Ética como doutrina da conduta humana Em busca de uma conceituação de ética Como móvel da conduta humana humana a ética tem a função de objeto objeto da vontade ou das regras que a direcionam.
Conduta humana A conduta do ser é a resposta a um estímulo mental, mental , ou seja, é uma ação que se segue ao comando do cérebro e que, manifestando-se variável, também pode ser observada e avaliada.
Respostas ao estímulos nem sempre são as mesmas, variando-se sob diversas circunstâncias e condições.
Difere do comportamento que também é a resposta a um estimulo cerebral, mas é constante e nisto difere da conduta que está sujeita à variabilidade dos efeitos.
O que a ética estuda é a ação que comandada pelo cérebro é observável e variável, representando a conduta humana.
Ética concebida como doutrina da conduta
Ética da conduta ou ética móvel tem inspiração milenar nos pensadores clássicos:
Protágoras (480 a.C) – propunha a ética como estudo estudo da conduta e pregava o que fazer para ser virtuoso perante terceiros.
Xenofonte (427 a.C) – indicou caminhos do homem para que fosse observados perante cada um dos aspectos de sua presença, perante a divindade, amigos, sociedade, pátria etc, cada um exigindo uma conduta peculiar.
Pensadores da época entenderam Ética como ação virtuosa, desde que resultasse do consenso de todos, ou seja, fosse aceita como tal.
Ética científica e grandes pensadores A forma de entender a conduta humana, em favor da vida do homem, a partir de caminhos básicos que deve assumir, variou no tempo em relação a diversos pensadores.
Thomas Hobbes Filósofo inglês, materialista, nascido em 1588
Compreendeu que o básico na conduta é a “conservação de si mesmo” como bem maior. “o medo da opressão predispõe os homens para antecipar-se, procurando ajuda na associação , pois não há outra maneira de assegurar a vida e a liberdade” - Hobbes
Associação como meio de conservação da existência tutelados por um Poder que torne possível. “os homens não tiram prazer algum da companhia uns dos outros (e sim, pelo contrário, enorme desprazer), quando não existe um poder capaz de manter a todos em respeito ”. - Hobbes
Aponta três causas fundamentais da discórdia entre os participantes de um grupo: competição, desconfiança e a glória.
Atribui aos interesses pelo lucro, pela segurança e pela reputação os elementos que produzem móveis de uma ação antiética.
Defende a liberdade, justiça e o cumprimento das promessas ou acordos feitos entre os seres.
Propõe como deveres naturais a complacência, perdão aos arrependidos, a punição como preservação do bem futuro, fazendo a apologia da paz.
Baruch Espinosa (Spinoza) Filosofo holandês, apologista de um racionalismo religioso, nascido em 1632
Entende que desejar o bem para si mesmo é relevante, mas conhecer a natureza divina é algo que a tudo se sobrepõe.
Conduta ética fundamentada no amor
Consciência ética possui fortes sabores cósmicos visto que o homem na sua forma de observar, agia de acordo com a energia que recebia e com responsabilidade de molda-la ao necessário sem deformar sua gênese
Conduta para ser natural e útil deve ser volvida no amor, não por ser obrigatória, mas por ser necessária.
Nega a liberdade falsa de “podemos tudo o que quisermos”: “não há na alma vontade alguma absoluta ou livre; porque a alma é determinada por outra e esta, por sua vez, ainda por outra, e assim até o infinito” – Spinoza
Nossa subordinação faz de nossos atos aparentemente livres apenas a expressão de uma vontade que já foi modelada em outras causas, não possuindo o sentido de absoluta verdade.
Não defende a anulação do ser, pois negar a vontade própria seria contraditório ao admitirmos possuir a natureza do divino e a ele atribuirse o exercício da vontade, não se podendo admiti-la em nos mesmos.
John Lucke Filosofo inglês, nascido em 1632, liberal, defensor da experiência auxiliada pela sensação e reflexão
Conservar-se em estado de prazer, como móvel para uma conduta ética.
Nega o conhecimento inato, sendo adquirido por iniciativa do ser e de terceiros.
A conduta, movida pelo cérebro e espírito é fruto de algo adquirido.
Concepções éticas com gênese no conhecimento e suas extensões.
Gottfrie Wilhelm Leibnniz Filósofo e matemático alemão nascido em 1646 produziu uma doutrina idealista.
Normas de moral não são inatas, mas existem verdades inatas sendo a mais importante “não fazer aos outros senão aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós mesmos”.
Existência de uma verdade natural: somos levados aos atos de humanidade por instinto
Consciência geradora da conduta é complexa
Exemplifica condutas humanas que inspiram espanto e asco, mas perfeitamente aceitas pelo grupo como a de caraíbas que castravam as crianças para que engordassem e depois as devoravam.
Questiona o conceito relativo do bem em face da sociedade humana e destaca o mal em si para que se compreenda a essência do bem em sentido amplo e substancial.
Nega o caráter verdadeiro da lei e admite que a sociedade pode consentir em transgredi-la por não se afinar ao conceito de justiça dos seres.
Cada ser age como se fosse um único à parte, por suas próprias idéias, mas em busca de uma composição dentre os outros seres existentes.
David Hume Filosofo e historiador inglês, nasceu em 1711, a ele atribui-se a criação da filosofia fenomenista
Destaca-se no campo da ética pelo seu posicionamento utilitarista, como um questionador das causas promotoras das virtudes, dos vícios, da verdade, beleza e lealdade e como um precursor dos conceitos sobre os móveis da conduta humana.
“O caminho mais suave e pacifico da vida humana segue pelas avenidas da ciência e da instrução; e todo aquele que for capaz de remover algum obstáculo nesse caminho ou de abrir uma perspectiva nova deve ser considerado benfeitor da humanidade” – Hume
O valor do conhecimento estava no campo da ciência, mesmo numa época em que sequer era ensinada nas universidades.
Reconhece a liberdade como a base da ética, a liberdade como condição relevante ambos indispensáveis para a paz e segurança da humanidade.
Conduta nem sempre está de acordo com a virtude, como padrão ideal a ser alcançado.
Apesar da dependência da vida associativa, os atos antiéticos podem atingir a todos especialmente quando vindos das esferas superiores do poder.
Immanuel Kant Célebre filosofo alemão, nascido em 1724
Ética imposta pela razão e admite que somente existe valor quando o homem age sob o impulso de dever
Quando alguém cumpre um dever ético não pode ser considerado um virtuoso
Prega a lei da vontade ética como prevalecente sobre todas.
“Poder, riqueza, honra, mesmo a saúde, e todo o bem estar e contentamento com a sorte, sob o nome da felicidade dão ânimo que ... desanda em soberba, se não existir a boa vontade que corrija sua influência sobre a alma ... e lhe dê utilidade geral”. – Kant
Giovanni Vidari “A Ética é a ciência que, tendo por objeto essencial o estudo dos sentimentos e juízos de aprovação e desaprovação absoluta realizados pelo homem acerca da conduta e da vontade, propõe-se a determinar: a) qual o critério segundo a conduta ... ou qual é a norma, se opera a vontade em tal conduta ... b) em que relações de valor estão com observância da norma, e a observância daquele fim as diversas formas de conduta, individual ou coletiva, tais como se apresentam na sociedade e na época em que pertencemos”.
Aceita a ética como ciência cujo objeto é composto por juízos formados pela aprovação ou não de condutas humanas estudadas sob o prisma de seus efeitos.
Referência: SÁ, Antonio Lopes de. Ética profissional. São Paulo: Atlas, 2001. Capítulo 2.