UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE LETRAS E LINGUÍSTICA DISCIPLINA: PROFESSOR: ALUNA: Orídia Machado de Oliveira NEOLIBERALISMO E EDUCAÇÃO: MANUAL DO USUÁRIO O trabalho pretende analisar e questionar as dimensões da configuração do discurso neoliberal no campo educacional. Mostrando a importância teórica e politica de se entender o neoliberalismo como uma construção hegemônica. Apresentando algumas considerações sobre como se constrói a retorica neoliberal no campo educacional. 1.
O neoliberalismo como construção hegemônica hegemônica
O neoliberalismo expressa a dupla dinâmica que caracteriza todo o processo de construção de hegemonia. Tratando se por outro lado de uma alternativa do poder extremamente vigorosa constituída por uma série de estratégias politicas, econômicas e jurídicas orientadas para encontrar uma saída dominante para a crise capitalista. Com frequência costumamos enfatizar a capacidade capacida de que o neoliberalismo possui para impor com êxito seus programas de ajuste, esquecendo a conexão exist ente entre os programas e a construção de um novo senso comum. Desde muito cedo, os intelectuais neoliberais reconhecem que a construção desse novo senso comum era um dos desafios prioritár io para garantir o êxito na construção de uma ordem social regulada pelos princípios odo livre mercado. As obras de Friedrich A. Hayek e Milton Friedman, permitem observar a sagacidade desses intelectuais que reconhecem a importância política de se acompanhar toda à reforma econômica. Em seu prefácio de 1976, Hayek lamentava as ideias defendidas no texto mesmo após 30 anos, continuassem mantendo vigência. E que mesmo após essas três décadas a sociedade não tinha aceitado a evidência de que toda forma de i ntervenção estatal constitui um sério s ério risco a liberdade individual. Mesmo após o desafio de “O caminho da servidão” continuava em aberto a seguinte problemática de que só quando a sociedade reconhecer o verdadeiro desafio da liberdade será possível evitar as armadilhas do coletivismo. A respeito das consequências Hayek dizia que se a sociedade não aceita ac eita a modernização mercado oferece oferec e quando atuam sem interferência do Estado, essas consequências será nefasto para a própria democracia onde os piores serão os primeiros, o totalitarismo aumentará e a planificação centralizada tomara conta da vida das pessoas.
Milton Friedman publicou no início dos anos oitenta o livro Free to Choose [Liberdade de Escolher] sendo vendido mais de 400.000 mil exemplares apenas na edição luxo. Então trouxe a tona a seguinte questão porque o livro Free to Choose [Liberdade de Escolher] havia vendido em apenas poucas semanas o que seu antecedente direto demorou vinte anos Capitalism and Freedom [Capitalismo e liberdade] para alcançar o mesmo feito, visto que ambos abordavam a mesma temática? Friedman explica que a opinião publica havia mudado, e que as pessoas es tavam mais receptivas as insistências dos defensores do livre mercado, que essas pessoas estavam mais alertas para se defenderem do Estado que estava disposto a monopolizar tudo. O Chile foi o cenário trágico para a implementação do neoliberalismo na América Latina, sendo esse experimento a nível mundial, a ditadura do general Augusto Pinochet em 1973. Sendo que o experimento não parou por ai, nos anos 80 o neoliberalismo chegava ao poder pelo voto popular. A possibilidade de conhecer e reconhecer o movimento neoliberal, não é suficiente para frear a forma de sua retorica. No entanto pode ajudar a desenvolver mais e melhores estratégias de luta contra a exclusão social promovida pelas politicas. Podemos aproximar de uma compreensão critica da forma neoliberal de pensar e traçar politicas educacionais procurando responder, brevemente, a quatro questões: 1) como entendem os neoliberais a crise educacional? 2) quem são, de acordo com essa perspectiva, seus culpados? 3) que estratégias definem para sair dela? 4) quem deve ser consultado para encontrar uma saída para a crise? Deve-se ressaltar que os sistemas educacionais enfrentam uma profunda crise de eficiência, eficácia e produtividade, mas do que uma crise de quantidade, universalização e extensão. O processo de expansão escolar, durante a segunda metade do século ocorreu de forma acelerada sem que tenha garantido uma distribuição eficiente dos serviços oferecidos. Trata-se de uma crise de qualidade decorrente da improdutividade que caracteriza as práticas pedagógicas e a gestão administrativa escolar. A existência de mecanismos de exclusão e discriminação educacional resulta da própria ineficiência da escola e profunda incompetência daqueles que nela trabalham. Sob a perspectiva neoliberal, o sistema educacional enfrenta uma crise gerencial. Crise que geram evasão, repetência, analfabetismo funcional, etc.
O objetivo politico de democratizar a escola depende realização de uma profunda reforma administrativa, introduzindo mecanismos para aprimorar a qualidade dos serviços educacionais. Toda a crise de acordo com os neoliberalistas e decorrente da má gerencia por parte do Estado das políticas públicas. A educação não funciona porque foi estatiz ada pela política. A planificação centralizada trava a liberdade individual de eleger. Para os neoliberais, o Estado de Bem-estar e o populismo que conheceram nossos países têm intensificado os efeitos improdutivos que se derivam da materialização histórica dessas praticas clientelistas. Para os neoliberais a democracia não tem nada a ver com isso. Ela é simplesmente um processo político que deve permitir aos indivíduos desenvolver sua inesgotável capacidade de livre escolha na única esfera que garante e potencializa a referida capacidade individual: o mercado. A crise é produto da difusão da noção de cidadania. Para eles o conceito de cidadania baseia a concepção universal e universalizante dos direitos humanos. A grande operação do neoliberalismo consiste em transferir a educação da esfera da politica para a esfera do mercado. O modelo de homem neoliberal é o cidadão privatizado o entrepreneur, o consumidor . 2. Os culpados Avançaremos assim para a segunda pergunta: quem são os culpados pela crise educacional? Existem responsáveis diretos e indiretos. Entre os primeiros se encontram, o modelo de Estado assistencialista: os sindicatos. Nesse sentido os principais responsáveis são os próprios sindicatos de professores e todas aquelas organizações que defendem o direito igualitário a uma escola pública de qualidade. Se Estado e sindicato são os principais responsáveis, deveria supor-se que a simples redução do primeiro à mínima expressão e a desaparição definitiva dos segundos. Na perspectiva neoliberal a crise não se reduz apenas à existência de certo modelo de Estado ou de entidades sindicais, o problema é mais complexo, os indivíduos em si, também são culpados pela crise. O neoliberalismo privatiza tudo, inclusive também o êxito e o fracasso social. A escola funciona mal porque as pessoas não reco nhecem o valor do conhecimento; os professores trabalham pouco e não se atualizam, são preguiçosos; os alunos fingem que estudam quando, na realidade, perdem tempo, etc. Segundo os neoliberais, trata-se de um problema cultural provocado pela ideologia dos direitos sociais e a falsa promessa de que uma suposta condição de cidadania. A lógica
competitiva promovida por um sistema de prêmios e castigos com base em tais critérios meritocráticos cria as condições culturais que facilitam uma profunda mudança institucional voltada a Configuração de um verdadeiro mercado educacional. 3. As estratégias As administrações neoliberais permitem reconhecer uma série de regularidades que caracterizam e unificam as estratégias de reforma escolar. Existe um consenso estratégico com os intelectuais conservadores, consenso que decorre da formulação de um diagnóstico comum ao qual é possível explicar e descrever os motivos que originam a crise, e identificar os supostos responsáveis pela crise. As regularidades se expressam através de uma série de objetivos que articula e dão coerência às reformas educacionais implementadas pelos governos neoliberais: a) por um lado, a necessidade de estabelecer mecanismos de controle e avaliação da qualidade dos serviços educacionais, b) por outro lado, a necessidade de articular e subordinar produção educacional às necessidades estabelecidas pelo mercado de trabalho. O primeiro objetivo promove, e garante a materialização dos citados princípios meritocráticos competitivos. O segundo dá sentido e estabelece o rumo das políticas educacionais, ao mesmo tempo que permite estabelecer critérios para avaliar a pertinência das propostas de reforma escola. E importante especificar brevemente duas questões r elevantes vinculadas a tais objetivos. O neoliberalismo formula o conceito especifico de quali dade. Se os sistemas de Total Quality Control (TQC) têm demonstrado um êxito comprovado no mundo dos negócios, deverão produzir os mesmos efeitos produtivos no campo educacional. Uma dinâmica caracteriza a estratégias de reforma educacional promovidas pelos governos neoliberais: as lógicas articuladas de descentralização centralizante e de centralizaçãodescentralizada. O Estado neoliberal é mínimo quando deve financiar a escola pública e máximo quando define de forma centralizada o conhecimento oficial. Centralização e descentralização são as duas faces de uma mesma moeda: a dinâmica autoritária que caracteriza as reforma educacionais implementadas pelos governos neoliberais. 3.1. A mcdonaldização da escola A mcdonaldização da escola, processo que se concreti za em diferentes e articulados planos, constitui uma metáfora apropriada para caracterizar as formas dominantes de reestruturação educacional propostas pelas administrações neoliberais.
Os McDonald’s constituem um bom exemplo de organização produtiva com tais atributos e, nesse sentido, representam um bom modelo organizacional para modernização escolar. Vejamos as coincidência entre ambas. A mcdonaldização da escola. Os processos de mcdonaldização têm sido destacados por alguns autores para referir-se à transferência dos princípios que regulam a lógica de funcionamento dos fast foods a espaços institucionais cada vez mais amplos na vida social do capitalismo contemporâneo. Os McDonald's constituem um bom exemplo de organização produtiva com tais atributos e, nesse sentido, representam um bom modelo organizacional para a modernização escolar. Vejamos as possíveis coincidências entre ambas as esferas, sendo que esta comparação permitira caracterizar o processo mcdonaldização da escola. Os processos de mcdonaldização têm sido destacados para referir-se a transferência dos princípios que regulam a lógica de funcionamento dos fast foods a espaços institucionais cada vez mais amplos na vida social do capitalismo contemporâneo. A mcdonaldização da escola constitui uma metáfora para caracterizar as formas dominantes de reestruturação educacional propostas pelas administrações neoliberais. As coincidências entre ambas as esferas são de fácil apontamento. Os fast foods e as escolas tem um ponto básico em comum. Ambas existem para das contas das n ecessidades fundamentais nas sociedades modernas: comer e ser socializado escolarmente. Os princípios que regulam a prática cotidiana dos Mc Donald’s em todas as cidades do planeta poderiam ser aplicadas as escolas. Desse modo, percebe-se que a perspectiva neoliberalista tem enfatizado uma educação baseada em princípios mercadológicos, competitivos e que já foi denominado por diversos autores de processo de “mcdonaldização” da escola, visto que mcdonaldizar a escola supõe pensá-la como uma instituição flexível que deve reagir aos estímulos (os sinais) emitidos por um mercado educacional altamente competitivo, transferindo a educação da esfera dos direitos sociais à esfera do mercado. Para o neoliberalismo, a crise educacional é, antes de mais nada, uma crise de eficiência, eficácia e produtividade (em suma, uma crise de qualidade) derivada do inevitável efeito perverso ao qual conduz a planificação estatal.
4. Os sabichões Respondendo agora a última questão (quem deve ser consultado para encontrar uma saída para a crise?), sabe-se quem não deve ser consultado são os próprios culpados. Defender e promover aquele velho e “improdutivo” modelo de Estado de Bem-Estar parece também não ser um bom caminho para superar a crise.
Quem poderá nos ajudar? Os homens de negócios. O raciocínio do neoliberalismo é neste aspecto, transparentes: se os empresários souberam triunfar na vida eles saberão melhor dar dicas sobre os que é necessário para triunfar nas escolas. Se cada empresário adotasse uma escola, o sistema educacional melhoraria de forma quase automática graças aso recursos financeiros que padrinhos doariam. A questão não se esgota aqui. Para os neoliberais, a crise envolve um conjunto de problemas técnicos, desconhecidos pelos empresários, mas que devem ser resolvidos eficientemente. Assim basicamente sair da crise seria consultar especialistas e técnicos competentes que dispõe de instrumental necessário para levar a cabo as citadas propostas de reforma. 5. Conclusão O aumento da pobreza e a exclusão, mostram sociedades estruturalmente divididas, nas quais o acesso a educação de qualidade é limitado. Dois processos também produzem impacto nas esferas politicas educacionais: a dificultade de manter os mecanismos democráticos de governabilidade, e o aumento acelerado da violência social, politica e econômica. Os governos neoliberais deixam os países mais pobres, e mais desiguais. Auxiliam na exclusão de social, racial e sexual, promete mais mercado, quando realmente é nesse mercado que se encontra a desigualdade. Conclui-se, portanto, que a proposta neoliberal para a educação, que tem como uma de suas finalidades atender seus interesses mercantilizantes, vem sendo efetivada com “competência”, por meio de inúmeras estratégias: das políticas educacionais, da descentralização, da instalação do Estado Mínimo, da responsabilização dos sujeitos por sua própria “sorte”, da promoção da cultura do medo, da mídia.
Referência Bibliografica: (Texto retirado do livro “Escola S.A”, Tomaz Tadeu da Silva e Pablo Gentili – org.)