, a música de inter"alo sentimental na boate ou no concert-caf1. oi uma insira()o das mais &eli%es, mas só insira()o moment8nea. 3as outras obras de H"ora s)o bem di&erentes tIm "alor uni"ersal. O Concerto !ara violoncelo e orquestra em si menor =1E?>D * o maior e'emlo desse gInero raro e basta di%er que o se"ero e imlacá"el Jrahms, mestre da estrutura musical er&eita, se entusiasmou or essa obra, embora tamb*m &osse mais melodiosa que bem estruturada. As ,ariaJYes Sinfnicas !ara orquestra =1EFFD &oram altamente elogiadas elo insuseito To"eS, acadImico &errenho. 0n&im, a música de c8mara, na qual H"o ra * esecialista emregando duas &ormas de dan(a tchecas, o Dumka melancólico e o 2uriant alegre ara &ortalecer os contrastes e'igidos ela sonata2&orma, obra imortante á * o "rio !ara !iano e cordas em f; menor =1EEGD, sombrio e trágico. Pouco antes do &im da "ida, em 1E?>, escre"eu H"ora os Quartetos !ara cordas em l; maior =O!.RVT D e em sol maior =O!.RV D, que s)o obras camer!sticas mais ambiciosas, grandes quartetos, na "erdade, nos quais se aro'ima do seu querido :chubert. 3as s)o anteriores as duas obras2rimas o Quinteto !ara !iano e cordas em l; maior , O!.UR =1EEFD, de energia e &or(a ubilosas# e o "rio !ara !iano e cordas em mi menor , O!.NV =1E?1D, denominado Dumk% , de melancolia sonhadora e, embora arecendo &acilmente melodioso, cheio de misteriosas comle'idades harm4nicas. Com reseito 7 insira()o &olclórica de H"ora ainda subsiste um equ!"oco estranho a&irma2se que o mestre, durante o temo assado em /o"a orque, se a&astou das suas &ontes esla"as, aro"eitando o &olclore norte2americano. /aquela &amosa , Sinfonia =Do
:ovo MundoD, teria usado melodias de negro s!irituals# outros ensaram em &olclore musical dos !ndios# mais outros, em can($es irlandesas. /a "erdade, n)o &oi oss!"el descobrir, naquelas &ontes americanas, nada de arecido com os temas da sin&onia que a cada euroeu conhecedor da música tcheca se a&iguram tiicamente esla"os# s)o e'ress$es da nostalgia de H"ora, sentindo2se e'ilado no no"o mundoQ e ensando na átria long!nqua. Uma testemunha insuseita, o musicólogo americano K.9. :alding, ro&essor da Uni"ersidade de Rar"ard, tendo estudado o roblema, chegou a con&irmar lenamente a tese do caráter esla"o da , Sinfonia de H"ora. -ale o mesmo quanto ao belo Quarteto !ara cordas em f; maior , O!.N =1E?MD, tamb*m escrito em /o"a orque, ao qual editores ou cr!ticos deram os aeli dos de Quarteto 'mericano ou Quarteto "he :igger . N um absurdo. 9esta salientar, mais uma "e%, que a música tcheca * mais tiicamente esla"a do que a russa, na qual se in&iltraram orientalismos e'óticos. H"ora usou os elementos &olclóricos de maneira rasódica, sem se reocuar muito com as regras acadImicas de constru()o e estrutura. N esta a &raque%a de sua música, que 7s "e%es arece mera acumula()o de temas bonitos ou &ascinantes. 3as obras como o Concerto !ara violoncelo, o Quinteto O!.UR e o "rio Dumk% , música altamente insirada e de rara &or(a esiritual, n)o oder)o ser amais esquecidas. `... O intermediário entre os esla"os ocidentais e os russos &oi o tcheco 0duard /AP9AK/W =1EG?1?1>D, durante muitos anos diretor do Teatro 3aria e dos concertos ilarm4nicos em Petersburgo, autor de óeras de enredos russos, hoe esquecidas. Prearou o caminho ara os que s)o e'atamente seus contemor8neos os nacionalistas russos do BD e O Convidado de 5edra =reresentado em 1EFMD n)o ti"eram sucesso# o úblico, acostumado a ou"ir -erdi e
-. . :ero&&, Das Maechtige )ueflein. Der 8rs!rung der (ussischen :ationalmusik =trad. do russoD, \urique, 1?BG.
9ússia so"i*tica manda e'agerar os m*ritos de HargomSchS. :ó animador, sem &or(a criadora, &oi C*sar Antono"itch CU =1EG>1?1ED. A &igura central do mo"imento nacionalista * 3ilS Ale 'eie"itch JALAW90- =1EGF1?1@D, que &undou em 1EB1 a 0scola Li"re de 3úsicaQ# iniciati"a in&luenciada elas id*ias do grande romancista e cr!tico re"olucionário Tcherniche"sS. Colecionou can($es oulares# em 1EEB ublicou a &amosa CanJo dos &arqueiros do (io ,olga. ,olga . Jalaire" emregou com &elicidade o &olclore musical na sin&onia (ssia =1EB1D. (ssia =1EB1D. Tamb*m &oi dos rimeiros que se interessaram ela música dos o"os o rientais que habitam as regi$es marginais da 9ússia da! o oema musical +slame% , ara iano =1EBGD. 3as sua maior obra, o oema sin&4nico "amara =1EEMD * baseado em temas li"remente in"entados, embora 7 maneira das melodias que o o"o canta. Jalaire" escre"eu ouco. Passou a "ida meditando e remeditando os mesmos roblemas e sugerindo solu($es aos seus amigos. /)o se reali%ou.
;. Randshin, Mussorgsk% , \urique, 1?M. A. Pols, Moussorgsk% , Paris, 1?M>. O. 9iessemann, Mussorgsk% =original =original em l!ngua russaD. Tradu()o &rancesa de L. LaloS, Paris, 1?@. 9. Ro&mann, Moussorgsk% , Paris, 1?>M. 3. H. Cal"ocoressi, Modest Mussorgsk% , Londres, 1?>B. =N a a. e a mais comleta "ers)o de um li"ro que saiu, em rimeira "ers)o, em Paris, 1?@ED.
intar em sonsQ tamb*m criou os "ableau# d0une E#!osition =1EFGD, E#!osition =1EFGD, insirados or uma e'osi()o de desenhos do arquiteto -itor Rartmann s)o e(as o*ticas, realistas, humor!sticas ou at*ticas, de linhas melódicas original!ssimas, ritmos irresist!"eis, modos estranhos como sa!dos da memória atá"ica da gente russa. :)o o !endant real!stico das e(as rom8nticas de :chumann, que 3ussorgsS conhecia bem. N aliá s, reciso ad"ertir dos "ableau# d0une E#!osition só E#!osition só * autIntica a "ers)o original, ara iano# e'ecuta2se hoe com &requIncia maior o arrano ara orquestra, &eito or 3aurice 9a"el, obra brilhant!ssima V mas n)o * 3ussorgsS, * 9a"el. A música ilustrati"aQ de 3ussorgsS 3ussorgsS n)o quer, como como a de Jerlio%, cometir com a literatura. Pretende imitar a realidade. 9eeita toda tenta()o de embele%á2la. /)o q uer a bele%a, mas a "erdade. A oosi()o ao esteticismo dos italianos e dos rom8nticos alem)es insirou a tentati"a de suerá2lo elo humorismo &antástico2grotesco, 7 maneira de D Morte =1EF>D s)o das obras mais er&eitas do comositor, sobretudo o "re!ak e O General . A melodia n)o *, 7 maneira ocidental, estili%ada, de modo que tamb*m oderia e'istir indeendente do te'to, mas surge diretamente do ritmo das ala"ras &aladas. A harmoni%a()o n)o obedece 7s regras do sistema tonal Jach29ameau# 3ussorgsS adota os modelos da antiga música sacra esla"a, o que, elo menos ara os nossos ou"idos, con&ere 7 melodia um estranho sabor arcaico2 e'ótico. Todos esses elementos V a harmonia sacro2esla"a, o ritmo &aladoQ, o oulismoQ e o moti"o ermanente da morte V 3ussorgsS reuniu2os ara criar sua maior obra, &oris Godunov , no qual o comositor trabalhou entre 1EBE e 1EF, remodelando2o "árias "e%es# * a óera nacional russa. O enredo, o eisódio mais trágico e mais enigmático da histórica russa, * tirado de uma trag*dia do oeta nacional Puchin. Tiicamente russos s)o os roblemas sicológicos e religiosos relig iosos que agitam a alma do c%ar Joris
reti&ica e"identes erros do comositor# mas tamb*m elimina muitos tra(os originais e caracter!sticos. Abrandou a obra. Cr!ticos e'igentes re&erem, hoe, a "ers)o original, bárbaraQ, enquanto o úblico n)o quer disensar as artes de instrumenta()o de 9imsS2 Worsao". Tal"e% o &uturo erten(a 7 reinstrumenta()o, menos radical, da obra de Chostao"itch =1?>?D. 3as V * um &ato histórico, irre"ers!"el V &oi a "ers)o de 9imsS2 Worsao" que &e% a obra "encer as resistIncias rimeiro, na 9ússia# deois, na 0uroa, desde a reresenta()o que Hiaghile" organi%ou e m 1?@E em Paris. 0 desde ent)o e'erce a música de 3ussorgsS in&luIncia enorme, incalculá"el, na arte ocidental. 3as n)o nos iludimos at* na rória 9ússia * 3ussorgsS um caso singular, absolutamente sui generis, generis, isolado. A melhor ro"a disso reside reside ustamente na atitude incomreensi"a incomreensi"a do rório /iolai 1 Andreie"itch 93:W]2WO9:AWO- =1E1?@ED =1E1?@ED , que &oi russo russ!ssimoQ e conhecedor er&eito do m1tier , aesar de tamb*m ter sido autodidata ois &oi, de ro&iss)o, o&icial da 3arinha, mais tarde insetor2geral das orquestras da esquadra russa. ;á n)o ertence ao 1?GBD, comositor retórico do qual conhecemos sobretudo o oema sin&4nico Stenka (asin, (asin, cuo tema rincial * a CanJo dos &arqueiros do (io ,olga. ,olga. 0mbora o nacionalismo musical de um 9i msS2Worsao" ou de um
3. 3ontagu2/athan, (imsk%-$orsakov , Londres, 1?1B.
Peter =ou PiotrD LTCR TCRAWO-:W] =1E@1E?GD M n)o &oi autodidata assim como os CincoQ. 0mbora tendo estudado direito e tendo sido &uncionário do 3inist*rio da ;usti(a, &oi deois aluno do ianista ianista /iolaus 9ubinstein, que &undara o conser"atório de música em 3oscou. Hesde ent)o, a "ida relati"amente curta de Tchaio"sS &oi marcada or desastres e este"e en"ol"ida em mist*rios. :eu casamento, em 1EFF, &oi logo seguido de seara()o, colaso de ner"os e tentati"a de suic!dio. Rá todos os moti"os ara crer que o comositor era se'ualmente anormal, &ato de que só tarde chegou a tornar2se consciente. 0stranhas tamb*m &oram suas rela($es com a riqu!ssima madame de 3ec, que durante muitos anos o audou generosamente, ossibilitando2lhe o trabalho criador sem reocua($es de ordem material os dois nunca se encontraram essoalmente, comunicando2se aenas or meio de e'tensa corresondIncia, orque o contato essoal oderia dececioná2losQ. Tchaio"sS &oi homem atológico e ro&undamente in&eli%. :ua morte rematura ro"ocou boatos de suic!dio# mas morreu de cólera. Tchaio"sS &oi ad"ersário do nacionalismo dos CincoQ. 0 mbora amigo essoal de Jalaire" e 9imsS2Worsao", desre%a"a2lhes as obras# desre%a"a 3ussorgsS e combatia as teorias nacionalistas de Cui. 0 sera"a a sal"a()o da música russa elos contatos com o Ocidente. 3as suas oini$es sobre a música ocidental eram das mais estranhas Jach * um bom comositor, mas n)o * um gInioQ# Rande l * comositor de quarta categoriaQ# de Jeetho"en só gosta"a das obras da mocidade, achando a s outras obras caóticasQ# Jrahms seria uma mediocridade arroganteQ. Oini$es grotescas, que tIm, or*m, o m*rito da sinceridade. :eu !dolo era 3o%art. 3as quem detesta assim toda outra grande música, n)o comreende bem o mestre de :al%burgo# só "I a suer&!cie elegante e agradá"el de um comositor do 9ococó. 9ealmente, o entusiasmo de Tchaio"sS or 3o%art anda"a acomanhado de entusiasmo quase igual ela música e os bailados de Helibes. /a "erdade, Tchaio"sS &oi um ecl*tico sem ro&undidade. gnora"a or comleto a oli&onia. Haria um bom comositor de ó eras 7 maneira antiga. Com e&eito, as óeras s)o suas obras2rimas, elo menos con&orme a oini)o da cr!tica russa. Eugenio Onegin =1EFFD Onegin =1EFFD * tirado do &amoso romance em "ersos de Puchin# mas a atmos&era da música antes * a dos romances de Turgenie", da "ida ociosa d a culta aristocracia russa nos seus lati&úndios, que se sabe condenada elo rogresso social, se n)o, um dia, or uma re"olu()o. A música * de nobre melancolia, reunindo da melhor maneira elementos russos, italianos e &ranceses# * um ecletismo que se adata er&eitamente 7 cultura daquele ambiente aristocrático. A óera merece seu lugar no reertório internacional. Os russos arecem re&erir 5ique-Dame =1E?@D, 5ique-Dame =1E?@D, que realmente n)o * in&erior. 3as a maior arte da obra de Tchai o"sS * música instrumental# e n)o ode ser ulgada t)o &a"ora"elmente. Assim como os numerosos lieds do lieds do comositor, tamb*m suas obras ian!sticas e camer!sticas s)o quase semre música de sal)oQ, de di"ertimento alegre ou sentimental ara gente bem2educada e um ouco &r!"ola. O Quarteto !ara cordas em r1 maior =1EFMD =1EFMD * &amoso elo tema melancólico do seu mo"imento lento, que como"eu Tolstoi at* as lágrimas# mas que entendia de música o autor da no"ela em que a Sonata de $reut4er , de Jeetho"en, * t)o burlescamente interretada obra mais s*ria, que merece &icar no reertório, * o "rio !ara !iano e cordas em l; menor =1EEMD, =1EEMD, insirado ela morte de /iolaus 9ubinstein. M
9. /e^march, "chaikovsk%. )is /ife and >orks, >orks, Londres 1?@@. 9. :tein, Peter litch "chaikovsk% , Londres 1?G>. <. Abraham edit., "chaikovsk%. ' S%m!osium. S%m!osium. Londres, 1?B.
Obra das mais conhecidas de Tchaio"sS s)o o s bal1 O /ago dos Cisnes =1EFBD, Casse-noisette =1E?MD etc. 0ssa música só de"e ser ou"ida acomanhando a e'ibi()o de bailarinos de rimeira ordem em cenário &e*rico. O "alor musical * equeno# outros diriam * nulo. A oularidade e'cessi"a dessas obras * &ato lamentá"el, reudicial 7 educa()o do gosto musical. 0st)o no mesmo n!"el os muito elogiados oemas sin&4nicos 2rancesca da (imini =1EFBD e Manfred =1EEBD, as aberturas (omeo e 3ulieta =1EF@D e 1E1M =1E1ED. N música ara ser e'ecutada ao ar li"re, or bandas, ara di"ertir ou emocionar um úblico ouco atento. A Serenata !ara orquestra de cordas =1EE1D e as SuBtes no. =1EED e no.L =1EEED s)o agradá"eis contra&a($es do estilo mo%artiano. Os "irtuoses tIm o direito de manter no reertório os concertos de Tchaio"sS. Contudo, o Concerto !ara !iano e orquestra n o.R em si bemol menor =1EF>D á se ou"e com &req5Incia menor. 3as o Concerto !ara violino e orquestra em r1 maior =1EFED * irresist!"el, elas melodias bem2in"entadas e ela "er"e r!tmica. `... Tchaio"sS &oi homem atológico, "eementemente emocional. 3as tamb*m conhecia a &undo a arte de dramati%ar e encenar, com o má'imo de e&eito, seus so&rimentos e deseseros. :eu essimismo, que á &oi muito discutido, n)o * argumento contra ele# Kagner e Jrahms tamb*m eram essimistas. 3as, na "erdade, o essimismo de Tchaio"sS n)o assa de sentimentalismo melancólico, com inter"alos de aai'onada re"olta contra o destino. :uas sin&onias n)o s)o trágicas# s)o melodramáticas e V o t!tulo da última di% bem V retórico2at*ticas. O sucesso de Tchaio"sS no Ocidente &oi imenso. /a Alemanha, na nglaterra e nos 0stados Unidos, sua música &oi saudada, com entusiasmo, como e'ress)o autIntica da alma russa. oi o temo em que o Ocidente tamb*m chegou a conhecer Tolstoi e Hostoie"si# e colocou o comositor na mesma altura. /os a!ses anglo2sa'4nios e em alguns outros, esse sucesso continua, aliás, sem diminuir at* hoe. oi mas c*tica a atitude dos &ranceses# ois na ran(a, or "olta de 1E?@ e 1?@@, elo menos os músicos ro&issionais e os cr!ticos á conheciam Jorodin e 3ussorgsS. Hesde ent)o, as elites semre condenaram o oular!ssimo Tchaio"sS. 3as n)o unanimemente. 9ecorda2se a oini)o &a"orá"el de :tra"insS. 0 na 9ússia so"i*tica Tchaio"sS * e continua sendo considerado como o grande comositor nacional, tal"e% só orque * t)o acess!"el 7s massas. 9ealmente, o emocionalismo "eemente de um Tchaio"sS nunca dei'a, em arte alguma, de imressionar o grande úblico. Continua entusiasmando os menos musicais, como a um Tolstoi. Rá circunst8ncias atenuantes música intensamente oular nas &ormas da grande música clássica *, ara muitos, o único meio ara aro'imar2se, um ouco, de arte maior. 0, ara muitos, * melhor ter música assim do que música nenhuma. `... A rimeira onda de nacionalismo musical das na($es da 0uroa oriental tinha ouco imressionado o Ocidente
O mendelsshohnianismo de 1?@@D, &oi, no entanto, mais rogressistaQ suas óeras, bailados, aberturas e cantatas ro&anas signi&icam a "itória do romantismo schumanniano na Hinamarca# seguiram muitos outros nacionalistas moderados Lange23ueller, 0nna, Reise. `... K A < / 09 :e Kagner &osse aenas um e!gono do romantismo V hou"e muitos na segunda metade do s*culo ++ V sua resen(a nessa *oca n)o causaria estranhe%a. 3as n)o se trata de mera resen(a, e sim da maior in&luIncia. Kagner n)o * um e!gono# criou um autIntico neo2romantismo# e isto em lena *oca do li beralismo, da grande imrensa, da industriali%a()o, do romance naturalista, da intura imressionista. N o anacronismo mais estranho na história da música. Para e'licar esse anacronismo o&erece2se, rimeiro, a conhecida tese de /iets%che a história da música, or um lado, e a das outras artes, da literatura e do ensamento n)o estariam nunca sincroni%adas# a música semre estaria atrasada. O e'emlo mais conhecido desse atraso * a arte barroca do luterano Jach em leno s*culo de racionalismo "oltairiano. 3as Jach agou essa sua osi()o anacr4nica com insucesso e esquecimento da sua obra criadora# n)o &oi, como Kagner, a &igura rincial de sua *oca. /)o se ode generali%ar a obser"a()o de /iets%che, que só "ale em certos casos. Outra e'lica()o * o&erecida ela tese de Rel muth Plessner =Das Schiksal deutschen Geistes im 'usgang seiner buergerlichen E!oche, \urique, 1?G>D, Rugo Jall e outros ela 9e&orma luterana, que conquistou ao es!rito uma ilimitada liberdade interior, ao re(o da submiss)o ao 0stado absolutista ou aternalista, a Alemanha teria, or assim di%er, sa!do da ci"ili%a()o ocidental. 0nquanto os a!ses cal"inistas =e a ran(a católica ou li"re2ensadoraD abra(am os ideais do racionalismo, do liberalismo, do humanitarismo e enquanto os a!ses católicos conser"aram os ideais da dade 3*dia V a Alemanha retrocedeu ara um aternalismo aol!tico e, deois, ara um totalitarismo bárbaro. A Alemanha seria o a!s antidemocrático e anti2humanitário or de&ini()o. /a segunda metade do s*culo ++ acomanhou só material e economicamente o rogresso euroeu. 3as a &orma da sua "ida ública e social &oi o (eich aristocrático e reacionário de Jismarc, ao qual corresonde o seudo2romantismo de Kagner. Jasta di%er que essa tese dei'a sem e'lica()o o sucesso enorme d e Kagner na ran(a. 0n&im, lembra2se uma con&erIncia de Ortega S
KA09 =1E1G1EEGD1. /)o erderemos temo com a lenda, in"entada elos anti^agnerianos, de que o anti2semita Kagner teria sido &ilho ileg!timo do seu adrasto
C. . agner0s, B "ols., a. ed, Lei%ig, 1E?1?11. <. Adler, (ichard >agner , Lei%ig, 1?@. ;. Wa, >agner , Jerlim, 1?MM. A. Loren%, Das 2orm!roblem in (ichard >agner0s Musik , 3unique, 1?MM. P. Jeer, (ichard >agner. Das /eben in >erk , :tuttgart, 1?M. 0. Wurth, Die romantisch )armonik und ihre $rise in >agner0s "ristan , Ga. ed., Jerlim, 1?MF. R. Lichtenberger, (ichard >agner !ote et !enseur , Paris, 1?G1. 0. /e^man, "he /ife of (ichard >agner , G "ols., Londres e /o"a orque, 1?GM1?1. T. K. Adorno, ,ersuch ueber >agner , Jerlim, 1?>M. P. A. Loos, (ichard >agner. ,ollendung und "ragik der deutschen (omantik , Jerna, 1?>G. C. "on Keternhagen, (ichard >agner , \urique, 1?>B.
3uda2se ara a -illa Kahn&ried, em JaSreuth, cidade onde constrói o 2ests!ielhaus =Casa dos esti"aisD esecialmente ara reresenta($es eriódicas do 'nel dos :ibelungen e, deois, tamb*m de outras obras de Kagner. JaSreuth "ira centro de romarias internacionais. /a re"ista &a%reuth &laetter =2olhas de &a%reuthD, Kagner se &a% roagandista de id*ias anti2semitas, racistas, "egetarianas, budistas. orma2se em seu torno a seita dos ^agnerianos, recursores do na%ismo. 9e concilia()o com Lis%t, que desaro"a o comortamento de Cosima# esta age como habil!ssima che&e de ublicidade de Kagner. 0str*ia de 5arsifal . ltima doen(a, cua not!cia como"eu o mundo at* o e'2adeto e ad"ersário &urioso /iet%sche &alou da hora santa em que Kagner morreuQ no Pala%%o -endramin2Calerghi em -ene%a. Kagner e'erceu in&luIncia como nenhum outro músico antes ou deois. 0n&eiti(ou o mundo. -eio, deois, o desencanto. Roe em dia, á * reciso reabilitá2lo. agn1rienne#
Jaudelaire, 3allarm*, -illiers de LXsle Adam, Jarrs# ^agneriano ainda será Proust 1. Teriam sido, todos eles reacionáriosQ. /em o rório Kagner o &oi. A lenda &abricada or Cosima n)o conseguiu aagar todos os tra(os de id*ias re"olucionárias em seus escritos e obras. Antes de tornar2se nacionalista, &ora radical2democrata no sentido de Reine e do 3ar' dos anos 1E@. 0studou muito os li"ros do anarquista Proudhon. Ainda no seu anti2semitismo sente2se a &úria do radical contra as &or(as do dinheiro. O roblema do ouroQ ainda estará no centro do 'nel dos :ibelungen. :ha^ acredita"a sinceramente no socialismo &undamental de Kagner. A religi)oQ ^agneriana tamb*m * caa% de ser"ir ao outro lado da barricada. 3as os ad"ersários de Kagner tamb*m o considera"am, rincialmente, como &en4meno signi&icati"o da situa()o da nossa ci"ili%a()o# muito mais do que um mero autor de óeras. /iet%sche, nos últimos anos da sua "ida, denunciou2o como neurótico, encarna()o da decadIncia e do niilismo na 0uroa. :engler alude ao seu gosto elo colossalQ que * t!ico do &im dos im*rios# e obser"a que um dos sintomas caracter!sticos da decadIncia de uma ci"ili%a()o * o surgir de uma segunda religiosidadeQ, renascen(a insincera da "erdadeira religiosidade dos in!cios V como no autor de 5arsifal . /a "erdade, Kagner n)o &oi &undador nem sintoma de destrui()o de uma ci"ili%a()o. 0sse debate * t)o est*ril como aquele sobre a dulicidade do seu talento. Os ^agnerianos a&irmaram que Kagner * maior que
A. L.
que garante a unidade da obra. A arte instrumental * constru!da como uma grande, uma imensa sin&onia, cuos temas est)o ligados aos ersonagens e 7s situa($es dramáticas de tal modo que semre "oltam de maneira signi&icati"a# * o leitmotiv . 0 as "o%es dos cantores e cantoras s)o tratadas como artes integrais da orquestra# isto e a necessidade de reresentar os a*is no alco com inteligIncia dramática, em "e% de simlesmente brilhar em árias, criou uma no"a gera()o de cantores e cantoras V mais um gole terr!"el na rotina das casas de óera. 0 cantam, nas obras de Kagner, numa linguagem musical ersonal!ssima, t)o intimamente ligada ao es!rito da l!ngua alem) que ainda Lis%t acredita"a limitada 7 Alemanha a reercuss)o da obra de Kagner# no entanto, conquistou o mundo. N muito menos imortante a teoria do Gesamtkunst=erk =obra de arte totalQD o drama musical, ser"ido or todas as artes da oesia, da intura cenográ&ica, da dan(a, da arquitetura. O teatromonarcaQ quis subugar todas as outras artes. 0 qual &oi o resultado Algo muito arecido com o grande e setáculo da grande óeraQ, de 3eSerbeer e Ral*"S, que Kagner combatera tanto. oi &atal. O teatro n)o ode e'istir sem certas con"en($es, que n)o deendem da realidadeQ. Kagner destruiu as con"en($es da "elha óera, substituindo2as or outras, no"as, hoe tamb*m á "elhas. A rática de Kagner &oi melhor que a sua teoria. /)o con"*m e'agerar a imort8ncia dos leitmotiv , que semre "oltam em determinadas situa($es, como se a orquestra aresentasse ao úblico os cart$es de "isita dos ersonagens. :ó aqueles que n)o tIm bastante musicalidade areciam muito o leitmotiv como &io condutor que os guia elo labirinto dramático2musical. Loren% demonstrou que os "erdadeiros temas das sin&onias teatraisQ de Kagner n)o s)o os leitmotiv , mas os er!odos musicais nos quais e st)o encerrados# e'atamente assim como na sin&onia n)o s)o as melodiasQ que imortam, mas seu desen"ol"imento dramático. Hurante um s*culo, desde RaSdn, a música sin&4nica, com seus &ortes contrastes, &oi mais dramática que a óera de númerosQ# com Kagner, a dramaticidade sin&4nica "oltou ara o teatro. 6uer di%er V contra a teoria e as inten($es de Kagner V o elemento essencial do seu drama em músicaQ * a música. N claro que re&orma t)o radical n)o &oi logo comreendida. A linguagem melódica de Kagner, nascida diretamente do ritmo da l!ngua alem) &alada, e suas incr!"eis artes de orquestra()o nos arecem, hoe, irresist!"eis. 3uito anti^agneriano teimoso entrega os ontosQ ao ou"ir os rimeiros acordes de uma obra do mestre. 3as n)o sentiram isso assim os contemor8neos, que estranharam detalhes e'teriores os grandes gestos, conseq5Incia da no"a arte de cantar e agir ao mesmo temo# as &ortes e barulhentasQ inter"en($es da orquestra sin&4nica# as dimens$es inusitadas das obras, conseq5Incia do acomanhamento de todos os ormenores da sicologia dramática ela música. 3as at* hoe subsistem incomreens$es, de"idas 7 con&us)o da cronologia. P ois as obras de Kagner n)o &oram reresentadas e ublicadas na mesma ordem em que &oram escritas. Heois das insigni&icantes tentati"as da mocidade, a rimeira obra considerá"el de Kagner &oi (ien4i der let4te der "ribunen =(ien4i o ltimo dos "ribunos, 1E@D, a história de Cola di 9ien%i, tirada do ent)o &amoso romance histórico de Jul^er. N uma robusta e algo grosseira grande óeraQ, e'atamente no estilo de 3eSerbeer. 0 á &oi chamada, ironicamente, de obra2rima de 3eSerbeerQ. Ainda * reresentada, embora raramente, na Alemanha# mas Cosima e'clui2a dos &esti"ais de JaSreuth. Um rogresso decisi"o le"a de (ien4i a Der fliegende )ollaender =O :avio 2antasma, 1E1D embora a in&luIncia de 3eSerbeer &ique substitu!da ela de Keber e 3arschner, essa obra ainda * uma óera em sentido tradicional, com árias italiani%antes e coros 7 maneira de Auber#
mas o ael do holandIs &antástico que erra, condenado, elos sete mares, e o de :enta, a mulher que redime elo amor o ecador, á s)o ersonagens dramáticos no estilo da grande trag*dia# o ritmo musical á * o da linguagem &alada# e 7 orquestra cabe a &un()o de trans&ormar a óera inteira numa grande sin&onia do mar. `... Heois de /ohengrin, a cronologia das obras con&orme os anos da ublica()o e reresenta()o * a seguinte "risto e +solda# Os Mestres-Cantores de :urenberg # as quatro artes do 'nel dos :ibelungen =(heingold , Ouro do (eno# Die >alkuere, ' ,alquBria# Siegfried # Goetterdaemmerung , O Cre!sculo dos DeusesD# e 5arsifal . Kagner teria dado em "risto e +solda a grande trag*dia do amor2ai')o, em termos de &iloso&ia essimista schoenhaueriana, desen"ol"imento grandioso do assunto de /ohengrin# nos Mestres-Cantores, um !endant alegre da trag*dia, o quadro encantador da "elha ci"ili%a()o alem) de /uremberg, com a resigna()o do en"elhecido Rans :achs no centro e com &ortes ataques sat!ricos contra seus ad"ersários acadImicos, encarnados no ersonagem rid!culo de Jecmesser. Heois, teria retomado o caminho do mito as quatro obras do 'nel s)o um enorme anorama da "ida humana, reresentada elos deuses e heróis da antiga religi)o e história germ8nicas# e o &im &oi 5arsifal , o hino dramático 7 resigna()o religiosa, ao desre%o dos ra%eres deste mundo e 7 adora()o ermanente do ideal, do graalQ. 0ssa cronologia n)o * e'ata. "risto e +solda * imbu!do do essimismo da &iloso&ia de :choenhauer, que &oi a última &* de Kagner. 3as no 'nel dos :ibelungen, embora ublicado deois, ainda lutam, na alma do autor, id*ias re"olucionárias 7 maneira do materialista euerbach e do socialista Proudhon com aquele essimismo esiritualista. 0 os Mestres-Cantores, essa obra2rima singular, seriam, con&orme aquela cronologia, uma digress)o, como se o mestre quisesse descansar e di"ertir2se ara tomar no"o &4lego. :eria um absurdo. 9ealmente, a "erdadeira cronologia * di&erente. 0m /ohengrin aro'imara2se Kagner, ela rimeira "e%, da mitologia germ8nica, embora &antasiada de lenda medie"al. Heois, escre"eu em 1E> o (heingold =Ouro do (enoD, a rimeira arte da laneada tetralogia sobre a saga dos /ibelungen relúdio colossal, em &orma musical totalmente no"a, comosto 7 maneira de uma sin&onia em um único mo"imento, com as "o%es humanas &a%endo arte da orquestra# e com harmonias no"as que sueram as liberdades modulatórias de J eetho"en. O ró'imo asso &oi Die >alkuere = ' ,alquBria, 1E>?D# * nessa obra que se ercebe claramente a luta !ntima entre as id*ias re"olucionárias, de ate!smo assombroso, e a &iloso&ia essimista. Hessa tens)o nasceu a grande trag*dia, ilustrada or uma música que arecia aos contemor8neos germanicamente bárbaraQ orque &oi t)o modernaQ. /o mesmo ano de 1E>B come(ou Kagner a comosi()o da terceira arte da tetralogia# Siegfried . 3as interromeu o trabalho. nter"eio o eisódio da ai')o adúltera or 3athilde Kesendonc. Os deuses e heróis germ8nicos erderam ara ele o interesse. 0scre"eu Cinco /ieder a Mathilde >esendonck , com letra da amiga, que s)o o núcleo2 germe de "ristan und +solde ="risto e +solda, 1E>?D# dramati%a()o da lenda medie"al que *, con&orme Henis de 9ougemont, a base de toda a &iloso&ia do erotismo do Ocidente. A obra de Kagner * uma trag*dia de amor, com oucos ersonagens e enredo de simlicidade grega. A concentra()o * má'ima. A música * mais e'ressi"a que amais se escre"eu uma sin&onia colossal, emregando linguagem musical cromática que se aro'ima das &ronteiras do nosso sistema tonal. O musicólogo situará essa obra entre
trágicas das es&eras. Heois de "risto e +solda, Kagner arece assustado da sua rória audácia. /)o era oss!"el continuar nesse caminho sem destruir o sistema tonal de Jach29ameau. O mestre rocura um onto &irme ara aoiar2se. 0ncontrou2o na oli&onia. 0scolheu ambiente relati"amente moderno, o da ci"ili%a()o da 9enascen(a na Alemanha, da *oca da grande oli&onia "ocal Die Meistersinger von :urenberg =Os Mestres-Cantores de :uremberg , 1EBFD. N um quadro encantador, intimamente rom8ntico, da "elha Alemanha id!lica, intado no momento em que o (eich de Jismarc a substituiria em bre"e# o nacionalismo orgulhoso da *oca e do comositor contribuem ara a alegria ubilosa dessa aarente com*dia sat!rica =ersonagem de JecmesserD, em cuo centro se encontra, or*m, o ersonagem de Rans :achs, auto2retrato do mestre e e'ress)o de sua resigna()o dolorosa. N o !endant de "risto e +solda. As &ormas n)o odiam ser as da oli&onia "ocal, t)o remota de nós. Kagner emrega com maestria e'traordinária a oli&onia instrumental a abertura * a maior e(a sin &4nica que escre"eu, uma obra2rima singular, de oma e grandiosidade barrocas. "risto e Os Mestres-Cantores s)o as maiores estruturas musicais, ela comle'idade e elo sentido misterioso atrás de todas as artes desses organismos luminosos, desde os temos de Randel e Jach. `... A reti&ica()o da cronologia das obras le"a ao seguinte resultado incontestá"el "risto e +solda * a obra central. /esta, Kagner aarece como o herdeiro d o grande e autIntico romantismo alem)o, dos sonhos de /o"alis e 0. T. A. Ro&&mann. 9eali%ou o deseo ro&undamente rom8ntico da "olta ara o sono, o sonho, a morte, o nada. N o mago que trans&ormou em sons aud!"eis o uni"erso assim como teria sido antes que Heus o criasse# ou deois que Heus o destru!sse. /)o &oi oss!"el di%er tanto sen)o 7s últimas &ronteiras do sistema tonal de Jach29ameau. /a "erdade, esse sistema, alargado elas liberdades modulatórias de Jeetho"en, á &ora cada "e% mais sutili%ado elos modernismosQ harm4nicos de :chubert, Choin, :chumann. /o relúdio ao rimeiro ato de "risto e +solda, a música ocidental entrou naquilo que 0rnst Wurth chamou de crise da harmonia rom8nticaQ. 1E>? * uma data t)o decisi"a na história da música como os anos do Orfeo de 3onte"erde, do Cravo &em "em!erado, e dos Quartetos O!.KV de RaSdn. /)o teria sido oss!"el ir mais al*m sem o cromatismo destruir o sistema tonal. 0 Kagner, deois da sua crise essoal, recuou. 9ecuou ara o mundo tonal e oli&4nico dos Mestres-Cantores, do 'nel , do 5arsifal , obras2rimas dentro da e"olu()o histórica da música, ao asso que "risto e +solda se encontra em outro lano. Aquelas obras re"elam, em Kagner, o último rom8ntico. "risto e +solda, reali%a()o do sonho rom8ntico, anuncia, ao mesmo temo, mundos no"os a música moderna. O : K A< / 0 9 A / O : J 9 U C W / 0 9 0 K O L /)o * oss!"el e'agerar a in&luIncia q ue Kagner e'erceu. At* nos ambientes, naturalmente hostis, da óera italiana e &rancesa se &e% sentir sua resen(a, 7 qual tamouco escaaram os disc!ulos de C*sar ranc. Os nacionalistas esla"os e escandina"os imuni%aram2se contra essa in&luIncia, retirando2se cada "e% mais da óera. Pois nesse gInero á n)o &oi oss!"el escre"er como se Kagner n)o ti"esse e'istido# mas tamouco &oi oss!"el continuar no caminho que o mestre de JaSreuth tinha ercorrido at* o &im. 0ntre 1EE@ e 1?1@ estrearam2se inúmeros dramas musicais em estilo ^agneriano, sobretudo de autores alem)es e &ranceses. 3as nenhuma dessas
óeras conseguiu manter2se no reertório. A única e'ce()o * uma o bra sui generis )aensel und Gretel =1E?GD, de 0ngelbert RU3P09H/CW =1E>1?M1D. 0m "e% de e rrar elo mundo bárbaro dos deuses e heróis germ8ncios, o comositor escolheu mundo mais &amiliar e, no entanto, romanticamente remoto o dos contos de &adas da i n&8ncia. A ilustra()o musical desse conto in&antil alem)o com as cores e os oderes da orquestra ^agneriana tem conseq5Incias ineseradas as bru'as montadas em "assouras, saindo ela chamin* V arece aródia da ca"algada das -alqu!rias. A obra deliciosa go%a de sucesso inalterado at* hoe. /o mundo oer!stico Kagner n)o te"e nem odia ter sucessores# aenas imitadores mais ou menos inetos. Te"e sucess)o "erdadeira em outros gIneros. O &ato * estranho orque o mestre de JaSreuth tinha e'ressamente condenado esses gIneros. Toda a música, onti&ica"a, de"eria subordinar2se ao Gesamtkunst=erk do drama musical. A +* Sinfonia de Jeetho"en teria sido a última das sin&onias, ois o canto e os coros do quarto mo"imento signi&icariam a abdica()o da música instrumental absoluta. O lied rom8ntico tamb*m só sobre"i"eria nas cenas l!ricas do drama musical. /o entanto, os dois únicos ^agnerianos que tinham que di%er coisa rória em linguagem rória &oram Jrucner, mestre da sin&onia, e Rugo Kol&, mestre do lied . Anton J9UCW/09 =1EM1E?BD1 * uma das ersonalidades mais estranhas na história da música como artista, &oi mais modernoQ que sua *oca# como homem, ertence a um mundo arcaico. /asceu numa aldeia da _ustria Alta, regi)o montanhosa e rústica. Criou2se em um daqueles suntuosos mosteiros barrocos, :ant lorian, que no meio de uma aisagem id!lica ostentam as artes estuendas dos s*culos +- e +-. oi au*rrimo mestre de escola em aldeias da sua terra# deois, á em idade algo a"an(ada, organista da catedral de Lin%. Tarde chegou a mudar2se ara -iena onde "oltou a sentar2se no banco de escola ara estudar contraonto. Ou"iu, ent)o, ela rimeira "e%, música de Kagner. icou entusiasmado. 0 come(ou a escre"er sin&onias que os regentes de orquestras reeitaram com teimosia, enquanto a cr!tica reagiu a e'ecu($es ocasionais com ataques hostis e sarcásticos. 3as o mestre era mais teimoso que seus inimigos. Continuou. /os últimos anos da "ida odia agradecer, com a timide% de semre, "árias honrarias o&iciais e sucesso ainda bem limitado. /)o se oderia imaginar disc!ulo mais esquisito e surreendente de Kagner, homem do grande mundo, erótico aai'onado, literado de cultura enciclo*dica. J rucner &oi o contrário de tudo isso aluno de con"ento e mestre de escola de aldeia, semre &icou homem de e'trema timide%, submisso e de"oto &iel 7 grea e aos adres como uma "elha beata. Con&essou n)o entender o libreto de "risto e +solda orque desconhecia totalmente o mundo do amor nunca na "ida se aro'imou de uma mulher, sea or timide%, sea or escrúulos religiosos. 0 era iletrado. N um caso quase atológico# surema inteligIncia musical, aliada 7 &alta total de inteligIncia em todas as outras coisas, grandes ou equenas, da "ida. 0ra, &ora da música, de ignor8ncia esantosa. Comortou2se como um cretino# sua biogra&ia está cheia de eisódios rid!culos, como este quando o regente Rans 9ichter resol"eu e'ecutar, contra todas as resistIncias, uma sin&onia de Jrucner, o mestre agradeceu aoelhando2se em resen(a do úblico erante o regente, beiando2lhe a m)o e in sistindo ara que 9ichter aceitasse um resente V alguma moeda equena. Pesquisas recentes con&irmam a suseita de que 1
A. Ralm, Die S%m!honie 'nton &ruckner0s, 3unique, 1?1. 3. Auer, &ruckner sein /eben im >erk , -iena, 1?MG. 0. Wurth, &ruckner , M "ols., Jerlim, 1?M>. K. Kol&&, 'nton &ruckner (ustic Genius, /o"a orque, 1?M. A. 3achabeS, /a vie et l0oeuvre d0'nton &ruckner , Paris, 1?>. R. . 9edlich, &ruckner and Mahler , Londres, 1?>>. 3. Hehnert, 'nton &ruckner , Kiesbaden, 1?>E.
Jrucner so&ria de gra"es crises mentais. Ao s*culo ++, a ignor8ncia literária e geral de Jrucner arecia gra"e de&eito. 3as &oi a rai% de sua qualidade suerior e singular. Carecendo de est!mulos literários, n)o odia escre"er música de rograma nem música o*tica. O imulso da arte desse homem ignorante, cheio de &* sincera, &oi a religi)o. 0m comara()o com sua música sacra, at* a do bom católico C*sar ranc arece ro&ana, ara n)o &alar da religiosidade teatral de Kagner nem sequer da m!stica coral do descrente Jrahms. Rou"e a resen(a de Heus em tudo que escre"eu, &osse uma missa, &osse uma sin&onia. N o único comositor autenticamente religioso do s*culo. `... He"ido 7s de&iciIncias da sua estrutura mental, Jrucner amadureceu muito tarde. /enhuma das suas obras de mocidade tem "alor. 3as deois, com @ anos de idade de reente se re"ela mestre consumado. As trIs missas V a Missa em r1 menor =1EBD, a Missa em mi menor =1EBBD e a Missa em f; menor =1EBED V s)o obras de grande, de grand!ssimo estilo# obras modernas, sim, mas insiradas or mentalidade barroca e ela &* humilde de um crist)o das catacumbas. Hesde os temos de Jach n)o se ou"iu nada de igual. 0 n)o se ou"iria mais. Pois os rogressos do mo"imento alestriniano na Alemanha e na _ustria V a Associa()o :anta Cec!lia, que retendia substituir a música sacra acomanhada de instrumentos ela reedi()o e roaganda das ob ras a caela de Palestrina e Orlandus Lassus V con"enceram o mestre da incon"eniIncia de criar mais outras obras naquele estilo. Hei'ou de e scre"er missas. Come(ou, em "e% disso, a escre"er sin&onias, cuo conteúdoQ * o mesmo de sua música sacra. 0m "e% de missas2 sin&onias sin&onias2missas. Todas as sin&onias de Jrucner arecem2se, de qualquer modo. O rimeiro mo"imento, semre trágico, lembra o Ad"ento, antes de chegar 7 humanidade a mensagem da reden()o. Os mo"imentos lentos s)o in"is!"eis cidadelas da &*# corresondem ao Credo. A alegria abundante e rústica dos scher4i de Jrucner lembrou aos cr!ticos as &estas de aldeia na mocidade# mas antes * a maneira singular do camonIs austr!aco de cantar o Gl7ria. O último mo"imento, nas sin&onias de Jrucner, semre tem a articularidade de resumir os outros mo"imentos ara, deois de no"a luta, chegar a um des&echo sereno Dona nobis !acem. /em todas as sin&onias de Jrucner tIm o mesmo "alor embora nenhuma sea med!ocre. Podemos descontar as rimeiras, n)o numeradas, e as Sinfonias no.R e K . A Sinfonia no. em r* menor =1EFGD * obra imortante# mas ainda n)o re"ela todos os tra(os caracter!sticos de sua arte di&!cil# tal"e% or isso mesmo aare(a, tamb*m, no reertório de orquestra que, no resto, &icam in&ensas ao mestre. O úblico re&ere a Sinfonia no.L em si bemol maior =1EFD, denominada (omAntica# tal"e% orque Jrucner admitiu um rogramaQ o*tico, bastante in&antil aliás, que o teria insi rado# e assim se &acilita a comreens)o. 3as obra2rima autIntica * a Sinfonia no.T em si maior =1EFBD, arquitetura colossal como aqueles mosteiros# de oma barroca, de solenidade religiosa, de alegria &inal abundante. Arecia2se menos a Sinfonia no. , que * desigual, sendo elo menos um dos mo"imentos, o último, indigno dos outros. 0m comensa()o, a Sinfonia no.X em mi maior =1EEGD * mais um colosso# no centro, o mara"ilhoso adágio que &oi comletado quando Jrucner á tinha recebido a not!cia da morte de Kagner# * elegia, canto sacro e hino. A maior de todas *, con&orme consenso geral, a Sinfonia no.U em d7 menor =1EE>D, ela e'tens)o inusitada e ela ro&undidade emocional. A Sinfonia no.N em r1 menor =1E?BD &icou incomleta# * um e!logo triste, mas n)o desolado, de um homem seguro de sua sal"a()o.
As e'ress$es emregadas neste resumo n)o de"eriam insirar o conceito de que a arte sin&4nica de Jrucner teria e"olu!do# só se re&erem ao "alor. 3as o estilo semre &icou o mesmo. O comositor n)o te"e e"olu()o, sen)o no sentido de descrente habilidade t*cnica no emrego dos recursos orquestrais. Com cada u ma das sin&onias come(a de no"o, como que artindo do mesmo onto. As datas acima indicadas só tIm, aliás, "alor aro'imado. Pois cada uma dessas obras &oi "árias "e%es re"ista e remodelada, e'istindo em "árias "ers$es# e Jrucner, deseserado com a resistIncia do úblico e da cr!tica, ermitiu que se e'ecutassem e ublicassem "ers$es abre"iadasQ e retocadasQ or amigos sinceros, mas menos comreensi"os. O caso lembra o de &oris Godunov . As "ers$es originais só &oram ublicadas em nosso temo# e só em temos recentes come(am a ser re&eridas aos arranosQ. O estudo das di&eren(as entre as "ers$es á rodu%iu bibliogra&ia "olumosa. `... A arte de Jrucner n)o * de origem beetho"eniana nem ^agneriana. Aquela maneira de comosi()o em blocos sonoros * insirada elo órg)o o instrumento em que ele e ra "irtuose consumado e, in&eli%mente, menos comositor que imro"isador. :uas obras ara o órg)o s)o insigni&icantes. :ó d)o testemunha de &idelidade ermanente 7 música sacra, 7 qual "oltou com o grande "e Deum =1EE1D. 3ais tarde, quando a "elhice e a doen(a n)o lhe ermitiram concluir sua Sinfonia no.N, mani&estou o deseo de que esse "e Deum se cantasse como último mo"imento da obra inacabada. oi u ma id*ia ouco &eli%. 3as o "e Deum continua, indeendente, como a e'ress)o má'ima da religiosidade de Jrucner, como testemunho de um homem ro&undamente inocente no meio das con&us$es menos inocentes do mundo moderno. O c*u arece abrir2se ara recebI2lo em seus bra(os misericordiosos quando ou"imos esse trecho má'imo da obra que * o :on confundar in aeternum. Um dos oucos que, durante o temo do d om!nio absoluto de Jrahms em -iena, ousaram hostili%á2lo ara e'altar a arte de Jrucner &oi Rugo KOL =1EB@1?@GD 1 deois de :chubert, :chumann e Jrahms, o último grande mestre do lied rom8ntico. Hesre%ado durante a "ida, &oi reconhecido logo deois de sua morte rematura, encontrando sua arte adetos entusiasmados e at* &anáticos na _ustria, na Alemanha e na nglaterra. :ó a ran(a &icou durante muito temo t)o indi&erente que alguns li"ros &ranceses sobre história da música ignoram a ortogra&ia do seu nome, gra&ando2o Kol&&Q, continuando2lhe a desgra(a na "ida. Como ^agneriano &anático, Kol& era nacionalista angerm8nico, hostil ao m*rio Austr!aco, multinacional, em que nasceu. 3as sua arte n)o * inteiramente alem). /atural do sul da :tSria, de uma regi)o quente e de muito "inho, erto da &ronteira ling5!stica com a tália, Kol& te"e o temeramento eruti"o de um la tino mediterr8neo. oi e'ulso da escola e do conser"atório or causa de má conduta. oi demitido do ent)o muito ro"inciano Teatro 3unicial de :al%burgo, orque insistiu em ensaiar "risto e +solda, em "e% das oeretas rogramadas. Como cr!tico musical de um semanário "ienense, arranou inúmeros inimigos, ela sua &uriosa "eia olImica. oi homem "iolento e mau caráter. Atribui2se a uma in&ec()o "en*rea a loucura na qual submergiu em 1E?F. 3orreu no manic4mio. Teria sido só aquela in&ec()o A eriodicidade da sua insira()o arece sintoma de erturba($es sicoatológicas. 0m 1EEE te"e, de reente, um acesso assim escre"eu, 1
0. /e^man, )ugo >olf , Londres, 1?@F. 0. HecseS, )ugo >olf , Lei%ig, 1?ME. <. Jieri, Die /ieder von )ugo >olf , Jerna, 1?G>. . Kaler, )ugo >olf. ' &iogra!h% , Londres, 1?>G. 0. :ams. "he Songs of )ugo >olf , Londres, 1?B1.
entre &e"ereiro e outubro, >G lieds com letra de 3oerie, todos eles de rimeira qualidade. deois, durante dois anos, nada. 0m 1E?1 e em 1E?B no"as &ases insiradas, de "iolenta eu&oria. /os inter"alos, gra"es crises de deress)o. A loucura surreendeu um e'austo. `... 0ntre os músicos literariamente cultos que e'erceram a cr!tica, &oi Kol& um dos mais saga%es. Com e'ce()o dos ataque insensatos contra Jrahms, acertou semre, enquanto Jerlio% e :chumann erraram muitas "e%es or e'cesso de generosidade. Kol& &oi intelectual requintado, de muita cultura e &ino gosto literário. :ua consciIncia intelectual roibiu2lhe de 4r em música oemas de "alor in&erior =como :chubert, :chumann e Jrahms &i%eram muitas "e%esD. :ó o insirou oesia l!rica de alta categoria. Tamouco quis "iolentar, or melodias reconcebidas, o ritmo e o metro dos te'tos escolhidos. nterreta as oesias or es*cie de recitati"o, de declama()o musical ela "o% do cantor enquanto atribui ao iano a melodiaQ, harmoni%ada com muita arte e sem temer e'tremas di&iculdades ian!sticas. ;á n)o se ode &alar em acomanhamentosQ os dois int*rretes, o cantor e o i anista, est)o em * de igualdade, assim como o cantor e a orquestra no drama musical de Kagner. 9ealmente, Kol& trans&igura o oema, trans&ormando2o em drama musical em miniaturaQ. :ua música comleta o oema reali%a o suremo obeti"o de di%er em sons o que o oeta n)o conseguiu di%er em ala"ras, or causa da insu&iciIncia emocional da l!ngua &alada. Al*m de um gruo de lieds com letra do grande oeta rom8ntico 0ichendor&&, mais ligeiros, reuniu Kol& os oemas musicados de cada um dos seus oetas re&eridos em li"rosQ# n)o s)o ciclos, como os de :chubert e :chumann, orque n)o ligados or uma id*ia o*tica comum, mas só ela homogeneidade d o estilo o*tico2musical. O Moerie-/iederbuch =/ivro de 5oesias de Moerike, 1EEED * o li"roQ mais conhecido e mais cantado. Cinq5enta e tIs oesias desse oeta ós2goethiano, classicista sereno em temos rom8nticos, s)o escolhidos com o mais &ino gosto literário. 0ntre elas se encontram os lieds mais di"ulgados de Kol& Der Genesens an die )offnung =O Convalescente Es!eranJaD# >e%las Gesang =CanJo de >e%laD, oesia e música herm*tica# Denk0es o Seele =/embra-se 7 'lmaD, ,erborgenheit =(etraimentoD, ,ersch=iegene /iebe = 'mor SecretoD, de "eemente ai')o erótica# $ar=oche =Semana SantaD# 2russreise =CaminhadaD# e muitos lieds humor!sticos. `... Kol& * hoe geralmente reconhecido como o gInio que &oi. 3as n)o * igualmente bem conhecido, orque os cantores camer!sticos só mantIm no reertório um número redu%ido das suas obras2rimas. 903A/0:C0/T0: HA P09A 9A/C0:A /um temo em que os intelectuais &ranceses á esta"am entusiasmados or Kagner, &a%endo anualmente a eregrina()o ara JaSreuth, os teatros de óera de Paris ainda raramente se abriram ara reresentar "annhaeuser ou /ohengrin. Rou"e &orte resistIncia o&icial contra o comositor angermanista. Rou"e mais resistIncia do úblico que insistiu em ou"ir Auber, 3eSerbeer e Ral*"S. Com sensibilidade &in!ssima reagiu2se contra qualquer mo"imento de reno"a()o. Um acomanhamento orquestral mais elaborado ou a "olta de um tema em mais do que uma cena insiraram logo a acusa()o de ^agnerismoQ. /o entanto, a no"a gera()o de oeristas &ranceses, embora ainda &iel 7 rotina, n)o &icou imermeá"el 7s in&luIncias d o outro lado do 9eno. 0m todo caso, o
romantismo dessa gera()o á * menos &also que o da grande óeraQ. Charles >D &oi, quando e'ecutada ela rimeira "e%, um acontecimento :aint2:ans, que tinha ent)o M@ anos de idade, data"a daquele dia uma no"a *oca da música &rancesa. Roe em d ia, a obra lembra2nos as igreas em &also estilo neogótico que a de"o()o hiócrita da sociedade burguesa do temo de /aole)o mandou construir em todas as esquinas de Paris remodelada elo re&eito Raussmann. Os oratórios /a (1dem!tion =1EEMD e Mors e ,ita =1EE>D s)o obras de um músico católico bem2intencionado, que está acostumado a escre"er ara os cantores e as bailarinas d a grande óera de Paris. `... Hentro das tradi($es do teatro l!rico arisiense mante"e2se L*o H0LJ0: =1EGB 1E?1D seu bailado Co!!elia =1EF@D assa"a or insuerá"el em "er"e r!tmica, at* a chegada, em Paris, do Jal* russo. :ua óera /akm1 =1EEGD te"e o encanto de um e'otismo ligeiro. /)o comreendemos bem, hoe em dia, o sucesso dessa obra na *oca. Pois Carmen á ocua"a, ent)o, o alco. D M morreu cedo. /)o te"e o temo ara desen"ol"er suas &or(as. /o entanto, sua e"olu()o &oi ráida e surreendente. /es ![cheurs de !erles =1EBGD, óera e'cessi"amente rom8ntica, /a 6olie fille de 5erth =1EBFD, de um &olclorismo meio &also, D6amileh =1EFMD de e'otismo du"idoso, anda se mant*m, todas as trIs, no reertório, orque s)o de Ji%et or causa da obra que "eio deois. 3as ent)o, ningu*m suseitaria que esse melodista ligeiro daria logo uma obra2rima Carmen =1EF>D. A estr*ia &oi, como se sabe, um &racasso. O úblico conser"ador e burguIs escandali%ou2se com a suosta licenciosidade do libreto e do ael rincial# a cr!tica censurou, incomreensi"elmente ara nós, o sin&onismoQ da obra. Ji%et morreu no mesmo ano, sem adi"inhar o imenso sucesso osterior, internacional, da ó era. Carmen tornou2se logo e continua at* hoe a obra mais conhecida do reertório em todos os a!ses. a% arte do atrim4nio musical dos que entendem de música e dos que n)o entendem de música. /ada * mais di&!cil do que &ormar, hoe, oini)o imarcial com reseito a Carmen. Ji%et &oi um ecl*tico que recebeu e aceitou in&luIncias de todas as artes, de . 0. stel, &i4et und Carmen, Jerlim, 1?MF. P. LandormS, &i4et , Paris, 1?M?. K. Hean, &i4et , Londres, 1?E. R. 3alherbe, Carmen, Paris, 1?>1. 1
in&luIncias ^agnerianas. A música de Carmen tamb*m * uni&icada aenas elo e'celente libreto, altamente dramático. Pois há nela elementos de sentimentalismo 7 maneira de loto^ =o ael de 3icaelaD e ritmos t!icos de oereta =o ael do TourinhoD. ;á &oi mesmo chamada de oereta sangrentaQ. 3as ao lado desses d e&eitos re"alecem muito as altas qualidades a ine'ced!"el "er"e r!tmica, os contornos &irmes da melodia, que logo se gra"a na memória, a cuidadosa elabora()o das grandes cenas dramáticas, o moti"o de CarmenQ ou moti"o da morteQ, genialmente in"entado. Logo deois do &racasso do úblico e da cr!tica quando da estr*ia, essas altas qualidades &oram reconhecidas or todos, menos elos ^agnerianos, cua resitIncia te"e moti"o s*rio. Pois Carmen &oi e'altada como a obra2rima anti2KagnerQ mediterr8nea, luminosa e artisticamente le"e, em oosi()o ao drama musical nórdico, nebuloso e esado. oram, estranhamente, menos os &ranceses do que os alem)es que &i%eram essa roaganda. /a ran(a e nos outros a!ses l atinos, Carmen &oi um sucesso oular. /a Alemanha, "irou tese &ilosó&ica. /iet%sche, que ou"ira a óera ela rimeira "e% em
A "ida de 1, signi&ica a glória internacional. Hesde ent)o, "itórias se sucedem 7s "itórias +l "rovatore, /a "raviata, 8n ballo in maschera# at* 'ida, encomendada ara a &esta internacional da abertura do canal de :ue%. -erdi, rico e cansado, retira2se ara a "ida calma na sua chácara de :antX_gata. Anos deois, surreende o mundo com as duas grandiosas obras de "elhice, Otello e 2alstaff , esta sua rimeira óera2c4mica =deois daquele &racasso na mocidadeD, obra2rima de um octogenário. -enerado como grande sábio da na()o, morreu com EE anos de idade, dei'ando seus milh$es a institui($es caritati"as ara músicos obres de origem humilde. -erdi * uma das ersonalidades mais simáticas em toda a história da música. Romem ásero e intratá"el, da maior intoler8ncia quando se trata"a da reali%a()o dos seus sueriores obeti"os art!sticos, &oi nature%a generosa, ótimo amigo, li"re de in"eas e ciúmes, de grande retid)o de caráter e d e natural sabedoria da "ida. O &ato mais estuendo * a e"olu()o coerente, semre ara cima, da sua arte. Pouco nos interessam hoe as rimeiras obras, embora as aberturas ainda aare(am em concertos oulares. :abucco =1EMD e + /ombardi alla !rima crociata =1EGD "enceram elas alus$es atrióticas no te'to dos libretos hi stóricos e ela "er"e r!tmica dos coros. Rá nessas obras um ouco do Mos in Egitto e do Guillaume "ell de 9ossini e, tamb*m, da Muette de 5ortici , de Auber. O rimeiro trabalho de cunho essoal * Ernani =1ED que na tália ainda está no reertório o libreto, tirado do drama de -i ctor Rugo, e a música indicam o caminho ara o romantismo &rancIs, cua mistura de imagina()o &antástica e realismo brutal agradou ao comositor. Os contemor8neos n)o erceberam, arece, os "alores musicais encerrados em Macbeth =1EF# libreto tirado da trag*dia de :haeseareD e /uissa Miller =1E?# libreto tirado da trag*dia de :chill erD. O sucesso mundial "eio com (igoletto =1E>1D, trans&orma()o hábil de /e roi s0amuse de -ictor Rugo as grandes árias de coloratura de MD &oi encontrado num drama de GD o úblico estranhou, no rimeiro momento, o realismo do libreto, da trag*dia da Dame au# cam1lias de Humas ilho# só ouco deois "eio o sucesso da obra no mundo inteiro, sedu%ido elo 1
C. Jeillague, ,erdi , Paris, 1?11. A. Keissmann, ,erdi , :tuttgart, 1?MM. . Jona"ia, ,erdi , O'&ord, 1?G@. . ToSe, Giuse!e ,erdi his /ife and >orks, Londres, 1?G1. C. 1. r. Abbiati, Giuse!!e ,erdi , "ols., 3il)o, 1?>?. r. Kaler, the Man ,erdi , Londres, 1?BG.
sentimentalismo sincero das melodias magistralmente in"entadas. oi quase igualmente grande a reercuss)o de 8n ballo in maschera =1E>?D, enquanto a &orte música de Simone &occanegra =1E>FD at* hoe n)o &oi de"idamente areciada. :ó mais tarde incororou2se de&initi"amente ao reertório /a for4a del destino =1EBMD, tirada de um dramalh)o do rom8ntico esanhol 9i"as, óera que cenas de *ssimo gosto alternam com outros, de grande e'ressi"idade dramática. Todas essas óeras continuam at* hoe sendo as mais reresentadas do reertório internacional. O número das suas reresenta($es, no mundo inteiro, * anualmente muito suerior ao número das reresenta($es de 3o%art ou Kagner# cometidores s*rios s)o só Carmen e Puccini. A conclus)o arece e"idente s)o obras ao gosto do úblico musicalmente menos educado# ois caracteri%am2se ela erturbadora abund8ncia de melodias que se gra"am na memória, elo au*rrimo acomanhamento orquestral e ela brutal &or(a dramática. /ada * mais &ácil do que dei'ar de erceber as grandes id*ias musicais, de "erdadeira trag*dia musical, que se encontram em certos trechos. Teriam sido meros achados de um gInio instinti"o 3as -erdi desmentiu essa hiótese cheio de sucesso, honras e dinheiro, abandonou o caminho at* ent)o seguido ara desen"ol"er aqueles esarsos elementos di&erentes, embora correndo o risco de erder seu úblico. 6uase o erdeu com Don Carlos =1EBF# libreto tirado da trag*dia de :chillerD. /ingu*m arece ter notado, na *oca, a grandiosa &or(a da caracteri%a()o sicológica dos ersonagens# a cr!tica só registrou -erdi no caminho da grande óera histórica de 3eSerbeerQ. O mestre sabia que n)o tinha sentido escre"er outros (igolettos e outros "rovatores# que a óera recisa"a de uma reno"a()o. Procurou essa reno"a()o em grandes assuntos históricos, menos rom8nticos do que genuinamente trágicos. A encomenda de escre"er uma óera ara as &estas da inaugura()o do canal de :ue% &orneceu2lhe um assunto assim, de um mundo remoto cuo estilo hie rático ser"iu bem ara discilinar o romantismo inato do comositor. N a dmirá"el, em 'ida =1EF1D, a s!ntese de melodia italiana e de um e'otismo discreto que só &ortalece os contornos da in"en()o melódica# a s!ntese * conseguida atra"*s do no"o ael, quase sin&4nico, da orquestra, que dei'a de ser mero instrumento de acomanhamento das árias e d uetos ara tornar2se a base do acontecimento musical no alco. oi isto que assustou, na *oca, um anti^agneriano com Jurchardt e muitos outros, que temeram erder o grande aladino da óera 7 antiga. -ingaram2se, %ombando da música sacra oer!sticaQ do (1quiem =1EFD, que -erdi escre"eu ara o rimeiro ani"ersário da morte do grande romancista Alessandro 3an%oni. A obra &oi e'ecutada na 0uroa inteira nas salas de concerto como se &osse uma no"a sensa()o oer!stica do mestre, embora &ora do alco. Rans "on Juelo^ gritou contra a blas&Imia musicalQ desse r*quiem# mas oucos anos mais tarde se retratará. O (1quiem de -erdi * escrito or um grande in"entor de melodias italianas e no estilo das missas de RaSdn. N o último &ruto da música sacra !talo2"ienense. :uera todas as obras desse estilo, inclusi"e o bel!ssimo e como"ente mas muito mais modesto (1quiem de 3o%art, ela &or(a dramática =concess)o que de"emos &a%er 7quele estiloD e elo maior !meto emocional, e'ress$es &ulminantes de uma &* que surreende nesse "elho garibaldiano e li"re2ensador# mas * semre assim, os li"res2ensadores latinos "iram s*rios in articulo mortis. O tratamento magistral da orquestra que n)o só acomanha, mas tamb*m comleta o canto, rodu% momentos de re"ela()o sacra que lembram Randel. Parecia o &im digno de uma carreira gloriosa. O mestre retirou2se. Tre%e anos de silIncio. Heois, -erdi deu, em colabora()o com seu no"o libretista, o comositor Joito, o Otello =1EEFD, sua maior trag*dia musical, a única obra do s*culo que ode manter2se,
em certo sentido, ao lado do "risto e +solda. 3as surresa maior &oi 2alstaff =1E?GD, sua rimeira óera2c4mica, escrita or um octogenário em estilo inteiramente no"o, mais cInico que melódico, e cheia de humor suerior de um homem muito "elho e sábio. As 5e44i sacri =1E?ED, sobretudo o Stabat Mater e o "e Deum, &oram um e!logo digno. `... /)o se nega, sobretudo 7s óeras da segunda &ase, a "ulgaridade dos ritmos e a obre%a do acomanhamento. Pois -erdi subordina a arte 7 e'ress)o dramática, que "irou brutal orque o comositor * &undamentalmente realista. Roe em dia á n)o ercebemos a audácia de certas id*ias dramáticas suas. A óera, at* ent)o, só trata"a de ersonagens nobres e mulheres bonitas em ambiente histórico ou mitológico. 3as -erdi colocou no centro de (igoletto um corcunda. 0m /a "raviata, a hero!na * uma rostituta# e usam2se, ela rimeira "e% na história da óera, traes modernos, contemor8neos, no alco. 0sse realismo de -erdi n)o tem nada que "er com o do romance do seu temo, com Jal%ac, laubert ou \ola. N o realismo brutal, deliberadamente e'agerado, dos rom8nticos &ranceses. 0sse romantismo insira e ilumina o mundo de -erdi, que n)o * menos neo2rom8ntico do que o de Kagner. Aenas os ideais s)o di&erentes. A obra de -erdi baseia2se em &irmes con"ic($es morais e religiosas, embora n)o seam as da tradi()o crist), mas as do romantismo ol!tico e humanitário do (isorgimento. Os ólos dial*ticos desse mundo s)o, con&orme a e'ress)o &eli% de :toessinger, o ra%er e a &idelidade, o go%o e o so&rimento, a obceca()o e a re"ela()o da "erdade, o sacri&!cio e a "itória. -erdi simati%a sobretudo com as "!timas, os humilhados e os o&endidos 9i goletto, A%ucena, -ioletta, Al"aro, Aida. Os destinos deles culminam nos grandes finales trágicos# só o finale de 2alstaff re"ela, humoristicamente, a irrealidade desse mundo. O essimismo de -erdi n)o * menos ro&undo que o do autor de "risto e +solda. :ua obra * creúsculo dos &alsos deuses que martiri%am o gInero humano. N isto que ago sabe amaldi(oa a Cria()o como burla de mau gosto. 3as alsta&& reconhece o mundo como burla de bom gosto. :emre há uma lu% no meio das tre"as. N o amor, que se re"ela nos grandes duetos eróticos. N a bont, o ideal do (isorgimento cuo músico o&icial e idolatrado &oi o atriota -erdi, ao onto de seu nome, -09H, ser"ir aos consiradores como sigla de -ittorio 0mmanuele 9 HXtaliaQ. Amor, bondade, ami%ade, na()o, liberdade, eis os ideais. :e n)o &or oss!"el sua reali %a()o neste mundo, aarecem elo menos nas grandes cenas de agonia =
C. 9icci. 'rrigo &oito, 3il)o, 1?1?.
essas duas óeras continuem no reertório rotineiro. :)o menos óeras do que grandes oratórios, embora reresentados com cenário. Obras ara &esti"ais. At* ent)o, a óera italiana semre se irradiara elo mundo inteiro, sem receber, or sua "e%, in&luIncias sens!"eis do estrangeiro. Rou"e e'ce($es dessa regra a in&luIncia de E anos ao I'ito mundial daquela obra sem conseguir, amais, outro sucesso igual, embora na tália ainda se reresentem +ris e /0ami 2rit4 . 3as Cavalleria rusticana continua sendo uma das e(as mais queridas do grande úblico, gra(as 7 brutalidade dos e&eitos dramáticos e gra(as 7 "i"acidade das melodias &olclóricas que deram aos ou"intes de 1E?@ um agradá"el frisson V isto ainda e'iste no meio da rória 0uroa ci"ili%adaQ V enquanto o úblico de hoe bate almas orque aquilo * bem t!ico de óeraQ, assim como a entendem. Por "olta de 1?@@, alguns acredita"am ter encontrado em 3ascagni o gInio mediterr8neoQ, o anti2Kagner. 3as tamb*m um ^agneriano s*rio como 3ahler entusiasma"a2se ela obra, na qual o &ilóso&o Otto Keininger alegou ter descoberto ro&undidades de meta&!sica do amor. Roe * Cavalleria rusticana um númeroQ de rotina nas casas de óeras. /)o &oi reudicada ela sua dimens)o redu%ida V n)o dá ara encher uma soir1e V orque se achou outra óera curta ara acomanhá2la ermanentemente + 5agliacci =1E?MD, de 9uggiero L0O/CA-ALLO =1E>E1?1?D. 3ais uma oereta sangrentaQ, de muito e&eito teatral# elo menos uma cena, a antomima de Col ombina, * elaborada com arte musical mais &ina do que qualquer cena de 3ascagni# em comensa()o, Leonca"allo n)o tem nada da "er"e &olclórica do outro. /o resto, seu d estino &oi o mesmo o de nunca mais obter, com obras, sucesso semelhante. O "erismo musical italiano, gra(as ao seu sucesso mundial, encontrou imitadores em toda a arte. 3as os triun&os daquela *oca, como "iefland , do grande ianista HXAlbert, est)o hoe esquecidos. :ó se mant*m no reertório uma óera de um "erista &rancIs /ouise =1?@@D, de BD# graciosa e esirituosa interreta()o de um te'to naturalista, com lirismo n)o muito distante da maneira de 1
<. Jastianelli, 5ietro Mascagni , /áoles, 1?1@.
3assenet. N digna de nota essa &ei()o mais l!rica, mais &ina, que o "erismo assumiu na átria de \ola. 0 essa maneira n)o odia dei'ar de reercutir, or sua "e%, na tália d e 1?@@, que era ent)o uma ro"!ncia esiritual da ran(a# onde se liam mais os li"ros &ranceses que os li"ros italianos. O reresentante desse &ranco2italianismo * E1?MD 1. :ua biogra&ia * um interessante romance, cua leitura nada contribui, or*m, ara a usta arecia()o da sua música. N uma história de come(os modestos, de triun&os &abulosos e lucros dignos de um grande industrial# e um triste &im, na solid)o,em comanhia de uma doen(a terr!"el. Puccini &oi um músico altamente dotado, genial in"entor de melodias, dono de &ina cultura musical e de uma linguagem ersonal!ssima. Traiu sua arte. :acri&icou tudo ao sucesso comercial. Te"e castelos, mulheres, milh$es, orque "endera a alma. :ó as circunst8ncias históricas li gam seus come(os aos do "erismo de Leonca"allo e 3ascagni# e n)o te"e rela($es com a arte de -erdi. As origens da sua arte s)o &rancesas e, or mais estranho que are(a, alem)s. Admira"a o romantismo de Keber. Adotou a t*cnica do leitmotiv , de Kagner. Tratou a orquestra com &inura e sensibilidade. 3as tornou2se &ornecedor de melodias ara a boate e ara o bar do hotel de lu'o. Os cr!ticos italianos &oram os rimeiros que lhe denunciaram o comercialismo a ser"i(o das grandes casas de e'orta()o oer!stica de 3il)o. Lamentaram o internacionalismo da sua linguagem musical. Heloraram seu sucesso como sintoma da decadIncia da música italiana. nsistiram na incomatibilidade da sua rodu()oQ com o conceito aristocrático de arte. :ó recentemente come(a a esbo(ar2se uma rea()o &a"orá"el. Admite2se que escre"eu dramalh$es# mas tamb*m se cita, a roósito, o "erso de 3usset 30adore le m1lodrame o< Margot a !leur1. O cr!tico italiano -igolo citou esse "erso ara e'licar ou usti&icar o sucesso ermanente de "osca =1?@@D, que * uma trag*dia de cinemaQ, ela brutalidade melodramática e elo brilho de duas ou trIs grades árias. -alores musicais muito sueriores est)o encerrados em /a &ohme =1E?FD# mas n)o a estes de"e a obra o sucesso ermanente e, sim, ao sentimentalismo barato. N &ácil ro"ar esse &ato. Pois Manon /escaut =1E?MD, que tem as mesmas qualidades, só se mant*m recariamente no reertório e só na tália# n)o ode cometir, no estrangeiro, com a Manon de 3assenet. Madame &utterfl% =1?@D, e'cesso de sentimentalismo e e'otismo &alsos, * uma coluna do reertório internacional. O onto mais bai'o &oi atingido em /a 2anciulla del >est =1?1@D, escrita esecialmente ara o úblico norte2americano. /)o &oi um sucesso. Ha! em diante Puccini &e% tentati"as de recuerar2se. 9e"elou as suas melhores ossibilidades, as tiicamente italianas, na curta óera2c4mica Gianni Schicchi =1?1ED, tal"e% sua obra2rima. :eria di&!cil mani&estar2se de maneira t)o ositi"a quanto a "urandot , que &icou incomleta =reresentada em 1?M, comletada or Al&anoD. Certamente, essa obra * mais chinesaQ do que Madame &utterfl% &oi aonesaQ. 3as ercebe2se claramente a linha direta que "ai da relati"a altura de "urandot ara a absoluta lan!cie de uma oereta como O 5aBs do Sorriso de Lehar. ;á disse um cr!tico malicioso Puccini * o -erdi da equena burguesia# o Puccini da equena burguesia * LeharQ. /um distante &uturo, quando a *oca de 1?@@ arecerá t)o remota como hoe ara nós o s*culo +-, só sobre"i"er)o de Puccini algumas arie antiche. 1
. Torre&ranca, Giacomo 5uccini e l0o!era interna4ionale, Turim, 1?1M. A. Keissman, Giacomo 5uccini , 3unique, 1?M1. <. 3onaldi, Giacomo 5uccini , 3unique, 1?M1. <. 3onaldi, Giacomo 5uccini e la sua o!era, 9oma, 1?M. A. raccaroli, /a vita di Giacomo 5uccini , 3il)o, 1?M>. C. 3osco, Giacomo 5uccini , 3il)o, 1?B1.
Outro "erista a&rancesado &oi Umberto <O9HA/O =1EBF21?ED, cua óera 'ndr1a Ch1nier =1E?BD "i"e na memória de uma gera()o mais "elha gra(as 7 "o% de Caruso. ontes di&erentes alimentaram a arte de 0rmanno KOL2099A9 =1EFB1?ED da arte do ai, sólida cultura musical a cadImica, alem)# da arte da m)e, o es!rito de -ene%a, onde o comositor assou a maior arte da "ida, como diretor do Liceo Jenedetto 3arcello# mas tamb*m esta"a em casa em 3unique e :al%burgo. :eu ideal &oi a trans&igura()o musical da com*dia de
Obras comletas, MB "ols., 0di()o de
orquestra, de origem muito humilde. Passou a in&8ncia em ambiente roletário. Come(ou a "ida como músico "iaante, tocando em ta"ernas e acomanhando em concertos "irtuoses du"idosos. 3ostrou algumas comosi($es a :chumann, ent)o á em sua última &ase# mas o ouco que o mestre "iu basta"a ara diagnosticar o gInio e aresentá2lo ao mundo num artigo cheio de entusiasmo. Hesde ent)o e at* o &im da "ida Jrahms &icou ligado 7 memória de :chumann e, or um amor t!mido e nunca declarado, 7 "iú"a Clara. 3as n)o se ulga"a obrigado a continuar o caminho do mestre. Para corresonder 7s e'ectati"as ro"ocadas or aquele artigo V gra"e resonsabilidade que teria su&ocado um menos &orte V o raa% de M@ anos suerou o romantismo inato, discilinando2o elo culto se"ero da &orma clá ssica de Jeetho"en e, mais tarde, de Jach. Ao lado do seu amigo ;oachim entrou na luta contra Lis%t. 3as aos insultos grosseiros de Kagner resondeu com admira()o elos Mestres-Cantores. 0m -iena encontrou seu lar de&initi"o, de celibatário que &ala "a cinicamente das mulheres orque lhe insiraram timide%. -i"eu no ambiente &austoso da burguesia "ienense, dos temos mais róseros da caital imerial. -irou homem abastado. Cumularam2no de honrarias e homenagens. Aceitou2as, sem transigir amais com a &ri"olidade do ambiente. oi um homem se"ero, dedicando a "ida toda 7 a rte se"era. oi homem ásero, intratá"el# mas n)o inacess!"el. :ua música arecia dura a muitos# e ainda arece assim a alguns. /)o se abre logo nem com &acilidade. N reciso arender a ou"ir Jrahms. 6uem lhe recusar esse estudo, erderia o acesso a um atrim4nio esiritual que só oderia desaarecer com nossa música toda e com a nossa ci"ili%a()o. /a mocidade Jrahms &oi rom8ntico. 3as só subsistem oucas obras rom8nticas suas orque Jrahms tinha, tamb*m em anos osteriores, o hábito de destruir os originais que n)o resistiram 7 sua se"era autocr!tica# calcula2se que só ossu!mos a metade daquilo que escre"eu. Hesse modo, uma das suas rimeiras obras ubl icadas, a Sonata !ara !iano em f; menor O!.T =1E>GD, á n)o * uma obra roriamente rom8ntica. N obra clássica no sentido em que o s)o as sin&onias rom8nticas de 3endelssohn ou os quartetos rom8nticos de :chubert a &orma, discilinando a emo()o. 3as em Jrahms, a emo()o * muito mais &orte, at* temestuosa, e a &orma * muito mais se"era. A Sonata O!.T * a maior sonata ara iano que se escre"eu deois de Jeetho"en e a única, escrita or outro comositor, que sea digna do mestre do gInero. A ro&ecia de :chumann á esta"a con&irmada. `... A maior obra da rimeira &ase de Jrahms * o Quinteto !ara !iano e cordas em f; menor , O!.L =1EGD, o mais belo e'emlo do gInero deois do quinteto de :chumann# mais "iril que este último, com inesquec!"eis temas &olclóricos no melancólico mo"imento lento e no o"ial!ssimo scher%o. Algo como um resumo da e"olu()o estil!stica de Jrahms * o "rio !ara !iano e cordas em si maior , O!.U ois &oi escrito em 1E>, quando o comositor tinha M1 anos de idade, mas inteiramente remodelado em 1E?1, quando tinha >E anos e á n)o lhe resta"a muito temo ara "i"er. O estudo atento dessa obra * indisensá"el ara quem desea realmente conhecer Jrahms e seus rocessos de cria()o. `... Walbec, 3ohannes &rahms, "ols., Jerlim, 1?@1?1. P. LandormS, &rahms, Paris, 1?M@. A. 0hrmann, 3ohannes &rahms. >eg >erk und >elt , Lei%ig, 1?GG. W. orks, Londres, 1?GB. K. e P. 9ehberg, &rahms, \urique, 1?F. P. Latham, &rahms, Londres, 1??.
Heois, uma longa s*rie de obras de música de c8mara, todas elas de rimeira ordem os Quartetos !ara cordas em d7 menor e l; menor O!.TR =1EFGD e em si bemol maior O!.X =1EF>D# os Quintetos !ara cordas em f; maior O!.UU =1EMMD e em sol maior O!.RRR =1E?@D, estes últimos tal"e% suas maiores obras camer!sticas# o Quarteto !ara !iano e cordas em d7 menor =1EF>D# o "rio !ara !iano e cordas em d7 maior O!.UX =1EEMD# o "rio !ara !iano e cordas em d7 menor O!.RVR =1EEBD. :)o as obras mais caracter!sticas de Jrahms de rigorosa e strutura arquitet4nica# de asecto melódico ásero =n)o cantamQD# música absoluta, sem qualquer insira()o literária, e"itando a mani&esta()o direta da emo()o. 3as o mestre cantaQ nas suas trIs Sonatas !ara violino e !iano n.R em sol maior O!.XU =1EF?D, que aro"eita, 7 maneira schubertiana, o tema da CanJo da Chuva n.K em l; maior O!.RVV =1EEBD# n. em r1 menor O!.RVU =1EEED. :)o as mais belas sonatas ara o instrumento deois das de Jeetho"en. 0n&im, um número muito grande de lieder , ro&undamente sentidos. Para citar só os maiores Sa!!hische Ode =Ode S;fica, 1EED# >ie Melodien =Como Melodias, 1EEBD# +mmer leiser =ird mein Schlummer =Cada ,e4 Mais /eve ,ira meu Sono, 1EEBD# 'uf dem $irchhof =:o Cemit1rio, 1EEBD. /esses lieder o mestre t)o retra!do abriu seu cora()o, cantando em linguagem melódica de cunho incon&undi"elmente essoal a melancolia de sua solid)o e da "elhice que se aro'ima. A última &ase de Jrahms n)o * t)o e'atamente searada da segunda &ase como no caso de Jeetho"en# uma ou outra obra desse no"o estilo á &oi escrita anos antes. Tamouco * oss!"el caracteri%á2la em oucas ala"ras, orque a mudan(a, or mais radical que sea, n)o * unilateral. Por um lado, Jrahms ermite2se e&us$es rasódicas que sua autocr!tica n)o teria tolerado em &ases anteriores# n)o se trata, e"identemente, de rela'amento, mas de e'los$es de um temeramento que &oi durante muito temo se"eramente rerimido =o caso lembra os oemas da "elhice de ]eatsD. Por outro lado, a arte de Jrahms torna2se deliberadamente arcaica, emregando recursos r*2clássicos e &ormas de Jach, 7s quais a áseraQ in"en()o melódica do mestre se adata er&eitamente# mas *, e"identemente, um Jach assim como o comreendia a segunda metade do s*culo ++. Haquele estilo rasódico s)o e'emlos as últimas obras ian!sticas de Jrahms, tal"e% suas maiores os "r[s interme44i , O!.RXX =1E?MD e os Sechs Stuecke =Seis 5eJasD, O!.RRU =1E?GD, que termina com uma Chacona =outros acreditam reconhecer uma 5assacagliaD, grandiosamente obstinada como o ritmo imlacá"el da morte. 0stes e aqueles elementos se encontram reunidos no Quinteto !ara clarinete e cordas em si menor , O!.RRT =1E?1D, de eu&onia e arquitetura er&eitas, dir2se2ia mo%artianas, interromidas or um mo"imento rasódico, de oesia sel"agem. A Sinfonia no.L e o Quinteto com clarinete s)o das maiores obras musicais do s*culo ++ e de todos os temos. 3as ainda os sueram os ,ier ernste Gesaenge =Quatro CanJYes S1rias, 1E?BD, de se"er!ssima declama()o melódica dos te'tos as trIs rimeiras can($es, sobre "ers!culos do 0clesiastes, de essimismo abismal, deseserado# a quarta, eseran(osa, sobre um te'to do aóstolo :)o Paulo. N a última obra de Jrams, escrita quando ele á ressentia a aro'ima()o da morte# e tal"e% a maior. Ocorre, a roósito de Jrahms, um "erso do grande oeta esanhol Antonio 3achado So% cl;sico o rom;nticoI :o s1. A obra do mestre ode ser interretada desta ou daquela maneira. A resosta seria a de&ini()o de
outrem. :eu beetho"enianismo n)o * eig4nico. :ua música d e c8mara reali%a o que :chubert ideara e n)o chegara a cumrir. :eu estilo JachQ * li"re e no"o. /)o * um maPtre-co!iste# * um mestre, e dos maiores. `... Jrahms tem e'ercido in&luIncia maior do que se ensa. Tra(os dela se descobririam onde ningu*m os suseita na obra de :choenberg e dos seus disc!ulos# e no neoclassicismo deliberadamente arcaico de alguns dos di sc!ulos de :tra"insS. Tamb*m * incalculá"el V orque * di&!cil "eri&icá2la V a in&luIncia que a t)o &req5ente audi()o das obras de Jrahms e'erce sobre "ários gruos de comositores e sobre a &orma()o do gosto do úblico contemor8neo. 3as o e'emo de 9eger demonstra que n)o oderá ou n)o ode ha"er um Jrahms do s*culo ++. O mestre n)o &oi e!gono. 3as tornam2se e!gonos os que retendem deliberadamente segui2lo. :ua arte * inimitá"el. N, como disse Juchardt sobre *ocas &inais da história uni"ersal, a lu% de um nobre outonoQ. Os e!gonos de Jrahms, entre os seus contemor8neos e disc!ulos, est)o hoe quase todos esquecidos. :al"a2se uma ou outra obra isolada, como o belo Concerto !ara violino e orquestra em sol menor =1EBBD, de 3a' J9UCR =1EGE1?M@D, que continua sendo muito e'ecutado# a abundante rodu()o "ocal desse comositor á desaareceu do reertório. O último brahmsiano * o húngaro 0rnst "on HOR/_/] =1EFF1?B@D, grande ianista, que encontrou úblico ara suas comosi($es rincialmente na nglaterra ali e'ecutam, ainda, sua Sinfonia em r1 menor e as esirituosas ,ariaJYes sobre uma CanJo +nfantil , ara iano e orquestra# como húngaro, esse acadImico n)o escaou, aliás, 7 in&luIncia de Lis%t# e esse camarada mais "elho dos "anguardistas Jartó e WodálSi tamb*m á conheceu a arte de HebussS. A 0 : C O L A H 0 9 A / C W A desgra(a de Jerlio% &oi seu isolamento, como músico rincialmente instrumental, num ambiente, numa sociedade que só arecia"a a música de teatro. /os concertos sin&4nicos culti"a"a2se, ara um úblico limitado, a arte alem) do assado. Hos contemor8neos só se admitia a rodu()o dos grandes "irtuoses, que continua"am a tocar, com re&erIncia, suas rórias obras. Assim o c*lebre "iolinista Renri -0U+T03P: =1EM@1EE1D, do qual sobre"i"e, elo menos, o Concerto !ara violino e orquestra no.T em l; menor =1E>ED# recentemente tamb*m &oi desenterrado o rom8ntico Concerto em r1 maior =1E>D. Um "irtuose desses tamb*m &oi 0douard LALO =1EMG 1E?MD, autor de um concerto ara "iolino e orquestra, denominado Sinfonie es!agnole =1EFGD, que tem notá"el "alor musical e continua no reertório# assim como no reertório de Paris se mant*m sua óera /e (oi d0?s. Lalo n)o &oi um gInio, mas e'erceu in&luIncia de roor($es quase históricas a renascen(a da música instrumental da ran(a de"e2lhe muito. `... C*sar 9A/CW =1EMM1E?@D1, natural de Lige, &ilho de ai belga e m)e alem), esta"a destinado a "irtuose no iano. Pre&eriu, mais tarde, o ó rg)o. 0ntre 1E>? e 1EFM &oi organista da igrea :ainte Clotilde, em Paris, onde Lis%t o ou"iu, com admira()o 1
-. dXndS, C1sar 2ranck , 1Ba. ed., Paris, 1?G@. Ch. Tournemire, C1sar 2ranck , Paris, 1?G1. /. Hu&ourcq, C1sar 2rank le milieu l0oeuvre l0art , Paris, 1??. A. Colling, C1sar 2ranck ou /e Concert s!irituel , Paris, 1?>M. /. Hemuth, C1sar 2ranck , Londres, 1?>F.
ro&unda, imro"isar no instrumento. /)o &oi ublicamente reconhecido nem te"e encoraamento o&icial, aesar de ter2se naturali%ado cidad)o &rancIs. O conser"atório tamb*m só o admitiu tarde no seu coro docente, e só como ro&essor de órg)o. O sucesso &oi ouco# e só "eio nos últimos anos de "ida. 3as n)o &oi uma "ida &rustrada, orque o amor e a dedica()o, quase a de"o()o de alunos e disc!ulos lhe garantiu a sobre"i"Incia da obra. ;á se &alou, a seu reseito, em Jrahms &rancIsQ ou Jrahms católicoQ. As comara($es dessa nature%a semre claudicam. Rá no classicista Jrahms um &undo rom8ntico. ranc antes * neo2rom8ntico. Os modelos que adotou conscientemente &oram Jach e Jeetho"en, sobretudo o Jeetho"en da última &ase. nterretou2os, or*m, de uma maneira que á n)o nos arece e'ata. Pois n)o há que negar, em C*sar ranc, uma certa in&luIncia de Lis%t. Aesar do seu tradicionalismo, n)o &oi um e!gono. N muito essoal e * modernaQ sua ai')o elo cromatismo, elas modula($es incessantes. Original tamb*m * a &orma c!clicaQ que adotou, a constru()o de uma obra inteira com base em um tema único, que assa elas necessárias modi&ica($es. :)o essas articularidades que tornam t)o atrati"as suas obras, ara o ou"inte e ara o estudioso que semre descobre nelas comlica($es ineseradas e roblemas resol"idos com &elicidade. `... O sucessor de ranc * -incent HX/H] =1E>11?G1D1 &undou em 1E?, em Paris, a :chola CantorumQ, institui()o de ensino musical li"re, ara administrar a heran(a esiritual do mestre. 3as dXndS &oi caráter muito di&erente. Católico como ranc, mas tamb*m nacionalista e'tremado e reacionário, na ol!tica e na música, ho mem de intoler8ncia terr!"el e de um orgulho que sua rodu()o musical n)o usti&ica. :ua obra mais original s)o as ,ariaJYes Sinfnicas +star =1E?BD, nas quais o tema só * re"elado no &im. He certa &rescura e de insira()o g enuinamente &rancesa * a S%m!honie sur un thme montagnard franJais =1EEBD. A óera 2ervaal =1E?>D re"ela "eleidades ^agnerianas. /as m)os de dXndS, o &rancismo &icou sistemati%ado como uma escolástica musical. Contemor8neo indeendente V e, no entanto, a&im V do &rancismo &oi o nobre 1?MD, um último rom8ntico, descendente de :chumann e Choin, mas sinceramente religioso como os disc!ulos do mestre de :te. Clotilde. 0le mesmo &oi, durante anos, organista da 3adeleine em Paris. oi um grande ro&essor de conser"atório que culti"a"a, na intimidade, o 6ardin clos da sua música, tiicamente &rancesa, &echado a "eleidades modernistasQ. P4s em música o 3ardin clos =1?1ED, ciclo de lieds do oeta belga Chales "an Lerberghe. Outros ciclos seus s)o /a bonne chanson =1E?MD, te'tos de -erlaine, e /a Chanson d0Fve =1?1@D, te'tos de -an Lerberghe. N, como se "I, o comositor da oesia simbolista. Algo do intimismo do lied tamb*m há na óera 51n1lo!e =1?1GD e sobretudo na sua obra2rima, o (1quiem =1EEFD, que * ustamente o contrário do 9*quiem de Jerlio%# nada dos terrores do ltimo 3uB4o# mas no &im se acredita ou"ir o sua"e ru!do das asas dos anos do Para!so. /)o há música mais consoladora do que esta. aur* re&eriu aqueles gIneros que os oeristas tinham banido o lied e a música de c8mara. A Sonata !ara violino e !iano no.R em l; maior =1EFBD * de &rescura u"enil, encantadora. Obras de "elhice, maduras e at* de sabedoria meta&!sica, s)o o Quinteto !ara !iano e cordas em d7 menor =1?M1D e, sobretudo, o Quarteto !ara cordas em mi menor =1?MD. aur* &oi um mestre 1
L. Jorge', ,incent d0+nd% sa vie et son oeuvre, Paris, 1?1G. /. Hemuth, ,incent d0+nd% Cham!ion of Classicism, Londres, 1?>1.
deliberadamente antiquadoQ# sua obra tem "alor e'tratemoral. Um !endant inglIs do &rancismo * a música de sir 0d^ard 0LF1?GD 1, que &oi saudada como a renascen(a da arte de Purcell e Randel, erdida há s*culos na ilha. O oratório "he Dream of Gerontius =1?@@D * obra caracter!stica da segunda religiosidadeQ =:englerD do fin du sicle# mas n)o há nela nada de decadente, antes uma s) &or(a brit8nica. /o entant, 0lgar * um e!gono. 0scre"eu um bom Concerto !ara violino e orquestra em si menor =1?1@D. O Concerto !ara violoncelo e orquestra =1?1?D * como"ente elegia sobre as "!timas da Primeira 1?1MD, cuo oratório 2ranciscus =1EEED &oi or "olta de 1?@@ muito e'ecutado e elogiado. At* na tália de 3ascagni e Puccini surgiu na mesma *oca um reno"ador da arte do oratório Loren%o P09O: =1EFM1?>FD, autor de obras como 5assione di Cristo =1E?FD, "rasfigura4ione di Cristo =1E?ED, (issure4ione di /a4aro =1E?ED e "árias outras, semelhantes. A simlicidade litúrgica de sua linguagem musical encantou os contemor8neos, inclusi"e o aa Pio +# só mais tarde se ercebeu a "eia teatral desse comositor2sacerdote, des"iado or engano "ocacional ara a música sacra# o reconhecimento do erro e se"eras re&ormas da música litúrgica ela :anta :* condenaram2no, deois de sucessos quase sensacionais, a uma longa noite de eclise e esquecimento. /)o se ode du"idar da sinceridade religiosa de um Perosi ou dos &rancianos &ranceses e belgas nem da insira()o religi osa dos oratórios de 0lgar. /o entanto, essa música sacra de 1?@@ nos dá hoe imress)o singularmente ro&ana. Os recursos t*cnicos e harm4nicos desses comositores eram incomat!"eis com o es!rito litúrgico dos te'tos# &oi este, aliás, o moti"o da re&orma ela qual o aa Pio +, assistido or Perosi e outros, e'cluiu do culto toda música instrumental, recomendando a "olta ao coral gregoriano. Aquela incomatibilidade entre a religi)o dos disc!ulos de ranc e a sua t*cnica ro"ocou uma gra"e crise# contribuiu ara tanto a in&iltra()o da música ^agneriana nos c!rculos intelectuais da ran(a, inclusi"e na :chola Cantorum. O rório C*sar ranc, nos últimos anos de "id a, con&essou2se &ortemente imressionado or "risto e +solda, em cuo cromatismo tinha de reconhecer as e'tremas ossibilidades das suas rórias con"ic($es harm4nicas. Um dos seus disc!ulos re&eridos, Chausson, escre"eu a óera ^agneriana /e (oi 'rthus. :eu sucessor dXndS escre"eu a óera ^agneriana 2ervaal . 0 RenrS Huarc &e% a eregrina()o ara JaSreuth, ara ou"ir a reresenta()o autIntica de "risto e +solda. `... 1
K. 9. Anderson, +ntroduction to the Music of Elgar , Londres, 1??. H. 3. 3c-eagh, Ed=ard Elgar , Londres, 1?>>.
/o meio dessa crise á esta"a o último &ranciano, Albert 9OU:0LL =1EB?1?GFD M autodidata, que conheceu como o&icial da 3arinha o Oriente# estudou, deois, com dXndS. Com 9oussel come(a o imressionismo a minar e decomor as arquiteturas &rancianas. Obras de um &ranciano a"an(ado s)o as de música de c8mara e o imonente 5saume UV . O gInio construti"o re"ela2se melhor na Sinfonia no. em sol menor =1?G@D, obra caital da música &rancesa, e na bucólica Sinfonia n o.L. Obras eseci&icamente &rancesas, reno"ando um antigo gInero nacional, s)o os o!1ra-ballets 5admavAit =1?MGD e 'en1as =1?G>D. A esse reseito, 9oussel * recursos do neoclassicismo de hoe. Por outro lado, seu uso dos modosQ antigos á lembrou a um cr!tico a conhecida &rase de dXndS con&orme a qual o coral gregoriano * o &olclore musical da ran(aQ. Parece, or*m, que o uso desses modosQ &oi insirado a 9oussel elos sistemas tonais di&erentes que conhecera no Oriente, esecialmente na ndochina. 0m todo caso, a incomatibilidade desses modosQ com o sistema harm4nico de Jach2 9ameau contribuiu ara a eclos)o da crise da música rom8ntica na ran(a.
M
<. :er"ires, Emmanuel Chabrier , Paris, 1?1M. ]. Ti*not, Emmanuel Chabrier , Paris. 1?B>.
C AP ÍT U L O B
A Crise da Música Européia Por "olta de 1?@@ á "eri&icou a cr!tica, em toda a arte, um certo cansa(o de KagnerQ, quer di%er, a satura()o com música ^agneriana. oi uma crise que te"e suas ra!%es na rória obra do mestre de JaSreuth. 1E>? &oi uma data &atal na história da música euro*ia. N o ano de "risto e +solda. Kagner chegou at* as últimas ossibilidades d o cromatismo rom8ntico. /)o teria sido oss!"el ir mais longe sem atra"essar as &ronteiras do sistema tonal de Jach29ameau, &undamento da música do Ocidente. O rório Kagner recuou ara a oli&onia instrumental dos Mestres-Cantores, ara o mundo de acordesQ do 'nel dos :ibelungen e de 5arsifal . 3as n)o se ode &a%er esquecer o que aconteceu. O curso da história * irre"ers!"el. 3ais cedo ou mais tarde, a crise de 1E>? de"ia ter suas conseq5Incias, aenas retardadas. Te"e2as or "olta de 1?@@, quando a crise social e ideológica sacode os &undamentos da 0uroa. :)o os anos da ascens)o dos artidos socialistas e das rimeiras e'los$es do sindicalismo re"olucionário, que da rá li($es de t*cnica do gole de 0stado a &ascistas e comunistas. :)o os anos da crise do ensamento racionalista e materialista da &iloso&ia de Jergson e da est*tica de Croce. 0nquanto se reara muita coisa no"a, sente2se um cansa(o geral &ala2se em decadIncia. Acredita"am erceber sintomas dela em todos os setores da "ida. /a música, arecia decadente o entusiasmo de tantos comositores de 1?@@ or "risto e +solda, or essa música que /iet%sche tinha de&inido como ner"osaQ, doentiaQ, erigosamente &ascinanteQ. 3as enquanto há rogresso na história das artes, &oi realmente um rogresso esse recuo ara 1E>?# ara retomar o &io da e"olu()o onde Kagner o dei'ara cair das suas m)os de essimista neo2 rom8ntico. A crise *, em rimeira linha, alem) * a imossibilidade e"idente de continuar &a%endo música assim como Kagner a &i%era. N a situa()o dos 9eger, P&it%ner, 3ahler, 9ichard :trauss. Os rimeiros e'erimentos de suera()o da crise de"em2se a uns oucos músicos de cunho internacional Jusoni, :riabin. A suera()o da crise será obra dos sucessores e dos ad"ersários da escola de C*sar ranc, minada elo cromatismo ^agneriano. :)o HebussS e os imressionistas# e mestre 9a"el. A C 9 : 0 / A A L 0 3 A / R A 3 AR L 09 , : T 9 A U : : , P T \ / 0 9 , 9 0 < 0 9 9ecurso de eriodi%a()o, na história da l iteratura e das artes lásticas, * o teorema das gera($es a tese con&orme a qual os estilos mudam no mesmo ritmo em que se sucedem as gera($es biológicas. O ano do nascimento adquire imort8ncia t)o grande como nos horóscoos dos astrólogos. Al&red Loren% alicou esse teorema 7 história da música. 3as seu resultado, os gruos de gera($es de oli&onistas e gruos de gera($es de homo&onistas, n)o &oi geralmente aceito. :ó em casos de imossibilidade de outra classi&ica()o adota2se o crit*rio dos anos de nascimento assim aarecem na cabe(a desse ca!tulo os nomes de 3ahler =1EB@D, 9ichard :trauss =1EBD, P&it%ner =1EB?D,
9eger =1EFGD. O estudo das rea($es desses quatro mestres em rela()o ao ^agnerismo insira, or*m, outra ordem do que a cronológica come(ando com 9eger e terminando com 9ichard :trauss. 3a' 90<09 =1EFG1?1BD1 * o mais reacionárioQ dos quatro comositores. N o anti2 Kagner. Tamb*m &oi, em "ida, o anti29ichard :trauss. :ó admitia a música absoluta. Os contemor8neos chama"am2no de no"o JrahmsQ, sea ara e'altá2lo, sea ara hostili%á2lo. /o entanto, esse &ilho de camoneses bá"aros come(ou como ^a gneriano entusiasmado. :ó o ensino do se"ero teórico Rugo 9iemann con"erteu2o ara o credo Jrahms2JachQ. Combateu tena%mente os &anáticos de JaSreuth e a música de rograma, os oemas sin&4nicos de 9ichard :trauss. Te"e, como regente, con&litos "iolentos em 3unique e Lei%ig. As uni"ersidades, muito conser"adoras, aoiaram2no, con&erindo2lhe doutorados honoris causa. Como regente da e'celente orquestra mantida elo gr)o2duque de 3einingen te"e grande sucesso, em casa e em "iagens. 0n&im, &oi nomeado diretor de música da Uni"ersidade de ena. :ua rodu()o &oi enorme, &ebril, &anática, como se adi"inhasse a morte rematura. 9aramente em toda a história da música um comositor ossu!a t)o &orte talento de constru()o arquitet4nica. Pensa"a, or assim di%er, em termos oli&4nicos. :eu ro&essor 9iemman lhe tinha dito :e quiser, "ocI será u m segundo JachQ. 0ssa ro&ecia nos arece hoe e'agero absurdo. A maioria dos cr!ticos diria Um acadImico e'cecionalmente dotadoQ. Teria sido só aquilo que um cr!tico &rancIs incomreensi"o di%ia sobre Jrahms um maPtre-co!iste `... A&inal, na rodu()o imensa e desigual de 9eger há um número surreendentemente grande de obras que ermanecer)o, aesar dos de&eitos assinalados. 0 há mais um argumento caa% de reabilitar o mestre n)o &oi t)o reacionárioQ como arece. Ou antes, seu aarente reacionarismo á n)o se a&igura, hoe, t)o reacionário como em 1?1@. :uas obras bachianas e o nobre Concerto em Estilo 'ntigo =1?1MD anteciam a moda barrocaQ na música alem) de 1?M@ e 1?G@ e o neoclassicismoQ de muitos estrangeiros da mesma *oca. 0 9eger ode ter sido reacionário em tudo, menos em sua harm4nica# o oli&onismo linear le"ou2o muitas "e%es, e deliberadamente, como no Quarteto !ara cordas em f; bemol menor =O.1M1D, at* as últimas &ronteiras do sistema tonal. Um regeriano de hoe * ou seria um músico bastante moderno. Com e'ce()o de 9eger, todos os outros reresentantes da crise na Alemanha artem, desta ou daquela maneira, de Kagner# ainda :choenberg, nos seus rimeiros temos, &oi ^agneriano. 3as cada um rocura, a seu modo, sair do imasse. Para diante ou ara trás. Para trás &oi Rans PT\/09 M, um dos homens mais solitários em toda a história da música. Kagneriano or muitos moti"os e a&inidade !ntima, rocurou no entanto aro&undar o germanismoQ de JaSreuth, acrescentando2lhe qualidades t!icas do rimeiro romantismo alem)o. Ao mesmo temo atacou aseramente todo e qualquer modernismoQ que costuma"a chamar de &uturismoQ, incomatibili%ando2se, en&im, com todos, com a direitaQ e com a esquerdaQ da música. Chegou a ser boicotado. A "itória da rea()o ol!tica na Ja"iera, nos anos deois de 1?M@, le"aram2no a aceitar o cargo de 1
0. slser, Ma# (eger , \urique, 1?1F. R. Unger, Ma# (eger , 3unique, 1?M1. . :tein, Ma# (eger , Potsdam, 1?GE. 0. Otto, Ma# (eger , Kiesbaden, 1?>F. M C. Kandre, )ans 5fit4ner und das Ende der (omantik , 3unique, 1?MM. K. Abendroth, )ans 5fit4ner , Lei%ig, 1?G>.
diretor2geral de músicaQ em 3unique. Contra os modernistas, "itoriosos em outra arte, de&endeu Kagner, mas de maneira t)o agressi"a e inábil que assa"a, deois, or na%ista# o que nunca &oi. 3orreu em 1?? na e'trema mis*ria e no e'!lio. 9eger e P&it%ner, embora searados como dois mundos di&erentes, arecem ter ercorrido caminhos aralelos a&astando2se de Kagner or moti"os reacionáriosQ e chegando a regi$es al*m do cromatismo ^agneriano. :eria esta a marca da *oca 6uase se acredita, olhando2se ara o caminho do seu contemor8neo 3ahler, que "eio de ambiente t)o di"erso ^agneriano só no sentido em que o de"ia ser, &atalmente, um regente de óera or "olta de 1?@@# mas tendo recebido a li()o de Kagner atra"*s da sin&onia de Jrucner# e chegando, no entanto, 7s ortas da música de :choenberg.
oetas chineses Litaio e Kang^ei, congenialmente tradu%idas ara o alem)o or Rans Jethge. 0'ress$es de essimismo abissal em &ace da "id a e da morte que amaldi(oa# recorda($es &eli%es da u"entude e bele%a# e, como último mo"imento, uma Des!edida que * a música mais como"ente que no s*culo ++ &oi escrita. 0m torno da obra de 3ahler hou"e e há muita di"ergIncia de oini$es. O es&or(o meritório de dois grandes regentes, do austr!aco Jruno Kalter e do holandIs Killem 3engelberg, conquistaram2lhe um úblico &iel mas limitado, antes uma seita. 0n&im, re"aleceu a tese des&a"orá"el que reconhece em 3ahler a tendIncia ara o colossalQ e a segunda religiosidadeQ =termo de :englerD, t!icas dos temos da decadIncia de uma ci"ili%a()o. A &úria na%ista, banindo do reertório as obras do comositor udeu =que &ora da Alemanha e _ustria ainda n)o esta"a bastante di"ulgadoD, arecia condenar a obra ao esquecimento. Roe em dia á ressurgiu na Alemanha e na _ustria, Rolanda e 0stados Unidos, mas tamb*m na nglaterra, ran(a e tália. As oscila($es da cr!tica s)o e'licá"eis a obra de 3ahler * uma s!ntese imer&eita entre tradi()o e modernidade# imressiona como música moderna, aesar de recursos materiais que á se a&iguram obsoletos# tal"e% essa obra sea maior como sinal da crise esiritual da *oca do que como "alor uramente musical. 3as o CAntico da "erra &ica. Ao lado de 3ahler, intelectual deseserado e homo religiosus inquieto que sacri&icou a "ida 7 arte, arece 9ichard :T9AU:: =1EB1??D1 um grande oortunista, esiritualmente desreocuado e aenas ilustrando, com arte consumada, as tendIncias di"ersas e contraditórias da sua *oca. Hescendente e e'ress)o da alegre e suntuosa burguesia de 3unique, semre amante de todas as artes, te"e :trauss uma "ida cheia de sucessos e glória como diretor2geral de músicaQ =t!tulo caracteristicamente alem)oD em 3unique e Jerlim e como diretor da era de -iena e'erceu in&luIncia imensa# suas obras &oram e'ecutadas e reresentadas no mundo inteiro, esecialmente na ran(a e nos 0stados Unidos# tornou2se rico# mas a guerra e a hostilidade dos na%istas o arruinaram. 3orreu na mis*ria. A e"olu()o de :trauss &oi tortuosa n)o obedeceu a transi($es lógicas, de uma &ase ara outra# &oi o %igue%ague do oortunista, adatando a gostos e modas di"ersas sua arte consumada. Come(ou V ningu*m acreditaria V como disc!ulo de Jrahms. As rimeiras obras instrumentais, a Sonata !ara violino e !iano, o Concerto !ara trom!a e orquestra o!.RR, a &urlesque em r1 menor !ara !iano e orquestra etc., s)o música esirituosa, brilhante, de um e!gono altamente dotado# a sobre"i"Incia dessas obras, no concerto e no disco, só * de"ida o nome de :trauss# melhor &icariam esquecidas. 3as n)o con"*m condenar assim os lieds de :trauss, embora muitos deles erten(am ao mesmo er!odo. 9ueignung =Dedicat7riaD, 'llerseelen =2inadosD, Der Steinklo!fer =O &ritador D, Morgen = 'manhD, >inter=eihe =SagraJo do +nvernoD e outros semre continuar)o no reertório, bel!ssimas oesias l!ricas, 7s "e%es um ouco teatrais, romantismo meio eig4nico, meio neo2rom8ntico. /esse temo, :trauss á &oi ^agneriano. Heois de tentati"as menos bem2sucedidas de escre"er óeras baSreuthianasQ escolheu o comositor a música de rograma o oema sin&4nico 7 maneira de Jerlio%. O gInero em que o mestre &rancIs te"e t)o ouca sorte unto ao úblico, &oi ara :trauss, muito mais "ersátil, uma &onte de triun&os. Hesses oemas sin&4nicos, só dois s)o hoe e'ecutados com &req5Incia "od und 1
9. :echt, (ichard Strauss und sein >erk , M "ols., Lei%ig, 1?M@. . orks, Londres, 1?B1. 0. Wrause, (ichard Strauss,
,erklaerung =Morte e "ransfiguraJo, 1E?@D, obra solene e consoladora# e "ill Eulens!iegels lustige Streiche =Os 'legres Gol!es de "ill Eules!iegel , 1E?>D, oema abundantemente burlesco. 3erece a mesma sobre"i"Incia Don Qui#ote =1E?ED, em que um solo do "ioloncelo reresenta o ca"aleiro da triste &igura. Os outros oemas sin&4nicos de :trauss á en"elheceram bastante, inclusi"e 'lso s!rach 9arathustra = 'ssim 2alou 9aratustra, 1E?BD, ilustra()oQ musical da &iloso&ia de /iet%sche que ent)o come(ou a "irar moda, e Ein )eldenleben =8ma ,ida de )er7i , 1E??D, autoglori&ica()o algo imertinente do comositor. 3as do onto de "ista h istórico, os oemas sin&4nicos mais interessantes de :trauss s)o os rimeiros Don 3uan =1EE?D e Macbeth =1E?@D# neles, o comositor artiu do cromatismo de "risto e +solda ara chegar at* as &ronteiras do sistema tonal, assim como 3ahler, P&it%ner e 9eger em suas últimas obras. :trauss n)o continuou nesse caminho sua e"olu()o será in"ersa, reacionáriaQ. Os últimos oemas sin&4nicos de :trauss &oram a Sinfonia Dom1stica =1?@D e a 'l!ens%m!honie =Sinfonia dos 'l!es, 1?1>D enormes recursos orquestrais, os maiores amais emregados, ara descre"er uma briga em &am!lia e uma e'curs)o tur!stica. :)o obras t!icas da Alemanha do imerador D &oi um gole de mestre comosi()o integral de um te'to em rosa, embora sea a rosa o*tica de Oscar Kilde. O sucesso da obra arecia ligado 7s "eleidades decadentes e e'óticas da *oca. /o entanto, Salome sobre"i"e. /)o * música ro&unda, mas &ulgurante, brilhando em todas as cores. Teatro autIntico, seguro do e&eito. O ou"inte sem reconceitos n)o resiste a e ssa obra genial como de mocidade, mas reali%ada or um artista á maduro. Elektra =1?1@D arecia reetir os mesmos e&eitos# aenas, em "e% de um eisódio b!blico, histericamente interretado, um eisódio grego, n)o menos hist*rico. /o entanto, o ael de Cassandra n)o * reeti()o de :alom*. A segunda obra "i"e, de direito rório, como a rimeira. Heois "eio, dir2se2ia sem a"iso r*"io, a con"ers)oQ de :trauss. n&luenciado elo seu amigo, o grande oeta austr!aco Rugo "on Ro&mannsthal, o comositor internou2se no mundo meio barroco, meio 9ococó da _ustria do s*culo +-. P4s, or assim di%er, em música o no"o gosto historicista da sua *oca. O ^agneriano con"erteu2se a 3o%art. oi uma data na história da música. Der (osenkavalier =O Cavaleiro das (osas, 1?11D n)o *, e"identemente, uma tentati"a de ressuscitar a _ustria mo%artiana# se &osse, aenas teria sa!do uma adata()o ineta. Com todos os recursos da música moderna interretou :trauss o libreto que Ro&mannsthal le tinha escrito e"oca()o deliciosa, or um burguIs culto e moderno, de uma *oca de requintada ci"ili%a()o aristocrática, ara semre erdida, de "italidade abundante com uma onta de triste%a eleg!aca. N uma com*dia, muito humana, com um ensamento trágico =o en"elhecimento da marechalaD no &undo. O s*culo ++ ou"iu, deois, música mais ro&unda# mas nunca mais uma música t)o saturada de cultura e bele%a. oi, imediatamente antes da catástro&e da _ustria e da
0uroa em 1?1, uma desedida# que o &uturo n)o se cansará de ou"ir. `... ;á n)o ode ha"er dú"ida só oucas obras2rimas de :trauss sobre"i"er)o# muita música magn!&ica encerrada nas outras está condenada a desaarecer. N o re(o que o grande oortunista agou elos seus I'itos. :eu neobarroquismo tamouco * uma analogia do neoclassicismo da no"a gera()o de 1?M@# &oi um sintoma de crise, mas n)o uma solu()o. P 90CU9:O90: J U:O/ # : C9AJ/ O "erdadeiro recursor do neoclassicismo * errucio JU:O/ =1EBB1?MD, &ilho de ai italiano e m)e alem), que assou a "ida no esa(o cosmoolita entre as na($es. oi um dos maiores ianistas de todos os temos e um literato de inteligIncia aguda. Co mo ro&essor em Jerlim, entre 1E? e 1?1 e entre 1?M@ e 1?M, e'erceu grande in&luIncia na "ida musical alem). :eu concerto ara iano e orquestra =1?@D, cuo último mo"imento * um coro sobre "ersos do oeta dinamarquIs Oehlenschlaeger, assa"a or ultramodernoQ, assustando os cr!ticos. 3as Jusoni ia muito mais longe. /o li"ro Ent=urf einer neuen 'esthetik der "onkunst =EsboJo de uma :ova Est1tica Musical , 1?@BD ro4s subdi"idir a escala, substituindo os tons inteiros e os semitons or quartos de tomQ, o que signi&icaria a aboli()o dos inter"alos do cra"o bem temeradoQ e do sistema tonal. oram essas roostas que ro"ocaram os ataques de P&it%ner contra o &uturismo musicalQ. 3as o rório Jusoni n)o &e% tentati"as s*rias de reali%á2las. :ua "erdadeira ai')o, ou antes, sua mania, &oi a música de Jach, cuas obras ian!sticas toca"a com a maior er&ei()o e em estilo no"o, sem e'ibi()o rom8ntica de sentimentos, &ria e quase maquinalmente. Hessa bachmaniaQ surgiu seu neoclassicismo, tentati"a de ressuscitar no alco a música italiana do s*culo +-, n)o como coisa s*ria, mas como bailado &antástico, carna"al de máscaras e esectros. 0ssas suas obras V "urandot , 'rlecchino, Die &raut=ahl =tirado de um conto de 0.T.A. Ro&&mann, 1?1FD V n)o obti"eram sucesso. N uma arte &ascinante, cerebral, sem esontaneidade melódica e comle'a demais# oucos anos mais tarde, or*m, :tra"insS escre"erá música semelhante. Hi&erente * a grande óera Doktor 2aust , que &icou inacabada =comletada or um disc!ulo de Jusoni, o esanhol Phili ;arnachD. 9eresenta($es recentes &orneceram oortunidade ara admirar os coros grandiosos em Doktor 2aust =Husseldor&, 1?BMD e o humorismo sutil de &raut=ahl =Harmstadt, 1?BMD. 3as a maior música de Jusoni &oi certamente aquela que ideara e que nunca chegou a escre"er. A música de Jusoni está hoe surgindo do esquecimento. :eu sistema de quartos de tomQ &oi ressuscitado elo comositor tcheco Alois R_JA =1E?GD, que escre"eu nele muita música de c8mara, baseada em temas &olclóricos. Para oder alicar o sistema ao iano, &oi obrigado a mandar construir um instrumento esecial. /o ólo oosto ao neoclassicismo de Jusoni está o ultra2romantismo de Ale'ander /iolaie"itch :W9AJ/ =1EFM1?1>D1, cuo nome se tornou mais conhecido na 0uroa em transcri()o con&orme a ortogra&ia &rancesa :criabine. Autodidata como tantos outros comositores russos, tornou2se grande ianista, int*rrete magistral de Choin. Tamb*m escre"eu sonatas e muitos relúdios e noturnos em estilo choiniano. 3as algumas dessas e(as, como os relúdios O!.XL, s)o di&erentes n)o * oss!"el reconhecer a tonalidade. At* s)o &rancamente atonais. Ao cromatismo desmedido corresonde a olirritmia. 0 esses mesmos recursos no"os alicou :riabin 7 orquestra, em oemas 1
A. ;. :^an, Skriabin, Londres, 1?MG.
sin&4nicos elos quais retendeu ro"ocar, nos ou"intes, I'tases m!sticos, &ortalecidos or e&eitos de ilumina()o na sala de concertos. :)o o 5ome divin =1?@>D, a sin&onia ,ers la flamme, o 5ome de l0E#tase =1?@ED, o 5ome du 2eu =ou 5rom1th1eD =1?1GD. 0ssas comosi($es monstruosas &i%eram, durante certo temo, sensa()o na 0uroa# at*, en&im, a cr!tica e o úblico reconhecerem que se trata"a de e&eitos &riamente calculados. /o entanto, a história da música tem de registrar a in&luIncia de :riabin nos come(os do atonalismo de :choenberg. 0s!rito a&im, mas ro"a"elmente mais sincero * o russo OJUWO- =1E?MD, cua música á n)o se arece com nenhuma outra música s)o &req5entes as seq5Incias de acordes que consistem de todos os 1M tons e semitons da escala, e os glissandi "ertiginosos das "o%es. Uma obra coral de Obuo", o /ivro da ,ida =1?M>D, &oi ocasionalmente e'ecutada na 0uroa. Alguns cr!ticos a e'altaram como in!cio de uma no"a *oca na história da música. Outros ediram reseito a um talento descomunal e ainda incomreendido. 3ais outros re&eriram di%er incomreens!"el. 0 deois n)o se &alou mais no assunto. H 0 H 0 J U : : ] A 9 A- 0L Artistas e intelectuais como 3ahler e 9eger, P&it%ner e 9ichard :trauss esta"am bem conscientes da miss)o de que a *oca os incumbiu# sem chegar a cumri2la. 3as n)o esta"am igualmente conscientes do &ato de que a crise da música n)o era situa()o limitada 7 Alemanha.
9. "an :anten, Debuss% , Raia, 1?MB. L. -allas, Claude Debuss% et son tem!s, Paris, 1?GM. 0. Locseiser, Debuss% , Londres, 1?GB. =Ma. ed., 1?>1# edi()o &rancesa, Paris, 1?BM.D O. Thomson, Debuss% Man and 'rtist , /o"a orque, 1?GF. R. :trobel, Debuss% , Jerlim, 1?@. <. erchault, Claude Debuss% , Paris, 1?E. <. e H. 0. nghelbrecht, Claude Debuss% , Paris, 1?>G. . Lesure, Claude Debuss%. "e#tes et documents in1dits, Paris 1?BM.
maiores mestres. Rou"e, or*m, um temo em que seus admiradores, n)o satis&eitos com isso, o declararam suerior a Kagner e a Jeetho"en# oini)o que hoe á ningu*m assinaria. /aquele mesmo temo outros V e entre esses outros se encontra"a -incent dXndS, o che&e da escola de rancQ V negaram 7 arte de HebussS, simlesmente, a quali&ica()o como música# seria boa, bonita, menos música. ;á n)o recisamos irritar2 nos com essa incomreens)o. Rá nela um gr)o de "erdade a música de HebussS * di&erente de qualquer outra, anterior. O mestre &oi um grande ino"ador, se n)o u m re"olucionário, tal"e% um ouco contra a sua "ontade. Pois &oi homem da belle 1!oque e da boa "ida. :ua biogra&ia n)o registra acontecimentos esetaculares. e% os rimeiros e'erimentos di&erentes á no conser"atório, causando estranhe%a aos ro&essores. -iagem ara a 9ússia, em comanhia de madame de 3ec# mas lá admira"a menos o amigo dela, o &amoso Tchaio"sS, do que o ainda desconhecido 3ussorgsS, cua música lhe &e% ro&unda imress)o. 5ri# de (ome. Peregrina()o ara JaSreuth. Contatos com os oetas simbolistas# deois, com os nacionalistas da era HreS&us HebussS &oi homem da direita. O único acontecimento esetacular da sua "ida &oi a reresenta()o de 5ell1as et M1lisande, em 1?@M na noite do ensaio geral, um grande esc8ndalo# na noite da estr*ia, um grande sucesso. Hesde ent)o, HebussS está &amoso, * um dos !dolos da belle 1!oque, entrega2se 7 boa "ida de um go%ador dos ra%eres de Paris. /)o somente a ran(a, mas todo o mundo latino, ent)o sacudido or mo"imentos nacionalistas, r*2&ascistas, idolatra"a2o. Chama"am2no de Claude de ranceQ, que teria derrotado os alem)es, arrancando2lhes a hegemonia no reino da música. O che&e ol!tico e literário do nacionalismo itali ano,
maior estranhe%a na *oca =ela &alta de melodiaQD e que ainda hoe * caa% de assustar os n)o2iniciados. O onto alto do simbolismo de HebussS s)o as trIs Chansons de &ilitis =1E?FD, "ersos de Pierre Louis, delicada e"oca()o do hedonismo erótico da Antig5idade decadente. 3as os simbolistas &ranceses eram ^agnerianos aai'onados, &anáticos# ao asso que a rela()o de HebussS com a arte de Kagner * comle'a e amb!gua. /o in!cio, admira"a "risto e +solda sem restri($es. Os Cinq !omes de &audelaire =1EE?D ainda s)o bastante ^agnerianos. Ainda em 1E?G HebussS de&endeu ublicamente Kagner contra ataques incomreensi"os. Heois, come(ou a sentir a incomatibilidade entre a linguagem musical de Kagner e o ritmo da l!ngua &rancesa. Come(ou a censurar a rima%ia da orquestra, que su&oca a "o% humana, e a "iolenta e&usi"idade dos sentimentos. 6uis escre"er um anti2"risto, um drama genuinamente &rancIs, em que a orquestra aenas aoiasse a declama()o musical em ritmo da l!ngua &alada, e'ress)o de sentimentos de amor e angústia, aristocraticamente contidos. 0scre"eu 5ell1as et M1lisande =1?@MD, ondo em música o te'to integral da e(a noturna do simbolista belga 3aeterlinc, trag*dia sem acontecimentos esetaculares, mas de ro&undidade !ntima. N obra de um anti^agneriano que n)o teria sido oss!"el se n)o hou"esse antes "risto e +solda. Uma obra2rima inteiramente no"a, t)o singular que ningu*m amais escre"eu semelhante, nem sequer o rório HebussS, cuos outros lanos oer!sticos n)o se reali%aram. As &ontes desse no"o estilo &oram muito discutidas. A in&luIncia russa, de 3ussorgsS, da qual se &ala"a muito na *oca, arece2nos hoe redu%ida# só te"e &un()o catal!tica, ou de &ermento, assim como o uso ocasional de outros modosQ, antigos ou e'óticos. 5ell1as et M1lisande * obra &rances!ssima. /)o *, como bem obser"ou 9oll and, a ran(a heróica e retórica de Corneille e Rugo. Assim como a óera * anti2Kagner, tamb*m * anti2Jerlio%. N uma arte intimista, toda de nuan(a e, como se sabe, une nuance entre les autres c0est la v1rit1. 0ssa arte das nuan(as tamb*m caracteri%a o no"o estilo ian!stico de HebussS, um mundo comleto como o de Choin e o de :chumann, seus ares# * l!cito citar esses nomes, ois ustamente no iano * HebussS mais rom8ntico que em outra arte. :)o obras das mais conhecidas da literatura musical as Soir1es de Gr1nade e 3ardins sous la !luie, do caderno Estam!es =1?@GD# a &antástica Suite &ergamasque =1?@>D# (eflets dans l0eau e Et la lune descend sur le tem!le qui fut , das duas cole($es de +mages =1?@>1?@FD# o delicado humorismo do Children0s Corner =1?@ED# en&im, os dois cadernos de 5r1ludes =1?1@, 1?1GD, todos eles equenas obras2rimas. Os t!tulos o*ticos2literários dessas e(as n)o de"eriam iludir. Trata2se de oesia uramente musical, n)o de música de rograma. HebussS n)o &a% música ilustrati"aQ. A ro"a * obra semelhante ara orquestra, os :octurnes =1E??D o segundo mo"imento, 2[tes, á &oi interretado como descri()o musical de uma ca(a ou V de uma rociss)o# o rimeiro, :uages, só descre"e "agamente V e com oesia e'traordinária V as nu"ens igualmente "agas# o terceiro Sirnes, * um coro &eminino que canta sem ala"ras. N singular a arte de orquestra()o de HebussS. /)o recisa das orquestras enormes de um Jerlio% ou de um 9ichard :trauss ara dar a imress)o de /a Mer =1?@>D, sua obra mais imressionista, ou a de uma 0sanha "isionária, em +b1ria =1?1MD. 0 * e"idente que tudo isso n)o se odia di%er sen)o na no"a linguagem musical de HebussS. `... O interesse dos estrangeiros ela música de HebussS te"e, muitas "e%es, moti"os t*cnicos. O mestre gosta"a de emregar escalas alheias do nosso sistema tonal
modosQ da antiga música sacra, escalas esla"as que ou"ira na 9ússia, e escalas orientais que ou"ira em 1?@@ na 0'osi()o Uni"ersal em Paris. nsirou aos comositores de muitos a!ses coragem ara emregar as escalas que encontraram no &olclore musical das suas na($es. Assim desencadeou o imressionismo &rancIs uma terceira onda de nacionalismo musical. A rimeira onda, da *oca de Keber, e a segunda, da *oca de :chumann, tinham desertado a consciIncia musical de na($es que at* ent)o tinham contribu!do 7 música do Ocidente a Pol4nia de Choin e a Rungria de Lis%t, a 9ússia de >D &ora disc!ulo de aur*. Obras rinciais uma (a!s7dia (omena !ara orquestra e a óera Oedi!us. 0ntre os tchecos, os oloneses, os russos o imressionismo &rancIs * recebido, menos como in&luIncia liberadora do que como "elho aliado. /)o a&irma, or"entura, todo mundo que HebussS tinha chegado ao seu no"o estilo sob a insira()o de 3ussorgsS 0 os tchecos odiam alegar mais que ossu!am seu rório HebussS, mais "elho que HebussS esse homem entre as * ocasQ, o "elho ;anáce. Leos ;A/_C0W =1E>1?MED1 só se tornou conhecido &ora da sua átria quando da reresenta()o de 3enufa na era de -iena, em 1?1E# tinha o comositor, ent)o, B anos de idade. A ran(a, a nglaterra, a tália só o conheceram mais tarde. Parecia disc!ulo esla"o de HebussS, chegando com bastante atraso. /a "erdade, 3enufa * de 1?@. 3as ;anáce á era diretor da 0scola de 3úsica em Jrno, desde 1E?1, quando HebussS, mais no"o oito anos, ainda n)o chegara a ser imressionistaQ. A osi()o incerta do comositor tcheco na cronologia tamb*m * conseq5Incia de sua e"olu()o sobremaneira "agarosa. :ua mocidade arece2se com a de Jrucner &oi educado no con"ento dos agostinhos em Jrno, caital da 3orá"ia, que * a arte agrária e meio atrasada do a!s dos tchecos. Ali, o comositor Paul Wri%o"sS chamou2lhe a aten()o ara o rico &olclore musical, nunca at* ent)o e'lorado, dessa regi)o. 0 ;anáce, como diretor do conser"atório e regente de coro em Jrno, te"e oortunidade de organi%ar cole()o de can($es oulares. Como comositor, &icou durante muito temo um e!gono do romantismo, só um ouco in&luenciado ela li nguagem imressionista assim na obra ian!stica, meio schumanniana, Caminhos 'bandonados Cheios de Grama =1?@11?@ED e num ciclo de lieds Di;rio de um Esquecido =1?1?D, obras t!icas de melancolia esla"a# e ainda em uma das suas últimas rodu($es, o aai'onado Quarteto !ara cordas n o.K =1?MED, denominado Cartas ntimas. ;á soam, or*m, estranhamente modernas certas outras obras ian!sticas a Sonata do O!er;rio =1?@BD e o ciclo :as :1voas =1?1GD. oram acontecimentos e atitudes e'tramusicais V o nacionalismo tcheco, antiaustr!aco 1
3. Jrod, /eos 3an;cek , Praga, 1?M> =tradu()o &rancesa, 1?G@D. H. 3uller, /eos 3an;cek , Praga, 1?G@. ;. :eda, /eos 3an;cek , Praga, 1?>B =tradu%ido ara "árias l!nguasD. ;. -ogel, /eos 3an;cek , Praga, 1?B@ =trad. inglesa, Londres, 1?BGD. R. Rollander, /eos 3an;cek , \urique, 1?B.
e an2esla"ista do comositor e seu oulismo socialista V que o le"aram a estudar mais de erto as articularidades melódicas e harm4nicas daquelas can($es oulares, cuo esla"ismoQ musical se lhe re"elou muito di&erente do &olclorismo harmonioso de :metana e H"ora uma música ásera e dissonante, algo arecida com o realismo de 3ussorgsS =ao qual ;anáce de"e muitoD e diretamente sa!da do ritmo da l!ngua tcheca &alada, cuas s!labas acomanha de maneira !ontilliste. ;anáce &oi esla"o no sentido dos grandes escritores russos do s*culo ++ um moralista de insira()o religiosa, aiedando2se do o"o humilhado. /aquela linguagem 4s em música, ara coro, alguns oemas do oeta tcheco Peter Je%ruc, orta2"o% dos trabalhadores tchecos nas minas de car")o da :il*sia, que eram e'lorados elos ricos industriais de -iena e amea(ados de desnacionali%a()o elos lati&undiários oloneses. :)o os grandiosos e como"entes coros Mar%cka Magdonova =1?@ED e Setenta Mil =1?@?D. Uma história bucólica da mesma regi)o á lhe &ornecera o enredo ara aquela óera 3enufa =1?@D, que só deois de 1?1E se tornou conhecida no mundo i nteiro. 3as a liga()o muito !ntima entre a linguagem musical de ;anáce e a l!ngua tcheca semre será um obstáculo ara a arecia()o usta da sua arte no estrangeiro. /a mesma linguagem musical, comosta de minúsculos &ragmentos melódicos e de harmonias estranhas, escre"eu a óera $atia $abanova =1?M1D, libreto tirado da sombria trag*dia O "em!oral , do russo Ostro"sS# a óera Da Casa dos Mortos =obra óstuma, reresentada em 1?G@D, tirada da obra hom4nima de Hostoie"sS, certamente a óera mais desoladamente trágica de todos os temos# e a óera2c4mica ' (a!osa 'stuta =1?MED, tentati"a singular de aro"eitar, numa &ábula, aquela l!ngua musical ara imitar "o%es de animais, obra que te"e recentemente grande sucesso no estrangeiro. 3as o maior es&or(o de ;anáce, e o último &oi a Missa Solene GlagolBtica =1?MBD, comosi()o do te'to litúrgico em l!ngua eclesiástico2esla"aQ, aquela em que os tchecos re%aram antes de a grea romana lhes imor a liturgia latina. N uma das maiores obras corais escritas neste s*culo. ;anáce &oi homem entre as *ocasQ. N contemor8neo e sucessor de HebussS# e nos últimos dias de sua longa "ida chegou a reconhecer sua t*cnica de declama()o musical de te'tos em rosa no >o44eck de Alban Jerg. 3ais moderada, mais erto do melodismo de :metana, * a linguagem musical esla"a usada or ;aromir K0/J09<09 =1?EBD, cua óera oular Sch=anda o Gaiteiro =1?MFD conquistou &ácil sucesso internacional. A maneira or que Keinberger sabe in"entar uma olca bem ao gosto do o"o, desen"ol"endo deois o tema em "aria($es bastante modernas, tem sido modelo ara comositores de "árias outras na($es. O &olclore musical da 0slo"áquia, algo di&erente do boImio e mora"iano &oi e'lorado or "ite%la" /O-_W =1EF@1??D, disc!ulo do imressionismo de HebussS, mas á re"elando "eleidades de aderir a tendIncias muito mais modernas. :uas obras mais conhecidas s)o o oema sin&4nico :as Montanhas da "atra e um Quinteto !ara !iano e cordas em l; menor , a SuBte Eslovaca e a Sinfonia de Maio. `... A in&luIncia do imressionismo &rancIs &oi mais ro&unda e o resultado &oi mais &eli% na 0sanha1. Ali, deois dos temos dos grandes oli&onistas 3orales e -ictoria, no s*culo +-, a decadIncia &ora total. Citam2se alguns nomes# mas n)o "ale a ena reeti2los. A resen(a de Homenico :carlatti e Joccherini na 0sanha n)o te"e conseq5Incias. /o resto da 0uroa, acredita"a2se que a música esanhola semre &icou li mitada ao &olclore, mina rica ara e'loradores estrangeiros, como
. :oeja, )istoria de la musica es!aola contem!oranea, 3adrid, 1?>?.
HebussS e 9a"el, com +b1ria e com a (a!sodie es!agnole. 3as estas á esta"am, or sua "e%, in&luenciadas ela no"a música esanhola. O recursor &ora elie P0H90LL =1E11?MMD que redescobriu os grandes oli&onistas, editando as obras de -ictoria e desenterrando o organista Cabe%ón, chamando2o de Jach esanhol do s*culo +-Q, o que arece e'agero de entusiasta. Pedrell &oi musicólogo notá"el. :uas rórias obras, óeras em estilo ^agneriano etc., n)o contam. A reno"a()o "eio de bai'o. saac ALJN/\ =1EB@1?@?D1, catal)o de nascimento, &oi um autodidata, menino rod!gio no iano, que ercorreu a 0sanha e os a!ses hisano2 americanos, insirando admira()o tola a úblicos musicalmente ignorantes, ela sua &abulosa caacidade de imro"isar. 0scre"eu um sem2número de equenas e(as t!icas, dan(as, can($es, rasódias, souvenirs etc. /enhuma cr!tica s*ria lhe resta"a aten()o. /ingu*m ercebeu naquelas e(as o estilo caracteristicamente esanhol, tal"e% in&luenciado or ata"ismos árabes. O rório Alb*ni% te"e ambi($es muito mais altas. 6uis escre"er óeras 7 maneira da Kagner. 3as nem 5e!ita 3im1ne4 =1E?BD nem Merlin =1?@MD, aesar de muito boa música, ti"eram sucesso ermanente. 0n&im, Alb*ni% mudou2se ara Paris. icou comletamente en"ol"ido ela in&luIncia do imressionismo de HebussS. Heu2lhe um no"o conteúdo, t!ico e saiu grande música ian!stica. A obra caital de Alb*ni% s)o os quatro cadernos de +b1ria =1?@B1?@?D. ;á se di%ia * o :chumann ou o Choin da 0sanha. 3ais e'ato seria di%er seu HebussS# mas tamouco seria a "erdade inteira. Pois Alb*ni% * di&erente. O esanholismo que em HebussS só &oi uma "eleidade de e'otismo, * no comositor esanhol uma "eia inesgotá"el de in"en()o melódica, original!ssima, da qual 1@ oeristas como Puccini oderiam alimentar2se durante a "ida toda. 3as n)o teriam, nesse caso, o sucesso internacional do autor da Tosca. Pois a in"en()o melódica de Alb*ni% está indissolu"elmente di&erente do italiano ou de qualquer outro. :ua música * ermanentemente dissonante. Alb*ni% *, em certo sentido, muito mais radical que seu mestre HebussS e mais radical que 9a"el. :ua música antecia certas qualidades da oesia de
0sanha# e, con&orme not!cia autobiográ&icas, seu amor 7 música &oi desertado ao ou"ir na catedral da cidade as Sete 5alavras do Cristo na Cru4 , a obra que, um s*culo antes, mestre RaSdn tinha escrito ara ela. e%2se grande ianista. Te"e, como comositor, os rimeiros sucessos com oeretas =9ar4uelasD. 3udou2se em 1?@F ara Paris# &oi o in!cio de sua vita nuova. A rimeira in&luIncia &ora Homenico :carlatti, o grande cra"ista radicado na 0sanha. Heois, Pedrell desertou2lhe a consciIncia nacional. 0m Paris, ou"iu os russos, 3ussorgsS. 3as as in&luIncias dominadoras &oram as de HebussS e 9a"el# e o encontro com Alb*ni%. He alla * nacionalista. O rimeiro grande sucesso &ora a óera /a ,ida &reve =1?@># reresentada em /ice, em 1?1GD. Ainda se sente, nesse quadro trágico da "ida rimiti"a esanhola, a in&luIncia de Carmen e at* de 3ascagni. 3as á * uma obra autenticamente esanhola. Heois, a rimeira obra imressionista os trIs mo"imentos de :oches en los 6ardines de Es!aa =1?1>D, ara iano e orquestra. /)o * obra de um esanhol in&luenciado or HebussS# * música de um HebussS esanhol, andalu%, cheia de "italidade r!tmica e de troicalismo sonhador# um dos concertos mais queridos que se escre"eram neste s*culo. A Andalu%ia bárbaraQ, rimiti"a, aarece no alco com os dois bailados de He alla El amor bru6o =1?1>D, do qual um trecho, a DanJa (itual do 2ogo, conquistou as salas de concertos# e El sombrero de tr[s !icos =1?1?D. 0n&im, obra esanhol!ssima * a óera El retablo de Maese 5edro =1?MGD, !endant humor!stico daquela trágica ,ida breve. O ciclo está &echado. 3as n)o se ode negar em todas essa obras o esanholismo, or mais autIntico que sea, tem algo de e'ótico, de teatral, de rom8ntico. Tal"e% a Andalu%ia, meio orientali%ada, sea mesmo assim. /)o * a 0sanha do 1?GFD1. /)o arece oss!"el e'tirar o 1
A. 3achabeS, Maurice (avel , Paris, 1?F. /. Hemuth, (avel , Londres, 1?F. 9. 3anuel, (avel ,
&also bin4mio HebussS e 9a"elQ# há, a liás, na história da literatura muitos mais casos desses, como Corneille e 9acineQ, @. ;. -. :ero&&, Maurice (avel , /o"a orque, 1?>G.
nunca se oderá &alar bem demais do Concerto !ara !iano e orquestra em r1 menor , ara a m)o esquerda só =1?G1D e do Concerto !ara !iano e orquestra em sol maior =1?G1D, nos quais o "irtuosismo está sem resto trans&ormado em &ormaQ. Os ontos altos do classicismo ra"eliano s)o o bailado Da!hnis e Chlje =1?1MD e a óera /0Enfant et les sortilges =1?M>D. :obretudo a rimeira obra reali%a aquela música mediterr8neaQ da qual sonha"a /iet%sche# que teria reconhecido em 9a"el seu mestreQ. Um tra(o caracter!stico da música de 9a"el, comarada com a de HebussS, * o dinamismo. A música da HebussS * essencialmente estática seus ontos &irmes s)o os acordes isolados. A de 9a"el está em mo"imento er*tuo. 0'licou2o essa qualidade elo esanholismo do mestre, que teria sido mais genu!no =e e'licado or suosta origem ib*rica da &am!liaD do que o esanholismo meramente tur!sticoQ de HebussS. 3as ustamente nesse onto n)o se "eri&ica di&eren(a &undamental entre os dois comositores. A esirituosa óera2c4mica /0)eure es!agnole =1?@FD, a ásera (ha!sodie es!agnole =1?@FD e os trIs grandiosos lieds Don Quichotte Dulcin1e =1?GMD V a última obra do mestre V s)o obras incon&undi"elmente &rancesas. 9a"el &oi o último grande mestre clássico da música euro*ia.
C AP ÍT U L O F
A Música Nova R
a"el * o último mestre que &oi lenamente reconhecido elo grande úblico, embora suas harmonias, estranhas 7s "e%es, ainda continuem a o&ender ou"idos conser"adores. N admirado com certa reser"a# mais ou menos assim como o ai da intura moderna, como C*%anne. 3as deois de 9a"el as rela($es entre o úblico e os comositores mudaram. Os insucessos de :tra"insS, durante os últimos decInios, desmentem at* certo onto o I'ito ruidoso das suas rimeiras obras estas continuam no reertório, mas quanta gente gosta realmente de ou"i2las Hos comositores modernos, só alguns oucos, Ronegger e Jritten sobretudo, "enceram a resistIncia# e n)o totalmente. :choenberg morreu em 1?>1, com FF anos de idade# mas ainda hoe assa or iconoclasta# nenhuma das suas obras * caa% de manter2se no reertório e ustamente as mais imortantes ainda s)o caa%es de ro"ocar esc8ndalos. 3uito se tem &eito ara combater esse estado de coisas, que a mea(a limitar as nossas casas de óera e salas de concerto a um reertório histórico, trans&ormando2as em museus da música do assado. 3as as e'lica($es mais engenhosas e a roaganda mais ati"a n)o obti"eram o resultado almeado o de con"encer o úblico que a música no"aQ á n)o * no"a e que o rocesso da música continua. O moti"o !ntimo dessa resistIncia n)o ode ser encontrado só nos no"os rocessos melódicos, harm4nicos, r!tmicos. O úblico reeita conscientemente as e'ress$es art!sticas de mudan(as históricas que aceita, queira ou n)o quei ra, no mundo dos &atos. Heois das catástro&es ol!ticas, econ4micas e sociais elas quais a humanidade assou durante a rimeira metade deste s*culo, á n)o * oss!"el &a%er arte como se esti"*ssemos "i"endo em outro s*culo, assado. A bancarrota de tantos credos e ideologias le"a 7 mesma conclus)o. Os artistas tiraram2na. /)o só na música. Politonalismo, atonalismo e t*cnicas semelhantes corresondem ao abandono da ersecti"a elos intores, deois de Picasso, e ao relati"ismo nas ciIncias naturais. A comosi()o em s*ries corresonde 7 racionali%a()o dos mo"imentos subconscientes no monólogo interior, elos recursos das sicologias em ro&undidadeQ. A oli rritmia, que amea(a destruir a homogeneidade do mo"imento musical, corresonde 7 dissocia()o da ersonalidade no romance de Proust e no teatro de Pirandello. A "olta 7 oli&onia linear corresonde 7s tentati"as de simultane!smo na literatura. O uso de estruturas musicais antigas ara obeti"os modernos corresonde 7 arquitetura &uncional. O ressurgimento de &ormas barrocas, r*2clássicas, corresonde ao historicismo na &iloso&ia e na sociologia. A música no"aQ n)o * caricho arbitrário de alguns esquisit$es ou esnobes. N o re&le'o "er!dico da realidade. /o entanto, reeitam2na. Aesar da e"idente imossibilidade de continuar a rodu%ir nos moldes antigos V nenhum acadImicoQ rodu%iu neste s*culo qualquer obra musical digna de nota e merecedora de sucesso V le"antam contra a música no"aQ a gra"e acusa()o de ter romido com toda a tradi()o dos s*culos =se n)o re&erem &alar em milIniosD# :tra"insS e sobretudo :choenberg n)o seriam criadores, mas destruidores.
0ssa acusa()o n)o resiste 7 análise. A tradi()o n)o * t)o tradicional como arece n)o se trata de milInios, mas aenas de s*culos# e de oucos. /ossa música nasceu na 0uroa ocidental no s*culo +. As rimeiras obras que á odemos esteticamente areciar, s)o do &im do s*culo +-. :e e'cetuarmos a sobre"i"Incia de Palestrina na música sacra católica e a recente renascen(a de 3onte"erde, n)o consta do nosso reertório nenhuma obra anterior a 1F@@. A tradi()o musical, que * tida como t)o antiga, tem aenas M>@ anos de idade. /ossa música * a mais no"a das artes, a menos tradicional. 0 mesmo essa tradi()o * altamente suseita de n)o assar de um arti&!cio de escola. Alguns ad"ersários da no"a música emregaram contra ela argumentos que cheiram a racismo a catástro&eQ teria sido obra do russo :tra"insS, &ilho de um o"o bárbaro e meio e'ótico, e do udeu :choenberg, com seu lastro de ata"ismos orientais. Aesar da sólida educa()o musical de :tra"insS em moldes ocidentais e aesar do ro"ado tradicionalismo de :choenberg, que nenhum leitor do seu tratado de harmonia ode desconhecer, há naquela a&irma()o, se descontarmos a onta de hostilidade racista, um gr)o de "erdade em certo sentido os dois ino"adores "ieram de &oraQ# menos imbu!dos de reconceitos, erceberam tendIncias que a rotina acadImica n)o "iu ou teimou em n)o "er. As t*cnicas da música no"aQ s)o, e m arte, reestabelecidas na música do ocidental!ssimo HebussS# em outra arte, s)o conseq5Incias diretas do cromatismo de "risto e +solda, do german!ssimo Kagner. 0sses radicalismosQ de comositores á consagradosQ s)o recedidos elas audácias harm4nicas de :chumann nas $reisleriana e de Choin nos scher4i e or certas modula($es inusitadas na música camer!stica de :chubert. O conceito de disson8ncia roibida *, e"identemente, relati"o# muda com o temo. A mais rigorosa lógica &ormal rodu%iu uma disson8ncia gritante no rimeiro mo"imento da Sinfonia Eroica de Jeetho"en. O italiano :acchini achou incomreens!"el a introdu()o do Quarteto $. LT de 3o%art, denominado Quarteto das DissonAncias. A oli&onia instrumental de RaSdn teria sid o o&ensi"a aos ou"idos de Jach. A teoria harm4nica de RaSdn teria sido o&ensi"a aos ou"idos de Jach. A teoria harm4nica de Jach e 9ameau baseia2se num arti&!cio matemático, a boa temeraturaQ do cra"o, que os comositores barrocos n)o admitiriam. Os argumentos que se lan(am contra a música do nosso temo s)o os mesmos que o c4nego Artusi, no come(o do s*culo +-, lan(ou contra a música de 3onte"erde. /o e ntanto, todas essas ino"a($es s)o, cada "e%, as conclus$es lógicas da &ase anterior. Antes de 3onte"erde hou"e o cromatismo de
J. :hloe%er, +gor Stravinsk% , Paris, 1?M?. ;. Randschin, +gor Stravinsk% , \urique, 1?GG. 9. R. 3Sers, +ntroduction to the music of +gor Stravinsk% , Londres, 1?>@. 0. Kagner Khite, Stravinsk%. ' Critical Surve% , Londres, 1?>>. 9. Cra&t, Che4 :tra"insS, Paris, 1?>E. 9. Cra&t, Conversations =ith +gor Stravinsk% , /o"a orque, 1?>?. 9. Cra&t, E#!ositions and Develo!ments, /o"a orque, 1?BM.
que tinha &eito sólidos estudos musicais. :eu ambiente &oi a burguesia altamente culta da 9ússia daquele temo, quando, deois do &racasso da re"olu()o de 1?@>, os intelectuais tinham abandonado as id*ias mar'istas ara se dedicar 7 oesia simbolista, ao teatro de :tanisla"sS, aos mo"imentos religiosos em torno da re"ista &ilosó&ica ,ieki =Marcos de /imiteD. O ambiente musical do o"em comositor esta"a saturado de 3ussorgsS, moderado or muito Tchaio"sS# música russa, mas sem e'clusi"ismo nacionalista, bastante in&luenciada or HebussS e outros &ranceses. /esse estilo, meio tchaio"sSano, meio imressionista escre"eu :tra"insS ara Hiaghile" o bailado /0Oiseau de feu =1?1@D, que &oi muito bem recebido. Ha! mais outras encomendas ara os anos seguintes. 5etrouchka =1?11D &e% sensa()o ela barbaridadeQ das harmonias e dos ritmos# &oi mais um encanto ara os que come(aram a interessar2se, em Paris, ela arte dos negros a&ricanos e or todos os &olclores e'óticos. /o dia M? de maio de 1?1G estreou2se /e Sacre du 5rintem!s. oi um esc8ndalo quase sem2ar na história da música. O úblico &icou &urioso. A cr!tica &alou em massacre du !rintem!s. oi o batismo de &ogo da no"a música# e deois um imenso sucesso. /e Sacre du 5rintem!s =1?1GD * at* hoe a obra mais conhecida de :tra"insS. Continua entusiasmando todas as no"as gera($es que a ou"em ela rimeira "e%. Continua obra di&!cil, erigosa, e'erimental at* hoe. O &urioso mo"imento olirr!tmico das dan(as, as disson8ncias áseras da escritura e'tremamente cromática e olitonal arecem2lhes o retrato musical dos temos no"os, da nossa *oca das máquinas. 6uase á n)o se ercebe que a obra &oi concebida como e"oca()o dos temos bárbaros da 9ússia r*2crist) e r*2esla"a, dos citas# que * uma obra de rimiti"ismo rodu%ida com os recursos do mais requintado intelectualismo. Parece ligada ao estado de es!rito de 1?1G que, 7s "*seras das grandes catástro&es, as ressentiu sem ainda temI2las, or &alta de e'eriIncia. /o entanto, /e Sacre du 5rintem!s á tem resistido a quase meio s*culo, como s!mbolo musical da nossa *oca, caracteri%ada elo intelectualismo a ser"i(o da barbárie. oi o gole de gInio do o"em comositor que nunca mais chegará a reetir t)o grande sucesso. :tra"insS arecia, deois, continuar no mesmo caminho /e (ossignol =1?1D, alegoria meio sat!rica da mecani%a()o do mundo moderno# Mavra =1?M1D, com*dia musical, 7s &ronteiras do absurdo intencionalQ# /es :oces villageoises =1?MGD, aro"eitando mais uma "e%, com &elicidade e modernissimamente, o &olclore rural russo. 3as essas obras areciam, antes, destinadas a e'lorar a &undo o sucesso obtido com aquela obra da mocidade. O ensamento do comositor á esta"a em outra arte. -oluntariamente e'ilado na :u!(a durante a Primeira
instrumental r*2clássica mais um asso ara a *oca anterior ao classicismo "ienense. Porque :tra"insS á sente, em RaSdn e Jeetho"en, o dem4nio do romantismo, com sua e'ressi"idade e'cessi"aQ. Chega a detestar o ortador dessa e'ressi"idade, o "iolino. Pede a e'ecu()o das suas obras com e'atid)o de uma máquina de costuraQ. Procura a aliena()oQ. O libreto do Oratório Oedi!us (e# =1?MFD * escrito, or Cocteau, em l!ngua latina ara di&icultar ao úblico a comreens)o do te'to e diminuir a articia()o sentimental com o enredo# o estilo da música retende ser o das óeras barrocas de Randel# e n)o se ode negar a grande%a trágica dessa obra. O bailado '!ollon Musagte =1?MED está no meio entre alegoria barroca e aródia o&&enbachiana da Antig5idade. O onto &inal nesse caminho * a óera "he (ake0s 5rogress =1?>1D o libreto * uma história sórdida do s*culo +-, tirada de conhecidos quadros sat!ricos de Rogarth# a música * um astiche de moti"os de Randel, Pergolesi e 3o%art. /unca arecia :tra"insS mais longe do nosso temo. 3as ustamente essa obra re"ela2o como contemor8neo t!ico, como ale'andrinoQ# sua arte * comará"el a oemas de T. :. 0liot ou Pound, comostos de cita($es de oetas de todos os temos, e aos quadros de Picasso que imita sucessi"amente, e com "irtuosidade, os estilos mais di&erentes# assim, o comositor russo usa cita($es de Jach e Pergolesi e de todos os estilos, inclusi"e, no (ag-"ime !ara RR instrumentos =1?1ED, o a%%, a música t!ica do e'tremo Ocidente. :tra"insS * o contrário de todo nacionalismo musical russo. Por isso Tchaio"sS * o comositor de sua re&erIncia. 0sse esla"o d1racin1 que "i"e há decInios =á há muito temo antes do bolche"ismoD &ora da 9ússia, quer criar uma s!ntese entre o Oriente e o Ocidente. 3istura Jach e o a%%, Randel e 3ussorgsS, Pergolesi e Tchaio"sS, 3o%art e Keber. :ente que a arte contemor8nea * caótica assim como &oi caótica a música barroca antes de Jach. Assim como Jach, retende organi%á2la, endireitá2la# e sente que tamb*m hoe em dia o único caminho ara tanto * o da religi)o. Para o russo e'ilado no Ocidente, essa religi)o só odia ser, mesmo sem con"ers)o &ormal, a católica romana. A rimeira homenagem 7 grea &oi a S%m!honie des 5saumes =1?G@D, menos uma sin&onia do que uma cantata sobre os "ers!culos E#audi orationem meam E#!ectans e#!ectavi Dominum e /audate Dominum =:almos ME, G? e 1>@D, com a a&irma()o de que Deus immisit in os meum canticum novum. 0sse Canticum novum * realmente no"oQ, bastante ásero e dissonante, mas de er&eita dignidade e de sincera emo()o religio sa. :urreendente &oi a missa =1?ED ara coro misto e orquestra sem "iolinos# uma das obras mais duras do comositor. 0 ainda mais surreendente o Canticum Sacrum ad honorem Sancti Marci nominis =1?>BD, de estrutura rigorosamente arquitet4nica e, entre todas as obras de :tra"insS tal"e% a mais caco&4nica o mestre aderira ao dodeca&onismo de :choenberg. /o entanto a retens)o &oi e"identemente a de cometir com a oli&onia "ocal do s*culo +-, dos Asola e B a e'ecu()o do Canticum Sacrum na bas!lica de :an 3arco em -ene%a, ara que uma no"a obra de :tra"insS chame a aten()o. Teria toda aquela e"olu()o sid o um caminho errado O esc8ndalo que ro"ocou a estr*ia do Sacre du 5rintem!s em M? de maio de 1?1G *, or enquanto, a última grande data da história da música. :erá que &oi mesmo uma última dataQ, o &im de uma *oca de requintes e barbarismo arti&icial, em "e% de come(o de uma no"a era
/ingu*m ode resonder, hoe. 3as a arte de :tra"insS &ica, em todo caso, e &icará como o retrato musical da nossa *oca. Com mais de E@ anos de idade, esse "elho indestrut!"el ainda * o l!der da "anguarda musical# e mais moderno que tantos no"os. :ua crise altamente essoal * a nossa crise. A in&luIncia de :tra"insS &oi imensa. /ingu*m escaou. A ela se re&ere uma no"a onda de nacionalismos musicais e, or outro lado, o mo"imento neoclassicista e neobarroco corresondentes 7s duas &ases rinciais de sua e"olu()o. 3as será di&!cil encontrar um comositor que tenha, or sua conta e em ambiente di&erente, reali%ado o que :tra"insS reali%ou no uni"erso musical da s!ntese Oriente2Ocidente. /esse sentido, * um stra"insSano autIntico o alem)o Carl O9 =1E?>D 1 sua música n)o se arece com a do russo# mas tem os mesmos obeti"os, desemenha em outro ambiente musical as mesmas &un($es. N um caso aralelo. Or&& tornou2se conhecido ela cantata cInica Carmina &urana =1?GBD# a letra s)o can($es eróticas, em latim, de monges medie"ais. Continuou com Catulli Carmina =1?GD, sobre "ersos eróticos, em arte obscenos, do grande oeta romano Catulo. Comletou o ciclo com "rionfi dell0'!hrodite =1?>MD, te'tos de :a&o e 0ur!edes em "ers)o italiana. :obretudo as duas rimeiras artes s)o de e&eito irresist!"el a declama()o das ala"ras * de e'trema obre%a melódica, &ortemente reetiti"a, mas tamb*m muito e'ressi"a, emregando moti"os do &olclore musical bá"aro e V como arodiando V do coral gregoriano# o acomanhamento orquestral tamb*m * redu%ido at* o m!nimo, quase só dois ianos e instrumentos de ercuss)o. 0 com esses recursos, de simli&ica()o requintada, consegue Or&& render e imressionar o úblico e os entendidos. A óera 'ntigonae =1??D * a comosi()o integral do te'to de :ó&ocles, na tradu()o di&!cil e herm*tica de Roelderlin. /)o há melodia nem harmonia. A música está redu%ida ao ritmo, &ortemente acentuado elos goles de uma orquestra estranh!ssima de ianos, haras, obo*s e muita ercuss)o. O e&eito, se n)o * trágico, elo menos * &ascinante. Outras obras notá"eis s)o a trag*dia musical Oedi!us "%rannos e a óera2c4mica Die $luge = ' 'stutaD. 9i"ais de Or&&, in"eosos dos seus sucessos, &alam em obre%a &ranciscanaQ, em mania de ritmos monótonosQ, em charlatanismo que retende hinoti%ar o úblicoQ. A cr!tica, embora registrando a reeti()o dos mesmos e&eitos em todas as obras sucessi"as, admite que Or&& descobriu um no"o mundo sonoro. O C A :O R / < A 9 O J A 9 T W Huas grandes correntes da música contemor8nea est)o sob a in&luIncia i mediata de :tra"insS um no"o nacionalismo musical, de !meto agressi"o como o Sacre du 5rintem!s# e uma corrente neoclassicita ou r*2classicista ou neobarroca, artindo do Octeto =1?MGD, Oedi!us (e# ou outras obras arcai%antes do russo ocidentali%ado. Um caso 7 arte, em todos os sentidos, * o da Rungria. O no"o nacionalismo musical húngaro, embora mais tarde tamb*m in&luenciado or :tra"insS, n)o * roriamente stra"insSano# ainda re"alecem nele os imulsos recebidos elo imressionismo, ela arte de HebussS que á ermitiu assimilar e trans&igurar os elementos dados de um &olclore musical totalmente estranho 7 música euro*ia. 3as como ode a música nacional húngara do s*culo ++ ser chamada no"aQ A rimeira onda de nacionalismo musical, na rimeira metade do s*culo ++, artindo de Keber, á tinha insirado, na Rungria, as óeras nacionais de 0rel# e um dos l!deres da segunda onda &oi mesmo o húngaro Lis%t, cuas (a!s7dias )ngaras =1EBD 1
A. Liess, Carl Orff , \urique, 1?>>.
oulari%aram no mundo inteiro a música da sua terra natal. Os comositores de outras na($es á tinham, aliás, anteciado essa re"ela()o. RaSdn, que nasceu erto da &ronteira húngara e assou muitos anos no castelo do r!ncie 0sterhá%S, esta"a aai'onado elo &olclore da regi)o# aro"eitou2o muito, inclusi"e no &amoso trio cigano# ainda o tema do &inal da sua última sin&onia, n o.1@, * a can()o oular húngara Oi +lona. Jeetho"en, aos escre"er or encomenda de aristocratas húngaros uma equena obra oer!stica, 9ei 0stI")o, sem grande "alor aliás, inclui na abertura um 'ndante con moto all0ongarese. Um "eraneio que :chubert assou na Rungria * lembrado no seu Divertissement la )ongroise o!. TL# Jerlio% este"e t)o encantado com a marcha nacional húngara (ak7c4% que incluiu, arbitrariamente, uma orquestra()o dessa marcha na Damnation de 2aust . As rasódias de Lis%t oulari%aram de tal maneira o &olclore musical que at* seu ad"ersário Jrahms n)o resistiu al*m de escre"er as quatro magn!&icas DanJas )ngaras, baseou naquele &olclore o &inal do seu grande concerto ara "iolino e orquestra e o &inal ' la 4ingarese do Quarteto !ara cordas em sol menor , O!.KT # o adágio de uma das suas últimas e maiores obras, do Quinteto !ara clarinete e cordas, tamb*m *, con&orme To"eS, de insira()o cigana. Ainda 9a"el sacri&icou a esses melodismos no seu equeno Concerto !ara violino e orquestra, denominado "4igane. A música húngara n)o *, ortanto, no"aQ, ad"ent!cia, no concertoQ da música euro*ia. /)o * or acaso que naqueles t!tulos de obras musicais aarece com tanta &req5Incia a ala"ra ciganoQ. Parece que o mundo musical sucumbiu durante um s*culo e meio a uma con&us)o, &omentada elo rório Lis%t con&undiu a música húngara com a dos ciganos húngaros. 3as s)o duas ra(as di&erentes os ciganos, descendentes de u ma tribo indiana# os húngaros, um o"o de o rigem centro2asiática, de ra(a uralo2altaica. :uas e'ress$es musicais tamb*m s)o radicalmente di&erentes. A autIntica música húngara recisa"a ser descoberta em nosso temo o que &oi a obra de Jartó e WodálSi. 0 tamb*m se descobriu que o &olclore musical húngaro ainda n)o está estabili%ado os húngaros s)o uma das oucas na($es do mundo moderno em que o &olclore continua nascendo e e"oluindo. A Rungria &oi, or todos esses moti"os, o a!s ideal ara o nacionalismo musical do s*culo ++. 9e"elou cedo sua indeendIncia. 0nquanto no nacionalismo musical contemor8neo, em geral, a in&luIncia de :tra"insS se sobre$e 7 de HebussS e do imressionismo, o nacionalismo húngaro e"oluiu, quase indeendentemente, em analogia a :tra"insS o 'llegro &arbaro de Jartó, de &ei()o stra"insSana, * de 1?11# * de dois anos anterior ao Sacre du 5rintem!s. :ó muito mais tarde re"elará outra &ei()o singular, de"ida ao gInio indi"idual de Jartó a caacidade de reconciliar2se com a tradi()o euro*ia e de desembocar no uni"ersalismo. J*la JA9TW =1EE11?>D1 cresceu num ambiente de &ortes tens$es ol!ticas e sociais e de grande inquieta()o esiritual a Rungria de 1?@@, sacudida elas incomatibilidades entre a burguesia industrial, a aristocracia lati&undiária e o roletariado socialista, com uma oula()o rural quase arcaica, quase bárbara, no &undo do quadro# tens)o entre os húngaros, os magiares oliticamente dominantes, e os milh$es de eslo"acos e outros esla"os e de romenos que habita"am no a!s sendo tratados como minoriasQ# tens)o entre o academismo o&icial, etri&icado, nas letras, nas artes e na música, e uma "anguarda requintadamente intelectualista que sonha"a a 1
0. /iet%sche /ell. &1la &art7k , Ralle, 1?G@. 0. Raras%ti, &1la &art7k. )is /ife and his >orks, Paris, 1?GE. :. 3oreau', &1la &art7k , Paris, 1?>@. R. :te"ens, "he /ife and Music of &1la &art7k , /o"a orque, 1?>G.
ocidentali%a()o da Rungria, assim como ent)o a ro&eti%ou o grande oeta moderno da *oca, AdS O Nr, um equeno rio húngaro, desembocará um dia no grande oceanoQ. Jartó, &ormado como ianista, arecia ad"ersário dessa corrente ocidentalista. :eu &amoso 'legro &;rbaro =1?11D &oi o mani&esto musical da Rungria arcaica, rimiti"a. /aqueles anos tamb*m ercorreu, com seu amigo WodálSi, o a!s, colecionando can($es oulares húngaras e outras. A biogra&ia de Jartó &oi, desde ent)o, uma sucess)o de lutas contra hostilidade e i ncomreens$es, que o mestre en&rentou com &errenha intransigIncia. 0n&im, o &ascismo que Jartó odia"a, obrigou2o a atra"essar o grande oceanoQ. 3as n)o encontrou melhor comreens)o na Am*rica, aesar dos es&or(os de regentes e "irtuoses amigos. 3orreu em 1?> na mis*ria. N hoe reconhecido V elos que o re&erem a :tra"insS V como tal"e% o maior comositor da rimeira metade do s*culo. Jartó, nos in!cios, arecia2se bastante com outro bárbaroQ, seu coet8neo :tra"insS. N mesmo stra"insSano o bailado O Mandarim Maravilhoso =1?1?D. 3as as di&eren(as s)o e"identes. Uma delas * a resistIncia de Jartó contra qualquer corrente da moda. :tra"insS adotou em certa &ase o a%%. Jartó, nunca. /)o recisa"a desse recurso ara insu&lar no"a energia r!tmica 7 sua música. :eus ritmos áseros e duros, sugerindo dan(as bárbaras, e'los$es de instintos atá"icos# suas melancolias sombrias, noites sem lu%, aenas erturbadas elo eco de remotas "o%es de animaisQ# seus modosQ e tonalidades estranhas# tudo isso caracteri%a o bárbaroXX, o &ilho de uma na()o asiática que n)o tem arentes, que * estrangeira na 0uroa. :eu Concerto !ara !iano e orquestra no.R =1?MBD * mais estranho do que qualquer coisa que :tra"insS amais escre"eu. A base dessa música * o &olclore húngaro que Jartó tinha cienti&icamente estudado, destruindo a lenda da &alsa música húngaraQ e descobrindo a autIntica. /a SuBte de DanJas =1?MGD lhe erigiu o monumento. 3as tamb*m colecionara as can($es oulares dos romenos, dos eslo"acos, dos búlgaros. 0n&im, reuniu todos esse elementos na grande obra ian!stica Microcosmos =1?GFD, que á &oi chamada de Cravo &em "em!erado do s*culo ++Q * o uni"erso da música &olclórica desta *oca e um incomará"el manual didático de todos os modosQ da música moderna. Jartó tinha o gInio edagógico como Jach. 0 n)o * blas&Imia citar, a seu roósito, o nome má'imo da história da música. 0 como Jeetho"en, tamb*m Jartó re&ere o iano ara e'erimentar caminhos no"os. /a Sonata !ara !iano =1?MBD trata o iano barbaramenteQ, como instrumento de ercuss)o. Continuou essa e'eriIncia na Sonata !ara dois !ianos e !ercusso =1?1FD, que tamb*m transcre"eu ara dois ianos e orquestra. O húngaro Jartó entrou na 0uroa como um estrangeiro. 3as só comoQ. Pois tamb*m &oi um grande euroeu. 0le rório declarou que de"ia tudo a trIs mestres Jach, Jeetho"en e HebussS. A base da sua t*cnica musical, de escre"er em acordes, * e &icou o imressionismo de HebussS. :ua última descoberta, deois daquela do "erdadeiro &olclore húngaro, será a seriedade ro&unda do Jeetho"en da terceira &ase, dos últimos quartetos. A onte entre esses dois ólos &oi, ara ele, a oli&onia de Jach. Assim reali%ou Jartó o milagre de tornar2se tradicionalista sem sucumbir ao eigonismo# de subordinar a insira()o mais elementar, at* bárbaraQ, 7 arquitet4nica mais rigorosa. :ua música soa, at* hoe, ásera e imenetrá"el aos n)o2iniciados# mas o estudo das artituras re"ela a rigorosa necessidade de escre"er cada uma das notas assim como está escrita e só assim. A oli&onia instrumental n)o recisa ser eu&4nica ara ser "erdadeira. Jartó escre"eu muitos lieds e uma imortante Cantata 5rofana =1?G@D# dei'ou, or*m, a música "ocal or causa de di&iculdades intr!nsecas da rosódia húngara. /)o
obti"eram o merecido sucesso a óera O Castelo de &arba-'4ul =1?11D e o bailado O Mandarim Maravilhoso. O recurso natural de e'ress)o do comositor *, ara no"as e'eriIncias o iano, e ara obras de&initi"as como em Jeetho"en, o quarteto de cordas. O Quarteto no.R =1?@ED, embora demonstrando todo o talento natural do comositor, * obra de um estudioso de HebussS, que ainda n)o esqueceu de todo a li()o de Jrahms. O Quarteto no.K =1?1FD, o mais acess!"el da s*rie, usa t*cnicas de HebussS, ara e'rimir lirismos malancólicos e e'lodir em ritmos de dan(as &antásticas 1tats d0Ame húngaros, inteiramente alheios ao es!rito do grande &rancIs. O Quarteto no. =1?MFD *, do onto de "ista musical, o mais di&!cil de todos tem um mo"imento só, elaborado em estrita e no entanto original!ssima sonata2&orma# uma obra2rima de ro&unda inteligIncia musical e de e'ressionismo algo "iolento, escrito ouco deois daquele duro Concerto !ara !iano e orquestra n o.R =1?MBD. O Quarteto no.L =1?MED e o Quarteto no.T =1?GD s)o obras mais &ortes =e menos acess!"eisD de Jartó áseros e intransigentes. /o Quarteto no. =1?G?D, chega Jartó ao seu neoclassicismoQ muito essoal, arquitetura er&eita, sonoridades no"as e no entanto melhor enetrá"eis. Para dar id*ia da imort8ncia, á clássicaQ, que hoe se atribui aos seis quartetos de Jartó em ciclos de música de c8mara em Paris e na Rolanda &oram esses quartetos e'ecutados em trIs recitais, unto com os últimos quartetos de Jeetho"en. :)o, con&orme a e'ress)o de :eiber, as obras musicais mais signi&icati"as da nossa *oca. `... Jartó, que at* hoe arece sel"agemQ aos acadImicos e 7 maior arte do úblico, &oi um grande tradicionalista. P4s uma ordem no caos, como Jach. o i, como Jach, reeitado. 3as no seu caso tamb*m a edra que os obreiros reeitaram, tornar2se2á &undamentoQ. O colaborador de Jartó nas esquisas de música oular húngara, \oltán WOH_L] =1EEMD1 * ao seu lado uma &igura menor. 3as tem seu rório direito de ser ou"ido. :uas obras rimeiras s)o as melhores seu magiarismoQ á * er&eito no Quarteto n o.K O!.RV =1?1FD n)o se eseram dessa obra as ro&undidades de J artó# mas há nela seu lirismo melancólico2&antástico e toda a sua &uriosa "italidade r!tmica, mani&estadas com maior seguran(a do e&eito# o quarteto * irresist!"el. Tamb*m * irresist!"el a óera2c4mica );ri 3an7s =1?MBD, baseada no &olclore húngaro# uma su!te orquestral, tirada dessa óera, conquistou o mundo. A obra mais ambiciosa de WodálS * o grandioso e emocionante 5salmus hungaricus =1?MGD, mani&esta()o de um atriotismo alto e de uma religi osidade li"re. Obras osteriores de WodálS, das quais só oucas chegaram a ser e'ecutadas &ora da Rungria, dececionaram. :ó as DanJas de Galanta e as DanJas de Mar7ss4ek conquistaram oularidade. 0n&im, em 1?B1, surreendeu o mundo com uma luminosa sin&onia em dó maior. / O - O / AC O / AL : 3 O 3 U : C A L A : A 3 N 9 C A : O no"o nacionalismo musical húngaro * um caso aralelo 7 rimeira &ase de :tra"insS, en"eredando deois or outros caminhos. 0m outros a!ses, a música do russo bárbaroQ te"e a()o de &ermento ou catalisador# continua &omentando, de maneira mais agressi"a, os mo"imentos nacionalistas do assado. A rimeira onda de nacionalistmo musical, imulsionada or Keber, desertou a 1
L. 0oes%e, 9olt;n $od;l%i. )is /ife and >ork , Londres, 1?BM. J. :%abolcsi ed., 9oltano $odal% Octongenario Sacrum, Judaeste, 1?BM.
9ússia de ?1?@MD, autor de óeras e oemas sin&4ncios ou o a&rancesado Renrique O:KALH =1E>1?G1D, de cuas obras em :aint2:ans odia gostar. 3as o estranho outsider
=1EBG1?GD1, reresentante modesto e, no entanto, a seu modo genial da música oular carioca. 3as os recursos musicais deste ou daquele academismo n)o basta"a ara e'lorar a &undo a &olclore nacional, em que se misturam elementos !ndios, a&ricanos e ib*ricos, numa &us)o toda original. n&luIncias de :tra"insS, de HebussS, in&luIncias do imressionismo esanhol, in&luIncias esla"as =a 9ússia de 3ussorgsS e tal"el, embora a cr!tica brasileira o negue, a JoImia de H"oraD e húngaras, de Jartó e WodálS, tIm sucessi"amente colaborado ara &ortalecer e sutili%ar a consciIncia nacional dos comositores brasileiros, que criaram uma música no"a, do mais alto interesse e á de considerá"el rest!gio na 0uroa M. O rimeiro lugar cabe, sem dú"ida oss!"el, a R eitor -LLA2LOJO: =1EEF1?>?DG. Adquiriu na 0uroa, em 1?MG, &orma()o musical moderna quando á era homem &eito# quando, 7 base da educa()o musical recebida no Jrasil, á tinha reali%ado obra imortante. Antes de &i'ar2se, em 1?1G, em sua cidade natal, tinha ercorrido todo o a!s imenso, durante anos de "iagem, assimilando ro&undamente a música do o"o. Atribui2 se2lhe a descoberta musical do JrasilQ# e co m ra%)o. 6uanto a seu estilo, n)o * oss!"el chamá2lo de ecl*tico, aesar das in&luIncias de HebussS e :tra"insS e do estudo aro&undado da música de Jach e outros mestres do assado. Pois a base da sua música semre * o &olclore nacional# e este n)o * simlesmente e'lorado ou aro"eitado, mas &iltrado elo temeramento de uma ersonalidade "igorosa, de &or(a "ulc8nica. :ua rodu()o * imensa e, &atalmente, desigual, embora re"ale(am os trabalhos de grande "alor e, entre eles, algumas obras2rimas de signi&ica()o uni"ersal. /)o * oss!"el orientar2se nessa &loresta troical de obras, sen)o lan(ando m)o de um recurso algo antiquado, a classi&ica()o con&orme gIneros obras ian!sticas, lieds, &ormas clássicas, e mais algumas outras, t)o singulares, que n)o * oss!"el subordiná2 las a nenhum esquema, como as &achianas e os Choros. A rodu()o ian!stica de -illa2Lobos * das mais ricas. Pelo menos uma obra á conquistou o mundo, aesar de ser ou or ser das mais nacionais as Cirandas =1?MBD# e oucos "irtuoses estrangeiros dei'aram de incluir no seu rograma a /enda do Caboclo =1?M@D. A 5role do &eb[ =1?1E, 1?M1D á &oi comarada 7s Cenas +nfantis de :chumann ou ao Children0s Corner de HebussS# comara()o que n)o signi&ica deendIncia. Obra2 rima * o (ude!oema =1?MBD, que o mestre, em 1?GM, orquestrou. O caso lembra, um ouco, o de :chumann que tamb*m á deu, nas obras ian!sticas da mocidade, sua medida toda. Arthur 9ubinstein tem &eito muito ara das a conhecer ao mundo essa &ace do comositor. :eria reciso escre"er uma monogra&ia ara classi&icar os numerosos lieds de -illa2 Lobos. Tem ele dado &orma musical a uma boa arte da oesia brasileira moderna# 7s "e%es, enobrecendo te'tos med!ocres# outras "e%es, adatando2se com &elicidade ao alto ensamento o*tico e ao lirismo !ntimo de um 3anuel Jandeira. Assim como acontece com o lied rom8ntico alem)o, a l iga()o indissolú"el entre a música e a l!ngua n)o tem reudicado a di&us)o uni"ersal. ;ustamente os lieds mais tiicamente &olclóricos de -illa2Lobos, as quator%e Serestas =1?M>D, conquistaram o mundo, na interreta()o de cantores e cantoras como ;ennS Tourel. `... Lu!s Reitor, RTV 'nos de Msica no &rasil . 9io de ;aneiro, 1?>B. Andrade 3uricS, ,illa-/obos. 8ma inter!retaJo, 9io de ;aneiro, 1?B1. Andrade 3uricS, 0rnesto /a%ar*Q, in Cadernos &rasileiros, -.G, 1?BG. 0urico /ogueira ran(a, Msicca do &rasil. 2atos 2iguras e Obras, 9io de ;aneiro, 1?>F. G -asco 3ari%, )eitor ,illa-/obos, 9io de ;aneiro, 1??. 1 M
9estam aquelas obras 7 arteQ as singulares. A mais antiga * o :oneto =1?MGD, ara instrumentos e coro * como o rograma do &olclorismo do mestre. Heois os quator%e Choros, escritos entre 1?M@ e 1?ME, sobretudo o no.T =1?MBD, 'lma &rasileira, ara iano solo, e o no.RV =1?M>D, ara orquestra e coro que inclui o tema oular (asga CoraJo# tal"e% os ontos mais altos da música brasileira. Outros re&erem as no"e &achianas &rasileiras, escritas entre 1?G@ e 1?>, material musical &olclórico, &undido em &ormas da música r*2clássica, homenagem de -illa2Lobos a Jach que ele considera como o maior &olclorista entre todos os grandes mestres. 0m rimeira linha a no.R ara E "ioloncelos =1?G@D# no.K , ara orquestra de c8mara =1?G@D# no.L, ara iano =1?G@D, a no.T , ara "o% de sorano e E "ioloncelos =1?GED# sem considerar menos imortantes as outras &achianas. N uma s!ntese sui generis e, or todos os moti"os, admirá"el. Rá quem negue a imort8ncia esecial dessas obras 7 arteQ dentro da "olumosa rodu()o de -illa2Lobos. 3as n)o se ode negar que seam suas obras mais caracter!sticas caracteri%am um dos grandes mestres da música do nosso temo. A arte de -illa2Lobos signi&ica a declara()o de indeendInciaQ musical do Jrasil. 3as n)o * ele o mais radical dos nacionalistas. 0sse t!tulo cabe a Loren%o 09/A/H0\ =1E?F1?ED1, embora, arado'almente, o comositor &osse de origem esanhola. :ua rimeira obra de imort8ncia chama"a2se, bem signi&icati"amente, "rio &rasileiro =1?MD. Logo deois, a SuBte Sinfnica sobre "r[s "emas 5o!ulares &rasileiros =1?M>D. :)o obras bem conhecidas e que o merecem. Alguns re&erem, de toda a rodu()o de Loren%o ernande%, o oema sin&4nico (eisado do 5astoreio =1?G@D. Tal"e% orque ainda n)o est)o bastante habituados 7s últimas e mais maduras obras do mestre, a óera Malasarte =1?1D e a sin&onia O CaJador de Esmeraldas =1?FD. Aesar de todos os es&or(os de regentes, ianistas, cantores e da cr!tica, as obras dos comositores brasileiros contemor8neos n)o est)o sendo e'ecutadas com a deseá"el &req5Incia nem gra"adas em disco bastante acess!"eis. A música brasileira 7 base &olclórica tem muitos mati%es di&erentes. A arte de -illa2 Lobos e a de Loren%o ernande% n)o s)o as únicas ossibilidades reali%adas. N di&erente a ersonalidade art!stica do nacionalista rancisco 3
0urico /ogueira ran(a, /oren4o 2ernande4 Com!ositor &rasileiro, 9io de ;aneiro, 1?>@.
O 3*'ico n)o deu, at* hoe, um mestre da imort8ncia de -illa2Lobos. 3as a tendIncia, ara o &uturo, * clara. 3anuel PO/C0 =1EEB1?ED * muito conhecido no estrangeiro# contentou2se com aro"eitar diretamente o material &olclórico, que *, no 3*'ico, bastante interessante ara encantar os estrangeiros. A estili%a()o art!stica desse material &oi a tare&a histórica do nacionalista decidido :il"estre 90-U0LTA: =1E??1?@D, que quase esgotou as ossibilidades desse caminho# sua obra mais conhecida * o oema sin&4nico Esquinas =1?G@D# e &oi um mestre que á disunha de todos os recursos da música moderna. 3as o grande asso ara &rente &oi dado or Carlos CR_-0\ =1E??DM. oi nacionalista2&olclorista ortodo'o, em obras como os bailados El 2uego nuevo e /os Cuatro Soles na 'bertura (e!ublicana =1?G>D e Sinfonia ndia =1?GBD. /)o dei'ou de sI2lo. 3as chegou a &undir o material &olclórico em &ormas que o trans&iguram. As rimeiras tentati"as &oram a Sinfonia de 'ntBgone =1?GGD e o Concerto !ara quatro trom!as =1?G?D. Obras como o Concerto !ara !iano e orquestra =1?@D e o Concerto !ara violino e orquestra =1?>MD e as Sinfonias nos. =1?>1D L e T =1?>GD s)o incon&undi"elmente me'icanas e, ao mesmo temo, de teor uni"ersalista. A cr!tica me'icana costuma colocar Carlos Chá"e% ao lado dos grandes intores nacionais e sociais Hiego 9i"era, Oro%co, :iqueiros. Tare&a histórica semelhante arece destinada, no Jrasil, a 3o%art CA3A9D e as Sinfonias nos.K e s)o obras2rimas, usti&icando a oini)o do cr!tico inglIs 3ellers /o mundo moderno, toda arte, inclusi"e a mais nacionalista, quando n)o * ro"inciana, * uni"ersalistaQ. /0OCLA::C:3O 0 /0OJA99OCO Os mo"imentos neoclassicistas e neobarrocos na música contemor8nea est)o em rela()o causal ou condicional com a segunda &ase de :tra"insS, quando o comositor russo ocidentali%ado se "oltou ara melodismos de Randel e Pergolese e ara as &ormasQ da rimeira metade do s*culo +-. 0m arte, sua in&luIncia nesse sentido &oi direta seguiram2lhe o caminho. 0m outros casos, antes con"*m di%er que o acomanharam na ran(a, o e'emlo de :tra"insS, em sua segunda &ase, con&irmou o gruo dos Si# , de Ronegger, 3ilhaud, Poulenc, e outros, uma resolu()o que á esta"a no ar arisiense. 0n&im, aquela in&luIncia * sens!"el em "árias tentati"as, inclusi"e na Alemanha, de ressuscitar a música do assado r*2clássico, embora modi&icando2lhe mais ou menos ro&undamente os e&eitos sonoros. M
9.
A in&luIncia de :tra"insS, o rograma dos Si# na ran(a e as tendIncias arcai%antes de muitos alem)es, inclusi"e de Rindemith, todas e ssas correntes encontram2se com &orte mo"imento do nosso temo a ressurrei()o da música antiga. Primeiro e antes de tudo, a renascen(aQ de Jach# deois, a re"i"i&ica()o da arte de 3onte"erde, Purcell, Couerin, -i"aldi, Homenico :carlatti, Telemann, Leo e tantos outros antigosQ. At* o úblico mais conser"ador á esta"a cansado da reeti()o ermanente das obras de RaSdn, 3o%art, Jeetho"en, :chubert, 3endelssohn, Choin, ranc, Jrahms, Kagner. Come(ou2se a e'igir a e'ecu()o historicamente e'ata das obras antigas. 0m "e% da orquestra sin&4nica as orquestras de c8mara do s*culo +-. 0m "e% do iano o cra"o. 0m "e% das cordas modernas a viola d0amore, a "iola da gamba e outros instrumentos ca!dos em desuso. 3as essa e'igIncia de e'ecu()o historicamente e'ata rodu%iu uma contradi()o dial*tica. A rimeira reresenta()o da 5ai#o Segundo So Mateus, 1FM?, &oi reali%ada com equena orquestra e equeno coro, con&orme os recursos 7 disosi()o de Jach# e na orquestra hou"e "ários in strumentos hoe obsoletos. N oss!"el reetir, no s*culo ++,uma e'ecu()o da obra com aqueles mesmo recursos historicamente e'ata. N oss!"el que se obede(am, dessa maneira, estritamente 7s inten($es do comositor. 3as tal"e% este só emregasse equenas orquestras e coros e instrumentos antigosQ orque n)o tinha ou n)o conhecia outros, maiores e mais modernosQ. Tal"e% uma e'ecu()o da obra com recursos modernos, historicamente ine'ata, reali%e melhor as "erdadeiras inten($es do mestre. 0ncanta2nos, hoe, o som do cra"o mas em certos casos, um Homenico :carlatti tal"e% &icasse mais satis&eito se udesse ou"ir suas obras no iano. N um dilema do qual nunca oderemos conhecer a solu()o certa. 0m geral e em comara()o com as detura($es das obras antigas elas orquestras e "irtuoses do s*culo ++, a e'ecu()o historicamente e'ata será re&er!"el. 3as nada * caa% de aagar em nossa memória o conhecimento dos e&eitos instrumentais de um assado mais recente. ;á n)o somos ou"intes dos s*culos +- e +-. 0m alguns caos, as obras antigas só &a%em hoe imress)o comará"el 7quela que &i%eram em sua *oca quando e'ecutadas 7 maneira do s*culo ++. 6uando e'atamenteQ e'ecutadas arecem estranhamente modernas, modernistasQ. O comositor moderno en&renta dilema semelhante com reseito 7s &ormas musicais. A renascen(aQ do assado musical &oi algo como uma sa!da da rotina do academismo. Heois de Jeetho"en, ningu*m teria conseguido escre"er uma "erdadeira e original sonata ara iano. A sin&onia, o quarteto, o drama musical tornaram2se rotineiros. 0nt)o, um concerto grosso, uma su!te, uma chacona, uma tocata, uma óera em estilo barroco areciam surreendentemente modernosQ. 3as essas &ormas musicais da *oca do bai'o2cont!nuo tamb*m se tornam acadImicas e n)o assam de e'erc!cios escolásticos quando se emrega nelas a arte harm4nica de RaSdn, Jeetho"en e Kagner. Por outro lado, a arte harm4nica da *oca do bai'o2cont!nuo, imediatamente anterior ao sistema tonal de Jach29ameau, está ara nós erdida ou, elo menos, inaceitá"el. Para escre"er concerti grossi etc. historicamente e'atos, de"er!amos emregar outros modosQ, e'óticos. 3as ent)o, as &ormas antigas á n)o rodu%em e&eitos sonoros comará"eis 7queles que sentiram os ou"intes dos s*culos +- e +-. Produ%em2se disson8ncias e asere%as que teriam chocado os ou "idos dos contemor8neos de Jach. /)o odemos e"itá2las. /)o se ode &ugir da nossa condi()o de homens deste temo. A música de :tra"insS =M a. &aseD, dos Si# , de Rindemith n)o * no"o classicismoQ# * um neoclassicismo. 0sse termo neoclassicismoQ * bastante in&eli%. Pois o classicismo na música * o estilo de de
tamb*m, de :chubert. 3as aesar da Sinfonia Cl;ssica de Proo&ie" e aesar de um e&Imero &lerte de :tra"insS com 3o%art, ningu*m ensa hoe em adotar aquele estilo. Ao contrário o romantismo ou r*2romantismo dos clássicos "ienenses, sobretudo o de Jeetho"en, * considerado como inimigoQ, como obstáculo 7 e"olu()o de uma música obeti"aQ, da qual alguns chegam a e'cluir os "iolinos, t)o sentimentaisQ, enquanto :tra"insS e'ige que um quarteto de cordas sea e'ecutado com a recis)o de uma máquina de costuraQ. 6uando se &ala em neoclassicismo musical, ensa2se, na "erdade, em r*2classicismoQ, isto *, na música que recede ao cla ssicismo "ienense música como a de Jach ou Pergolesi, concerti grossi e tocatas, su!tes, chaconas e artitas e muita oli&onia linear, sea mesmo dissonante =ou orque * dissonanteD. 3as essa música * a do Jarroco. 0 or isso se &ala em neobarroco ara comletar a con&us)o geral. 3as tamb*m or outro moti"o, mais ra%oá"el. Pois no Jarroco, o co mositor e sua obra, semre encomendada, tinha determinada &un()o na sociedade e dentro das ati"idades da sociedade# enquanto hoe o músico só trabalha or imerati"o de sua insira()o subeti"a, cuo resultado aresenta deois a um úblico indi&erente. O deseo do restabelecimento de uma música &uncional, !endant da arquitetura &uncional, * um dos moti"os do anti2subeti"ismo e anti2romantismo generali%ado. A música teria de dei'ar de ser um ornamento mais ou menos i nútil. Ha rória música querem alguns e'tirar todos os ornamentos e en&eites, n)o or rimiti"ismo stra"insSano, como &a% Or&&, mas or anti2romantismo decidido. Assim á &e% o grande recursor :atie. 0ri :AT0 =1EBB1?M>D1 &oi &igura &ascinante e burlesca, que dei'ou maior anedotário que obra. Um m!stico e'tático com os gestos e o comortamento de um alha(o. Algu*m á o comarou 7quela alha(o do amor di"inoQ que &oi o grande oeta 3a' ;acob. 3as seu ael de recursor dos modernistasQ musicais de 1?1? antes &oi o mesmo que Al&red ;arrS, o criador do 8bu roi , desemenhou em rela()o aos dada!stas e surrealistas. A música de :atie * estática, sem mo"imento dramático no sentido de toda a música clássica e rom8ntica# mas n)o * estática no sentido de HebussS que arou, embriagado de sonoridade, em todo acorde. Por ascetismoQ desistiu :atie do cromatismo e, en&im, de toda harmonia, sem or isso "oltar 7 o li&onia. :ua arte *, deliberadamente, de obre%a &ranciscana. Tem asecto arcaico. 6uando quer ser tomada muito a s*rio, rodu% e&eitos burlescos, o que n)o desagrada"a, aliás, ao autor. -i"endo &ora de toda atualidade musical, :atie á escre"eu obras assim num temo em que HebussS anda n)o tinha chegado a &a%er música imressionista. :)o as equenas cole($es de obras ian!sticas Sarabandes =1EEFD, G%mno!1dies =1EEED, Gnossiennes =1E@?D. He"iam assar, desde ent)o, G@ anos at* o mundo lhe restar aten()o. 0m 1?1F &e% esc8ndalo imenso seu bailado 5arade, de sobriedade ou obeti"idadeQ e'trema e de e&eito grotesco. /o entanto, * uma obra2rima, digna de um :tra"insS &rancIs eselho musical do >aste /and dos )ollo= Men =T.:. 0liotD. Hois anos mais tarde, o melodrama ou óera ou e(a musicalmente declamada Socrate =1?1?D á obte"e sucesso# ustamente orque :atie escre"eu ara o diálogo lat4nico música que * &undamentalmente idIntica com a daquele bailado. 0m 1?1?, a obra n)o odia dei'ar de ter sucesso s)o os dias de Hada, recursor do surrealismo. O resonsá"el ela encena()o de 5arade &ora ;ean Cocteau, oeta "anguardista, intor, cineasta, teatrólogo, romancista, coreógra&o e misti&icador2mor da *oca. 0m 1?1?, ano de :ocrate, ublicou o an&leto /e coq et l0arl1quin, no qual condenou, em arado'os engenhosos e sarcásticos, a arte rom8ntica, o subeti"ismo de Jeetho"en, as n*"oasQ de HebussS e toda e qualquer música que se ou"e com a cabe(a reclinada na 1
P. H. Temlier, Erik Satie, Paris, 1?GM. 9. 3Sers, Erik Satie, Londres, 1?E.
m)oQ. 0'altou a música de circo, de music hall . 0'igiu uma arte le"e, mediterr8nea, eseci&icamente &rancesa ou transarente como a de JachQ. N um Jach estranhissimamente interretado# o rimeiro sinal daquilo que mais tarde seria a música neobarroca. Cocteau tinha escrito rogramas e libretos ara :tra"insS. Tinha encenado o bailado de :atie. Agora se reuniu 7 sua "olta um gruo de músicos, atra!dos ela li nguagem brilhante daquele an&leto &oram os Si# . Aesar de muita ublicidade nem todos os seis conseguiram o sucesso. Hois dos mais bem dotados do gruo semre &icaram na sombra dos outros Loius HU90] =1EEED e a comositora D deu em 1?>@ o imonente bailado 5hdre, uma das melhores reali%a($es do ideal, ent)o á meio esquecido, do gruo. /a "erdade, ara a história e ara o úblico, os seisQ s)o aenas trIs Poulenc, 3ilhaud e Ronegger. O reresentante mais t!ico dos rinc!ios dos Si# e das id*ias de Cocteau de 1?1? * rancis POUL0/C =1E??1?BGD1, esecialista em música de ballet =/es (ichesD. :ua óera /es mamelles de "ir1sias =1?FD * uma última trans&igura()o musical do "anguardismo de Aollinaire# obra altamente arod!stica e agressi"a. As obras de música de c8mara de Poulenc, as mais das "e%es ara, ou com a colabora()o de instrumentos de soro, s)o esirituosas aródias da música de c8mara clássica, n)o desre%ando os recursos do 6a44 . 3as nesse arodista tamb*m hou"e semre "eleidades religiosas, certamente mais s*rias que a con"ers)o e&Imera de C octeau. 0scre"eu, deois de um Stabat Mater =1?>1D, a óera Dialogues des Carmelites =1?>BD, que n)o arece indigna do te'to de Jernanos. As obras mais notá"eis de Poulenc tal"e% seam seus numerosos lieds, classicamente &ranceses. :eria reciso escre"er uma monogra&ia ara &a%er usti(a a todos os asectos da rodu()o imensa de Harius 3LRAUH =1E?MD M que se de&ine, a si rório, &rancIs da Pro"en(a e udeu de origemQ# "i"eu entre 1?1 e 1?1E no Jrasil, como dilomata, e entre 1?G? e 1?> nos 0stados Unidos, como e'ilado# desemenha hoe &un($es de comositor o&icial da 9eública, ara a qual á escre"eu um "e Deum, que &oi cantada na catedral de /otre2Hame de Paris# assim como escre"eu ara os seus correligionários um ServiJo de Sinagoga, aliás original!ssimo, e, ara reresenta()o na Palestrina, a óera David =1?>D# e a maestosa sin&onia coral 5acem in "erris, sobre ala"ras da hom4nima enc!clica do aa ;o)o ++. N comositor de "ersatilidade e'trema e &ecundidade enorme. 0scre"eu 1E quartetos ara cordas, e'licando o grande número elo &ato de Jeetho"en ter escrito aenas 1F quartetosQ. Os anos assados no Jrasil lhe sugeriram a obra ian!stica Saudades do &rasil =1?M1D, de e'otismo algo &antasioso. :uas obras instrumentais e seus lieds s)o inúmeros. O estilo semre * o mesmo o olitonalismo, mas com "oltas mais ou menos &req5entes ao sistema tonal ortodo'o que 3ilhaud n)o desea abandonar. :uas contribui($es mais t!icas ara a música no es!rito dos Si# s)o a Sinfonia no.U =(hodanienneD e a óera /e !auvre matelot =1?MBD, ara a qual Cocteau lhe escre"eu o libreto uma história sombria e cruel, cuo acomanhamento musical retende ser le"eQ e luminosoQ. As óeras de 3ilhaud tamb*m s)o numerosas. A obra de maiores dimens$es * a Orestie =1?MD. A mais ambiciosa * Christo!h Colomb =1?G@D, libreto de Claudel, com grandes recursos musicais e cInicos e emrego de e&eitos cinematográ&icos# á estamos, com essa obra, 1
;. 9oS, 2rancis 5oulenc , Paris, 1?B. <. Jec, Darius Milhaud , Paris, 1??.
M
em leno neobarroco. N comletamente imoss!"el, hoe em dia, ulgar com usti(a a imensa obra de 3ilhaud. Teme2se que o ulgamento da osteridade n)o chegue a ser dos mais &a"orá"eis. /)o ercebemos hoe, quase meio s*culo deois, muita semelhan(a entre os di&erentes membros do gruo dos Si# . 0 elo menos um entre eles só arece ter entrado or equ!"oco t)o di&erente * a ersonalidade de Arthur RO/0<<09 =1E?M1?>>D, &ilho de su!(os &ranceses rotestantes, que or acaso nasceu na ran(a. :ua ades)o ao gruo de"eu2se ao moti"o essoal da ami%ade com 3ilhaud e a outro imulso, meramente negati"o 7 oosi()o contra as nebulosidadesQ do imressionismo. 0sse cal"inista montanhIs quis ser um mediterr8neoQ e sobretudo um modernoQ. Tornou2se &amoso ela e(a orquestral 5acific KR =1?MD, ruidosa homenagem a uma locomoti"a. 3as esse cosmoolita e re"olucionário logo ensou, tamb*m, em moderni%ar enredos tirados da J!blia, que &ora a leitura diária dos seus anteassados. Oratório moderno ou !salme s%m!honique * /e (oi David =1?M1D, que agradou muito# esecialmente a su!te orquestral, tirada dessa obra, conquistou as salas de concerto. Continua()o nesse caminho * 3udith =1?MBD. Como adeto do neoclassicismo de :tra"insS ediu Ronegger a Cocteau que lhe escre"esse o libreto de 'ntigone =1?MFD# obra que &oi considerada, na *oca, como !endant do Oedi!us (e# do comositor russo. 3as este tinha escolhido o assunto grego sem ensar em outra coisa sen)o em tema bastante remoto ara ser"ir de base a uma música abstrata. Ronegger, or*m, ode ter ensado no rotesto religioso de Ant!gona contra a lei deste mundo# e saiu uma música grandiosa e emocionante. O oratório ro&ano /es cris du monde =1?G1D tamb*m * rotesto do indi"idualista contra as normas ditadas ela massa, ela t*cnica. Ronegger, o rotestante, á * antimoderno. :eu olitonalismo ou, como ele re&eriu di%er, sua oliarm4nica linearQ, * comat!"el com a constru()o de grandes arquiteturas "ocais. 0ntre os ideais que con&essou adorar, há a música de Jach e, um ouco surreendentemente, a de C*sar ranc. A insira()o * religiosa. Uma das suas últimas e mais belas obras &oi uma Cantate de :o]l =1?>GD. Ronegger te"e a ambi()o de escre"er óeras. Com aquela mentalidade só odiam, or*m, surgir oratórios, embora ass!"eis de reresenta()o cInica. 3eanne au bZcher =1?G>D, libreto de Claudel, &oi rimeiro cantada como oratório# só em 1?M &oi reresentada, ela rimeira "e%, no alco# e a obra "oltou ara as salas de concerto. N o único oratório autIntico que se escre"eu nesse s*culo# merece o sucesso mundial que te"e e continua tendo. He alta admira()o tamb*m * digna a S%m!honie liturgique =1?BD, ilustrando orquestralmente o Dies irae, o De !rofundis e o Dona nobis !acem# homenagem do rotestante 7 liturgia católica e signi&icati"a e'ress)o musical das angústias da nossa *oca, das quais tamb*m dá testemunho a sombria e tecnicamente magistral Sinfonia di "re (e =1?>1D. He Ronegger á se disse que obrigou o úblico a ou"ir música moderna# quebrou resistIncias que arecem in"enc!"eis e habituou a gente a sonoridades no"as que n)o s)o, aliás, agressi"as. :uas obras rinciais continuam sendo e 'ecutadas, no mundo inteiro, com grande &req5Incia. Contudo, cabe registrar que alguns cr!ticos, &ranceses e holandeses sobretudo, "eri&icam, com os anos, certo en"elhecimento daquelas obras que saudaram com tanto entusiasmo# le"antam a dú"ida se a subst8ncia musical, em Ronegger, n)o *, or"entura, menor do que a inten()o esiritual, e le"ada. Rerdeiro dessas inten($es arece ser ;ean 3A9T/O/ =1?1@D, que escre"eu no cati"eiro alem)o o como"ente 5salmus R =1?GD# sucesso recente * seu Canticus Canticorum =1?>FD. Ho rograma dos Si# sobre"i"em na ran(a o aego aos modosQ antigos ou e'óticos e certo esiritualismo, 7s "e%es n acionalista. Por outro lado, tamb*m e'iste na ran(a um neoclassicismo mais conser"ador, mais tradicionalista. :eu
reresentante rincial * ;acques bert =1E?@1?BMD, autor do oema sin&4nico Escales e da óera /e (oi d0?vetot . 0ntre os neoclassicistas &ranceses e os alem)es situa2se, homem entre as ra(as, o su!(o bil!ng5e ran 3A9T/ =1E?@D 1, um dos mestres mas interiori%ados da nossa *oca. N um ecl*tico declarando2se classicista, continua baseando sua arte na escolha de acordes e'ressi"os, ois &oi e * admirador de HebussS# mas mudou, deois, radicalmente, adotando a t*cnica serial de :choenberg, sem aderir, aliás, ao es!rito da escola "ienense. Tudo lhe ser"e ara trans&igurar em sonoridades raras o sentido !ntimo de te'tos arcaicos ou misteriosos. :ó obras menores suas &oram realmente aceitas elo úblico como a conhecida 5etite S%m!honie concertante. Aenas um succs d0estime coube ao oratório cInico /e vin herb1 =1?>@D, que trata de maneira no"a a lenda de Trist)o e solda, e 7 óera Der Sturm =1?>BD, "ers)o alem) do "em!est de :haeseare, reresentada em -iena e em /o"a orque. N uma arte esot*rica. O ciclo de temorária hegemonia musical &rancesa, entre a estr*ia de 5ell;s et M1lisande e a de 3eanne au bZcher , á arece encerrado. Jartó morreu. Contudo, n)o se ode &alar em restabelecimento da hegemonia musical alem)# no s*culo dos nacionalismos n)o ha"erá mais hegemonia. 3as ningu*m á contesta, hoe, um rimeiro lugar entre os comositores mais modernos ao alem)o Paul R/H03TR =1E?>1?BGDM. N nome de reercuss)o mundial. 0studou "iola, que tocou durante anos no quarteto Amar2Rindemith. oi, na mocidade, um dos roagandistas mais ruidosos da música moderna e modern!ssima na Alemanha. Organi%ou os esti"ais de 3úsica Contemor8nea em Honaueschingem. Hedicou2se ao ensino musical V naturalmente de música moderna V das u"entudes# os ad"ersários chama"am2no de /ausbub =mais ou menos molequeQ ou gaminD, mesmo quando á era ro&essor de uma classe de comosi()o do conser"atório de Jerlim. Os na%istas n)o o erseguiram essoalmente# mas roibiram a e'ecu()o das suas obras. 0m 1?G?, Rindemith resol"eu emigrar ara os 0stados Unidos, onde a Uni"ersidade de ]ale lhe o&ereceu uma cátedra. 0 &oi reconhecido como es*cie de !raece!tor musicae mundi . Come(ou como iconoclasta, escandali%ando os alem)es elos ataques contra Kagner e contra o romantismo. ;á ent)o, o &uturo neoclassicista gosta"a de tocar, com o gruo Amar2Rindemith, os quartetos de 3o%art que assa"am naquele temo or ouco &ilosó&icosQ. O&endeu aos ou"idos com e'erimentos de oli&onia linear. Pro"ocou indigna()o elo emrego dos ritmos e i nstrumentos de a%% em concertos s*riosQ. 3as á sabia escre"er música s*ria. At* os acadImicos reconheceram2lhe o robusto talento ara a oli&onia instrumental, mani&estado em obras como o Quarteto !ara cordas n.L =1?MGD ou o "rio !ara cordas n.R =1?MD. O o"em mestre esta"a consciente do &ato de que a música, deois do Sacre du 5rintem!s, entrara numa *oca caótica, comará"el aos caos de 1B@@, quando submergiu a oli&onia "ocal. Pretendia endireitar o mundoQ atra"*s de uma re&orma social no reino da música. /o s*culo ++, o comositor tinha criado obras con&orme o ditado de sua consciIncia art!stica subeti"a, entregando2as deois ao emresário, ao regente ou ao "irtuose e en&im ao úblico, que n)o as tinham solicitado. Rindemith ensa"a em restabelecer a &un()oQ da música, assim como e'istia nos s*culos +- e +-, quando o comositor só escre"ia or encomenda da igrea ou da corte ou do mecenas, o que garantiu a comunh)o esiritual entre o artista e o seu úblico. Agora, o comositor teria de tornar2se, no"amente, artes)o &a%endo Gebrauchsmusik =música &uncionalQD ara &ins bem determinados, ara acabar com a 1
9. Wlein, 2rank Martin. Sein /eben und >erk , -iena, 1?B@. R. :trobel, 5aul )indemith, Ga. ed., 3ain%, 1?E.
M
irresonsabilidade subeti"a e reconquistar o úblico. /esse sentido escre"eu Rindemith muita Gebrauchsmusik ara o ensino musical, ara associa($es musicais da mocidade, ara reresenta($es oulares erante organi%a($es culturais dos sindicatos oerários etc.. A mais ermanente dessas obras * o 5loener Musiktag =2estival de Msica no 5loen, 1?GMD, comondo2se de música de al"oradaQ, música de almo(oQ e serenataQ ara um congresso de organi%a($es da mocidade alem). 0"identemente, o iconoclasta de 1?M@ á esta"a no caminho ara trans&ormar2se em mestre alem)oQ no sentido antigo. Pro&undamente alem)o * o bel!ssimo Concerto !ara viola e orquestra =1?G>D, denominado Sch=anendreher , do qual todos os mo"imentos se baseiam em "elhas can($es oulares alem)s, dos s*culos +- e +-, das quais a última tem aquele t!tulo. 3as antes de tudo * obra german!ssima a óera Mathis der Maler =Mathis o 5intor , 1?GD, cuo ersonagem rincial * o grande mestre do altar de senheim, 3athias ?D, que &oi disc!ulo de 9oussel. :eus modosQ e'óticos s)o, naturalmente, os do &olclore tcheco, esecialmente da 3orá"ia. As &ormas, maneadas com "irtuosidade, s)o as r*2clássicas. Has suas obras numerosas tIm "alor tal"e% ermanente o Concerto Grosso e o Concertino !ara 5iano e Orquestra. As outras, nunca s)o de la mauvaise musique bien 1crite# s)o boa música bem escrita, mas em grande arte or assim di%er desnecessárias. 3úsica neobarroca escre"eu or necessidade !ntima o &rancIs Oli"ier 30::A0/ =1?@ED1 orque * mesmo homem de mentalidade barroca. O que lembra, em suas obras, aquele estilo *, al*m de certos t!tulos, o conteúdo esiritual um misticismo e'tático, constantemente reocuado com as tenta($es da carne, o reino das tre"as e a ascen()o da alma. O organista da igrea :te. Trinit* em Paris * católico de tal maneira e'altado que os ad"ersários á mani&estaram dú"idas inustas quanto 7 sua ortodo'ia. A música de 3essiaen arece muito ecl*tica in&luIncias de HebussS e :tra"insS e, tamb*m, de Alban Jerg# e elementos e'óticos, asiáticos e a&ricanos, al*m d e ermanentes recorda($es bachianas e da mania de imitar as "o%es dos ássaros. Tudo isso, or*m, &undido de maneira ersonal!ssima e comlicad!ssima, num estilo rório, meio suntuoso, meio bárbaro. /)o e'istem obras de outro comositor que seam comará"eis 7s de 3essiaen /a nativit1 du Segneur =1?G>D, ara órg)o# Quatuor !our la fin du tem!s =1?1D# ,isions de l0'men =1?GD, ara iano# ,ingt regards sur l0enfants 3esus =1?>D, ara iano# o oema sin&4nico "urangalila =1??D. N autIntico neobarroco# mas ro"a"elmente n)o ara o &uturo e, sim, !our la fin de ce tem!s. 1
Cl. 9ostand, Olivier Messiaen, Paris, 1?>E.
:CRO0/J09< 0 O HOH0CAO/:3O O &uturo considerará ro"a"elmente Jela Jartó como o maior comositor da rimeira metade do s*culo ++. 3as as in&luIncias decisi"as &oram outras de um lado, :tra"insS, insirando os nacionalistas e o neoclassicismo# or outro lado :choenberg, insirando o atonalismo e ensinando o dodeca&onismo. 3uitos comositores contemor8neos s)o olitonalistas as "árias "o%es mo"imentam2se em tonalidades di&erentes, suerostas, o que em toda música at* HebussS teria sido roibido, orque rodu%indo sistematicamente disson8ncias. 3as á se "iu que o conceito disson8nciaQ * relati"o, sueito a modi&ica($es históricas. Ontem * considerada disson8ncia roibida aquele acorde que amanh) at* os acadImicos admitem. O cromatismo &e% rogressos constantes, at* "risto e +solda e a artir de "risto e +solda, at* se aagarem, en&im, as &ronteiras entre as tonalidades. O ró'imo asso seria o de aboli2las de n)o reconhecer mais tonalidade nenhuma. :eria o atonalismo. 3as este só &oi uma &ase na e "olu()o de Arnold :choenberg. Heois, o mestre restabeleceu a ordem, substituindo o sistema tonal destru!do or outro sistema, no"o o dodeca&onismo. N a maior re"olu()o na história da música arecia a destrui()o comleta da tradi()o da música ocidental. 3as essa re"olu()o &oi reali%ada or um homem que se ulga herdeiro daquela tradi()o. Chega a chamar2se tradicionalista. Arnold :CRO0/J09< =1EF1?>1D1 * &ilho da equena burguesia udaica de -iena. O ambiente em que se criou, arece2se com o de 3ahler e reud. oi, em música, autodidata. Trabalhando tena%mente, adquiriu or*m t)o grande erudi()o musical que a comiss)o de ublica()o dos Monumentos da Msica na ustria o encarregou de editar o Concerto !ara violoncelo de 3onn, recursor de RaSdn. :uas rórias comosi($es &oram, de in!cio, consideradas ine'ecutá"eis, rimeiro or causa dos enormes recursos requeridos, deois or causa das audácias harm4nicas. Teria tido sucesso, se &osse um ouco menos intransigente. 3as n)o transigiu nunca na "ida. Passou or *oca de gra"e mis*ria material. Precisa"a ganhar a "ida, orquestrando a música d e oeretas "ienenses, de autoria de incultos &abricantes de "alsas. 0m 1?@F, o &amoso quarteto 9os*, uma das cidadelas do conser"antismo musical d e -iena, e'ecutou o Quarteto em r1 menor de :choenberg# o úblico &e% esc8ndalo, que se reetiu em 1?@E com o Quarteto em f; sustenido menor . 0m 1?1G os Gurrelieder &oram, 1M anos deois de sua ublica()o, saudados com almas. 3as no mesmo ano de 1?1G, a Sinfonia !ara orquestra de cAmara em mi maior rodu%iu em -iena um dos maiores esc8ndalos em toda a história da música. Hesde ent)o, o esc8ndalo acomanhou :choenberg &ielmente ela "ida toda. /unca te"e sucesso. Como catedrático do conser"atório de Jerlim, desde 1?M>, só onti&ica"a dentro de um c!rculo limitado. 0 m 1?GG, o na%ismo o obrigou a emigrar ara os 0stados Unidos, onde o honraram sem comreendI2lo. 3orreu desolado, em 1?>1, sem ter chegado a re"er sua terra. Pela ati"idade de :choenberg, a cidade de RaSdn, 3o%art, Jeetho"en, :chubert, Jrahms, Jrucner e 3ahler oderia "oltar a ser a caital do mundo da música. 3as á esta"a trans&ormada em &ortale%a do academicismo. 9eeitou seu no"o ael, reeitando o mestre. Roe, no entanto, os mais conhecidos músicos "ienenses, como o ianista Jruno :e idlho&er, s)o schoenbergianos. 0m torno da música e da teoria de :choenberg, subsistem "ários equ!"ocos. 3uitos 1
K. Kelles%, 'rnold Schoenberg , Lei%ig, 1?M1. Leibo^it%, Shoenberg et son 1cole, Paris, 1?F. T. K. Adorno, 5hiloso!hie der neuen Musik , Tuebingen, 1??. R. R. :tucenschmidt, 'rnold Schoenberg , 3unique, 1?>B. ;. 9u&er, Das >erk 'rnold Schoenbergs, Wassel, 1?>?.
ainda o chamam de atonalista, embora o atonalismo só &osse um &ase intermediária de sua e"olu()o estritamente coerente. At* 1?@?, mesmo aquelas obras que tanto escandali%aram o úblico tIm tonalidade de&inida# aenas le"am ao e'tremo o cromatismo ^agneriano. 6uanto 7s obras osteriores, di%ia2se em -iena que :choenberg costuma"a2se sentar2se no teclado do iano mudando "árias "e%es de osi()o e notando os sons assim rodu%idos. :eria a música mais arbitrária do mundo. /a "erdade, o sistema de :choenberg * d e um rigor e'cessi"o. Parece amarrar as m)os ao comositor. :uas regras lembram a arte contraont!stica dos mestres &lamengos do s*culo +-# em arte, s)o as mesmas regras. ora do c!rculo dos disc!ulos n)o se estudou bastante o "ratado de )armonia de :choenberg, no qual se citam constantemente e'emlos de Jach e Jrahms. N obra de um tradicionalista, que considera sua teoria como a conclus)o lógica da tradi()o ocidental. `... ;á &oram &eitas numerosas tentati"as ara e'licar o dodeca&onismo ao úblico# com sucesso du"idoso. O no"o sistema tonal retende substituir o de Jach29ameau, ara acabar com o cromatismo e com o atonalismo. 0m "e% das M tonalidades do sistema tradicional e em "e% de nenhuma tonalidade do atonalismo, :choenberg só admite uma única tonalidade# os 1M sons, entre os quais nenhum * destacado e todos desemenham a mesma &un()o. /)o há mais tom maior n em menor. /)o há conson8ncias nem disson8ncias. 3as nem tudo * ermitido ao comositor. Ao contrário. A obra musical tem de basear2se numa s*rie =da! música serialQD, na qual todos os 1M sons s)o reresentados, mas cada um só uma "e%. 0ssa s*rie * o tema &undamental da obra, elaborada con&orme todas as regras, inclusi"e as mais comlicadas, da antiga oli&onia "ocal, da arte contraont!stica. N uma escolástica. 3as * uma ordem. As rimeiras obras seriaisQ ou dodeca&4nicasQ &oram as Cinco !eJas !ara !iano O!.K =1?MGD e a Serenata O!.KL =1?MGD. Como obras caitais s)o consideradas o Concerto !ara violino e orquestra =1?GBD e o Concerto !ara !iano e orquestra =1?MD. Hodeca&4nica * a música da muito curiosa óera2sat!rica ,on heute auf morgen =Entre )o6e e 'manhD. 0 as ,ariaJYes !ara grande orquestra sobre o tema &-'-C-) O!.R =1?MED assam or ser a arte da &ugaQ do dodeca&onismo. N reciso admitir que o úblico nunca aceitou essa música que se a&igura &atalmente, a quem n)o estudou e lI as artituras, como acumula()o de ru!dos desagradá"eis# tamb*m os elogios da cr!tica nem semre &oram sinceros. 3as n)o se admitem esses &atos ara &a%er restri($es tamb*m á hou"e quem declarasse a 'rte da 2uga e as ,ariaJYes sobre uma ,alsa de Diabelli obras destinadas antes 7 leitura do que 7 audi()o. a%endo música abstrata, :choenberg se encontra dentro da tradi()o da música ocidental. /o resto, o mestre nunca e'igiu que, no &uturo, só se &i%esse música dodeca&4nica. Al*m de admitir outra música, di&erente da sua, tamb*m se re"elou caa% de escre"er de maneira menos regularQ, menos escolástica. Por isso V ou or moti"o dos te'tos V conseguiram a relati"a aceita()o a Ode a :a!oleo =1?, letra de JSronD, e a cantata Ein berlebender aus >arschau =8m Sobrevivente de ,ars7via, 1??D, celebrando em l!ngua alem), inglesa e hebraica o hero!smo e o mart!rio dos udeus encerrados e e'terminados no gueto de -arsó"ia. O monumento da "olta de :choenberg ao nacionalismo religi oso udaico * a óera Moses und 'ron =Mois1s e 'aroD, que o mestre, interromendo em 1?GM o trabalho, dei'ou incomleta. As raras e'ecu($es do &ragmento, na sala de concertos, na óera e no rádio, n)o ermitem &ormar oini)o de&initi"a. Hois trechos á &oram e'ecutados com maior &req5Incia, &a%endo imress)o ro&unda a "o% do :enhor, &alando da sar(a ardente a 3ois*s# e a dan(a dos udeus em torno do "itelo de outro. A obra de"eria ser a
catedral da música moderna# suas ra!%es le"am a ro&undidades religiosas, e'tramusicais# o último obeti"o da obra tamb*m transcende as ossibilidades da música# &icou, tal"e% or isso, &ragmento. A comara()o entre :choenberg e :tra"insS re"ela melhor as &raque%as e o lado &orte dos dois comositores. A rioridade cronológica cabe 7quele a s obras re"olucionárias de :choenberg s)o anteriores ao Sacre du 5rintem!s# e s)o mais radicais. 6uanto 7 e"olu()o osterior dos dois mestres o neoclassicismo de :tra"insS * um seudoclassicismo, e'lorando melodismos e &ormas antigas, degenerando 7s "e%es em asticho# o tradicionalismo de :choenberg tem maior direito de ser reconhecido com autIntico, orque o comositor "ienense retende realmente, e at* de maneira erudita, desemenhar o mesmo ael de &undador de uma no"a ordem no caos que desemenharam Jrahms no caos do neo2romantismo e Jach no caos do último Jarroco. /esse sentido, os adetos entusiasmados de :choenberg tIm o direito d e comará2lo a Jach. 3as a ningu*m ocorrerá comara()o dessas quanto 7 caacidade criadora. A esse reseito, os adetos de :tra"insS est)o em melhor situa()o. Pelo menos nas rimeiras obras re"elou o russo uma &or(a esont8nea que &alta comletamente ao "ienense# só em &ases osteriores caracteri%am2se as obras de :tra"insS or aquele mesmo cerebralismo, elas tentati"as de &or(ar a insira()o, que á se encontra em todas as &ases da e"olu()o de :choenberg. Tal"e% ele &osse mais teórico e animador do que criador. Outros, disc!ulos seus, ti"eram mais sucesso# ele &icou semre isolado. 3as seu int*rrete &ilosó&ico, Theodor K. Adorno, e'lica bem esse isolamento :choenberg, como artista, n)o &oi associal, em osi()o hostil ao mundo# o mundo &oi hostil a ele orque n)o suorta ou"ir, na sua música, as desarmonias gritantes da nossa *oca# :choenberg teria assumido a tare&a ingrata de di%er a "erdade, que * semre dura, ara e'iar a mentira da arte acadImica e os crimes que esta esconde sob o manto da seudobele%a# a música de :choenberg tollit !eccata mundi . Um cr!tico menos amistoso á disse que a melhor obra de :choenberg &oi seu disc!ulo Alban JergQ. Rá nessa &rase o gr)o de "erdade de que Jerg &oi comositor genial, ro"a"elmente suerior a :choenberg# mas de"eu tudo a este, ao qual semre &icou ligado ela ami%ade e ela gratid)o. /o entanto, n)o &oi disc!ulo ortodo'o# alguns dos seus maiores acertos odem2se atribuir 7 maneira li"re or que interretou a li()o do mestre. Alban J09< =1EE>1?G>D1 &oi austr!aco como :choenberg, mas de origens di&erentes da regi)o alina, menos contaminada ela decadIncia da caital. 9eagiu com sensibilidade doentia contra o ambiente "ienense de 1?1@, em que á ha"ia os germes da decomosi()o do im*rio austr!aco. Ligou2se aos oucos es!ritos solitários que lutaram ara ossibilitar uma no"a "ida, mais ura, tal"e% uma &utura renascen(a austr!aca o grande escritor sat!rico Warl Wraus# o arquiteto Adol& Loos, um dos criadores da arquitetura &uncional# o intor e'ressionista Osar Wooscha# e :choenberg. n&eli%mente, o gInio de Alban Jerg esta"a encerrado num coro doentio, redestinado a uma morte rematura. 0ssas circunst8ncias e'teriores V o ambiente e a condi()o &!sica V e'licam os res!duos de subeti"ismo rom8ntico que Jerg nunca chegou a suerar. 3as n)o tIm nada com suas qualidades ositi"as a &idelidade com que recebeu e guardou a li()o do seu mestre# e a liberdade com que a interretou. /)o * dodeca&onista ortodo'o, e n)o odia sI2lo orque sua insira()o era rincialmente l!rica. 0sta 1
K. 9eich, 'lban &erg , -iena, 1?GF =M a. ed., \urique, 1?BGD. P. ;. ;ou"e e 3. ano, >o44eck ou le nouvel 7!era, Paris, 1?>G. R. . 9edlich, 'lban &erg the Man and his Music , Londres, 1?>F.
mani&estara2se nos seus lieds, que em arte ainda s)o &rancamente rom8nticos =embora de um romantismo que soa e'tremamente modernoD. O lirismo de Jerg * a base da sua cria()o dramática. >o44eck =1?M1D * a maior óera que se escre"eu deois de HebussS e 9ichard :trauss# * mais dramática que 5ell1as et M1lisande, mais ro&unda que :alome e 0letra# e, admitindo2se mesmo a menor rique%a de subst8ncia musical, * incomara"elmente mais humana e mais sincera que O Cavaleiro das (osas. Jerg 4s em música o te'to integral, em rosa, de um drama meio &ragmentário do oeta alem)o o44eck * obra de realismo social, imlacá"el como uma trag*dia grega# e de um lirismo cu a rai% * a grande iedade com todos os que so&rem. 3as nada de sentimentalismo. Para e'ulsá2lo do enredo escre"eu Jerg a música da óera nas &ormas rigorosas da oli&onia instrumental barroca cada uma das cenas * constru!da como su!te ou !assacaglia ou in"en()oQ ou &uga, etc.# mas tamb*m aarecem um scher4o, um mo"imento em sonata2&orma e um andante affetuoso, &ormas do classicismo "ienense. A t*cnica harm4nica ainda n)o * a do dodeca&onismo, como alguns acreditam# ois o sistema serial de :choenberg * osterior a >o44eck . N o estilo declamatório do 5ierrot /unaire, um termo m*dio entre o canto e a linguagem &alada. O acomanhamento orquestral, naquelas &ormas r*2clássicas e clássicas, &ornece o &undamento rigorosamente &ormal, caa% de discilinar o sentimento e de limitar o realismo. N música dramática inteiramente no"a. >o44eck encontrou, da arte do úblico, a mais &irme resistIncia. ein =O ,inho, 1?M?D, oema de Jaudelaire =em tradu()o ara o alem)oD obra que, arece, á "enceu na sala de concertos. O sucesso insirou a Jerg a coragem ara escre"er a rimeira óera dodeca&4nica =semre em sentido li"re da ala"raD /ulu. /ulu =1?G>D n)o &oi inteiramente comletada. :em dú"ida, tamb*m * uma obra do mais alto interesse musical. 3as o te'to, arranoQ de uma trag*dia e rótica do e'ressionista alem)o ran Kedeind, n)o o&ereceu ao comositor as mesmas oortunidades de >o44eck . Ao lado de trechos muito e'ressi"os, s!mbolos musicais da corru()o e da nostalgia da reden()o do mundo moderno, há outros que a rosa rosaicaQ do te'to n)o ermitiu trans&igurar musicalmente. N, como Mois1s e 'aro, um grande &ragmento. `... A música de Alban Jerg * mais humana que a de :choenberg e muito mais humana
que a do outro disc!ulo redileto d ele, Kebern. Tal"e% or isso mesmo e'er(a in&luIncia menor que a de Kebern, cuo anti2romantismo e'tremo corresonde melhor 7 mentalidade das gera($es no"as. Anton "on K0J09/ =1EEG1?>D1, "ienense como os dois outros, &oi de &orma()o e temeramento todo di&erente musicólogo erudito e aristocrata retra!do, solitário. Hisc!ulo ortodo'o de :choenberg, continuando a obra do mestre, &ortalecendo o rigor do sistema, enriquecendo2o or ino"a($es r!tmicas e ela $langfarbenmelodie, isto *, a distribui()o de cada uma das notas do tema a instrumento di&erente. 0scre"eu nada menos que 1G ciclos de lieder e a imortante Cantata n.K =1?GD. 3as n)o &oi es!rito l!rico, a n)o ser que se de&ina de maneira totalmente no"a o lirismo. :ua rodu()o de música de c8mara tamb*m * considerá"el, sendo as obras rinciais as seguintes "rio !ara cordas o!. KV =1?MFD# Sinfonia !ara orquestra de cAmara o!. KR =1?MED# Quarteto !ara violino !iano clarinete e sa#ofone o!. KK =1?G1D# Concerto !ara N instrumentos o!. KL =1?GD# Quarteto de cordas o!. KU =1?GED# ,ariaJYes !ara orquestra o!. V . 3as as e'ress$es obraQ e obra2rimaQ que &oram tantas "e%es emregadas neste li"ro, odem dar imress)o errada quando se trata de Kebern. :)o e(as e'tremamente curtas, cua e'ecu()o só requer oucos minutos. :)o como miniaturas ou a&orismos musicais. CurtasQ tamb*m s)o interiormente, comondo2se aenas de art!culas sonoras, embora rigorosamente encadeadas. 0, ainda or cima, quase semre o comositor e'ige a e'ecu()o em ian!ssimo, de modo que &icam mal aud!"eis. Tal"e% sea melhor ler, aenas, essas &ormas sonoras, geometricamente coordenadas, do que ou"i2las. O anti2romantismo e'tremamente anti2retórico de Kebern ro!be a interreta()o dessas estruturas como V á &oram assim de&inidas V &órmulas mágicas, misteriosamente murmuradasQ. N "erdade que a s*rie, que * recurso t*cnico ara os outros, * ara Kebern um s!mbolo mágico do uni"erso. As gera($es no"as da música euro*ia a&irmam erceber nelas aro'ima($es de um outro mundo, de um mundo no"o. Um dos grandes teóricos da música dodeca&4nica * o "ienense 0rnst W90/0W =1?@@D. 3as no in!cio &oi um ecl*tico, que &e% música moderna com a ambi()o con&essada de conquistar o grande sucesso. Conquistou2o uma "e%, com a óera 3ohnn% s!ielt auf =3ohnn% Est; "ocando, 1?MFD, glori&ica()o do a%%. 3as n)o en"eredou elo caminho, largamente abert, da oereta. ntelectual s*rio e escruuloso, &e% tentati"as em "árias dire($es V criando obra "olumosa V at* chegar ao dodeca&onismo ortodo'o. :ua obra caital * a óera $arl , =Carlos Quinto, 1?GD, carregada de &iloso&ia da história. 0ntre suas obras osteriores =esecialmente numerosos os liedsD merecem destaque os admirá"eis seis motetes ara coro a caela sobre te'tos de Wa&a. `... 3:CA CO/C90TA 0 0L0T9/CA Um cr!tico que semre &oi um dos rotagonistas da música moderna, Theodor K. Adorno, e'lica a rocura de no"os mundos sonoros elo en4o dos mundos sonoros antigos. Rá concertos sin&4nicos e de c8mara em todas as grandes e em muitas equenas cidades do mundo mas semre se nos o&erece o mesmo reertório histórico, de Jach e Randel at* Jrahms e HebussS, a sa&ra de menos de M@@ anos. N ainda mais conser"ador o reertório das casas de óera de
9. Leibo^it%, Schoenberg et son 1cole, Paris, 1?F. Hie 9eihe =-ienaD, n o.M, 1?>>, :Smosium ^eber KebernQ. K. Wolneder, 'nton =on >ebern, 3unique, 1?BM.
música. 3as *, outra "e%, um reertório histórico, incluindo 3onte"erde e -i"aldi, Couerin e Homenico :carlatti. Toda música e'ecutada e ou"ida ertence, semre, ao mesmo sistema de organi%a()o dos elementos sonoros. O úblico continua satis&eito. 3as quem sente "oca()o criadora, n)o ode &ugir ao &en4meno de en4oQ. :ó oucas obras do modernismoQ de 1?1@, 1?M@ e 1?G@ entraram no reertório histórico /e Sacre du 5rintem!s, >o44eck , 3eanne au bZcher , Carmina burana. O resto só * e'ecutado nos &esti"ais de música contemor8nea em Honaueschingen, Col4nia, Harmnstadt, -ene%a e nos rogramas de música a"an(ada de algumas emissoras de rádio na Alemanha. O úblico de leigos n)o toma conhecimento. 9eudiados, os comositores contemor8neos constituem c!rculos &echados uma seita. O que se &a% nela arece, "isto de &ora, uma escolástica. 3as cada escolástica rodu% &atalmente suas heresias. :uera2se :tra"insS. :uera2se : choenberg. :uera2se Jartó. /um li"ro &rancIs, de Rodeir, todos os trIs s)o condenados como decadentesQ que, deois de come(os re"olucionários, ca!ram na rotina ou na rea()o. :ó Kebern * ouado. 3as rocuram2se recursos no"os ara reali%ar aquilo que o mais radical dos mestres de -iena aenas adi"inhara. 0sses no"os recursos s)o o&erecidos ela música concreta e ela música eletr4nica. A música concreta tem origens remotas. 0m 1?1G, o &uturista italiano Luigi 9ussolo ro4s a substitui()o da música tradicional or orgies de bruits =orgias de barulhosD rodu%idos or obetos das mais di"ersas es*cies, menos or instrumentos musicais. :ó rodu%iu esc8ndalos. 3as esse bruitisme n)o dei'ou de chamar a aten()o do mais radical dos "anguardistas de ent)o na marcha &inal da )istoire du Soldat , de :tra"insS, o diabo &a% um ouco de música bruitistaQ. `... :ó deois da :egunda
di"ersi&icada. 0m 1?>@, a /ord^estdeutscher 9und&un =9ádio20missora do /oroeste da AlemanhaD em Col4nia &undou um laboratório de música eletr4nica, dirigido or :tochausen. Uma das conquistas rinciais desse laboratório * a e'ecu()o de obras musicais sem inter"en()o de humanos uma música uramente mec8nica. @ se chama"a música. O assunto do resente li"ro está, ortanto, encerrado.
i
Temos aqui uma equena sele()o de alguns cantos mais conhecidos. 0'ceto elas seq5Incias, o&ertório e Pai /osso, os demais n)o s)o cantados na missa, mas no o&!cio de -*seras ou em alguma outra das Roras que os religiosos e adres re%am durante o dia. :eq5Incia -ictim Paschali, da missa do domingo de Páscoa
:eq5Incia -eni :ancte :iritus da missa de Pentecostes
:eq5Incia Lauda :ion, da missa de Corus Christi
A"e 3aria
O&ertório A"e, 3aria... et benedictus
;esu Hulcis 3emoria
3isericordias Homini
Rino -eni Creator
Alma 9edemtoris 3ater
A"e 9egina Clorum
9egina Cli
:al"e 9egina
9ecordareQ=o&&ertorS antihon&or the east o& the Comassion o& 3arS &ridaS be&ore RolS KeeD
9ecordare -irgo mater, dum steteris in consectu Hei, ut loquaris ro nobis bona, et ut a"ertas indignationem suam a nobis.9emember, -irgin 3arS, ^hen Sou stand in the resence o&
Comline Procession:al"e 9eginaQ =Rail RolS 6ueenQin honor o& the Jlessed -irgin 3arSD
:al"e 9egina, 3ater misericordiae, -ita dulcedo et ses nostra sal"e. Ad te clamamus e'sules &ilii Re"ae. Ad te susiramus gementes et &lentes, in hac lacrimarum "alle. 0a ergo ad"ocata nostra, illos tuos misericordes oculos ad nos con"erte. 0t ;esum benedictum &ructum "entris tui nobis ost hoc e'silium ostende. O clemens, o ia, o dulcis -irgo 3aria.Rail holS queen, mother o& mercS, Rail our li&e, our s^eetness and our hoe. To Sou do ^e crS oor banished children o& 0"e, To Sou do ^e send u our sighs, mourning and ^eeing in this "alleS o& tears. Turn then, most gracious ad"ocate Sour eSes o& mercS to^ard us. And a&ter this, our e'ile, :ho^ us the &ruit o& Sour ^omb, ;esus. O clement, O lo"ing, O s^eet -irgin 3arS.
Comline ProcessionO Lumen 0cclesiaeQ =Light o& the ChurchQ on honor o& :t. HominicD
O lumen 0cclesiae octor "eritatis, 9osa atientiae, 0bur castitatis, Aquam saientiae roinasti gratis, Praedicator gratiae, nos unge beatis.Light o& the Church, Teacher o& truth, 9ose o& atience, "orS o& chastitS, ]ou &reelS o&&ered The ^aters o& ^isdom, Preacher o& grace, Unite us ^ith the blessed.
Antihon 3orning PraSer=:t. Albert the D
Austeritate -itae, orationis de"otione, amore &raternitatis, doctrinae e&&usione, Albertus glori&ica"it Hominum.JS austeritS o& li&e, de"otion to raSer, lo"e o& the brotherhood, and outouring o& teaching, Albert glori&ied the Lord.
ontes htt^^^.christusre'.org^^^Mcantgregcantosselec.html# htt^^^.o.orgdomcentralli&e. ii
The original manuscrit, ^ritten in the mid2 1Gth centurS, is ^ritten in a musical notation some^hat con&using to modern eSes, Set still clearlS a recursor o& modern notation
To sing as a round, one singer ^ould begin at the beginning, and a second ^ould start at the beginning as the &irst got to the oint mared ^ith the red cross. The length bet^een the start and the cross corresonds to the modern notion o& a bar , and the main "erse is comrised o& si' hrases sread o"er t^el"e such bars. n addition, there are t^o lines mared PesQ, t^o bars each, that are meant to be sung together reeatedlS underneath the main "erse. These instructions are included =in LatinD in the manuscrit itsel&. The music is some^hat more readable in modern notation
n this ronunciation guide, A is the sound o& the "o^el in saSQ# is the sound o& the "o^el in s eeQ# O is the sound o& the "o^el in gro^Q# U is the sound o& the "o^el in soonQ. & Sou can mae the sound, trS ronouncing the lhQs as i& theS ^ere selled hlQ. :Umair is cUmin in, lU2duh sing cUcU
The e^e bleats a&ter the lamb# the co^ lo^s a&ter the cal The bull leas# the goat caers# merrilS sing cucoo Kell sing Sou, cucoo22donvt e"er sto no^. :ing cucoo, no^....
This ^or is also one o& the earliest e'amles o& music ^ith both sacred and ro&ane lSrics, though the ro&ane ones are erhas better no^n. t is not clear ^hich came &irst, but the sacred lSrics, in Latin, are a re&lection on the sacri&ice o& the Cruci&i'ion. A "ertical bar indicates the end o& a musical hrase Persice Christicola que dignacio w celicus agricola w ro uitis "icio w &ilio w non arcens e'osuit mortis e'icio w 6ui catiuos semiuiuos a sulicio w "ite donat et secum coronat in celi solio wObser"e, Christian, such honour The hea"enlS &armer, due to a de&ect in the "ine, not saring the :on, e'osed him to the destruction o& death. To the cati"es hal&2dead &rom torment, Re gi"es them li&e and cro^ns them ^ith himsel& in the manuscrit on the throne o& hea"en. ^ritten xyz icolax ̅
ontes htten.^iiedia.org^ii:umerisicumenin# htt^^^.soton.ac.u{^^tharl?FEsumerms.htm# htt^^^2 ersonal.umich.edu{msmillersumercanon.html. iii PerotinXs :ederunt rinciesQ, is a ^onder&ul e'amle o& the usage o& rhSthmic modes, as the dulum, trilum, and quadrulum =uer three o& the &our "oicesD all utili%e them. These searate lines are ^hat in turn create olShonS, and it ^as the /otre Hame :chool that has been gi"en the credit o& elaborating monohonic chant into olShonS. :ince this te't does not ro"ide a means o& organi%ation, abstract musical de"ices ^ere used &or c ohesion. Rence, the &ocus is on the music rather than the te't. nitiallS, he has the to three arts singing in rhSthmic mode G &or unitS through measure t^el"e. Then he begins to introduce other rhSthmic modes slo^lS to allo^ the arts to come more indeendent o& each other. -oice e'change is the most imortant musical de"ice in this iece, as the dulum, trilum, and quadrulum ass bac and &orth melodicallS and modallS similar hrases. All o& these de"ices and this olShonS is occurring ^hile the tenor chant line ="o' rincialisD taes its time in singing one ^ord V sederuntQ. The choir then &ollo^s ^ith the remaining te't in monohonic te'ture. All in all this e'amle o& coula and discant ^hen sung in its entiretS ^ith the
ontes htt^^^."anderbilt.eduhtdocsJlairCourses3U:LMMchrish{1.htm# htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html. i"
The indi"idual mo"ements o& the 3ass o& /otre Hame emloS t^o distinctlS searate structural models and stSles, dictated at least in art bS the &unction and &orm o& the mo"ement itsel&. or the &our mo"ements ^ith relati"elS small amounts o& te't V WSrie, :anctus, Agnus Hei, and te 3issa 0st V 3achaut chose the stSle he used in his elaborate motets the uer lines roceed ^ith more or less indeendent rhSthmic motion and long rhasodic =that is, some^hat irregular and richlS decorati"eD melodic sections o"er a tenor set in isorhSthm `.... Unlie his motets, ho^e"er, there is onlS a single te't in each mo"ement, ^hich is sung bS all &our "oices. The te'ts o& both
ontes htt^^^.boorags.comhistorSarthistorSguillaume2de2machauts2messe2de2nost2ahe2@G# htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html. "
The |0nglish guiseX =or | contenance anglaise ’D as resented bS Hunstable ^as not onlS an increased sonoritS, but a more ronounced &eeling &or chords and chord rogressions, a more re&ined treatment o& discord, a &resher, more lSrical "ocal line, and a greater equalitS o& art2^riting than had e'isted be&ore, the chordal sense and equalitS o& art2^riting being a natural outcome o& 0nglish discant and conductus stSle combined. Although Hunstable might ^ell be called the &irst great comoser in the earlS 9enaissance eriod, mediae"al &eatures ersist in much o& his music V &or instance, isorhSthm =^hich, lie most o& the e'amles in the Old Rall manuscrit, usuallS occurs in all the "oicesD, olSte'tualitS, and distinction bet^een the arts, both through rhSthmic di&&erences and =more eseciallSD through the use o& "oices and instruments, articularlS in secular ieces, the most common laSout being a " ocal to art ^ith t^o lo^er instrumental arts. Ris motet -eni :ancte :iritus -eni Creator :iritus, using the technique o& isorhSthm, ^ith the alication o& a recurrent rhSthmic attern to a gi"en series o& notes, ^as intended &or the KhitsundaS liturgS
onte htt^^^.na'os.comcomoserdunstabl.htm# htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html# htt^^^.hoasm.orgCHunstable.html. "i Although the church resected Hu&aS as an intellectual, his music is ^hat has made him &amous. Hu&aS ^rote in numerous stSles and manners, creating ^ors o& greatlS "arSing length, using a broad range o& te'tures, and crossing manS o& the boundaries bet^een genres. Another qualitS o& Hu&aSvs ^riting that deser"es mentioning is his use o& isorhSthm. The concet o& isorhSthm, belie"ed created bS Philie de -itrS, is one in ^hich seci&ic rhSthmic and itch atterns are reeated throughout a iece. This ^as one o& the most imortant de"eloments in music o& the eriod in that it heled a comoser to create a sense o& unitS in a iece. n Hu&aSvs case, he mainlS restricted the use o& this technique to motets &or solemn ublic ceremonies. A &amous e'amle is Nuper rosarum flores , an isorhSthmic motet comosed &or the dedication o& the lorentine cathedral. As
onte htt^^^."anderbilt.eduhtdocsJlairCourses3U:LMMdu&aS.htm# htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html. "ii ;ohannes Oceghem =c. 11@, :aint2
"iii
onte htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html# htt^so.^illiams.educdlsheet oc2deog.d& # htt^^^.hoasm.orgHOceghem.html# htten.^iiedia.org^ii;ohannesOceghem.
i'
The Missa 5ange /ingua is belie"ed to be ;osquinvs last setting, and has become his most oular todaS. t is, in manS ^aSs, his closest to the lainchant on ^hich it is based, sho^ing less arti&ice than some settings and a general gra"itS. t is o"er^helminglS in &our arts, ^ith some duet sections ^hich ha"e become usti&iablS &amous. The o"erall emhasis on homohonic te'ture rather than more &reelS ranging olShonS also ser"es to mae this mass e"ocati"e o& the later de"eloments o& Palestrina et al.
ontes htt^^^.mab.n.orgmusicte'inde'en.html# htt^^^.medie"al.orgem&aqcdsastEBG?.htm. '