A sociedade contra o Estado Pierre Clastres
Cap. 1 - Copérnico e os selvagens
pouvoir Este capítulo foi escrito contra a obra de Jean-Willian Lapierre: Essai sur le fondement du pouvoir politique 1!"#$
%obre os critérios da classifica&'o de sociedades e( arcaicas ) a saber) aus*ncia de escrita e econo(ia de subsist*ncia) n'o +, o ue se discutir sobre o pri(eiro: ou +, escrita ou n'o +, escrita nu(a sociedade. Poré() ao segundo) pe-se de inicio a uest'o) /o ue é de fato 0subsistir0 2 viver na fragilidade per(anente do euilíbrio euilíbrio entre necessidades necessidades ali(entares e (eios de satisfa3*-las satisfa3*-las 4...5 as sociedades arcaicas n'o vive() (as sobrevive() sua e6ist*ncia é ( co(bate inter(in,vel contra a fo(e) pois elas s'o incapazes de produzir excedentes ) por car*ncia tecnol7gica e) alé( disso) cultural/. 4p. 8!5 %e( prolonga&'o) Clastres afir(a afir(a ue diversas sociedades sociedades arcaicas produ3e( u( e6cedente e6cedente ali(entar) e segue: /n'o é pelo fato de ue sua econo(ia fosse de subsist*ncia ue as sociedades arcaicas 0sobrevivera( e( estado de e6tre(o subdesenvolvi(ento até +o9e0 4citando Lapierre) p. 885 4...5 ;a realidade) a ideia de econo(ia de subsist*ncia prové( do ca(po ideol7gico do 5
?a (es(a for(a ue o conceito de subsist*ncia envolve u( 9ulga(ento de valor sobre as sociedades assi( ualificadas) ta(bé( o fa3 o conceito de apolítico ou sociedade sem poder poder . < (odelo ao ual ele se refere e a unidade ue o (ede s'o constituídos constituídos a priori pela ideia ue a civili3a&'o ocidental desenvolveu e for(ou do poder. ;ossa cultura) desde as suas origens) pensa o poder político e( ter(os de rela&es +ierarui3adas e autorit,rias de co(ando-obedi*ncia/. 4p. =85 /... o poder político se d, so(ente e( u(a rela&'o ue se resolve) definitiva(ente) nu(a rela&'o de coer&'o 4...5 a verdade e o ser do poder consiste( na viol*ncia e n'o se pode pensar no poder se( o seu predicado) a viol*ncia/. 4p. 8@5
/... a etnologia pretende situar-se de c+ofre no ele(ento ele (ento da universalidade se( se dar conta de ue per(anece sob (uitos aspectos aspectos instalada e( sua particularidade) particularidade) e ue seu pseudodiscurso pseudodiscurso científico científico se deteriora rapida(ente e( verdadeira ideologia. 4...5 ?ecidir ue algu(as culturas s'o desprovidas de poder político por por n'o oferecere( nada de se(el+ante ao ao ue a nossa apresenta n'o é u(a u(a proposi&'o científica: antes denota-se aí) no fi( das contas) u(a certa pobre3a do conceito/. 4p. =8)=5
/< etnocentris(o n'o é portanto u( entrave superficial refle6'o e as suas i(plica&es t*( (ais conseu*ncias do ue se poderia crer. Ele n'o pode dei6ar subsistir as diferen&as cada u(a por si$ e( sua neutralidade) (as uer co(preed*-las co(o diferen&as deter(inadas a partir do ue é (ais fa(iliar) o poder tal co(o ele é e6peri(entado e pensado na cultura ocidental. < evolucionis(o 4...5 n'o est, longe. A atitude nesse nível é dupla: pri(eira(ente recensear as sociedades segundo a (aior ou (enor pro6i(idade ue o seu tipo de poder (anté( co( o nosoB e( seguida afir(ar e6picita(ente co(o outrora$ ou i(plicita(ente co(o agora$ u(a continuidade entre todas essas diversas for(as e poder/. 4p. ==5
E( ue condi&es o poder político é pensavel /A condi&'o é renunciar) asceticamente) diga(os) concep&'o exótica do (undo arcaico 4...5 A condi&'o ser, nesse caso) a decis'o de levar enfi( a sério o +o(e( das sociedades pri(itivas) sob todos os seus aspectos e e( todas as suas di(enses 4...5 2 necess,rio aceitar a ideia de ue a nega&'o n'o significa u( nada) e de ue) uando o espel+o n'o nos devolve a nossa i(age() isso n'o prova ue n'o +a9a nada ue observar/. 4p. =5
5 /;'o se pode repartir as sociedades e( dois grupos: sociedades co( poder e sociedades se( poder. Julga(os ao contr,rio 4...5 ue o poder político é universal ) i(anente ao social 4...5) (as ue ele se reali3a de dois (odos principais: poder coercitivo) poder n'o-coercitivo. 85 /< poder político co(o coer&'o ou co(o rela&'o de co(ando-obedi*ncia$ n'o é o (odelo do poder verdadeiro) (as si(ples(ente u( caso particular ) u(a reali3a&'o concreta do poder político e( certas culturas) tal co(o a ocidental (as ela n'o é a Dnica) natural(ente$. 4...5 =5 /es(o nas sociedades onde a instui&'o política est, ausente 4...5 mesmo aí o político est, presente) (es(o aí se coloca a uest'o do poder 4...5 alguma coisa existe na ausência /. < poder político /é u(a necessidade inerente vida social 4...5 n'o pode(os pensar o social se( o político/. 4p. =@)#5
/... a inova&'o social social é talve3 o funda(ento do poder coercitivo) (as certa(ente n'o é o funda(ento do poder n'o-coercitivo 4...5 o poder político co(o coer&'o ou co(o viol*ncia é a (arca das sociedades históricas) isto é) das sociedades ue tra3e( e( si a causa da inova&'o) da (udan&a) da +istoricidade. E assi() poderia(os dispor as diversas sociedades segundo u( novo ei6o: as sociedades co( poder político n'o-coercitivo s'o as sociedades se( +ist7ria) as sociedades co( poder político coercitivo s'o as sociedades +ist7ricas/. 4p. =!5
/2) pois) da coer&'o e n'o do político ue a inova&'o é o funda(ento/. 4p. =!5
?a tarefa da antropologia política:
15 < ue é o poder político sto é: o ue é a sociedade 85 Co(o e por ue se passa do poder político n'o-coercitivo ao poder político coercitivo sto é: o ue é +ist7ria
/... n'o seria o poder político ue constitui a diferen&a absoluta da sociedade ;'o tería(os aí a cis'o radical enuanto rai3 do social) a ruptura inaugural de todo (ovi(ento e de toda +ist7ria) o desdobra(ento original co(o (atri3 de toda diferen&a/. 4p. F>5
Cap. 8 - Groca e poder: filosofia da c+efia indígena
/... aué( ou alé( da verdadeira condi&'o política) é se(pre esta Dlti(a ue escapa ao +o(e( pri(itivo/ segundo a teoria etnol7gica. 4p. F5
Propriedades essenciais do líder índio 4 titular chief 5 segundo LoHie 41!F#5: 15 /< c+efe é u( 0fa3edor de pa30B ele é a instIncia (oderadora do grupo) tal co(o é atestado pela divis'o freuente do poder e( civil e (ilitar. 85 Ele deve ser generoso co( seus bens) e n'o se pode per(itir) se( ser desacreditado) repelir os incessantes pedidos de seus 0ad(inistrados0. =5 %o(ente u( bo( orador pode ter acesso c+efia /. 4p. F@5
%obre o pri(eiro tra&o) /o (odelo do poder coercitivo n'o é ent'o aceito sen'o e( ocasies e6cepcionais) uando o grupo se v* diante de u(a a(ea&a e6terna. as a con9un&'o do poder e da coer&'o cessa desde ue o grupo este9a e( rela&'o so(ente consigo (es(o. 4...5 < poder nor(al) civil) fundando sobre o consensus omnium e n'o sobre a press'o) é assi( de nature3a profunda(ente pacíficaB a sua fun&'o é igual(ente 0pacificante0: o c+efe te( a tarefa da (anuten&'o da pa3 e da +ar(onia no grupo 4...5 ele é u( arbitro ue busca reconciliar/. 4p. F@)#5
/< segundo tra&o característico da c+efia indígena) a generosidade) parece ser (ais ue u( dever: u(a servid'o. Co( efeito) os etn7logos notara( entre as (ais diversas popula&es da A(érica do %ul ue essa obriga&'o de dar) ual est, preso o c+efe) é de fato vivida pelos índios co(o u(a espécie de direito de sub(et*-lo a u(a pil+age( per(anente/. 4p. F#5
/< talento orat7rio é u(a condi&'o e ta(bé( u( (eio de poder político/B os c+efe deve( discursar) na (aioria dos povos) sobre pa3) +ar(onia e +onestidade uase todos os dias. Poré() fala() por ve3es) se( recebere( Gen&'o daueles ue os escuta(.
Clastres acrescenta (ais u( característica geral dos povos sul-a(ericanos: o recon+eci(ento da poliga(ia co(o privilégio (ais freuente(ente e6clusivo do c+efe. ?a an,lise da bibliografia etnogr,fica sobre estes povos) Clatres conclui ue /para a (aioria das sociedades sul-a(ericanas) a institui&'o (atri(onial da poliginia é estreita(ente articulada institui&'o política do poder/. 4p. 85
/2 ent'o por uatro tra&os ue na A(érica do %ul se distingue o c+efe. Co(o tal) ele é u( 0apa3iguador profissional0B alé( disso) deve ser generoso e bo( oradorB possui) enfi() o privilégio da poliginia. Entretanto) u(a distin&'o se i(pe entre o pri(eiro desses critérios e os tr*s seguintes. Estes Dlti(os define( o con9unto das presta&es e contrapresta&es) pelo ual se (anté( o euilíbrio entre a estrutura social e a institui&'o políticaB o líder e6erce u( direito sobre u( nD(ero anor(al de (ul+eres do grupoB este) e( troca) te( o direito de e6igir do seu c+efe generosidade de bens e talento orat7rio. Essa rela&'o aparente(ente de troca se deter(ina assi( e( u( nível essencial da sociedade) nível propria(ente sociol7gico ue concerne pr7pria estrutura do grupo co(o tal. A fun&'o (oderadora do c+efe (anifesta-se ao contr,rio no ele(ento diferente da pr,tica estrita(ente política/. Clatres fa3 aui a divis'o entre o ser e o fa3er da c+efia. /u(ildes e( seu alcance) as fun&es do c+efe n'o s'o no entanto (enos controladas pela opini'o pDblica. Plane9ador das atividades econK(icas e ceri(oniais o grupo) o líder n'o possui ualuer poder decis7rioB ele nunca est, seguro de ue as suas 0ordens0 ser'o e6ecutadas: essa fragilidade per(anente de u( poder se(pre contestado d, sua tonalidade ao e6ercício da fun&'o: p poder do c+efe depende da boa vontade do grupo. Co(preende-se ent'o o interesse direto do c+efe e( (anter a pa3: a irrup&'o de u(a crise destruidora da +ar(onia interna pede a interven&'o do poder) (as suscita ao (es(o te(po essa inten&'o de contesta&'o ue o c+efe n'o te( (eios para superar/. 4p. =)F5
/A fun&'o) ao se e6ercer) indica auilo cu9o sentido se busca aui: a i(pot*ncia da institui&'o. as é no plano da estrutura) uer di3er) nu( outro nível) ue reside) (ascarado) esse sentido. Co(o atividade concreta da fun&'o) a pr,tica do c+efe n'o re(ete) pois) (es(a orde( de fenK(enos ue os tr*s outros critérios: elas os dei6a subsistir co(o u(a unidade estrutural(ente articulada pr7pria ess*ncia da sociedade. Co( efeito) é not,vel constatar ue essa trindade de predicados - do( orat7rio) generosidade) poliginia - ligados pessoa do líder) concerne aos (es(os ele(entos cu9a troca e circula&'o constitue( a sociedade co(o tal) e sanciona( a passage( da nature3a para a cultura. 2 inicial(ente pelos tr*s níveis funda(entais da troca de bens) de (ul+eres e de palavras ue se define a sociedadeB e é igual(ente por refer*ncia i(ediata a esses tr*s tipos de 0sinais0 ue se constitui a esfera política das sociedades indígenas. < poder relaciona-se portanto aui co( os tr*s níveis estruturais essenciais da sociedade) isto é) co( o pr7prio cerne do universo da co(unica&'o/. 4p. F)5
A 0troca0 aparente entre c+efe e grupo (ostra-se e6tre(a(ente desigual) levando recusa da pr7pria ideia de troca) de (ul+eres do grupo pelos bens e (ensagens do c+efe. ;u( e6a(e do (ovi(ento de cada 0signo0 segundo o seu circuito pr7prio /descobre-se ue esse triplo (ovi(ento apresenta u(a di(ens'o negativa co(u( ue designa a esses tr*s tipo de 0signos0 u( destino id*ntico: eles n'o aparece( (ais co(o valores de troca) a reciprocidade cessa de regular sua circula&'o. (a rela&'o original entre regi'o do poder e a ess*ncia do grupo se desvenda ent'o aui: o poder (anté( u(a rela&'o privilegiada co( os ele(entos cu9o (ovi(ento recíproco funda a pr7pria estrutura da sociedadeB (as essa rela&'o) negandol+es u( valor ue é de troca ao nível do grupo) instaura a esfera política n'o apenas co(o e6terior estrutura do grupo) (as be( (ais co(o negando esta: o poder é contra o grupo e a recusa da reciprocidade co(o di(ens'o ontol7gica da sociedade é a recusa da pr7pria sociedade. 4...5 Co( efeito) para ue u( aspecto da estrutura social possa e6ercer u(a influ*ncia ualuer sobre essa (es(a estrutura) é preciso) no (íni(o) ue a rela&'o entre esse siste(a particular e o siste(a global n'o se9a inteira(ente negativa. 2 co( a condi&'o de ser de algu(a for(a i(anente ao grupo) ue a fun&'o política poder, (anifestar-se de (aneira efetiva.
revela) ao fa3er isso) sua recusa radical da autoridade) u(a nega&'o absoluta do poder. 4...5 A pr7pria radicalidade da recusa) a sua per(an*ncia e a sua e6tens'o sugere( talve3 a perspectiva na ual situ,-la. A rela&'o do poder co( a troca) por ser negativa) n'o dei6a de nos (ostrar ue é ao nível (ais profundo da estrutura social) lugar da constitui&'o inconsciente das suas di(enses) de onde advé( e onde se encerra a proble(,tica desse poder. E( outros ter(os) é a pr7pria cultura) co(o diferen&a (aior da nature3a) ue investe total(ente na recusa desse poder. E n'o é precisa(ente na sua rela&'o co( a nature3a ue a cultura (anifesta u(a nega&'o de igual profundidade Essa identidade na recusa nos leva a descobrir) nessas sociedades) u(a identifica&'o do poder e da nature3a: a cultura é nega&'o de a(bos) n'o no sentido e( ue poder e nature3a seria( dois perigos diferentes) cu9a identidade s7 seria auela negativa - de u(a rela&'o id*ntica ao terceiro ter(o) (as no sentido e( ue a cultura apreende o poder co(o a ressurg*ncia (es(a da nature3a. MGudo se passa) co( efeito) co(o se essas sociedades constituísse( sua esfera política e( fun&'o de u(a intui&'o ue teria nelas lugar de regra: a saber) ue o poder é) e( sua ess*ncia) coer&'oB ue a atividade unificadora da fun&'o política se e6erceria) n'o a partir da estrutura da sociedade e confr(e ela) (as a partir de u( (ais alé( incontrol,vel e contra elaB ue o poder e( sua nature3a n'o é sen'o u( ,libi furtivo da nature3a e( seu poderQ. 4p. ">)15 M... descobrindo o grande parentesco entre o poder e a nature3a) co(o dupla li(ita&'o do universo da cultura) as sociedades indígenas soubera( inventar u( (eio de neutrali3ar a virul*ncia da autoridade política. Elas escol+era( ser elas (es(as as fundadoras) (as de (odo a n'o dei6are( aparecer o poder sen'o co(o negatividade logo controlada: elas o institue( segundo sua ess*ncia a nega&'o da cultura$) (as 9usta(ente para l+e negare( toda pot*ncia efetiva. ?e (odo ue a apresenta&'o do poder) tal co(o ele é) se oferece a essas sociedades co(o o pr7prio (eio de anul,-lo. A (es(a opera&'o ue instaura a esfera política proíbe o seu desdobra(ento: é assi( ue a cultura utili3a contra o poder a pr7pria astDcia da nature3aB é por isso ue se no(eia c+efe o +o(e( no ual se uebra( a troca das (ul+eres) das palavras e dos bensQ. 4p. "1)85 MEnuanto deposit,rio de riue3as e de (ensagens) o c+efe n'o tradu3 sen'o sua depend*ncia co( rela&'o ao grupo) e a obriga&'o ue ele te( de (anifestar a cada instante a inoc*ncia de sua fun&'o. 4...5 se 4o c+efe5 n'o fa3 o ue dele se espera) sua aldeia ou seu bando si(ples(ente o abandona e( troca de u( líder (ais fiel a seus deveres. 2 apenas através dessa depend*ncia real ue o c+efe pode (anter seu estatuto. sso aparece co( (uito nitide3 na rela&'o do poder co( a palavra: pois) se a linguage( é o oposto da viol*ncia) a palavra deve ser interpretada) (ais do ue co(o privilégio do c+efe) co(o o (eio de ue o grupo dispe para (anter o poder fora da viol*ncia coercitiva) co(o a garantia repetida a cada dia de ue essa a(ea&a est, afastada. A palavra do líder encerra e( si (es(a a a(biguidade de ser desviada da fun&'o de co(unica&'o i(anente linguage(. 2 t'o pouco necess,rio ao discurso do c+efe ser ouvido ue os indígenas freuente(ente n'o l+e presta( nen+u(a aten&'o. A linguage( da autoridade) di3e( os rubu) é u( ne eng hantan : u(a linguage( dura) ue n'o espera resposta. as essa dure3a n'o co(pensa de (odo algu( a i(pot*ncia da institui&'o política. e6terioridade do poder corresponde o isola(ento de sua palavra ue tra3) por ser dita dura(ente para n'o ser ouvida) teste(un+o de sua do&uraQ. 4p. "=5 MEsse (odo de constitui&'o da esfera política pode pois ser co(preendida co(o u( verdadeiro (ecanis(o de defesa das sociedades indígenas. A cultura afir(a a preval*ncia dauilo ue a funda - a troca - precisa(ente vendo no poder a nega&'o desse funda(ento. as é preciso alé( disso assinalar ue
essas culturas) ao privare( os NsignosO do seu valor de troca na regi'o do poder) retira( das (ul+eres) dos bens e das palavras 9usta(ente a sua fun&'o de signos a sere( trocadosB e é ent'o co(o puros valores ue esses ele(entos s'o apreendidos) pois a co(unica&'o dei6a de ser seu +ori3onte. < estatuto da linguage( sugere co( u(a for&a singular esse conver&'o do estado de signo e( estado de valor: o discurso do c+efe) e( sua solid'o) le(bra a palavra do poeta para ue( as palavras s'o valores ainda (ais ue signos. < ue pode ent'o significar esse duplo processo de dessignifica&'o e de valori3a&'o dos ele(entos da troca Galve3 e6pri(a) alé( (es(o do apelo da cultura a seus valores) a esperan&a ou a saudade de u( te(po (ítico aonde cada u( c+egaria plenitute de u( go3o n'o li(itado pela e6ig*ncia da trocaQ. 4p. "=5
Cap. ndepend*ncia e e6oga(ia
Clastres classifica as sociedades da Rloresta Gropical co(o / demos exogâmicos /) entendo por este ter(o /unidades principal(ente residenciais) (as cu9a e6oga(ia e unilocalidade de resid*ncia des(ente() e( certa (edida) a bilateralidade da descend*ncia) conferindo-l+es assi( a apar*ncia de lin+agens ou (es(o de cl's/. 4p. @5
?efendendo a +eterogeneidade dessas sociedades Clastres aponta a (anuten&'o de líderes pelas fa(ílias e6tensas co(o tradu&'o da vontade dessas sociedades de (antere( sua identidade. E relacionando a estruta social co( a estrutura política afir(a /é porue e6iste u(a institui&'o central) u( líder principal e6pri(indo a e6ist*ncia efetiva - e vivida co(o unifica&'o - da co(unidade) ue esta se pode per(itir) de algu(a for(a) u( certo quantum de for&a centrífuga) atuali3ado na tend*ncia de cada grupo e( conservar sua personalidadeB e é) reciproca(ente) a (ultiplicidade dessas tend*ncias divergentes ue legiti(a a ativadade unificante da c+efia principal/. 4p. @@5
/Assi( se verifica a presen&a latente) e uase furtiva) da contestação e do seu +ori3onte Dlti(o: o conflito abertoB presen&a n'o e6terior ess*ncia do grupo) (as) ao contr,rio) di(ens'o da vida coletiva engendrada pela pr7pria estrutura social/. 4p. @@5
?a pr,tica da e6oga(ia. /< intercI(bio de (ul+eres de (aloca a (aloca) estabelecendo estreitos la&os de parentesco entre fa(ílias e6tensas e de(os) institui por isso (es(o rela&es políticas 4...5 < casa(ento) co(o alian&a de fa(ílias) e aci(a destas) de de(os) contribui) pois) para integrar as co(unidades e( u( con9unto) por certto (uito fluido e difuso) (as ue se deve distinguir por u( siste(a i(plícito de direitos e deveres (Dtuos) por u(a solidariedade revelada ocasional(ente e( circunstIncias graves) pela certe3a de cada coletividade de se saber rodeada) por e6e(plo) e( caso de escasse3 ou de ataue ar(ado) n'o de estrangeiros +ostis) (as de aliados e parentes. Porue o alarga(ento do +ori3onte
político alé( da si(ples co(unidade n'o depende apenas da presen&a contingente de grupos a(igos nas pro6i(idades: ele se reporta necessidade i(periosa) e( ue se encontra cada unidade sendet,ria) de garantir sua seguran&a conclus'o de alian&as/. 4p. #15
/A regra do casamento entre primos cruzados parece ser coe6tensiva da e6oga(ia local 4...5 ?aí se conclui ue o intercI(bio de (ul+eres n'o se esetabelece entre unidades a princípio 0indiferentes0 u(as s outras) (as entre grupos entrela&ados por estreitos vínculos de parentesco) (es(o ue este se9a co(o se( dDvida é prov,vel) (ais classificat7rio do ue real. As rela&es de parentesco 9, fi6adas e a e6oga(ia local so(a( pois seus efeitos para tirar cada unidade de sua unicidade) elaborando u( sistema ue transcenda cada u( de seus ele(entos/. 4p. #85
/... a e6oga(ia local encontra o seu sentido e( sua fun&'o: ela é o meio da aliança política /. 4p. #85
Cap. F - Ele(entos de de(ografia a(eríndia