FICHA FORMATIVA DE LÍNGUA PORTUGUESA
GRUPO I TEXTO A
Não há dados exactos quanto à data e local do nascimento de Gil Vicente. Contudo, e de acordo com Jacinto Prado Coelho , parece ter nascido em Guimarães por volta de 1465. Por outro lado, também não há dados absolutos que possam confirmar a teoria de alguns estudiosos que defendem que este Gil Vicente, "poeta dramático", seja o ourives da rainha D. Leonor, autor da célebre e riquíssima Custódia de Belém. A coincidência do nome e a contemporaneidade de ambos apontam, todavia, para esta possibilidade. Embora desde sempre tenham existido tentativas no sentido de atribuir a este autor uma grande cultura, não está comprovado que este tenha frequentado a universidade e aprendido o latim do Renascimento. Porém, pode afirmar-se que era detentor de um espírito conhecedor, dominando bem, enquanto católico e músico, a poesia litúrgica latina. Também o conhecimento do castelhano lhe franqueou as portas da cultura religiosa e profana. A transmissão da sua obra confrontou-se com dificuldades várias. Inicialmente, os seus autos eram divulgados à medida que iam sendo escritos, em folhas soltas. Na verdade, Gil Vicente iniciou o trabalho de compilação das suas obras completas, mas, antes de morrer, apenas foi capaz de reunir algumas das folhas e manuscritos e de redigir a dedicatória ao rei D. João III. Assim, esta compilação só foi concluída e impressa, em 1561-1562, pelo seu filho Luís Vicente, já não conseguindo escapar à "mão inquisitorial" estabelecida em Portugal em 1536, ano provável da morte do autor. […] Considerado o "pai" do teatro português, Gil Vicente já tivera contacto, em Portugal, com representações litúrgicas, por altura do Natal e da Páscoa, P áscoa, e com algum repertório cómico de "feição improvisada e não literária", como os momos aristocráticos e cortesãos, considerados como as primeiras manifestações teatrais em Portugal. […] Gil Vicente . In Infopédia (adaptado) Selecciona, para responderes a cada item (1.1. a 1.5.), a opção que permite obter a afirmação adequada ao sentido do texto. Escreve o número do item e a letra correspondente a cada opção que escolheres. 1.1
a. Gil Vicente, segundo Jacinto Prado Coelho, foi ourives da r ainha D. Leonor. b. Gil Vicente, segundo todos os seus estudiosos, est udiosos, foi ourives da rainha D. Leonor. c. Apesar das coincidências, não há provas que indiquem que Gil Vicente tenha sido indubitavelmente ourives ourives da rainha D. Leonor. Leonor. d. As coincidências provam que Gil Vicente é o autor da Custódia de Belém.
1.2.
a) b) c) d) 1.3.
Gil Vicente frequentou a Universidade de Lisboa. Gil Vicente talvez tenha frequentado frequentado a Universidade de Lisboa. Lisboa. Gil Vicente frequentou a Universidade de Coimbra. Gil Vicente talvez tenha frequentado frequentado a Universidade de Coimbra.
a) A organização da obra de Gil Vicente foi feita por ordem de D. João III. b) Foi o próprio Gil Vicente que começou a organizar a compilação das suas obras. c) Luís Vicente não conseguiu compilar as obras de seu tio. publicação da sua obra completa. completa. d) Gil Vicente recusou a publicação
1.4
a) Apesar das críticas vicentinas a todas as classes sociais, a obra completa completa de Gil Vicente escapou à Inquisição. b) As críticas vicentinas a todas as classes sociais, fizeram com com que a obra completa de Gil Vicente não escapasse à Inquisição. c) A Inquisição foi benevolente para com a obra de Gil Vicente e autorizou a publicação da obra sem cortes. d) Os Inquisidores autorizaram a publicação da obra sem cortes, pois aí não encontraram nada que lesasse o bem da nação.
1.5.
a) b) c) d)
O texto supracitado mostra que Gil Vicente foi o pai do teatro português. O texto supracitado mostra que antes de Gil Vicente já existia Teatro em Portugal. As representações litúrgicas e profanas anteriores a Gil Vicente não podem ser consideradas teatro. Os autos e farsas atribuídos a Gil Vicente Vicente não podem ser consideradas teatro. teatro.
TEXTO B Vem Joane, o Parvo, e diz ao Arrais do Inferno:
PARVO - Hou daquesta! DIABO - Quem é? PARVO - Eu sô. É esta a naviarra nossa? DIABO - De quem? PARVO - Dos tolos. DIABO - Vossa. Entra! Entra! PARVO - De pulo ou de voo? Hou! Pesar de meu avô! Soma, vim adoecer e fui má-hora morrer, e nela, nela, pera mi só. DIABO - De que morreste? PARVO – De quê? Samicas de caganeira. DIABO - De quê? PARVO - De cagamerdeira! Má rabugem que te dê! DIABO - Entra! Põe aqui o pé! PARVO - Houlá! Nom tombe o zambuco! DIABO - Entra, tolaço eunuco, que se nos vai a maré! PARVO - Aguardai, aguardai, houlá! E onde havemos nós d'ir ter? DIABO - Ao porto de Lucifer. PARVO - Ha-á-a... DIABO - Ó Inferno! Entra cá! PARVO - Ò Inferno?... Eramá... Hiu! Hiu! Barca do cornudo. Pêro Vinagre, beiçudo, rachador d'Alverca, huhá! Sapateiro da Candosa! Antrecosto de carrapato! Hiu! Hiu! Caga no sapato, ilho da grande aleivosa! Tua mulher é tinhosa e há-de parir um sapo
chantado no guardanapo! Neto de cagarrinhosa! Furta cebolas! Hiu! Hiu! Excomungado nas erguejas! Burrela, cornudo sejas! Toma o pão que te caiu! A mulher que te fugiu per'a Ilha da Madeira! Cornudo atá mangueira, toma o pão que te caiu! Hiu! Hiu! Lanço-te üa pulha! Dê-dê! Pica nàquela! Hump! Hump! Caga na vela! Hio, cabeça de grulha! Perna de cigarra velha, caganita de coelha, pelourinho da Pampulha! Mija n'agulha, mija n'agulha! Chega o Parvo ao batel do Anjo e dlz:
PARVO - Hou da barca! ANJO - Que me queres? PARVO - Queres-me passar além? ANJO - Quem és tu? PARVO - Samica alguém. ANJO - Tu passarás, se quiseres; porque em todos teus fazeres per malícia nom erraste. Tua simpreza t'abaste pera gozar dos prazeres. Espera entanto per i: veremos se vem alguém, merecedor de tal bem, que deva de entrar aqui.
1. Analisa a personagem Joane, o Parvo, segundo os itens. a) b) c) d) e) f)
símbolos Representatividade Argumentação Função do Diabo Função do Anjo Destino.
2. Relaciona-a com as personagens anteriores. 3. Ao contrário das cenas anteriores, o Diabo é agora a personagem-alvo de insultos e acusações. Diz qual a caracterização que o Parvo faz dele. 4. Como procede o Anjo em relação ao Parvo? 4.1 Por que razão, quando o Anjo diz ao Parvo “Espera”, este se mantém no cais? 5. Indica o tipo de cómico mais significativo nesta cena e ilustra a tua resposta. 6. Deduz da intenção do autor ao construir esta personagem. GRUPO III
1. « Espera entanto per i» “Quem és tu?» a. b. 2.
Identifica o tipo e a forma das frases supracitadas. Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.
Identifica
o fenómeno fonético que ocorreu na seguinte palavra:
avantagem > vantagem amore > amore
plenum :
pleno cheio
3. Classifica as palavras pleno e cheio quanto à sua evolução. GRUPO III
O Fidalgo acaba por embarcar na barca do Inferno. Porém, nada habituado a ser tratado da forma como o Anjo o fez, decidiu reclamar. Imagina a carta de reclamação que terá dirigido ao “superior hierárquico” do Anjo. As professoras: Amélia Rolo, Armanda Costa, Carla Pires, Fernanda Martins, Martins, Fátima Morais, Fátima Tavares e Paula Cruz Cruz
Cenários
de
Resposta
GRUPO I TEXTO A
1.1
Apesar das coincidências, não há provas que indiquem que Gil Vicente tenha sido indubitavelmente ourives da rainha D. Leonor.
1.2.
Gil Vicente talvez tenha frequentado a Universidade de Coimbra. 1.3.
Foi o próprio Gil Vicente que começou a organizar a compilação das suas obras.
1.4
As críticas vicentinas a todas as classes sociais, fizeram com que a obra completa completa de Gil Vicente não escapasse à Inquisição. 1.5.
O texto supracitado mostra que antes de Gil Vicente já existia Teatro em Portugal.
TEXTO B
1. Analisa a personagem Joane, o Parvo, segundo os itens. a) b) c) d) e)
símbolos Representatividade Argumentação Função do Diabo Função do Anjo
f)
Destino.
ausência de símbolos. não representa nenhuma classe social não faz qualquer argumentação. não é advogado de acusação e/ou juiz. é advogado de defesa/traça o destino da personagem. fica no cais à espera de embarcar na Barca da Glória.
2. Relaciona-a com as personagens anteriores. Comparando o Parvo com as outras personagens estudadas, verifica-se que pouco ou nada tem de semelhante. 3. Ao contrário das cenas anteriores, o Diabo é agora a personagem-alvo de insultos e acusações. Diz qual a caracterização que o Parvo faz dele. O Parvo insulta o Diabo, dizendo que ele é um “cornudo” e filho de uma “aleivosa” 4. Como procede o Anjo em relação ao Parvo? Como o Parvo não cometeu erros por maldade, pois a sua ingenuidade e simplicidade ilibam-no de todo o possível mal, fica no cais a aguardar o embarque na Barca da Glória.
4.1
Por
que
razão,
quando o Anjo diz ao Parvo “Espera”, este se mantém no cais?
O Parvo fica no cais para ajudar o Anjo e o Diabo na caracterização e na crítica das personagens. 5. Indica o tipo de cómico mais significativo nesta cena e ilustra a tua resposta. Cómico de Linguagem. O modo de representação do cómico de linguagem verifica-se no uso de vocabulário popular e insultuoso, nas frases curtas e sincopadas, nas construções frásicas ilógicas, nas incoerências discursivas e no registo de língua popular. Frases exemplificativas: "(..) filho da grande aleivosa!" (v. 288); "Cornudo atá mangueira, (..)" (v 299); "Dê-dê! Pica nàquela!/Humpl Humpl Caga na vela!/Hio, cabeça de grulha!" (w. 302304). 6. Deduz da intenção do autor ao construir esta personagem.
Gil Vicente, ao construir esta personagem, tem uma intenção lúdica e crítica, provocando o riso e utilizando o Parvo para a crítica de costumes - " ridendo castigat mores". GRUPO III
1. « Espera entanto per i» “Quem és tu?» a.
Identifica o tipo e a forma das frases supracitadas.
Tipo Imperativo / forma afirmativa, neutra e activa Tipo Interrogativo / forma afirmativa, neutra e activa
b.
Classifica morfologicamente as palavras sublinhadas.
Espera – – verbo verbo “esperar”. Imperativo, 2.ª pessoa do singular. Quem – pronome relativo Tu – pronome pessoal 2.
Identifica
o fenómeno fonético que ocorreu na seguinte palavra:
avantagem > vantagem - aférese amore > amor - apócope
pleno plenum : cheio 3. Classifica as palavras pleno e cheio quanto à sua evolução. Pleno e cheio são palavras divergentes. Pleno, via erudita e cheio por via popular. GRUPO III
O texto deve apresentar a disposição gráfica dos elementos distintivos da carta (data, fórmulas de abertura e de despedida...). O texto deve incluir: – abertura que contextualize a situação; – desenvolvimento e desfecho adequados.
12
Produz um discurso coerente: • com informação pertinente; • com progressão temática evidente; evidente; • com abertura e fecho adequados. Utiliza vocabulário variado adequado.
18