SANTOS, Boaventura. Semear outras soluções: os caminhos da biodiversidade e dos conhecimentos rivais. Edições Aforamento, Aforamento, INT INTO! O!"# "#$O $O:: %AA A&%'I &%'IA A O ()NO ()NONE NE !A (I*N (I*N(I (IA: A: A !I+E !I+ES SI! I!A! A!E E E%ISTE&O'-I(A !O &"N!O "ma das /reas tem/ticas do 0ro1eto 22einventar a Emanci0aç3o Social: 0ara novos manifestos44 567 A ri8ue9a dos debates e0istemol;icos durante o sncia em uma ?nica forma de conhecimento v/lido foi um 0rocesso lon;o e controverso e 8ue 0ara o seu desfecho contribu@ram, n3o s ra9ões e0istemol;icas, mas tambncia viria a assentar, assentar, assim, numa acum acumul ulaç aç3o 3o selet seletiv iva a de suce sucess ssos os,, tend tendo o a ocul oculta tarr a cont contrib ribui uiç3 ç3o o cruc crucia iall da controv controvncia e de abertura de um di/lo;o entre formas de conhecimento e de saber 8ue 0ermita a emer;>ncia de ecolo;ias de saberes em 8ue a ci>ncia 0ossa dialo;ar e articularse com outras formas de saberes, evitando a des8ualificaç3o m?tua e 0rocurando novas confi;urações de conhecimento. 567 0 C (I*N(IA, (O'ONIA'IS&O E (O'ONI!A!E: A %O!"#$O !E G!ESH(ONE(I&ENTOGSH A constituiç3o constituiç3o do sistema mundo modernoJcolonial a 0artir do sec =+, assentou assentou em m?lti0las destruições criadoras 8ue mesmo 8uando reali9adas em nome de 0ro1etos civili9adores, libertadores ou emanci0atrios, visaram redu9ir a com0reens3o do mundo K com0reens3o com0reens3o ocidental ocidental do mundo 567 0 L %or sua ve9, a construç3o da nature9a como al;o eMterior K sociedade uma cons constr truç uç3o 3o estr estran anha ha aos aos 0ovo 0ovoss com com 8ue 8ue os euro euro0e 0eus us esta estava vam m em cont contat ato o obedec obedeceu eu Ks eMi;>n eMi;>ncia ciass da const constitu ituiç3 iç3o o do novo novo sistem sistema a econm econmico ico munida munidall centrado na eM0loraç3o intensiva dos recursos. Esta construç3o foi sustentada 0or um 0rocesso 0rocesso,, 8ue veio veio a ser conhe conhecido cido com com evoluç3o evoluç3o (ient@fica (ient@fica 567 um novo novo 0aradi;ma cient@fico emer;e determin@stico em 8ue a lin;ua;em matem/tica assume um 0a0el 0a0el central central 567 0 L ho1e ho1e evid eviden ente te 8ue, 8ue, 0ara 0ara alncia moderna destru@ramse muitas formas de conhecimento alte altern rnat ativ ivas as e humi humilh lhar aram ams se e os ;ru0 ;ru0os os soci sociai aiss 8ue 8ue nele neless se a0oi a0oiav avam am 0ara 0ara 0rosse;uir as suas vias vias 0r0rias e autnomas de de desenvolvimento 567 0 P "m dos acontecimentos mais im0ortantes do s
567 A viol>ncia civili9adora 8ue se eMerce sobre os selva;ens 0or via da destruiç3o dos conhecimentos nativos tradicional e 0ela inclucaç3o dos conhecimentos verdadeiros, eMerce, no caso da nature9a, 0ela sua transformaç3o em recursos natural incondicionalmente dis0on@vel. 567 O selva;em e a nature9a s3o, de fato, as duas faces do mesmo desi;no: domesticar a nature9a selva;em, convertendoa num recurso natural. 567 0 P 567 O colonialismo, for1ado en8uanto conceito e0ist>mico na <0oca im0erial, continua ho1e a ser sinnimo de em0obrecimento de saberes, na media em 8ue 0romove a ;ueti9aç3o dos saberes, obliterando outras formas de conhecimento, i.e, de 0roduç3o e transmiss3o de eM0eri>ncias. 567 0 Q 567 %or8ue a refleM3o deiMou de ter es0aço e relevRncia, a ci>ncia voltou ao seu lu;ar de 0rima9ia, a;ora en8uadrada num es8uema estatroc>ntrico e determinista. A ci>ncia recheouse de um 0ositivismo sem ra@9es, des0rovido de d?vidas 567 0 Os termos conhecimento local, conhecimento ind@;ena, conhecimento tradicional, ou mesmo etnoci>ncia tem sur;ido como fre8>ncia na ?ltima dntrico. 0 LC AS (WTI(AS !A (I*N(IA E A %'"A'I!A!E !E SABEES 567 o 8uestionar da conce0ç3o he;emnica do saber cient@fico moderno, sobretudo a 0artir do sul e, em es0ecial, a 0artir das ?ltimas dmica sobre a 0luralidade e0istemol;ica do mundo, a0ontando 0ara a necessidade de uma mudança 0aradi;m/tica no cam0o da 0roduç3o do saber cient@fico 567 O debate sobre a 0luralidade e0istemol;ica a0resenta ho1e duas vertentes: uma 8ue 0oder@amos desi;nar 0or interna, 8uestiona o car/ter monol@tico do cRnone e0istemol;ico e interro;ase sobre a relevRncia e0istemol;ica, social e 0ol@tica da diversidade interna das 0r/ticas cient@ficasX a outra vertente interro;ase sobre o eMclusivismo e0istemol;ico da ci>ncia e centra se nas relações entre a ci>ncia e outros conhecimentos, no 8ue 0odemos desi;nar 0or 0luralidade eMterna da ci>ncia. 0 LC 567 A diferenciaç3o e es0eciali9aç3o das ci>ncias s3o, 0ois, o resultado de um 0rocesso histrico, 8ue n3o 0ode ser com0reendido sem o associarmos a dois outros 0rocessos. "m < o da demarcaç3o entre ci>ncia e tecnolo;ia 8ue, ainda ho1e, < fre8entemente invocada 0ara afirmar a neutralidade intr@nseca da ci>ncia e atribuir as conse8>ncias da investi;aç3o cient@fica. 567 O se;undo 0rocesso refere se K demarcaç3o da ci>ncia e de outros modos de relacionamento com o mundo, tidos 0or n3ocient@ficos ou irracionais, incluindo as artes, as humanidades, a reli;i3o e as v/rias versões dessa relaç3o n3orefleMiva com o mundo 8ue, 0arafraseando &arM, confunde a ess>ncia e a a0ar>ncia das coisas, ou, diria !urYheim, 0ermite fa9er assentar a vida coletiva em ilusões bemfundadas, e a 8ue se chama senso comum. 567 0 LL No Rmbito deste 0ro1eto, 0udemos encontrar v/rios eMem0los desta relaç3o entre diversidade e0istemol;ica e diversidade de cosmovisões 8ue concebem o mundo
de maneira 0lural. A diversidade e0istemol;ica n3o <, 0orncia de uma e0istemolo;ia 0scolonial 0ermitiu dar mais um 0asso na 0roblemati9aç3o dessa o0osiç3o, 567 Na linha da cr@tica e0istemol;ica 0s colonial, Sandra ardin; concebe a 0r0ria ci>ncia moderna como uma etnoci>ncia,, 0rofundamente marcada 0or convenções 0articulares, tncia ocidental e os sistemas de conhecimento ind@;ena trouMeram nova informaç3o ao debate, mostrando continuidade e dis1unç3o entre eles 567 0 L %ara al;umas autoras, as ori;ens da o0ress3o da mulher e da nature9a 8ue se encontra em 0raticamente todas as sociedades est3o locali9adas no car/ter cada ve9 mais cientifico da sociedade ocidental, es0ecialmente a 0artir do iluminismo. Outras autoras est3o menos convencidas desta ri;ide9 macroestrutral, mas mant>m uma cr@tica cerrada as 0raticas cientificas modernas e aos efeitos destruidores sobre os ob1etos da ci>ncia, como < o caso da nature9a, bem como 0ara os su1eitos eMclu@dos das 0rofissões cient@ficas 567 0 L 567 O aumento do n?mero de mulheres em instituições cientificas ou na academia n3o si;nifica necessariamente 8ue essas instituições, a or;ani9aç3o das carreiras e as 0raticas 0rofissionais dos S"S membros se1am reor;ani9ados de maneira a ter em contra a 0resença de mulheres 8ue continuam a ter de viver numa sociedade em 8ue a divis3o seMual do trabalho lhes atribui o ;rosso das tarefas li;adas K fam@lia, ao conteMto domncia se0arada, mas antes o de contribuir 0ara uma transformaç3o da ci>ncia eMistente 567 8ue Schiebin;er desi;na 0or ci>ncia sustent/vel 567 0 ZF 567 Stratehrn, 0or eMem0lo, 8uestiona os fatos sociais e naturais sub1acentes K teoria do 0arentesco, revelando o car/ter hibrido do mesmo, 8ue considera uma tarefa t@0ico da 0raticas de saberes ocidentais 567 0 ZC O ecofeminismo sur;e como uma corrente intelectual e 0ol@tica multifacetada. Sob os aus0@cios de duas das maiores forças dentro dos ;randes movimentos sociais mundiais. 567 o ecofeminismo defende 8ue a mulher teria uma relaç3o natural com o ambiente 567 0 Z Al;umas ecofeminsitas defendem a mulher como a ;uardi3 ori;inal e natural da nature9a, es8uecendo ou remetendo 0ara um 0lano secund/rio o fato de 8ue as mulheres, ao intera;irem com o meio onde habitam e trabalham, tambncia, em 0< de i;ualdade, de outros saberes, e 8ue 0or isso
se constitui, de fato, em hierar8uia e0istemol;ica, ;eradora de mar;inali9ações, silenciamentos, eMclusões ou li8uidações de outros conhecimentos 567 0 ZP 567 0odese afirmar 8ue a diversidade e0ist>mica do mundo < 0otencialmente infinita, 0ois todos os conheicmentos s3o conteMtual. N3o h/ nem conhecimentos 0uros, nem conhecimentos com0letosX h/ constelações de conhecimentos. 567 0 ZQ "ma distinç3o decorrente do eMclusivismo e0istemol;ico da ci>ncia < a 8ue distin;ue entre o conhecimento tncia, 0ela sua democrati9aç3o, tem ocorrido tanto no interior da 0r0ria ci>ncia como atravncia entendida como um recurso 0ar uma cidadania ativa, 0ara a 0roteç3o da vida 567 0 Q
!iferentes formas de interaç3o e com0reens3o da nature9a ir3o 0rodu9ir diferentes cor0os de saberes sobre essa nature9a 567 0 QZ evidente a diversidade de situações nacionais e de formas de eMerc@cio de 0artici0aç3o. 567 0 ]F tambncias numa 0ers0ectiva emanci0atria, ins0irada, 0or eMem0lo, 0ela 0eda;o;ia e %aulo ^reire ou 0elo Teatro do O0rimido de Au;usto Boal oferece recursos inovadores 0ara o alar;amento do re0ertrio da democracia e da cidadania co;nitivas. Esses recursos s3o es0ecialmente relevantes 0ara l@der com as eM0eri>ncias de 0roduç3o 0artici0ativa do conheicmento, tais como as diferentes formas de investi;aç3o 0artici0ativa, o desenvolvimento 0artici0ativo de tecnolo;ias e o ativismo cient@ficot