Cuidados Humanos Básicos – Alimentação e Mobilidade Percurso: Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade
Formador: Davide Almeida Botelho 2012
Página |2
Índice Parte 1 – Introdução _______________________________________________________5 Enquadramento do Curso .....................................................................................6 Objetivos Pedagógicos .........................................................................................6 Estrutura Programática ........................................................................................6
Parte 2 – Desenvolvimento __________________________________________________8 Cuidar .............................................................................................................9
Alimentação e Eliminação _________________________________________________10 Alimentação .................................................................................................... 10 Nutrientes ...................................................................................................... 11 Roda dos Alimentos ........................................................................................... 14 Alimentação de cliente semi-dependentes ............................................................. 16 Alimentação de clientes dependentes ................................................................... 16 Preparação do tabuleiro de alimentação ................................................................ 18 Eliminação ...................................................................................................... 18 Manipulação de arrastadeiras e urinóis .................................................................. 18 Tipos de Urinóis e Arrastadeiras .......................................................................... 19 Colocação da Arrastadeira .................................................................................. 20 Colocação do Urinol .......................................................................................... 20 Cuidados na Desinfecção .................................................................................... 21
Mobilidade e Posicionamento ______________________________________________22 Carga Física, um risco a prevenir ......................................................................... 22 Transferência de clientes ................................................................................... 22 Transferência maca – cama ................................................................................. 23
Página |3
Transferência Cama – Cadeira ............................................................................. 24 Transferência Cadeira – Cama ............................................................................. 26 Transporte em Andarilho ................................................................................... 26 Transporte em Canadianas ................................................................................. 27 Transporte em Cadeira de Rodas .......................................................................... 28 Posicionamentos .............................................................................................. 28 Principais locais de desenvolvimento de úlceras ...................................................... 29 Principais factores de risco de úlceras de pressão .................................................... 29 Úlceras de Pressão ............................................................................................ 30 Objectivos das alternâncias de decúbito ................................................................ 32 Movimentar clientes na cama .............................................................................. 32 Posicionamentos no leito ................................................................................... 34
Atendimento e Acolhimento _______________________________________________36 Atendimento Personalizado ................................................................................ 36
Parte 3 – Bibliografia ______________________________________________________38
Página |4
ÍNDICE DE FIGURAS FIG. 1 – RODA DOS ALIMENTOS....................................................................................................................... 14 FIG. 2 – POSIÇÃO CORRETA PARA REFEIÇÃO DE CLIENTES SEMI-DEPENDENTES...................................................... 16 FIG. 3 – COLOCAÇÃO DA ARRASTADEIRA. ......................................................................................................... 20 FIG. 4 – COLOCAÇÃO CORRETA DA ARRASTADEIRA ............................................................................................ 20 FIG. 5 – COLOCAÇÃO CORRETA DO URINOL ...................................................................................................... 21 FIG. 6 – TRANSFERÊNCIA DA MACA PARA A CAMA.............................................................................................. 24 FIG. 7 – SENTAR CORRECTAMENTE NA CAMA COM AS PERNAS PENDENTES. .......................................................... 25 FIG. 8 – TRANSFERÊNCIA DA CAMA PARA A CADEIRA. ........................................................................................ 25 FIG. 9 – ANDARILHO COM RODAS. ................................................................................................................... 26 FIG. 10 – ANDARILHO .................................................................................................................................... 26 FIG. 11 – CANADIANAS. ................................................................................................................................. 27 FIG. 12 – TRANSPORTE EM CANADIANAS. ......................................................................................................... 27 FIG. 13 – ZONAS DE PRESSÃO NO DECÚBITO DORSAL. ....................................................................................... 29 FIG. 14 – ZONAS DE PRESSÃO NO DECÚBITO LATERAL. ...................................................................................... 29 FIG. 15 – ÚLCERA DE PRESSÃO ESTADIO I. ...................................................................................................... 30 FIG. 16 – ÚLCERA DE PRESSÃO ESTADIO II. ..................................................................................................... 30 FIG. 17 – ÚLCERA DE PRESSÃO ESTADIO III. .................................................................................................... 31 FIG. 18 – ÚLCERA DE PRESSÃO ESTADIO IV. .................................................................................................... 31 FIG. 19 – ALTERNÂNCIA DE UM DECÚBITO LATERAL PARA OUTRO LATERAL. ........................................................ 33 FIG. 20 – MOVIMENTAR UM CLIENTE EM DECÚBITO DORSAL PARA OS LADOS DA CAMA. ......................................... 33 FIG. 21 – POSICIONAMENTO EM DECÚBITO DORSAL........................................................................................... 34 FIG. 22 – POSICIONAMENTO EM DECÚBITO LATERAL. ........................................................................................ 35
Página |5
Parte 1 – Introdução
Página |6
Enquadramento do Curso A formação profissional é um factor determinante na vida profissional de cada formando, uma vez que obtendo este tipo de formação é-lhes possível adquirir novos conhecimentos, novas técnicas de trabalho e por vezes também a redescoberta da profissão. Tendo tudo isto em conta, este módulo de formação surge através da formação de “Assistente Familiar e de Apoio à Comunidade”.
Objetivos Pedagógicos No final deste módulo de formação as formandas deverão saber: Aplicar técnicas de alimentação e eliminação a clientes/utilizadores dependentes e semi-dependentes; Aplicar técnicas de mobilidade e posicionamento a clientes/utilizadores dependentes e semi-dependentes; Aplicar técnicas de atendimento e acolhimento a diversos tipos de clientes/utilizadores;
Estrutura Programática Neste módulo de formação irão ser abordados os seguintes temas: Alimentação: Alimentação dos clientes/utilizadores dependentes e semidependentes; Preparação dos tabuleiros de refeição; Eliminação: Manipulação de urinóis e arrastadeiras;
Página |7
Mobilidade e posicionamento: Transferências entre: a cama e a cadeira; a cama e a zona de banho; Transporte em: andarilho, canadianas, cadeira de rodas; Técnicas de posicionamento e/ou mobilidade; Atendimento e acolhimento: Noções de atendimento personalizado; Problemas previsíveis segundo o grupo etário e as circunstâncias do cliente/utilizador; Ainda dentro deste módulo irá ser realizada uma breve abordagem ao que se entende por cuidar, uma vez que toda a formação e também a vida profissional de cada uma das formandas irá passar por este acto tão importante e tantas vezes esquecido o seu significado.
Página |8
Parte 2 – Desenvolvimento
Página |9
Cuidar Qual o seu significado? A palavra cuidar provém da palavra latina “Cogitare”, que significa “pensar, cogitar”. Uma vez que quando o cuidador vai prestar qualquer cuidado ao cliente, ou numa situação em que se presta cuidado a algo, tudo o que é realizado pelo cuidador deve ser pensado e planeado, pois só assim os actos praticados terão uma lógica de ser. “O processo de cuidar pode ser entendido como um conjunto de ações e comportamentos realizados no sentido de favorecer, manter ou melhorar a condição humana no processo de viver ou morrer. Neste sentido, o processo de cuidar é um processo interativo, de desenvolvimento, de crescimento, que se dá de forma contínua ou num determinado momento, mas que tem o poder de conduzir à transformação” (Waldow,1998) Leonardo Boof, teólogo brasileiro, descreve cuidar da seguinte forma: “ Cuidar surge quando a existência de uma pessoa tem importância para outra. Quando nos dedicamos a uma pessoa, dispomo-nos a participar no seu destino, nas suas buscas e no seu sofrimento, nos seus sucessos e fracassos e na sua vida. O cuidar inclui dois significados intimamente ligados: a atitude de desvelo, de solicitude e de atenção para com uma pessoa e a de preocupação e inquietação pelo envolvimento estabelecido.”(1999) Este autor diz ainda que: “O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude. Portanto, abrange mais que um momento de atenção. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro.”
P á g i n a | 10
Alimentação e Eliminação Alimentação Alimentação e Nutrição – Qual a diferença? Alimentação - é o processo pelo qual os organismos obtêm e assimilam alimentos e nutrientes para as suas funções vitais. A alimentação é um acto voluntário e consciente, e é através deste que o ser humano obtém produtos para o seu consumo. É totalmente dependente da vontade do indivíduo. Nutrição – é um actor involuntário e inconsciente, e abrange toda uma série de processos que se realizam independentemente da vontade do indivíduo. É o processo onde todas as matérias sólidas e líquidas que levadas ao trato digestivo são usadas para manter e formar tecidos, regular processos e fornecer energias. Todos os alimentos ingeridos pelo ser humano possuem diferentes constituintes, aos quais se dá o nome de nutrientes, sendo estes as proteínas, hidratos de carbono, lípidos/gorduras, vitaminas, minerais, água e fibras alimentares. Todos estes nutrientes são os responsáveis por diferentes funções do nosso organismo, das quais se destacam a função energética, a função reguladora e a função construtora.
Função Energética: Proteínas; Hidratos de Carbono; Lípidos/Gorduras;
P á g i n a | 11
Função Reguladora: Não fornecem energia mas participam no regulamento de muitos processos biológicos: Vitaminas Sais minerais Fibras Alimentares Água Função Construtora: Necessários para a edificação e a manutenção das estruturas do nosso corpo: Proteínas Alguns sais minerais
Nutrientes Proteínas: Responsáveis pelo crescimento, conservação e reparação dos nossos órgãos, tecidos e células; Podem ser de origem animal (leite e os seus derivados, os ovos, a carne e o pescado) ou vegetal (leguminosas secas, como o feijão, grão, lentilhas, soja, ervilhas e os cereais e seus derivados). Hidratos de Carbono: Principal fonte de energia do organismo; Podem ser classificados em hidratos de carbono simples e em hidratos de carbono complexos;
P á g i n a | 12
Os hidratos de carbono simples são constituídos por um ou dois açúcares e são absorvidos mais rapidamente pelo organismo, sendo exemplo destes a frutose (presente na futa), a lactose (presente no leite) e a sacarose (açúcar comum); Os hidratos de carbono complexos são absorvidos mais lentamente pelo organismo, uma vez que necessitam de ser desdobrados para se tornarem açúcares simples e assim serem absorvidos. O hidrato de carbono mais comum na nossa alimentação é o amido, pois encontra-se presente nos cereais e seus derivados (farinha, pão e massa), nas leguminosas secas (feijão, grão, ervilhas) e entre outros os tubérculos (batata, batata doce, mandioca); Na alimentação a maior parte da energia deve provir dos hidratos de carbono complexos; As fibras alimentares apesar de serem hidratos de carbono complexos não são digeridas pelo organismo. Lípidos ou Gorduras: Fundamentais no desenvolvimento do cérebro e da visão; Protegem contra o frio e as agressões físicas; Transportam vitaminas solúveis em gorduras (A,D,E,K); Podem ser classificadas como saturadas (sólidas à temperatura ambiente) e insaturadas (líquida à temperatura ambiente), podendo ainda ser subdivididas polinsaturadas e monoinsaturadas. Como exemplo de alimentos ricos em gorduras saturadas, tem-se a manteiga, natas, margarinas e carne de bovino; por outro lado nas gorduras insaturadas como exemplo das polinsaturadas tem-se os óleos, excepto óleo de amendoim, frutos oleaginosos (nozes, amêndoas) e peixe, como exemplo das monoinsaturadas o azeite, a banha, óleo de amendoim, carne de aves e carne de porco.
P á g i n a | 13
Vitaminas: Responsáveis pelo crescimento e manutenção do equilíbrio do organismo; Não fornecem energia; São classificadas como: Hidrossolúveis (dissolvem-se na água) Lipossolúveis (não se dissolvem em água, apenas nos lípidos) Minerais: Regulam e activam muitos processos metabólicos; Alguns têm uma função construtora (cálcio, fósforo e ferro); Não fornecem energia; Água: Meio de transporte de nutrientes e de outras substâncias; Faz parte da composição das células, de sangue e de todos os líquidos corporais; Regula a temperatura corporal; Não fornece energia; Todos os alimentos contêm água, sendo os mais ricos: Alimentos líquidos (sem açúcar e sem álcool); Produtos hortícolas e fruta; Fibras: Regulam o tempo de mastigação; Contribuem para a saciedade; Ajudam a controlar os níveis de colesterol e glicose no sangue; Ajudam na regulação do intestino; Não são absorvidas pelo nosso organismo;
P á g i n a | 14
Classificam-se em: Fibras Insolúveis (ajudam no funcionamento intestinal); Fibras Solúveis (Regulam os níveis de colesterol e colesterol e promovem a saciedade);
Roda dos Alimentos O que é? A Roda dos Alimentos é uma imagem ou representação gráfica que ajuda a escolher e a combinar os alimentos que deverão fazer parte da alimentação diária. É um símbolo em forma de círculo que se divide em segmentos de diferentes tamanhos que se designam por Grupos e que reúnem alimentos com propriedades nutricionais semelhantes.
Fig. 1 – Roda dos Alimentos
P á g i n a | 15
Como é constituída? A nova Roda dos Alimentos é composta por 7 grupos de alimentos de diferentes dimensões, os quais indicam a proporção de peso com que cada um deles deve estar presente na alimentação diária:
Cereais e derivados, tubérculos – 28%
Hortícolas – 23%
Fruta – 20%
Lacticínios – 18%
Carnes, pescado e ovos – 5%
Leguminosas – 4%
Gorduras e óleos – 2%
A água, não possuindo um grupo próprio, está também representada em todos eles, pois faz parte da constituição de quase todos os alimentos. Sendo a água imprescindível à vida, é fundamental que se beba em abundância diariamente. As necessidades de água podem variar entre 1,5 e 3 litros por dia. Cada um dos grupos apresenta funções e características nutricionais específicas, pelo que todos eles devem estar presentes na alimentação diária, não devendo ser substituídos entre si. Dentro de cada grupo estão reunidos alimentos nutricionalmente semelhantes, podendo e devendo ser regularmente substituídos uns pelos outros de modo a assegurar a necessária variedade. O que nos ensina? De uma forma simples, a nova Roda dos Alimentos transmite as orientações para uma Alimentação Saudável, isto é, uma alimentação:
Completa - comer alimentos de cada grupo e beber água diariamente;
Equilibrada - comer maior quantidade de alimentos pertencentes aos grupos de maior dimensão e menor quantidade dos que se encontram
P á g i n a | 16
nos grupos de menor dimensão, de forma a ingerir o número de porções recomendado;
Variada - comer alimentos diferentes dentro de cada grupo variando diariamente, semanalmente e nas diferentes épocas do ano.
Alimentação de cliente semi-dependentes É natural que os clientes tenham dificuldade com os movimentos, levando mais tempo a comer, sendo por isso necessário auxilia-los muitas vezes, o que não significa que o deva substituir, pois deve privilegiar-se as acções que o cliente pode fazer por ele. O cliente deve permanecer sentado ou recostado antes da alimentação, durante e 30 min após a refeição. Para uma alimentação segura, seja na cama ou em cadeira de rodas, o cliente deve ter o tronco elevado e a cabeça direita.
Fig. 2 – Posição correta para refeição de clientes semi-dependentes
Alimentação de clientes dependentes No caso de clientes dependentes deve proceder-se da mesma forma que com clientes semi-dependentes, tendo em conta que eles não colaboram com o cuidador, sendo assim da responsabilidade deste todo o processo de alimentação. Por vezes pode encontrar-se clientes com sonda nasogástrica, sendo nestes casos necessário administrar um tipo de refeição diferente.
P á g i n a | 17
Nos casos em que se tem um cliente com sonda nasogástrica é necessário proceder-se à chamada alimentação entérica, isto é, a alimentação por sonda ou por seringa. Nestes casos é necessário uma dieta líquida, pois assim é muito mais fácil a sua administração.
Cuidados na alimentação por sonda nasogástrica: Proceder à lavagem higiénica das mãos e utilizar uma técnica limpa em todo o processo; Posicionar o cliente confortavelmente, se possível sentado ou quase sentado; Desadaptar o spigot (tampa) da sonda e verificar a presença de estase gástrica; A aspiração de conteúdo gástrico também serve para verificar a permeabilidade da sonda; Deve aspirar-se o conteúdo gástrico e verificando-se as suas características e quantidade: Até 50ml de suco gástrico simples – reintroduzir e dar a alimentação normalmente; Entre 50 a 100ml de suco gástrico com restos quase digeridos – reintroduzir e descontar esta quantidade na refeição que vai ser administrada; De 100 a 150ml de restos alimentares (50% da refeição alimentar) quase digeridos – aguardar entre 30 min a 1h e posteriormente administrar a refeição; Mais de 150 ml de restos alimentares não digeridos – colocar em drenagem; Após a administração da alimentação deve hidratar-se o cliente com uma seringa de água, preenchendo-se esta novamente com outra seringa de água;
P á g i n a | 18
Preparação do tabuleiro de alimentação O tabuleiro deverá conter: Um copo Talheres Guardanapo ou babete Uma peça de fruta crua ou uma taça de fruta cozida Uma taça de sopa Um prato com o segundo Um jarro com água ou um copo com água
Eliminação Manipulação de arrastadeiras e urinóis Urinóis e arrastadeiras deveriam ser preferencialmente em inox por permitir uma melhor desinfecção do dado material. A manipulação destes utensílios deveria ser o mais cuidadosa possível no sentido de evitar focos de infecção, quer para quem a utiliza (cliente) quer para quem a manipula (cuidador). O cuidador deveria utilizar material de protecção, nomeadamente luvas, aquando da sua manipulação e lavar frequentemente as mãos, antes e após, da manipulação do referido material já que as luvas não substituem a lavagem.
P á g i n a | 19
Tipos de Urinóis e Arrastadeiras Tipos de Urinóis e Arrastadeiras
Descrição Arrastadeira de plástico em cunha permitindo que a pessoa acamada possa urinar ou defecar;
Arrastadeira
de
inox
em
cunha,
permitindo que a pessoa acamada possa
urinar
e/ou
defecar
(desagradável ao toque); Arrastadeira de inox bidé permitindo que a pessoa acamada possa urinar ou defecar se mulher e apenas defecar se homem;
Urinol
masculino
em
plástico
permitindo que a pessoa acamada possa urinar; Bacio alto hospitalar, permitindo que a pessoa acamada possa urinar e/ou defecar. Quando o cliente ainda tem alguma mobilidade, deve preferir-se este tipo de equipamento, pois a posição sentada facilita a expulsão das fezes;
P á g i n a | 20
Colocação da Arrastadeira Se o cliente for colaborante devemos pedir que flicta os joelhos e faça força de modo a levantar o corpo; Se o cliente não for colaborante, deve colocar-se em decúbito lateral para aplicação da arrastadeira e após a colocação posicionar a pessoa em decúbito dorsal (barriga para cima); A
parte
achatada
da
arrastadeira fica posicionada para a parte superior do corpo;
Fig. 3 – Colocação da arrastadeira.
A arrastadeira deverá ficar correctamente colocada de modo a que o conteúdo excretado fique no interior da arrastadeira;
Fig. 4 – Colocação correta da arrastadeira
P á g i n a | 21
Colocação do Urinol O urinol é um utensílio exclusivo para homens permitindo que estes quando acamados possam urinar. É colocando introduzindo o pénis no urinol.
Fig. 5 – Colocação correta do urinol
Cuidados na Desinfecção A lavagem dos utensílios é fundamental no controlo da infecção. Arrastadeiras e urinóis após utilização deveriam sofrer uma esterilização em esterilizadores próprios para o efeito, uma vez que as lavagens manuais com anticéptico não removem todos os microrganismos desejáveis.
P á g i n a | 22
Mobilidade e Posicionamento Carga Física, um risco a prevenir A necessidade de prevenir risco de lesões é uma realidade a que tem de se fazer frente, para isso devem utilizar-se medidas preventivas, como por exemplo: Organização do trabalho: Planear o que se vai efetuar; Disponibilizar meios humanos para as tarefas; Espírito de equipa e interajuda na execução das ações planeadas; Utilização de equipamentos facilitadores (Dispositivos de Apoio): Elevadores, transferes mecânicos e eléctricos e macas para banhos; Adopção de técnicas corretas de movimentação: O conhecimento e adoção de posturas de trabalho corretas é de grande valor; É importante para prevenir as lesões por carga física; Aumenta-se a base de apoio afastando ligeiramente as pernas e flectindo os joelhos, sendo assim o peso distribuído pelas diferentes estruturas do corpo, e não apenas na coluna; Transferência de clientes;
Transferência de clientes Entende-se por transferências as técnicas organizadas, que visam facilitar no doente a deslocação de uma superfície para a outra. PALMER (1987), no Manual de Treinamento Funcional descreve como: “Transferência é a mudança do paciente de uma superfície para uma outra, ou de um objecto para outro,
P á g i n a | 23
por meio de um padrão específico de movimentos, que são seguros e eficientes.”. Aspetos a valorizar na transferência do cliente: Estado fisiológico – fundamental, pois é impensável transferir um doente em coma usando uma técnica sem apoio; Mobilidade – conhecer as limitações do utente, de forma a optimizar as capacidades e não usar técnicas inadequadas; Força e resistência – conhecer a ajuda que o doente vai necessitar , definir o apoio a dar e quais os auxiliares de transferência a utilizar; Equilíbrio – conhecer para melhor apoio ou simplesmente prevenir acidentes no decurso da transferência; Compreensão – utilizar uma linguagem clara, explicando tudo o que se vai fazer e desdobrar a tarefa em etapas; Motivação – ultrapassa as dificuldades e empenha-se na ação com muito menos custo, está muito mais receptivo à compreensão dos passos a desenvolver;
Transferência maca – cama Para realizar este tipo de transferência, são necessárias pelo menos três pessoas; Coloca-se a maca num ângulo de 90°, com a cabeceira encostada ou perto dos pés da cama; A cama deve estar preparada para receber o cliente, plana e liberta de almofadas e roupas; Os três elementos que vão efectuar a transferência colocam-se no interior do ângulo com a cama; Passam os antebraços por baixo do cliente, (cabeça, tronco e pés);
P á g i n a | 24
Numa postura correta e num esforço sincronizado, elevam o cliente deslocando-o para a cama, onde é colocado com suavidade;
Fig. 6 – Transferência da maca para a cama.
Transferência Cama – Cadeira Explicar ao cliente todo o procedimento; Preparar uma cadeira ou poltrona para sentar o doente, antes de iniciar o levante. Deve ficar ao lado da cama, do lado da cabeceira e de costas para a parede. Colocar o cliente em decúbito lateral para o lado do levante; O cuidador coloca uma mão no ombro do cliente e outra na “cova” da perna; Roda o corpo do cliente, elevando ao mesmo tempo o seu tronco e o senta na beira da cama, e antes de começar a transferência avalia-se se o cliente está bem (se não tem tonturas);
P á g i n a | 25
Fig. 7 – Sentar correctamente na cama com as pernas pendentes.
O cliente apoia-se nos ombros do cuidador e este segura-o ao nível da cintura, ajudando-o a deslizar da cama para o chão; O cuidador estabiliza os joelhos do cliente, com as suas pernas e incentiva-o a suportar o seu peso em pé; O cuidador ajuda o cliente a rodar em bloco, sobre os membros
inferiores,
ficando de costas para a cadeira e com as pernas encostadas a ela; O
cliente
apoia-se
Fig. 8 – Transferência da cama para a cadeira.
nos
braços da cadeira e senta-se;
P á g i n a | 26
Transferência Cadeira – Cama Processa-se utilizando os mesmos passos da transferência da cama para a cadeira: Pedir ao cliente que se apoie nos braços da cadeira e incline o tronco para a frente; O cuidador coloca as mãos na cintura do cliente e tranca-lhe os joelhos, encostando também os seus pés aos do cliente, evitando assim que ele escorregue; Incentivar o cliente a erguer-se utilizando a força dos membros superiores e inferiores, ajudando-o a colocar-se de pé; Na posição de pé o cuidador ajuda o cliente a rodar, em “pivot” no sentido de ficar com as costas para a cama e encostada a ela, ou sentado; Pedir e ajudar o cliente a inclinar o tronco para trás, ao mesmo tempo que ajuda a elevar os membros inferiores para cima da cama;
Transporte em Andarilho O andarilho com rodas possibilita uma marcha natural contínua e confere ao idoso um maior grau de mobilidade independente; O andarilho que não possui rodas, necessita de ser levantado durante a marcha, criando um momento de instabilidade ao idoso, pois fica sem qualquer ponto de apoio; Cuidados a ter:
Fig. 9 – Andarilho com rodas.
Não apressar a marcha; Não colocar o andarilho muito à frente na marcha; Levar o membro ferido sempre à frente; Atenção a rampas e escadas;
Fig. 10 – Andarilho
P á g i n a | 27
Transporte em Canadianas Normalmente não são usadas durante largos períodos de tempo; Cuidados a ter: Verificar se a borracha de apoio não está gasta; Não deverá ser muito alta, o apoio do punho deverá estar ao nível do quadril; Usar sempre as duas canadianas;
Fig. 11 – Canadianas.
Não apressar demasiado a marcha; Ao andar: Canadianas, perna ferida, perna sã; Levantar: Corpo para frente, apoiar na cadeira e canadianas; Sentar: Encostar pernas à cadeira, apoiar-se e sentar suavemente; Subir: Perna sã, perna ferida e canadianas; Descer: Canadianas, perna ferida e perna sã;
Fig. 12 – Transporte em canadianas.
P á g i n a | 28
Transporte em Cadeira de Rodas Como sentar? Os travões devem estar accionados; Os apoios de pés devem estar rebatidos ou virados para o lado; A cadeira deve estar estável; As rodas da frente pequenas, devem estar alinhadas para a frente; Depois de sentado, deve-se colocar os apoios de pés no sítio e colocar lá os pés; Como sair? Cadeira encostada a uma parede; Rodas pequenas alinhadas para a frente; Travões accionados; O utilizador deve inclinar-se ligeiramente para a frente. Pés colocados no chão ligeiramente afastados. Joelhos a 90°. Apoiar-se nos braços para fazer a elevação;
Posicionamentos Os posicionamentos são técnicas utilizadas para entre outras coisas prevenir as úlceras de pressão.
Úlceras de pressão o que são? São lesões da pele que vêem da compressão e falta de oxigenação nutrição dos tecidos, em clientes que permaneçam acamados, na mesma posição, durante longos períodos de tempo. Classificam-se em Estadio I, II, III e IV;
P á g i n a | 29
Principais locais de desenvolvimento de úlceras Decúbito Dorsal
Fig. 13 – Zonas de pressão no decúbito dorsal.
Decúbito Lateral
Fig. 14 – Zonas de pressão no decúbito lateral.
Principais factores de risco de úlceras de pressão Limitação dos movimentos; Estados Nutricionais debilitados; Nível de consciência comprometido; Perda da sensibilidade táctil e/ou térmica; Humidade; Falta de higiene; Excesso de calor ou de frio;
P á g i n a | 30
Úlceras de Pressão Estadio I Pele vermelha que se mantém intacta, mas que não adquire a coloração normal após alívio da pressão;
Fig. 15 – Úlcera de Pressão estadio I.
Estadio II Há uma perda parcial da pele; Apresenta-se como uma ferida superficial;
Fig. 16 – Úlcera de Pressão estadio II.
P á g i n a | 31
Estadio III Apresenta uma perda da pele na sua espessura total, envolvendo lesões ou uma necrose de tecidos;
Fig. 17 – Úlcera de Pressão estadio III.
Estadio IV Perda da totalidade da pele; Visíveis ossos e tendões;
Fig. 18 – Úlcera de Pressão estadio IV.
P á g i n a | 32
Objectivos das alternâncias de decúbito Estimular a circulação venosa periférica; Melhorar a ventilação pulmonar; Prevenir a estase brônquica; Estimular a eliminação intestinal e vesical; Prevenir a rigidez articular; Prevenir a contratura muscular; Proporcionar conforto e bem-estar; Alternar o campo visual; Manter a integridade cutânea; As alternâncias de decúbito devem ser programadas, no mínimo 2h, no entanto se se verificarem “manchas” vermelhas nos locais de risco de ocorrência de úlceras de pressão, significa que o cliente não tolera o posicionamento durante 2h, então deve reduzir-se o tempo entre cada decúbito.
Movimentar clientes na cama Alterar um decúbito lateral para outro lateral: Retirar a almofada da cabeça e todas as outras; O leito deve ficar plano, livre de cobertores ou lençóis; Flectir a perna pelo joelho, do lado para onde vai virar o cliente, conduzindo-o até ao decúbito dorsal, depois estende-se a perna e flectese a oposta; Coloca-se uma mão no ombro e outra no joelho (quando o cliente não apresenta força do lado que se vai mobilizar, pode colocar-se esta mão no quadril);
P á g i n a | 33
Conduz-se até à posição lateral pretendida;
Fig. 19 – Alternância de um decúbito lateral para outro lateral.
Movimentar um cliente em decúbito dorsal para um dos lados da cama: Coloca-se os antebraços debaixo do cliente, e na posição correta deslizá-lo para o lado pretendido; Quando se está sozinho e o cliente é um pouco mais pesado pode fazerse este movimento em três fases: Deslocam-se as pernas para um dos lados; Depois a bacia e a barriga; Por fim, tronco, ombros e cabeça;
Fig. 20 – Movimentar um cliente em decúbito dorsal para os lados da cama.
P á g i n a | 34
Posicionamentos no leito Decúbito Dorsal Membros Superiores: Colocar umas pequenas almofadas sob os braços, para alívio dos cotovelos; Braços esticados, ligeiramente afastados do tronco, com as palmas da mão viradas para baixo; Membros Inferiores: Colocar uma almofada da raiz das coxas até aos joelhos e outra dos joelhos até ao tendão de Aquiles, deixando os calcanhares suspensos (este procedimento pode ser alterado no caso de clientes mais baixos, em que uma almofada é suficiente para elevar os membros inferiores); Colocar uma almofada para apoio dos pés, sem fazer pressão, para evitar pé equino;
Fig. 21 – Posicionamento em decúbito dorsal.
P á g i n a | 35
Decúbitos laterais Tronco esticado ao longo da cama, com uma almofada a apoiar as costas. Membros Superiores: Colocação do membro, do lado do colchão, com o cotovelo flectido e a palma da mão virada para cima; Colocação do membro, do lado contrário ao decúbito, sobre uma almofada, posicionada em frente ao tórax, com o braço em ligeira flexão, cotovelo flectido. O membro deve ficar posicionado à altura do ombro. Membros Inferiores: Colocação da perna do lado do decúbito sobre o colchão, com o joelho ligeiramente flectido; Colocação do membro, do lado colchão, esticado com uma almofada por baixo de forma a elevar o tornozelo; Colocação do membro, do lado contrário ao decúbito, sobre uma almofada com as articulações da coxa e do joelho flectidas a cerca de 90°; Colocar uma almofada entre os joelhos, para evitar a pressão entre os joelhos.
Fig. 22 – Posicionamento em decúbito lateral.
P á g i n a | 36
Atendimento e Acolhimento Atendimento Personalizado O atendimento personalizado não é apenas algo que soa bem ao ouvido do cliente, mas que produz efeitos reais na forma como o cliente encara a aquisição do serviço em questão. Os diferentes hábitos e costumes locais, não devem servir para realizar juízos de valor sobre os vários tipos de cliente (do ponto de vista socioeconómico, étnico ou outro), não devem comprometer os princípios comportamentais subjacentes a um atendimento personalizado. Este tipo de atendimento, não comporta a resolução completa dos problemas referidos pelo cliente, mas a atenção dispensada na relação com ele, envolvendo a escuta, a valorização das suas queixas, a identificação das suas necessidades e dos seus problemas. Aquando do acolhimento do cliente, deve em primeiro lugar apresentar-se a este e à família, seguidamente em conversa com o cliente recolher alguns dados importantes que vão permitir a resolução dos problemas do cliente, bem como informações acerca deste que para o cuidador são desconhecidas. No momento do acolhimento, deve em primeiro lugar saber qual o nome do cliente, ou qual o nome pelo qual gosta de ser tratado, e só depois virão as outras informações, tais como: informações familiares, informações sobre o modo de vida antes de ir para a instituição. Durante o processo de conversa com o cliente, deve conduzir-se esta de forma informal, explicando os objectivos da conversa, ouvir mais que questionar, avaliar a situação emocional do cliente e estar atento à comunicação não-verbal (gestos realizados com o corpo, expressões faciais, etc). No final da conversa agradecer e mais tarde complementar a informação com a observação física. É muito importante no momento do acolhimento ou até mesmo no momento das visitas o contacto com a família, uma vez que este pode mobilizar emoções
P á g i n a | 37
agradáveis, e ao ser-se agradável com a família e mostrar que se preocupa com o cliente, a família irá sentir confiança em quem está a cuidar do seu familiar. O acolhimento é um instrumento de trabalho que fomenta as relações humanas e que deve ser utilizado por todos os trabalhadores. Este tem por objectivos: Tornar o acolhimento numa experiencia positiva; Integrar o doente no espaço físico que o rodeia; Existem outro tipo de acções que podem ser realizadas com vista a facilitar o acolhimento e a integração do utente, tais como: Ajuda-lo a instalar-se na unidade; Apresentar-se e a restante equipa e as suas funções; Ensinar a usar as instalações; Informar acerca das rotinas da instituição; Informar acerca do horário das visitas, refeições, acordar e deitar.
P á g i n a | 38
Parte 3 – Bibliografia
P á g i n a | 39
http://pessoaidosa.blogspot.pt/ (consultado dia 23 de Outubro de 2012) http://www.gastronomias.com/roda-alimentos/roda_Alimentos.pdf (consultado dia 30 de Outubro de 2012) http://opac.iefp.pt:8080/images/winlibimg.exe?key=&doc=74655&img=53 3 (consultado dia 30 de Outubro de 2012) http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n1/09 (consultado dia 30 de Outubro de 2012) www.forma-te.com/.../22355-manipulacao-e-cuidados-de-urinois-e-... (consultado dia 23 de Outubro de 2012) www.forma-te.com/.../19429-cuidados-humanos-basicos-alimentacao... (consultado dia 23 de Outubro de 2012) MONIZ, J.M.N – A ENFERMAGEM E A PESSOA IDOSA. A prática de cuidados como experiência formativa. Loures: Lusociência.2003 GEIS, P.P – A ACTIVIDADE FÍSICA E SAÚDE NA TERCEIRA IDADE – Teórica e Prática. Artmed Editora: Espanha. QUEIRÓS, P.J.P et al. – Manual Sinais Vitais. Técnicas de Reabilitação I. Edições Formasau: Águeda. 1998. MALLETT, J. et al. – Manual de Procedimentos Clínicos de Enfermagem. Colecção Medicina e Saúde. Edições Piaget: Lisboa.