O Governo Goulart e o golpe civil-militar de 1964
O autor (Jorge Ferreira) faz uma crítica às abordagens mais tradicionais da historiografia sobre o golpe de 64. Uma destas abordagens personaliza a histria! ou se"a! responsabilizam um #nico indi$íduo (no caso! Jo%o &oulart! outros tamb'm culpam rizola) pelo golpe ue ocorrera. *nserido nesse car+ter personalista da histria! para a direita ci$il,militar o presidente era um corrupto! demago demagogo! go! e comuni comunista sta!! sendo sendo estas estas caract caracterí erísti sticas cas atribu atribuída ídass à &oulart &oulart moti moti$o $o sufi sufici cien ente te para para o golp golpe e na $is% $is%o o dess desse e grup grupoo- "+ à esu esuer erda da o presidente era $isto como um líder burgus de massa! um conciliador (termo $isto de forma pe"orati$a pelo grupo da ala mais radical). /ssim tanto para a direita como para a esuerda as a01es de &oulart teriam tra0ado o destino de toda uma na0%o rumo ao golpe. /lgumas interpreta01es! inclusi$e de alguns historiadores! aponta$am o presidente como um 2populista3. Outra abordagem a respeito do golpe possui um car+ter mais estruturalista! onde as estruturas econmicas do país teriam le$ado o mesmo a uma crise (alto índice de infla0%o na 'poc 'poca! a! esta esta gera gerada da desd desde e o go$e go$ern rno o J5 e ue ue cheg chegar ara a com com mais mais intensidade no go$erno J&) e conseuentemente ao golpe! sendo est+ uma an+lise calcada num determinismo econmico. Outra leitura sobre o período analisa o golpe a partir de uma conspira0%o dos grupos conser$adores conser$adores internos em con"unto com o go$erno norte,americano (o ue n%o significa negar o apoio do go$erno estadunidense ao golpe! apenas n%o ' um fator determinante). ssas an+lises para o autor se mostram insuficientes e n%o d%o conta de e7plicar o processo ue en$ol$eu o golpe ci$il,militar de 8964. O autor busca analisar o período do go$erno &oulart at' o golpe ue o deps! mostrando uem eram os atores coleti$os en$ol$idos no processo! bem como seus interesses! lutas políticas e conflitos sociais ue geraram a crise política ue
le$ou
a
dire ireita
ci$il,m l,militar
(ue
no
momento se
encontra$a
articulada!formando uma alian0a ci$il,militar) a aplicar um golpe de estado! depondo assim o presidente. m síntese! para o autor a e7plica0%o para o golpe tem como base a crise política gerada pelas lutas políticas entre atores coleti$os do período (radicaliza0%o tanto de direita como de esuerda)! o ue
possibilitou uma forte e crescente alian0a entre grupos ci$is e militares conser$adores! culminando assim na deposi0%o de &oulart em 8964. Trajetória do governo Goulart
:om a ren#ncia de J;nio U/? e comunistas >U@AA?! criando um clima de radicaliza0%o da direita e da esuerda na disputa sobre ual sistema $enceria. Ob$iamente para as direitas e conser$adores no rasil! o comunismo era uma grande amea0a ue de$eria ser combatida! sendo essa ideia difundida antes mesmo da bipolariza0%o do mundo no ps Aegunda &uerra). =iante deste conte7to! Beonel rizola lan0a a campanha pela legalidade! ou se"a! ue se cumpra o ue est+ pre$isto na constitui0%o (no caso na de 8946). &oulart consegue assumir o posto de presidente! por'm sob a condi0%o de um sistema parlamentarista (onde os poderes do e7ecuti$o s%o restringidos e o 8C ministro passa a ter um maior poder político)! a fim de e$itar um golpe militar dos descontentes! o ue acarretou ainda no impedimento da implanta0%o de seus pro"etos reformistas para o país! frustrando assim os grupos nacionalistas e as esuerdas ue luta$am pelas reformas de base (principalmente pela reforma agr+ria). Desmo possuindo restri01es &oulart consegue implementar algumas medidas com base em uma alian0a de centro,esuerda (EA=EG)! uma delas era a de manter uma política e7terna independente em rela0%o ao go$erno estadunidense como "+ fizera seu antecessor! e ainda estabelecer rela01es diplom+ticas com os países do bloco so$i'tico. H importante ressaltar ue &oulart herdou uma pesada crise financeira ue foi se alastrando desde o final do go$erno J5 e no go$erno J
mostra$a a fa$or dos U/) acabou por impedir a negocia0%o de empr'stimos do FD* para o rasil (o ue acabou acentuando mais ainda a situa0%o de crise econmica ue o país $i$ia! com altos índices inflacion+rios! acarretando crises sociais! pro$ocando muitas gre$es de trabalhadores). /inda no início de seu go$erno hou$e tentati$as de conspira01es de ci$is, militares conser$adores para golpear o go$erno &oulart! por'm sem uma ampla base de apoio tais conspira01es se torna$am incuas. Desmo entre grande parte dos militares ha$ia algo claro! uma coisa era n%o gostar do presidente e sua política reformista! outra era tentar derrubar um go$erno legítimo eleito democraticamente. /ssim defendendo a legalidade muitos militares n%o aderiram ao golpismo de uma minoria (n%o ainda). Outra uest%o ue o go$erno &oulart te$e de lidar foi com rela0%o às lutas no campo! onde os camponeses luta$am ferrenhamente pela reforma agr+ria (n%o s os camponeses! mas sim os grupos de esuerda propriamente)! tendo no seu discurso a reforma na lei ou na marra. / uest%o da reforma agr+ria foi a grande problem+tica do período! tendo maiores conflitos n%o tanto por se fazer tal reforma! mas sim sobre como faz,la. nuanto as esuerdas ueriam ue as desapropria01es das terras produti$as e improduti$as fossem feitas sem pagamento
pr'$io
em
dinheiro!
os
conser$adores
ueriam
ue
a
desapropria0%o fosse feita conforme como esta$a pre$isto na :onstitui0%o! com pagamento pr'$io em dinheiro (o ue seria impossí$el pelas condi01es financeiras do país). Desmo depois a proposta mais moderada de reforma apresentada pelo EA= (desapropria0%o somente das terras improduti$as! mas n%o toda! e com corre0%o em IK dos títulos da dí$ida p#blica) n%o satisfez as esuerdas mais radicais! assim le$ando esses a negarem tal acordo. Gais conflitos gerados sobre a uest%o agr+ria do país in$iabilizaram ue &oulart conseguisse implementar um pro"eto de reforma. Gal dificuldade se da$a principalmente pelo descarte das esuerdas mais radicais a uma negocia0%o! a uma concess%o (medidas estas inaceit+$eis para esses grupos! totalmente contra ualuer tipo de concilia0%o). /s esuerdas (lembrando ue os $+rios grupos de esuerda n%o eram homogneos >E:! Bigas :amponesas! Frente Earlamentar Lacionalista! :&G!
subalternos das For0as /rmadas! UL! FDE! EG! etc?! tendo como ponto de uni%o em meio à di$ersidade dos mesmos as reformas de base e uma economia de base nacional! formando auilo ue /rgelina Figueiredo chamou de 2coaliz%o radical pr,reformas3! ue tinham como pala$ra de ordemM 2reforma agr+ria na lei ou na marra3) tinham como sua figura mais representati$a (das esuerdas mais radicais) de suas ideias e cren0as! Beonel rizola (líder da Frente de Dobiliza0%o Eopular! uma esp'cie de frente #nica de esuerda totalmente intoler+$el em rela0%o à 2política de concilia0%o3 de &oulart! ue ueria a realiza0%o das reformas mesmo ue isso significasse um confronto com os conser$adores! incluindo ai tamb'm o EA=)! este ue incita$a &oulart a fechar o :ongresso para ue as reformas fossem implementadas (medida esta $ista por :arlos Bacerda como uma amea0a de golpe comunista)! burlando o ue pre$ia a :onstitui0%o de 8946! partindo para a radicaliza0%o! de$ido a desacreditar em uma mudan0a na estrutura econmica e social pela $ia parlamentar (ue segundo ele eram os parlamentares um bando de reacion+rios conser$adores). &oulart esta$a impaciente com as amarras do parlamentarismo ue o impediam de e7ecutar suas propostas de go$erno! e ent%o passou a se preocupar em primeiro lugar com a restaura0%o de seus poderes! lutando pela campanha do retorno ao presidencialismo no país! para ent%o implementar as reformas de base. O presidente aponta$a ue o sistema parlamentarista era fraco! impossibilitando uma proposta econmica ue le$asse o país a superar a gra$e crise e conseuentemente impedindo a realiza0%o das reformas. &oulart reformula seu minist'rio e pede a con$oca0%o de um plebiscito sobre a continuidade do sistema parlamentarista. sse sistema foi,se aos poucos se mostrando em descr'dito! tal a ponto de conser$adores! esuerdas e empresariado se unirem pela $olta do presidencialismo. m 6 de "aneiro de 896N foi realizado o plebiscito e &oulart ' $itorioso! agora tendo a $olta do sistema presidencialista! recuperando os seus poderes enuanto chefe do e7ecuti$o. Gendo de $olta seus poderes &oulart formou um no$o minist'rio! procurando apoio político do centro! buscando assim conseguir go$ernabilidade a partir da alian0a EA=EG! conseguindo a maioria na bancada do :ongresso Lacional!
$isando implementar as mudan0as econmicas e sociais $ia acordos! negocia01es e compromissos entre o centro e a esuerda (ue no final das contas n%o funciona). m $ista da grande crise econmica pela ual o país passa$a! &oulart buscou implementar o seu pro"eto de go$ernoM o Elano Grienal. Gal plano tinha como meta o combate à infla0%o sem comprometer o desen$ol$imento econmico! e assim poder ent%o implementar as reformas de base. Eor'm esse plano e7igia medidas ortodo7as (tais como restri01es salariais! limita01es de cr'ditos e pre0os! cortes nas despesas go$ernamentais! medidas essas bem $istas aos olhos dos banueiros internacionais)! ue afeta$am os interesses de trabalhadores e capitalistas! tendo ue ser $iabilizado e implementado por meio de um pacto entre go$erno com esses setores! formando assim uma coaliz%o multiclassista! ue en$ol$eria acordos e concess1es das partes en$ol$idas. Eor'm tal plano como tentati$a de acordo se mostra$a muito fr+gil. Ganto os capitalistas (parte deles no início! mas depois todos eles) uanto os grupos das esuerdas reformistas repudiaram as medidas adotadas por meio do Elano Grienal! estes #ltimos liderados por rizola ataca$am o plano e a política de concilia0%o ($ista de forma pe"orati$a) de &oulart. :om as press1es destes setores sobre tal plano! &oulart rompe com seu prprio pro"eto de go$erno e cede aos interesses dos capitalistas e dos sindicatos dos trabalhadores. m decorrncia de tal atitude o FD* $iu nessa medida um fracasso da parte do go$erno em conter a infla0%o! le$ando a n%o negocia0%o e ao n%o refinanciamento da dí$ida e7terna! acentuando a crise econmica no país. /s bases sociais e políticas (trabalhadores e sindicalistas) ue sustentaram &oulart durante sua tra"etria esta$am descontentes com o go$erno ao serem castigados pela infla0%o! e teciam críticas à 2política de concilia0%o3 do presidente. uscando re$erter esse uadro! com o insucesso do Elano Grienal! &oulart se $olta para as esuerdas e en$ia ao :ongresso um pro"eto de reformas de base! em especial sobre a reforma agr+ria! por'm a proposta da emenda constitucional formulada pelo go$erno era inaceit+$el para os conser$adores. O EA= aceitaria tal pro"eto de emenda caso fosse feita uma corre0%o monet+ria dos títulos da dí$ida p#blica ue os propriet+rios de$eriam receber pelas desapropria01es. Eor'm o EG re"eita a proposta de a"uste do
EA=! impossibilitando ualuer tipo de acordo. =iante da nega0%o da proposta! comícios! passeatas e amea0as de gre$e geral foram lan0adas nas ruas na busca de pressionar o :ongresso! por'm tais medidas foram em $%o e a proposta de reformas apresentada pelo presidente (com o apoio do EG) foi negada. Eortanto no ue se refere à uest%o da reforma agr+ria! todas as propostas apresentadas no decorrer do go$erno &oulart n%o obtinham acordos por parte da direita! da esuerda! e do centro. /ssim com o fracasso da concilia0%o (termo este como "+ foi dito inadmissí$el para as esuerdas) de medidas ortodo7as (Elano Grienal) e estruturalistas (reformas de base! em especial a agr+ria)! as esuerdas! sobretudo o EG radical! $%o negar a possibilidade de realizar as mudan0as sociais e econmicas por $ia parlamentar! mostrando,se $isí$el a dissolu0%o da alian0a histria EGEA=. nuanto isso os círculos conspiratrios contra o go$erno cresciam paulatinamente. Outro problema ue dei7ou o go$erno ainda mais desgastado foi à crise político,militar. Os mo$imentos dos subalternos (sargentos) te$e grande e7press%o! estes ue protestaram contra a inelegibilidade dos mesmos! chegando at' mesmo a tomarem controle da capital do país! por'm posteriormente sufocados. O le$ante dos sargentos enfraueceu o go$erno. / alta oficialidade fortaleceu a desconfian0a em rela0%o aos subalternos (lembrando ue estes esta$am $inculados aos pro"etos da esuerda) e às esuerdas (ue apoiaram a causa dos sargentos)! fortalecendo assim o grupo conspiratrio. m meio a essa situa0%o conturbada! :arlos Bacerda e /demar de arros disferiam ataues ao presidente. Gais ataues fizeram com ue os ministros militares de &oulart propusessem a ele ue se decretasse estado de sítio e ue ordenassem a pris%o de Bacerda. O pedido foi encaminhado ao :ongresso! por'm este foi criticado e negado tanto pelas esuerdas como pelas direitas. &oulart passa a sofrer desconfian0a de seus antigos aliados e a oposi0%o f'rrea dos conser$adores. /ssim! 2desarmado contra os go$ernadores mais poderosos do país! sem o apoio dos grupos de esuerda! atacado pela direita e perdendo o controle
sobre os militares! o presidente saiu dauele episdio bastante enfrauecido. =i$ersos oficiais! at' ent%o legalistas >ue eram a fa$or da constitui0%o?! passaram a apoiar! ainda ue de maneira passi$a! o grupo de conspiradores! enuanto outros integraram,se ati$amente no mo$imento >conspiratrio?3. O clima do período era de radicaliza0%o crescente. &oulart fica cada $ez mais isolado uando as esuerdas rompem com ele (de$ido ao car+ter 2conciliador3 do presidente). =iante disso o presidente tenta reconstituir alian0as com o EA=! isolando o EG radical! buscando retomar seu pro"eto de reformas pela $ia da negocia0%o. Eor'm a tentati$a foi em $%o. &oulart dei7ou de ter apoio de todos os partidos! ficando isolado à direita! à esuerda e ao centro. / política de 2concilia0%o3 de &oulart n%o obte$e resultados! mas n%o por incapacidade de $iabilizar negocia01es! mas sim pela radicaliza0%o crescente tanto dos conser$adores uanto das esuerdas ue se confronta$am constantemente. ou$e outra alternati$a proposta por Aan Giago =antas (EG moderado) ao go$erno! a Frente Erogressista de /poio às @eformas de ase. ssa frente pretendia impedir o crescimento do circulo conspiratrio da direita ci$il,militar (a isolando)! reagrupar as for0as de centro a fa$or do go$erno! ao mesmo tempo retirar o presidente do isolamento político! e isolar as esuerdas radicais! buscando garantir a estabilidade democr+tica para a realiza0%o das reformas! estas ue de$eriam ser realizadas! segundo =antas! com uma base política de centro e esuerda moderada. Eor'm tal proposta n%o conseguiu unir as esuerdas. Frente à proposta de =antas! rizola prega$a a forma0%o da Frente Pnica de suerda! ue combatia o :ongresso e a proposta 2conciliadora3 do presidente. Eor'm &oulart se negou a ser ref'm destas duas frentes! e$itando as limita01es por um lado! e a radicaliza0%o por outro. :om temor em rela0%o à mobiliza0%o de oper+rios e camponeses! o EA= passou a se apro7imar da U=L. 2@epudiado pela direita! $isto com suspei0%o pelo centro e isolado pelas esuerdas! ele >&oulart? apro7ima$a,se do final de seu go$erno com resultados pífios3! sem conseguir realizar as reformas de base ue tanto prega$a.
Eara as esuerdas radicais as reformas s poderiam a $ir ser implementadas pela 2política do confronto3. las (as esuerdas) acredita$am terem for0a suficiente para confrontarem a direita! e ue seriam $itoriosos nesse embate! afinal pensa$am ue o 7'rcito estaria ao lado do po$o! como no episdio da :ompanha da Begalidade. Eor'm as esuerdas n%o perceberam ue no episdio da campanha a legalidade era a bandeira das esuerdas! ou se"a! ue se garantisse a democracia e se cumprisse as leis pre$istas na :onstitui0%o! diferentemente do ue ocorrera com rela0%o ao go$erno at' 64! onde os conser$adores argumenta$am ue a :onstitui0%o era intoc+$el! e ue as esuerdas ue ueriam por meio de uma estrat'gia ofensi$a romper a institucionalidade. Aem obter resultados para conter a crise econmica e modificar as estruturas sociais! "+ em fins de fe$ereiro de 8964! à &oulart restaram as seguintes 2op01es de go$erno3M n%o fazer nada at' o final de seu go$erno e dei7ar o país no caos financeiro! desmoralizando o pro"eto reformista e a si mesmo- aliar,se ao centro e à direita (EA=U=L)! implementando uma política econmica conser$adora (aceitando as condi01es do FD*)! reprimindo o mo$imento oper+rio e rebai7ando o sal+rio dos trabalhadores- outra alternati$a seria aliar, se à Frente Erogressista de =antas! aceitando as limita01es das reformas propostas pelo EA= e afastando,se dos grupos mais radicais! inclusi$e do EG radical- e a #ltima seria aliar,se às esuerdas radicais ue adota$am a 2política do confronto3! assim acreditando no potencial ue o grupo dizia ter para enfrentar os conser$adores. / uni%o com as esuerdas radicais foi a op0%o de &oulart. Gal medida alimentou as suspeitas dos legalistas de oposi0%o ao go$erno! fazendo com ue esses passassem a aderir aos apelos dos setores da direita golpista! pretendendo mesmo colocar em "ogo o rompimento das regras democr+ticas. m outras pala$ras! a alian0a com as esuerdas radicais (lideradas por rizola) ' o ponto cha$e para os golpistas de direita implementarem o golpe. O comício do dia 8N de mar0o de 8964 na :entral do rasil! no @io de Janeiro! foi o e$ento ue marcou a alian0a do go$erno &oulart com as esuerdas radicais! e ue partir dali ele go$ernaria e7clusi$amente e somente com as esuerdas. sse e$ento! segundo /rgelina Figueiredo! 2desencadeou for0as Qà
esuerda e à direita ue o go$erno n%o mais podia controlarR3. :om o an#ncio do comício! os capitalistas se mobilizaram contra as reformas de &oulart! principalmente na &uanabara de Bacerda. *a,se fortificando cada $ez mais o grupo conspiratrio ci$il,militar! incluídos alguns go$ernadores de estados e parlamentares conser$adores. Eor'm o chefe da :asa Dilitar de &oulart! /ssis rasil! garantia ter montado um 2dispositi$o militar3 caso hou$esse tentati$as de golpe. La $erdade tal dispositi$o era uma fal+cia! era ine7istente! ou nunca entrou em a0%o. O p#blico ue assistia ao comício era composto de IK de "anguistas e comunistas! sendo os 9IK restantes apoiadores do pensamento legalista! apoiando as reformas de base dentro dos princípios democr+ticos! n%o admitindo o fechamento do :ongresso e nem a reelei0%o de &oulart. m rea0%o ao comício do dia 8N! foi realizada a Darcha da Família com =eus pela Biberdade! ue te$e como foco central atacar o presidente (e$idenciando ue &oulart n%o tinha muito apoio da sociedade ci$il). ra e$idente o crescimento do circulo conspiratrio dos conser$adores! por'm as esuerdas desacredita$am ue um golpe $iesse da direita. =ois acontecimentos iriam marcar o ue seria a maior crise do go$erno. O primeiro deles foi a crise na Darinha! onde a alta oficialidade entra em confronto com os subalternos. stes #ltimos comemorariam o segundo ani$ers+rio de funda0%o da /ssocia0%o dos Darinheiros e Fuzileiros La$ais do rasil! por'm foram proibidos pelo ministro da Darinha! Ail$io Dota. :om isso os subalternos programaram um no$o ato no Aindicato dos Detal#rgicos no @io de Janeiro. O e$ento tomou rumos rei$indicatrios! e7igindo melhorias nas condi01es de $ida e alimenta0%o nos na$ios! al'm de uererem ser reconhecidos como entidade oficial. m rea0%o aos subalternos! Ail$io Dota ordenou a pris%o de 4 marinheiros e cabos ue organizaram o encontro. Eor'm a tropa ue foi en$iada para conter o e$ento acabou por aderir à causa dos marinheiros. &oulart ao saber do ocorrido entrou em fa$or dos subalternos! impedindo ue hou$esse retalia0%o com os mesmos (fazendo com ue Ail$io Dota renunciasse o cargo). /s esuerdas tamb'm se mobilizaram a fa$or da rei$indica0%o dos marinheiros. Gais medidas le$aram a outra rebeli%o! agora da
oficialidade. Lo final das contas! os marinheiros re$oltosos foram anistiados! sem sofrerem retalia01es da Darinha. Dal sabia &oulart ue suas a01es e a das esuerdas iriam aduirir tamanha gra$idade! e ue atingiriam profundamente a integridade profissional das For0as /rmadas. 2Godo o con"unto de id'ias! cren0as! $alores! cdigos comportamentais e a maneira como eles (For0as /rmadas) da$am significado às suas institui01es encontra$a,se sub$ertido3. &oulart ue era tido como comunista! se apresenta$a como uma amea0a às For0as /rmadas! ao romper com os fundamentos b+sicos da institui0%oM a disciplina e a hieraruia. *sso le$ou a maioria dos oficiais das trs For0as! ue esta$am ainda inseguras em conspirarem contra o go$erno e o golpear! come0arem a ceder aos argumentos dos golpistas! em $ista de proteger a prpria corpora0%o militar ue esta$a sendo sub$ertida segundo os mesmos. m outras pala$ras! a cada crise militar! a minoria golpista foi ganhando no$os adeptos ao golpe. O segundo acontecimento ue acentuaria mais ainda a crise político,militar e se tornaria a gota dR+gua para os golpistas! foi a ida de &oulart a uma festa de comemora0%o de sargentos (subalternos) das For0as /rmadas! "ustamente a muito pouco tempo do motim de marinheiros! e com a oficialidade em rebeli%o passi$a. / atitude de &oulart! segundo Jorge Ferreira! era! no mínimo! imprudente. *nsistiram para &oulart n%o comparecer ao e$ento! por'm mesmo assim o presidente foi! discursou! e apresentou uma defini0%o de disciplina e hieraruia! ue acabou dando mais argumentos aos militares (legalistas! at' ent%o) insatisfeitos com o presidente! em especial à maioria dos oficiais das trs For0as! para aderirem ao golpismo! "+ ue as decis1es de &oulart amea0a$am a institui0%o militar. Aegundo o autor! a re$olta dos marinheiros e a ida de &oulart ao /utom$el :lube ao lado de sargentos! marinheiros! fuzileiros na$ais (subalternos)! foi o momento em ue os militares legalistas aderiram aos argumentos dos golpistas! trata$a,se! pois de garantir a institucionalidade da corpora0%o militar. :hegado a esse ponto a situa0%o n%o tinham mais contorno! a direita partiu para efetuar o golpe no dia N8 de mar0o de 8964. O primeiro mo$imento foi das tropas do general Olímpio Dour%o Filho a mando do go$ernador de Dinas &erais! Dagalh%es Einto! este ue tinha apoio do
=epartamento de stado norte,americano. Lo estado da &uanabara a Eolícia :i$il do estado perseguia líderes sindicais! prendendo $+rios membros da diretoria do :&G. / gre$e geral foi deflagrada pelo :&G! por'm a mesma n%o obte$e repercuss1es.2*niciati$as de resistncia ocorreram em $+rios pontos do país3! por'm sem sucesso. Lo @io de Janeiro os fuzileiros na$ais organizaram, se para resistir! por'm nenhuma ordem para agirem chegou à /ssocia0%o dos Darinheiros e Fuzileiros La$ais. 2O almirante /rag%o espera$a ordens de &oulart para prender Bacerda3! por'm a ordem n%o $eio. *sso se de$e ao fato de ue &oulart ueria e$itar "ogar o país em uma guerra ci$il. Outra determinante para a atitude de &oulart era as informa01es ue ele obte$e de Aan Giago =antas! informa01es estas ue diziam ue 2ha$ia uma frota norte,americana no litoral brasileiro apro7imando, se no @io de Janeiro3! e se por acaso prendessem Bacerda! os na$ios de guerra entrariam na baía de &uanabara. /ssim o presidente ao n%o mandar prender Bacerda! ueria e$itar tanto o desencadeamento de uma guerra ci$il como uma in$as%o de tropas estrangeiras no país. Eara deter a marcha de Dour%o foi en$iado o @egimento Aampaio e do 8C &rupamento de Obuses! por'm esse grupo en$iado acabou por aderir aos golpistas. H importante se ressaltar ue o con"unto das trs For0as esta$a lutando pela integridade das prprias corpora01es! atuando com o apoio de grupos sociais e institui01es ci$is. &oulart ainda recebeu um ultimato de seus generais. Lo pensamento dos militares das trs /rmas! 2as reformas de base! crist%s e democr+ticas em benefício do po$o3 teriam o apoio dos mesmos! desde ue &oulart coloca,se o :&G na ilegalidade! rompesse com os comunistas! reprimisse as gre$es de trabalhadores e negociasse com as tropas rebeladas! pedido este negado pelo presidente. Aeu amigo 5ruel ainda tentaria con$encer &oulart a abandonar os comunistas! pedido este tamb'm negado. O presidente sabia ue a democracia "+ esta$a comprometida! e ue se aceitasse aos apelos de 5ruel! ele n%o poderia realizar as reformas ue ele tanto prioriza$a! al'm disso! tal medida o faria c#mplice da repress%o aos sindicatos e as esuerdas! papel esse ue ele (&oulart) n%o ueria realizar.
/o mesmo tempo &oulart ueria e$itar a resistncia a fim de impedir a eclos%o de uma guerra ci$il e uma in$as%o norte,americana ue causaria muitas mortes! isso fez com ue ele (&oulart! como comandante,chefe das For0as /rmadas) n%o ordenasse uma resistncia ao golpe da direita ci$il,militar (ue como "+ foi dito! conta$a com o apoio de for0as estrangeiras! U/). O presidente ' aconselhado pelos seus generais a dei7ar o Eal+cio das Baran"eiras e ue fosse para rasília! postura essa interpretada como a ren#ncia do presidente. /ps saber da ida do presidente para rasília! 2Bacerda liberou as for0as golpistas no estado3! causando o espancamento de estudantes! o incndio do pr'dio da UL! tomada de organiza01es sindicais e do Dinist'rio do Grabalho. :omo "+ mencionado! o presidente "+ desistira de resistir a fim de e$itar "oga o país num caos de mortes. Aomente ainda rizola na clandestinidade tentara ainda alguma resistncia! por'm mal sucedida de$ido ao a$an0o dos golpistas. O autor conclui ue! do dia 8N de mar0o à 8C de abril! o conflito de for0as antagnicas (conser$adores e esuerdas radicais) se redimensionou! fugindo ao controle do go$erno. Ganto à direita como à esuerda a uest%o democr+tica esta$a comprometida. / direita sempre este$e disposta a romper com as regras democr+ticas! "+ a esuerda! lutando pelas reformas a ualuer pre0o! tamb'm esta$a disposta a sacrificar a democracia do país. O clima! como "+ mencionado! era de constante radicaliza0%o de ambos os lados. :oncordando com a a$alia0%o de Daria :elina =R/ra#"o! o autor entende ue o golpe ci$il,militar foi um golpe contra o EG! contra as esuerdas! suas pr+ticas e lideran0as. Lo clima de &uerra Fria ue paira$a sobre o período! o anticomunismo era muito corrente no pensamento da direita. /inda segundo o autor! os protagonistas do conflito (esuerdas di$ersas! a direita ci$il e os militares)! ue le$aram o país a uma crise política! possibilitando uma articula0%o ue culminara num golpe ci$il,militar! n%o sabiam o ue ocorreria depois com o go$erno do país. Aomente depois ue os rumos do país se apresentariam como um regime ditatorial militar. Ferreira coloca ue os ci$is ue apoiaram o golpe e comemoraram a $itria do mesmo em abril de 8964! pensando estarem defendendo a democracia para e$itar um golpe de
esuerda! mal sabiam ue esta$am apoiando um golpe ue posteriormente ele$aria o país a um regime militar. O autor encerra o te7to dizendo ue o golpe de 8964 foi um no$o tipo de golpe! no ual os militares n%o entregaram o poder aos ci$is aps a deposi0%o do presidente! como o faziam at' ent%o.