ESCALAS DE AUTOCONCEITO E AUTO-ESTIMA DE SUSAN HARTER
1. Introdução As escalas de autoconceito e de auto-estima de Susan Harter foram desenvolvidas a partir da Perceived Competence Scale for Children (Harter, 1982). A primeira escala a ser desenvolvida foi a escala para crianças e pré-adolescentes (Harter, 1985; Alves Martins, Peixoto, Mata & Monteiro, 1995) a que se seguiram as escalas para adolescentes (Harter, 1988; Peixoto, Alves Martins, Mata & Monteiro, 1996, 1997) e a escala para estudantes universitários (Harter & Neeman, 1986). A escala para crianças e pré-adolescentes ( Self Perception Profile for Children ) destina-se a crianças entre o 3º e o 6º ano de escolaridade. Pode ser utilizada com indivíduos mais velhos, contudo não fornece um perfil suficientemente rico e diferenciado do autoconceito dos adolescentes. Com adolescentes deverá ser utilizada a escala para adolescentes ( Self Perception Profile for Adolescents ), na qual foram introduzidas mais subescalas, visando fornecer um perfil, o mais adequado possível, do autoconceito do
global que evidencie o grau de satisfação em relação a si própios, que não é contemplado se considerarmos apenas o somatório das auto-avaliações nos domínios específicos. Por esta razão as escalas contemplam uma sub-escala que pretende, justamente, evidenciar esse grau de auto-satisfação: a sub-escala Auto-estima. Assim, estes instrumentos fornecem medidas separadas das competências percebidas em diferentes domínios e uma medida independente da auto-estima. Considera-se que deste modo se obtém uma imagem mais rica e diferenciada do que a obtida através de instrumentos que forneçam uma só medida de autoconceito. Para além de considerar o autoconceito como multidimensional, a autora pressupõe que este se complexifica e diversifica à medida que o sujeito se vai desenvolvendo, razão pela qual o número de sub-escalas utilizadas, para avaliar o autoconceito, vai aumentando à medida que se avança na idade. Um outro pressuposto pressuposto das escalas de Harter baseia-se na ideia ideia de James (1892) de que a Auto-Estima resulta da relação entre a competência do sujeito e o seu nível de aspiração. Partindo desta ideia Harter (1988), considera que se se tem sucesso em domínios considerados importantes pelo sujeito isto resultará em níveis elevados de auto-estima. Pelo
ESCALA DE AUTO-CONCEITO E DE AUTO-ESTIMA PARA CRIANÇAS Alves-Martins, Peixoto, Mata, e Monteiro, (1995).
1. Introdução Esta escala, foi construída por Harter (1985) a partir da Perceived Competence Scale for Children (Harter, 1982) e adaptada para a população portuguesa por Alves-Martins, Peixoto, Mata, e Monteiro, (1995).
2. População a que se Destina Este instrumento destina-se a sujeitos do 3º ao 6º ano de escolaridade1. Pode ser utilizado com crianças mais velhas, contudo não fornece um perfil suficientemente rico e diferenciado do auto-conceito de sujeitos adolescentes. Por isso foi criada uma versão para adolescentes onde se introduziram mais subescalas (Harter, 1988; Peixoto, Alves Martins, Mata & Monteiro, 1996, 1997).
independente de auto-estima, fornecerá uma imagem mais rica e diferenciada do que um instrumento que permita obter uma medida única de auto-conceito.
4. Estrutura da Escala Este instrumento contém seis sub-escalas referentes a cinco domínios específicos do auto-conceito e uma para a avaliação da auto-estima. Domínios Específicos: 1. Competência Escolar 2. Aceitação Social 3. Competência Atlética 4. Aparência Física 5. Comportamento 6. Auto-estima. Conteúdos de cada domínio:
Cada uma das sub-escalas contém seis itens, constituindo um total de 36 itens (existe mais um item adicional introduzido como exemplo, mas que não é cotado). Dentro de cada sub-escala, três dos itens estão construídos de modo a que a afirmação reflectindo uma alta competência percebida, surja do lado esquerdo, enquanto que nos restantes três a afirmação reflectindo uma alta competência percebida surge do lado direito. Nos seis primeiros itens, as diferentes sub-escalas vão aparecendo de forma alternada pela seguinte ordem: (1) Competência Escolar; (2) Aceitação Social; (3) Competência Atlética; (4) Aparência Física; (5) Comportamento; (6) Auto Estima Global. Esta ordem vai manter-se ao longo de toda a escala para os 36 itens que a constituem.
5. Formato Pretende-se com o tipo de formato utilizado, mostrar ao sujeito que existem crianças com características diversas, com as quais ele se pode identificar em maior ou menor grau. Não existem à partida respostas certas ou erradas, respostas melhores ou piores, mas respostas possíveis e igualmente aceites. Esta ideia é operacionalizada através de uma estrutura alternativa para os itens da escala.
Ao explicar-se o formato das questões é essencial tornar bem claro que para cada item só pode ser assinalado um quadrado. Convém durante as primeiras respostas verificar se as instruções foram bem compreendidas. Instruções a dar à criança
Temos aqui algumas frases que falam de crianças com características diferentes. Gostaríamos de saber com qual dessas crianças é que cada um de vocês se acha mais parecido. Não há respostas certas nem erradas.
Primeiro vou explicar-vos como é que se responde a estas perguntas. Há uma pergunta para exemplo no princípio da vossa página, dentro de um rectângulo. Vou lê-la em voz alta e vocês vão lendo ao mesmo tempo. (O examinador lê a questão exemplo). Esta questão refere-se a dois tipos de crianças, e nós queremos saber com qual vocês acham que são mais parecidos.
1. Assim, primeiro peço-vos que escolham se são mais parecidos com as crianças do lado esquerdo que gostam mais de brincar na rua nos seus tempos livres, ou se são mais parecidos com as crianças
competência percebida. Assim, a cotação para os primeiros é de 4, 3, 2, 1 e para os segundos é de 1, 2, 3, 4 consoante o grau de identificação do sujeito com cada uma das afirmações. No exemplo anterior, se a criança achar que esquece muitas vezes o que aprende e depois se considerar “Sou Tal e qual assim”, terá 1. Mas se considerar que é “Só um bocadinho assim”, terá 2. Uma criança que indicar que consegue lembrar-se das coisas facilmente, mas que é “Só um bocadinho assim”, terá 3. No entanto se considerar que é ‘Sou Tal e qual assim
“, terá 4.
Existe uma folha de cotação onde as pontuações das crianças são registadas e onde os diversos itens são agrupados consoante a sub-escala de que fazem parte, de modo a facilitar o cálculo da média para cada uma delas. Obtêm-se assim seis totais, um para cada uma das diferentes sub-escalas que definem o perfil de auto-percepção da criança.
Determinantes da Auto-Estima das Crianças
O procedimento para determinar a relação entre a percepção de competência em domínios
ou 3) são utilizadas quando o sujeito atribui elevada importância, consoante o seu grau de identificação. Cotações de 1 e 2 reflectem baixa importância atribuída, consoante o grau de identificação do sujeito com a afirmação apresentada. Assim uma pontuação de 4 significa que o sujeito atribui elevada importância a esse domínio, e inversamente uma pontuação de 1 significa baixa importância. O valor da importância referente a cada domínio específico é obtido a partir da média dos valores relativos aos dois itens que integram cada domínio.
8. Cálculo do valor da Discrepância Apresenta-se, em seguida, o procedimento a adoptar no preenchimento da grelha de cálculo do valor da discrepância.
1 - Escreva os nomes dos domínios nos quais o valor da importância atribuída pela criança foi 3.0 (importante), 3.5 (entre importante e muito importante) ou 4 (muito importante). Este procedimento deriva do princípio de James (1892, cit. por Harter, 1985) segundo o qual só os domínios em que o sucesso é considerado importante têm impacto na auto-estima. Por exemplo, se uma criança sente que
5 - Adicionar os valores das discrepâncias para os diferentes domínios, tendo em conta os respectivos sinais para o cálculo da discrepância total. Para a maior parte dos casos este valor será negativo, uma vez que os valores da importância tendem a ser mais elevados que os valores da competência.
6 - Dividir o valor encontrado para a discrepância total pelo número de domínios considerados importantes, para obter a média da discrepância.
7 - Transferir o valor da auto-estima para a folha de cálculo da discrepância de modo a facilitar a comparação entre este valor e o valor da auto-estima. É possível construir um gráfico que representa as relações encontradas, para a população estudada, entre a discrepância e os valores de auto-estima, para determinar se o valor encontrado para a criança se adequa a este padrão.
Cálculo da Discrepância Para obter os scores de discrepância, primeiro, transferem-se os scores de competência (obtidos a partir do perfil de autopercepção) e da importância para a folha de cotação. A discrepância global é calculada do seguinte modo:
Escala para Professor3 Em paralelo com a escala de auto-percepção das crianças, existe uma escala de heteropercepção para o professor. Nalguns casos podem existir adultos cuja avaliação sobre a criança se pode considerar importante, por exemplo, pais, técnicos de apoio, etc. Estes itens também podem ser utilizados nessas circunstâncias. Para cada um dos cinco domínios específicos, o professor avalia a criança em cada área. Pretende-se assim obter por parte do professor um julgamento independente sobre a criança em cada um dos domínios e não o que ele pensa que esta iria responder. Foi considerado pela autora da prova original que bastavam três itens para cada domínio específico, de modo a obter-se um julgamento adequado. Os professores só avaliam os cinco domínios específicos, uma vez que os itens da auto-estima não se referem a atributos que um observador externo possa objectivamente avaliar. Desta forma, a escala, para os professores contém 15 itens, três por cada domínio. O formato e a lógica de construção são basicamente os mesmos que para a versão das crianças. Também a cotação é feita do mesmo modo, existindo uma grelha de cotação em anexo.
Instituto Superior de Psicologia Aplicada U nid ad e d d e I nvest igaçã o e em P Psicologia C C ognit iva d d o De e d d a E d U.I.P.C.D.E. -- U Desenvolviment o e du caçã o
COMO É QUE EU SOU?
(Adaptação do “Self Perception Profile for Children” de Harter, 1985) NOME: ____________________________________________________ ANO: _____ TURMA: ____ Nº _____ IDADE: ____________ DATA DE NASC.: ____/____/_______ DATA DE APLIC.: ____/____/________
EXEMPLO: Sou Tal e Qual Assim a)
Sou um Bocadinho Assim
Sou um Bocadinho Assim Algumas crianças gostam de brincar na rua nos seus tempos livres.
MAS
Outras gostam mais de ficar em casa a ver televisão.
Sou Tal e Qual Assim
Sou Tal e Qual Assim
Sou um Bocadinho Assim
Sou um Bocadinho Assim Algumas crianças acham que são tão inteligentes como outras crianças da sua idade.
MAS
Outras não têm a certeza e duvidam que sejam tão inteligentes.
8.
Algumas crianças têm muitos amigos.
MAS
Outras não têm muitos amigos.
9.
Algumas crianças gostavam de ser muito melhores no desporto.
MAS
Outras acham que são boas no desporto.
10.
Algumas crianças estão satisfeitas com a altura e peso que têm.
MAS
Outras gostariam que a sua altura e peso fossem diferentes.
11.
Algumas crianças costumam fazer aquilo que devem.
MAS
Outras não costumam fazer o que devem.
7.
Sou Tal e Qual Assim
Sou Tal e Qual Assim
Sou um Bocadinho Assim
Sou um Bocadinho Assim
18.
Algumas crianças estão contentes consigo próprias.
MAS
Outras normalmente não estão contentes consigo próprias.
19.
Algumas crianças esquecem muitas vezes o que aprendem.
MAS
Outras conseguem lembrar-se das coisas com facilidade.
Algumas crianças conseguem que as suas ideias sejam sempre aceites pelas outras.
MAS
Outras não conseguem que as suas ideias sejam aceites.
Algumas crianças acham que são melhores do que as outras da mesma idade a fazer desporto.
MAS
Outras acham que não são capazes de fazer desporto tão bem.
Algumas crianças gostavam que o seu aspecto físico (a sua aparência) fosse diferente.
MAS
Outras gostam do seu aspecto tal como é.
20.
21.
22.
Sou Tal e Qual Assim
Sou Tal e Qual Assim
Sou um Bocadinho Assim
Sou um Bocadinho Assim Algumas crianças fazem coisas que sabem que não deviam fazer.
MAS
Outras quase nunca fazem coisas que não devem fazer.
Algumas crianças estão muito satisfeitas por serem aquilo que são.
MAS
Outras gostavam de ser diferentes.
Algumas crianças têm dificuldade na escola para descobrirem as respostas certas.
MAS
Outras quase sempre conseguem responder certo.
32.
Algumas crianças têm todos os amigos que gostavam de ter.
MAS
Outras gostavam de ter mais amigos porque sentem que têm poucos.
33.
Algumas crianças têm dificuldade em novas actividades desportivas.
MAS
Outras são boas desde o princípio em novas actividades desportivas.
29.
30.
31.
Sou Tal e Qual Assim
QUAL É PARA TI A IMPORTÂNCIA DESTAS COISAS? NOME: __________________________________________________________ ANO: ____ TURMA: _____ Nº ________
Sou Tal e Qual Assim
Sou um Bocadinho Assim
Sou um Bocadinho Assim
1.
Algumas crianças acham que é importante ser bom aluno para se sentirem bem.
MAS
Outras não acham que seja assim tão importante o modo como vão nos estudos .
2.
Algumas crianças não acham que seja importante ter muitos amigos.
MAS
Outras acham que ter muitos amigos é importante para se sentirem bem.
3.
Algumas crianças acham que é importante ser bom em desportos.
MAS
Outras não acham que a habilidade para desportos seja importante para se sentirem bem.
4.
Algumas crianças acham que é importante ser bonito para se
MAS
Outras acham que não é
Sou Tal e Qual Assim
ESCALA DE AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO ACTUAL DA CRIANÇA PELA PROFESSORA (acompanha a escala de auto-percepção para crianças)
NOME DA CRIANÇA: ___________________________________________________________ ANO: _____ PROFESSORA: ____________________________________________ ESCOLA.: _________________________
Queira indicar em cada questão, por favor, qual é a sua opinião sobre as competências desta criança. Decida, em 1º lugar, com que tipo de criança ele/ela é parecido(a): com o tipo indicado à esquerda ou com o indicado à direita. Em 2º lugar, indique se ele(ela) é ‘ tal e qual assim’ ou ‘mais ou menos assim’ , assinalando com uma cruz o respectivo quadrado, em cada um dos 15 itens. É Tal e Qual Assim
É mais ou Menos Assim
É mais ou Menos Assim Esta criança não sabe fazer os
É Tal e Qual Assim
É Tal e Qual Assim
É mais ou Menos Assim
É mais ou Menos Assim Esta criança tem muitos amigos.
MAS
Esta criança não tem muitos amigos.
8.
Esta criança é melhor do que as outras da sua idade no desporto.
MAS
Esta criança não é tão boa a fazer desporto como as outras da sua idade.
9.
Esta criança tem uma aparência física bonita.
MAS
Esta criança não tem uma aparência física bonita.
10.
Esta criança costuma comportar-se adequadamente.
MAS
Esta criança não costuma comportar-se adequadamente.
11.
Esta criança tem dificuldade em responder certo.
MAS
Esta criança consegue responder certo a maior parte das vezes.
7.
É Tal e Qual Assim
Procedimento específico para calcular o score de discrepância entre a competência percepcionada e a importância atribuída.
1º PASSO
2º PASSO
3º PASSO
Nome dos domínios
Competência ou scores
Valores
em que os scores de
de do perfil de auto-
importância (> 3,0)
importância são > 3,0
percepção
4º PASSO da
Score de discrepância
Sinal
Valor
(+/-) __________________
____________________
Menos ____________
____
_______
__________________
____________________
Menos ____________
____
_______
__________________
____________________
Menos ____________
____
_______
__________________
____________________
Menos ____________
____
_______
__________________
____________________
Menos ____________
____
______
Escala 'Como é que eu Sou ' Competência Escolar
Aceitação Social M
SUJ
1
7
13
19
25
31
C E
Competência Atlética M
2
8
14
20
26
32
A S
Aparência Física M
3
9
15
21
27
33
C A
Comportamento
Auto-Estima
M 4
10
16
22
28
34
A F
M 5
11
17
23
29
35
C P
M 6
12
18
24
30
36
A E
Escala 'Qual é para ti a importância destas coisas? ' Comp Esc SUJ
1
6
MCE
Aceit Soc 2
7
MAS
Comp Atl 3
8
MCA
Apar Fís 4
9
MAF
Comport. 5
10
MCP
Observações
PERFIL DE AUTO-PERCEPÇÃO PARA CRIANÇAS E PRÉ-ADOLESCENTES Nome: ________________________________________________________ Ano: ______ Idade: ________
Competência Percepcionada
Elevada s a l a c s E b u S s a n o ã ç a u t n o P
Importância Atribuída -------------------
4
3 Média
2
Baixa
1 Competência
Aceitação
Competência
Aparência
Académica
Social
Atlética
Física
Comportamento
Auto-Estima