CAPÍTULO 1
A V O Z N A ESCURIDÁO
A principio, eu nao conseguia ver absolutam ente nada. Estava ciente apenas de que estava sozinha em urna escuridáo táo absoluta que eu pensava que ia me sufocar. E ntáo, com o se fosse um a corda de salvam ento chegando de algum lugar além da profunda escuridáo da noite, um a voz fam iliar foi ao encontro dos meus ouvidos - um a voz c o n fortadora, de alguém que eu havia am ado e confiado em m inha infáncia. Era a voz de Segatashya, que, em R u anda, m inha térra natal na Á frica, era conhecido com o “ o m enino que conheceu Jesú s” . A voz suave de Segatashya dirigiu-se até m im através do escuro abism o, com o que flutuando sobre um a brisa calm a. Aquela voz, indecifrável num prim eiro m om ento, lentam ente foi tom an d o form a em palavras, sussurrando delicadam ente: “ O Paraíso está esperando p o r todos nós quando chegar a nossa hora de p artir deste m undo, m as apenas se nossos coragóes estiverem lim pos e p u ro s ” . R epentinam ente, eu me dei conta de que estava dorm indo e no m eio de um sonho, porque Segatashya havia sido assassinado m uitos anos antes. Ele foi um a das mais de um m ilháo de vítim as inocentes que foram m assacradas durante o horrível genocidio que ocorreu em R uanda em 1994. E aquela noite em que me deitei p ara dorm ir era em m eados de novem bro de 2010... P o rtan to , percebi que estava sonhando. M as eu tam bém percebi que, se aquilo era um sonho, ele era diferente de todos os outros que tive antes. O que eu estava sentindo era vivido, real e vital com o qualquer coisa que eu já tin h a experim entado ilurante m inhas horas de vigilia. A voz se dirigiu a m im novam ente: “Jesús diz que devemos p rep arar nossos cora^óes p ara o Fim dos Dias. l odos nós vam os m orrer um dia - nós nao devem os viver nossas vidas com o se náo soubéssem os que o nosso
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
tem po nesta Terra chegará ao fim. O próprio m undo irá acabar, e este dia está se aproxim ando rápidam ente. N ós devemos nos arrepender de todos os nossos pecados antes que seja tarde. N ó s tem os que pedir perdáo po r nossas transgressóes e encontrar m isericordia em nossos cora^óes para perdoar aqueles que nos ofenderam . N ós devemos purificar nossos cora^óes com o am or de Deus e lim par nossos espíritos vivendo um a vida repleta de am or e caridade. N ós devemos prep arar nossas alm as para o Dia do Julgam ento. O retorno de Cristo está próxim o e os portóes do Céu seráo abertos para nós som ente se o Senhor nos considerar m erecedores de entrar em seu R eino” . As palavras foram se to rn a n d o cada vez m ais e m ais fam iliares a mim e eu me dei conta de que nao som ente reconhecia aquela voz com o tam bém reconhecia aquela m ensagem específica. Eu já tinha ouvido Segatashya p ro nunciar exatam ente as m esm as adm oesta^óes quando era garota. Em m eu sonho, eu estava flutuando sobre o chao com o se meu cora^áo me puxasse em dire^áo á voz, a qual me tirou da escuridáo e me levou para um círculo de luz d ourada. Dezenas de pessoas estavam reunidas no centro daquele agrupam ento de luz, todas ouvindo aten tam ente a um adolescente que estava discursando para elas com intensidade e urgencia. O jovem estava senta do em um longo banco de m adeira, com sua audiencia am ontoando-se ao redor dele. Ele estava virado de costas p ara mim e, po r isso, eu náo podia ver seu rosto, mas eu estava certa de que ele era Segatashya. A prim eira vez em que o ouvi falar eu tinha 12 anos de idade e nada no m undo irá apagar de m inha m em oria o rico tom de sua voz ou o conteúdo m iraculoso de suas m ensagens. Em verdade, tenho certeza, sem a m enor dúvida, de que qualquer pessoa que já tenha ouvido Sega tashya falar sente-se da m esm a form a - um a vez que suas palavras tenham tocado o seu cora^áo, elas faráo parte dele para sempre.
A VOZ NA ESCURIDAO
P ara aqueles que nao estao fam iliarizados com o m eu mais recente livro, O u r L ady o f Kibeho: M ary Speaks to the W orld fro m the H eart o f A frica,r eu devo explicar que Segatashya era um m em bro de um grupo de jovens visionários que viram apari^óes da Virgem M aria - e, no caso de Segatashya, de Jesús C risto - na distante aldeia de Kibeho, em R uanda, durante a década de 1980. N aquela época, havia dezenas de visionários que afirm avam ter visto apari^óes divinas, m as em O u r Lady o f K ibeho eu foquei naqueles oito que foram considerados os mais confiáveis pela Igreja C atólica, bem com o pelos m ilhares de peregrinos que acorreram a K ibeho em busca de in s p ir a d o espiritual. Essencialm ente, os visionários tran sm itiram m ensagens de am or, instruindo-nos sobre com o viver vidas meIhores fazendo a vontade de Deus. Eles disseram que se seguíssem os os inspiradores avisos daquelas m ensagens o nosso m undo se to rn a ria um lugar m ais pacífico e nossas alm as poderiam estar mais bem p rep arad as para o dia em que, no fim de nossas vidas, encontrarem os Jesús e serem os cham ados a p restar contas pelo nosso tem po na Terra. As m ensagens vindas do Céu entregues em Kibeho eram , com o M aria e Jesús deixaram claro, de grande e ¡m ediato interesse para todas as pessoas no m undo inteiro. Elas continham avisos para R uanda, para o nosso p la neta e para nossas alm as individuáis - avisos sobre coisas terríveis que podem ocorrer conosco, com o individuos e com o espécie, se nao abragarm os o puro e am oroso esti lo de vida que M aria e Jesús nos oferecem . C om o Jesús falou para Segatashya, o m undo está em péssim as condigóes e dias terríveis nos aguardam - m as se nós rezarm os de cora^áo e sinceram ente fizermos bons atos, nós encon trarem os paz neste m undo e no próxim o, nao im porta o q u an to as coisas fiquem desesperadoras. ' “N ossa Senhora de Kibeho: M aria fala ao m undo a partir do coragao da África”; ainda sem p u b lic a d o no Brasil. 21
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Eu tinha 11 anos de idade quando com e^aram a surgir as aparigóes em K ibeho. Os m aravilhosos e m ísticos encontros experim entados pelos visionários e as m ensagens m ilagrosas que eles receberam do Céu e transm itiram a nós m oldaram m inha vida de tan tas form as que eu nao saberia dizer. E nenhum visionàrio foi m ais influente para a m inha jovem m ente, p ara a m inha florescente fé e m eu crescim ento espiritual a longo prazo, do que Segatashya. Sua historia pessoal única e sua incrível interagao com Jesus me cativaram qu an d o era crianza e me m antiveram alegrem ente fascinada desde entáo. Tenho certeza de que se voce o conhecesse com o eu o conheci, vocé se sentiría exatam ente da m esm a form a. E m bora as aparigóes de Kibeho ainda sejam bastante desconhecidas em m uitas partes do m undo (mas eu estou trab alh an d o d uro p ara m udar isso), os eventos m ilagro sos que ocorreram lá irradiaram pelas fazendas, florestas e selvas de R uanda, eletrizando m eu país natal com tan to p oder e intensidade que os padres, bispos e arcebispos de lá foram fo rja d o s a se levantar e ficar a par do que ocorria. E com o poderiam nao notar? Incontáveis ruandeses viajaram a pé por centenas de quilóm etros, m uitas vezes sem com ida e desabrigados, apenas para ter um vislum bre dos visionários de Kibeho e tom ar parte dos milagres que aconteciam lá. A utoridades da Igreja Católica iniciaram urna rigorosa in v e stig a d o a respeito da origem e da natureza das aparigòes, urna in v e stig a d o que iria analisar e dissecar to dos os aspectos das vidas dos visionários. Urna Com issáo de Inquérito foi estabelecida e o V aticano to m o u parte da in v e stig a d o sobre os surpreendentes acontecim entos sobrenaturais que ocorreram em urna das mais obscuras regiòes da mais profunda Africa. A in v e stig a d o , liderada p o r especialistas da Igreja - incluindo teólogos de renom e, cientistas, m édicos e psiquia tras - , d urou um to tal de duas décadas. E, tao m arcantes qu an to as apari^òes da Virgem M aria e de Jesús em si 22
A VOZ NA ESCURÏDÂO
mesmas, as conclusòes da Com issâo de Inquérito apôs 20 anos de análise foram quase igualm ente m ilagrosas. Em novem bro de 20 0 1 , o V aticano, em um decreto ex trem am ente raro , aprovou as apariçôes da Virgem M aria presenciadas por très visionárias de K ibeho entre 1981 e 1989. Essas très visionárias - A lphonsine, A nathalie e M arie-C laire - eram estudantes adolescentes do Colégio de Kibeho e foram as prim eiras a ver as apariçôes na regiâo.2 A Igreja apoiou oficialmente o culto no “ Santuàrio de N ossa Senhora das D ores” , to rn a n d o K ibeho o único local de apariçôes aprovado em to d a a África. O pequeño santuàrio da escola da aldeia está lenta m as gradualm en te se tran sfo rm an d o em um destino de peregrinaçâo favo rito dos fiéis de todas as partes do m undo. Eu estava mais que anim ada com os veredictos da Igreja. O fato de que as m ensagens de M aria e seu Filho estavam chegando ao m undo, apesar de terem sido entregues em um país táo rem oto - e em um lugar ferido e corroído pela mais m aligna form a de assassinatos em m assa - , provaram a m im que nao existem fronteiras para o poder de Deus e que o seu am or irá passar p o r todos os obstáculos. O endosso do V aticano ao S antuàrio de N ossa Senho ra me inspirou ta n to que eu sentei e escrevi O ur Lady o f K ibeho, que foi publicado em 2008. Eu queria que to d o o m undo conhecesse os visionários de Kibeho e suas m en sagens de am or, esperança e paz. Eu queria com partilhar 2Alphonsine M um ureke, atualm ente religiosa da O rdem de Santa Clara; Anathalie M ukam azim paka, vive atualm ente junto ao Santuàrio de Kibeho; M arie-Claire M ukangango (1961-1994), assassinada durante o genocidio. Existiam outros visionários que ganharam destaque durante este período, mas cujas visoes nao foram aprovadas pelo Decreto Diocesano: Agnes Kamagaju, Stephanie M ukam urenzi, Emmanuel Segatashya e Vestine Saiima. O Decreto de 29 de junho de 2001 da diocese do G ikongoro, emitido após Consulta da Santa Sé e da Conferencia Episcopal dos Bispos de R uanda, aprovou apenas as apari^òes da Santissima Virgem e nao as de N osso Senhor Jesús Cristo em Kibeho. Estas estavam principalm ente ligadas a Emmanuel Segatashya, que, segundo o docum ento da diocese de G ikongoro, pouco antes de sua m orte, em 1994, chegou a sofrer de doencjas m entáis (cf. http://kibeho-sanctuary.com / index.php/en/apparitions/approval). 23
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com todo o m undo o m eu am or pela Virgem M aria. E quería que todo o m undo viajasse p ara R uanda e visitas se o inesquecível santuàrio de N ossa Senhora, p ara que todos pudessem experim entar por si próprios, naquele lugar santo, o poder e a pureza do am or da M ae de Jesús. M eus desejos se to rn a ram realidade de m uitas form as. Até agora o meu livro já foi traduzido para m ais de dez idiom as e, se Deus quiser, um dia será lido no m undo todo. C entenas de pessoas que o leram fizeram a tra n s form adora jornada para o Santuàrio de Kibeho. M uitos deles obtiveram curas m ilagrosas - com o a de um garotinho que eu conhe^o que foi curado de cáncer nos ossos após sua avó ter recitado o R osàrio das Sete D ores na capela em que a Virgem M aria apareceu algum as vezes para os visionários.’ Eu acom panhei pessoalm ente dezenas de am igos em p e re g rin a d o dos Estados Unidos em d ir e d o a R uanda e vi em prim eira m áo m uitas tra n s fo r m a r e s de c o r a d o e alm a ocorrendo no aben^oado solo onde a Virgem M aria e Jesús apareceram aos jovens visionários. A pesar disso, m isturado á m inha grande alegria de ter dado ao m undo um vislum bre de K ibeho, urna introdud o aos visionários e urna am ostra das m uitas m ensagens que foram reveladas po r eles, havia um sentim ento de que eu nao tinha feito justi^a total a urna historia particular de Kibeho que, por variados m otivos, era a que eu mais queria ter contado: a historia de Segatashya.
3A O rdem dos Servos de M aria apresenta urna especial devogào às Dores de M aria Santissima. Esta oraijào tradicional é especialmente vinculada ao Santuàrio de Kibeho. Trata-se de urna Coroa, ou Rosàrio, de sete mistérios p ara cada D or de M aria Santissima, cada um com sete Ave M arias. As Dores de M aria Santissima, conform e antiqiiissimo costume, sào: 1. A dor que sentiu o seu C orafào Virginal com a profecia de Simeào; 2. A angùstia que sentiu ao ter que fugir com Sao José e seu M enino-Deus para o Egito; 3. A aflifào que Eia sentiu quando perdeu por très dias o seu Tesouro: Jesus; 4. A tristeza m ortal que Eia sofreu ao ver seu Filho carregando a Cruz por nossos pecados; 5. O m artirio do seu C ora^ào generoso, assistindo à crucifixào do Salvador; 6. A ferida que sofreu seu C o r a n o , ao ver seu Filho deposto da Cruz; 7. O desconsolo e desam paro que Eia sofreu no sepultam ento do Redentor. 24
A VOZ NA ESCURIDÀO
Em bora eu tenha m encionado e descrito cada um dos oito principáis visionários de Kibeho (incluindo Segatashya) em O u r Lady o f Kibeho, meu foco principal nesse livro estava quase que totalm ente voltado para as tres visionárias reconhecidas pela Igreja e para as aparigòes da Virgem M aria vistas po r elas. Eu ten ho m uito, m uito respeito pela Igreja Católica e o Vaticano e nao queria causar problem as ou aborrecer os seus representantes em R uanda, nem os seus representantes em Rom a, entrando em detalhes a respeito das visòes e mensagens que a Igreja ainda nao aprovou ofi cialmente. O Vaticano é m uito cauteloso quando se trata de reconhecer qualquer evento que é tido por alguns como m ilagroso. Q ualquer tipo de evento rem otam ente conside rado sobrenatural é m etodicam ente analisado por especia listas da Igreja antes que um veredicto seja pronunciado a respeito de sua validade ou falsidade. Entre as principáis p r e o c u p a r e s e apreensóes do Va ticano envolvendo o tem a dos m ilagres e apari^óes, está o altam ente justificável receio de que fenóm enos deste tipo possam ser obra de dem onios ou do p rò p rio diabo - o que á prim eira vista poderia parecer um m ilagre santo seria, na verdade, um ardil satànico p ara levar pessoas ingenuas á escuridáo, ao pecado e á dana^áo.4 N a verdade, com o as visòes de Segatashya nao tinham sido im ediatam ente incluidas no reconhecim ento oficial das apari^óes de Kibeho p o r parte da Igreja, em um prim eiro m om ento eu fiquei receosa de que alguém no Vaticano ou na hierarquia da Igreja ruandesa tivesse suspeitas com relagáo a Segatashya e suas m ensagens. M as, louvado seja Deus, foi-me assegurado de que o com pleto oposto era verdadeiro. De fato, todo m em bro da Igreja que era fam iliarizado com as aparigóes de Kibeho tinha Segatashya na mais alta estim a, tan to com o pessoa quanto com o visionàrio. Várias das autoridades do alto escaláo da Igreja em R uanda me garantiram pessoalm ente que to das as visòes e m ensagens recebidas po r Segatashya foram ■'Veja-se a apresenta^ao sobre as r e v e la re s particulares na página 9. 25
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m inuciosam ente investigadas e reinvestigadas. Ao firn, ninguém tinha a m enor dúvida a respeito tanto da sinceridade do garoto quanto da autenticidade dos seus encontros com Jesus ou M aria. Q uan d o eu expus m inhas p r e o c u p a r e s a um dos p rin cipáis investigadores das apari^óes m andados pela Igreja, ele me disse: “ Imm aculée, todo m undo na Com issáo de Inquérito que testem unhou as visóes de Segatashya, conduziu testes médicos nele ou exam inou seu estado m ental e m oral, estava absolutam ente convencido de que ele falou ta n to com Jesus q u an to com M aria e que suas m ensagens vinham diretam ente do C éu” . “M ais im portante” , ele continuou, “cada urna das m ensagens entregues po r Segatashya e tudo o mais que ele disse durante sua m issào de pregar a palavra de Deus apoiava e com plem entava as doutrinas de nossa fé e nunca contradisse qualquer coisa da Biblia. Essas sao condi^òes críticas que devem ser cum pridas quando a Igreja inves tiga acontecim entos sobrenaturais e considera reconhecer um visionàrio ou urna aparigào... E Segatashya cum priu tais condirò es com louvor.”5 “ Se eie cum priu todos os requisitos para o bter reconhecim ento oficial da Igreja, entào po r que eie nào està entre os visionários aprovado s?” , perguntei. “Voce deve ter paciencia, m inba jovem ” , respondeu eie. “ Geralm ente, leva séculos para a Igreja reconhecer um m ilagre. Os que estào no com ando da in v estigarlo sobre K ibeho estào com e^ando a aprovar os prim eiros visioná rios que tiveram visòes da Virgem M aria... Isso dem orou apenas 20 anos, o que é um pequeño m ilagre em si mesm o! A Igreja está ai há 2 mil anos e sim plesm ente nào se apressa em tirar conclusóes. Tenha paciencia, Immaculée - to d as as evidencias que eu vi me dáo a certeza de que a Igreja vai acabar aprovando as visóes de Segatashya e as 'E ra verdade, alguns trechos contidos nos capítulos posteriores deixam m argem á dúvida, podendo levar a in te rp re ta re s inoportunas. Tais trechos estao acom panhados por notas de rodapé que se reportam diretam ente aos docum entos da Igreja referentes a cada um dos casos específicos.
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mcnsagens de Jesus... E dentro de nào m uito tem po eie lumbém será oficialmente reconhecido com o um verdailciro visionàrio pelo V aticano.”6 D ito tudo isto, eu devo salientar, porém , que até agora as mensagens de Segatashya ainda nao foram aprovadas pela Igreja. M as eu estou escrevendo sobre suas incríveis visóes com o um a testem unha ocular, um a verdadeira crente, e com um p rofundo sentim ento de obriga^áo pessoal em com partilhar a historia de Segatashya com a hum anidade. Ter conversado com tan to s representantes em inentes da Igreja me deixou m ais confortável para passar adiante as m ensagens dele, a fim de que os leitores possam form ar sua p rò p ria opiniào a respeito do assunto. E stou confian te de que um dia a Igreja irà ap ro v ar as visòes de Sega tashya - e to d a a sua historia e o conteúdo de suas m uitas mensagens iráo a público em sua totalidade. Este livro é um prim eiro passo nesta diregào, e saber que outras pessoas logo estaráo lendo a historia de Segatashya faz com que m eu coragào pule de alegria. Em m inhas viagens eu encontrei m uitas pessoas que leram e foram tocadas p o r O u r Lady o f K ibebo e fico tranqüila em saber que fiz a m inha parte em apresentar ao m undo os m ilagres e m ensagens das aparigòes de Kibeho. M as parecia que Segatashya nao estava tào con tente qu an to eu... E, dois anos após a p u b lic a d o do m eu livro, eie decidiu me visitar em sonho p a ra me m ostrar com o eXatam ente eie estava se sentindo. N aquele sonho que tive há tan to s meses, eu via, à distancia, que Segatashya continuava a transm itir m en sagens de Jesus p a ra um nùm ero crescente de especta dores que se juntava ao seu redor. Sua voz baixa e suave era robustecida p o r sua conhecida seriedade. Eie falava apressadam ente, com o se sua m ente estivesse a p o n to de explodir p o r ter m uito a dizer em tào pouco tem po. 6Par a Diocese de G ikongoro, o Decreto de 29 de junho de 2001 é definitivo, nao estando em questáo iniciar outros procedim entos esperando obter uma eventual aprovagao de outros videntes.
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Por um m om ento, eu perm anecí na borda do círculo de luz e silenciosam ente fiquei ouvindo-o falar, com m eu cora^áo contente po r ouvir sua voz m ais um a vez. Em seguida cam inhei p ara dentro da luz e me m ovi em sua direm o, abrindo cam inho na m ultidào até chegar ao seu banco e me sentar ao seu lado. Eie ainda estava de costas para m im , m as eu sentía que eie estava ciente da m inha p resen ta. N ós havíam os nos encontrado m uitos anos antes e eu sabia que ele iria me reconhecer na hora em que percebesse que eu estava lá sentada. Eu tam bém sabia que, em bora ele estivesse m o ran d o no Céu há m uitos anos, ele devia estar nao só sabendo, m as tam bém contente por eu ter escrito um livro sobre Kibeho. C ontudo, p o r algum a razáo Segatashya se m antinha virado de costas p ara mim e nào fazia m en^áo de se virar p ara me cum prim entar. Tive um a desagradável im pressào de que ele nào quería olhar p ara mim. Finalm ente, nào consegui m ais ficar esperando. Coloquei m inha m ào em seu om bro e suavem ente fiz com que ele se virasse. “ Segatashya!” , gritei. “ O que voce está fazendo aqui? Voce está m orto! Por que voce voltou para esta vida? Voce nào percebeu que nao pode conversar com essas pessoas? Q uan d o elas perceberem que voce está m orto, elas ficaráo aterrorizadas. Elas correrào para longe e ficaráo m uito assustadas p a ra ouvir o que voce está falan d o !” M eu cora^ào gelou quando vi a expressáo em seu ro s to. Este g aroto que eu ta n to amei - e o qual, quan d o es tava vivo, parecía ter sem pre um sorriso nos lábios - nào parecía estar nem um pouco feliz em me ver. “Voce quer saber por que estou aq u i?” , p erguntou ele, aborrecido. “A razáo é simples: se ninguém está disposto a espalhar m inhas m ensagens pelo m undo, eu devo achar um jeito de fazer isso eu m esm o.” Engoli em seco. M eu estóm ago em brulhou quando me dei conta de que Segatashya estava, de fato, com pleta m ente ciente a respeito do livro que escrevi sobre Kibeho e que nao estava nem um pouco satisfeito com isso.
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Em seguida, sem pro n u n ciar urna única palavra, ele olhou dentro do m eu cora^áo e me perguntou: “ Imaculée, por que vocé esteve táo preocupada em saber se a Igreja vai dar ou nao reconhecim ento oficial ás visóes que eu tive en q uanto estava na Terra? Vocé sabe com o a hora já está tarde p ara a hum anidade. Vocé sabe que o fim está próxim o. C o n tar a m inha historia nao é m ais im portante do que esperar que alguém na Terra dé ás m inhas palavras um selo de aprovagáo? Fazer com que as pessoas conhegam as m ensagens que Jesús deu a m im nao é a coisa mais im portante do m undo? O que pode ser mais crucial do que com partilhar as m ensagens que Jesús quer com urgencia que as pessoas conhegam o q u an to antes mensagens que F’le quer que as pessoas conhe^am agora, antes que se ja tard e ? ” Segatashya, entáo, sorriu e disse: “ Sabe, algum as m en sagens sáo táo im portantes que elas devem ser com uni cadas im ediatam ente, náo im porta o que acó n tela. Al gum as coisas sáo táo im portantes que sim plesm ente náo podem esperar p ara serem a p ro v ad as!” Ele estendeu a m áo e tocou em m eu bra^o. E eu acordei com um susto.7 Assim que abri m eus olhos, entendí que este náo era um sonho com um . Era urna visita do Céu. Segatashya saiu do Paraíso e veio até m im com urna tarefa: contar sua historia e com partilhar suas m ensagens com o m aior núm ero de pessoas que eu pudesse. Sem m e preocupar em ligar o ab aju r ao lado da m inha cam a antes, peguei a cañeta e o caderno que guardo so bre m inha mesa de cabeceira. N a fraca luz do amanhecer, comecei a to m ar notas a respeito das imagens da visita de 70 livro é principalm ente urna narrativa afetiva da autora, para quem o dram a coletivo do genocidio em Ruanda foi tangível. Por isso, ela com eta m os trando ao leitor um sonho, realidade subjetiva e turvada. Em caso de a p are ce s ou revela?6es, a aprova?ao da autoridade eclesiástica com petente faz-se m uito im portante para averiguar, em prim eiro lugar, o conteúdo doutrinal das “m en sagens”, que náo podem contradizer a R ev elad o pública; depois, para evitar enganos de origem natural ou preternatural. 29
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Segatashya que ainda estavam fervendo em m inha m en te... Urna visita que acabaria por to m ar conta do meu coragáo e que lentam ente desabrochou no livro que vocé está lendo agora. E, em bora as m ensagens sobre as quais escrevi aqui talvez soem com o novas para m uitos de voces, elas, na verdade, existem desde a criagáo do universo. Sao m ensagens que estiveram pululando pelo m undo em alto e bom tom por m ais de dois mil anos... M ensagens que ecoaráo em nossas alm as por toda a eternidade se nós abrirm os nossos cora^óes para elas. De fato, as m ensagens de Segatashya podem ser en contradas ñas palavras de Jesús com o elas foram escri tas na Biblia. M as ouvi-las do pró p rio Segatashya é, em vários sentidos, com o ouvir direto da boca de um dos discípulos do Senhor, um daqueles aben^oados A póstolos que andaram com C risto pela Terra Santa durante o seu m inistério. Eu digo isso porque sei que Segatashya, com o os discípulos de antigam ente, verdadeiram ente é alguém que conversou com Jesús - alguém que foi escolhido por Jesús para conversar. E, da m esm a form a com o ocorreu com os discípulos, Segatashya tam bém nao tinha a m e no r idéia de quem era C risto quando Ele apareceu pela prim eira vez em sua frente. Isso porque Segatashya era apenas um g aroto cam ponés africano pobre e iletrado, que, além disso, tam bém era pagáo.8 Antes de Jesús aparecer para ele no veráo de 1982, o jovem Segatashya nunca tinha entrado em urna igreja, tam pouco tinha qualquer nogáo real de quem Jesús Cristo era. Em vários sentidos, a inocencia do garoto o tornou um candidato ideal para receber as mensagens de N osso Senhor, pois ele fez as mesmas perguntas que eu ou vocé poderíam os ter feito caso repentinam ente nos encontrássemos face a face com Jesús. Perguntas como: “Por que é táo im portante am ar a Deus, afinal?” e “ Entre Deus, o Espirito Santo, Jesús e M aria, quem eu deveria am ar mais? A Biblia diz que eu devo am ar vocé, Jesús, mais do que am o meus “A pouca in s tru y o cultural e doutrinal de Segatashya deve ser tida em conta ao avaliar a sua vida interior. 30
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pais ou qualquer outra pessoa... Com o você pode estar falando sèrio sobre isso, visto que acabei de conhecê-lo?” Segatashya foi até o ponto de perguntar a Jesus “por que eu deveria am ar m eus inim igos, com o você diz para en fazer, um a vez que D eus nâo am a seu inim igo, que é Satanás?” A ingenuidade e a inocência quase infantil deste gaio to ao fazer suas perguntas p a ra Jesus sem pre tocaram ineu coraçâo e freqüentem ente colocavam um sorriso em meus lábios. M as o m ais im portante é que as respostas ilo Senhor para aquelas questôes se transform aram em uin m apa espiritual p a ra m im , um m apa p ara o quai eu nie volto m uitas e m uitas vezes enquanto navego por este inundo turbulento. Sempre que eu enfrentava algum a dificuldade ou situaçôes desafiadoras em m inha vida, situaçôes que pareciam com pletam ente sem esperança - com o, p o r exem plo, quan do eu estava trancada em um banheiro tentando salvar m i nha vida de assassinos com m achados em punho, durante o genocidio de 1994 - , eu m uitas vezes encontrei consolo nas palavras dos visionários de Kibeho, especialmente naquelas proferidas po r Segatashya. As mensagens que Jésus com partilhou conosco na Biblia, as quais foram novam ente com partilhadas com Segatashya, podem curar nossos corpos e anim ar nossas almas. E elas podem nos fornecer coragem, conforto e força para superarm os até mesmo os nossos mais negros períodos de tristeza e desespero. Com o eu gostaria que aqueles que estào p ro fu n d a m ente atorm entados ou abatidos pela dor das dificuldades diárias, em vez de desistirem da vida, ab an d o n an d o a fé em Deus, se voltando para as drogas e o àlcool ou mesmo pensando em dar cabo da preciosa vida que Deus deu a eles, pudessem ouvir as palavras consoladoras que Jesús com partilhou com Segatashya qu an d o ele pròp rio estava passando po r urna tragèdia pessoal! C om o disse o Senhor: M esm o que você esteja sofrendo assim agora, saiba que eu passei p o r sofrim entos m uito 31
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piores do que esse antes de vocé... A nim e-se e nao perca a esperanza. Agarre-se a m im , confie em m im , apoie-se em m im e eu irei conduzi-lo por suas trevas... Agarre-se a verdade e eu irei ajudá-lo... Clame por m im e vocé nunca estará sozinho... Pega e eu irei ouvi-lo... Todas as vezes que leio m ensagens com o essa m inha vida faz mais sentido. E, ainda que eventualm ente eu me divertisse com o vai-e-volta das conversas de Segatashya com Jesús, tan to as perguntas qu an to as respostas nunca falharam em me p ro p o rcio n ar um grande sentim ento de paz, um a paz que vem de saber que Deus está sem pre á nossa disposigáo, que Ele nos am a sem m edida, que Ele irá nos socorrer a qualquer m om ento em que nós O cham arm os, e que Ele está esperando ansiosam ente para nos en co n trar no Céu... Desde que nossos cora^óes estejam prontos para o encontro quan do esse dia chegar. E esta talvez seja a m ensagem m ais im portante que Se gatashya com partilhou conosco: a de que Jesús urgente m ente deseja que nós nos preparem os p a ra a o u tra vida e que tenham os certeza de que nossas alm as estáo prontas para e n trar no C éu.9 Ñ as próxim as páginas, vocé vai encontrar avisos so bre tem pos perigosos que am ea^am a hum anidade, sobre eventos calam itosos e terríveis que aguardam o m undo nos dias que viráo. E um tem po conhecido com o “Fim dos Tem pos” - ou, com o está escrito no livro da Revela^áo, o A pocalipse.10 M as to m ar conhecim ento disto nao significa ’Para ir ao céu é preciso em preender o cam inho da s a lv a d o , e este nao é outro senáo o cam inho mesmo da santidade: no céu só haverá santos, seja que estes tenham lá entrado ¡m ediatamente depois da sua m orte, ou que havia tido antes a necessidade de serem purificados no purgatorio. Ninguém entra no céu se nao possuir aquela santidade que consiste em estar p uro e limpo de toda fal ta [...]” (Fr. Garrigou-Lagrange, O. P.; Las Tres Edades de la Vida Interior, p. 3, 3* edi^áo - Ediciones Desclées, Buenos Aires, 1944). “ “ Senhor do cosmos e da historia, C abera da sua Igreja, Cristo glorificado permanece misteriosamente sobre a térra, onde o seu Reino já está presente com o germe e inicio na Igreja. Ele um dia voltará em gloria, mas nao sabemos quando. Por isso, vivemos vigilantes, rezando: ‘Vem, Senhor’ (Ap 22,20)” (Com pendio do cic, n. 133). 32
A VOZ NA ESCURIDÀO
que terem os que viver com m edo e desespero ou desenco rajados frente ao futuro. Jesus disse a Segatashya que nós nao devemos tem er o firn do m undo, mas, sim, estarm os preocupados sobre a form a com o vivemos nossas vidas diárias, pois elas podem acabar a qualquer m om ento. C om o o jovem visionàrio nos provou através do exemplo, os tem pos em que vivem os sao tem pos de enorm e oportunidade espiritual p ara cada um de nós. Por interm èdio das m ensagens com partilhadas por ele, nós descobrim os com o viver nossas vidas em p r e p a r a d o para o dia em que irem os nos encontrar com nosso Criador. E, se aproveitarm os bem a gloriosa o p o rtunidade que nos está sendo apresentada, nós irem os desfrutar da eternidade no Pa raíso. M as nao podem os deixar a o p o rtunidade escapar. C om o Segatashya me disse no sonho, “ algum as coisas sao táo im portantes que sim plesm ente náo podem esperar!” A historia de Segatashya é urna historia de júbilo, e as m ensagens que ele com partilha conosco curam e redim em . Eu sei que elas tran sfo rm aram o m eu coragào e adicionaran! grande dose de beleza á form a com o eu vejo esta vida e a vida que virá. Eu espero, com a ajuda e o am or de Deus, que as m ensagens que se encontram ñas páginas a seguir fa^am o m esm o por voce. Deixe-m e com egar contando-lhe quem eu sou e falar um pouco a respeito das prim eiras aparigóes da Virgem M aria e seu Filho em Kibeho. E depois será com g ran de h o n ra e prazer que irei apresentá-los a Segatashya, o m enino que conheceu Jesús. Estou certa de que voces se to rn a ráo am igos p o r to d a a vida.
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CAPÍTULO 2
D E SCO BRIN D O SEGATASHYA
A prim eira vez que ouvi falar em Segatashya foi quando eu era urna jovem m enina crescendo na pequenina aldeia rural de M atab a, na m inha terra natal, R uanda. A m aior parte das pessoas fora da África nunca tinham ouvido falar em R uanda - ou, se tinham , elas conheciam nosso país com o o lugar onde ocorreu, em m eados dos anos 90, um a das m ais selvagens ondas de assassinato do m undo. O genocidio ruandès foi um banho de sangue e de brutalidade sem precedentes que arrasou m inha terra natal na prim avera de 1994. M ais de um m ilháo de hom ens inocentes, m ulheres e crianzas (incluindo a m aior parte de m inha fam ilia e m uitos dos m eus amigos) foram b ru talm ente assassinados em m enos de 100 dias. Eu escrevi exaustivam ente sobre as causas, o h o rro r e os resultados do genocidio - incluindo a edificante historia de com o Deus m ilagrosam ente poupou a m inha vida e salvou m i nha alm a através do am or e da m isericordia naqueles m o m entos negros - em m eus dois prim eiros livros, L e ft to Tell: D iscovering G od A m id st the R w andan H o lo ca u st11 e L ed By Faith: Rising fro m the Ashes o f the R w andan G enocide,u Nestes dois livros eu relatei as m ais queridas lem brangas de m inha infancia aben^oada. Eu cresci em um lar m uito feliz, dentro do qual fui criada p o r pais am orosos, Leonard e Rose, e am ada enorm em ente p o r tres carinhosos irm àos, Aim able (o m ais velho), D am ascene (mais ve lilo que eu, com diferencia de alguns anos) e V ianney (o bebe queridinho da familia).
"Versâo brasileira: Ilibagiza, Immaculée. Sobreviví para contar - O poder da fé m e salvou de um massacre, Rio de Janeiro, 2011, E ditora Fontanar. n Guiada pela Fé: Renascendo das cinzas do genocidio m andes, idem.
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M eus pais eram católicos devotos e cristáos de coragáo aberto que viveram segundo a Regra de O u ro de fazer aos outros som ente aquilo que voce gostaria que fizessem com voce. Am bos eram professores e líderes da com unidade, e eram bem conhecidos e respeitados por to d a a regiáo, grabas aos seus bons conselhos, generosidade e bons atos. N ós vivíam os defronte a um lago em urna área rural que, com o na m aior parte de R uanda, era exuberante, agradável e de tira r o fólego de táo bonita. N ossa aldeia ficava a m uitas horas da cidade grande e nossos vizinhos eram simples e atenciosos, cuidavam uns dos outros e eram sem pre gentis e amigáveis. Eu sempre me senti segura, protegida e cuidada, seja quando estava sozinha em casa, seja quan d o estava caminhando ao longo de quase 13 quilóm etros pelas estradas da floresta em diregáo á escola. Q uan d o era crianza, eu pensava que meu lar e m inha terra natal eram os lugares m ais pacíficos e am áveis de todo o m undo. Eu náo fazia a m enor idéia de que as efervescentes tensóes étnicas que estavam ferm entando em m eu país iriam explodir nos horríveis acontecim entos de 1994, nos quais vizinhos se virariam contra vizinhos e a m aioria tribal da nagáo (os H utus), estim ulados por um governo m au e corru p to , m ataria quase to d a a m inoria tribal (os Tútsis, aos quais pertencia m inha fam ilia) usando facóes e porretes. De fato, eu me sentia táo segura e feliz quan d o era crianza que urna das m inhas m aiores p r e o c u p a r e s era me certificar de que tinha feito ora^óes diárias o bastante e com parecido á missa com regularidade o suficiente para g aran tir que eu estaría apta a me to rn a r freirá quando crescesse. Por algum a razáo, quando era crianza (e, para falar a verdade, até hoje!) eu era obcecada com tudo que era relacionado a Deus. A vida de Jesus, os Santos, a San tissim a Virgem M aria e to d a e qualquer coisa que tivesse a ver com o Céu era urna p re o c u p a d o constante para m im . M eu pequenino q u arto era dom inado p o r m eu p rò prio santuàrio im provisado, o qual consistía em urna pe queña táb u a lotada com estátuas da Virgem M aria, velas 36
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votivas e livros de figuras dos A póstolos e Santos. M eu passatem po predileto era rezar com m inha m elhor am i ga, Janet, ou ouvir historias religiosas - especialm ente à noite, quando a m inha li^ào de casa jà estava feita, meus afazeres estavam finalizados e as lou^as do jan tar jà estavam lavadas e guardadas. Era qu an d o m inha fam ilia se juntava na sala de estar para o que eu cham ava de “ hora das h isto rias” . A c o n ta d o de historias é urna grande parte de nossa cultura e urna das atividades m ais im portantes da m i nha juventude. C om o na m aior parte de R uanda, que é urna na^ào em sua m aioria rural e extrem am ente pobre, M atab a era totalm ente prim itiva qu an d o as facilidades m odernas chegaram . N ós estávam os conectados ao resto do país po r urna solitària estrada de terra e um em aranhado de trilhas de gado. N ós nào tínham os água cor rente e a energia elétrica era praticam ente desconhecida. Por conta disso, obviam ente nào havia nenhum cinem a ou shopping nos quais as crianzas pudessem passear e se divertir - m eus irm àos e eu nào tínham os sequer visto urna televisào, a nào ser em fotos de revistas. C onsequentem ente, havia pouquíssim as form as de nos entreterm os após o por do sol. Era tào escuro fora de casa qu an d o o sol se pu n h a que raram ente nos aventurávam os a sair ao ar livre à noite. Em verdade, só havia realm ente duas fontes de diversào p ara a fam ilia depois que papai fechava a casa após o crepúsculo. A prim eira form a de entretenim ento era o artiquissim o costum e do Igitaram o. lgitaram o é o antigo ritual ruandès de se juntar, em fam ilia ou trib o , após o jantar p ara falar sobre os acontecim entos do dia, contar noticias sobre parentes que m oram longe ou sim plesm ente co n tar boas e velhas historias a respeito de qualquer assunto, dos m itos locáis ao que está na Biblia. D ada a m inha propensào para historias relacionadas a Deus, sem pre que nos juntávam os na sala de estar para mais urna sessào de Igitaram o m eu tem a favorito de discussáo estava inevitavelm ente ligado ao Céu ou, pelo m enos,
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à r e p e tid o de historias populares da Biblia. Porém , meus irm áos - pelo m enos Aim able e D am ascene, que eram m ais velhos que eu e nao tinham urna cabera táo religio sa q u an to a m inha - apelavam a m eu pai p ara que nao me desse ouvidos qu an d o eu im plorava para ouvir (pela m ilionèsim a vez) sobre com o o pequeño Davi derrubou o grande G olias pelas costas usando apenas um estilingue e algum as pedras. Freqüentem ente, m eu pai ficava do lado dos garotos e ab ruptam ente m udava o assunto da discussào para acontecim entos recentes, com o os melhores m om entos de urna partid a de futebol na qual meus irm áos haviam jogado ou sobre com o estava progredindo um dos seus m uitos projetos de caridade. N ossa segunda opqáo de entretenim ento n o tu rn o era ouvir o nosso m altratad o ràdio de batería. Se acontecía de escolherm os essa op^ào em urna noite em particular, n ào havia a m enor dúvida sobre qual program a eu insis tiría para que todos ouvissem . Eu bradava e incom odava to d o m undo até que o dial estivesse sintonizado no p ro gram a da R àdio R uanda que trazia as m ensagens m ila grosas de um grupo de jovens visionários de K ibeho, que era urna aldeia ainda m enor e m ais distante que a nossa, localizada a mais ou m enos 160 quilóm etros ao sul de onde m orávam os. C om o eu já disse antes, e po r m ais incrível que isso p a re ja , no co m eto da década de 1980 a Virgem M aria e Jesús decidiram aparecer, em intervalos regulares, a um g rupo de adolescentes do interior e os presentearam com m ensagens do Céu que deviam ser com partilhadas com o m undo inteiro. As prim eiras m ensagens foram todas da Virgem M aria, e elas bro taram do seu am or pelas crianzas da Terra. O conteúdo de tais m ensagens era freqüentem en te educativo, apresentando in s tr u y e s e dando o r ie n ta d o p ara hom ens e m ulheres sobre com o viver vidas m elhores e m ais pacíficas, que iriam afastá-los do pecado e levá-los para a luz de Deus e para a vida eterna no Paraíso. As in s tr u y e s dela para a hum anidade incluíam exorta^óes para que todo m undo rezasse o R osàrio diariam ente, a 38
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firn de repelir o m al; e p ara que as pessoas de todos os lu gares abrissem seus cora^óes uns aos outros, abragassem a fé no Senhor, desenvolvessem um profu n d o relacionam ento com Deus através da oragào e de urna vida pura, se arrependessem dos pecados do passado e evitassem tenta^óes futuras. Algum as das m ensagens de M aria tam bém continham assustadoras profecías sobre os dias negros que o m un do iría enfrentar nos próxim os anos. Eia deu aos jovens visionários terríveis vislum bres de um futuro no qual os cora^óes das pessoas estariam dom inados pelo òdio em vez do amor, e onde o planeta seria dilacerado po r guer ras religiosas e desastres naturais. A B em -A venturada M ae predisse especificam ente 12 anos antes que isso devastasse o m eu país - o geno cidio de 1994, com o qual, disse eia, um “ rio de san g u e” b an h aria to d a R u an d a a nao ser que m eus co m p atrio tas parassem de n u trir òdio uns pelos o u tro s e enchessem seus coragóes com o am or red e n to r de seu Filho, Jesús. C om esse am or, disse eia, o desastre im inente e a m a ta n za poderiam ser evitados. A través dos seus visionários, a Santissim a M ae ex o rto u a to d o s os ruandeses p ro cu rarem sua aju d a p a ra receber o a m o r e o p erd áo de C ris to ... E disse que o m elhor jeito de o b ter isso era rezando o R osàrio to d o s os dias. M a ria disse que o R osàrio era urna das m ais poderosas ferram en tas do m u n d o p a ra nos defenderm os da ten ta^ ào e do m al. Eia im plorou a to d as as pessoas p a ra que rezassem o R osàrio pelo m enos urna vez p o r dia, nao im p o rta n d o a qual religiào pertencessem , e p rom eteu grandes recom pensas espirituais aos que assim fizessem .13 13“Pode haver tam bém quem tema que o Rosàrio possa revelar-se pouco ecumènico pelo seu caráter m arcadam ente m ariano. N a verdade, situa-se no mais claro horizonte de um culto à M ae de Deus tal como o Concilio delineou: um culto orientado ao centro cristológico da fé crista, de form a que, “ honrando a M ae, m elhor se conhe^a, ame e glorifique o Filho”. Se adequadam ente com preendido, o Rosàrio é certam ente uma ajuda, nao um obstáculo, para o ecumenismo!” (Bem-aventurado Joáo Paulo U, Rosarium Virginis Marite, n. 4). 39
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Infelizm ente, poucos ruandeses ouviram o conselho de N ossa Senhora, e nosso país degenerou em loucura, desordem e assassinatos, exatam ente da form a com o eia predisse. Se nós sim plesm ente tivéssem os ouvido os avi sos da Virgem M aria qu an d o eia apareceu em K ibeho, o genocidio nunca teria acontecido! Q uan d o era jovem , eu estava lam entavelm ente alheia as históricas tensòes tribais e odios que envenenaram os cora^óes de tan to s ruandeses - um veneno que perm itiu a Satanás se ap o d erar de suas alm as e levá-los a com eter atos selvagens de to rtu ra , estupro e assassinato. Q uando crianza, eu escutava os visionários e tudo que ouvia era eles transm itindo a paz, o am or e o perdáo de Deus. As m ensagens da Virgem M aria que ouvi sendo transm itidas pelo ràdio á noite, du ran te nossos encontros fam iliares para o Igitaram o, encheram -m e de alegria e nunca, jam ais me assustaram . Eu tinha 11 anos de idade quando M aria apareceu pela prim eira vez em Kibeho e rapidam ente fiquei fam i liarizada com os nom es e as historias das tres prim eiras visionárias: A lphonsine, A nathalie e M arie-C laire. Isso foi m uitos meses antes de eu ouvir qualquer m engáo so bre a liga^áo de Segatashya com as apari^òes. Q uan d o eu finalm ente ouvi seu nom e (e sua voz), o im pacto em m eu pequeño coragáo foi táo profundo que eu nunca m ais se ria a m esm a. C om o disse anteriorm ente, eu já escrevi m uito sobre a historia de Kibeho e das apari^óes as tres prim eiras vi sionárias em O u r Lady o f K ibeho. M as, p a ra aqueles de voces que nao conhecem a historia, perm itam -m e reca p itu lar brevem ente o que eu escrevi para que voces possam ter urna idéia m elhor a respeito do que aconteceu em R uanda e em Kibeho nos meses anteriores á entrada de Segatashya em cena. A Virgem M aria apareceu pela prim eira vez em Ki beho no dia 28 de novem bro de 1981. A prim eira visio nària que foi visitada pela Santissim a M áe foi A lphonsine 40
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M um ereke, urna estudante de 16 anos h ab itante de urna aldeia que, com o disse, era tào pequeña e fora de m ào que pouquissim os ruandeses sabiam onde ficava. A lphonsine era nova no Colégio de Kibeho. Eia cresceu em urna isolada regiào de R uanda cham ada Kibungo, conhecida pela aguda pobreza e a dissem inada pràtica da bruxaria. Seu pai a b a n d o n o u a fam ilia antes de A lphon sine nascer e eia foi criada por sua m àe, que era m uito b atalhadora e católica devota. E m bora nào fosse p a rti cularm ente religiosa, A lphonsine am ava a Virgem M aria e rezava p ara eia sem pre que se sentia am ed ro n tad a ou desanim ada. A pesar de ter crescido no m eio da m ais abjeta p o breza, A lphonsine m anteve sem pre um estado de espiri to alegre e receptivo. Q u an d o eia ganhou urna bolsa de estudos para um colégio católico só para m eninas com m ais de 120 estudantes, sua natureza gregària e anim ada a ajudou a fazer am igos rapidam ente. M esm o assim , eia m uitas vezes sentia saudades de casa e estava com dificuldades para m anter suas notas altas. C om o sem pre fazia em tem pos de dificuldades, eia rezou p ara a Santissim a Virgem pedindo ajuda. N o dia 28 de novem bro, um dia com um corno qualquer o u tro em todos os aspectos, A lphonsine caiu no chào na hora do a lin o lo e entrou em um p ro fu n d o tra n se, dentro do qual a única coisa que eia conseguía ver era urna nuvem branca e brilhante que se form ava na sua trente de form a lenta e bruxuleante. M om entos depois, no m eio daquela nuvem , a estudante, perplexa, contem plou a m ais bela senhora que eia jà tinha visto. C om o A lphonsine m ais tarde recordaria, a senhora p a recía estar flutuando no ar, e em seguida com egou a desli zar em dire^ào a eia, b anhada em intensa lum inosidade e m iraculosam ente pairando sobre o chào. Aquela m ulher m agnífica vestia um vestido branco sem costura, e seu cábelo estava coberto por um véu do m ais puro branco. Sua pele era perfeita e brilhante com o m arfim poi ido, 41
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em bora A lphonsine nao conseguisse dizer exatam ente se era urna pele branca ou negra. A senhora parecía estar em plena com unháo com o Céu en q u an to os delicados dedos de suas m áos esguias pressionavam -se juntos em um gesto de oragáo. O ndas de am or em anavam déla e envolviam a pequeña estudante, cujo coragáo estava rebentando de alegría e felicidade enquanto aquela linda criatura flutuava próxim a a ela. C om urna voz bela dem ais para ser descrita com precisáo, a m ulher revelou a A lphonsine que era a Virgem M a ría, que no Céu ela tinha ouvido as suas ora^óes e tinha viajado do R eino de Deus até Kibeho para consolá-la. Ela disse para a garota dirigir-se a ela com o a “M ae do V erbo” . Antes de ascender de volta aos céus em diregáo ao Paraíso, a Virgem pediu p ara A lphonsine transm itir urna m ensagem : “Eu quero que seus am igos e colegas tenham a m esm a fé que vocé. Eles nao tém fé suficiente” . Esta foi a prim eira m ensagem que a Santíssim a M ae entregou em Kibeho. Q u an d o A lphonsine recobrou a consciencia, ela esta va esparram ada no chao do refeitório e olhando para os rostos perplexos e preocupados de seus colegas de turm a. Q u an d o ela contou a eles o que aconteceu, foi ridicularizada, déla zom baram e acusaram -na de ser m entirosa e tola. Alguns até disseram que, po r A lphonsine ser de K ibungo, ela estava praticando bruxaria ou possuída por espíritos som bríos. M as a Virgem M aria continuou a visitar A lphonsine, que caía em um transe táo p rofundo sem pre que estava na p resen ta da M ae de Jesús que ela ficava com pleta m ente alheia ao que existia ao seu redor. Um sacerdote local ficou táo irritad o com as a f ir m a r e s de A lphonsine a respeito dessas visitas que chegou a recrutar o u tra es tu d an te do Colégio de Kibeho, M arie-C laire, p ara que esta atorm entasse A lphonsine na esperanza de que ela se retratasse sob a pressáo intensa dos colegas. 42
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N a escola, M arie-C laire tinha r e p u t a l o de ser e x tro vertida e franca a ponto de ser grosseira. Eia rezava para a V irgem M aria (a quem am ava), m as nào era grande freqiientadora da igreja ou de grupos de ora^ào. Talvez por causa de sua pro fu n d a afeigào pela M ae de Jesus, M arieClaire estava com prom etida e determ inada a expor o que considerava a “ofensiva falsidade” de A lphonsine, e preparou-se com grande intensidade p ara envergonhar e hum ilhar, em público, sua colega de turm a. M arie-C laire cham ou outras estudantes para unirem -se a eia em sua cam panha destinada a denunciar a “ falsa” visionària. Eia e sua gangue de colegas céticas planejaram rodear A lphonsine sem pre que eia entrasse em um de seus transes estáticos. Depois, agrediriam fisicamente a visionària durante as apari^òes, pux an d o seus cábelos, e n to rtan d o seus dedos para trás, beliscando sua pele o m ais forte que conseguissem , g ritando o m ais alto que pudessem e arrem essando rosários em d irem o a eia, de safiando A lphonsine a benzè-los. M as A lphonsine jam ais piscou um olho ou fez qualquer m ovim ento com o corpo, nào im porta o que fizessem ou falassem para eia. Depois, em 12 de janeiro de 1982, a Virgem M aria apareceu p ara urna segunda estudante do Colégio de Kibeho: A nathalie M ukam azim paka, de 17 anos. Ao co n trà rio de Alphonsine, esta jovem era considerada um m odelo de estudante e urna das mais devotas e piedosas garotas da escola. A nathalie vinha de um lar grande e firm em en te católico. Eia acordava e rezava toda m anhà o Rosàrio antes da aula e depois rezava novam ente todas as noites antes de dormir. Eia lia a Biblia nos intervalos das aulas e fazia parte de vários grupos de jovens católicos. Eia era m odesta, bem com portada e altam ente respeitada tan to pelos funcionários da escola quanto pelos estudantes. M as nada disso im pediu M arie-C laire de atacar A nathalie tam bém. M arie-C laire redobrou seus esforgos em desacreditar as “ alegadas” visitas da Virgem na escola, ridicularizando publicam ente am bas as jovens visionárias sem pre que elas comegavam a ver apari^òes da Santissim a Virgem. 43
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Os ataques de M arie-C laire ás duas visionárias pararam abruptam ente no dia 1 de margo de 1982, quando a Virgem apareceu tam bém para eia. A principio, M arieClaire resistiu à visáo, certa de que estava sendo enganada de algum a form a pelas duas garotas que eia estava perseguindo - e, se nào fosse isso, entào eia estava ficando louca ou possuida por dem onios. C ontudo, a tranqiiilizadora voz da Virgem logo acalm ou e confortou M arie-C laire, que repentinam ente percebeu que a Santissim a M àe havia abengoado de fato a sua escola com sua divina presenta. M arie-C laire ficou enorm em ente envergonhada por ter ato rm en tad o Al phonsine e A nathalie e fez votos de se to rn a r a m ais hu m ilde e determ inada serva de M aria, exatam ente com o as outras duas alunas tinham sido antes dela. Para o espanto dos funcionários da escola e dos alunos, todas as très garotas que M aria escolheu p a ra se tornarem visionárias logo estavam recebendo aparigóes da Bem -A venturada M áe na capela da escola. Todas as vezes que urna délas caía em transe, ficava com pletam ente in consciente do am biente externo. O rosto de cada garota se ¡lum inava com alegría sem pre que elas se encontravam na presenta de N ossa Senhora. Elas falavam m uito am o rosam ente quan d o respondiam a perguntas da Virgem ou q u an d o repetiam m ensagens que M aria estava lhes entre gando para que fossem com partilhadas com os outros. N enhum a o u tra pessoa que estivesse naquela sala d u ra n te as apari^òes poderia ver a Santissim a M áe ou ouvir o que eia estava dizendo p ara as visionárias. M as aqueles que tiveram a sorte de testem unhar urna apari^ào sem pre ouviam atentam ente todas as palavras pronunciadas por um a das alunas en q u an to eia estava no m eio de um transe, dando-se conta de que sim plesm ente estavam bisbilhotando um dos lados da conversa que urna visionària estava tendo com o Céu naquela hora. C om entários sobre as apari^óes rapidam ente se espalharam para além dos confins do Colégio de Kibeho. D ezenas de m oradores com e^aram a viajar pela estrada
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de térra - m ais urna trilha de cabras to d a cheia de bu racos do que urna estrada, na verdade - que levava do interior em dire^ao á escola. Todos estavam esperanzosos de ter um vislum bre das c o m u n ic a r e s m ilagrosas que estavam ocorrendo dentro dos seus m uros. Logo cente nas de curiosos estavam se m ovim entado em to rn o da escola ten tan d o ouvir algum a coisa sobre as apari^oes. Eles se penduravam sobre a cerca de m etal e quebravam as janelas da capela, en q uanto subiam uns nos om bros dos outros e se acotovelavam para dar urna espiada ñas m eninas que tinham fam a de ter urna linha direta com a Virgem M aria. Por fim, visto que as centenas de curiosos se tran sfo rm aram em m ilhares de peregrinos, a escola e a Igreja Católica local construíram um palco de m adeira para que as visionarias pudessem receber suas apari^óes em público, na frente de todos. N oticias a respeito das visionárias e do conteúdo de suas m ensagens se espalharam com o fogo, viajando por todas as dire^óes de R uanda dentro de algum as sem a nas. R epórteres em Kigali foram despachados da R ádio R uanda e viajaram até Kibeho para fazer gravagóes das visionárias no m om ento em que elas estavam em com unháo com a Santíssim a M ae - e, com o eu já m encionei, trechos dessas gravagóes se to rn a ram atra^óes regulares na p r o g ra m a d o da rádio nacional. Isso foi quando m eus irm áos e eu com etam os a dis cutir sobre o que deveríam os ouvir no rádio durante o Igitarat.io. Eu insistia em ouvir todas as palavras dos visionários que foram transm itidas pelas ondas sonoras, mas m eus dois irm áos m ais velhos estavam a principio duvidosos e desdenhosos a respeito das apari^óes. Aimable e D am ascene foram sem pre am orosos e carinhosos com igo, m as eles tam bém me provocavam incansavelm ente po r causa da m inha paixáo crescente pelo que eu continuam ente dizia ser “o m ilagre a b so lu to ” que estava acontecendo em Kibeho. “ Elas náo passam de urnas alunas ridiculas que estáo ten tando cham ar aten^áo porque náo há nenhum garoto 45
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por perto”, zombava Aimable, enquanto im portunava nosso pai para que este sintonizasse o rádio em urna partida de futebol. Em R uanda, na época em que eu estava crescendo (e, gragas a Deus, os tem pos estáo realm ente m udando!), as m ulheres, em bora fossem reverenciadas e altam ente res p e ta d a s com o m áes, nao eram m uito respeitadas com o seres hum anos independentes, inteligentes e sérios. Era urna sociedade bastante chauvinista, na qual direitos b á sicos, tais com o de propriedade ou educa^áo superior, eram dom inados pelos hom ens. Por sorte, m eu pai e minha m áe tinham pontos de vista progressistas e me pressionaram para ir táo longe q u an to eu pudesse na escola, o que, ao final, me levaría á universidade. M as o m achism o era um com portam ento bem aceito e era algo que meus irm áos tinham grandes dificuldades para abandonar. Eles nunca perdiam urna o p o rtunidade de fazer piadas sobre urna garo ta ou m ulher que fizesse qualquer coisa que um hom em náo podia fazer - o que, naqueles tem pos, incluía até ter visóes da Virgem M aria! “Essas garotas em Kibeho estáo bébadas ou praticando v o d u ” , meu irm áo Dam ascene me provocava, com um risinho. “Vocé sabe o que é que acontece com essas garotas de escolas só para m eninas, náo sabe? Elas estáo preocupadas porque náo conseguiráo um m arido após se form arem . Por isso, elas querem aprender urna magia que as ajudem a conseguir um hom em antes que seja tarde dem ais!” M eu pai sem pre m andava meus irm áos baixarem o tom e me deixava ouvir os relatos de K ibeho, m uito em bora ele fosse um hom em instruido e cauteloso que a principio estava hesitante em acreditar que as visionárias estivessem vendo aparigóes reais. M as ele tinha um p ro fundo am or e respeito pela Virgem M aria, e se qualquer pessoa dem onstrasse am or e afeigáo por N ossa Senhora, com o eu certam ente dem onstrava, papai apoiaria e enco rajaría plenam ente a sua devo^áo. “ O tem po dirá se essas apari^óes sao reais ou n á o ”, p a pai dizia aos meninos. “M as se essas garotas estáo ajudando 46
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a aum entar a fé das pessoas na Santissim a Virgem, nós vam os deixar sua irm à ouvir o que elas tèm a dizer... E vocès dois vào ouvir junto com eia. Os seus resultados de partidas de futebol podem esperar.” M eus irm àos resm ungavam e viravam os olhos. Além disso, alegaram tam bém que logo o pequeño santuàrio em meu q u a rto estaria carregado com m ais estátuas ain da da Virgem M aria. M as as suas queixas tiveram firn em um ensolarado dia de verào em 1982, quando nós ouvim os sobre um novo visionàrio que tinha chegado a K ibeho... Um m enino cham ado Segatashya, que estava recebendo visitas do pròp rio Jesus C risto. Para meus irm àos, o fato de um g aroto ter se tornado um visionàrio repentinam ente to rn o u todas as m ilagrosas apari^òes que haviam ocorrido antes em Kibeho m uito m ais aceitáveis e criveis. Parecia tam bém que, p o r Sega tashya ter sido o prim eiro visionàrio a presenciar aparigòes de Jesus Cristo, meus irm àos, que se gabavam de ser difíceis de im pressionar, foram conquistados. A judou tam bém o fato de Segatashya e D am ascene terem a mesma idade. “ Bem, se é um m enino que está falando com Jesus... Entào eu acho que pode haver algum a coisa reai nesse papo todo de visionários” , concordou Aim able, após o u vir Segatashya no ràdio. Q u an to a m im , eu jà tinha ouvido a voz de Segatashya alguns dias antes em urna fita que o Padre A pollinaire R w agem a, nosso páro co local, havia to cad o para as crianzas que tinham ido à missa sem anal infantil. O Padre Rw agem a estava entre os prim eiros que acreditaram , e era um dos mais ardorosos devotos das estudantes visionárias. Ele foi tam bém a prim eira pessoa em M a ta b a a fazer urna longa p e r e g r in a lo em d ir e d o a Kibeho p ara ver os visionários com os próprios olhos. Ele fez grava^óes dos visionários durante as apari^óes e deixou as fitas disponíveis p ara qualquer pessoa da aldeia que quisesse ouvi-las. Eu teria ouvido centenas de horas de gravagóes ao lon go dos anos seguintes, m as urna g r a v a d o de Segatashya 47
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me m arcou p ara sem pre desde a prim eira vez que a ouvi. Em O u r Lady o f K ibeho, contei com o um arrepio subiu por m inha espinha quan d o ouvi a voz suave do garoto sair pelos alto-falantes estourados do velho to cad o r de fitas do Padre Rw agem a. A gravagáo era de urna conversa que Segatashya teve com Jesus em m eio a urna aparigào de urna sem ana antes. O Padre Rw agem a nos disse que ele fez a g ra v a rlo em um dia e n so b ra d o , sob um brilhante céu azul sem nenhum a nuvem ... Em seguida, ele nos convidou a ouvir mais de perto. As m ais ou m enos 200 crianzas com quem eu tinha me sentado no chao da capela de um único còm odo do Padre Rw agem a estavam táo fascinadas com o que ouviam no to cad o r de fitas q u an to eu. Prim eiram ente nós ouvim os o canto de urna enorm e m ultidao - m ilhares de vozes su plicantes - que tinha se reunido em Kibeho p ara ouvir os visionários se com unicando com o Céu. A m ultidao gritava para Segatashya, dirigindo-se a ele pelo nom e e pedindo p ara que pedisse um m ilagre... Um m ilagre que lhes dessem fé no que estavam testem unhando e que os ajudassem a crer verdadeiram ente ñas aparigóes. Eu nao sabia disto naquele m om ento, mas o que eu estava ouvindo era a única aparigáo na qual Jesús tinha perm itido ao g aroto poder ver e interagir com as pessoas que tinham vindo p ara vé-lo. D urante todas as dem ais aparigòes, Segatashya ficava consciente apenas da presen t a do Senhor. Por cim a do ruido e da balbúrdia da m ultidao, levantou-se a m acia voz de tenor do jovem visionàrio enquanto ele se dirigía a Jesús de form a reverente: “ Sim, Senhor, eu disse a eles m uitas vezes”, p ronunciou a voz. “N ao, Senhor, eles nao ouvem ... Eles sem pre me dizem que querem um m ilagre. Eles nao querem acreditar que voce está falando com igo, Jesús - nao sem antes verem um m ilagre ou um sinal.” Eu lem bro com o m eu coragào se dilatou qu an d o ouvi Segatashya falar naquele dia e de com o fiquei tocada pela sinceridade e pela tern u ra que reverberavam em sua voz 48
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sussurrante en q uanto ele pacietem ente se dirigía á estri dente m ultidáo. Súbitam ente, o estrondo de um trováo explodiu pelos alto-falantes do tocador de fita e as crianzas no cóm odo pularam de susto juntas. N ós podíam os ouvir gritos assustados se espalhando por entre a gritaría da m ultidáo; em seguida, pudem os ouvir alguns gritos de “viva!” para o m ilagre que tinha acabado de acontecer. Logo a seguir, Segatashya calm am ente exortou a todos para que náo se preocupassem com o trováo que tinha surgido no céu azul. “Jesús diz que voces náo devem ter m edo. Ele n u n ca faria nada p a ra prejudicar os seus filhos” , insistiu o garoto. “N inguém aqui foi ferido, as m ulheres grávidas náo precisam se preocupar com seus bebés e aqueles que tém coragóes fracos ficaráo bem... Sim, Senhor, vou dizer a eles com o vocé está me dizendo... Jesús está dizendo que deu-lhes esse trováo para que desta form a voces ouvissem as m ensagens dele e parassem de pedir milagres que náo tém sentido... Porque as suas vidas sáo m ilagres. Um verdadeiro m ilagre é um bebé no útero, o am or de urna m áe é um m ilagre, um coragáo m isericordioso é um m ilagre. Suas vidas estáo repletas de m ilagres, m as voces estáo m uito distraídos com coisas m ateriais para vé-los.” “Jesús pede para voces abrirem seus ouvidos e ouvirem suas m ensagens, e abrirem seus coragóes para receberem o seu amor. M uitas pessoas se perderam no cam inho e en veredaran! pela estrada fácil que leva p ara longe de Deus. Jesús diz para voces rezarem para a sua M áe e a Santíssim a Virgem M aria irá levá-los ao Deus Todo-Poderoso. O Senhor veio até voces com m ensagens de am or e felicidade eterna... E voces ainda pedem m ilagres. Parem de olhar para o céu em busca de milagres. A bram o seu cora^áo a Deus, pois verdadeiros milagres ocorrem no coragáo.” Esta foi a prim eira m ensagem divina que eu ouvi Sega tashya transm itir, e, com o eu disse, ela m udou m inha vida. A quela m ensagem ab riu m eu cora^áo p ara a esséncia de todas as m ensagens que seriam entregues em Kibeho. A ingenua honestidade da voz do g aro to instantáneam ente 49
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fez com que ele se tornasse o meu favorito entre todos os visionários. M enos de urna sem ana depois que o Padre R w agem a tocou a fita de Segatashya p ara nós, m eu lar e to d a a aldeia estavam agitados com as noticias da chegada de Segatashya a Kibeho. Desde que as tres prim eiras estudantes com egaram a ter visòes da Virgem M aria, po r volta de oito meses antes, eu notei que urna profunda m udanza havia ocorrido em m uitos dos m eus am igos, vizinhos e até m esm o estranhos que estavam de passagem pela aldeia. As pessoas andavam pela estrada com a cabera um pouco m ais erguida e com m ais energia e d e te r m in a lo . M ulheres que eram esm agadas pelo peso de enorm es cestos de com ida, roupas ou lenhas que elas carregavam em cim a de suas caberas (dentro da tradicional m oda ruandesa) nào se incom odavam em p arar no m eio da estrada p ara saber noticias sobre K ibeho, especialm ente sobre Segatashya. Lem bro-m e de ouvir m uitas conversas desse tipo da janela do meu q uarto enquanto estava deitada lendo ou ajoelhada e rezando em frente ao meu santuàrio particular. “Eu ouvi dizer que este tal Segatashya nunca, jam ais tinha sequer ouvido falar em Jesús antes que o Senhor o transform asse em um v isionàrio” , disse um de nossos vizinhos. “ Foi o que ouvi falar tam bém , que ele era um m eni no pagáo. M as dizem que ele é um g aroto m uito, m uito doce... E bonito! M as eu me pergunto por que será que Jesús escolheu ele, um pagáo, sendo que existem tantos garotos católicos em R u an d a?” “ O Senhor age por cam inhos misteriosos. N inguém conhece a m ente de Deus. M as o que eu sei é que a m áe de Se gatashya deve estar m uito orgulhosa dele... Será que eia se to rn o u crista agora que Jesús está visitando o filho déla?” Eu pude ver que náo estava sozinha no favoritism o que eu sentía p o r Segatashya. Desde o inicio das aparigóes vistas p o r ele, o g aroto conquistou um grande e devotado 50
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núm ero de seguidores. Ele se to rn o u urna estrela entre os visionários. N a o m uito tem po depois, o Padre R w agem a estava or ganizando procissoes em d ir e d o á cidade a fim de h o n rar as visitas que Jesús estava fazendo a Segatashya. O devotado sacerdote encorajou todos de sua c o n g re g a d o , e de todas as c o n g re g a r e s que existiam na área, para que se juntassem a ele en q u an to celebrava as aparigóes de Jesús. Eu nunca me esquecerei daqueles inspiradores desfi les pela fé que se estendiam ao longo da estrada de térra que levava p ara fora de nossa aldeia. C entenas de nossos vizinhos apareceram para as procissoes e form aram urna longa linha dupla atrás do padre en q uanto esperavam o inicio das festividades. O Padre Rw agem a esperava até que a assembléia se acalmasse e, quando ele sentia que a m ultidáo tinha chegado a um nivel satisfatório de silencio e reveréncia, ele dava inicio aos procedim entos. Ele iniciava erguendo sobre sua cabera urna grande cruz de m adeira e depois, com urna voz estrondosa, repetía urna das m uitas mensagens de Je sús que foram entregues po r Segatashya, mensagens que ele tinha se com prom etido em memorizar. Por exemplo: “Deus nunca negará sua m isericordia se voces passarem por urna verdadeira conversáo em seus coragoes. Je sús está me falando para dizer-lhes que a vida na Terra dura apenas um m om ento, mas que a vida no Céu é eter na. Entáo, voces devem rezar. Lem brem-se de que aqueles que se dirigem de form a vá a Deus e clam am ‘O h, Pai, me aben^oe!’ sem falar do fundo do c o r a d o ou sem se arrepender de suas transgressóes nao iráo para o Céu. Sáo aqueles que verdadeiram ente am am a Deus e fazem a sua vontade praticando bons atos que seráo bem -vindos no Paraíso - náo os hipócritas e os im postores. Lem brem-se de rezar com sinceridade... O único cam inho p ara ir para o Céu é através de ora^óes que venham do c o r a d o .” Em seguida, a passos largos e confiantes, o Padre R w a gema p artía em d ir e d o aos confins da aldeia para ir ainda 51
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m ais longe, com a cruz erguida ao alto e seus lábios cons tantem ente se m ovendo enquanto entoava as m ensagens de Segatashya quilóm etro após quilóm etro: “ O am or de C risto por seus filhos é grande e excelente. Deus nao abandona nenhum dos seus filhos. Ele está sempre esperando que vocé diga sim a Ele e deixe-O entrar em seu coragáo. N o Dia do Julgam ento, Deus irá m ostrar a todos as suas vidas inteiras e as pessoas entenderáo que sáo autoras do seu próprio destino. Deus irá m ostrar a elas todos os atos que praticaram durante a vida, e depois a pessoa irá para o lugar que merece. N ao pense que Deus náo vé os seus pecados; o Senhor ve toda a^áo e conhece todo pensam ento. Arrependa-se; náo resta m uito tem po. Se vocé precisa de ajuda para abrir o seu cora^áo a Jesús, reze para que a sua M áe venha em seu socorro. Jesús quer que vocé ame e respeite a M áe Dele com o se fosse sua própria máe. Ela intercede por todos os seus filhos e irá conceder a vocé m uitas grabas e dons espirituais”, dizia o Padre Rw agem a, repetindo a mais recente m ensagem reve lada por Segatashya no palco dos visionários em Kibeho. Parecía a mim que poderíam os ter an dado quase o dia to d o atrás do Padre Rw agem a, apesar do calor do sol de veráo que se abatía sobre nós. M uitas vezes fom os en volvidos por urna grossa cobertura de pó verm elho que levantava da estrada de cháo po r causa de todos aqueles pés m achucados e cansados que m archavam juntos. M as, apesar disso, continuávam os a rezar e can tar até que ficássem os sedentos e nossas vozes ficassem roucas... Todo m undo na procissáo estava contente po r estar lá. Após viajarm os por quase 20 quilóm etros, o grupo parava po r alguns m inutos para descansar e beber água. D e pois, o Padre R w agem a cantava conosco urna can^áo que Jesús ensinou a Segatashya, urna cangáo que todos nós conhecíam os pelo simples e a p ro p riad o nom e de “ Can^áo de Segatashya” : Deus, voce me encontrou na estrada, e me deu urna mensagem para com partilhar com o mundo.
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Eu a levei para os seus filhos, mas os seus filhos nâo a ouviram. O que devo fazer, meu querido Deus? Por favor, me dê força e sabedoria para conduzir m inha missâo, e ajude-me a levar sua mensagem para o seu povo.
C entenas de vozes entoavam aquele simples refrâo conform e nos voltávam os e com eçàvam os a nossa longa cam inhada de volta a M ataba, com o Padre Rw agem a recitando m ensagens do Céu po r todo o cam inho. A paixâo que os m oradores da aldeia sentiam po r to dos os visionários de K ibeho, e po r Segatashya em p a rti cular, continuou a crescer. A fé de to d o m undo estava pe gando fogo. N osso adm irável sacerdote nos contava que, durante suas visitas a K ibeho, eie via Segatashya, que nâo tinha absolutam ente nenhum a escolaridade, conversando com padres e teólogos a respeito do significado e das várias interpretaçôes da Biblia. “ Este m enino nunca teve um único dia de ensino em sua v id a” , explicava Padre R w agem a, atónito. “ Com o poderia ele discutir as Escrituras ou argum entar sobre o significado de passagens da Biblia com teólogos estudados a nao ser que o pròprio Senhor estivesse pessoalm ente instruindo-o nesses assuntos? H á um verdadeiro m ilagre e n andam ento aqui... Algo assim nunca tinha sido visto antes na A frica!” T áo grande era o zelo do Padre R w agem a por Kibeho e Segatashya que ele com eçou a conduzir grupos de pe regrinos pela longa e àrdua jornada até Kibeho para que eles p róprios pudessem testem unhar as apariçôes. Por nao haver estradas ap ro p riad as de M a ta b a até Ki beho, e pelo fato de que a m aior parte das pessoas de nos sa aldeia nâo possuía sapatos, que dirá veículos, a peregrinaçâo p ara lá tinha que ser feita a pé. Era urna jornada que durava m uitos dias, e m uitas vezes era preciso fazer perigosas travessias de rios, an d ar po r entre m ontanhas e 53
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se em brenhar através da m ata fechada. Q uan d o eu tinha 12 anos, tu d o isso soava incrivelm ente divertido p ara a m inha im a g in a d o . Q uan d o m eu pai anunciou que estava se ju n tan d o ao Padre Rw agem a e a urna dúzia ou mais de nossos vizinhos em urna p e re g rin a d o p ara Kibeho, eu comecei urna constante cam panha de im p o r tu n a d o e súplicas na es peranza de que pudesse convencé-lo a me levar com ele. M eu pai recusava po r com pleto os meus continuos pedidos, dizendo (com absoluta razáo) que eu era m uito jovem e que a jorn ad a era m uito perigosa. Ele prom eteu que me levaria quan d o eu ficasse m ais velha, m as, na realidade, levaria m uitos anos até que eu finalm ente fizesse urna viagem p ara Kibeho por m inha p rópria conta. E isso só foi acontecer po r volta dos meus 20 anos, quando Segatashya há m uito já tinha deixado de receber apari^oes públicas em Kibeho. M as isso nao queria dizer que eu estava im pedida de conhecer Segatashya, assim com o nenhum m em bro de m inha fam ilia estava. N a verdade, eu vim a conhecé-lo extrem am ente bem através das d e s c rib e s que m eu pai fazia de suas viagens a K ibeho, e po r ouvir horas e horas das grava^óes que o Padre R w agem a fez do g aroto enq u an to ele estava no m eio de urna aparigáo. Talvez m ais do que po r qualquer o u tro m otivo, o que fez Segatashya se destacar p ara m im era a com panhia na qual ele estava - a com panhia das outras extraordinárias visionárias de Kibeho, que foram escolhidas pelo Céu para espalhar m ensagens que todos nós precisam os ouvir. E um grupo de garotas que todos nós devem os conhecer e amar.
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CAPÍTULO 3
OS V ISION ARIO S
d e k ib e h o
As vezes, quan d o estou ao ar livre, em um am bien te tran q ü ilo , com o gram ado fresco sob meus pés, urna suave brisa soprando em meus cábelos e o calor do sol tocan d o m inha face, eu consigo fechar m eus olhos e ser tra n sp o rta d a ¿m ediatam ente de volta ao tem po em que eu passava longas tardes no quintal de nossa fam ilia, espe ran d o m eu pai reto rn ar de um a de suas p e r e g r in a je s a Kibeho. A e x c ita d o e a ansiedade que tom avam conta do m eu cora^áo pré-adolescente naquela época fazem meu pulso acelerar ainda hoje. A casa que meu pai construiu estava localizada na beira de um a íngrem e colina com vista p ara o Lago Kivu, um dos lugares m ais espetacularm ente belos de to d a a África. A vista de tira r o fólego que tínham os do lago em nosso quintal fascinava e encantava m inha ativa i m a g i n a d o . O Lago Kivu corre ao longo de to d a a borda oriental de R u anda, e suas am pias e brilhantes águas funcionam com o um a fronteira natu ral que separa R uanda do seu vizinho m ais próxim o, o Z aire (agora conhecido com o República D em ocrática do Congo). O Z aire era m uito m aior que R uanda - e, para os m eus jcvens olhos, vendo através daquele lindo espelho de água do p o n to de vista privilegiado de nosso quintal, no topo do m orro, as densas florestas e escuras selvas ver des do país se estendiam infinitam ente. E, se era num dia particularm ente claro, eu podia ver até m esm o o to p o das m ontanhas atravessando as nuvens bem ao longe. A que les picos cobertos de névoa subiam táo alto que eu pensava que eles estavam a meio cam inho do Céu. Eu imaginava que aqueles cum es elevados e isolados poderiam ser um local ideal para a Virgem M aria e Jesús repousarem enquanto viajavam entre o Reino de D eus e a aldeia de Kibeho para visitar os visionários.
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De vez em quando eu passava urna tarde inteira no quintal olhando p ara aquelas m ontanhas enquanto esperava papai reto rn ar de mais urna p e re g rin a d o a Kibeho. Poderia ficar sentada imóvel por horas, descansando em urna alm ofada de pelúcia feita de reiva selvagem, inalando o inebriante arom a que vinha do enorm e jardim de flores de m inha máe. Todo o tem po me perguntando se M aria e Jesús estavam realm ente lá em cima - e, se realm ente esta vam , eles estavam olhando para mim? E, se olhavam , eles ficariam felizes em saber que eu os am ava tanto? Eu sem pre esperava conseguir surpreender papai q u a n do ele voltava de sua jo rnada, correndo até ele e pulando em seus bracos antes que ele alcan^asse a p o rta da frente. M as, na m aior parte das vezes, era papai que, cam inhando pelo quintal, me surpreendia enquanto eu olhava as m ontanhas distantes, sonhando com Jesus e M aria em plena luz do dia. Ele lim paria sua garganta ou co m etaria a assobiar urna c a n d o Pa ra me fazer saber que estava em casa e que estava esperando po r um abraco. Eu jogava meus bracos em volta dele p a ra dar-lhe as boas-vindas e ele cam inhava com igo até a beira da colina e contem plava a vista que nós dois tan to am ávam os. Pa pai, entào, sem pre dizia quan d o ficávamos a sós em nosso quintal e olhávam os juntos o Lago Kivu: “Im m aculée, eu n ào sei com o alguém poderia olhar p ara tan ta beleza e nao se com over com o encanto da obra de Deus. Voce sa bia que dizem que Deus passa o seu dia inspecionando a C r ia d o e à noite Ele retorna p ara R uanda para descansar porque este é o lugar mais bonito que Ele criou? Lembre-se disso, Im m aculée. Deus dorm e em R u a n d a ” . Eu apertava meus bracos ao redor dele o mais firme que podia e beijava-o na bochecha. M au pai era a única pessoa que eu conhecia que am ava a Deus tanto quanto eu; por isso, eu o am ava mais do que seria capaz de descrever. Depois de urna boa e longa olhada no lago, papai dizia que estava com fome e cam inhava de volta p ara dentro de casa. Antes que ele tivesse a chance de entrar, porém , eu 56
OS VISIONARIOS
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im plorava para que ele comegasse a dar detalhes sobre sua viagem e as incríveis coisas que ele tinha visto e ouvido em Kibeho. M as papai era m etódico em tudo que fazia e nao diria urna palavra sobre suas p e re g r in a je s até que a fam ilia tivesse term inado a refeigáo e depois se reunido na sala para o Igitaramo. Somente entáo ele com etaria a revelar-nos os acontecim entos verdadeiram ente m ilagro sos que ele tinha presenciado em Kibeho. A prim eira coisa que eu sem pre perguntava p a ra pa pai era se ele tinha visto Segatashya. Inevitavelm ente, sua resposta á m inha pergunta era insatisfatória, p ara dizer o m ínim o. “Ah, sim, eu vi Segatashya” , ele dizia. “M as nao comece a correr para chegar á frente de si m esm a, Im m aculée... Coisas boas vém p ara aqueles que esperam .” M eu pai nunca gostava de ser apressado po r ninguém , especialm ente quan d o contava urna historia. Para ele, assim com o para m uitos ruandeses, historias eram urna das grandes ferram entas disponíveis p ara um educador, um líder tribal ou um pai poderem expressar m ensagens e ensinam entos m oráis aos jovens. A cultura e a historia de R uanda foi sem pre passada adiante através da tradi^ao oral da c o n ta d o de historias e em nosso lar essa tradi^áo estava bem viva. Q u an d o dava inicio as suas historias de p e re g r in a je s , papai invaríavelm ente com e^ava descreyendo a p rópria jo rnada, co n tando tu d o o que tinha acontecido d u ra n te os longos quilóm etros da exaustiva cam inhada. Para m im , aquelas historias, m uitas vezes repletas de relatos sobre dificuldades angustiantes, eram algum as das melhores já contadas. Papai nos contava com o o seu grupo de entre 200 e 300 peregrinos da aldeia ficou sem com ida no m eio do percurso, foi perseguido p o r anim ais selvagens durante a noite ou perdeu o r ie n ta d o e ficou perdido em urna indó cil floresta ruandesa. “ Lem bre-se de que m uitas daquelas pessoas nunca tinham viajado p a ra além de um a ou duas m ontanhas a fim de visitar p aren tes” , dizia ele. “Viajar 57
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num a grande excursáo p o r térra a lugares desconhecidos, era algo que eles nunca teriam planejado fazer... E alguns deles já estáo ficando velhos. M uitos deles saíram de suas cabanas sem nenhum tipo de suprim ento, a m aioria nao tinha sapatos ou nem m esm o um cobertor p ara dormir. Eles estavam totalm ente despreparados p ara as dificuldades do cam inho... M as os seus c o r a j e s e alm as esta vam determ inados a ouvir a m ensagens do Céu e nada os m anteria em casa, sabendo que Jesús e M aria estavam esperando po r eles em K ibeho.” Em seguida, papai nos contava que nao im portava o qu an to desesperadora a s itu a d o ficasse para eles, o am or e a devogáo do grupo pela Virgem M aria triunfava so bre todas as tribuía j e s que eles poderiam en co n trar ao longo do trajeto. Ele descrevia a form a com o o Padre Rw agem a conduzia os peregrinos na o r a d o á noite, na h o ra em que eles erguiam o acam pam ento n o tu rn o . Eles se ajoelhavam juntos em frente a urna fogueira e rezavam p ara que a Santíssim a Virgem os ajudasse e guiasse. E as o r a j e s deles sem pre eram infalivelm ente atendidas. Em urna ocasiáo, após vários dias de cam inhadas exte nuantes, o grupo descobriu que nao tinha m ais nenhum a com ida e centenas de bocas p ara alim entar. N aquela noite eles rezaram ao Céu para que os provesse com alim ento - e de m anhá alegrem ente descobriram que algum a boa alm a, sem se identificar, tinha entrado no acam pam ento durante a noite e deixado enorm es sacos de arroz e feijáo. Em o u tra ocasiáo, os peregrinos ficaram desesperada m ente perdidos em urna m ata densa e nao sabiam qual cam inho tom ar. Eles decidiram acam par em determ inado lugar e rezaram a M aria p ara que ela os conduzisse de algum a form a. M ais tarde, naquela noite, urna desconhecida c o n s te la d o de estrelas apareceu sobre eles na form a de urna cruz. Eles entenderam isso com o um sinal do Céu e na m anhá seguinte sim plesm ente cam inharam na dire d o p ara a qual a brilhante cruz tinha ap o n tad o . Antes que pudessem perceber, estavam fora da m ata e de volta á estrada para Kibeho. 58
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“N inguém se queixava m uito sobre cortes e contusòes, nem m esm o resm unga va por estar com fom e” , disse m eu pai. “Afinal, nós estàvam os indo ouvir M aria e Jesus, e com o nossos pequeños sofrim entos poderiam ser com pa rados aos deles?” Papai nos contou que, q u an to m ais os peregrinos sofriam , m ais eles valorizavam o qu an to Jesus e a Virgem M ae tinham sofrido p o r to d o s nós... E m ais determ inados eles ficavam em chegar a Kibeho com sorrisos em seus rostos e alegría em seus c o r a j e s . G eralm ente a esta altura eu jà estava tào ansiosa para ouvir algum a coisa sobre Segatashya que cortava o relato de papai. “E o m enino que conheceu Jesus, papai? Fale-nos sobre Segatashya. C om o ele se parece? Eie é tào jovem quanto dizem que é? Eie realm ente falou com Jesus? O que aconteceu quan d o eie estava no palco? Eie disse a Je sus que as pessoas queriam ver outro milagre? C onte-nos, papai! Segatashya fez o u tro m ilagre acontecer?” Papai me olhava pacientem ente e dizia: “ O m ilagre de Kibeho com eta no m om ento em que alguém sai em pe r e g r i n a l o com o cora^ào repleto de am or e fé. N ào sào os visionários que fazem os m ilagres acontecer... M ilagres acontecem qu an d o c o r a j e s céticos se convertem em co r a j e s cheios do am or de Deus. E é a crenga em Deus que traz o am or a nossos c o r a j e s ! Fé e am or - fé no am or de M aria e Jesus, e a cren^a de que as m ensagens que eles tèm para nós sào enviadas po r Deus para nos salvar - isso é o que faz com m ilagres aconte^am aqui na Terra. N unca se esque^am disso, crianzas” . Um daqueles m ilagres, acrescentou papai, era o fato de que todas as lesòes sofridas pelos m em bros de sua peregri n a l o - de bolhas terrivelm ente infectadas a ligam entos torcidos e distendidos, passando p o r i n s o l a j o - foram curadas logo depois que eles chegaram em Kibeho. M uitas vezes as curas ocorriam após um breve banho de sol que surgia ao firn de urna apari j o , q u an d o um visionàrio anunciava que M aria estava prestes a m an d a r algo p ara aliviar as dores e afli j e s daqueles que tinham viajado po r longas distancias para ve-la. 59
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Em seguida caía do céu azul e claro urna breve e rep a rad o ra chuva, sanando os ferim entos de m ilhares. Papai se deliciava em nos co n tar sobre com o era ouvir 10 mil suspiros de alivio ecoando através das m ontanhas de Kibeho enquanto centenas de cortes paravam de sangrar, o inchago de tornozelos dim inuía ou desaparecía e incontáveis espíritos abatidos e fatigados repentinam ente se erguiam renovados. Q uaisquer cuidados ou desgostos restantes que ainda pesassem sobre os peregrinos evaporavam no calor da luz do sol, que agora brilhava. Um m ilháo de pequeños arco-iris se refletiam nos m ilhóes de gotas de chuva que repousavam sobre as folhas da reiva que crescia ñas m ontanhas de Kibeho. Era urna visáo que inspirava toda alm a que pudesse testem unhá-la. C om o a chuva tinha parad o e o sol secado suas roupas, os peregrinos se levantaram juntos e deram -se as m áos. Eles olharam em diregáo ao céu e ergueram suas vozes p ara can tar o M agníficat, hiño favorito de N ossa Senhora, o qual eles entoaram com o urna can^áo de louvor e agradecim ento aos cuidados e á bondade que a M ae Ce leste tinha m ostrado p ara com eles, seus filhos gratos e devotados... : A minha alma engrandece ao Senhor E se alegrou o meu espirito em Deus, meu Salvador; Pois ele viu a pequenez de sua serva, Desde agora as geragoes hao de chamar-me de bendita. O Poderoso fez por mim maravilhas E Santo é o seu nome! Seu amor, de gera^áo em geragáo, Chega a todos que o respeitam; D em onstrou o poder de seu brago, Dispersou os orgulhosos; D errubou os poderosos de seus tronos E os humildes exaltou; Saciou de bens os famintos, E despediu, sem nada, os ricos. Acolheu Israel, seu servidor, 60
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Fiel ao seu amor, Com o havia prom etido aos nossos pais, Em favor de A braào e de seus filhos, para sem pre.14
As descri^òes que papai fazia de suas chegadas em Ki beho, com vários grupos de peregrinos de M atab a, sem pre pintavam um q u ad ro de fé e devo^ào nacional. “ Là estavam m ilhares e m ilhares de pessoas reunidas em torn o da ald eia” , dizia ele. “Todas estavam là para testem unhar as aparigòes que a Virgem M aria e Jesus tinham m arcado p ara os dias seguintes. As encostas que rodeavam Kibeho estavam cobertas p o r acam pam entos de peregrinos, g ru pos de am igos e enorm es fam ilias inteiras que fizeram a jorn ad a p a ra ouvir as m ensagens. Eles vinham de toda R uanda e alguns de lugares ainda m ais distantes, com o Q uènia, T anzània, Burundi e Z aire... Todos estavam là p a ra ouvir as palavras dos visionários, p ara ouvir o que a R ainha do Céu e Jesus querem que saibam os... para receber as m ensagens que o Céu quer que levemos em nossos coragòes p ara que possam os viver nossas vidas do jeito que Deus planejou.” “ Por favor, papai, conte-nos sobre Segatashya!” , eu im plorava. M inha m ente fervia com ta n ta curiosidade a respeito do m eu visionàrio favorito que eu nào conseguía me conter. M inhas continuas interrup^òes do Igitaram o tiravam m eu pai do ritm o de sua c o n ta c io de historias apenas m om entaneam ente. N aquela época de sua vida, eie tinha p arad o de lecionar e tinha aceitado urna sèrie de prom oqòes que o levaram a construir urna carreira académ ica: de professor a diretor e, finalm ente, a diretor regional das escolas católicas. Todos aqueles anos no sistem a escolar deram a ele experiéncia de sobra p ara lidar com jovens im pacientes e indisciplinados com o eu. Depois de m uitas vezes eu interrom pé-lo e tentar apressá-lo em sua narrativa, papai sim plesm ente se calava por 14Lc 1, 46-56 - retirado do volume da Liturgia das H oras da 61
cnbb.
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com pleto. Ele olhava em silencio para mim com o seu olhar “ oficial” de diretor de escola até que eu prom etesse ficar quieta e aguardar pacientem ente enquanto ele nos falava sobre Kibeho do seu pròprio jeito e no seu pròprio ritm o. A prim eira coisa que papai queria voltar a co n ta r a respeito de estar em Kibeho era a paixáo, devo^ào e o estado de espirito da enorm e c o n g re g a d o de peregrinos que ele tinha juntado lá. Ao final de cada apari^áo, ta n to a Virgem M aria q u an to Jesus diziam ao visionàrio a quem estavam aparecendo quando exatam ente as pessoas poderiam vè-los novam ente. De fato, a Santissim a Vir gem (ou Jesus, se o visionàrio em questáo era Segatashya) contava a cada visionàrio a d ata exata e a hora de sua próxim a apari^ào e depois essas datas e horários eram divulgadas pelo ràdio. Essas in f o r m a le s possibilitavam aos peregrinos que queriam ir a Kibeho se planejarem p ara fazer a jornada em diregao ao local sagrado. C om o papai nos contou, m ilhares de peregrinos chegavam em Kibeho com a esperanza de serem curados de doen^as ou carregando objetos que eles queriam que fos se aben^oados po r M aria e Jesús, am olando o visionários p ara conseguir. M uitos peregrinos saíam de suas aldeias com os bolsos cheios de rosários, os quais eles erguiam sobre suas caberas na hora em que os visionários subiam ao palco. O utros traziam vasilhas com águas dos rios, es p erando que aquele líquido fosse m ilagrosam ente tra n s form ado em água benta durante as a p a r i j e s . “Estes eram pequeños presentes dos visionários aos fiéis - presentes que ajudavam a criar urna atm osfera de am or entre toda a assem bléia” , disse meu pai. Ele estava realm ente espantado com o fato de que tantas pessoas, que tinham feito a m esm a jornada longa e dolorosa que ele (algumas de lugares aínda mais distantes!), estivessem em estados de espirito repletos de am or após suas chegadas. “ Q uantas vezes na vida voce pode encontrar um lugar no qual m ilhares e m ilhares de pessoas estejam apertadas jun tas em urna pequeña área durante dias, com pouca com ida 62
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e água, sem que haja qualquer tipo de briga ou confusào? Em Kibeho eu m al ouvi urna única palavra sendo p ro nunciada com raiva... N à o há nenhum lugar com o aquele, nem em R uanda, nem em qualquer outro país!” , bradou papai. “A p resen ta am orosa da Virgem M aria e a paz do seu filho inegavelm ente tran sfo rm aram Kibeho em um lugar diferente de todos os lugares que já vi em m inhas viagens. A am ável p resen ta de Deus era sentida em to d o o lugar!” M eu pai com e^ou a co n tar com o dezenas de garotas do Colégio de Kibeho juntaram -se com outras garotas para form ar um vibrante grupo de dan^a. E nquanto os percussionistas e outros m úsicos faziam o acom panham ento m usical, o grupo executava d a n ta s tradicionais em frente ao palco por horas. E nquanto isso, a m ultidáo esperava pela chegada dos visionários. “As garotas com e^aram a can tar c a n j e s em louvor à Virgem M a ria ” , contou papai. “E logo cada urna das pessoas que estavam sentadas ñas colinas ao redor do palco com egaram a c an tar tam bém ... 10 mil vozes crescendo em uníssono, todas declarando seu am or pela Bem-Aventu ra d a M ae, todos rezando para N ossa Senhora e Jesús p ara que dessem suas bèngàos.” “N o prim eiro dia de nossa últim a viagem , a prim eira visionària a subir ao palco foi a jovem A lphonsine” , continuou meu pai, descreyendo sua surpresa qu an to à aparència infantil dela e a p o n ta n d o o q u an to eie ficou to cad o pela tim ida inocencia e o jeito doce daquela estudante. A m ultidáo bradou repleta de afeto quando eia cam inhou para o centro do palco, ergueu o seu rosàrio e com e^ou a conduzir a assem bléia em urna oragào para N ossa Senhora. Papai nos contou a respeito do silencio que baixou so bre as colinas quando a Virgem finalmente apareceu perante a jovem no meio de urna recitagào da Ave-M aria. Eie viu a face de Alphonsine ganhar vida com urna expressào de pura devogào, com o se o Céu tivesse dado um choque 63
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de am or de um m ilháo de volts em seu coraçâo. O rosto da m enina se revestiu de urna beleza celestial. Eu já sabia po r interm èdio do Padre Rw agem a, que falou com m em bros do clero em Kibeho que estavam inves tigando as apariçôes, que, quan d o os visionários estavam tendo urna visáo, eles ficavam absortos de tudo exceto da presença celeste que estava na frente deles. C om o papai nos contava agora, quando a Bem -Aventurada M ae aparecia perante A lphonsine ou p ara os outros visionários, tu d o o que eles podiam ver era a Virgem M aria pairando no ar alguns m etros acim a deles. A m assa de espectadores em frente ao palco se transform ava, do p o n to de vista dos visionários, em infindáveis cam pos de flores. Algumas flores erguiam -se pujantes, dem onstrando força, vibraçâo e beleza, enquanto outras pareciam curvadas e m urchas. A Virgem M aria explicou aos visionários que as flores representavam as pessoas que tinham ido a Kibeho para ouvir as m ensagens dela e de seu filho, Jesus. Eia disse que as flores m ais saudáveis eram pessoas cuja fé em Deus era forte e crescente, enquanto as que pareciam doentes eram individuos cuja fé no Senhor precisava ser reforçada. M as M aria sempre dizia aos visionários que eia am ava todas as flores igualm ente e que suas mensagens de am or eram destinadas a ajudar todos aqueles que tinham ido a Ki beho para receber suas bênçâos. “ C om o sem pre, A lphonsine conversava com a Virgem da m esm a form a com o você conversa com sua m âe, Imaculée” , disse m eu pai. “ Eia cham ava a Virgem de m am âe e depois discutiam sobre com o estavam progredindo suas tarefas escolares e sobre com o eia e todas as outras garotas do Colégio de K ibeho estavam se dando bem.” Papai nos contou que, em urna determ inada noite, Al phonsine disse que a Bem-Aventurada M âe tinha ensinado a eia urna cançâo que eia queria que o m undo todo apren desse. A cançâo era táo simples e bonita que, quando Al phonsine com eçou a cantá-la, todas as vozes em Kibeho cantaram junto. A Santissima Virgem cham ou a cançâo de 64
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“ Os Filhos de K ibeho” : Eu confio a vocé o meu futuro, M aria, Porque vocé transm ite a voz de Deus, M aria. Eu juntei tudo que possuía, M aria, E vim para os seus braços, M aria. Veja com o eu irei mudar, M aria, Por causa da voz de Deus, M aria. Ensine a nós, seus filhos de Kibeho, A am ar uns aos outros, M aria. Que todos possam te amar, M aria, Que todos possam confiar em ti, M aria. Por favor, veja com o irei viver Deste dia em diante, M aria, Porque você trouxe a voz de Deus para mim, M aria.
Em seguida papai nos contou com o Alphonsine, ao fim da apariçâo, caiu feito urna rocha no chao do palco, físi cam ente exausta e em ocionalm ente esgotada. “Era sempre a mesma coisa com todas aquelas crianças” , explicou ele. “Assim que os encontros deles com M aria term inavam , eles caíam de costas ou de cara no chao. Era de se adm i rar que nâo quebrassem o pescoço ou rachassem o cránio. M as, ao que parece, M aría estava cuidando deles com o a M ae protetora que ela é. O Padre Rw agem a me contou que os médicos da Com issâo de Inquérito, que estavam vendo tudo de perto durante as apariçôes, exam inaram os visionários antes, durante e depois de suas visôes - e eles nunca conseguirán! encontrar qualquer coisa seriamente errada nas crianças, nâo im portava o quanto o corpo delas tivesse ficado contorcido durante o transe ou quanto a queda délas após a apariçâo tivesse sido intensa. Além dos vários m édicos que estavam sem pre presen tes durante as apariçôes, papai disse que um grupo de freirás locáis tam bém estava p o r p erto p a ra ajudar os vi sionários. D uas ou très dessas freirás poderiam correr ao palco ao fim de cada apariçâo p ara co n fo rtar a estudante caída - e, depois que ela recobrasse a consciéncia, elas a 65
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erguiam e a ajudavam a cam inhar até um lugar tranqüilo para que pudessem descansar e se recuperar. “ Eu me lem bro de com o m eu coraçâo ficou sensibili zado com a jovem A lphonsine... Eia estava táo com pleta m ente cansada depois da visita de M aria que très grandes hom ens tiveram que levantar o seu corpo m ole em seus om bros e carregá-la p a ra fora do palco.” O lhei esperançosa para papai enquanto ele term inava de descrever as incríveis apariçôes vistas po r Alphonsine, cruzando m inhas m áos em um gesto de súplica. Silenciosa m ente, soprei urna única palavra de apelo: “ Segatashya?” Papai ergueu seu braço e virou a palm a de sua m âo em m inha direçâo com o se fosse um policial paran d o um car ro em alta velocidade. “Vai com calm a, Imaculée, nós va mos chegar lá logo!” A seguir, ele falou rapidam ente sobre as apariçôes vistas no palco pelas outras duas visionárias - A nathalie e M arie-C laire - que foram testem unhadas por ele. Eu ouvi trechos daquelas apariçôes pelo ràdio en quanto papai estava fora, m as ele tinha m em orizado duas cançôes curtas que foram cantadas pelas visionárias; urna délas foi ensinada pela Virgem M aria e eu nunca a tinha ouvido antes. C om o eu disse anteriorm ente, historias sáo urna ferra m enta de ensino m uito im portante na sociedade ruandesa, mas cançôes sáo ainda m ais im portantes, pois a m elo dia ajuda as palavras e a penetrar m ais fundo em nossos coraçôes e m entes. Por isso, náo tinha a m enor chance de papai p ular po r cim a de qualquer cançâo que um visio nàrio tivesse com partilhado com os peregrinos enquanto ele estava em Kibeho. A prim eira cançâo era urna historia agridoce sobre o sofrim ento de urna m âe, a quai foi ensinada a M arie-Claire pela Virgem M aria durante urna apariçâo à tarde: M âe misericordiosa, lembre-nos sempre Das tristezas do seu Filho, Jesús. Quem entre nós nao choraría vendo as lágrimas Que a M âe de Jesús derram ou por seu único Filho? 66
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Pois os espinhos que colocaram em sua cabega Eia sentiu com o se fosse em sua pròpria cabera; Q uando eia ouviu a cruz sendo cravada na cova recém-aberta, Seu coragào tremeu e se partiu em dois. M ae misericordiosa, lembre-nos sempre Das tristezas de seu Filho, Jesus!
A próxim a can^ào que papai com partilhou conosco era um hino de fervorosa a d o r a l o que A nathalie cantou para a Virgem M aria. Papai nos disse que a visionària esteve jejuando por um bom tem po com o um ato de peni tencia antes desta apari^ào em particular. Em vista disso, naquele m om ento eia estava tào fraca e cansada que sua voz m al se levantou além de um sussurro. Eu fiquei tào tocada pela historia que m em orizei a cangào e po r anos a cantei com urna voz cansada e exausta para h o n rar e im itar A nathalie: Nós viemos agradecè-la, M ae, Querida M ae fiel. Ninguém foi tao aben^oada como voce. Deixe que todos ergam suas vozes para louvà-la. Q uerida M ae, a mais estimada pelo Criador. Todos nós nascemos em pecado, exceto voce, Q uerida M ae, que nasceu imaculada. Todos os anjos no Reino de Deus cantam o seu nome. Querida M ae, que seca nossas lágrimas, nós a amamos!
Após recitar a cangào de A nathalie, papai se levantou e ergueu suas m àos e bracos em diregào ao teto. Depois arqueou suas costas, alongando o corpo to d o , e soltou um imenso bocejo que ecoou pela casa. Eu sabia o que viria a seguir; eu jà tinha visto isso antes. M uitas vezes, quando eie retornava de urna de suas p e r e g r in a je s , ele nos fazia esperar o m aior tem po possivel - nossa ro tin a de tarefas dom ésticas, deveres escolares e jan ta r em fam ilia tinha que vir sem pre em prim eiro - antes de nos convocar para mais urna sessào de Igitaramo. M as, com o parecia estar se preparando p a ra fazer agora, eie poderia interrom per 67
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urna de suas historias bem no m eio e anunciar que estava táo cansado que precisava ir para a cam a im ediatam ente. “N a o se preocupem , crianzas” , disse ele. “Apenas preci so de urna boa noite de sono. Eu contarei o resto da pere g r in a d o durante a sem ana... O u talvez na sem ana que vem, se as coisas ficarem m uito corridas.” M as antes que papai tivesse term inado o seu hocejo, eu pulei e me posicionei entre ele e o q u a rto dos meus pais. Tenho certeza de que o meu olhar e a m inha expressáo determ inada estavam assustadores. “N em pense em dorm ir antes de me dar todos os detalhes restantes a respeito de tu d o que Segatashya disse e fez!” M eu pai riu de m inha d e te rm in a d o . Acho que ele nunca tinha me visto agir de form a táo audaciosa antes e estou certa de que m inha paixáo pelas mensagens de Jesús entre gues a Segatashya o agradava m uito. “Está quente dentro de casa esta noite. Acho que nós podem os deixar entrar um pouco de ar a q u i” , disse ele, passando por mim em d ir e d o ao pequeño hall perto da p o rta de entrada. Ele olhou para seu relógio e abriu a porta. Lá, p arad o sob a soleira, com o se tivesse surgido grabas a um truque de m eu pai, estava o Padre Rw agem a. “ O brigado por vir, Padre” , disse m eu pai, conduzindo-o para a sala. O bondoso sacerdote sorriu e acenou para meus irm àos e eu, e fez urna m esura para m inha máe, que im ediatam ente se dirigiu á cozinha para buscar algo para nosso convidado com er e beber. Apesar de ter chegado de Kibeho com m eu pai naquele m esm o dia, o Padre Rwagem a parecia estar novo em folha e cheio de energia. Seus olhos se m exiam com vigor e sua face estava radiante com os milagres que ele tinha testem unhado recentem ente. “Eu convidei o Padre R w agem a p ara se ju n ta r a nós nesta noite porque tenho certeza que ele sabe m ais sobre Segatashya do que qualquer o u tra pessoa no p a ís” , dis se papai. “E, é claro, eu sabia que Im m aculée teria mais perguntas a respeito do seu visionàrio favorito do que eu conseguiría responder sozinho.” 68
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Urna vez que o Padre R w agem a já estava ajeitado em sua cadeira e a m inha m áe já tinha lhe dado algo para com er e beber, papai continuou sua historia. “Padre, eu estava falando p a ra eles sobre as visionárias que vimos e tinha acabado de recitar a can^áo de A nathalie” , disse papai. “A gora, Im m aculée, eu sei que vocé está esperando que Segatashya entre em cena depois de A nathalie, m as nós esperam os por m ais um dia inteiro antes que ele chegasse a Kibeho. N aquela altura, a multidáo de 10 mil peregrinos que nos acolheu quando chegam os na aldeia tinha quase triplicado de tam anho. Isso dá um a idéia do q u an to Segatashya tin h a ficado popular em um período táo cu rto de tem po. H avia pelo m enos 30 mil pessoas com prim idas em frente ao palco na tarde que estava m arcada p ara ele receber sua apari^áo e a onda de ‘vivas’ que surgiu no m eio da m ultidáo quan d o ele final m ente chegou era ensurdecedora.” Papai balan^ava sua cab era, incrédulo, en q uanto relatava o m om ento em que ele colocou seus olhos em Se gatashya pela prim eira vez. “ C om to d o aquele suspense e toda aquela fam a, eu pensei que ia ver alguém que tinha perto de sete m etros de altura e que se vestía com o um príncipe, m as a crianza que tinha subido ao palco parecía que tinha acabado de sair de um curral de vacas!” “ Segatashya é um adolescente, mas, p ara m im , ele p a recía náo ter m ais que oito ou nove anos. Parecía até que ele era m enor que as estudantes que tinham estado no palco antes dele - e, para lhe falar a verdade, eu acho que ele náo era m uito m aior que vocé, Imm aculée! D ava para ver que a fam ilia dele náo tinha dinheiro algum , que eles náo tinham quase nada e que eram táo m iseráveis quanto as pessoas m ais m iseráveis de nossa aldeia. O m enino era táo m agro e descarnado que vocé podia im aginar que ele nunca tinha com ido m ais que um a refei^áo de arroz e feijáo por dia em toda sua vida, isso se náo for m uito.” “ Eu acho que ele tinha ido para K ibeho naquele dia m e diatam ente após ter cuidado de suas cabras p e rto de sua casa, que, segundo me dísseram , ficava a m ais ou m enos 69
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48 quilóm etros de distancia. Ele estava descaigo e seus pés e tornozelos estavam cheios de lam a seca e dura. Ele estava vestindo um c a lla o verm elho velho e esfarrap ad o , que tam bém estava salpicado de lam a. Esse c a lla o estava preso em volta de sua cin tu ra p o r um grosso pedazo de corda. Ele vestía urna cam iseta desbotada que estava ras gada e am assada em m uitos p o ntos e parecía tá o tím ido que eu pensei que ele nu n ca conseguiría o lh ar p a ra os olhos de alguém .” O Padre Rw agem a tinha term inado o prato de arroz que m inha m ae havia lhe oferecido e estava ocupado rem exendo em urna sacóla que ele tinha trazido consigo. Eu nao tinha certeza do que ele estava p ro cu ran d o , m as esperava que fosse o seu to cad o r de fitas e algum a gravagao da aparigáo. “Vocé deve se lem b rar” , com egou o Padre Rw agem a, “ que Segatashya é um g aro to do sitio sem escolaridade e sem absolutam ente nenhum conhecim ento de religiáo. Ele é um pagáo, com o seus pais, e eu realm ente acho que ele nunca esteve m ais que um día de cam inhada de dis tancia fora de casa antes que Jesús aparecesse p ara ele e desse-lhe m ensagens para entregar em K ibeho.” O Padre Rw agem a olhou p ara m eus irm áos e para m im . “ C rianzas, ponham -se no lugar de Segatashya e tentem im aginar o que é ter passado a vida toda sem nunca ter convivido com um grupo de pessoas m aior que a sua fam ilia e, de repente, num belo dia, se en co n trar p a ra do diante de 30 mil desconhecidos, todos esperando que vocé lhes transm ita as palavras de Deus. Voces conseguem im aginar isso?” , p erguntou ele. “Esse m enino deve ter a coragem de um leáo! Talvez essa seja um a das razóes po r que Jesús o escolheu p ara ser um em baixador do Céu aqui na Terra.” Papai se virou para meu irm áo, Damascene, que tinha quase a mesma idade de Segatashya, e disse-lhe: “Q uando eu vi Segatashya lá em cima no palco parecendo táo pequeño no meio de padres e médicos que vieram para examiná-lo... 70
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E parecendo táo m inúsculo na frente de dezenas de m ilhares de pessoas que viajaram de táo longe para ouvi-lo... Eu náo pude deixar de pensar em meus próprios filhos. Eu sabia que me m agoaria terrivelm ente com o pai se qualquer urna das m inhas crianzas tivesse que estar onde estava aquele g aro to naquele m om ento, encarando urna enorm e tensáo e sobrecarregado pela pressáo de táo g ran des expectativas” . “ M as depois nós testem unham os a m ais extraordinária das tr a n s f o r m a r e s no m om ento em que Segatashya sentiu a p resen ta do Senhor Jesús próxim a dele” , observou o Padre Rw agem a. “Im agine com o deve ser voce lite ralmente ver Deus. E claro que todos nós podem os sentir a presenta do Senhor quan d o rezam os... M as nenhum de nós aqui esta noite jam ais irá saber o que é estar diante Dele enquanto ainda estam os em nossos corpos hu m a nos. E que experiencia foi aquela para nós! N ós fomos im ensam ente abengoados por poder testem unhar o m o m ento em que Segatashya contem plava Jesús!” “ Eu fui para Kibeho m ais de urna dezena de vezes e posso atestar que o choque da s e p a r a d o deste m u n do terreno e a en trad a no Reino dos Céus produzia um p rofundo im pacto em cada um dos visionários. M as o traum a físico experim entado por Segatashya sem pre me im pressionou m ais, pois parecia ser o m ais extrem o.” O padre nos contou com o se separou dos peregrinos que ele tinha conduzido até Kibeho e se aventurou em diregáo ao palco para gravar Segatashya conversando com Jesús. “Eu estava lá com os dois médicos e vários sacerdotes da Com issáo de Inquérito” , disse ele. “H avia tam bém um técnico de transm issáo segurando um m icrofone que trans mitía tudo que Segatashya dizia através de um poderoso sistema de som amplificado - todo m undo, naquela vasta m ultidáo, podia ouvir cada sílaba que Segatashya profería.” “ O técnico tinha acabado de colocar o m icrofone embaixo do queixo de Segatashya quando o garoto repentina m ente caiu de joelhos. Seus olhos se abriram enorm em ente 71
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
e sua face se ilum inou com o se houvesse 100 mil raios de luz sendo apontados para ele de algum lugar no alto.” “N o m om ento em que Segatashya caiu, ele bateu no m icrofone do técnico e o objeto acabou ficando pressionado entre o peito do m enino e o chao. N aquele m om ento, a m ultidao ficou em siléncio. Tudo que se podia ouvir em um raí o de quilóm etros era a batida do coraçâo de Se gatashya, que era captada pelo m icrofone e amplificada através do enorm e conjunto de alto-falantes que ladea va o palco.” “A principio, sua pulsaçâo estava norm al - seu co ra çâo parecia igual ao de qualquer outro garoto saudável de sua idade, batendo 60 ou 70 vezes p o r m inuto. M as no m om ento em que o Senhor se m aterializou na frente dele, o coraçâo de Segatashya com eçou a acelerar. O constante ta-dum -ta-dum da batida do seu coraçâo crescia táo rá pidam ente que aquilo parecia hum anam ente impossível. Parecia que algum percussionista louco tinha entrado em seu peito.” “A pulsaçâo de Segatashya pulou p ara 100 batidas po r m inuto; em seguida, instantáneam ente, pulou p ara 200; e depois aum entou novam ente para 300 batidas por m inuto, ou talvez até m ais. O s médicos no palco estavam táo chocados qu an to qualquer o utra pessoa e com eçaram a p ro cu rar por um estetoscopio em suas m aletas. Algum as pessoas na m ultidao cobriram seus ouvidos porque o som tinha se to rn ad o aterrorizante. Eu pensei que o co raçâo do pobre garoto ia explodir para fora de sua caixa torácica.” Vendo que todos nós estávam os com o fólego preso, o Padre Rw agem a nos deu um sorriso reconfortante. “Um pouco depois, Segatashya sorriu de orelha a orelha. E, falando com força e bem alto, ele disse: ‘K aram e!’” (Em kinyarw anda, urna língua nativa de R uanda, Karam e é um jeito polido de dizer “ O lá ” - literalm ente, se traduz com o “Vida longa a vocé” .) “Assim que Segatashya cum prim entou Jesús” , continuou o padre, “sua pulsaçâo instantáneam ente voltou ao 72
OS VISIONARIOS
de
KIBEHO
norm al. Alguns segundos depois, o m enino com egou a rezar o Pai N osso e to d as as 30 mil pessoas que estavam na frente dele se ajoelharam e rezaram ju n to :” Pai nosso que estáis no Céus, Santificado seja o vosso Nome, Venha a nós o vosso Reino, Seja feita a vossa Vontade Assim na Terra como no Céu. O pao nosso de cada dia nos dai hoje, Perdoai-nos as nossas ofensas Assim com o nós perdoam os A quem nos tem ofendido. E nao nos deixeis cair em tentagáo, M as livrai-nos do mal. Amém.
N esta hora, o Padre R w agem a tinha encontrado o que estava p ro cu ran d o em sua bolsa, e, com o eu esperava, era o seu to cad o r de fitas. “Eu sei que está ficando tarde, m as eu im agino que to d o m undo, especialm ente Im m aculée, gostaria de ouvir um pouco de sua m ais recente a p ari^ áo ” , uisse ele, com um sorriso. “ Esta prim eira parte m ostra Segatashya questionando Jesus sobre com o ele deveria lidar com todas as dúvidas, parecidas com as fam o sas dúvidas de Tomé, que ele com egou a encontrar logo depois que as aparigòes do Filho de Deus com egaram .” O Padre R w agem a apertou o botáo Play do seu to ca d o r de fitas e, de repente, Segatashya estava na sala co nosco, falando com Jesus coni voz suave e determ inada: Senhor Jesús, tem algo que eu acho que voce deve ficar sabendo. Ainda há, em Ruanda, m uitas pessoas que nao entendem o que está acontecendo aqui em Kibeho; e pior, há pessoas que simplesmente nao acreditam que voce e sua màe realmente estào aparecendo para nós. H á pessoas que estào se queixando e dizendo que o que está acontecendo em Kibeho nao é verdadeiro, que os visionários estào contando grandes e malignas mentiras. Por que voce me dá mensagens de urna form a que nao é fácil para as pessoas acreditarem?
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Eu gostaria de sugerir que vocé m ostré a elas a sua luz, ou mostre-se a elas como vocé está se m ostrando a mim; desta form a, eles veráo que é verdade. Por que vocé nao brilha sua luz sobre elas, Jesús? Dé a eles a sua luz para que eles possam ver a verdade. Pelo menos, eu devo saber que respostas dar a essas pessoas que estáo vindo até mim cheias de perguntas... Se vocé nao faz brilhar a sua luz do entendim ento sobre elas, entáo vocé deve me dar todas as respostas antes, para que eu possa esclarecé-las corretam ente.
M eu pai deu urna grande gargalhada, o que ele ra ra m ente fazia na frente dos filhos. Papai era um hom em m uito am ável, m as era extrem am ente form al em casa porque ele tinha que interp retar o papel de disciplinador. M as ele ficou tocado e deliciado pelo jeito com que Segatashya se dirigia a Jesús. “ O uga esse g a ro to !” , disse ele. “Ele nao som ente está questionando o Senhor a respeito do seu m étodo de co m p artilh ar m ensagens com o m undo, m as tam bém está aconselhando Jesús Cristo, de táo in o cente, aberto e honesto que é o seu coragáo!” “ O jeito simples do m enino deve ser o u tra razáo pela qual Jesús o escolheu com o m ensageiro” , acrescentou o Padre Rw agem a. “M as, falando sério” , disse m eu pai, com sua risada já com egando a dim inuir de volum e, “m esm o quando Segatashya estava questionando ou ten ta n d o aconselhar Jesús, vocé náo podia deixar de perceber o p ro fu n d o res peito do garoto reverberando pelas colinas.” “ M as, p a p a i” , falei, “com o nós sabem os quais foram as respostas do Senhor para Segatashya? C om o podem os saber o que Jesús disse quan d o Segatashya lhe perguntou o que deveria dizer as pessoas que náo acreditavam no que estava ocorrendo em K ibeho?” “Ah... N ós sabem os porque, depois que a aparicáo para o g aro to term inou, eu fui visitá-lo atrás do palco. Eu fiz-lhe as m esm as perguntas que vocé acabou de fazer, Im m aculée. E era isto o que Segatashya tinha a dizer” , disse o Padre R w agem a, ap ertan d o o b o táo Play novam ente. E, de novo, lá estava a voz de Segatashya, desta vez repetindo 74
os
v i s i o n a r io s d e k ib e h o
as perguntas que tin h a feito a Jésus e depois co n tando ao Padre R w agem a quais foram as respostas do Senhor: Q uando perguntei a Jésus o que dizer àquelas pessoas que estavam duvidando, ele me disse: M eu filho, diga a todas as pessoas que nâo acreditam nas mensagens que estâo sendo entregues em Kibebo que elas devem se preocupar apenas em acreditar e seguir o que está na Biblia... Elas devem acreditar e seguir o que está na Biblia com toda a força dos seus coraçôes.is M as o que eu falo ás pessoas que dizem que, porque Jesús aparece com mais frequência para visionários católicos, elas se verâo forçadas a 1er a Biblia católica? E Jesús me disse: Eu vou encontrar os coraçôes de todos aqueles que acre ditam em m im e seguem os meus m andam entos - nâo impor ta qual Biblia eles leiam ou a quai religiâo eles pertençam. Q uando eu voltar para procurar por meus filhos, nâo procurarei por bons cristâos que fazem boas açôes e praticam atos de am or e devoçâo apenas na Igreja Católica. Eu procurarei pelo m undo inteiro todos aqueles que honram meus m andam entos e m e am am com coraçâo aberto e sincero... E o am or deles, e nâo suas religiôes, que os fazem verdadeiros filhos de Deus. Diga essa única verdade a todos aqueles com quem você falar em m eu nome: creiam em m im e tudo o mais que vo¿és fizerem na vida façam-no com fé e am or.16 Aqueles que sabem de Deus, que foram ensinados nos cam inhos de Deus, serâo elevados a um nivel mais alto... M uito será esperado daqueles a quem m uito foi dado. N inguém é forçado a crer em Deus, mas, ainda assim, Deus vive no coraçâo 15“Deus ‘quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade’ (lT m 2,4), isto é, de Jesús Cristo. Por isso é necessàrio que Cristo soja anunciado a todos os hom ens, segundo o seu m andam ento: ‘Ide e ensinai lodos os povos’ (M t 28, 19). E o que se realiza com a T r a d i t o Apostólica. A T r a d i t o Apostólica é a transm issao da m ensagem de C risto, realizada desde as origens do cristianism o, m ediante a p re g a d o , o testem unho, as institui^óes, o culto, os escritos inspirados. Os A póstolos transm itiram aos seus sucessores, os bispos, e, através deles, a todas as gerafóes até ao fim dos tem pos, tudo o que receberam de C risto e aprenderam do Espirito S anto” (Com pendio do <:ic, nn. 11-12). I6“A Igreja Católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe ñas outras religiòes vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e m over em diregáo à unidade da hum anidade na I)1,reja de Cristo.” (Com pendio do CIC, n. 170). 75
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
de todas as pessoas... Basta seguir seu coragao para encontrar o am or de Deus. Aqueles que vivem no am or ouviráo a voz de Deus, porque a voz de Deus é urna voz de a m o r}7
O Padre Rw agem a aperto u o botáo Stop e disse: “M esm o que eu viva ta n to tem po qu an to viveu M atusalém, eu nunca serei capaz de pregar um serm ao com tal sim plicidade e ab undante gra^a com o o que acabam os de ouvir neste que Jesús pregou p ara Segatashya: acreditem no Senhor e perm itam que tudo o que voces fizerem na vida seja m otivado pela fé e pelo a m o r” . Essa é urna m ensagem que eu tenho carregado com igo desde aquele dia (há quase 30 anos) até este m om ento... E é urna m ensagem que eu constantem ente me esforzó para ad o ta r e praticar. A beleza de todas as m ensagens que ouvi em m eu ale gre lar naquela noite me deixou ainda m ais desesperada p ara viajar a K ibeho com m eu pai e poder testem unhar eu m esm a as apari^oes que Segatashya estava recebendo. M eus pais p rom eteram que eu poderia ir qu an d o estivesse maior, m as as apari^óes públicas de Segatashya em K ibeho du raram apenas um ano. Por isso, me obriguei a conhecé-lo p o r outros, e m ais criativos, meios.
,7“ [A] salva^áo vem de C risto-C abera por meio da Igreja, que é o seu corpo. P ortanto, nao poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja corno fundada por C risto e necessária á salva^áo, nela nao entrassem e nela nao perseverassem. Ao mesmo tem po, grabas a Cristo e á sua Igreja, podem conseguir a salva^áo eterna todos os que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da gra^a, se esforgam por cum prir a sua vontade, conhecida através do que a consciencia lhes d ita ” (Compendio do CIC, n. 171). 76
CAPÍTULO 4
CR IA N ZA , FILH O , IR M Á O E V ISIO N A R IO PR IN CIPA N TE
A fam a dos visionários de Kibeho cresceu rápidam en te com o aparecim ento de Segatashya. M ilhares e m ilhares de peregrinos afluíram p ara a aldeia que um dia foi com pletam ente desconhecida, todos na esperanza de que seus corpos ou alm as, ou apenas os sofrim entos de suas vidas cotidianas, pudessem ser curados p o r estarem perto de Segatashya quan d o Jesús aparecesse para ele. A pesar das estradas p ara K ibeho estarem virtualm ente intransitáveis, grandes carros e veículos m ilitares atulhados de peregrinos com egaram a chegar perto do palco a n tes de todas as aparigóes que estavam agendadas. E o céu ficava to m ad o pelo zum bido dos helicópteros m ilitares que ficavam sobrevoando a área nos dias de apari^óes. O s helicópteros, que difícilmente qualquer pessoa da R u anda rural já tinha visto antes, aterrissavam nos cam pos próxim os. Eles traziam pessoas im portantes e políticos que vinham de seus lares luxuosos e agradáveis na ca pital, Kigali, para este fim de m undo lam acento que era táo pequeño que nunca foi colocado no m apa. Kibeho repentinam ente se to rn o u o lugar m ais fam oso do país e todos queriam ser vistos ao lado de visionários cada vez m ais populares. Até m esm o o presidente de R uanda, Juvenal H abyarim ana, entrou em cena quan d o seu helicóptero particular aterrissou no pátio do Colégio de K ibeho. Ele depois foi flagrado tendo um encontro privado com Segatashya! O país estava alvorogado com aquele encontro - todo m u n do estava falando sobre com o o hom em m ais poderoso da nagáo estava ouvindo o que tinha a dizer um iletrado garoto pagáo que conversou com Jesús.
O M ENINO QUE CONHECEU JESUS
Tudo isso deu urna atm osfera de circo aos encontros com os visionários em K ibeho... E isso deixou m uitas pessoas desconfortáveis, especialm ente meus pais. Eles adoravam a pureza das aparigoes que os visionários estavam recebendo, m as detestavam a idéia de que um verdadeiro m ilagre estava sendo usado p ara propósitos políticos. A m ultidáo cresceu de form a ingovernável, o que era urna m á noticia p a ra m im e m eu ardente desejo de ir a Kibeho ouvir os visionários e conhecer pessoalm ente Se gatashya. À m edida que os agrupam entos de pessoas se tornavam cada vez m aiores, os apelos aos meus pais para que me deixassem ir em urna p e re g rin a d o se tornavam cada vez m ais ineficazes. “Isso está fora de questáo, especialm ente agora que o presidente esteve lá. Q uem sabe o que pode acontecer?!” , disse papai, recusando m ais um de meus infindáveis pe didos para me ju n ta r a ele em sua próxim a p e re g rin a d o . “Voce pode ser pisoteada até a m orte por aquela m ul tid á o ” , acrescentou m inha m áe, que, em se tra ta n d o da seguranza de seus filhos, era a p re o c u p a d o em pessoa. “M as eu vou fazer 13 anos em janeiro!” , protestei. “Eu sou quase da m esm a idade do pròprio Segatashya!” “M as voce náo é o Segatashya, Im m aculée” , declarou firmemente m eu pai. “Acho que vou esperar até que vocé faga 16 anos antes de deixá-la ir a Kibeho para ver Sega tashya.” “N á o !”, interveio m inha m áe, enfaticam ente. “Eia náo pode ir enquanto náo tiver, pelo m enos, 18 anos.” “ O k, voce pode ir a Kibeho no seu aniversário de 18 an o s” , papai decretou. “N áo, espere eia fazer 21 anos, Leonard.” “Ah, deixem isso pra lá ” , resm unguei. Eu sabia que náo estava fazendo nenhum bem á m inha causa arg u m entando com esses dois, que eram m otivados pela razáo, pelo am or e pelo im perativo paternal de protegerem seus filhos do mal.
CRIANZA, FILHO, IRMÀO E VISIONÀRIO PRINCIPIANTE
Eu percebi que teria de esperar m uito tem po para en contrar Segatashya pessoalm ente e conhecer Kibeho em prim eira m io , mas isso nào significava que eu teria de es perar tanto para saber mais a respeito dele e me to rn ar parte da coisa toda. Eu estava com prom etida e determ ina da a aprender tudo que pudesse sobre Segatashya e as aparigòes. Essa d e te rm in a d o se enraizou profundam ente em meu coragáo, acabando por se to rn ar urna obsessáo (mas das saudáveis!) que eu, obviam ente, alim ento até hoje. Eu ouvi centenas de horas de gravagóes das aparigóes que o Padre R w agem a trazia p ara M a ta b a após suas viagens para Kibeho. Tam bém redobrei meus esforgos em a rran car de m eu pai detalhes sobre os aparecim entos de Segatashya no palco, logo após ele reto rn ar de urna visi ta a Kibeho. Esses esforgos eventualm ente se expandiam tam bém para meus dois irm áos m ais velhos, que eram sortudos o suficiente p ara poderem acom panhar papai em várias peregrinagóes (porque eles eram garotos e m ais velhos do que eu). Pobres Aim able e D am ascene - eu deixei os dois m alucos de tan to interrogá-los por horas a respeito de to d a palavra, expressáo facial e tom de voz que Segatashya havia usado du ran te urna aparigáo. C om o vou co n ta r em um próxim o capítulo, eu final m ente tive a abengoada o p o rtunidade de me encontrar face a face com Segatashya en q u an to era estudante universitária na faculdade de Butare. Isso foi em 1992 - ape nas dois anos antes do visionàrio e m uitas outras pessoas que eu am ava e estim ava serem assassinadas no genoci dio. N os anos que se seguiram , eu continuei a procurar tantas inform agóes sobre Segatashya q u an to me fosse possível, um esforgo que tem sido, e sem pre será, um tra ballio de amor. A través do m eu encontro pessoal com Segatashya e das entrevistas que fiz com aqueles que o conheceram - o que restava de sua fam ilia e as pessoas que passaram dé cadas investigando as aparigóes vistas p o r ele - eu recons tituí a biografia dos prim eiros anos deste incrível jovem , 79
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
um dos poucos visionários dos tem pos m odernos, um garoto que o Senhor tirou da obscuridade com o objetivo de pregar a palavra de Deus para o m undo. Segatashya nasceu na cabana de seus pais, afastada por m uitos quilóm etros de urna clínica ou um hospital m ais próxim o. N ao há registro oficial de seu nascim ento, tam pouco urna certidáo de nascim ento foi em itida para ele. N em m esm o seus pais tinham certeza do dia em que ele veio ao m undo. O que se consegue afirm ar com algum a certeza é que Segatashya nasceu em algum dia de julho de 1967, em um lugar cham ado M u h o ra, localizado na provincia ruandesa de G ikongoro, na parte sul do país, nâo m uito longe da divisa com o país vizinho, Burundi. M u h o ra era mais um pequeño agrupam ento de cabanas de barro e curráis de cabras do que urna verdadeira com unidade de pessoas - e, um a vez que M u h o ra nâo estava ligado ao resto de R uanda po r estrada, se você vivia lá e queria ir a algum lugar, teria que ir a pé. A m aior aldeia m ais p róxim a era Kibeho, que ficava a m ais de um a hora de cam inhada através de florestas, riachos e cam pos. O pai de Segatashya, M a ta b a ro , e sua m áe, M ukandekezi, eram paupérrim os e rústicos pastores, que vinham de um a longa linhagem de paupérrim os e rústicos pastores. O casam ento deles foi a rran jad o de acordo com o costum e, em um a cerim ónia tribal tradicional. Eles nâo se casaram em um a igreja porque eram pagáos, nunca tinham visto um a igreja e nâo saberiam o que fazer se estivessem em frente a um altar. A inda que fossem estranhos um ao o u tro quando se casaram e nâo tivessem dinheiro algum , um p ro fu n do am or e respeito surgiu e cresceu entre M a ta b a ro e M ukandekezi, e logo a cabana de palha deles, de apenas um cóm odo, estava repleta de crianças - très m eninos e duas m eninas - , das quais Segatashya era o m ais velho. Segatashya com eçou a trab alh ar na horta de vegetáis da familia quando m al tinha com eçado a andar, e, quando 80
CRIANZA, FILHO, IRMÀO E VISIONÀRIO PRINCIPIANTE
tinha m ais ou m enos q u atro anos de idade, ele estava cui dando das cabras e ordenhando a única vaca da familia. N a verdade, a p artir do m inuto em que já podiam andar sem supervisao de um adulto, todas as crianzas eram co locadas p a ra tra b a lh a r ñas miseráveis p l a n t a j e s de feijáo ou para cuidar de seus poucos anim ais. N em sequer passou pela cabera de M a ta b a ro e M ukandekezi m an d ar seus filhos p ara a escola nos prim eiros anos de cñaqao deles. N enhum dos dois tinha visto uma escola quando eram crianzas, m uito m enos tinham colo cado os pés em um a... N em seus pais, nem seus avós, nem ninguém com que eles cresceram tinha ido para a escola. Eles estavam todos m uito ocupados em prover suas fam i lias com com ida o suficiente p ara sobreviverem por mais um dia e nao podiam se preocupar com coisas estranhas e desconhecidas com o educagáo form al. N inguém em sua extensa fam ilia sabia 1er ou escrever, e, m esm o que soubesse, eles nao tinham à d is p o s i lo livros, revistas ou até m esm o velhos jornais. Ao co ntràrio do que acontecía com os chefes de quase todos os outros lares de R uanda, M a ta b a ro e M ukandekezi eram tao pobres que nao podiam com prar nem um pequeño ràdio para ficarem a p ar do que estava acontecendo fora de sua aldeia. O m undo deles consistía nos feijóes que plantavam e colhiam e no leite que tiravam de sua vaca e de suas cabras. Am bos cresceram aprendendo a viver da terra e sua e d u c a l o reduzia-se a um a simples li^ao: trab alh e todos os dias p ara alim entar aqueles que voce am a ou eles m o rrerao de fome. A fam ilia tam bém tinha pouco tem po p ara a religiáo. Q u an d o eles praticavam algum a form a de devo^ao, era para p restar hom enagem aos espíritos de seus ancestrais. C om o eu disse, os pais de Segatashya cresceram com o pagaos que honravam os espíritos de parentes m ortos e reconheciam a existéncia do grande deus-espírito ruandés Ryangom be. Entre os pagaos ruandeses havia a cren^a de que tu d o correria bem para suas fam ilias desde que venerassem os espíritos ancestrais: as vacas produziriam 81
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
leite, as cabras nao ficariam doentes, as safras seriam produtivas e as crianzas nào nasceriam m ortas. A inda que os pais de Segatashya fossem pagaos tradicionais, eles nao se preocupavam m uito com os rituais que o u m u p fu m u (co nm ínente conhecido com o feiticeiro ou curandeiro) local os incitava a praticar. Segatashya estava ciente de que Ryangom be era o p rin cipal deus no m undo espiritual; e, p ara o visionàrio, Jesus C risto era um tipo de divindade cujo nom e era invocado por trab alh ad o res do cam po quando se m achucavam ou para am aldi^oar uns aos outros quan d o se envolviam em urna briga. Até onde isso lhe dizia respeito, R yangom be e Jesus eram um só e o m esm o - um espirito que vivia ñas nuvens e fazia coisas boas aconteceram às pessoas q u a n do estava contente e coisas ruins quando estava zangado. Tenho certeza que, se Segatashya tivesse encontrado um sacerdote católico naquela época, ele teria im aginado que o padre era algum tipo de novo feiticeiro, e a Biblia, um livro de férricos. A ignorancia de Segatashya com relagào à e d u c a d o e à espiritualidade perm aneceu com pleta, m esm o depois de sua m àe decidir que o seu filho m ais velho precisa va ter ao m enos um pouco de escolaridade. O s m otivos de M ukandekezi p ara isso eram puram ente práticos; eia percebeu que, se eles fossem algum dia escapar da desesp e rad o ra pobreza em que viviam , alguém na fam ilia tinha que com e^ar a 1er. E ntáo, quando Segatashya estava com 11 anos de idade, M ukandekezi decidiu que era h o ra de ter urna conver sa com M a ta b a ro . “N ós estam os fam in to s” , disse eia. “ Se nosso g aroto conseguir 1er, nós poderem os aprender coi sas que nao sabem os agora... A prenderem os quais p lan tíos crescem m elhor em nosso solo e depois saberem os quais tipos de graos devem os colocar na terra na h o ra de plantar... E a hora de Segatashya ir p ara a escola!” M a ta b a ro concordou com sua esposa e, obediente m ente, cam inhou com o jovem Segatashya pelas m atas em 82
CRIAN(JA, FILHO, IRMÁO E VISIONARIO PRINCIPIANTE
diregáo a urna aldeia vizinha situada a vários quilóm etros de distancia, onde urna pequeña escola havia sido cons tru id a nos m esm os m oldes das cabanas de barro. “N ós nos encontrarem os aqui no fim do d ia ” , disse M a ta b a ro ao garoto, deixando-o em frente á única p o rta da escola. E foi na frente dessa m esm a p o rta que M a ta b aro encontrou Segatashya esperando quan d o reto rn o u aquela noite. Visto que ele nunca tinha ido á escola e nao tinha certeza do que acontecia em um a sala de aula, M a ta b a ro nao soube o que perg u n tar ao seu filho sobre com o tinha sido o seu dia. Por isso, eles cam inharam em silencio durante to d o o trajeto de volta p a ra casa. D u ran te as duas sem anas seguintes, Segatashya ia p ara a escola de m anhá p o r conta p rópria e retornava novam ente no co m eto da noite. N a terceira sem ana de aula, seu pai foi ju nto com ele p orque queria visitar um párente que m orava ñas redondezas. Q u an d o chegaram em frente á p o rta da escola aconteceu de to p arem com o professor. “ Q uem é esse g a ro to ? ” , p erguntou o professor. R áp i dam ente descobriu-se que Segatashya nunca tinha passado m ais que cinco m inutos dentro da escola. O garoto n ao gostaVa do fato de que todos os outros estudantes fossem m uito m ais jovens do que ele, e, além disso, ele nao via nenhum a razáo p ara ficar sentado dentro de um a cabana o dia to d o , qu an d o poderia estar aproveitando as belezas do m undo lá fora. E ntáo, ele co n to u a seu pai que tinha passado os dias explorando as m atas e rios p ró x i m os, p ro cu ran d o um lugar p a ra iniciar um novo plantio de graos. M a ta b a ro fez o rapaz m arch ar de volta p ara casa. Q uan d o chegaram lá, seu pai deu-lhe um a surra para discipliná-lo, dizendo-lhe que, gostasse ou náo, ele teria que ir p a ra a escola e aprender a 1er. M as Segatashya ti nha um a personalidade m uito forte e estava determ inado de que náo precisava ser educado. N á o im portava quantas vezes seu pai pessoalm ente o deixasse na escola (ou q uantas vezes ele apanhasse p o r m ata r aulas), Segatashya 83
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se recusava a passar um único dia em urna sala de aula. Finalm ente, seus pais desistiram e colocaram -no p ara trabalhar no cam po e com o p asto r de cabras po r tem po in tegral, ocupa^óes que se adequavam a Segatashya m uito bem e ñas quais ele trabalhava alegrem ente do nascer ao por do sol. “Ele era um dos garotos m ais felizes que vocé poderia ter sorte de conhecer” , disse-me sua irm á, C hristine, quando eu a encontrei em urna viagem p ara R uanda há nao m uito tem po. Christine é um dos únicos dois m em bros da fam ilia de Segatashya que ainda estáo vivos. Ela está com seus 40 anos agora e tem urna filha jovem . Elas vivem próxim as a Kibeho e, apesar de eu ter batido em sua porta na condi^áo de pessoa estranha, fui convidada a e n tra r em sua casa com o se fosse um párente que há m uito tem po náo a visitava. Christine tem m uitas e m uitas lem brangas m aravilhosas de Segatashya e estava extrem am ente feliz de poder ab rir seu coragáo e com partilhá-las com igo. “ Ele era o m eu grande irm áo; era apenas alguns anos m ais velho que eu e estava sem pre cuidando de m im ” , disse ela. “ Minha lem branga m ais vivida dele na infancia é do seu rosto doce - ele estava sem pre sorrindo quando era m enino. Ele era m uito feliz; se vocé passasse apenas cinco m inutos com ele, vocé poderia dizer que ele am ava estar vivo.” “N ossa fam ilia era terrivelm ente pobre. N ós vivíam os em um a m inúscula cabana de palha - m eus pais e seus cinco filhos, ás vezes m eus avós, e até m esm o nossa vaca, viviam todos juntos naquela cabana. A c o n s tr u y o tinha apenas um cóm odo e todos nós ficávam os ab arro tad o s lá dentro - era naquele cóm odo que nós dorm íam os, co m íam os e levávam os nossa vida. Vocé náo acreditaría no quáo escuro e lotado aquilo podia ficar... M as sem pre que Segatashya entrava, tu d o se ilum inava. Ficar p erto dele era com o era com o ficar perto de um pedacinho do sol. Tudo que ele fazia, ele fazia com grande alegría em seu 84
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cora^ao. Ele poderia estar can tan d o sozinho enquanto trabalhava ñas p l a n t a j e s ou assoviando algum a m elodía en q uanto cuidava das cabras.” “E ele era m uito divertido. Lem bro-m e de um dia, quando eu tinha apenas q u atro ou cinco anos, em que eu estava reclam ando que a cabana estava m uito quente e cheia para dorm ir... Eu disse que me sentia com o se estivesse pegando fogo. Após eu finalm ente ter conseguido dorm ir, acordei com um susto quan d o senti o frió repen tino de um balde de água gelada sendo d erram ado em m eu rosto - Segatashya tinha ido até o córrego e enchido um balde de água para me refrescar. Q u an d o eu pulei da cam a, ele disse: ‘Vocé pode relaxar agora, Christine, pois acho que já apaguei o seu fogo!’ D epois disso nós ficamos rindo até a barriga doer.” Após rir discretam ente um pouquinho, lem brando-se do episodio, Christine continuou a rem em orar. “ Sega tashya tam bém era um g aroto m uito sério e consciencioso. Ele era o filho mais velho e sentia grande responsabilidade p ara com o resto de nós. A pesar de nao conseguir ficar trancafiado em urna sala de aula, ele fez com que nós, as crianzas mais novas, tivéssem os algum a educa d o . . . Ele nos levava para a escola e se certificava de que perm aneceríam os dentro da sala até a aula comegar. G ra bas a ele, fui até a sétim a série e aprendi a 1er e escrever.” “Segatashya tam bém trabalhava m ais pesado do que qualquer o u tra pessoa da fam ilia. Ele sentia que era seu dever cuidar de nós e g arantir que to d o m undo em casa tivesse o que comer. H ouve um ano, acho que foi quando ele tinha 12 anos m ais ou m enos, em que perdem os nossa safra de gráos. Pois bem, m eu irm áo am ava estar com a fam ilia m ais do que qualquer o u tra coisa, m as ele náo podia su p o rtar a idéia de que qualquer um de nós pudesse passar fome. Assim, táo logo percebeu que nós náo conse guiríam os colher a nossa safra, ele correu p ro cu rar trabalho e conseguiu em prego com o p asto r com um próspero fazendeiro que m orava a vários quilóm etros de distáncia. 85
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M as ele nao tinha dito a nossos pais que iria para táo Ionge, provavelm ente porque ele sabia que nao o deixariam ir. E, por ele ter evaporado sem deixar qualquer vestigio, eles, após descobrirem que ele estava sum ido, ficaram fora de si de táo preocupados.” “ E ntáo, um belo dia, após várias sem anas, alguém que trabalhava para aquele próspero fazendeiro deixou alguns sacos de arroz e feijáo em nossa casa e disse-nos que aquela com ida era o pagam ento pelo trab alh o de Segatashya. Papai foi direto p ara a fazenda e trouxe o garoto de volta. O fazendeiro disse a m eu pai que odiava ter que ver Segatashya ir em bora, pois ele nunca tinha visto um tra b a lh a d o r táo em penhando qu an to m eu irm áo. Ele acrescentou que Segatashya tinha rápidam ente conquis tado boa reputa^áo po r ser um em pregado honesto, zeloso e de bom caráter.” “ Segatashya levou um a surra de m eu pai por ter saído po r ai sem perm issáo, m as ele sorria durante to d o o tem po em que papai gritava com ele, pois estava m uito feliz de ter voltado para a sua fam ilia. E no jantar daquela noite todos nós está vam os felizes - gragas ao arroz e feijáo proporcionados p o r Segatashya, todo m undo ficou com o estóm ago cheio pela prim eira vez em m uito tem po.” “ M ais tarde, naquela noite, Segatashya confessou para m im que foi dorm ir chorando todas as noites enquanto esteve fora. ‘Eu ficava com ta n ta saudade de casa quando ia d e ita r’, disse-me ele, ‘que pensava comigo: Ryangom be, deus de Ruanda, se m inha fam ilia nao estivesse passando fom e, eu voltaria para nossa cabana neste exato segundo e nunca deixaria m eu lar outra vezV Este é apenas um exem plo do qu an to ele era am ável e gentil; ele nasceu com um belo cora^áo.” C hristine passou a me co n tar que, apesar de Sega tashya ter sofrido m uito com a solidáo qu an d o saiu de casa pela prim eira vez, ele náo hesitou em sair de novo no ano seguinte, quando a colheita da fam ilia se perdeu pela segunda vez e eles estavam passando fome. 86
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“Em urna certa m anhá, ele se levantou e viu que a tigela do café da m an h á das crianzas estava vazia. Ele pegou seu cajado e disse: ‘Estou indo a rra n ja r algum dinheiro para a com ida.’ E ntáo saiu pela porta e se foi por m ais dois meses. M as, dentro de poucos dias, após a sua partida, ele já estava m andando dinheiro para casa, o que fez com que m eus pais pudessem com prar com ida para alim entar o resto de nós. N o decorrer do tem po, descobrim os que Segatashya tinha organizado um grupo de garotos que trabalhavam em fazendas, e que, com o ele, tam bém estavam enfrentando tem pos de dificuldades económ icas, e os conduziu p ara as m argens de um dos rios m ais rápidos e intensos do sul de R uanda. Ele tinha ouvido falar que a única passarela que atravessava o rio tinha sido levada pela correnteza. Após pensar um m om ento, decidiu que iria g an h ar algum dinheiro ajudando viajantes que náo conseguiam atravessar as m argens.” “ Segatashya e seus parceiros prenderam os bracos e form aram urna corrente hum ana ao longo da correnteza. As pessoas poderiam se segurar neles, com o se fosse urna corda de salvam ento, en q uanto atravessavam o rio carregando seus bens e pertences. M eu irm áo era pequeño para a sua idade, m as ele era m uito forte física e espiri tualm ente. Lidar com aquele rio traigoeiro era difícil e perigoso, m as ele estava disposto a assum ir riscos para alim entar os outros. As poucas m oedas que ele tinha co n seguido no rio term inaram na mesa de jan ta r da fam ilia, e tudo o que tinha sobrado foi usado p ara com prar sementes p ara a safra de feijáo.” “ Q u an d o era m enino, Segatashya foi literalm ente um salva-vidas... Talvez essa seja urna das razóes pelas quais Jesús o escolheu p ara sair em urna m issáo destinada a salvar alm as” , disse C hristine, sorrindo. Eu tenho ouvido pedamos sobre a historia da prim eira vez em que Jesús apareceu para Segatashya desde que era m enina e até escrevi sobre esse episodio que transform ou a vida dele em O u r Lady o f K ibeho. M as, quando me 87
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encontrei com C hristine, percebi que estava tendo a oportunidade de ouvir urna versao da historia inteiram ente nova e m aravilhosam ente detalhada. Eu perguntei se ela poderia com partilhar sua versao com igo e ela nao poderia ter ficado mais alegre po r fazé-lo. C hristine, entáo, me contou que viu seu irm áo há apenas algum as horas depois dele ter se encontrado com Jesús. Seu relato do m ilagroso encontro me deixou atónita. “ O que eu m ais me lem bro daquela m a n h á ” , recordava ela, “é que ela tinha com egado com o qualquer outra. Segatashya já tinha se levantado e ido para fora de casa po r volta do nascer do sol, p ara alim entar a vaca e cuidar das cabras. Tam bém me lem bro do tom de voz ansioso de nossa m áe quan d o ela pediu a m eu pai que lem brasse Segatashya de checar se os feijóes que tínham os plantado já estavam pro n to s p ara serem colhidos. M am áe estava preocupada porque tivem os algum as safras ruins, urna seguida da outra. Era im portante p ara nós ter um a boa colheita naquele ano. Fora isso, parecía um co m eto com um de um dia com um .” “M as aquela m anhá de veráo m udou a vida de n o s sa fam ilia para sem pre - e, com o vocé sabe, m udou os rum os da vida de Segatashya de form as inim agináveis. Q u an d o voltou p ara casa na tarde daquele dia, ele me contou tudo o que tinha acontecido. E, obviam ente, eu m esm a estava lá quan d o ele chegou e pude vivenciar em prim eira m áo m uito do que transcorreu na seqüéncia.” “ O dia era 2 de julho de 1982, um a m anhá quente e ensolarada que prom etía se tran sfo rm ar em um dia absolutam ente adorável. Segatashya tinha term inado de alim entar as cabras e andava pelas colinas em dire^áo á nossa planta^áo de feijáo. Ele estava ajoelhado sobre a térra verm elha, exam inando os brotos, quando notou algo bastante estranho. Os feijóes n ao só pareciam m ad u ros, com o tam bém pareciam ser, em suas palavras, ‘mais bonitos do que quaisquer outros feijóes’ que ele já tinha visto. N orm alm ente, o solo de nosso cam po era ruim e produzia apenas feijóes anémicos, fracos - e nós nos 88
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considerávam os afortunados quando conseguíamos colher até m esm o esses! Por isso, Segatashya estava surpreso com o que ele tinha em m áos. Por um bom tem po ele ficou re virando o pequeño vegetal na palm a de sua m áo, com ple tam ente m aravilhado com a sua form a rechonchuda, seu aspecto extrem am ente saudável e seu brilho dourado, que resplandecía.” “ M eu irm áo pensou que os feijóes estavam m uito, m uito bons p a ra ser verdade e nao acreditou no que seus olhos viam . Ele arra n c o u alguns do chao e foi até um cam po p ró x im o , p ara pedir a op in iáo de um fazendeiro vizinho. A pós ter c u m p rim en tad o o hom ern, Segatashya estendeu-lhe os graos p ara que ele os exam inasse. ‘Acho que o brilho do sol hoje está in co m o d an d o m eus o lh o s’, disse Segatashya, inocentem ente. ‘D iga-m e, vocé está n o ta n d o algum a coisa de estran h o ou diferente nesses feijóes?” ’ “N osso vizinho sacudiu a cabera e respondeu: ‘N áo, eles parecem prontos para a colheita, mas eu náo diria que há algo de especial neles.’” “ Segatashya agradeceu e saiu. Ele cam inhou em diregáo ao rio para beber um pouco de água fresca e relaxar, a d ia n do que tinha tom ado m uito sol naquela m anhá. Q uando estava voltando para as nossas p l a n t a je s , ele se sentiu extrem am ente cansado e sentou-se sob urna árvore para descansar. E, entáo, foi quando ele ouviu seu nom e sendo cham ado pela mais voz bonita que ele já tinha ouvido.” Eu sorvia de um gole só cada urna das palavras de Christine. Afinal, até aquele m om ento eu nunca tinha o u vido um relato sobre o que aconteceu com Segatashya da perspectiva de um párente, alguém que era m uito p ró xim o a ele e o conhecia m uito bem. Eu percebi a form a com o ela, m uitas vezes, fazia algum as pausas ao relembrar as m em orias que tinha de seu irm áo, parecendo p o n derar sobre a alegría que ele tro u x e p a ra sua vida e sobre a tristeza que ela sofreu após perdé-lo. Ela enxugava lá grim as de alegría e tristeza, alternadam ente. 89
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Á m edida que sua historia progredia, ela deu seu seio á sua filha m ais nova, ainda bebé, p ara que m am asse. “N inguém percebe, m as essa doce criancinha tem os mesmos olhos de Segatashya. N a o é, d o cinho?” , m urm urou ela para a crianza, que já estava m am ando. V oltando á sua historia, ela continuou: “ Segatashya disse que a voz que ele ouviu cham ando-o, enquanto es tava sentado sob a árvore, era de um hom em , m as que era urna voz m uito m ais am ável e gentil do que a voz de qualquer o u tro hom em que ele já tinha conhecido” . Em seguida, C hristine contou-m e o que Segatashya disse na época, usando as palavras dele: A principio, pensei que o calor do dia estava me dando a lu c in a re s ... Eu estava vendo feijoes incrivelmente belos e depois, repentinam ente, estava ouvindo urna voz também incrivelmente bela... Eu olhei em volta para ver quem poderia estar me cham ando táo docentemente, mas nao havia ninguém por perto. Eu imaginei que era apenas o vento soprando por entre os ram os da árvore e fechei meus olhos para tirar urna soneca. M as, entáo, ouvi a voz outra vez, e ela disse: Vocé ai, m eu flh o ... Rápidam ente olhei em torno mais um a vez, mas ainda nao conseguia ver ninguém. M inha impressáo era de que a voz estava vindo do céu bem acima de mim. Acho que era de se esperar que eu ficasse com medo, mas aquela voz era com o música tocando em meu cora§áo. Eu fui dom inado por um a sensa^ao de grande paz e me sentia táo feliz que tive vontade de cantar! E depois a voz se dirigiu a mim pela terceira vez, dizendo: Vocé ai, m eu filho... Se vocé receber uma mensagem para transmitir ao m undo, vocé irá transmiti-la? Eu me sentia com o se nao pudesse recusar, mas isso real mente nao im portava porque eu quería fazer qualquer coisa que essa doce e misteriosa voz me pedisse. Sem hesitar nem sequer por um m om ento, eu concordei em transm itir qual quer mensagem que ela me desse. Entáo eu disse: “Sim, eu farei o que vocé me pede, mas quem é vocé? Se as pessoas me perguntarem quem me enviou, o que eu direi a elas?” Vocé sabe com o os bom ens sao - se eu disser o m eu nome, talvez ninguém Ihe dará ouvidos. O u q o os bom ens dizerem que, se alguém vier em nom e de jesús Cristo, nao se deve confiar nele. Veja, eles podem nao entender e nao acreditar, se vocé revelar minha identidade. 90
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Q uando ouvi isso, eu disse áquela voz: “Se vocé é ver d aderam ente Jesús Cristo, eles iráo acreditar, contanto que vocé esteja disposto a ajudá-los a crer. De m inha parte, eu farei o meu melhor, sob a condifáo de que vocé me dé o dom da sabedoria quando eu estiver pronunciando suas mensagens” . Eu sou Jesús Cristo. Para vocé m e provar que realmente será capaz de transmitir minha mensagem para as pessoas futuramente, eu quero que vocé vá agora m esm o e entregue esta mensagem para aqueles que estáo trabalhando na casa do Sr. Hubert. Diga a eles isto, usando estas palavras: “Jesús Cristo m andou-m e aqui boje para dizer a voces, e a todos os homens, que renovem seus coragoes. O dia em que as coisas ftcarño realmente dificeis para a hum anidade está chegando. Sendo assim, vocé nao pode m e dizer que eu nao o alertei’’.
C hristine term inou de am am entar seu bebé e disse: “ Segatashya fez o que Jesús pediu p ara ele fazer. Ele foi p ara a casa de nosso vizinho, Ngenzi H ubert, para tra n s m itir a m ensagem palavra po r palavra. Q u an d o chegou na fazenda de H u b ert, Segatashya encontrou um grupo de hom ens tra b a lh a n d o no celeiro. Eles estavam usan do bastóes para bater ñas cascas de urna grande pilha de feijóes secos. M eu irm áo se a p ro x im o u das pessoas que estavam lá e, falando em voz alta, entregou-lhes a m ensagem do Senhor. O s hom ens caíram na gargalhada p orque, sem saber, Segatashya tinha perdido suas roupas de algum a form a e estava perante eles com pletam ente nu. “Alguns hom ens gritaram : ‘Q uem vocé disse que o m andou, seu bunda-de-fora tolo?!’ O u tro s foram m ais receptivos e perguntaram : ‘Foi Jesús C risto que o enviou? O nde vocé o encontrou, m oleque?’” “ Segatashya explicou com o ele se encontrou com Jesús sob um a árvore, ou, pelo m enos, com o ele se encontrou com a voz do Senhor. Depois disse áquelas pessoas: ‘Tudo o que eu posso lhes dizer é que ouvi sua voz e que a m en sagem que ele me confiou é boa e im portante. O uvi-lo me deu um a sensa^áo de paz. N ao foi n ad a difícil, na verdade - ele apenas pediu para eu transm itir as suas palavras a voces, e, sendo assim , eu corri até aqui para transm iti-las.” 91
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“ M eu irm áo ficou v e rd a d e ram e n te chocado quando os hom ens avisaram que ele estava nu. Ele pensou que estava totalm ente vestido e qu an d o percebeu que suas roupas tinham sum ido ficou sem resposta. Ele gritou para o céu: ‘Jesús, p o r que vocé me deixou nu? Esses hom ens agora riem de m im - quem sou p ara me dirigir a eles assim ?’ Entáo, ele ouviu a voz do Senhor m ais urna vez: O Filho do H om em veio ao m undo há m uito tem po, an tes m esm o de vocé existir, e eles tiraram sua roupa e o deixaram nu. Vocé acha que Ele nao subiu ao Céu? Saiba que fot Ele que acabou de realizar esse milagre aqui hoje.
“Alguns daqueles hom ens, aos quais Segatashya tinha ido entregar a m ensagem , p araram de rir neste p o n to e acusaram m eu irm áo de blasfem ia. Eles o rodearam e o am ea^aram com seus bastóes. Felizmente, alguns dos tra b a ja d o r e s que estavam no pátio o reconheceram e um jovem correu buscar m eu pai e m eus tios, para que socorressem Segatashya, en q uanto urna m ulher idosa, que conhecia m inha m áe, pegou um cobertor e o cobriu.” “ E nquanto a m ulher envolvia Segatashya com o paño, ela sussurrou p a ra ele: ‘Filho, onde vocé disse que encontro u Jesús?’ Segatashya disse novam ente que náo tinha encontrado Jesús em pessoa, m as que tinha apenas ouvido a sua voz, a qual lhe tinha dito que fosse á fazenda de H u b e rt e dissesse ás pessoas que estavam lá que purificassem seus coragóes porque o reto rn o de C risto está m uito próxim o.” “A m ulher am arro u o paño em volta da cintura de Se gatashya e deu-lhe alguns conselhos carinhosos, próprios de urna m áe. ‘Vocé náo pode esperar que essas pessoas acreditem que vocé tem urna m ensagem de Jesús quando vocé está an dando po r ai pelado! M as vocé é um garoto táo inocente e honesto que alguns de nós aqui acreditam que vocé realm ente veio com urna m ensagem de Deus. N ós querem os ouvir suas palavras, m as, p a ra m uitos desses hom ens, vé-lo pelado os deixa irritados e surdos a tudo que vocé diz.’” 92
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“ Segatashya me co n to u depois que foi naquele m o m ento que Jesús apareceu para ele e que foi quando ele viu o Senhor em form a de corpo hum ano pela prim eira vez.” M ais um a vez, Christine voltou a n a rra r a historia na voz de seu irm áo: Eu tinha acabado de entregar a mensagem do Senhor para as pessoas na fazenda de H ubert quando sua voz docemente me disse que ele estava contente com a form a como eu a tinha entregue. Ela disse: Obrigado por boje. Vocé fez bem entregando essa mensagem, meu filho. Agora, olhe para cima e contem ple aquele que tem falado com vocé. Olhei para o alto e repentinam ente o céu azul bem acima de mim se partiu ao meio, com o se fosse um pedazo de paño sendo rasgado em dois. Uma luz deslum brante preencheu todo o centro do céu. Era uma luz táo ofuscante que tudo o mais em volta de mim desapareceu num piscar de olhos - as pessoas, a fazenda, as colinas e árvores, tudo desapareceu. O mais estranho é que eu ainda conseguía ver, mas o que eu estava vendo era desconhecido e estranho aos meus olhos. Eu estava em um m undo totalm ente novo e diferente. Eu es tava inteiramente sozinho em um vasto m ar de reiva, de uma cor verde vibrante e um cheiro maravilhoso. A luz acima de mim ficou ainda mais brilhante e o céu se encheu com um m ilháo de flores brancas reluzentes, que eram muito mais bonitas do que vocé pode imaginar. Un. pouco depois, Jesús apareceu nos céus, em pé no meio das flores. Ele estava banhado por um a luz vivíssima que o rodeava e brilhava a partir do interior do seu corpo. Ele esta va pairando sobre mim, am parado pela beleza da magnífica luz branca e das gloriosas flores que agora cintilavam como estrelas. Ele era o homem mais bonito que eu já tinha visto. Parecia que ele estava nos seus 30 anos e tinha um tom de pele escuro, mas nao táo escuro quanto a pele de um ruandés. Ele estava vestido com uma tradicional túnica ruandesa m as culina, o tecido brilhando com o se fosse costurado com prata e ouro. Eu me sentia como se tivesse sido envolvido por bra cos am orosos por todo o tem po em que estive contem plando o alto. M inha alma estava em paz e meu coragáo mais alegre do que nunca. Depois, Jesús sorriu para mim e perguntou: Destes uma boa e longa olhada naquele que o enviou? Eu o chamei por “Senhor” e disse-lhe que, sim, eu tinha dado um a boa olhada. Ele disse: Vocé se saiu m uito bem boje, m eu filho, e fez um 93
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bom trabalho entregando m inha mensagem a esses bomens. Agora, vá e ponha em pràtica voce tam bém aquilo que eu Ihe pedi para falar. Se vocé continuar se saindo bem, eu irei vé-lo novamente m uito em breve.
Após urna pausa p ara que eu pudesse assim ilar tudo isso, Christine continuou, voltando a usar suas próprias palavras novam ente. “ Q u an d o a m ente de Segatashya foi trazida de volta p ara este m undo, eie estava bem no meio do pàtio do Sr. H ubert. E nquanto eie estava em seu tra n se, muitos dos hom ens da fazenda o rodearam . Alguns ficaram enorm em ente irritados e balan^avam seus bastòes para ele, como que am ea^ando espancá-lo violenta mente.” “Felizmente, foi quando m eu pai e meus tios chegaram e protegeram Segatashya daqueles hom ens. M eu pai deu ordem para que nào encostassem nem uni dedo em seu filho, e, em seguida, exigiu saber o que tinha acontecido. Segatashya contou a m eu pai que Jesus o tinha instruido a irà fazenda de H u b ert p ara dizer aos trabalhadores que preparassem suas alm as porque o firn do m undo estava chegando.” “Aquilo irritou novam ente aqueles hom ens. Eles dis senni: ‘Està vendo, està vendo? Seu filho é louco... Eie està bèbado, bèbado de cerveja de b a n a n a.18 Eie é um mentiroso... Ele está fingindo ser com o urna daquelas estudantes visionarias de K ibeho, m as é apenas um bèbado mentiroso!’” “Papai foi em defesa de Segatashya im ediatam ente. ‘O quehá de errado com vocès, hom ens? M eu filho é apenas umi crianza! Ele nunca ficou bèbado em toda sua vida e certamente nào é louco, nem m entiroso! Eie é um bom garoto... Ele apenas esteve debaixo do sol po r m uito tem po ou caiu e bateu a cabega. Em vez de ficar aqui em volta deleinsultando-o, vocès deviam tè-lo ajudado! Vocès deviam se envergonhar de si m esm os!” ’ "A. ceneja de banana é um dos produtos típicos da África, mais específica mente de Uganda, e fonte de renda principal de algumas cidades africanas - NT. 94
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“ D ito isso, papai pegou Segatashya em seus bragos e foi em diregào às p l a n t a j e s , carregando-o de volta para casa. Por to d o o tem po em que papai o esteve carregando, m eu irm áo estava pensando ñas últim as palavras que C risto lhe dissera naquela prim eira aparigáo: Agora vá e ponha em pràtica voce tam bém aquilo que eu lhe pedi para falar. Se voce continuar se saindo bem , eu irei vè-lo novam ente m uito em breve. ” “ Segatashya me contou que o sentim ento que ele experim entou quando estava com Jesus era de um conten tam ento indescritível, que naqueles m om entos ele nào se preocupava com m ais nada, nem com suas p l a n t a j e s , nem com seu lar, nem m esm o com sua fam ilia. Tudo que ele queria era estar com Jesus e nunca m ais voltar. Jesus tinha prom etido voltar se Segatashya continuasse entre gando sua m ensagem de form a satisfatória. Por isso, m eu irm ào jurou p raticar e espalhar a m ensagem p ara que Cristo fosse visitá-lo o u tra vez.” “Antes m esm o de m eu pai e meus tios terem trazido Segatashya de volta p ara casa, ele já estava repetindo a m ensagem Jo Senhor. Ele disse ao nosso pai e tios que eles deviam purificar seus c o r a j e s porque Jesús ia retor n ar em breve e todo m undo devia estar prep arad o .” “ M eu irm ào estava repetindo a m ensagem m uitas e m uitas vezes qu an d o papai o carregou p ara dentro de nossa cabana e o colocou em sua esteira de dormir. M am àe se apressou em diregào a Segatashya e colocou suas m àos ñas bochechas dele - eia viu que ele estava deliran do, m as ficou confusa porque ele náo estava com febre e nào tinha nenhum sinal de m achucado na cabera. Eia nos m andou a nós, os m enores, buscarm os baldes de água gelada no córrego e passou o resto daquele dia e a noite inteira ao lado de Segatashya, m olhando-o com esponjas e colocando com pressas de água em sua testa. Saíam lá grim as de seus olhos enquanto a s i t u a j o dele náo m elhorava. M am áe tem ia que algum a pessoa vingativa tivesse envenenado seu filho m ais velho, ou, pior, que Segatashya
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tivesse, de algum m odo, ofendido algum a bruxa local, a qual poderia ter usado m agia negra p a ra lanzar um feitigo nele.” “E nquanto isso, pessoas da fazenda de H u b e rt comegaram a fofocar sobre o garoto pelado que afirm ava ser m ensageiro de Deus. Por volta do nascer do sol no dia seguirne, urnas duas dezenas de pessoas tinham se ju n ta do em volta de nossa cabana e pediam p ara ver o garoto que tinha conhecido Jesús. Alguns estavam praguejando contra ele e to d a nossa fam ilia, cham ando-nos de pagaos idólatras, dizendo que estávam os insultando Jesús... M as outros queriam ouvir o que o Senhor tinha dito a Sega tashya. M eus outros irm áos e eu estávam os com pleta m ente confusos - nós náo sabíam os quem era Jesus e o p orqué das pessoas estarem táo bravas com Segatashya, que era o g aroto mais agradável do m undo.” “Eu me lem bro de meu pai, que ficou m uito enterneci do e preocupado com a saúde de Segatashya, saindo enfu recido de nossa cabana e gritando com as pessoas que es tavam fora para que elas se retirassem dali. ‘M eu filho está doente, po r que vocès ficam nos incom odando? Saiam de perto de nossa casa - todo esse barulho está deixando minhas cabras nervosas, saiam daqui antes que vocès fagam elas fugir. N ós som os trabalhadores pobres, náo podem os com prar anim as novos! D eixem -nos em paz!’” “D epois, papai voltou p ara dentro da cabana e comegou a gritar com Segatashya. ‘O que há de errado com vocé? Por que vocé está falando todas essas coisas sem sentido? Vocé náo está doente, vocé náo bateu a cabe ra ... Vocé está perfeitam ente sáo e saudável! E ntáo por que vocé fica ai sentado balbuciando coisas sobre alguém cham ado Jesus, quan d o deveria estar colhendo feijóes antes que eles com ecem a apodrecer no cháo? N ós nem sequer sabem os quem é este tal de Jesús!’” “ M ais pessoas se juntavam do lado de fora, dezenas e dezenas de pessoas, e Segatashya se levantou de sua esteira e saiu para o nosso jardim em frente de casa p a ra ir
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ao encontro délas. Im ediatam ente, ele caiu de joelhos no châo lam acento e entrou em o u tro estado de transe. Eu acho que era o inicio da segunda apariçâo de Cristo para ele, m as eu nâo pude ver m uita coisa. Papai me levou p ara dentro de casa e fechou a p o rta com força, dizendo: ‘Esse garoto está fazendo gracinhas. Ele pode ficar fora de casa p a ra sem pre, no que depender de m im . Veja bem aqueles lunáticos chegando p ara ver ele! M etade do povoado está lá fora agora... Eu nâo quero nenhum de voces prestando atençâo nele quando ele estiver assim !’” “M inha m âe estava desvairada. Ela ten to u sair para ter certeza de que seu filho estava bem , m as papai nâo deixou. Eu nâo sei por q u an to tem po ficamos sentados no escuro naquele dia de veráo esperando que Segatashya term inasse seja lá o que ele estivesse fazendo lá fora. M as, quando ele finalm ente abriu a p o rta e entrou, ele estava sorridente e m uito sereno. Papai com eçou a interrogá-lo na m esm a hora. ‘Q uem é ele? Q uem é esse Jesús que tom ou conta do seu cérebro? Ele é algum tipo de novo deus espiritual que eu nunca ouvi falar ou é algum tipo de c u ra n d e ro ? Q uem é ele?! R esponda já, g aro to !’” “ E, entáo, pela prim eira vez, Segatashya ten to u expli car p a ra nossa fam ilia quem era Jesús exatam ente:” Tudo que eu posso lhes dizer agora é que Jesús veio me ver e que ele vive em um Paraíso além deste mundo. Ele é um ser m uito m elhor do qualquer outro ser hum ano que eu já conheci ou vou conhecer. Seu poder é magnífico e trem endo, mas assim é o poder do amor. Ele am a todas as pessoas do m undo com urna força m aior do que o calor do sol. Seu am or é mais potente do que a força de mil cachoeiras. Ele criou esse m undo e tudo o que está nele, incluindo todas as pessoas de todos os lugares. Ele me contou que o m undo irá acabar em fogo e que ele retornará ao m undo para levar consigo todos os que vivem com o coraçâo puro e o am am, para que subam ao Paraíso e vivam com ele para sempre. M as nossos coraçôes devem estar puros quando ele retornar; nós devemos viver como ele viveu quando esteve na Terra, há m uito tempo. Ele é o mais honrável dos homens e o espirito mais puro do universo. N ós devemos respeitá-lo, reverenciá-lo e am á-lo com todo o nosso 97
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coraçâo e alma. N ós devemos fazer o que ele nos pede sem questionar, e agora eu devo com partilhar a mensagem que ele me deu com aqueles que vieram até nossa cabana procurando por suas palavras.
“Após dizer isso, Segatashya levantou-se de sua esteira e foi para fora ao en co n tre das duas ou très pessoas que ainda estavam na frente de nossa cabana. Ele disse a elas: ‘Elaverá m uito sofrim ento no m undo nos dias que viráo. M uitas lágrim as iráo ro lar se as pessoas de to d o o m undo nâo levarem vidas p uras e nâo transform arem seus coraçôes e com eçarem a am ar v erd a d e ram e n te a Jesús e uns aos outros. Todos vocés devem renovar seus coraçôes e se p repararem p ara en co n trar Jesús qu an d o ele re to rn a r’.” “M eu pai estava furioso. Ele correu p a ra fora e grudou ñas orelhas de Segatashya e o a rra sto u de volta para d entro de nossa cabana. Ele o surrou com m uita força e durante um bom tem po, m as m eu irm âo nâo reclam ava. Em vez disso, ele apenas perguntava a papai se ele o deix aria sair p ara transm itir a m ensagem do Senhor p ara as pessoas do m undo. Isso só fazia crescer a fúria de m eu pai ainda m ais. ‘Você nâo vai a lugar nenhum e nâo vai falar com ninguém !’, gritou papai. Ele pegou um a corda e am arro u as m âos e pés de Segatashya. ‘Eu vou te soltar quando você concordar em p a ra r de falar abo b rin h a e voltar ao trab alh o nas plantaçôes. Até là, você vai ficar bem ai onde está!’” “M as, na m anhâ seguinte, quando acordam os, vimos que as am arras de Segatashya estavam desfeitas e que ele estava là fora, em nosso jardim , novam ente. Estava de joelhos e olhando para o Céu. Ele estava m uito feliz e satisfeito, com um enorm e sorriso no rosto e acenando com a cabeça, com o se estivesse concordando com o que alguém estava lhe dizendo. Dezenas de pessoas pararam p ara olhá-lo com um silêncio m aravilhado e m uitas ou tras chegavam a cada m inuto. Eu nâo sabia disso naquela hora, m as naquele exato m om ento Jesús estava conver sando com Segatashya. Era 4 de julho de 1982 e m eu ir m âo estava vendo o utra apariçâo. Felizmente, papai tinha
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saido p ara colher nosso feijào, senào eie teria dado urna surra em Segatashya naquela h o ra e là m esm o, nào im portasse com quem eie estivesse conversando!” “Pareceu que se passaram m uitas horas... Segatashya estava dizendo coisas que eu nào conseguía com preender naqueles días, m as depois aprendi que eram o r a j e s e coisas da Biblia que Jesus estava lhe ensinando. Em algum m om ento naquela tarde, eie finalm ente se levantou e com e^ou a pregar para a m ultidào que tinha se reuni do. Eram , pelo m enos, 400 ou 500 pessoas, todas com os olhos colados em m eu irm ào. O que eie falou para elas foi o seguinte:” Jesus està dizendo isto a vocès: Q ue cada um de vocès procure a m inba verdade e siga o caminho que tracei na Bi blia para toda a bumanidade. Q ue cada bom em e m ulher seja fiel a cada palavra que eu falei. Q ue todos os que sabem que eu caminbei um dia sobre esta Terra estejam cientes de que retornarei a este m undo, e que todos teráo de prestar contas a m im , para que eu os julgue a firn de saber se viveram suas vidas de acordo com m inbas palavras, pois minhas palavras sao tesouro celestial. Todos os que buscam por prazeres m u n danos em vez da verdade de m inhas palavras estáo pondo em risco suas almas eternas. Vejam m inhas palavras em M ateus 24,35 - Passarào o céu e a terra. M inbas palavras, porém, nào passarào.19 E leiam m inhas palavras que foram registradas na Biblia, para vocès terem certeza de que tudo o que eu digo lá é verdadeiro e que certamente acontecerá.10
Christine sorriu ao se lem brar. “ M inha irm á, m eus irm àos e m inha m áe estavam chocados de ouvir o nosso tím ido Segatashya falar táo confiantem ente e com tan ta ’’Retirada da “Biblia de Jerusalém - N ova edi^áo, revista e am pliada” , 4a impressáo, 2006, Ed. Paulus. ffl“A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto redigida sob a mo^áo do Espirito Santo” . “ Q uanto á Sagrada Tradifüo, ela ‘transm ite integralmente ios sucessores dos A póstelos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espirito Santo aos Apóstolos para que, sob a luz do Espirito de verdade, i le*., por sua p re g a d o , fielmente a conservem, exponham e difundam . Daí rem i I i . i que a Igreja, á qual estáo confiadas a transm issao e a in te rp re ta d o da Kcvelaijáo, “nao deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado uimcntc da Sagrada Escritura. Por isso, am bas devem ser aceitas e veneradas i imii igual sentim ento de piedade e reverencia” (CIC, $ 81-82). 99
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autoridade para tantas pessoas - incluindo m uitas pessoas m uito estudadas, padres e m inistros. N ós prestam os aten^áo em cada palavra que ele disse, m as falham os com pletam ente em ten tar entender de onde ele tinha tira do tantas in f o r m a le s . Segatashya nao sabia 1er ab so lu ta m ente nada, nunca tinha en trad o em urna igreja e nunca tinha visto urna Biblia. N aquele m om ento de sua vida ele nem sequer sabia o que era urna Biblia. E, contudo, lá estava ele fazendo cita j e s da Biblia... E m ais tarde fom os inform ados de que as palavras que ele tinha citado eram exatam ente as palavras do N ovo T estam ento, ou eram , ao m enos, paráfrases bastante aproxim adas.” “D epois que falou com as pessoas, ele entrou em nossa cabana e nos deu adeus. Ele explicou: ‘Jesús disse-me que devo ir a K ibeho, onde as estudantes visionárias estao falando com sua m áe. Ele disse que eu devo ir até lá para receber mais m ensagens dele. Estou indo em bora agora e vou voltar quando Jesús me falar para voltar.” ’ “ Segatashya partiu p ara Kibeho e náo m uito tem po depois ele com e^ou a falar com Jesús no palco onde as trés visionárias estavam vendo a Virgem M aria. T áo logo isso aconteceu, ele se to rn o u fam oso p o r todo o país. M ilhares de pessoas vieram até nossa casa para ouvi-lo falar com o Senhor e p ara p erguntar com o era Jesús ou o que as m ensagens significavam .” “Vocé náo acreditaria no pandem onio que se criou depois que meu irm áo se to rn o u conhecido em Kibeho. N ossas p l a n t a j e s foram pisoteadas pelas m ultidóes e algum as pessoas derru b aram nossas cercas enquanto tentavam chegar m ais perto dele. Eles quase destruíram nossa cabana p rocurando por algum a re c o r d a d o que pudessem levar consigo. Eu me lem bro de um hom em enchendo seus bolsos com pedras de nosso quintal, um garoto que pegou urna das velhas cam isetas de Segatashya em nosso varal e urna m ulher que arrancou urna b atata de nossa horta com o se isso fosse algum tipo de reliquia santa. E nquanto a m aior parte de nossos ‘visitantes’ era 100
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piedosa e realm ente interessada em ouvir a m ensagem de C risto, alguns eram agressivos e continuavam a insultar Segatashya e o resto de nossa fam ilia sem pre que entrávam os ou safam os de nossa cabana.” “A quela situaçâo era m uito difícil p ara meu pai, que nào sabia lidar com todas aquelas pessoas e sentia que nâo conseguía m ais proteger sua fam ilia. Tam bém foi m uito difícil para ele perder o seu filho, que sem pre ti~ nha sido um bom trabalhador. Segatashya ainda realizava suas tarefas, mas, quando Jésus falava para ele ir a Kibeho para co m p artilh ar um a m ensagem , ele partia no m esm o instante. A contecía tam bém de ele estar tra b a lh a n d o na plan taçâo e algum a pessoa ir lhe perguntar algo a respeito das m ensagens. Ele largava tudo e conversava com a pessoa por horas para ter certeza de que ela entendeu com pletam ente as palavras do Senhor.” “ Segatashya prom eteu que ajudaria ta n to q u an to pudesse nas plantaçôes e com as cabras, m as Jésus tinha dito a ele que a obra de sua vida era espalhar a palavra de Deus. O Senhor disse a Segatashya que ele dévia con servar sua força e devotar to d o o seu ser a espalhar as m ensagens que estavam sendo entregues, pois essas m en sagens deviam ser levadas ao m undo to d o . ‘Levar as m en sagens de Jesús p ara o m undo inteiro é o principal obje tivo de m inha vida agora. Tudo o mais ficará em segundo plano. O Senhor deve vir sem pre em prim eiro lugar’, nos disse ele.” “Jesús enviou Segatashya em missôes para ou tras regióes, com o objetivo pregar as m ensagens do Céu. Por causa disso, havia longos períodos de tem po em que ficávam os sem vé-lo, nem po r um pequeño m om ento que fosse. H o rd a s de pessoas continuavam a aparecer em nossa casa todos os dias esperando cap tar ao m enos um vislum bre dele. Eles batiam em nossa p o rta a qualquer hora exigindo falar com Segatashya e havia sem pre duas ou très centenas acam padas em volta de nossa cabana. O to rm en to ficou insuportável p ara nós e m eu pai decidiu 101
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se m udar com toda a fam ilia para o mais longe de Kibeho que nos fosse possível. M as meu irm ao se recusou a se m u dar conosco - ele queria estar sempre perto de Kibeho e da p la n ta d o onde Jesús falou pela prim eira vez com ele.” “Á m edida que o tem po passava, nós entendem os o qu an to a m issáo de Segatashya era séria. íam os a Kibeho p ara ouvi-lo quan d o ele tinha algum a visáo. E, quando estava em casa conosco, ele pedia para que nos juntássem os a ele em ora^áo pela m anhá, ao m eio-dia e á noite. Ele falava constantem ente sobre as m ensagens de Jesús, m esm o quando estava dorm indo. As m ensagens se torn aram parte de quem ele era. Se ele nao estava rezando ou espalhando as m ensagens, ele entoava cangóes que o Senhor tinha ensinado a ele.” “Eu me lem bro de urna em especial que ele cantava m uito e que eu ainda canto para m inha filha hoje em d ia ” : Eu lhe dou urna nova lei, para que améis Uns aos outros como vos tenho am ado. Deus querido, eu escolhi segui-lo E irei louvá-lo por toda m inha vida. Abengoado é aquele que nao faz C om panhia aos pecadores, Abengoado é aquele que nao faz Com panhia aos escarnecedores. Eu lhe dou um a nova lei, para que améis Uns aos outros como vos tenho am ado. Deus querido, eu escolhi segui-lo E irei louvá-lo por toda m inha vida.
“ Q uando Segatashya estava em casa, ele constante m ente nos lem brava que devíam os p a ra r de trab alh ar ta n tas vezes ao dia e c o m é tan n o s a pensar em nossas almas e em nossa vida eterna. Ele nos disse que nada era mais im portante e que devíam os achar algum tem po para cui dar disso. Se reclam ávam os que nao tínham os tem po para rezar porque tínham os que trab alh ar p ara ter dinheiro e com ida, ele nos censurava, dizendo: ‘N ao sejam tentados 102
CRIANZA, FILHO, IRMÀO E VISIONARIO PRINCIPIANTI;
pelos tesouros deste m undo. Tudo isso irá acabar e tudo o que está na Terra irá perecer... Sejam felizes com o que voces já possuem e sejam gratos ao tem po que tèm para rezar e se tornarem pessoas m elhores’.” “ C om o passar do tem po, nós passam os a acreditar no que Segatashya tin h a nos falado e vimos os bons frutos de todas as o r a j e s e a sabedoria contida ñas m ensagens. Ele foi batizado m enos de um ano depois de ter visto a prim eira apari^ào de Jesus e to d o m undo na fam ilia o seguiu. Todos nós fom os batizados na fé católica.” “ Eu sem pre me lem bro de ficar pensando, quando era garo ta, que m eu irm áo converteu os c o r a j e s de nossa fam ilia a Jesus e depois saiu p a ra converter os c o r a j e s do m undo in teiro ” , disse Christine, com os olhos repletos de amor.
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CAPÍTULO 5
PR O C U R A N D O SEGATASHYA
Após a publicaçâo de L e ft to Tell, eu fui abençoada com centenas de convites de grupos ao redor do m undo que pediam para que eu os visitasse e com partilhasse com eles a m inha historia - a historia de encontrar Deus em m eio a um genocidio e aprender através do seu am or a perdoar as pessoas que assassinaram m inha fam ilia em 1994. M inha alm a cantou com alegria ao saber que m eu li vra tinha tocado os coraçôes das pessoas e que m uitos estavam ansiosos em p raticar e receber perdâo. E, é claro, eu estava (e sem pre estarei) m uito feliz em ir a qualquer lugar p ara falar sobre a graça regeneradora do am or e do perdâo de Deus. M inhas conferências me levaram a todos os lugares do m undo. Eu descobri que, aonde quer que eu fosse, os costu mes e as lin^uagens podiam ser diferentes, m as as pessoas que vinham ouvir m inha historia tinham sempre ao m enos um a coisa em com um : coraçôes abertos a receber m inha m ensagem de que a m aior e mais excelente força redentora no universo é o poder do am or e do perdâo de Deus. E quai expressâo do am or de Deus poderia ser m elhor do que as m ensagens que M aria e Jésus levaram a Kibeho? Q ue expressâo do poder redentor do am or de Cris to poderia ser m elhor do que as m ensagens entregues po r Segatashya, que nos asseguram a vida eterna no Paraíso se nossos coraçôes realm ente aceitarem o am or de Deus? E m bora houvesse apenas pequeñas m ençôes a Kibeho em meus dois prim eiros livros, freqüentem ente as pesso as me pediam , durante m eus pronunciam entos públicos, para que falasse sobre as très estudantes visionárias que já foram aprovadas pelo Vaticano. C laro, eu am o con versar sobre Kibeho e sem pre que possível abordava o visionàrio “nâo-oficial” , o g aroto pagâo que conheceu Je sus - m eu favorito, Segatashya. E eu poderia falar m uito
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carinhosam ente sobre ele e sua extrao rd in ária relagáo com o Senhor. Q uan d o as pessoas me abordavam após urna de minhas palestras, m uitas vezes a prim eira coisa sobre a qual me perguntavam era a respeito de Segatashya. Isso aconteceu centenas de vezes, do Jap áo á Islándia. M eu coragáo sem pre acelerava quando alguém me perguntava sobre Kibeho e o m eu querido Segatashya - e eu estava sendo questionada a respeito deles com ta n ta freqüéncia que eu tinha certeza de que m eu coragáo ia acabar pulando p ara fora. As pessoas tinham ta n to interesse em K ibeho que eu decidi escrever um livro p ara apresentar os visionários ao m undo, e, p o r isso, comecei a tra b a lh a r em O u r Lady o f K ibeho. M as, antes de com e^ar a escrevé-lo, eu queria fazer o u tra p e re g rin a d o e reunir o m áxim o de inform aj e s sobre as visionárias e suas m ensagens q u an to fosse hum anam ente possível. Q uando sentei para planejar m inha viagem, eu com e cei a pensar em todas as pessoas que tinha encontrado e que estavam táo curiosas a respeito de Segatashya. Eu queria poder levar todas elas a R uanda comigo e deixá-las experim entarem por conta própria com o era estar em Ki beho e ir aos lugares onde os visionários estavam quando a Virgem M aria e Jesús apareceram para eles. E depois eu pensei: Por que nao posso levar todos eles a Ruanda com igo? E claro que eu náo poderia levar a todos... Eu precisaría do m eu próprio aviáo Jum bo para fazer isso. M as náo havia razáo p ara que eu náo pudesse levar ao m enos alguns deles comigo. ¡m ediatam ente cham ei urna am iga que era m uito boa em trab alh ar com to d a a logística de planejam ento de grandes viagens e perguntei-lhe o que era possível fazer. Ela sugeriu náo mais que um a dúzia de pessoas para o que ela previu ser a prim eira de m uitas p e re g rin a je s no sentido Am érica-K ibeho que eu iría liderar. N ós enviam os alguns convites e a resposta foi im ediata e im pressionante. 106
PROCURANDO SEGATASHYA
R ápidam ente reunim os 12 peregrinos am ericanos curio sos a respeito de Kibeho, com prom etidos com a jornada e com vóos já reservados p ara Kigali. Eu tive que rir da ironia da situagáo, lem brando-m e de com o m eus pais me proibiam de me ju n ta r as peregri n a j e s do Padre Rw agem a a Kibeho. E agora eu estava liderando um grupo de peregrinos com destino ao m esm o lugar! N ovam ente o u tro dos m isteriosos cam inhos pelos quais se m ove o Senhor... M eus pais devem estar sorrindo lá no Céu. A e x c ita d o estam pada nos rostos cansados daqueles prim eiros peregrinos am ericanos en q uanto desem barcávam os no A eroporto Internacional de Kigali está gravada em m inha m em oria. A exaustáo que cada um deles sentia era superada pela alegría de com pletar a prim eira fase de nossa p e re g rin a d o . Eu ria quando um dos peregrinos me perguntava se Segatashya já tinha voado p ara além daquele aeroporto. A pesar do aero p o rto de Kigali ser m inúsculo, era diver tido im aginar aquele g aroto pagáo, de pés descalzos, subindo a b ordo de um aviáo com ercial. M as, quando eu parei p ara responder á questáo, eu percebi que simplesm ente náo sabia se Segatashya já tinha entrado em um aviáo ou náo. N a verdade, ocorreu-m e que, apesar de eu conhecer a sua voz táo bem q u an to a de meus irm áos e ter m em orizado m uitas das suas m ensagens, eu náo sabia quase n ad a a respeito dele. N aquela altu ra, tu d o o que eu sabia sobre Segatashya era um a coisa ou o u tra a respeito do seu contexto fa miliar, o fato de que suas apari j e s públicas com e^aram em 2 de julho de 1982 e term inaram exatam ente um ano depois, alguns detalhes sobre suas viagens locáis e que ele tinha tra b a lh a d o p o r algum tem po na U niversidade N a cional (onde eu o encontrei brevem ente) antes do genoci dio. Eu estava m uito pouco inform ada p a ra alguém que estava planejando escrever um livro que iría apresentá-lo de form a táo proem inente. 107
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Eu já cheguei a possuir pilhas de fitas com Segatashya falando e um m o n táo de cadernos nos quais eu tinha transcrito m uitas de suas conversas com C risto, bem com o as r e c o r d a r e s do Padre Rw agem a, que tinha en trevistado o jovem visionàrio inúm eras vezes. M as todo esse m aterial foi perdido durante o genocidio, quan d o os assassinos que m ataram m inha fam ilia queim aram nossa casa inteira, junto com tudo que era m eu. E, p a ra piorar, eu era capaz de pensar em apenas algum as poucas pessoas que tinham sobrevivido ao m assacre e que conheceram o jovem visionàrio pessoalm ente. E nquanto pegávam os nossa bagagem , eu fiz urna pequena o r a d o à Virgem M aria, pedindo à m inha abengoada e am ada M ae que me guiasse até alguém que tivesse conhecido Segatashya bem, p ara que, assim , eu pudesse com partilhar aquelas preciosas in f o r m a le s com o m u n do. D entro de um a h o ra após deixarm os o aero p o rto , a Santissim a Virgem respondeu m inha o r a d o . Com a assisténcia da m inha am iga que me ajudou a planejar a p e re g rin a d o , um m icroónibus foi co n tratad o p a ra pegar nosso grupo no aeroporto e nos tra n sp o rta r até nossos alojam entos tem porários nos arredores de Ki gali. Eu decidi que o grupo de peregrinos poderia ter uns dois dias de descanso e o r a d o p ara se recuperar do vóo dos Estados U nidos e se acostum ar com a Africa, que eles estavam conhecendo pela prim eira vez. Tam bém suspeitei que os viajantes apreciariam um a pausa em nossa viagem q u an d o percebessem que o giro até K ibeho, que duraria entre seis e oito horas de viagem , seria na m aior parte do tem po por estradas m ontanhosas constituidas de conti nuas curvas fechadas, que seria, entáo, seguido po r um a corrida de quase 50 quilóm etros ao longo de um a velha e vertiginosa estrada de chao de 200 anos repleta de b u ra cos com proporgóes bíblicas do principio ao fim. “Apenas relaxem e curtam a paisagem aqui antes de irm os a K ibeho” , anunciei pelo sistem a de som do ónibus, no m om ento em que entrávam os no pàtio da Foyer 108
PROCURANDO SEGATASHYA
de C harité, um bonito retiro católico p ara o quai fomos convidados a ficar enquanto perm anecêssem os em Kigali. F undada na França durante a década de 1930, a Foyer de C harité é um a ordem religiosa que rápidam ente se ram ificou e criou raízes ao red o r do m undo. Floje eles oferecem casas de repouso em m uitos países p a ra m ilhares de viajantes e peregrinos que estào em busca de um calm o e pacífico refugio p a ra reflexâo espiritual e recarregam ento das energías. O centro contem plativo da Foyer C harité nos arre d o res de Kigali oferece um a visáo totalm ente livre e de tirar o fólego das m ilhares de colinas que po n tu am a paisagem ruandesa. Eu assistia com orgulho enquanto os peregri nos pulavam p ara fora do ónibus e se inebriavam com a beleza da m inha terra natal. “ Posso ver por que Jesús e M aria quiseram vir p ara R u a n d a ” , disse um dos meus am igos am ericanos, to d o efusivo. “ Realm ente se parece com o Paraíso - com o o Céu na terra.” Após nos ajeitarm os em nossos quartos, fom os cumprim entados pelo diretor da Foyer C harité, que era nao só o nosso anfitriáo, m as tam bém um hom em com o qual eu estava m uito bem fam iliarizada e que sem pre tinha es perado conhecer. Seu nom e era M on sen h o r Félicien M ubiligi, em bora ele se referisse a si pró p rio hum ildem ente com o um simples pároco e pedisse aos peregrinos que o cham assem apenas de Padre Félicien. Eu nào tinha a m e n o r idéia de que o Padre Félicien, um hom em verdadeiram ente gentil e sacerdote realm ente repleto de com paixáo, estava conduzindo aquele retiro... M as nada poderia ter me deixado m ais feliz. O Padre Félicien desem penhou um papel im portante no reconhecim ento oficial, po r p arte do V aticano, das très estudantes visionárias de K ibeho - A lphonsine, A nathalie e M arie-C laire. E eu acho que o seu trab alh o (o Padre Fé licien já faleceu) um dia será m uito influente p ara a Igreja no sentido de dar reconhecim ento oficial ás m ensagens e apariçôes recebidas por Segatashya. Veja só, o Padre 109
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Félicien estudou e analisou cuidadosam ente o conteúdo religioso de cada urna de todas as aparigóes vistas po r Segatashya. O envolvim ento do Padre Félicien com Kibeho comegou em 1982, quan d o o Bispo de Butare, Jean-Baptiste G aham anyi, ficou pessoalm ente convencido de que as aparigóes que A lphonsine, A nathalie e M arie-C laire estavam vendo eram auténticos m ilagres. Sem fazer um pronunciam ento oficial a respeito da validade dessas visóes, o Bispo G aham anyi preparou-se p ara provar a verdade (ou a falsidade) das aparigóes organizando urna equipe form ada por m em bros proem inentes das com unidades m édicas e teológicas de R uanda, para que estudassem os visionários e o conteúdo de suas visóes. O Bispo G aham anyi escolheu a dedo os experts que ele queria que form assem o tim e de “ Detetives de M ila gres” que foi despachado rum o a Kibeho para exam inar as aparigóes. Ele estava ciente de que as aparigóes poderiam co n tin u ar p o r anos e que os investigadores poderiam enfrentar sérios perigos (lembre-se de que, onde quer que o bom tra b a lh o do Senhor esteja sendo feito, Satanás lá estará tam bém , ten tan d o cobrir com trevas a luz de Deus!). Sendo assim , ele precisava de pessoas fortes e dedicadas que estivessem dispostas a p o r em teste sua fé e a se com prom eter po r anos de tra b a lh o extrem am ente penoso e estudo rigoroso. Q uando o Bispo sentiu que finalm ente tinha ao seu lado as m ais bem treinadas m entes do país, os m em bros foram divididos em duas unidades investigativas distintas: o time teológico e o tim e m édico-psiquiátrico. Por fim, os dois times se to rn aram conhecidos com o a entidade única que m encionei anteriorm ente: a Com issáo de Inquérito. Depois que a Com issáo comegou a estudar os visionários, o Bispo G aham anyi aprovou Kibeho com o lugar de devogáo pública em R uanda. Ele aprovou tam bém recursos p ara a construgáo de um am pio palco no qual os visioná rios poderiam ficar enquanto se com unicavam com o Céu, 110
PROCURANDO SEGATASHYA
bem com o para a instalagáo de um m oderno sistema de som, a fim de que as m ensagens dos visionários pudessem ser transm itidas pelas colinas de Kibeho e pelo rádio, en tran d o virtualm ente em todos os lares do país. M as o Bispo foi m ais além e deu o m áxim o de si para apoiar pessoal e publicam ente os visionários em todos os sentidos. Ele se to rn o u am igo de Segatashya e m uitas vezes convidou o jovem pastor p ara fazer refeigóes com ele e tam bém p a ra ficar no q u a rto de hospedes de sua casa em Butare quando Segatashya saía da aldeia de seus pais para ir até K ibeho com o objetivo de transm itir as m ensagens de Jesús C risto. Talvez tenha sido a urgencia das m ensagens de Sega tashya a respeito do fim do m undo e da necessidade de todos nós im ediatam ente p re p a ra m o s nossas alm as p ara o D ía do Julgam em o que fez com que o Bispo G aham anyi quebrasse o protocolo da Igreja. Antes que o Vaticano tivesse feito qualquer afirm agáo oficial sobre K ibeho, o Bispo concedeu urna entrevista p ara com panhias internacionais de noticias e disse: “Eu tenho absoluta certeza de que algo sobrenatural ocorreu em K ibeho. A m ensagem é verdadeira; as pessoas devem se p reo c u p a r” .21 A ousadia do Bispo chocou m uitos representantes da Igreja C atólica, m as ele conquistou os coragóes de m ui tos peregrinos cuja fé nasceu ou se fortaleceu gragas ás m ensagens que estavam sendo entregues em Kibeho. Sua coragem tam bém conquistou a eterna lealdade de m uitos m em bros da Com issáo de Inquérito, tais com o o Padre Félicien. O Padre Félicien era m uito entendido no que se refe ria a K ibeho e, p o r isso, eu nao tinha que me preocupar em entreter meus peregrinos am ericanos durante aquela prim eira noite em Kigali - todos eles queriam conversar 21As apariijöes de N ossa Senhora em Kibeho foram aprovadas pelo Decreto de 29 de junho de 2001, da diocese do Gikongoro, em itido após C onsulta da Santa Sé e da Conferencia Episcopal dos Bispos de R uanda; na ocasiäo, vale ressaltar, aprovaram -se apenas as apariföes da Santissima Virgem. 111
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
com o sacerdote sobre as visionárias de K ibeho e saber tudo sobre as conversas de Segatashya com Jesús. N ós nos juntam os a ele na sala de jan tar da Foyer C harité para a refeiçâo n o tu rn a , onde conversam os sobre Sega tashya durante todo o jan tar e até as prim eiras horas da m anhá. M esm o depois de alguns peregrinos já terem se recolhido aos seus quartos p a ra dorm ir, eu continuei a conversar com o Padre Félicien - um a conversa que se estendeu, com parad as e recom eços, ao longo dos très dias seguintes. D urante to d o o tem po eu m an tin h a com igo um caderno de anotaçôes e um gravador. Eu estava certa de que a Virgem M aria tinha me levado ao Padre Félicien e me esforcei p a ra nao esquecer nenhum a palavra que ele dissesse. “ Eu nào posso declarar oficialmente que Segatashya era um visionàrio genuino” , com eçou o Padre Félicien, após ter dado graças p o r nossa com ida e com eçarm os a comer. “N â o estou em posiçâo de afirm ar algo assim e isso é algo sobre o qual o Bispo e o V aticano é que devem se p ro n u n ciar oficialmente. M as eu quero te falar isto antes de dizer qualquer o u tra coisa: de todos os visionários que eu entrevistei e estudei en q uanto era m em bro da Com issâo de Inquérito, foi Segatashya quem verdadeiram ente me fez acreditar nas apariçôes de Jesus e M aria em Kibeho. E que aquela é a verdade de D eus!” “Esse pequeño adolescente que nunca tin h a sequer ouvido falar em Jesús antes de se to rn a r visionàrio me fez acreditar de verdade que M aria e Jesús estavam real m ente visitando R uanda - e, após todos esses anos, minha crença nunca vacilou. E claro, sei que a Igreja nâo reconheceu as apariçôes vistas p o r ele - pelo m enos nâo ainda - , m as eu posso honestam ente dizer isto: após estu d ar suas m ensagens e conversar com ele em entrevistas ao longo de vários anos, eu nunca duvidei da veracidade de qualquer coisa que ele tivesse dito. E eu posso te dizer que, com relaçâo a Segatashya, as m ais altas autoridades da Igreja pensam exatam ente com o eu.” 112
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A s pergui/vtas que ■Segataskya fa z ia aJesús eraiM. tra n sm itid a s por a Lto-falantes -para que os s ilb a r e s de peregrinos que a correrán*. a hábeho pudessent ouvir cada unta das palavras.
s e g a ta s h y a conversando contjesús durante unta apari$ao no conteg.o do cha,o de S u a s palavras estao sendo g ra va d a s por ^ o m a \ista s, sacerdotes e m-en-t-bros da Contissao de iiA-quérlto. o va dre A fo llin a ire izw agenta, o sacerdote de ntin ha térra n a ta l, M ataba, está no canto direito. o Padre r w agem a wte dewcou ouvir to d a s as su a s g r a v a r e s dos vision arios de hcibeho - e aquetas fitas ntu daran t ntínha vida'.
.segfltflshyí) cont u n t rosário i/to •pescofo ent 1 5 2 3 . ele awtava rezar o rosario, aLgo que a virgen*. Maria •pedíu-lhe para fa z e r todos os d ía s de su a vida. Tztzar o rosário ■proporciona a todos 1'tós n tu ita s b e f a o s do C-éu.
s e g n td s h y c i beben-do de um.ct bacXci de â g u a bekvta c-oioc-ada ao
iado dopaLc-o Logo I ci-pos u.kvtci apariçâo, : evu-tJSZ.
um. sorridev^te segataskya em, wteados dos avtos s o du rante w,iM.a rara evttrevista gravada e\M. video tA,a qu.nL ele di.s6w.ti.ci as \M.evtsaqevts que estera i niM.partilhaiA,do en*. suas mXssôes i'm*. B.u.ru.iA.dL, Z/fllre (fltualmen-te i-'r|iû.bLi.c.n üen*.ocri$ti.c.a do Cou-go)
d m i ( piao g rn p o de peregrivtos agloncera-se vto Colégio de KÎ-beho evu, ± f)8 z ktt» h o u v ir Segcttcishyct e os ou±ros vislo\A,ârios trai^snu-itirem . wtevtsagevts 1|li' r h i . o tflkvccii/Uio d a Ldâo n tu L ta s v e ze s crescXct para 3 o im.î I ia-os (h iv. r.vw.. que s e g n tc is h y a rec-ebia as apariç-oes d e je su s.
ChnsUn-e, seus país e outros ¡■rmaos - que eran*. todos pagaos - flcaran*. tño tocados pelas M*en-sngeiA,s deJesús entregues por Segatashua que se coMerteravu. ao Cristi avi’ísi'uo.
Bu segurando a sobríi^Ma de s e g a tflshyn, TVierese Agateret&we, que estova covu. apegas sete kvceses de vida. M.m. típico gciroto rufliA.dés pastor que eu eM o^treí en*. un*.í vlagen*. recente a KÍbeho. Ble mora práám.o da térra \*.atal de s e g a ta sh y a e está cow í- t avto¿ a kM.esm.ci idade que seg n tash y c tLiAMa quniA-doJe s ú s apareceupe primeí-ra vez para ele.
PROCURANDO SEGATASHYA
“M as sem pre há os que duvidam - e por urna boa razâo. N o com eço da década de 1980, após as prim eiras apariçôes terem ocorrido em K ibeho, parecía que tinha visionários dando em árvores. M ais de 100 pessoas alegaram estar tendo visôes, e a Com issâo de Inquérito investigou m uitas délas. Felizmente, era bastante fácil e rápido rejeitar dezenas de falsas alegaçôes. Era obvio que m uitas pessoas entraram na ‘onda K ibeho’ com a esperança de obter lucro pessoal - ou porque elas queriam atençâo, eram m entalm ente degenerados ou porque estavam in fluenciadas por forças dem oníacas. N ós elim inam os esses tipos e rápidam ente resolvem os de form a cabal o proble ma das falsidades obvias.” “M as, quando chegou a vez de investigar o grupo cen tral de m ais ou m enos doze visionários, a Com issáo de Inquérito era extrem am ente m etódica e m eticulosa. N ós investigam os as apariçôes pela ordem em que ocorreram . Q uer dizer, as prim eiras apariçôes que ocorreram foram as prim eiras a ser estudadas. Com o vocé sabe, as prim ei ras très apariçôes foram da Virgem M aria p a ra Alphonsine, A nathalie e M arie-C laire. P o rta n te , essas estudantes e as apariçôes da Virgem M aria se to rn aram nossa prim eira prioridade.” “A pesar de Segatashya ter recebido algum as visitas de M aria, ele recebeu, principalm ente, m ensagens de Jesús. A investigaçâo das apariçôes de Jesús era, num certo sen tido, feita de form a separada - e, infelizm ente, consistía em deixá-la de lado até que tivéssem os term inado a inves tigaçâo de todas as apariçôes da Virgem M aria.”22 “D epois que a investigaçâo sobre as apariçôes de M a ria foi praticam ente concluida e nós despacham os nosso relatório inicial alguns anos m ais tarde, estávam os p ro n tos p ara exam inar mais atentam ente as visôes que Sega tashya teve de Jesús. Bem, pelo m enos eu estava p ro n to 22É preciso reafirm ar que para Diocese de G ikongoro, o Decreto de 29 de junho de 2001 é definitivo, nao estando em questao iniciar outros procedimentos esperando obter urna eventual aprova^ao de outros videntes. 113
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
p ara me com prom eter integralm ente com essa tarefa... M as havia um m ontáo de problem as em curso no país. Foi quando a guerra civil com egou, o que acabou a tra sando tudo. E em 1994 ocorreu o genocidio, o qual, essencialm ente, acabou com o m undo com o o conhecíam os, incluindo to d o o trab alh o da C om issáo. M uitos dos m em bros foram assassinados e a m aior parte da do cu m en tad lo e das gravagóes foi perdida para sempre. A aprovagáo de Segatashya com o visionàrio foi o u tra vítim a daquele horror, pelo m enos até agora.” “ M as eu nao som ente acredito que um dia ele será celebrado com o um dos m aiores visionários de todos os tem pos, com o tam bém creio que, em um futuro náo m uito distante, Kibeho se to rn a rá a m ais fam osa e mais visitada cidade da África, em grande parte grabas ao pe queño g aroto pagáo que conheceu Jesús.” Um dos m eus peregrinos perguntou ao Padre Félicien o que foi que Segatashya disse ou fez que lhe dava tan ta certeza a respeito dele ser um verdadeiro visionàrio. “ Esse g aroto tinha um conhecim ento que ele náo poderia ter adquirido p o r conta p rò p ria ” , respondeu o sa cerdote. “ Desde o c o m eto ele estava co n tando historias detalhadas da Biblia com o se as tivesse lido no dia an te rior, m as eu posso lhe assegurar que Segatashya náo sabia ler e nunca tinha ouvido qualquer pessoa lendo a Biblia. Eu sei que isso é um fato porque entrevistei cada um dos m em bros de sua fam ilia, todos os seus vizinhos, todos os seus am igos, os fazendeiros que o tinham em pregado e os colegas com quem ele tinha trab alh ad o ñas p l a n t a j e s de feijáo. Eu conversei com absolutam ente todas as pessoas que já tinham se encontrado com ele, do seu nascim ento, em julho de 1967, até a sua prim eira visáo de Jesús, em 2 de julho de 1982. E todas as pessoas com quem conversei a respeito de Segatashya disseram que, até Jesus ter a p a recido para ele, aquele g aroto jam ais tinha m encionado algum a vez a Biblia, Jesus, Deus ou a Virgem M aria.” “Apesar disso, desde a prim eira vez que o entrevistei oficialm ente p ara a Com issáo de Inquérito, ele era capaz 114
PROCURANDO SEGATASHYA
de discutir os dogm as da Igreja com igo, fazer interpre t a r e s das Sagradas Escrituras e recitar de cabera m ais ora^óes que m uitos sem inaristas iniciantes.” “ Por exem plo, em urna entrevista que fiz com ele em m eados de julho de 1982, ele disse que Jesús o havia ensinado o Pai N osso, que ele recitou p ara m im , e a form a de fazer o sinal da cruz. Eu lhe perguntei se Jesús tinha lhe ensinado outras ora^oes e ele disse: ‘N a o , ainda nao. M as ele disse que ensinaria a m an h á’.” “Alguém da Com issáo ficou de olho nele durante a noite toda e ninguém conversou com ele. N o dia seguinte, eu lhe perguntei se Jesús tinha ensinado algum a nova ora^áo para ele. Sem me responder diretam ente, ele se ajoelhou e orou: ‘Senhor m eu, Jesús C risto, Deus e hom em verdadeiro, C riad o r e R edentor m eu, p o r sedes Vós quem sois, sum am ente bom e digno de ser am ado sobre todas as coisas, e porque Vos am o e estim o, pesa-m e, Senhor, de todo o m eu coragáo de Vos ter ofendido; e proponho-m e firmem ente, ajudado com os auxilios de vossa divina graga, em endar-m e e nunca m ais to rn a r a Vos ofender, e espero alcanzar o perdáo de m inhas culpas po r vossa infinita m isericordia. A m ém ’.” “ Para aqueles de voces que nao sao católicos, saibam que esse é o A to de C ontrigáo, urna das oragóes que nós fazemos pedindo a Deus p ara que perdoe nossos pecados. O ra, Segatashya nao sabia essa oragáo no dia anterior e ele a recitou perfeitam ente, palavra por palavra! N ao tenho a m enor dúvida de que naquele m esm o dia Jesús veio .1 Ierra e ensinou a Segatashya o A to de C ontrigáo. Pelo t|ue me parece, esse fato em si já era um m ilagre. N os dias seguintes Jesús ensinou Segatashya a rezar o R osário, o ( ¡redo A postólico e m uitos hinos, ora^óes e provérbios.” “ M as Segatashya nao se lim itou a apenas m em orizar .is ora^óes ou passagens das Escrituras que Jesús lhe havía ensinado. Ele tinha um entendim ento teológico délas, dado por Deus. Q u an d o perguntei quais pecados ele tinIi.i com etido que precisavam do perdáo de Deus, Segai.ishya disse: 115
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Quem de nós nao tem um pecado para ser perdoado? M as a mensagem de contrigáo que Jesús me ensinou nao é apenas para mim e os meus pecados - é para que cada homem e m ulher rezem quando verdadeiram ente quiserem se arrepender dos seus pecados. O Fim dos Dias está próxim o e todos nós devemos pedir perdáo pelos pecados de nossas vidas... E devemos nos arrepender antes que Jesús volte para a Terra. Todos nós devemos purificar nossos coracñes do odio e do pecado rezando sinceramente o Ato de Contricao. Confessar nossos pecados para alguém é um bom cam inho para comegar a lim par nossas almas e nos prepararm os para o encontro com Cristo. Essa é urna das principáis mensagens que Jesús me pediu para levar ao mundo.
“E claro, Segatashya nao era nenhum a n jo ” , contin uou o Padre Félicien. “ C om isso quero dizer que ele era um g aroto m uito hum ano. Ele nem sem pre se lem brava perfeitam ente das coisas e certam ente nao com preendia im ediatam ente, e de form a integral, o significado de to das as m ensagens que Jesús tinha dado a ele. E o garoto nem sem pre era o m ais fácil dos estudantes p a ra um tu to r instruir... M esm o se acontecesse de esse tu to r ser o m aior professor da historia h u m an a!” “Por exem plo, durante m uitas das aparigoes de Jesús vistas por Segatashya ele questionava C risto sobre tudo o que o Senhor estava lhe contando. Eu sei que isso é verdade porque m uitas vezes eu fiquei bem ao lado de Segatashya no palco quan d o Jesús aparecia diante dele. O g aroto entrava em um estado extático e caía de joelhos táo logo sentia a presenta do Senhor. D entro de um ou dois m inutos, ele comegava a fazer perguntas a Jesús. Freqüentem ente, comegava reclam ando que as pessoas náo estavam reagindo bem o suficiente ás m ensagens e sugerindo que Jesús poderia fazer um trab alh o m elhor no que se refere a se com unicar com a hum anidade. F u nestam ente, algum as vezes eu tinha que virar meu rosto para rir das coisas que o g aroto dizia... Era realm ente urna gra^a ver essa doce crianza questionar cada urna das palavras de D eus.” “E claro, Segatashya era sem pre reverente e respeitoso - m as, ainda assim , ele poderia ser bastante atrevido! Se 116
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ele nao fosse tào inocente, eu acho que Jesus o teria ‘feri do’ com um pequeño relám pago po r ter sido tào descara do ás vezes. Eu queria estar com m inhas fitas aqui, para poder tocá-las para voce, m as, infelizm ente, náo as tenho mais. Elas foram todas destruidas durante o genocidio, juntam ente com os meus cadernos. M as eu posso dar alguns exem plos do que eu me lem bro.” “ Eu costum ava ficar no palco, ao lado de Segatashya, e gravar a sua parte da conversa com Jesus. A pós a aparigào, eu o entrevistava novam ente p ara registrar a parte do Senhor daquela m esm a conversa. Ao colocar juntas as duas partes, eu poderia recriar o diálogo entre o visionà rio e o Filho de Deus, o qual eu transcrevia e arquivava em m eu relatório p ara a C om issáo de Inquérito.” “Eu nunca vou me esquecer de um debate teológico em particular que Segatashya teve com Jesus a respeito do pecado, arrependim ento e perdáo. Com e^ou com o garoto sugerindo que Deus dizia urna coisa, mas fazia ou tra.” O Padre Félicien com egou a recitar a conversa entre o Senhor e o jovem visionàrio: Jesus, voce nos diz para am arm os nossos inimigos... Mesmo quando nossos inimigos nos prejudicam e parecem maus e pecadores. M as Deus nao travou urna luta contra Satanás e o jogou no inferno? Voce nos diz que Satanás é o nosso m aior inimigo e que devemos lutar contra ele e suas tentagóes. Voce poderia explicar com o, por um lado, voce nos diz para am ar mos nossos inimigos, e, por outro, parece tào obvio que voce odeia Satanás? M eu filbo, eu nao odeio Satanás - ao contràrio, é Satanás que m e odeia. Se Satanás se arrependesse e sinceramente pedisse perdào a Deus pelos seus pecados, entao ele seria perdoado e poderia voltar ao Céu. Mas, para que isso acóntela, Satanás deve se arrepender sinceramente, do fundo do seu coragao. Agora responda a essa questáo, meu filho: vocé sabe quantos tipos de confissoes existem?23 23“A Escritura fala de um pecado desses anjos. Esta ‘queda’ consiste na op^áo livre desses espíritos criados, que rejeitaram radical e irrevogavelnu iiua Deus e seu Reino. Temos um reflexo desta rebeliáo ñas palavras do Tentadoi ditas a nossos prim eiros pais: ‘E vós sereis com o deuses’ (Gn 3,5). O Dial») i ‘pecador desde o principio’ ( l jo 3,8), ‘pai da m entira’ (Jo 8,44). (\ o caralci 1 17
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Sim, Senhor. Com o vocé me ensinou, há duas formas de nos confessarmos. A prim eira é confessando nossos pecados francamente e se entristecendo profundam ente por te-lo ofen dido. N ós devemos nos arrepender de nossas transgressóes do fundo do coragáo, pedindo sinceramente o seu perdáo e nos com prom etendo em nunca mais cometer aqueles pecados novam ente. A segunda é confessando nossos pecados sem nos entristecermos e sem nos arrependerm os por term os pecado e lhe ofendido. Q uando confessamos dessa form a, sabemos que o nosso arrependim ento nao passa de exibicáo para fazer com que paregamos melhores aos olhos dos outros... E, den tro de nossos coragoes, sabemos que vamos pecar novamente na primeira oportunidade. M uito bem dito, m eu ftlho. Estou feliz por vocé se lembrar de nossa aula sobre o que é confessar verdadeiramente com o coragáo. Agora vocé consegue entender o que eu que ro dizer quando digo que Satanás será perdoado pelos seus pecados apenas quando confessá-los do fundo do corafáot Sim, Senhor, eu entendí. M as por Sata ser o Pai da M enti ra, difícilmente ele confessará com o coragáo... M as eu tenho muito mais a perguntar sobre isso, Senhor. Desculpe-me por fazer tantas perguntas, mas eu preciso de respostas e vocé nem sempre é claro. Entao, por favor, nao esconda nada e fale com clareza. Q uando vocé me envia para transm itir suas mensagens as pessoas, elas tam bém tém suas dúvidas. Por isso, eu devo estar preparado para respondé-las. Aqui está m inha pergunta: vocé está sempre me dizendo para repassar a mensagem que diz as pessoas que elas devem se arrepender porque o estado do m undo vai muito mal... Isso porque a hum anidade se tornou táo pecadora que o m undo agora está á beira da ruina. M as depois vocé tam bém me disse que Satanás era um anjo am ado por Deus que se tornou invejoso e O desrespeitou, e que foi assim que a guer ra no Céu comegou. Depois, Satanás foi jogado para fora do Céu e tem conduzido a hum anidade á perdigao desde entáo. Sendo assim, Senhor, me parece que todo o problem a no qual vive o homem agora comegou há m uito tempo, lá no Céu. Com o Deus pode culpar o homem por arruinar o m un do por causa de seus pecados quando foi realmente culpa do Céu ter deixado Satanás vir a este m undo e vaguear pela Terra como se fosse dono déla? irrevogável de sua opgáo, e nao urna deficiencia da infinita m isericordia divina, que faz com que o pecado dos anjos nao possa ser perdoado. ‘N ao existe arrependim ento para eles depois da queda, com o nao existe para os hom ens após a m orte’” (CIC, § 392-393).
PROCURANDO SEGATASHYA
M eu filho, os problemas da bum anidade nao comegaram no Céu, e nao bá nem urna polegada da Terra da qual Satanás possa se considerar dono. Tudo na Terra pertence ao Céu, nada pertence a Satanás. O s problemas causados por Satanás comegaram dentro do seu pròprio coragáo. Ele se recusou a ouvir a Deus e escolheu se separar de Sua familia celestial para viver à parte. Com o eu Ibe disse, Satanás seria perdoado se pedisse perdào a Deus em seu coragáo. Mas até boje Sata nás nao encontrou coragem ou sinceridade para se desculpar e pedir o perdào de Deus. Satanás nao irá se desculpar. Pense ñas familias que voce conbeceu enquanto crescia. Em algumas freqüentem ente bá urna crianga que se recusa a se tornar urna boa pessoa, nao im porta o quao intensamente seus pais im plorem para que isso acontega. Elas se recusam e se excluem por conta pròpria do am or que seus pais Ibes oferecem. A m esm a coisa acontece com Satanás - ele deu as costas ao am or oferecido de form a gratuita por Deus, como urna crianga petulante que foge de um lar amoroso. Deus permanece junto aos seus filbos amados e obedientes no Céu, e todos que o am am e o obedecem sao bem-vindos lá. Tudo isso que acontecen no Céu entre Satanás e Deus aconteceu antes de Deus criar o m undo e o bomem. Quando Deus criou o bomem, Satanás, em sua inveja e solidáo, determinou-se a destruir a relagáo do bom em com Deus. Desde a criagao da bumanidade, Satanás vem tentando enganar os bomens com mentiras e tentagóes, na esperanga de que o bom em irá amar mais o pecado do diabo do que a bondade de Deus. Satanás odeia sofrer em seu isolamento e, em vez de ficar sozinbo, tenta afastar o m áxim o de pessoas que ele puder da luz do am or de Deus e levá-las para a impiedade e o mal. Satanás quer que o bom em sofra com ele e seja amaldigoado como ele - pois nao bá sofrim ento maior do que viver sem o am or de Deus. Satanás sabe o quanto Deus ama a humanidade e isso Ihe dà ainda mais prazer quando consegue cor rom per a alma de um bom em . Ele quer que Deus sofra tanto quanto ele. Lembre-se disto, m eu filho, a luz e o am or de D eus sao c, única garantía e protegao contra o m al e a eterna escuridáo.. Diga a todos que o escutaráo que preparem os seus coragoe: para o Dia do Julgamento, pois o Fim dos Dias já está prò xim o. Satanás é o autor de todas as mentiras e nao é nadi confiável. Ele tem tentado separar a bum anidade do am or d Deus desde A dào e Eva. Isso me lembra urna coisa, Senhor. Eu sei que um estuila 11 te as vezes pode ser um tu to r tao bom quanto seu proli sso 119
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
e, no mesmo sentido, um pecador iniciante pode se to rn ar um pecador muito m aior do que aqueles que com eteram o peca do original. M as eu tenho urna pergunta sobre os pecadores origináis. Adào e Eva comegaram toda essa confusào... Por que voce os criou por primeiro? Se eles nunca tivessem comido do fruto proibido, o resto de nós ainda poderia estar vivendo no Paraíso. H á muito mais pecadores no m undo hoje do que naquela época, mas todos nós viemos de Adào e Eva. Entào, toda a hum anidade deve ter aprendido a pecar com Adào e Eva, certo? Como voce é o Todo-Poderoso, voce já devia saber quando os criou que eles eram fracos e que pecariam cedo ou tarde - voce nào pode negar isso, Jesus! Entào por que voce fez isso? Por que criar dois pecadores que acabariam trazendo sofrim ento e misèria a todos os homens que nascessem depois deles? H onestam ente, eu acho que isso foi um erro. Voce nào devia té-los criado! Q uando voce tem um fìlbo, voce o faz com amor. Voce nào sabe se aquela crianga se tornará boa ou mà, mas voce a ama com todo o corafào e espera pelo melhor. Voce espera que o filho que é trazido à vida por Deus nào irà esquecè-Lo, pois um filho que é feito à imagem do am or irà amar. E com o exatam ente voce quer que nos lembremos de Deus? Voce disse que devo pensar em Deus com o meu Pai, que Deus Pai ama a mim mais do que os meus pais, que Deus me conhecia no ventre e já me am ava antes de eu ter nascido. M as eu acabei de conhecer voce, Jesus. Fui apresentado a Deus há apenas algumas semanas. Porém, eu conhego meus pais desde o dia em que nasci. Desde que era crianza eu vi meus pais lutando para fazer o seu melhor por mim e trabalhando para me alim entar e proteger. Sendo assim, voce real mente espera que eu vá am ar o Deus Pai, que me pede para fazer um m onte de coisas dificeis, mais do que o meu pai e minha màe, que sempre me deram tudo de que eu precisava? Entào voce quer distinguir o am or dos seus pais do am or do seu Deus ? Sim, Senhor. Eu acho que tenho urna boa razào para que rer distinguir entre o am or de meus pais e o am or de Deus. Eu sempre vi meus pais m ostrarem o seu am or por mim - eles sempre me protegeram e cuidaram de mim. M as eu nunca vi Deus me am ar quando era crianga. Eu nunca O vi trab a lla n d o em nossas plantagòes de feijáo para sustentar nossa familia, colocando com ida em nossa mesa ou fazendo roupas para nos m anter aquecidos.
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M eu filho, m esm o que vocé nunca tenha m e visto, eu sempre estive por perto cuidando de vocé. Vocé já ouviu a canfáo ‘M eu Protetor que M e A m a ’? M eu protetor que m e ama, m eu protetor Q ue Deus m e deu para cuidar de mim, M eu protetor que está comigo em tempos difíceis Para fazer guarda e im pedir o demonio D e roubar o m eu corafüo. M eu protetor que m e ama, m eu protetor Q ue é o meu presente de Deus. Sim, entendo isso agora. O brigado por responder as minhas perguntas e obrigado por sempre ter estado ao meu lado, Jesús. O brigado por ter-me dado meus pais para me am arem e me manterem protegido. Eles sao o melhor presen te que já ganhei, melhor ainda agora que sei que o am or deles era um presente seu! Mas eu tenho mais urna pergunta, Senhor. Eu vejo as pessoas se referirem a Deus por muitos nomes. Algumas pessoas cham am Deus de “Jeová”, outras o cham am de “A lá” ... Em R uanda, elas O cham am de “Im ana”, mas no Zaire eles O cham am de “M ungu” . Agora estou conversando com vocé, Jesús, mas tam bém tenho ouvido coisas sobre sua mae, a Virgem M aria... E tam bém há Judas e Satanás. Está ficando muito confuso para mim. Q uem eu devo am ar e respeitar mais? Seja qual for, meu filbo, nao ame ou respeite Judas e Satanás. E, com relagao a todos aqueles outros nomes, a quem eu devo amar? Se vocé ama cada um deles sinceramente com todo o seu coragüo, entáo vocé conseguiu cum prir o que pedem minbas mensagens a respeito da purificagáo do coragao para o m eu retorno. Chamando um, entre os que vocé mencionou, ele irá levá-lo a outro e todos eles o levaráo á verdade e ao amor. E, em qualquer m om ento que vocé precisar, vocé pode invocar qualquer um daqueles nomes e eles Ihe daráo o que vocé pre cisa. M inha Bem-Aventurada M ae irá levá-lo a m im e ao Pai e ao Espirito Santo, pois nós som os um e nao m uitos.24 24“Acreditamos que esta única religiao verdadeira se encontra na Igreja Ca tólica e Apostólica, á qual o Senhor Jesús confiou o encargo de a levar a todos os homens, dizendo aos Apóstolos: ‘Ide, pois, fazer discípulos de todas as na^óes, batizando os em nom e do Pai, do Filho e do Espirito Santo, ensinando-os a cum prir tudo quanto vos prescrevi’ (M t 28, 19-20). Por sua parte, todos os homens tém o dever de buscar a verdade, sobretudo no que diz respeito a Deus e á sua 121
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Entendo, mas, se eu realmente estiver em apuros e preci sar de ajuda rapidam ente, quem de voces, lá em cima no Céu, tem o m aior poder e pode me ajudar mais depressa? O h, m eu filho! Q ue perguntas voce ousa m e fazer! Eu nào quero ser rude, Senhor. M as isso é algo que eu realmente preciso saber. Voce me m anda dar às pessoas todas essas mensagens sobre arrependim ento e o firn do m undo e depois todo m undo acha que estou louco e quer me bater. Eles batem na porta dos meus pais e ameagam toda minha familia. Eles tem insultado a m inha pobre e indefesa màe. Ai, até m inha màe e meu pai comegam a me cham ar de im bécil por ter levado à vida deles todos esses problem as, prin cipalmente quando nao consigo dar conta de responder às perguntas deles com respostas simples. Eles me cham am de mentiroso e ficam bravos comigo. Jesus, eu gostaria que voce me dissesse quem é a pessoa mais elevada no Céu que possa me ajudar com rapidez, ou, entào, mande-me alguns guarda-costas me protegerem o tem po todo. Eu acho que poderia cuidar de mim se voce me desse os mesmos poderes que voce tinha quando estava na Terra re alizando milagres. Eu tam bém preciso estar de posse de toda a verdade para poder responder as perguntas eu mesmo, sem qualquer ajuda sua. Entào, por que voce nào me dà todo o seu poder e conhecimento para que eu consiga me defender corretamente? Filho, voce realmente acha que, se eu Ihe der toda minha verdade e poder, voce irá usà-los corretamente? Bem, provavelmente nào. M as eu só pego porque, se eu continuar fazendo o que voce me pede e sair por ai pregando o firn do mundo, alguém poderá me m atar apenas para ca lar a m inha boca. E, entào, todas essas mensagens que voce me deu se tornariam inúteis porque eu acabaría m orto, como voce. Voce està disposto a morrer pela humanidade? N ào vou dizer que seria fácil... Q uer dizer, ninguém quer m orrer por nada. Q uem m o n e por nada? M eu filho, vejo que voce está sor ridente e feliz. Mas voce está dizendo que morri por nada? N ào, Senhor, perdoe-me...Às vezes eu me empolgo quando Igreja e, urna vez conhecida, de a abragar e guardar.” (Dignitatis Hum atue, n. 1. Sobre o assunto, ver também o documento: Respostas a questòes relativas a alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja, Congregalo para a Doutrina da Fé, de 29 de junho de 2007). 122
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estou corti voce! Eu sei que voce m orreu por nossos pecados para nos salvar porque voce nos ama. O brigado por seu am or e por todas as respostas que me deu, Senhor. Eu cantarei seus louvores e espalharei suas mensagens por todo o m undo coiti alegría em meu cora^áo!
D epois de ter conversado com o Padre Félicien a respeito de Segatashya p o r m ais de dois dias, ele me disse que ficaria sem ter mais o que falar sobre o visionàrio, o que acabou sendo bom , porque eu ficaria sem tem po para ouvir - pelo m enos até depois de m inha p e re g rin a d o a Kibeho! Os peregrinos e eu estávam os com a agenda cheia e tínham os viagem reservada para K ibeho naquela tarde, com eventos planejados lá para todos os dias durante os cinco dias seguintes. D epois tivem os que voltar a Kigali em urna certa m anhá quando m etade do grupo estava indo para o n orte de R uanda p ara ver os m undialm ente fam osos gorilas das m ontanhas, enquanto o resto tinha que pegar vòos de volta para os Estados Unidos. E nquanto os peregrinos se despediam do Padre Féli cien e subiam a bordo do m icroónibus que nos levaria a K ibeho, eu lhe perguntei se ele tinha dado algum a de suas fitas com gravagoes de Segatashya ou docum entos da Com issáo de Inquérito para alguém em quem ele confiava antes do genocidio, para que esta pessoa pudesse g uardar o m aterial. Ele balan^ou tristem ente a cabera. “ N ao, sinto m uito, m inha cara. Suspeito que a m aior p arte de m inhas grava^oes foi perdida no caos de 1994. M inha casa e meus escritorios foram saqueados, pilhados e incendiados, e tudo o que havia neles foi consum ido pelo fogo ou roubado. De qualquer form a, tudo está per dido p ara m im .” “M as, Im aculée, eu lhe contei tu d o que me lem bro so bre Segatashya. E, pelo que vocé me contou sobre sua infància e sobre o encontro que teve com ele na universidade, eu acho que vocé já sabe m ais sobre o visionàrio do que a m aioria das pessoas.” 123
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
“ Preciso saber m ais, Padre Félicien... Preciso descobrir tudo que puder sobre ele. Eu nao sei o que aconteceu com Segatashya quan d o os m édicos o exam inaram , nada sei sobre as aparigoes que ele viu após K ibeho, com o tam bém nao sei o que aconteceu quando ele foi p a ra Burundi e C ongo [antigam ente Zaire] em suas m issdes planejadas por Jesús. E, além disso, eu preciso encontrar alguém que tenha registrado po r escrito suas m ensagens p ara que eu possa passar algum as délas adiante.” “ Bem, o atual bispo da diocese de K ibeho talvez te nha tido acesso a alguns docum entos, m as eu posso lhe g arantir que, se ele teve, ele nao deixará vocé os ver. Ele considera tais docum entos apenas de uso da Igreja” , respondeu o Padre Félicien. “Além do bispo, há urna única pessoa na qual consi go pensar que ainda está viva e que talvez tenha salvado algum as gravagóes da Com issáo durante a loucura de 1994. Seu nom e é Dr. M urem yangango B onaventure. Ele foi o principal investigador do tim e m édico da Com issáo de Inquérito. N aquela época, ele era o único psiquiatra de R uanda e nós o deixam os bastante ocupado quando todos os visionários com egaram a aparecer.” “Faz m uito tem po que nao o vejo e náo sei se ele irá sequer conversar com vocé sobre Kibeho. Ele é um dos hom ens mais inteligentes que já conheci - e, se ele quiser, ele poderá lhe co n tar tudo que há p ara saber a respeito de Segatashya. M as eu tenho que alertá-la, Im m aculée, pois ele é um a pessoa m uito reservada. Q uan d o estávam os in vestigando os visionários, ele nunca discutia sobre o que estava acontecendo em Kibeho com qualquer pessoa que náo fizesse parte da Com issáo de Inquérito. M as talvez ele se abra p ara vocé.” O Padre Félicien me deu o enderezo da casa do Dr. Bo naventure, a qual ficava a m enos de 30 m inutos de viagem de carro do retiro da Foyer de C harité. Os peregrinos e eu tínham os um a m argem de m an o b ra de apenas um a hora em nossa ap ertad a agenda de viagem - se a ultrapassássemos, teríam os que nos preocupar em cancelar quartos, 124
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deixar de ir a eventos e perder conexóes de viagem m as todo m undo concordou que deveríam os fazer unía rápida visita ao Dr. B onaventure e ver o que o bom d o u to r tinha a falar sobre Segatashya.
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CAPÍTULO 6
O BO M D O U T O R E O FIM DOS DIAS
Vinte m inutos após term os deixado o Padre Félicien e o reitor da Foyer de C harité, chegam os em frente á h u m ilde casa do Dr. B onaventure em Kigali. Todos os pere grinos saíram do m iniónibus e cam inharam juntos para a porta do doutor. Eu bati no batente de m etal e, alguns m om entos depois, um cavalheiro de idade, com um olhar m uito assustado e desconfiado, estava encarando urna ruandesa curiosa e urna dúzia de branquelos queim ados de sol saídos sabe-se lá de onde. A credite-m e, esse nao era o tipo de cena que um m édico recluso de Kigali esperava ver em sua p o rta. Eu, entáo, expliquei apressadam ente ao confuso m é dico quem eu era e o m otivo de eu estar liderando um a invasáo de peregrinos am ericanos em sua propriedade. O Dr. B onaventure sorriu sim páticam ente e, com o qualquer bom anfitriáo ruandés, convidou todo o grupo a entrar em sua casa p ara beber alguns refrescos. Eu protestei, dizendo que tínham os pouco tem po e que nao podíam os ficar, e que eu quería apenas fazer algum as perguntas sobre Se gatashya. M as o Dr. Bonaventure deu as costas para mim e come^ou a cam inhar de volta para dentro de sua casa. R ápidam ente esclareci aos meus am igos am ericanos que em R uanda era praticam ente ilegal recusar hospitalidade. Eu decidí, entáo, levar to d o m undo p ara dentro da sala de estar do d o u to r - a qual nós ficamos felizes em constatar que era a d o rn ad a com m uitas pinturas e imagens da Virgem M aria e Jesús. O Dr. B onaventure, que se m ovia m ais devagar do qualquer o u tra pessoa que eu conhecia, passou a hora seguinte acom odando todos nós, apresentando-se a cada um dos peregrinos individu alm ente e certificando-se de que tinham sido oferecidos refrescos a to d o m undo. D epois ele se sentou em sua pol trona e perguntou: “M u ito bem, peregrinos, o que vocés gostariam de saber sobre Segatashya?”
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
“ C om o eu sei que o senhor era m em bro da Com issáo de Inquérito, doutor, eu estava apenas me perguntando se voce nào teria quaisquer grava^óes ou docum entos envolvendo Segatashya que eu pudesse em p restar” , perguntei pacientem ente, sentindo o crescente cansado dos pere grinos, que queriam chegar a Kibeho antes do anoitecer. “Voce está um pouco apressada” , respondeu o Dr. B onaventure, com um tom de voz gentil, m as a u to rità rio. “N ós já vam os chegar à sua pergunta, m as prim eiro deixe-me co n tar sobre o dia em que me encontrei com Segatashya. Foi em urna entrevista da Com issáo de In quérito, p a ra a qual ele estava convocado a aparecer algum as sem anas após as apari^óes terem com e^ado. Eu já tinha feito um exam e físico e um a análise psicológica prelim inar nele e o encontrei em ótim a form a, tan to no corpo qu an to na m ente.” “ Sim, ele era um garoto esperto e saudável... Em bora um pouco pequeño p a ra a sua id ad e ” , continuou o doutor, pegando um velho caderno espiral em um criadom udo ao lado de sua po ltro n a. Ele com egou a folhear as páginas am areladas e cheias de orelhas de burro do ca derno en q u an to m urm urava, sob sua pesada resp ira rlo : “Vamos ver, vam os ver... Segatashya, Segatashya, Sega tashya... Ah, aqui está! Entrevista com Segatashya, 20 de julho, 1 9 8 2 ” . Ele com e^ou a 1er a p a rtir dali: PERGUNTA: Segatashya, as aparicoes da Virgem Maria que as garotas da escola de Kibeho estao vendo sao um fenómeno novo. Mas agora nos foi relatado que voce também está vendo aparicoes... Isso é verdade? SEGATASHYA: Sim, é verdade que estou vendo aparicoes, mas nao da Virgem Maria. Estou vendo apari^óes de Jesús Cristo, e minhas visóes de Jesús comegaram em 2 de julho, umas duas semanas atrás. PERGUNTA: Segatashya, vocé é apenas um garotinho que nunca foi para a escola e nem mesmo a uma igreja. Por que voce diz que tem visto e conversado com Jesus? Nào é mais provável que voce tenha ouvido his torias sobre as visionárias de Kibeho que viram a Vir gem Maria e depois tenha imaginado ter visto Jesús? 128
O BOM DOUTOR E O FIM DOS DIAS
SEGATASHYA: Nâo, senhor, eu nâo imaginei ter visto Jesús, Eu o vi e ele conversou comigo. Eu o vi como estou vendo o senhor agora; seria difícil dizer a qualquer um que eu nâo estou vendo vocé. Contudo, na primeira vez em que me encontrei com ele, eu apenas o ouvi. Eu esta va sentado à sombra de urna árvore e ou vi sua voz. A principio, eu nâo sabia de onde exatamente vinha essa voz, mas percebi que ela estava chegando do alto, do céu - do lugar chamado Paraíso. Ele me perguntou se eu poderia transmitir urna mensagem dele e meu coraçâo respondeu por mim - meu coraçâo disse sim! E foi assim que aconteceu. Eu perguntei quem ele era e ele me contou que era Jésus. Ele me disse: Se você disser aos outros que vem em nom e de Jésus, eles nâo acreditarâo em você. Mas eu pude sentir o quanto ele era poderoso, e entendí que tudo o que ele tinha falado era verdade. Entâo, eu lhe disse: “ Se você é verdaderamente Jésus Cristo, eles irâo acreditar no que eu disser... Desde que você me dê força para comunicar suas palavras e lhes dê a graça e a fé para ouvir a verdade” . Eu sei que você falou com o Sr. Hubert, a quem Jé sus me mandou, e, sendo assim, sei também que você ouviu a mensagem que eu entreguei na fazenda dele... A mensagem que diz para todos nós purificarmos os nossos coraçôes e nos prepararmos para o retorno do Senhor à Terra. PERGUNTA: Sim, nós ouvimos a mensagem, obrigado. Mas, por favor, responda a esta pergunta: você perguntou a Jésus por que ele escolheu você - um garoto pagâo, que nunca tinha ido a uma igreja, que nunca tinha lido a Biblia, que nunca tinha feito uma oraçào e que nâo foi batizado - para ser seu mensageiro? SEGATASHYA: Eu perguntei sobre isso, senhor. Ele disse que me escolheu para mostrar às pessoas que nâo acreditam nele - como pagaos e outros descrentes que ele nâo está se esquecendo délas. Ele as vê, cuida délas, ama-as e espera que elas o convidem para morar em seus coraçôes. Ao escolher um menino pagâo para ser seu mensageiro, ele faz o mundo saber que o seu amor e sua salvaçâo estâo disponíveis para todos. 129
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E eu sei que os ruandeses mais velhos nem sempre respeitam o que urna crianza tem a dizer, mas Jesús me contou o que ele diz na Biblia: Da boca dos pequeninos e das criancinhas de peito preparaste um louvor... Jesús me mandou em urna missáo para dizer a nós todos que o amemos e o louvemos, e para fazer com que nossos coragoes se tornem puros como o de uma crianza recém-nascida, a fim de que possamos entrar no Reino de Deus. “Isso foi apenas os prim eiros dez m inutos da prim eira entrevista de Segatashya á C om issáo” , explicou o Dr. Bonaventure. D epois, a p o n ta n d o para algum as fotografías fam iliares de sua esposa e filhos, ele acrescentou: “Passei incontáveis horas conversando com o garoto; realm ente, ele se to rnou parte de m inha fam ilia para m im , com o outro filho” . O Dr. B onaventure se levantou e se ofereceu p ara fazer um chá para os peregrinos, que ainda estavam ansiosos p ara pegar a estrada em dire^áo a K ibeho, m as, com o eu, estavam sendo agora totalm ente puxados p a ra dentro do conteúdo dos cadernos do doutor. Um dos peregrinos perguntou ao Dr. B onaventure quais m udanzas físicas os visionários sofriam quando estavam conversando com Jesús ou M aria. “ D urante as aparigoes, todos os visionários entravam em um estado parecido com o do com a e seus cérebros sim plesm ente nao recebiam qualquer in fo rm a d o do m undo físico” , respondeu ele. “Porém , eles estavam tao acordados quanto eu e vocé. C ada um deles experim entava um com pleto desligam ento da realidade com o nós a percebem os... E eu acho que esse desligam ento perceptivo era m ais p ro n u n ciado em Segatashya.” “Eu fiz todos os testes que podia para despertá-lo do seu estado extático logo que ele entrava em transe. Exam inei seus ñervos cranianos jogando a luz brilhante de um a lanterna m édica bem dentro de seus olhos - nenhum a resposta. Exam inei sua fun^áo sensorial tocando todos os seus pontos de reflexo com um m artelo de borracha - de 130
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novo, nenhum a resposta. Belisquei to d o o seu corpo, torci seus dedos quase a p o n to de arrancá-los, espetei agulhas em seus bracos e os torci de um m odo que quase defor m ou seu corpo... Todo teste tinha o m esm o resultado - ne nhum a resposta. Finalm ente, coloquei eletrodos po r todo o seu corpo, conectei os cabos a urna grande batería e dei um a descarga de eletricidade nele - nem m esm o isso o p erturbou, nao teve nenhum a rea^áo física!” “Pode parecer que eu estava agindo de form a cruel, m as eu precisava ter certeza de que ele nao estava fingindo!” , explicou o doutor. “ Se ele náo estava fingindo, entáo nada do que eu fizesse iria afetá-lo negativam ente; po r o u tro lado, se ele estivesse fingindo, qualquer um daqueles testes teria o feito correr do palco gritando de dor. Isso nunca aconteceu. N a o im porta o que eu fizesse com ele, ele sem sequer se m exia.” “ Devo adm itir que algum as vezes eu posso ter ido Ionge dem ais. Em um a ocasiáo, em purrei o pobrezinho pelas costas e em seguida sentei-m e em cim a dele com todo o m eu peso. Depois coloquei m inhas m àos em volta do seu pescoso e o estrangulei m om entaneam ente, ten tando interrom per o fluxo de oxigénio p ara o seu cérebro com o objetivo de induzi-lo a ficar inconsciente... Veja, ele nao podía fingir indiferen^a q u an to a isso. Se ele sentisse que estava sendo sufocado até a m orte, seu sistem a nervoso sim pático teria disparado sua rea^ào de ‘luta ou fuga’, c- ele teria ten tad o lutar com igo. M as ele apenas ficava lá no chao do palco, sorrindo e conversando com Jesús durante to d a essa to rtu ra . Por fim, um dos sacerdotes que cstavam no palco correu e me d errubou no chao. ‘Vocé licou m aluco, B onaventure?’, gritou ele. ‘O que vocé está icntando fazer? M a ta r o g aro to ?’” “ I )epois disso, eu fiquei com pletam ente convencido de «Iut- Segatashya era um visionàrio verdadeiro, que estav.i vendo aparigóes auténticas. Eu o continuei estudando n|i|ciivam ente com o m édico e psiquiatra, m as a m inha m inada de notas ganhou um a fungao adicional: eu queria picservar um registro histórico do que estava acontecendo ( in k ib eh o .” 131
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Se pudesse, eu teria ouvido as historias do d o u to r por horas e horas, mas tinha chegado o m om ento de partir para Kibeho. E ntáo os peregrinos e eu agradecem os o d o u to r por seu tem po, hospitalidade e grande conhecim ento a respeito de Segatashya. E nquanto salam os de sua casa em meio a um a enxurrada de abramos e apertos de m áo, pudem os ver o sol se pondo entre as colinas de Kigali. “ E stará escuro antes que consigam os sair da cidade” , reclam ou o m otorista do nosso m icroónibus. “N ao se preocupe p o r dirigir no escuro” , riu o Dr. B onaventure. “Se vocé observou com atengao a estrada de térra que leva até a auto-estrada para K ibeho, provavelm ente vocé vai querer sair do carro e an d ar pelos pouco m ais de 30 quilóm etros restantes.” Visto que os peregrinos já estavam a b ordo do ónibus, eu me virei p ara o Dr. B onaventure p a ra perguntar m ais um a vez se ele tinha alguns docum entos que estaria disposto a me em prestar p ara o livro que eu estava escrevendo sobre Kibeho. M as, antes que eu tivesse a chance de ab rir m inha boca, ele me pegou pelo bra^o e me levou de volta p ara dentro da casa, onde ele me disse um a coi sa que me fez ter certeza de que a Virgem M aria verdadeiram ente tinha me conduzido até a casa deste hom em m aravilhoso. “Eu estive esperando po r vocé - recebi um a m ensagem a respeito de algum as pessoas que viriam de longe para me ver” , disse ele, enquanto está vam os no pátio de en trad a de sua casa. “Alguns meses antes do genocidio, uma das visionárias de Kibeho - nao estou autorizado a dizer qual - veio até m inha casa e me disse que a Santíssim a Virgem tinha dado a ela um a m ensagem para ser entregue a mim. A m ensagem era a seguinte: ‘D iga ao Dr. M urem yangango B onaventure que ele nao pode m orrer antes de dar os docum entos sobre os visionários a alguém que esteja determ inado a com partilhá-los com o m undo, p orque as m ensagens de Kibeho sao destinadas a todo o m u n d o ’.” 132
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D ito isso, o Dr. Bonaventure abriu a p o rta de um ar m àrio que continha urna dúzia de caixas e m aletas recheadas com cadernos e papéis avulsos. “Aqui está to d a minha pesquisa, m inhas descobertas e conclusóes sobre os acontecim entos de K ibeho” , disse-me ele. “Eu voei p ara o Z aire com to d o esse m aterial quando o genocidio comegou porque eu sabia que ele devia ser protegido p ara as geragóes futuras. A gora ele é to d o seu porque eu sei que vocé irá com partilhá-lo com o m undo. Vocé pode voltar p ara me ver qu an d o reto rn ar de sua p e re g rin a d o ou me visitar a qualquer m om ento quando estiver em R uanda. Faga copias de tudo isso e faga o que quiser com esse m aterial - é seu para vocé com partilhar. Aqueles jovens visionários repetiram m uitas vezes p a ra m im que o m un do precisa ouvir aquelas m ensagens.” E ntregando-m e um pesado fichário azul com o nom e de Segatashya escrito com forte cor negra na lom bada, ele disse: “ Com ece com este, é apenas um de m u ito s” . Sorrindo grandem ente, ele brincou: “E urna leitura leve para a viagem até K ibeho, m inha filha” . M eus olhos ficaram m areados de lágrim as, pois m i nhas oragòes nào poderiam ter sido atendidas de form a mais satisfatória. Eu ainda visitaria o Dr. Bonaventure pelo m enos urnas dez vezes pelos dois anos seguintes sem pre que nos encontrávam os ele me cham ava de “fi lha” e eu o cham ava de “p a p a i” . Ele até se ju n to u a um grupo de peregrinos que eu conduzi certa vez em outra peregrinagào p a ra K ibeho... A últim a vez em que o vi foi pouco antes de sua m orte, no comego da prim avera de 2011. As anotagòes que ele me deu me possibilitaram escrever O u r L ady o f Kibeho e constituem a espinha dorsal deste livro sobre Segatashya tam bém . Fu sei que o Dr. B onaventure faleceu com a consci encia tranq üila, pois ele sabia que tin h a atendido a um pedido pessoal da Virgem M aria. Estou certa de que a l>em-Aventurada M ae o recebeu no Céu com o seu glo rioso sorriso. 133
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
O sol desapareceu p o r trás das colinas de Kigali enqu an to nosso m icroònibus se afastava da casa do Dr. Bonaventure e nós com e^ávam os a últim a etapa da jornada para Kibeho. Eu abri o fichário azul que o m eu m ais novo am igo tinha me dado táo cautelosam ente que era com o se estivesse m exendo em um dos M anuscritos do M ar M o rto. As prim eiras palavras que eu li foram as do título de um capítulo: “ Segatashya e o Fim dos D ias” . A baixo do título havia a tra n s c rib o de duas grava^òes. A prim eira era de Segatashya conversando com Jesús sobre a Segun da Vinda de C risto durante urna aparigào. A segunda era de Segatashya após a aparigao, co n tan d o à Com issào de Inquérito o que Jesús tinha lhe dito a respeito da Segunda V inda. As tra n s c rib e s foram editadas juntas a fim de for m ar um diálogo entre Segatashya e o Senhor. Eu rapidam ente folheei o livro, explorando avidam en te as páginas e ficando cada vez mais anim ada. Erguendo os olhos p ara contem plar um pouco dos últim os raios do sol poente, percebi que estávam os passando pelo M e m orial do G enocidio de Kigali, o qual m uitos peregrinos quiseram visitar em nosso retorno de Kibeho. O M em o rial está construido no topo de um a colina que é o túm ulo coletivo onde estao enterrados os ossos de m ais de 250 mil vítim as da destruigáo. Eu pensei nos tres meses em que fiquei escondida, jun to com outras sete m ulheres, em um m inúsculo banheiro escondido, duran te o a to rm en tad o r banho de sangue. E pensei em meus pais e m eus irm àos, D am ascene e Vianney, que foram todos m assacrados po r nossos antigos am igos e vizinhos. Pensei sobre o um m ilháo de pessoas que foram dilaceradas até a m orte com facòes e os incontáveis corpos que nao foram enterrados e apodreciam à luz do dia quando o dem onio an d o u livrem ente por R u anda. E pensei tam bém no fato de que, 12 anos antes do genocidio, a Virgem M aria tinha aparecido para as visionárias de Kibeho e avisado que um m assacre sangrento 134
iria devastar o país se as pessoas nao enchessem seus coragoes com o am or de C risto. D urante o genocidio, eu tinha certeza de que o Arm agedom tinha chegado e o epicentro do A pocalipse era R u anda. Aquele h o rro r nao foi o Fim dos Dias, m as talvez tenha sido um sinal de que o fim está próxim o. Voltei-me p ara o livro do Dr. B onaventure, que ainda rstava aberto sobre meu colo, e fiquei chocada com a passagem de urna entrevista sobre a qual m eus olhos tinham parado: PERGUNTA: Segatashya, vocé nos disse que as coi sas no mundo estao indo mal, e que Jesús quer que as pessoas se arrependam, amem umas as outras sincera mente e se voltem imediatamente para a vida que Deus quer que elas vivam. O que nós queremos saber agora é se há alguma coisa específica que Jesús tenha falado ou mostrado para vocé com o objetivo de indicar o quanto realmente mal as coisas ficarao no futuro? SEGATASHYA: Duas semanas atrás [durante uma visáo em 1 de setembro de 1982], Jesús me mostrou pessoas ardendo em fogo e animais selvagens se dila cerando e se devorando uns aos outros. Depois ele me mostrou pessoas com facoes ñas máos cortando umas as outras em pedamos. Jesús nao me deu nenhuma explicagáo específica sobre o que essas imagens terríveis significavam ou quando essas coisas poderiam acon tecer. Mas todos voces podem compreender o que ele queria me mostrar: é sobre como as pessoas estao se sentindo em relagáo umas as outras, que mais e mais elas se odeiam e querem fazer o mal umas ás outras. Jesús quer que tudo isso pare, que tudo isso mude. E a única forma que o mundo tem de mudar isso é através da aceitagáo do seu amor e do seu perdáo. C om o Ele gosta de nós, en q u an to seres hum anos, eu pensei, p ara nos dar um aviso exato sobre o desastre que nossas agóes trariam até nós. M as ignoram os o alerta por com pleto e sim plesm ente continuam os em frente 1 1 0 mesmo estilo de vida perigoso. E ntáo, me lembrei de que 135
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m uitos dos visionários, especialm ente Segatashya, costum avam dizer o quáo triste a Santissim a Virgem parecia estar du ran te as aparigóes, d erram ando lágrim as de tris teza porque eia podia antever a catástrofe na qual seus filhos estavam sendo precipitados p o r causa de suas vidas cheias de pecado e sem nenhum arrependim ento. As luzes de Kigali cintilavam p o r toda parte da cidade quan d o nosso m icroònibus enfim alcangou a estrada que ia p ara o sul, em diregáo a K ibeho. U m dos peregrinos sugeriu que recitássem os o R osàrio e, na escuridào crescen te, eu pude escutar aquele som , sem pre táo reconfortante, das contas do R osàrio chacoalhando um pouco antes da prim eira Ave M aria ser pronunciada. O ritm o em que ia o ònibus, a profunda escuridào dentro da qual viajávam os e a suave repetidlo da oragao dos M istérios da Alegría durante o R osàrio me acal m aran! a p o n to de me pro p o rcio n ar um sono pacífico. Q uan d o m inha cabera com egou a perder a firmeza, eu coloquei o fichário azul no assento vazio ao m eu lado para descansar. M ais urna vez, en q uanto fechava o livro, eu li “ Segatashya e o Fim dos D ias” . M as, desta vez, no m om ento em que m inhas pálpebras estavam m uito pe sadas para co n tin u ar abertas, tam bém li a prim eira sentenga: N o últim o dia, os anjos do Senhor aparecerao nos quatro cantos do céu. E depois adorm eci. T áo logo meus olhos se fecharam , m ergulhei em um sonho que já tive m uitas vezes quan d o era crianga. Nesse sonho, eu estava na sala de meus pais lendo historias de urna Biblia ilustrada que ganhei no m eu aniversário de sete ou oito anos. Era basicam ente um livro sobre os m ilagres de Jesús no N ovo T estam ento repleto de ilustragòes e a imagem que m ais me fascinava era a que repre sentava o m ilagre da Transfiguragáo. N essa ilustragáo, Jesús está flutuando no a r bem em cim a do M o nte de Transfiguragáo. Enorm es e form idáveis raios de luz do u rad a, um tan to averm elhada, emanam dele e brilham em sua volta, en q uanto ele conversa 136
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com dois profetas do Antigo T estam ento - M oisés e Elias - que estáo flutuando ao seu lado. Vários dos A póstolos de Cristo estáo no chao bem abaixo, olhando, incrédulos, para o alto, e protegendo seus olhos da luz brilhante que em ana do Senhor. A idéia de ver Jesús flutuando entre o Céu e a Terra, visível ta n to para os profetas do A ntigo com o do N ovo Testam ento, encheu toda m inha im a g in a d o . M as o que realm ente m exia com igo naquela imagem era a form a com o a luz brilhava a p artir de Jesús, juntam ente com as eletrizantes cores verm elhas e pú rp u ras que coloriam a nuvens que pairavam acim a daquela legiáo celestial. E no m eu sonho (tais coisas parece que só acontecem em sonhos), en q u an to estava deitada na cam a adm irando as cores da im agem , eu percebi pela janela que o céu repen tinam ente tinha escurecido. Eu, entáo, coloquei m inha cabera p ara fora da janela, um pouco com a esperanza de ver M oisés e Elias flutuan do po r ali para se encontrar com Jesús no topo de urna m o n tan h a - no to p o da m inha m ontanha! Essa idéia me atingiu com o urna visáo de que Jesús deveria estar espe ran d o pelos profetas no to p o da m inha m o n tan h a favori ta, situada sobre o lago Kivu, bem no interior do C ongo (antigo Zaire) - aquela m esm a m o n tan h a que eu ficava contem plando p o r tantas horas en q uanto esperava meu pai reto rn ar de urna de suas p e r e g r in a je s a Kibeho. Eu olhei p a ra o céu e vi que as suas cores estavam se tra n sfo rm an d o com urna velocidade vertiginosa, m u d an d o in stan tán eam en te de um sinistro to m verde, com o se antecipasse urna tem pestade, p a ra um ro sa ardente, depois p a ra um tom ro x o , com o que m anchado de vinho, e depois, finalm ente, p ara urna caótica m istura de tu d o isso. O horizonte estava vivificado p o r cores e m atizes que eu nunca tin h a visto antes, os céus estavam pulsando com som bras escuras e a luz soprava vida e vitalidade d e n tro daquela deso rd en ad a dan^a de cores selvagens que ro d o p iav am sobre m inha cab era. Era urna 137
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visáo p e rtu rb ad o ra e devia ter me deixado m o rta de m edo, m as eu estava estranham ente encantada por vé-la, e, por algum a razáo, inexplicavelm ente feliz tam bém . R epentinam ente, a penetrante rajada de urna trom beta irrom peu do alto, chacoalhando os fundam entos da nossa casa. Aquela buzina estridente ecoou po r to d o o m eu corpo, com egando pela m inha cabega e descendo pela m inha coluna, sacudindo m eus ossos, e atingiu-m e em cheio, fazendo-m e voar de volta para m inha cam a. Em seguida veio urna segunda rajada, e ainda mais forte, que vibrou p o r todo o m eu esqueleto e me deixou trincando os dentes. Aquele pavoroso b arulho me deixou ainda m ais feliz. Q uan d o a terceira rajada de trom beta explodiu bem perto da m inha janela, eu pensei que ia arreb en tar em gargalhadas de júbilo - apesar de aquele barulho extrem am ente poderoso ter arrem essado nossos prato s ao chao e desencadeado urna onda de sons desagradáveis e incongruentes de nossas aterrorizadas vacas e cabras. Eu sai correndo do meu q u a rto para fora de nossa casa e fui até a porta dos fundos, g ritando para que m inha fa m ilia se juntasse a mim. “M ae, pai, Aim able, Dam ascene, Vianney, venham rápido - voces nao váo acreditar no que está acontecendo aqui fo ra !” A cor do céu estava m udando m ais urna vez, flutuando violentam ente de um verm elhao parecido com sangue p ara um suave tom carm esim que me lem brava das p é ta las das rosas prediletas de m inha m áe. N uvens tem pestu osas aglom eraram -se no centro do céu e estavam girando em círculo no sentido horário, com o um m onum ental redem oinho. A través da agitagáo e do barulho provocado pelos anim ais, que zurravam , eu ouvi as vozes fam iliares dos meus vizinhos no o u tro lado da estrada. “Louvado seja Jesús! O brigado, Senhor! N ós nos ren demos! E o Fim dos D ias!” , clam ou Pasteur N sengim ana, com sua voz vindo de algum lugar acim a de mim. Pas teur era um carpinteiro que estava construindo um novo 138
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telhado em urna casa próxim a. Ele olhou para baixo c sorriu p a ra m im , depois se levantou do papel de alcatrao sobre o qual estava ajoelhado, lim pou a sujeira de suas m áos e tiro u da boca os pregos que estava segurando com os lábios.
“Parece que Jesús está voltando hoje... E m elhor eu ii buscar a esposa e as crianzas. Veremos-nos no Céu, Imm aculée!” , gritou alegrem ente m eu vizinho, en q uanto elt descia por sua escada de m adeira e corría em dire^áo 3 sua casa. Pasteur, bem com o to d o m undo na extensa fam ílk N sengim ana, era um “cristáo renascido” - urna seite radical e relativam ente desconhecida (a qual eu admire m uito) que ainda estava com egando a se firm ar em R úan da quan d o eu era crianga. Ser um “ renascido” nao era un term o genérico em R u an d a, com o é em alguns lugares. C que eu pude n o ta r a respeito do grupo, e o que eu amav; na porgáo do m ovim ento que vivia em m inha aldeia, er; o fato de que os seus m em bros realm ente pareciam renas cidos, em todos os sentidos. M esm o os m ais obstinado dos pecadores entre eles m udavam p a ra sem pre suas vi das após terem aceitado C risto em seus c o r a j e s . H avia em to rn o de 100 renascidos em M a ta b a - e en q u an to algum as pessoas os consideravam lunáticos de lirantes, eu achava que estar p erto deles era urna alegri e urna inspiragáo. C ada um deles trabalhava pesado e nao im portava o quáo inferior ou difícil fosse o traba lho, eles sem pre estavam sorrindo e felizes en q uanto i desem penhavam . Eles continuam ente cantavam hinos louvores ao Senhor, quer estivessem cam inhando pela eí tra d a , quer estivessem a ran d o um cam po. Eles tinham sua p ró p ria igreja, e eu lem bro-m e de ficar sentada so as janelas da capela durante os louvores, porque as sua vozes e as c a n j e s que eles entoavam eram m uito bonita: Eles renunciavam aos m ais m undanos objetivos e posse: bem com o a todas as form as de em o j e s e a j e s negat vas, com o co n tar urna m entira... Vocé poderia pergunta 139
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qualquer coisa a um renascido, pois eles eram m oralm en te e espiritualm ente obrigados a co n tar a verdade. Todo m undo sabia que podia confiar nessas pessoas e é por isso que eu acho que eles sem pre tin h am em pregos e iam bem nos negocios. E as emogóes ás quais eles renunciavam eram do tipo que distraem a consciencia de urna pessoa e perm item ao dem onio p ular dentro de um coragáo desprotegido - emogóes com o o odio, a inveja e a raiva. Eu me lem bro de assistir urna vez, com desgosto, a um grupo de adolescentes arruaceiros de urna aldeia vizinha que passava pela igreja bem na hora em que o culto estava term inando. O s garotos ab o rd aram Jean-Philippe, um cristáo renascido, cunhado de Pasteur, que estava parado nos degraus da frente da igreja conversando com os m i nistros e outros congregados na com panhia de sua esposa e suas cinco filhas. “Vamos ver se esses m alucos fazem o que eles dizem que fazem, vam os ver se dáo a o utra face... Vamos descobrir se eles realm ente nao ficam com raiv a!” , gritou um dos garotos, en q u an to eles rodeavam Jean-Philippe e sua fam ilia qual um enxam e de vespas aborrecidas. O líder da gangue com egou a g ritar na cara do hom em , xingando-o com os m ais horríveis nom es que eu já tinha ouvido e acusando-o de to d o tipo de perversáo, m uitas das quais eu era m uito inocente p ara entender, m as cujo sentido tinha ficado claro pelo tom de voz do garoto. Jean-Philippe em nenhum m om ento tirou os olhos do garoto boca-suja, e, após urna série de rápidos m ovim entos, ele colocou a Biblia que estava em sua m áo em um dos bolsos da jaqueta, levantou am bas as m áos para o ar e depois gentilm ente tap o u os ouvidos de sua filha m ais nova para protegé-la daquele ataque de obscenidades. “ Sinto m uito pelo seu sofrim ento” , disse baixinho JeanPhilippe, sorrindo para o garoto de um jeito realm ente am igável. “Eu posso ver que vocé está sofrendo, m enino. E vocé deveria saber que Jesús o am a e poderá livrá-lo dessa 140
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raiva se vocé convidá-lo a e n tra r em seu coragáo. N ós podem os conversar sobre isso durante o alm ogo se voce e seus am igos quiserem ir a nossa casa hoje á tard e.” O líder dos arruaceiros ficou enfurecido. Seus olhos se arregalaram e sua língua p ulou p ara fora de sua boca com o se ele fosse um cao extrem am ente raivoso. Em se guida, ele resm ungou algum a coisa e deu um forte tapa no rosto de Jean-Philippe e depois levou as m áos em diregáo á sua garganta. O clima de tensáo foi súbitam ente quebrado pela voz de um pai irritad o gritando com um a de suas filhas. E a filha em questáo era eu. “Im m aculée llibagiza! Vá p ara casa agora m esm o!” D o lugar onde eu estava, sentada sobre um toco de árvore situado sob a janela da capela, que eu pensava ser o meu assento privado, vi m eu pai p arad o na rúa com um longo e grosso galho de árvore na m áo. Eu já tin h a visto aquela vara antes - m eu pai a cham ava de “ aula de corregáo” e a usava para castigar meus irm áos em seus traseiros ñas raras vezes em que eles eram rudes com m inha m áe e ñas nem táo raras vezes em que eles sim plesm ente se com portavam m al. Papai nao era apenas o disciplinador de nossa fam ilia. Ele tam bém era cham ado po r outros aldeóes para disciplinar os filhos de les, lidar com bébados ou, com o neste caso, estabelecer a paz qu an d o ninguém mais conseguía. Pelo o lhar de m eu pai e pela form a com o ele agarrava o chicote de m adeira, eu sabia que era m elhor fazer o que ele m andava. Eu corri para casa táo rápido qu an to m eus pés pudessem correr. N ao sei o que ele fez com aqueles garotos, m as eu sei que eles nao tiveram a ousadia de m o strar suas caras em nossa aldeia pelos anos seguintes. E ntretanto, eu vi Jean-Philippe e outros m em bros da com unidade dos renascidos m uitas vezes depois daquele episodio. Eles eram exem plos vivos da form a com o M a ría e Jesús queriam que vivéssemos, conform e disseran aos visionários de Kibeho: devotados a Deus, com alma; puras e c o r a j e s am orosos sem pre dispostos a perdón r. 141
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N ao era de se adm irar que um dos assuntos favori tos da com unidade dos renascidos fosse o Fim dos Dias todo renascido que eu encontrei em R uanda vivia cada dia com o se fosse o seu últim o dia na Terra. Eles estavam sempre prontos para se encontrar com o seu C riador quando Jesús retornasse nos últim os dias do m undo p ara realizar o grande julgam ento de todas as alm as, no qual Ele decidi rá quem poderá ir para o Céu e quem nao poderá. Q u an d o Segatashya com egou a ver suas prim eiras aparigóes em público em Kibeho e a falar sobre a pre p a r a d o p ara o Fim dos Dias e o Dia do Julgam ento - e, com o voce já deve ter n o tad o , foi sobre isso que ele mais falou eu me lem bro de ter pensado que ele fácilm ente poderia ter dito: “ Se voces querem um bom exem plo do que Jesús quer que voces fagam , váo a M a ta b a e visitem os cristaos renascidos!” P o rtan to , nao era nenhum a surpresa que Pasteur N sengim ana pudesse aparecer no m eu recorrente sonho de infancia sobre o Fim dos Dias parecendo estar tá o ale gre e satisfeito. Ele sabia que estava indo para o Paraíso. E nquanto m eu sonho prosseguia e eu via Pasteur desaparecendo da m inha vista para ir encontrar sua fam ilia, eu me perguntava p o r que eu nao conseguia encontrar a m inha p ró p ria fam ilia. E ntáo, vi Jean-Philippe com sua esposa e suas cinco garotas correndo para o cam inho que segue até as m argens do Lago Kivu. A esposa de Jean-Philippe, Bernadette, que estava limpando suas m áos cheias de farinha de p ao com o aventai, com o se tivesse acabado de colocar um pao no forno quan d o o Apocalipse com egou, insistiu para que eu me juntasse a eles. “Venha conosco, Imm aculée. Todo m undo está lá em baixo no lago, esperando por Jesús. Apresse-se, ele está chegando!” Eu olhei p ara o céu e o violento turbilháo de nuvens am eagadoras havia se transform ado em urna tranqúila tela verm elha sobre a qual o mais incrível po r do sol tinha sido pintado. Tudo que havia no m undo agora estava brilhando 142
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sob a beleza dourada e averm elhada que irradiava do sol que se punha. O Lago Kivu cintilava com um esplendor alaranjado, as colinas distantes do Zaire ardiam com o pedras quentes de ámbar. Tudo parecía táo acolhedor. Em seguida, eu tinha deslizado, sem fazer qualquer esforço, sobre a perigosa colina que ficava atrás de m inha casa e caía de form a táo íngrem e sobre as águas do Kivu. O s cam inhos traiçoeiros daquela m o n tan h a sem pre me aterro rizaram , m as agora a descida era em ocionante e di vertida. Um m om ento depois, eu estava em pé na beira da água com m eus pais e irm âos. Papai ap o n to u em direçâo ao céu e sussurrou: “ N ós estam os indo para casa, Im m a culée!” Ao olhar para o alto, vi q u atro anjos aparecerem nos q u a tro cantos do céu. Eles pairavam nos confins do firm a m ento com o se estivessem aguardando um a ordem e depois desceram lentam ente para a Terra, com o belissimos guerreiros alados que traziam diante de si espadas flamejantes. D epois, em m eio aos anjos, apareceu Jésus - ele tinha 10 mil m etros de altura e estava envolvido pela luz de 10 mil sois. Seu tam anho e beleza dim inuiam as colinas ao seu redor e, quando seus braços se abriram para nós em um gesto de boas vindas, eles pareciam estender-se de um a extrem idade do Lago Kivu a outra. O Senhor disse apenas um a palavra: B em -vindos... O m otorista tirou nosso m icroônibus da estrada para um a rápida p a ra d a e eu acordei en q uanto o veiculo se sacudia to d o e ia paran d o . Estive dorm indo p o r quase très horas e nós ainda estávam os na m etade do cam inho. C om o nào há m uitos postos de gasolina entre Kigali e K ibeho, os peregrinos deram um a saída rápida para usar as instalaçôes. Eu fiquei sozinha no ônibus po r um tem po, m ais um a vez folheando m eu precioso fichário azul que continha m uitas das m ensagens de Segatashya sobre o Fim dos Dias. Eu pensei sobre o q u an to aquele sonho tào fam iliar a m im , que eu tinha acabado de ter, me deixava tào alegre 143
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p o r saber que Jesús tin h a voltado e me levado p ara o Céu junto com aqueles que eu m ais am ava com a segurança dos seus braços bondosos. M as eu tam bém pensei em com o era triste que tan tas pessoas que eu tinha conhecido em m inha vida tivessem tan to m edo do A pocalipse ou daquilo que eu considerava ser a m ais agradável e recon fo rtante das frases: o Fim dos Dias. Eu acho que é com preensível que as pessoas tenham tan to m edo da violência, do sofrim ento e do fim a que cada um a dessas coisas pode levar. Afinal, o Fim dos Dias - os dias fináis que precedem o reto rn o de C risto para o julgam ento de todas as alm as, depois do quai a Terra será consum ida pelo fogo - é retratad o na Biblia com o um tem po de grande tribulaçâo. O A pocalipse é descrito com o um a era na qual o D em onio irá dom inar o m undo pela m entira e pelo engano até o dia em que Deus revelar grandes verdades que foram escondidas do hom em e receber todos p ara o D ia do Julgam ento e dar inicio ao fim do m undo. E o A rm agedom é retrata d o na Biblia com o a b atalha entre as forças do bem e do m al que irá assinalar os últim os dias de nosso planeta. Vamos adm itir que tu d o isso, tom ado em conjunto, pode parecer um pouco assustador se vocé acha que nao irá passar to d a a eternidade no Paraíso. Pela form a com o eu vejo, se alguém falasse p a ra mim: “L am ento, a vida é dura e tudo o que vocé irá encontrar pela frente durante os próxim os anos, a p a rtir do m om ento em que o m al com eçar a reinar neste m undo, será apenas to rm en to e to r tu r a ” , eu tam bém ficaria com m edo. M as, se alguém me dissesse (com o Jesús disse na Biblia) que, se eu passasse 80 anos na Terra e suportasse to d o o sofrim ento e dificuldade sem perder m inha fé e o am or a D eus, eu teria pela frente a possibilidade de passar to d a a eternidade junto com as pessoas que eu am o, com o eu nâo ficaria contente com isso? Desde que m eu coraçâo esteja p u ro e repleto de amor, e eu viva da form a com o Deus quer, eu sei que vou passar toda a eternidade com aqueles que eu am o e deleitando-m e na beleza e no am or do Senhor. 144
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É po r essa razáo que as m ensagens de Segatashya estavam táo focadas em nos p rep a ra r para o Fim dos Dias, lem brando-nos que todos nós vam os m orrer um dia e que devem os estar sem pre cientes desse fato im utável. Jesús disse-lhe que, se os hom ens e m ulheres estiverem p rep a ra dos p ara o D ia do Julgam ento, o Paraíso será deles. M as, se as pessoas nao estiverem prep arad as, se elas tiverem ab an d o n ad o a fé, virado as costas p ara Deus e buscado o pecado, entáo tu d o estará perdido p a ra elas... Elas nao poderáo ver o Céu e estaráo condenadas a passar a eternidade no inferno. Esse é o m otivo pelo qual eu quero desesperadam ente com partilhar com todo o m undo as m ensagens de Sega tashya sobre o Fim dos Días. E, en q uanto eu olhava aquele fichário azul durante a viagem p ara K ibeho, prom etí a m im m esm a que iría colocar no papel suas m ensagens so bre esse assunto exatam ente da form a com o eu as recebi, para que as pessoas pudessem decidir p o r conta p ró p ria com o interpretá-las. O p róxim o capítulo é um a com pilagáo de m ensagens sobre o Fim dos Dias que Segatashya recebeu de Jesús. Leia-o com atengao.
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CAPÍTULO 7
O FIM D O M U N D O C O M O FOI D ITO PO R JESUS
Segatashya teve m uitas conversas com Jesus a respeito do Fim dos Dias. M uitas délas ocorreram durante as aparigòes de N osso Senhor para o jovem visionàrio entre 2 de julho de 1982 e 2 de julho de 1983. M ais tarde, ele relatou essas conversas em entrevistas gravadas pelos m em bros da Com issáo de Inquérito. O que vai a seguir é um excerto daquelas horas de entrevistas: Nos últimos dias, o sol ficará m uito quente, e inúmeras pes soas morremo de fom e e de outras calamidades que se segui rlo a essa escassez■Haverá muitas tenta^oes do demonio nessa época, pois a Terra passará pelo maior sofrimento que eia já viu, maior do que qualquer coisa que tenha ocorrido antes. Q uando voce vir guerras irrompendo entre as diferentes religióes do m undo, vocé saberá que o m eu retorno está pró xim o. Q uando vocé testemunhar guerras religiosas, vocé sa berá que estou a caminho. Urna vez que as guerras religiosas comecem, nada irá pará-las. Perto do fim haverá guerras e nagào irá se voltar contra nafào e religiào irá se voltar contra religiáo. Mas as familias tam bém lutarño entre si - os pais se voltarao contra seus fiIbos, e filhos e filbas irào lutar uns contra os outros. Muitas misérias sucederao porque o m undo continuará se recusando a se arrepender. Senhor, po r que as religióes entraráo em guerra, se todas elas trabalham para voce ?25 Porque em todas as religióes bá m uitos que dizem acredi tar no am or de Deus, mas que nao acreditam verdadeiramente. A guerra cbegará porque m uitos dizem que amam, mas eles nao tém nenbum am or por Deus ou pelo bom em em seus corafdes. 25Faz-se necessàrio reafirmar: “ (...) toda a salva^áo vem de Cristo-Cabera por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto nao poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessària à s a lv a d o , nela nao entrassem e nela nao perseverassem. Ao mesmo tem po, grabas a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvagáo eterna todos os que, sem culpa pròpria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da gra^a, se esfor^am por cum prir a sua vontade, conhedcla através do que a consciencia lhes d ita ” (Com pendio do CIC, n. 171).
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Como será possível que país e filhos declararao guerra uns aos outros quando há táo fortes lagos de am or unindo um pai e um filho? As familias comegaráo a lutar entre si quando os seres hum anos ficarem exaustos de viver em um m undo com tan to sofrim ento. As pessoas estarao cansadas do m undo e o m undo estará cansado das pessoas. O pecado do hom em se tornará táo grande que da misèria nascerà mais miseria. As máes preferiráo ser estéreis em vez trazer urna crianza a este m undo com tanta dor. H om ens maduros estarao táo cansa dos de viver que chorarào e implorarào para morrer, para dar firn à sua perturbagào. Haverá m uitos terremotos em todos os cantos do globo. Em alguns lugares o calor do sol será táo implacável que a tena secará e as colheitas m orrem o ano após ano. O s ven tos tomarào conta da ten a e chuvas intermináveis causaráo grandes inundagoes. A fom e se espalhará por m uitas na^óes. M uitos lutaráo uns contras os outros por comida e m ultiddes morrem o famintas. Sabendo que o m undo estará táo cheio de pecado e que todas essas coisas terríveis iráo acontecer, Senhor, por que voce criou o homem com tanta fraqueza e propensáo ao pe cado? Voce é onisciente e, portanto, sabia muito bem que, quando criou A dào e Eva, todas as geragoes da hum anidade que viriam depois nao seriam fortes o bastante para resistir as tentagoes. O hom em fo i criado com a fraqueza, mas ele nao tem que permanecer fraco. Eu vim para a Tena e nasci da carne e do sangue para ser um exem plo vivo do que era possível para a humanidade. Eu m ostrei aos hom ens o caminho a ser seguido na vida e o caminho para o Céu. Eu vim ao m undo como hom em , e mostrei a todos os hom ens com o sofrer as dores do m undo e como amar a Deus. Eu vim para salvar o hom em porque vi as dificuldades que ele estava tendo ao tentar levar urna vida pura e devota. Eu desci do Céu para curar os pecados do m undo e a hum anidade viu o que eu suportei por causa de tais pecados: deixaram-me nu, espancaram-me e crucificaram-me; e todos tiveram que suportar o peso de testemunhar isso. Eu m o n i para a salvafáo do homem; entáo, para que ele tenha essa salvafáo, ele deve m e convidar parar morar em seu coragáo antes do últim o dia. E o últim o día chegará nao porque as pessoas sejam más, mas porque Deus criou o m undo sabendo ele acabaría um dia. O m undo irá acabar, com ou sem a humanidade, mas to dos os transtom os, misérias e sofrim entos que acom panham
O FIM DO MUNDO COM O FOI DITO POR JESUS
o últim o dia recairáo sobre o m undo por causa dos pecados da humanidade. Q ualquer um que aceitar o m eu am or e se arrepender de todos os seus pecados será perdoado por tudo, e eu irei amá-lo. Mas aqueles que se recusam a se arrepender dos seus pecados guardaráo tais pecados com o urna marca em suas almas, e eu Ihes mostrarei a m inha ira. E por isso que, quando eu voltar para o Dia do Julgam ento, eu julgarei primeiro aqueles que se recusaram a se arrepender. E eles ficaráo enorm em ente aflitos e entristecidos, mas as suas tristezas viráo tarde demais - e eu despejarei tribulaçôes e mais tribulaçôes sobre eles. M inha ira para com eles será feroz e meus sete arcanjos irao espalhá-la pelos quatro cantos do planeta. M eus arcanjos castigarâo com a minha ira todos aqueles que se recusaram a se arrepender dos seus pecados. Haverá m uito sofrim ento e tribulaçâo. Mas, por causa de tais tribulaçôes que recairáo sobre os pecadores, haverá m uita raiva contra os meus filhos por eles terem acreditado em mim. O s pecadores perseguiráo aqueles que sao fiéis a Deus e os arrastarâo para fora dos seus tem plos e os espancaráo nas ruas. Mas eu peço para que os meus filhos nao m e neguem, nao im porta o quanto tenham que sofrer por isso... Eu sempre estarei com eles nos m om entos de afliçâo. E as coisas ficaráo ainda piores no m undo por causa daqueles que dáo as costas ao arrependimento. O s coraçôes dos hom ens estaráo táo cegos para a verdade de Deus que um exército de dem onios irá ficar de prontidáo sobre toda a Ter ra. E m uitos afirmaráo ser eu, o Senhor Jesús. Eles prometerao acabar com toda a miséria e dissipar todo o sofrimento. Cuidado com esses demonios, pois o único desejo deles é seduzir o hom em e levá-lo para o mal. Com o poderemos reconhecer esses demonios e como poderemos sobreviver a tais lutas no Fim dos Dias? Q uando vocé ouvir alguém que alega ser eu ou agindo em m eu nome, mas que usa palavras que contradizem o que eu disse na Biblia, vocé saberá que eles sao dem onios tentando afastá-lo da Luz de Deus. Para derrotar essas forças, as pes soas devem orar, se confessar e se arrepender. Diga a todas as pessoas do m undo que, a partir de hoje, elas devem praticar penitencia, pois nao falta m uito tempo para que o D em onio venha à Terra para tentar a humanidade a fazer com que ela se desvie do caminho da retidáo.
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Fale para todas as pessoas lerem a Biblia e encontrar nela as minhas palavras, fale para elas acreditarem em cada urna das palavras que eu pronunciei e viverem de acordo com elas. O últim o dia tem duplo sentido. O primeiro sentido se aplica a alma individual - para cada urna das pessoas, o últim o dia será o dia de sua morte. O últim o dia para toda a humanidade será o dia da m inba Segunda Vinda. A o fim de cada dia, toda pessoa está um dia mais próxim a do encontro com Deus. Se eu temo pelo que acontecerá nos últimos dias, nao vai todo m undo ficar com medo tam bém ?26 N ao tenha m edo, mas tenba fé! Pois aqueles que amam a Deus e fazem o bem iráo comigo para o Céu e nunca mais serao tentados. Mas apresse-se, pois falta pouco tempo! Diga as pessoas que, se elas tiverem a m im dentro dos seus corafóes, elas nao precisam ter m edo do sofrim ento dos últimos dias. Mas elas precisam ser fiéis a Deus e cautelosas em relatado aos truques e enganos que o D em onio irá empregar com o objetivo de levá-las ao pecado e a escuridáo. N os dias fináis, Satanás virá e alardeará que ele é o grande líder dos bomens, que ele pode dar um fim as secas e as inunda r e s , que ele pode curar os milhoes de pessoas que estaráo doentes. Ele poderá realizar milagres, ele irá se gabar dos seus grandes feitos, e pessoas do m undo inteiro acorreráo a ele cbamando-o de Cristo... Mas ele nao é o Cristo, ele é Sata nás disfar^ado. Ele alegará estar fazendo o que Cristo fez no passado - curando os doentes e alim entando os fam intos mas será mentira. Ele poderá deslumbrar e confundir m uitas pessoas com falsos milagres, ele poderá curar alguns doentes e alimentar alguns fam intos - mas seus milagres sao armadiIbas para enredar os coragóes e almas hum anas.17 26“0 Juízo Final acontecerá por ocasiao da volta gloriosa de Cristo. Só o Pai conhece a hora e o dia desse Juízo, só Ele decide de seu advento. Por meio de seu Filho, Jesús Cristo, Ele pronunciará entáo sua palavra definitiva sobre a historia. Conheceremos entáo o sentido últim o de toda a obra da cria^áo e de toda a eco nomía da salvagáo, e compreenderemos os caminhos admiráveis pelos quais sua providencia terá conduzido tudo para seu fim último. O Juízo Final revelará que a justi^a de Deus triunfa de todas as injusti^as cometidas por suas criaturas e que seu am or é mais forte que a m orte (Ct 8,6)” (CIC, § 1040. Grifo nosso). 27Acerca dos fenómenos realizados por anjos, bons ou m aus, diz-nos o Cardeal Lépicier: [...] os fenómenos originados pelo poder angélico, quer direta quer indiretam ente, revestem notáveis características, nao só quanto á sua extensáo com o quanto á sua diversidade. Com o, por um lado, estes espírítos puros possuem um conhecim ento das leis físicas e químicas que excede grandem ente o nosso, e, por outro lado, o seu poder é de m uito m aior 150
O FIM DO MUNDO COMO FOI DITO POR JESUS
Durante o Fim dos Días, Satanás irá fazer o possível para distrair as pessoas da minba verdade e afastar a humanidade do caminho que conduz ao Céu. Alguns homens trabalharáo para o D em onio naqueles dias e tentaráo confundir outros dizendo que todas as diferenças entre Satanás e Deus nao sao importantes, que Deus e o D em onio säo irmäos e que os pro blemas que eles tiveram no Céu säo apenas brigas de familia que näo dizem respeito ao hom em . N äo acredite nisso! Deus é o Todo-Poderoso e näo tem nenhum irmäo... Acredite ape nas ñas palavras de Deus conforme vocé pode encontrá-las na Biblia. N äo confie em qualquer um que cbegue chamando a si m esm o de Jesus ou dizendo que é Jesus em sua Segunda Viu da. Q uem quer que diga isso é um mentiroso. M uitos espaIbaräo rumores de que Cristo já veio e apontaräo para alguém que eles alegam ser eu... N äo o adore. Permaneça fiel a m im e m e chame em oraçâo. Eu irei encontrá-lo onde quer que vocé esteja. Se eu andar entre os homens, eu näo o farei com grande estardalbaço e ostentaçâo. Eu silenciosamente curarei os doentes, devolverei a visäo aos cegos e abrirei os ouvidos dos surdos. Eu alimentarei naçôes sem buscar louvor; eu passarei pelo m undo sem ser notado e prestarei atençâo naqueles que permaneceram fiéis a m im . Ore a m im e confie em m im , e eu irei encontrá-lo onde quer que vocé esteja - se vocé estiver no topo de urna m ontanha, eu irei encontrá-lo; se vocé estiver em baixo de urna ponte, eu irei encontrá-lo. lnvoque-m e em busca de força e coragem nos dias negros que virâo e eu Ihe darei força. N o Fim dos Dias haverá m uitos milagres falsos; näo acre dite neles, pois näo viräo de Deus. Quaisquer milagres que se originärem de m im seräo milagres do coraçâo. Q uando eu vier, colocarei am or nos coraçôes dos hom ens e mulheres que säo fiéis a m im . Em todos os lugares do m undo as pessoas começarâo a ter sonhos comigo e ficaräo repletas do Espirito
alcance, podem os assegurar que difícilmente se encontraráo neste mundo alguns fenómenos que nao possam ser provocados pelos anjos, dum a ou doutra m aneira. E esses fenómenos sao, por vezes, táo surpreendentes que nos chegam a parecer verdadeiros milagres. M as, nesse caso, nao se trata de milagres, porque, em bora tais fatos ultrapassem o poder do m undo visível, até onde tal poder é por nós conhecido, nao excedem o poder dos anjos. O milagre, que excede todos os poderes do m undo visível e do m undo invisível, só pode ser atribuido a Deus (...)” (Cardeal Alexis M arie Lépicier, The Unseen World, Parte III, V, p. 66, Benzínger Brothers, N ova Iorque, 1906. Grifos nossos). 151
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Santo. Mas os pecadores nao ficaráo cheios do Espirito San to e sairáo em busca dos dem onios que alegam representar Deus. Satanás virá as nagoes assoladas pela fom e com grande quantidade de comida, mas, em troca disso, ele esperará ser louvado. A comida que as pessoas pegaráo de suas máos para alimentar seus corpos fam intos nao irá nutri-las e envenena rá suas almas - nao coma tal tipo de comida. Essa comida cegará o corafáo das pessoas para o am or e a verdade de Deus, fortalecerá a ganancia do hom em e semeará o odio nos coragóes das pessoas - ela vai colocar nafáo encontra naqao e vizinho contra vizinbo. E m elhor passar fom e do que adorar um falso deus. Se o seu estómago dói, nao procure alim ento com aquele que pede para ser adorado - ore para m im e eu irei ampará-lo. Senhor, vocé diz que haverá m uitas misérias no Fim dos Dias e que m uitos demonios tentaráo enganar a hum anidade e levá-la ao caminho do pecado e da dana^áo. Com o vocé irá proteger aqueles que o am aram e obraram em seu nome fielmente durante toda a vida, mas que caíram na arm adilha do dem onio nos dias fináis? E o que acontecerá com aqueles que sempre foram bons, mas que foram cegados por Satanás bem no último momento? N ao parece justo que a eternidade no Paraíso seja negada a alguém que sempre tenha sido um servo fiel de Deus, mas que errou bem no Fim dos Dias. Eu sou Todo-Poderoso e tenbo o poder de ver o corafáo dos bomens. N o Dia do Julgamento, eu olharei o coragáo de todas as pessoas para ver se eram verdadeiros crentes os que foram abatidos na batalha entre Deus e Satanás no Fim dos Dias... Se eles foram verdadeiros crentes até o fim, eu os sa lva reis E o que acontecerá com aquelas pessoas que agiram er rado e nao deixaram vocé, Senhor, entrar em seus coragóes durante toda a vida, mas que tam bém nao participaram na luta do dem onio contra Deus durante o Fim dos Dias? Essas pessoas trabalharam durante toda a vida a favor do dem onio e nao de Deus, e nao teráo lugar no Céu. Será muito tarde para essas pessoas; o simples fato de alguém nao ter 28“ Os filhos da Santa Igreja, nossa M ae, esperam justam ente a graga da p e rs e v e ra la final e a recom pensa de Deus, seu Pai, pelas boas obras realizadas com sua gra?a, em com unháo com Jesús. O bservando a mesma regra de vida, os fiéis cristáos partilham ‘a feliz esperanza’ daqueles que a misericordia divina reúne na ‘Cidade santa, um a Jerusalém nova que desee do céu de junto de Deus, preparada como um a esposa’ (Ap 21, 2 )” (CIC, j 2016. Grifo nosso). 152
O FIM DO MUNDO COM O FOl DITO POR JIÍSUS
agido em favor do dem onio no Fim dos Dias nao quer dizer que o seu cora$áo estava convertido a D eus.19 O que acontecerá no último no dia? N o últim o dia, o planeta irá tremer e a alegría dos justos será imensa. Um grande arco-iris, de incontáveis cores, atravessará o céu e urna nuvem branca irá se formar. Nesse m o m ento, voce m e verá emergir da nuvem carregando a minha cruz. Eu vou enviar todos os meus anjos ao redor da Terra para juntar todas as pessoas do m undo. M inha cruz farà os bons e os maus estremecerem. E, entáo, julgarei todas as al mas diante de m im , decidindo quem agiu fielmente em favor do Senhor e quem nào, e atribuirei a cada pessoa o lugar que eia merece na eternidade. Todo o sofrim ento do Fim dos Dias estará acabado e to das as lutas da vida sobre a Terra tem o indo embora para sempre. N inguém mais precisará se arrepender - pois, para os justos, que se arrependeram durante toda a vida, será a hora de se regozijar no Paraíso. E, para os maus, será tarde demais para se arrepender. A alma nunca morre e toda alma pertence a Deus. N o últim o dia, as almas que conquistaram um lugar no Reino de Deus sairno da Terra sem levar nada com elas. Aqueles que rejeitaram a Deus e foram julgados pecadores obstina dos desceráo aos infernos, onde padecerào a m orte eterna. Aqueles que amaram e serviram a Deus subirào ao Céu, onde passarào a vida eterna no Paraíso. A pós todas as almas escolhidas por D eus terem ido ao Céu, um grande fogo irromperà das profundezas da Terra e o m undo será consumido em chamas. E todos aqueles que re jeitaram o Senhor e se recusaram a crer queimarào no fogo.30
“ “Cham ado á felicidade, mas ferido pelo pecado, o hom em tem necessidade da salvagáo de Deus. O socorro divino lhe é dado, em Cristo, pela lei que o dirige e na graga que o sustenta: ‘Trabalhai para vossa salva^áo com tem or e trem or, pois é Deus quem , segundo a sua vontade, realiza em vós o querer e o fazer’ (F1 2,12-13)” (CIC, j 1949). 30“A ressurrei^ao de todos os m ortos, ‘dos justos e dos injustos’ (At 24,15), antecederá o Juízo Final. Este será ‘a hora em que todos os que repousam nos sepulcros ouviráo sua voz e sairáo: os que tiverem feito o bem, para urna ressurreigao de vida; os que tiverem praticado o mal, para um a ressurrei^áo de julgam ento’ (Jo 5,28-29). Entáo Cristo ‘virá em sua gloria, e todos os anjos com Ele. [...] E seráo reunidas em sua presenta todas as na^óes, e Ele há de separar os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos, e por as ovelhas á sua direita e os cabritos á sua esquerda. [...] E iráo estes para o castigo eterno, e os justos iráo para a Vida Eterna’ (M t 25,31-33.46)” (CIC, $ 1038). 153
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Algumas almas passarào pelo purgatorio em seu caminho para o Céu no Fim dos Dias? N o m om ento em que o m undo acabar, o purgatorio deixará de existir. O purgatorio é para aqueles que foram bons em vida, mas que morreram com alguns pecados em suas al mas e precisam ser purificados antes de entrar no Céu. Mas todo o sofrim ento que essas boas pessoas suportarào no Fim dos Dias será o bastante para purificar suas almas; após isso, elas entramo no Paraíso imediatamente. Por isso, o purgatorio nao será mais necessàrio. A pós o Dia do Julgamento, todas as almas estamo no Céu ou no inferno por toda a eternidade. Por que voce simplesmente nao diz ás pessoas quando será o Dia do Julgam ento para que elas possam se converter agora e terem certeza de que vao entrar no Céu? Em primeiro lugar, eu nào sei em que dia será. Apenas Deus Pai sabe o dia exato em que o m undo acabará. Mas, se eu soubesse quando seria o últim o dia, nào contaría às pessoas. Se elas estivessem a par do dia em que o m undo fosse acabar, elas se converteriam por m edo e nào por am or a Deus. E o Céu é apenas para aqueles que estào com o coragáo repleto do am or de Deus. M as é vital nào se preocupar com o últim o dia coletivo. A coisa mais im portante para as pessoas e com a qual elas mais devem se preocupar é com os seus últim os dias individu áis, pois eles podem acontecer a qualquer m om ento e deve-se sempre ter certeza de que a alma está pronta para o encontro com o Senhor. Pois a pessoa que morrer cheia de pecados ressuscitará cheia de pecados... E a pessoa que morrer sem pecados ressuscitará sem pecados.
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CAPÍTULO 8
JO RN A D A S M ÍSTICAS E OS A M O R O SO S BRACOS DE M ARIA
D uas sem anas após ter deixado a casa do Dr. Bonaventure, m unida de um fichário cheio de m ensagens de Segatashya, eu estava voando a 10 mil pés de altura sobre R uanda. Eu olhava, através das nuvens fofas e brancas, p a ra K ibeho, lá em baixo, e me perguntava com o Jesus e M aria tinham se sentido quan d o desceram do Céu para conversar com o jovem visionàrio. Do alto, o m undo p a recía táo pequeño e as pessoas táo m inúsculas que me vi obrigada a me p erguntar p o r que Jesus e M arta se preocupavam conosco. Q uan d o term inei m inha viagem a Kibeho com o m eu grupo de peregrinos am ericanos (urna p e r e g r in a lo m aravilhosa, que irei co n tar com m ais detalhes em um próxim o livro), retornei à casa do Dr. B onaventure para fazer-lhe urna breve visita e pegar m ais fichários e cadernos a b arro tad o s com transcrigòes de entrevistas com Se gatashya. E nquanto dava inicio à m inha longa viagem de volta p ara os Estados U nidos, comecei a folhear as páginas do prim eiro caderno que estava em m inha pilha. Era um caderno que continha relatos detalhados do pròprio Sega tashya a respeito das viagens que eie fez sob o com ando do Senhor com o objetivo de transm itir suas m ensagens em Burundi e Z aire (atualm ente C ongo), países vizinhos de R uanda. Inclinei-m e sobre a janela do aviào e pude ver a vastidào do C ongo se estendendo debaixo de m im . Era um lugar selvagem, instável e m uitas vezes inacreditavelm ente perigoso. Eu pensei no q u an to era fácil, p a ra m im , navegar a m ilhares de pés de altura acim a dos riscos e desafios que encaravam as pessoas que tin h am que passar pelo C ongo ou Burundi p o r terra. N à o conseguía im aginar com o o
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
pobre e ignorante Segatashya, m esm o co n tan d o com a D ivina Providencia, conseguiu realizar urna fa^anha táo desafiadora. Eu nao podia esperar p ara descobrir e me preparei p a ra 1er tu d o sobre isso durante m inha viagem de 13 horas p a ra N ova York. Porém , en q u an to “passeava” pelas folhas, pro cu ran d o a historia da e x p e d id o de Segatashya ao Burundi, topei com um tipo de jorn ad a com pletam ente diferente da que ele tinha feito. Era um a jornada em diregáo as profundezas do im enso sofrim ento de Jesús, na qual ele foi guiado pela Santíssim a Virgem. M aria apareceu pela prim eira vez p ara Segatashya em 1 de setem bro de 1982, quase dois meses após a prim eira apari^áo de Jesús p ara ele. Q uan d o a Com issáo de Inquérito pediu a Segatashya que fizesse um a descriijáo de M aria, ele ficou sem palavras. C ontudo, ele respondeu de form a diligente a todas as perguntas sobre M aria feitas pela Com issáo ao longo dos anos seguintes. Aqui está um trecho: PERGUNTA: O brigado por ter voltado aqui para dar prosseguimento ás perguntas, Segatashya. H oje é 8 de se tem bro e, na últim a vez em que nos reunim os com vocé, em agosto, vocé relatou que viu mais de um a dúzia de aparigóes de Jesús, mas que naquele tempo a Virgem M aria nao tinha aparecido para vocé em Kibeho. SEGATASHYA: Está certo. As primeiras aparigñes que vi foram todas na casa dos meus pais ou próxim as a ela. Depois, Jesús me disse para ir a Kibeho, para que ele pudesse me ensinar mais mensagens. Nessa altura, ele comegou a aparecer para mim enquanto eu estava no palco onde as estudantes viram as aparigóes da Virgem M aria. N a semana passada, quando Jesús apareceu para mim, ele me m ostrou algo muito especial. Ele veio com M aria, sua máe, e disse: Esta é minha Mae. Ela é aquela que dá as grabas sobre as quais vocé já ouviu falar. Eu quero que vocé a respeite da mesma form a com o m e respeita, e quero que vocé a am e da m esm a form a com o ama a si mesmo. PERGUNTA: Vocé consegue descrever em detalhes como era a Virgem M aria quando ela apareceu para vocé? 156
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SEGATASHYA: Com o eu posso descrever a beleza abso luta? Eu vou tentar, com as m inhas pobres palavras, dar-lhe alguma idéia de como era a aparéncia dessa m aravilhosa senhora. Ela apareceu para mim envolvida por urna brilhante névoa de luz branca e flutuava no ar na m inha frente. A principio, tudo que eu conseguía ver era a luz, urna luz suave, afetuosa e receptiva que dava a impressáo de que ela estava me segurando em seus bracos e me ninando da mesma form a como m inha máe costumava fazer. Vagarosamente, M aria comeyou a tom ar forma no meio da névoa. Eu realmente nao sei dizer qual era a idade déla... Ela irradia va a jovialidade e a beleza de urna mulher bastante jovem, mas voce podia sentir a sabedoria e a bondade que existia em seus cintilantes olhos castanhos... O am or que ape nas urna máe pode possuir. Sua pele nao possuía nenhum a mácula. Era de cor clara, mas nao era branca... E muito difícil descrever o verdadeiro tom e o aspecto da pele déla, pois, como acontecía com seu filho, Jesús, uma m aravilhosa luz dourada irradiava do seu interior e brilhava ao seu redor. Ela brilhava como um perfeito por do sol em um lago tranqüilo e puro. E ela parecia macia e suave como um a pom ba. Ela vestia um longo e im aculado vestido branco que era feito de uma única pega de roupa, como um a túnica. Esse ves tido caía a seus pés e nao possuía costuras. H avia um a faixa azul ao redor de sua cintura, e sua cabera estava coberta por um véu de cor pérola que ia até os ombros. PERGUNTA: Voce pode nos dizer qual foi a mensagcm que M aria lhe deu no seu primeiro encontro com ela? SEGATASHYA: N a verdade, nao houvc mensagcm da Virgem M aria para mim. Ela apenas me disse uma coisa: Meu filho, sempre m e respeite e sempre m e conte qualquer coisa que o esteja incom odando ou deixando-o triste. Eu sou sua Máe do principio ao fim. Isso foi tudo o que ela disse - ela nao me deu nenhum a mensagem para transm itir ao m undo. Eu nao consigo nem me lem brar se ela me falou mais alguma coisa após essas primeiras palavras. M as eu sei que, durante todo o tem po que passei com ela naquele dia, ela estava me m ostrando o quanto me am ava. Em bora ela estivesse flutuando acima de mim, eu me sentia como se estivesse envolvido pelos seus bracos am orosos o tem po todo. E nquanto ela me envolvía, eu nao tinha afli§5es, problem as, necessidades ou p re o c u p a re s . Ela é a máe mais am orosa do m undo, e nao há nenhum lugar no qual eu mais queira estar do que nos bracos déla. Q uando ela me deixou, para retornar ao Céu, eu tive vontade de chorar. 157
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Vários meses depois, a Com issáo se encontrou novamente com Segatashya para lhe perguntar sobre as aparigòes de M aria que ele tinha visto: PERGUNTA: Boa tarde, Segatashya. H oje é 8 de abril de 1983 e a última vez que conversamos foi durante a segunda semana de setem bro, no ano passado. N aquela época, voce tinha recebido apenas urna visita da Virgem M aria. Enten demos que, desde entáo, além das aparigóes de Jesus, a BemAventurada M ae apareceu para voce mais dez vezes. Voce pode fazer o favor de nos dizer se, durante essas visitas, voce recebeu qualquer mensagem especial da Virgem M aria, ou se eia com partilhou com voce quaisquer segredos sobre os quais voce possa falar conosco? SEGATASHYA: N ào, a Virgem M aria nào me contou nenhum segredo, e eia nào me deu nenhum a mensagem para ser transm itida. M aria me visitava apenas para m ostrar o quanto me am ava e para me ensinar coisas que eu deveria saber como rezar o Rosàrio todos os dias e me instruir sobre como me com portar melhor. Como eu já disse, eia é uma máe m uito boa e muito am orosa para mim. H á um a coisa em especial que eia me ensinou que talvez possa interessá-lo. Eia me ensinou urna cangáo que é mais ou menos assim: Jesus disse a todos os seus discípulos para deixar tudo o mais para trás, e segui-lo. Eles tinham muitas riquezas e apegos m undanos, mas eles deixaram tudo para trás para segui-lo, Jesús, o Salvador do Homem . Jesús Ihes contou sobre as m aravilhas de Deus, sobre as gragas que Deus derram a sobre o homem. Jesus disse a seus discípulos: “Venham comigo para o Céu, alegrem-se e nunca fiquem com o coragáo ab atid o ” . Todos nós devemos segui-lo agora, em diregào a Deus, o Deus que nos criou e nos deu a vida, o Deus que vive dentro de nós e nos guia para sua luz. PERGUNTA: O brigado por nos m ostrar essa cangáo, Se gatashya. Agora, gostaríam os de lhe perguntar algo que ouvimos dizer que aconteceu com voce e que está relacionado à M aria, quando voce perguntou a Jesus sobre o sofrimento que Ele passou enquanto esteve na Terra. Nossos registros dizem que essa experiencia ocorreu em 15 de novem bro... Por favor, conte-nos o que aconteceu naquele dia. 158
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SEGATASHYA: N aquele día eu estava perguntando a Je sus sobre o sofrimento que ele tinha suportado para lavar os pecados do homem. Jesús me falou tudo sobre as torturas que ele teve de agüentar, aquelas que estáo registradas na Biblia. Ele me contou sobre os espancamentos, sobre Ele ter sido obrigado a carregar a própria cruz, o açoitam ento, a coroa de espinhos que colocaram em sua cabeça, a forma como pregaram suas mâos e pés na m adeira e enfiaram um a lança em seu peito. M as Jesús disse que sofreu outras 15 torturas, sobre as quais as pessoas nao sabem muita coisa. Evidentemente, eu queria estar a par de cada uma das do res que o Senhor sofreu por nós, porque ele passou por isso para a nossa salvaçâo. Entâo, eu pedi a ele que me contasse quais foram essas torturas. Vendo agora, foi um grande erro de m inha parte, mas parecia um a boa idéia naquele momento. Jésus perguntou: Você realmente quer saber o que eu suportei dtirante aqueles 15 sofrimentos? M uito betn, m eu filho, espere um m om ento e nâo saia daqui. Em seguida, ele voltou para o Céu e m andou sua M ae aqui para baixo para ver-me. Eu estava realmente em polgado e contente porque pensava que ia conhecer certos segredos, coisas escondidas que seriam reveladas a m im .” Pensei que estava prestes a em barcar em um a jornada mística de revelaçâo. Eu apenas nâo sabia que tam bém seria uma jornada mística de dor. Alguns momentos depois, M aria apareceu diante de mim, saudando-m e com todo o seu amor. Em seguida, ela me per guntou: Você está preparado para conhecer as coisas que você pediu para serení reveladas? “E claro que sim, M ae!”, disse eu, alegremente. “É muito bom aprender tantas liçôes sobre a fé e ser ensinado sobre as coisas que eu quero...” Antes que eu tivesse a chance de term inar a frase, caí no châo e me senti como se alguém estivesse arrebentando meu corpo com golpes de porrete e barras de ferro .32 Eu gritei de dor. Tudo em volta de mim estava escuro - eu estava viajan do por uma paisagem de puro sofrimento. Eu tentava me le vantar, mas um peso enorme e esm agador continuam ente me lançava de novo ao châo, como se grandes rochas estivessem sendo atiradas do alto sobre mim. Provavelmente se refira às 15 Dores Secretas de Nosso Senhor em sua Pailevoçâo oriunda de um a revelaçâo privada de um a religiosa Clarissa, Irma i M adalena, de Rom a, m uito difundida em devocionários e folhetos. Trata-se de um a descriçâo de um a “participaçâo” na Paixâo de N osso
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O MENINO QUE CONHECEU JESUS
“M ae, por qué?! Por que vocé está fazendo isso comigo?”, gritei, em um estado de absoluto medo e agonía. N ao houve resposta, apenas mais e mais pancadas quebrando meus ossos e rasgando m inha pele. “Por favor, M ae, fale comigo! Talvez seja m elhor esquecermos o nosso encontro de hoje! Eu acho que nao era isso que Jesús tinha em mente quando ele lhe pediu para me ensinar urna liçâo. Eu já entendí! Já aprendí o suficiente!” M aria perm anecía em silencio, e aquela dor esmagadora continuava a m assacrar meu corpo. Eu me levantei e tentei correr para me abrigar, mas, toda vez que eu fazia força para ficar em pé, outra pancada me acertava bem no rosto. Meus olhos ficaram tâo inchados que se fecharam. Eu me sentía como se m inha coluna tivesse sido partida em duas e os ossos de minhas pernas esmigalhados. Após ter sido brutalm ente jogado ao chao por seis vezes seguidas, finalmente decidí ficar abaixado. Eu pensei que, se ficasse esparram ado no châo, meus torturadores invisíveis poderiam se cansar de me bâter ou poderiam nào mais notar m inha presença. M as nao era para eu ter paz. Tâo logo parei de resistir e fiquei imóvel, urna força invisível levantou-me no ar e, na hora em que eu ficava em pé, me batía novamente contra o chao. Parecía que o espancamento nao acabaría nunca, mas, depois que meu rosto foi esmagado no châo pela décima quinta vez, o poder que me tinha em suas mâos, qualquer que fosse ele, decidiu me libertar. Eu deitei-me com minhas costas doendo tanto que eu mal conseguía respirar. Eu tinha certeza de que minha caixa to rá cica estava m oída e meus pulmôes rasgados. Eu nâo sei por quanto tempo permanecí inerte na escuridáo, mas eu estava inteiramente convencido de que nunca mais conseguiría abrir meus olhos ou cam inhar novamente. Após o que me pareceu ser urna eternidade, os meus arre dores com eçaram a brilhar e a Virgem M aria retornou com seu familiar círculo de luz dourada. Em sua presença, a agonia que consumía meu corpo e mente foi instantáneam en te dissipada. M eu pobre filho, disse ela, tranquilizadora. Eu sempre estive aqui para aliviar a sua dor. Agora vocé conhece alguns dos sofrim entos que o m eu Filho teve que suportar para tirar os pecados do mundo. Após ter dito isso, M aria retornou ao Céu e Jesús reapareceu ao meu lado. Ele me perguntou: Com o foi o encontro com minha M ae? 160
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Ela responden a todas as suas perguntas satisfatoriamentc? Ela te explicou tudo que vocé quería saber? Antes de responder ao Senhor, eu passei m inhas maos em meus bracos, pernas e peito, e fiquei m aravilhado ao deseobrir que todos os meus ossos e órgáos pareciam estar intac tos. Em seguida, voltei-me para ele e disse rápidam ente: “Ah, sim, nós tivemos urna ótim a conversa, Senhor. Foi tudo muito, m uito bem. N ós tivemos urna conversa m uito agradável e depois ela me ensinou urna nova can§ao. Nós nos demos muito bem e ficamos am bos m uito contentes” . Jesús respondeu: Serio f Foi tudo b em f Vocé nao teve nenhum problema com o que ela te m ostrou? Nada do que ela falou ou fez te causou qualquer desconforto? Vocé nao tem nenbum a reclamagao que eu possa falar para ela mais tarde? “N ao, Senhor, nenhum a queixa de m inha parte. Eu nao poderia estar mais feliz!” Eu sei que é errado m entir para Jesús, mas eu pensei que, se reclamasse da form a como M aria me m ostrou o sofrimento dele, ele pediría para ela repetir a ligáo no mesmo instante - e, falando bem francam ente, eu achava que, se ela me submetesse áquilo novam ente, eu certam ente m orreria! PERGUNTA: Sua historia nos em ocionou, Segatashya. N ós ouvimos dizer que voce tam bém sofreu durante um je jum prolongado [que foi constantem ente m onitorado por enfermeiras] ao longo da Q uaresm a de 1983. Pode nos dizer algo sobre isso? SEGATASHYA: Ah, sim. Eu tive sofrimento em abundan cia durante a Quaresma, mas ele nao foi provocado pela Virgem M aria... Era o Senhor que estava por trás de tudo. Ele me disse que jejuou enquanto esteve na Terra e quería que eu fizesse o mesmo.33 Depois, ele me instruiu a nao comer e beber nada por 15 dias, comegando em 7 de margo. Ele me disse tam bém que eu teria que passar 22 días sem poder ouvir ou falar. 33Esta inèdia, isto é, abstençào de alim entaçâo, foi observada em Kibeho, e analisadas por um a com issâo mèdica em Em m anuel Segatashya, Agnes Kam agaju e em Anathalie M ukam azim paka. Sobre o jejum de Segatashya, a Comissâo M èdica concluiu que eie esteve em jejum total por 7 dias, de 7 a 14 de m arço de 1983. N âo encontrando para tal nenhum a explicaçâo psicològica, retom ou posteriorm ente norm al e abundantem ente a alim entaçâo, nâo se encontrando nenhum a explicaçâo p ara tal fenòmeno. O Prof. Bouflet questiona o que pensar deste jejum jâ que, dos très visionârios analisados e que passaram por tal abstinência, somente um esta entre a lista dos aprovados pelo Decreto diocesano, Anathalie M ukam azim paka (cf. Joachin Bouflet, Encyclopédie I ><■•. Phénom ènes Extraordinaires D ans La Vie M ystique, T. 2, Paris, Le jardin des livres, 2004, pp. 70-72). 161
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Bem, eu percebi na hora que nao conseguiría ficar 15 dias sem comer na casa dos meus pais... M inha máe certamente me forgaria a com er no instante mesmo em que ela ouvisse m eu estómago roncar. Entáo, eu me mudei para a casa do nosso pároco, que me convidou para ficar com ele enquanto eu jejuava. Em 7 de margo, eu fiz a promessa de nao comer e beber; e, passadas algumas horas, eu já nao podia mais ouvir e nem falar. N o terceiro día do meu jejum, o padre ficou preocupado com minha saúde e me levou para a casa do bispo. Durante todo o tempo eu sabia apenas vagamente o que estava acontecendo; eu sentía que estava desconectado do mundo e pairava lentamente em diregáo a um lugar muito próximo do Senhor. Em 13 de margo, no sexto dia do meu jejum - quando mi nha garganta estava extrem am ente seca, a ponto de eu querer engolir m inha própria língua - , Jesús apareceu e disse-me que eu deveria beber urna xícara de chá sem leite ou agúcar. Fiquei horrorizado e disse-lhe que nunca bebi chá sem leite ou agúcar. M as o Senhor insistiu, dizendo que, quando ele estava m orrendo na cruz e sofrendo de grande sede, foi-lhe oferecida urna bebida am arga similar. Ele quería que eu experimentasse um pouquinho do sofrimento que ele teve que suportar. Eu continuava odiando a idéia de ter que tom ar um chá táo insosso. Entáo, eu lhe disse: “ M inha familia está acostum ada a tom ar chá de um jeito muito particular, e eu real mente preferiría que vocé me desse água pura em vez de chá sem leite ou agúcar. Por favor, me perdoe, mas eu nao quero o seu chá”. Jesús disse: O que vocé pensa sobre o fato de que está recusando o m esm o chá que m e fo i oferecido? “Sim, eles te ofereceram o chá, mas vocé náo o tom ou, nao é?” Vocé só terá que tom ar esse chá porque ele fo i oferecido a m im . Agora estou lhe dando-o para que sinta um pouco do sofrim ento que suportei. “Por que, Senhor, vocé quer me dar esse chá amargo? N áo fui eu quem deu isso para vocé beber enquanto estava na cruz. Seria injusto eu ter que pagar por algo que nao fiz.” Entáo, m eu filho, o que vocé sugere que eu fa$a? “Veja só”, sugeri. “Eu aceitarei mais tres dias de total je jum se vocé me deixar colocar apenas urna colher de agúcar no chá.” Tudo bem. Eu adicionarei mais tres dias e eles poderáo colocar um pouco de adúcar no chá. 162
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Eu estava m uito contente com o acordo que tínham os feito, mas Jesús nao estava nada feliz. Junto com os très dias adicionáis de jejum, ele fixou 11 dias de sofrimento. Ele disse que eu teria que sair da m inha agradável cama e dorm ir no cimento do chao da casa do bispo. M ais tarde, disse que eu teria que dorm ir po r dois dias fora da casa, no chao, usando na cabeça urna coroa de espinhos. Eu nâo conseguia ver onde eu estava, mas Jesús levou-me para fora de casa, ordenou-m e que rezasse o Rosário das Sete Dores e pessoalmente colocou a coroa de espinhos em m inha cabeça. Os espinhos tinham quase cinco centím etros de com prim ento e penetraram no meu couro cabeludo tâo profundam ente que eu tive impressâo de que meu cérebro estava escorrendo para fora da m inha cabeça. Foi inacreditavelmente doloroso. Eu me senti tâo mal, e estava sofrendo tanto, que eu achei, com toda a certeza, que ia morrer. Apesar de Jésus me ter fei to usar aquela coroa de espinhos apenas por um dia e depois me ter deixado voltar para dentro da casa para dormir, pode mos dizer que foi urna xícara de chá bastante cara. Após 18 dias de jejum, o Senhor perm itiu que eu começasse a com er e beber. Très dias depois, ele me disse que o meu sofrim ento já estava no fim e repentinam ente eu voltei a escutar e falar. Jesús agradeceu-me por eu ter agüentado o sofrimento que ele me fez passar. Ele disse: Você aceitón tudo que eu te fiz passar e nâo reclamou m uito das dificuldades. Logo voce se recuperará do seu jejum e se sentirá tâo bem com o nunca se sentiu, com o se nada tivesse acontecido. Estou m uito con tente com você, m eu filho. As palavras dele me proporcionaram grande conforto e me deixaram m uito feliz. Eu experimentei um novo tipo de alegría que eu nunca tinha experim entado antes e que conti nua comigo até hoje. PERGUNTA: N ós estamos felizes por você ter sobrevivi do a essa provaçâo, ter recuperado o peso que perdeu du rante o jejum e agora estar num estado de espirito tâo bom, Segatashya. N ós sabíamos que você esteve em um estado de semiconsciéncia por aproxim adam ente très semanas, mas nâo sabíamos nada sobre suas experiências com Jesús. Obrigado por compartilhá-las conosco. N ós também temos o relatório dos doutores que m onitoraram você todos os dias durante o jejum. Considerando as evidéncias médicas que se apresentam a nós, devemos dizer que é um milagre que você esteja vivo. N ós esperamos poder falar com você novam ente em breve. 163
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Q uase tres meses após ter aprendido sua li^áo sobre o sofrim ento de Jesus, Segatashya recebeu sua últim a apari^áo pública em Kibeho. M u ito antes disso, Jesús já tinha lhe inform ado que suas apari^óes públicas term inariam em 2 de julho de 1983, contabilizando um ano desde o dia em que se encontraram pela prim eira vez à som bra da árvore. O Senhor tam bém instruiu o jovem visionàrio dizendo-lhe que sua m issào estava apenas com e^ando, e convocou-o a viajar p ara os países vizinhos, Burundi e Z aire, para continuar pregando sua m ensagem de conversáo imediata dos cora^óes e a c e ita d o do am or de Deus. A pesar de já saber antecipadam ente que ele teria de se despedir de Kibeho, e que as visòes de M aria poderiam acabar quando as aparigóes públicas de Jesús acabassem , Segatashya estava profundam ente triste p o r ter que dizer adeus à Santissim a Virgem e se prep arar p ara a próxim a fase de sua vida, agora com o visionàrio viajante. Em m ar^o de 1984, a Com issào de Inquérito pediu a Segatashya para ele dizer com o se sentia em rela^áo aos seus últim os dias em Kibeho e em rela^áo ao cam inho que ele teria que trilh ar pela frente: PERGUNTA: Segatashya, agora que as apa rindes públi cas para voce term inaran!, voce pode nos dizer o que tem feito e com o está se preparando para as suas viagens ao Bu rundi e Zaire? SEGATASHYA: N a tarde de 2 de julho de 1983, Jesús apareceu para mim e disse-me que era hora de eu ir para o Burundi e o Zaire para espalhar suas mensagens, as mesmas mensagens que eu estive com partilhando com as pessoas em Kibeho. Depois, voltarei para Ruanda e viajarei por todo o país fazendo a mesma coisa. PERGUNTA: Q uanto tempo durará o seu ministério? SEGATASHYA: A Virgem M aria disse que eu devo passar um ano em Burundi e dois anos e meio no Zaire. M ais tarde, passarei dois anos pregando em Ruanda. Eu achei que era muito tem po e perguntei a M aria se eia nao poderia abater uns meses por bom com portam ento, mas eia apenas sorriu e disse: Nào, m eu filho. 164
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PERGUNTA: Viajar para o Burundi e o Zaire, principal mente sem dinheiro, é urna grande aventura para um jovem como vocé. Com o vocé está se preparando? SEGATASHYA: Jesús disse-me para nao me preocupar com coisas materiais, que eu deveria apenas focar em pregar sua mensagem. Ele disse-me para eu levar quaisquer questoes que eu tivesse para os líderes da Igreja desses países que eles me ajudariam . M aria tam bém me disse que ela estaría por perto cuidando de mim todo o tempo. Jesús disse-me que eu deveria partir para Burundi em algum dia de 1985, daqui a vários meses, portanto. Entáo, estou usando esse meio-tempo para me preparar para a missáo. Com o vou ser batizado antes de partir, estou estudando para isso da melhor form a possível - Jesús me ajudou a aprender o que eu preciso saber. Eu lhe disse que queria ser batizado e ele respondeu-m e que poderia me batizar ele mesmo com urna palavra ou apenas um olhar. M as depois ele decidiu que era m elhor que eu me dirigisse a um padre para evitar que as pessoas pensassem que Jesús me considerava “m elhor” que os outros. M eus pais tam bém estáo planejando passar pelo batism o e as vezes estudam os juntos. Eu passo m uito tem po em oragáo. Q uando nao estou orando ou estudando para minha confirmagáo, eu procuro ajudar meus pais ñas plantagóes e com as cabras. Eu espero que, antes de partir, eu consiga fazer meus pais felizcs o ni.ixi m o que eu puder. Eu os ajudo tanto quanto posso, mas |<■•11 ■. disse-me que a m inha missáo de espalhar as stias incir..!)•,< n . deve vir em primeiro lugar. Isso acaba dificultando um poní o as coisas para m inha familia. M eu pai as vezes diz que eu deveria pensar em ler unía esposa e dar-lhe alguns netos, mas Jesús me disse que cu serci com o ele: eu náo me casarei e praticarei o celibato por toda a vida - dessa forma, eu poderei estar com pletam ente foca do em fazer sua vontade e entregar suas mensagens. Jesús também me disse que eu náo ficarei por muito tem po neste m undo, que ele viveu apenas 33 anos na Terra e que o meu tem po aqui será menor que isso. PERGUNTA: Visto que Jesús e M aria pararam de apare cer para vocé em Kibeho, vocé sente falta deles? SEGATASHYA: Sim, sinto m uita falta deles. A vida náo é mais a mesma desde que eles pararam de me visitar. Antes quando eu era perseguido por descremes ou por aqueles que usavam palavras duras para me desacreditar, eu sabia qu( logo veria Jesús ou M aria face a face e toda aqueta mágo; seria esquecida. Eu estaría envolto em sua luz brilhante mar 165
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
urna vez e meu coragao cantaría alegre. Ou, entào, sempre que eu pensava ter feito algo de errado, eu poderia apenas contar a Jesus quando o visse e ele me perdoaria. Agora eu tenho que conversar com Jesus pela ora^ào e ir à igreja para confessar. N ào é a mesma coisa que olhar para o rosto afetuoso de Jesus ou para os olhos am orosos de sua máe e abrir m eu cora^áo para eles. PERGUNTA: H á algo mais que voce queira falar sobre o térm ino das aparigoes? SEGATASEIYA: Bem, tem urna coisa que eu devo con fessar. Eu sei que isso nào é certo, mas eu acho que nao fui com pletamente honesto com M aria no últim o dia em que a vi. Jesus me disse que eu deveria partir em missào para o Burundi em 1985, mas se esqueceu de dizer em qual mes eu deveria ir. Entào, na última vez em que falei com M aria, eu conversei com eia sobre isso e eia me disse que eu deveria partir no com eto de agosto. N aquele m om ento meu cora^áo come§ou a doer porque eu sabia que nào iria mais ve-la; por isso, eu tentei enganá-la para que eia voltasse a me visitar mais urna vez. Eu disse a M aria que poderia esquecer o mes e o dia em que eu teria que partir e perguntei se eia nào poderia fazer o favor de voltar e aparecer para mim com o objetivo de me lembrar. Eia sorriu, balangou sua cabega e disse que nào aparecería, mas que sopraria o recado em meu ouvido. Eu estava contente por saber que pelo menos poderia ouvir a voz dela, mas quería desesperadamente ver sua face mais urna vez. Foi errado tentar enganá-la daquele jeito, mas eu a amo tanto que era difícil, para mim, imaginar que nào poderia mais vè-la até morrer. E muito difícil saber que, até eu estar no Céu, nào poderei mais sentir seus bracos am orosos me envolvendo. PERGUNTA: M aría disse-lhe algumas palavras de despe dida ou deu-lhe alguma mensagem? SEGATASEIYA: Eia me deu um presente incrível antes de ir em bora. Eia viu que eu estava muito triste com a expec tativa de sua partida e me disse que agora eu deveria viver como qualquer outro ser hum ano que nào é visionàrio e ficar contente de poder falar com eia através da oragào. M as isso me deixou ainda mais triste, e eu perguntei se eia nào poderia me dar algum presentinho como lembranga. M aria, entào, me falou para eu rezar o Rosàrio com eia, e, enquanto estávamos rezando, eia disse: Eu quero que voce continue rezando e nào grite ou chore com o que estou pres tes a Ihe mostrar. 166
JORNADAS MÍSTICAS E OS AMOROSOS BRAQOS DE MARIA
E depois ela pediu para eu olhar para cima. Bem no alto acima de mim eu pude ver os portoes do Paraíso abertos. E no interior deles eu avistei o lugar mais bo nito que urna pessoa poderia imaginar. Desculpe-me por nao poder descreve-lo para voce, pois é mesmo indescritível. Tudo o que sei é que eu desejava com todo o meu ser estar lá e que qualquer coisa que eu já tivesse possuído ou conhecido na Terra tinha perdido com pletamente o sentido para mim. M a ría me disse que, por eu ter visto um vislumbre do Céu, nada mais neste m undo jamais poderá me satisfazer novamente. Ela estava certa. E nquanto eu viver, terei para sempre aquela imagem da fachada do Paraíso em m inha mente e ficarei ansioso em ir para lá até o finí da m inha vida.
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CAPÍTULO 9
SA IN DO DE CASA, O PA D R IN H O E A ESTRADA PARA BURUNDI
A vida de um visionàrio nào é urna vida fácil. Por toda a historia, aqueles que viram Jesus e M aria foram publi cam ente perseguidos, ridicularizados e considerados pessoas nào m uito bem -vindas. Em suas vidas privadas, eles quase sem pre sofreram com problem as de saúde debili tantes e depressào e tam bém po r causa do isolam ento de suas fam ilias e daqueles que eles am am . De Sáo Francisco de Assis a Bernadete de Lourdes, das crianzas de Fátim a ás estudantes de K ibeho, todos sofreram terrivelm ente po r servir a Deus. Segatashya nào foi um a excegáo. Ele teve que suportar várias jornadas místicas dolorosas e um longo período de jejum que quase o m atou. M uitas vezes ele tam bém era agredido, ridicularizado e virava m otivo de piada para m uitos dos seus amigos e vizinhos. M as talvez a mais seve ra dificuldade que ele se viu obrigado a enfrentar foi a de ter que se separar de sua fam ilia, que se afastou dele para escapar da p e rse g u id o e dos incóm odos que apareceram por terem um fìlho e irm áo que conversava com Jesús. O lar de Segatashya foi infestado po r hordas de pere grinos curiosos, céticos e incrédulos, que iam lá só para ten ta r refutá-lo. As pisadas das m ultidóes acabaram com as colheitas da fam ilia. Sem as colheitas, as suas cabras e vacas m orreram de fom e. C a la d o re s de lem brancinhas regularm ente assaltavam a casa. Finalm ente, em 1984, o pai de Segatashya ficou farto e anunciou que a fam ilia estava se m udando p ara o u tra aldeia, situada a m ais de 150 quilóm etros de distancia, p ara com egarem um a nova vida. O jovem visionàrio es tava inconsolável. Crescido em um a fam ilia táo unida, ele náo sabia com o viver sem seus país e irm aos. O que ele sabia era que nào poderia ir em bora junto com eles.
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Kibeho foi o lugar onde Jesus apareceu pela prim eira vez para ele e ele nunca m ais quis ficar longe de lá. “Por favor, nao m ude p a ra longe daqui, p a p a i” , suplicou Segatashya. “ O Senhor nos encontrou neste lugar e os visionários pertencem a Kibeho. Jesús realm ente am a esse lugar!” “ Suas visoes fizeram nossa pobreza piorar ainda mais... C om o vocé ousa nos dizer para nao tentarm os viver nossas vidas de um jeito m elhor?” , disse seu pai. “M as voce nào conhece ninguém no lugar para onde pretende ir. Voce nào tem nenhum dinheiro e nenhum pe dazo de terra. Voces todos váo ficar fam intos! Além disso, o Senhor nos visitou nesta casa. Esse é um local sagrado. Ponha sua confianza em Jesus e ele proverà.” “Jesus nào nos proveu até agora - e se nós m orrerm os de fome isso será culpa sua, Segatashya!” O g aroto estava táo triste e preocupado com o futuro de sua fam ilia e com sua p ròpria solidáo que decidiu fazer um a visita ao Bispo G aham anyi. Segatashya tinha se to rn a d o am igo do bispo e agora expunha os problem as do seu cora^ào p ara ele. O visio nàrio lhe disse que tem ia po r seus irm àos e irm ás m eno res, e que se preocupava com o seu pròp rio futuro, pois poderia nào ter mais um a fam ilia e um lar p ara o qual voltar quando fosse preciso. “N à o se preocupe com nada disso, m eu g a ro to ” , disse o bispo, confortando-o. “ O Senhor sem pre prove.” O bispo, entào, adquiriu dois acres de terra para a fa milia em um a aldeia vizinha, onde a irm à de Segatashya, C hristine, vive até hoje. Eie tam bém disse a Segatashya que providenciaría um carro com m otorista p a ra levar o jovem visionàrio visitar sua fam ilia sem pre que fosse possivel. E o bispo disse ainda que Segatashya poderia ficar em sua p ròpria residencia p articular sem pre que quisesse e usá-la com o base en q uanto se preparava para sua missào no Burundi. 170
SAINDO DE CASA, O PADRINHO E A ESTRADA PARA BURUNDI
O g aroto estava repleto de gratidao e aceitou as ge nerosas ofertas do bispo, red o b ran d o seus esforços para estar p ro n to p a ra ir ao Burundi quan d o a hora chegasse. M as eie precisava de algum a ajuda p ara se p rep arar para viajar e essa ajuda veio de um hom em cham ado Victor M unyarugerero. V ictor era um hom em de negocios em Kigali durante a década de 1980 e tinha acabado de com eçar a construir urna vida com sua esposa e sua filha pequeña. A prim eira vez que ele ouviu falar nos visionários de Kibeho foi por interm èdio de sua tia M arie, que po r acaso era a diretora do Colégio de Kibeho. M arie foi a Kigali para urna visita e contou-lhe sobre os estranhos acontecim entos que estavam ocorrendo na escola. N aquela altu ra, apenas duas das très visionárias origináis - A lphonsine e A nathalie tinham visto apariçôes de M aria. V ictor nao era um cético e estava propenso a acreditar na historia das garotas desde o principio. Para satisfazer sua curiosidade, ele viajou para K ibeho para poder ver as visionárias p o r si p ròprio. Isso foi nos prim eiros dias das visôes e o palco ainda nâo havia sido construido. M as, p o r causa de sua conexào fam iliar com a escola, eie ti nha perm issao para passar pelas m ultidôes e en trar no pequeño d o rm itòrio escolar onde as prim eiras apariçôes de M aria ocorreram . Ele testem unhou um dos m ilagrosos encontros de A lphonsine com M aria, o que acabou por confirm ar sua crença nas visionárias. D urante aquela m esm a apariçâo, a Virgem M aria dis se a A lphonsine que seria aceitável os visionários receberem suas apariçôes fora da escola a p a rtir daquele dia, a firn de que todos os peregrinos pudessem testem unhar as visitaçôes em prim eira m âo. “Eu sabia que tinha testem unhado um m ilagre” , disse me V ictor quando eu o encontrei enquanto pesquisava so bre a vida de Segatashya. “Eu estava tâo próxim o de Al phonsine durante a apariçâo que pude ver suas lágrim as rolando sobre suas bochechas. Eia chorou no m om ento 171
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em que a Santissim a M ae alertou as pessoas a respeito do fato de que o òdio e o pecado estavam levando o m undo à beira da ruina e que deveríam os m udar nossos c o r a j e s se quiséssem os evitar a destruigào. Em um dado m om en to, eu testem unhei as lágrim as sendo enxugadas em sua face, m as nao pelas próprias m áos de A lphonsine, pois elas estavam posicionadas em um gesto de o rad lo . F °i a m áo invisível da Virgem M aría que lim pou aquelas lágri m as - eu vi isso acontecer, eu sei que isso é um fato.” “ E nquanto dirigía de volta para casa, eu me perguntava sobre o quanto deve estar mal a s i t u a l o do m undo para que a Virgem M aría tivesse que vir pessoalm ente à Terra p ara nos avisar que devemos m udar ou irem os perecer. As m ensagens que nos cham am ao arrependim ento, a rezar o R osàrio e a am arm os uns aos outros ficavam me passando pela cabera durante a longa viagem de retorno a Kigali. Q uando parei na frente da m inha casa, eu era um hom em m udado. Eu estava convencido de que as mensagens de Kibeho tinham que ser com partilhadas com o m undo e comecei a falar a todos os meus amigos e fam iliares sobre o que estava acontecendo. As pessoas pensavam que eu estava louco, m as eu nào me im portava.” “K ibeho se to rn o u urna paixáo p a ra m im - e eu nao conseguia gu ard ar o que sentia dentro do c o r a j o . Eu com prei um a film adora, que na época era um a novidade e custava caro, e me tornei um a das prim eiríssim as pesso as a registrar as apari j e s em vídeo. As vezes, eu conectava alguns alto-falantes á m inha cam era e tocava o àudio das grava j e s bem alto p ara fora de casa para que to d a a vizinhanga pudesse ouvir.” “D entro de alguns poucos meses, K ibeho se to rn o u m eu segundo lar. Eu ia para là sem pre que podia, estivessem ocorrendo apari j e s ou nào. Eu poderia passar um dia todo viajando p ara lá só p ara poder rezar no lu gar onde M aria apareceu. Eu me sentia próxim o do Céu quando estava naquele lugar e x trao rd in àrio .” “ E, entào, num belo dia, lá estava eu na igreja de Ki beho recitando o R osàrio, quando vi um g aroto m agricelo 172
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rezando a alguns bancos de distância. Suas roupas eram tao velhas e rotas, e eie era tâo esguio, que eu pensei que fosse um m endigo. M as depois ouvi alguém atrás de mim sussurrar o nom e ‘Segatashya’ e na m esm a hora me dei conta de quem eie era. Eu já tinha ouvido falar que o mais novo visionàrio de Kibeho era um rapaz pagâo iletrado que parecia ter uns oito anos de idade e que estava vendo apariçôes de C risto. Ele era o g aroto que to d o m undo estava cham ando de ‘o m enino que conheceu Jesús’.” Victor sorriu quando se lem brou disso. “A contece que Segatashya estava na igreja rezando antes de subir ao pal co p ara receber urna apariçâo. Sabendo disso, resolví ir atrás dele quando ele saiu da igreja em direçâo ao palco dos visionários. Eu fiquei com ovido por ter testem unhado a apariçâo de M aria a A lphonsine, m as fiquei com ple tam ente extasiado com a visita de Jesus a Segatashya.” “ O m enino parecia estar trem endo de pavor quando subiu no palco, m as, depois de rezar duas ou très vezes a Ave M aria, ele caiu de joelhos e com eçou a bater um papo am istoso e gracioso com o Senhor. Foi urna transform açâo inacreditável. Eu estava tâo tom ado pelo equilibrio c sabedoria desse jovem rapaz, e pela profundidade de sua; mensagens, que eu quis saber mais a respeito dele. Eu des cobri onde ele m orava e viajei até a aldeia de sua familia.’ “Eu nâo estava sozinho lá - havia centenas de pessoa peram bulando em volta da cabana de sua fam ilia. Sega tashya estava vendo apariçôes em seu jardim , e as pessoa literalm ente em purravam e passavam po r cim a um as di o utras p a ra chegar m ais p erto dele.” “A im agem daquele m enino cam ponés ajoelhado r b arro ùm ido da h o rta de sua m âe enquanto conversa' com Jesus e passava adiante suas m ensagens ficou m arc da a fogo em m eu coraçâo p ara sem pre. Lá, eu jurei a J sus e M aria que ajudaria Segatashya no que fosse preci se tivesse ocasiâo de oferecer-lhe m inha ajuda.” “E m inha ajuda foi requerida alguns meses depois, fui atender a urna batida na porta da m inha casa e enee trei Segatashya parado em frente. Eie estava com o Pai 173
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Sebera, da igreja de Kibeho, a quem eu aínda nao tinha sido apresentado, m as que eu sabia ser um grande apoiador dos visionários. Por um m om ento, nós très ficamos parados lá olhando uns para os outros. Em seguida, Segatashya disse: ‘Jesús me m andou até aqui - ele quer que voce seja m eu p ad rin h o ’.” “Deve ter parecido que eu estava prestes a desmaiar, pois o Padre Sebera estendeu os braços com o que para me segurar. Logo a seguir, joguei m eus braços em to rno de Segatashya e o abracei bem apertado. Deus estava me cham ando p ara cum prir um a prom essa - e eu tinha to d a intençâo de cum pri-la.” “Em seguida, após ter convidado m eus dois visitantes a en trar em casa e ter-lhes oferecido com ida e leite, eles explicaram com o foram p a ra r em m inha p o rta. A paren tem ente, o pad rin h o original de Segatashya, que era o m é dico oficial do presidente de R uanda, foi recrutado para tra b a lh a r p o r um longo período em assuntos do governo. Segatashya precisava de um pad rin h o p ara o seu batism o e tam bém p ara ajudá-lo a se p rep arar para sua m issâo no Burundi. D u ran te um a apariçâo, Jesús m ostrou-lhe o m eu rosto e, após descreverem -no p ara várias pessoas, ele e o Padre Sebera me localizaram em K ibeho... E o resto, para m im , é historia.” “N ós nos tornam os am igos íntim os e eu estive lá na igreja de Kibeho p a ra o seu batism o. Très m il pessoas apareceram p ara ten ta r ver algum a coisa do evento. Logo após ele ter sido batizado, eu o ajudei a se p rep arar para pegar a estrada em direçâo ao B urundi.” D urante um a entrevista p ara a Com issáo de Inquérito, em 1988, Segatashya fez um relato detalhado de sua prim eira viagem p ara fora de R uanda. A viagem era parte de sua m issâo de espalhar as m ensagens de Jesús Cristo pelo m undo. Aqui está um a transcriçâo: PERGUNTA: Segatashya, durante um a de nossas primeiras entrevistas vocé relatou que tanto M aria quanto Jesús Ihe falaram para começar sua missâo no Burundi em 1985, mas 174
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parece que vocé a adiou por mais de um ano. Vocé pode nos levar de volta a 1985 e nos falar sobre as dificuldades que encontrou naquela época? SEGATASHYA: Com o voce sabe, eu venho de urna pequena aldeia e nao estou acostum ado com assuntos políticos e governamentais. Eu nao sabia que em 1985 as coisas iam m uito mal no Burundi. M eu padrinho, Víctor, contou-m e que o presidente do Burundi estava perseguindo a Igreja e que m uitos padres e m inistros foram m ortos ou jogados na prisao por causa da perseguitjáo religiosa, que já estava m uito difun dida naquela época. N ao era um bom m om ento para ir ao Burundi pregar sobre Jesús... M as eu sabia que a p erseg u id o aos fiéis era uma das razóes pelas quais o Senhor escolheu o Burundi para eu comegar minhas missóes. De qualquer form a, Víctor arranjou a papelada para o visto e nós o obtivemos logo em seguida. M as, em 31 de Ja neiro, que era o dia em que eu deveria viajar para o Burundi, o em baixador burundiano m andou seu secretário particular á casa de Victor com um a mensagem. O em baixador queria que déssemos um a passada antes na em baixada para que ele pudesse me desejar boa viagem. Victor dirigiu até Kibeho para me apanhar. Logo em se guida, voltamos para Kigali para ver o embaixador. Q uando chegamos ao escritorio do homem e nos sentamos, ele nao poderia estar sendo mais amigável. Ele apertou m inha máo, deu tapinhas ñas minhas costas e disse que eu ia am ar o Bu rundi - em seguida, ele pediu para ver meu visto e meu passaporte, para se assegurar de que estava tudo certo. Ele saiu da sala por nao mais que um m inuto. Q uando voltou, disse: “Seu visto está cancelado. Tenham um bom dia e fagam uma boa de viagem de volta para K ibeho” . Victor e eu suplicamos ao hom em - dissemos que já tínham os organizado toda a papelada, pagamos todos os ho norarios e que o visto já tinha sido aprovado para viajar. “Além disso”, acrescentou Victor, “Segatashya é um visio nario de Kibeho a quem Jesús pessoalmente falou para viajar ao Burundi levando mensagens urgentes sobre salva^áo pessoal.” Eu, entao, expliquei ao em baixador em que consistiam as mensagens do Senhor. Eu lhe disse que Jesús falou que o Fim dos Dias estava próxim o e que nao podíam os perder mais tempo. “Eu nao tinha percebido que era voce”, disse o em baixa dor, ainda sorrindo de form a amigável. “Isso m uda tudo r 175
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claro que voce pode ir ao Burundi para pregar. Voce deve partir imediatam ente. Eu chamarei os guardas da fronteira e pessoalmente ordenarei que o levem para là. Voce vai am ar o Burundi... Tenha urna excelente viagem e boa sorte ao pregar as mensagens de Cristo.” Victor e eu saímos do escritorio sentindo como se Deus tivesse tocado o coragáo do embaixador. Porém, quando voltam os para a casa de Victor, ele conferiu o visto e apontou para urnas marcas de tinha vermelha que estam pavam a p á gina inteira. “O que é isso?”, perguntei. “Sao letras, e essas letras dizem ‘cancelado’” , disse Victor, entristecido. “Acho que nós fomos enganados.” Passamos os próxim os dias conversando com todo m un do na em baixada. Depois entram os em contato com o Bispo e com todas as pessoas que pensamos que poderiam nos ajudar a me levar ao Burundi. Q uando voltamos à em baixada, eles nos disseram que iam analisar a questáo e que iriam entrar em contato conosco o mais rapidam ente possível. Ainda estou esperando a resposta deles! Contudo, naquela ocasiáo eu pensei que ia esperar nào mais que uma ou duas semanas. Entào, fui para Butare e arranjei um emprego de carregador de caixas em um a empresa de energia elétrica. Esperei a em baixada me dar urna resposta por quase um ano. Entáo, perto do N atal de 1985, Jesus apareceu para mim em meu quarto. Ele me perguntou: Voce m e ama com o eu te am o? Eu respondí: “Sim, Senhor, com todo o meu coragáo” . Em seguida, ele perguntou: Voce morreria por mim? E eu res pondí: “Sim, eu m orreria por vocé a qualquer hora, Senhor” . N o día do N atal, Jesús apareceu para mim novamente. Ele falou para eu me aprontar para ir ao Burundi e deu-me o itineràrio de m inha viagem - disse que dali a dois dias eu deveria sair da minha casa às 5h da m anhá e viajar para o sul até chegar ao rio Akanyru, ao longo do qual eu deveria cam inhar para evitar os pontos de controle da imigracào e os guardas da fronteira. O Senhor tam bém falou para eu me garantir de que passaria m inha prim eira noite no Burundi na cidade de Kayanza. Em seguida, Jesus disse: Depois que voce entrar no Bu rundi, procure o Bispo M ichel Ntuyahaga na capital, Bujumbura. Q uando voce o encontrar, quero que Ihe repita todas as mensagens que eu Ihe falei para espalhar no Burundi. Eu prom etí ao Senhor que faria do jeito que ele pediu. N aquela época, eu estava como convidado na casa do meu 176
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amigo Camille M bonyubw abo, um pròspero em presàrio qui conheci por intermèdio do bispo. Camille e sua esposa ama vam a Deus e freqüentemente iam a Kibeho para rezar e tes tem unhar as aparigóes. Eu disse a Camille que Jesus tinha aparecido para mim i me instruido a respeito de quando e onde eu deveria cruzar : fronteira para o Burundi. Camille se ofereceu para me leva até as proxim idades do locai para onde o Senhor disse que ei deveria me dirigir. Ele tam bém me deu dinheiro o suficient para conseguir chegar à casa do Bispo N tuyahaga. N o dia com binado, Camille e sua esposa me levaram at urna regiào próxim a da fronteira com o Burundi. Eu os agra deci pela carona e pelo dinheiro. Em seguida, caminhei pela m atas até me deparar com o rio Akanyru, que eu segui at chegar a urna cidade cham ada Jeni, o que queria dizer qu eu jà estava no Burundi. A prim eira coisa que fiz foi achs urna igreja, onde rezei pelas pessoas do Burundi e de Ruand; Também pedi ao Senhor que cuidasse de mim e me proteges; para que eu pudesse entregar suas mensagens. Q uando sai c igreja, peguei carona com um grupo de soldados, o que rr deixou um pouco nervoso, pois eu nào possuia documenti que me perm itiam permanecer no país. Além disso, eu tini ouvido rum ores assustadores sobre soldados que espanc vam pregadores e pessoas que falavam no am or de Deus. Os soldados me deixaram em Kayanza, a cidade na qu Jesus me falou para dorm ir em m inha prim eira noite no B rundi. M as eu nào conseguía achar um quarto para alug para aquela noite e decidi ir a outro lugar, mesmo sabern que isso ia contra o itineràrio da viagem trabado por Deus Antes de ir a qualquer lugar, porém , eu queria almo^ H avia um pequeño restaurante de beira de estrada nào mui distante de onde os soldados tinham me deixado. Eu entre sentei à urna mesa. Perto, havia um homem dos seus 20 ani com endo sua refeigào. Ele parecia gentil e disse-me que s nom e era Emmanuel, que significa “Deus està conosco” que tam bém é o nom e que Jesus me falou para adotar qu; do fui batizado. Eu tornei isso com o um sinai de que D< estava comigo no restaurante e que talvez Emmanuel pude me ajudar a chegar à casa do bispo. Eu disse-lhe que estava de viagem para Bujumbura e c procurava um lugar para passar a noite. Eie sugeriu um he no firn da estrada, mas eu sabia que um hotel provavelme pediria docum entos de viagem, e eu estava ilegalmente país. Rapidam ente tentei m udar de assunto para que ele i percebesse que eu estava nervoso e ficasse desconfiado, “i 177
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bem, eu nao tenho dinheiro suficiente para um hotel, de qualquer form a”, disse. “Está fazendo um clima bom hoje, nao acha?” Emmanuel respondeu: “Bem, eu posso...” , mas sua frase sumiu sem chegar a urna resposta. Eu diria que ele estava me avahando e tentando decidir se era seguro me convidar para ficar em sua casa. Eu nao sou muito grande e sei que parejo um garotinho. Por isso, náo achei que o estava intim idando. Entretanto, como eu ainda precisava de um lugar para dorm ir naquela noite, decidí usar um pouco do dinheiro que Camille me deu para com prar urna ou duas garrafas de amigável persuasáo. “Vi que voce gosta de Prim us”, disse-lhe eu, apontando para algumas garrafas de cerveja vazias sobre a mesa. “Eu gostaria de te pagar mais urna ou duas rodadas se vocé estiver a fim.” Emmanuel tinha grande sede e rápidam ente deu cabo das cervejas que eu com prei para ele. N aquela altura, ele estava bastante falante e acabamos nos tornando bem próxim os. “Sabe”, disse ele, exibindo um grande sorriso. “Eu tenho bastantes quartos em m inha casa. Talvez seja mais fácil para vocé passar a noite lá.” “Isso seria ótim o” , eu disse. Em seguida, paguei-lhe mais urna cerveja. Depois que Emmanuel term inou de beber, nós nos le vantam os para ir em bora. Logo que com etam os a cam inhar para fora da porta fomos surpreendidos por um jipe cheio de soldados que estavam indo para o restaurante, o que obrigou Emmanuel e eu a nos apressarmos para nossa seguranza. Eles estavam batendo ñas pessoas sem motivo com porretes e bastóes de metal. H avia um ponto de ónibus em frente ao restaurante e os soldados entraram lá procurando por trabalhadores sem d o cu m en ta d o ou qualquer pessoa que estivesse ilegalmente no país, com o eu! Pelo menos 20 ou 30 pessoas foram vítimas do terrível espancam ento com etido pelos sol dados. M uitos homens, mulheres e até crianzas ensangüentadas estavam espalhadas pela beira da estrada abatidas e sangrando. Havia m uitas lágrimas. “N áo entre em pánico e náo co rra”, sussurrou-m e Em manuel. “Eles náo estáo aqui por causa de nós... Fique tranqüilo e nós náo nos machucaremos.” Para a m inha sorte, eu estava vestindo as melhores roupas que tinha - um terno que Camille tinha me dado como presente de batismo. Pela primeira vez em m inha vida, eu náo parecía um garoto camponés desesperado por um emprego. 178
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N aquela noite, eu fiquei na casa de Emmanuel e nós nos tom am os bons amigos. N a m anha seguinte, ele me levou para um ponto de ónibus, onde peguei um microónibus com destino a Bujumbura. O ónibus estava lotado e, por conta disso, tive que me espremer em um assento que ficava entre a janela e um oficial m ilitar totalm ente uniform izado. Tenho certeza de que eu estava suando a ponto de encharcar meu terno, mas tentei agir de forma tranqüila e segura como Em manuel tinha me falado para agir durante o esbarráo que demos com os militares na saída do restaurante. O oficial puxou papo contigo e eu ¡mediatamente lhe disse que era de Ruanda, percebendo que ele provavelmente notaría isso assim que ouvisse meu sotaque. Embora Ruanda e Burun di sejam parecidos em termos de costumes e cultura, e tenham urna língua bastante parecida, existem diferengas fácilmente identificáveis tanto em nossa fala quanto em nossas maneiras. Eu tinha certeza de que, se o oficial pensasse que eu estava tentando enganá-lo me fazendo passar por burundiano, ele exigiria ver meus documentos e eu nunca chegaria á casa do bispo para entregar as mensagens do Senhor. Embora tenha sido honesto quanto a ser ruandés, eu logo fiquei em situagao de perigo quando ele perguntou se eu es tava no Burundi a negocios ou a passeio. Com o eu sabia que nao podia dizer-lhe que tive que ir ao Burundi para entregar urna mensagem de Deus ao bispo, entao eu disse-lhe urna meia-verdade: que eu estava lá para visitar o Bispo N tuyahaga, um amigo íntimo da m inha familia. “ Oh, que coincidencia!”, exclamou ele. “ O bispo e eu so mos vizinhos! Nós temos o mesmo destino - podemos ir para lá juntos.” O oficial, que era muito amigável, saltou do ónibus comigo e caminhamos juntos até a porta da frente da casa do bispo. N aquela hora, eu estava comegando a entrar em páni co, pensando que seria preso bem em frente á casa do bispo. “Ajude-me, Jesús!”, eu rezei, silenciosamente. E acho que Je sús me ajudou dando-me urna idéia. Por acaso, era Dia de Ano N ovo, entao eu me virei para o soldado e disse-lhe: “E urna tradi^So em m inha familia pagar algumas bebidas a um novo amigo para celebrar o Ano Novo. M as, como o bispo está me esperando, pegue esse dinheiro e vá tom ar urna bebida por m inha conta, ok ?” Os olhos do oficial brilharam e ele guardou no bolso de sua camisa a nota que eu havia lhe oferecido. “O brigado, meu amigo, pode deixar que eu vou tom ar alguma coisa. Tenha urna boa estadía com o bispo!” 179
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N o mom ento em que o oficial come^ou a se afastar, eu me virei para a porta e posicionei meu dedo sobre o botáo da cam painha do bispo, mas em seguida o retirei sem apertá-la. Como eu tinha ficado m uitas vezes na casa do Bispo Gahamanyi em Butare, eu sabia quantos paroquianos e pessoas que pediam favores apareciam em sua p o rta sem avisar todos os dias. O bispo também poderia ter pessoas trabalhando em sua casa cujo servido consistía exatam ente em m anter afastados os visitantes nao requisitados. Entáo, decidi tentar urna tática diferente: eu fingi ser um trabalhador da casa do bispo. Eu me certifiquei de minha ca misa estava bem ajeitada, arrum ei meu paleto e depois entrei pela porta dos fundos que dava na cozinha. Lá, deparei-me com o cozinheiro, que me perguntou o que eu queria. “ Estou aqui para conversar com o bispo a respeito de assuntos urgentes da Igreja. Fui enviado pelo Bispo Gahamanyi, de Butare, com informaijóes im portantes.” “Lam ento, mas o bispo está tirando urna soneca no m o m ento e nao quer ser incomodado.” “D orm indo ou nao, eu preciso faiar com ele ¡mediata mente.” O cozinheiro olhou para mim como se eu tivesse perdido a nogáo. “Vocé tem certeza de que quer que eu vá acordá-lo? Ele nao gosta de ser interrom pido quando está fazendo sua sesta.” “Sim, tenho... Este assunto nao pode esperar!” O cozinheiro levou-me até urna sala de espera e alguns minutos depois retornou com o bispo, que me abra^ou de forma afetuosa sem sequer perguntar o meu nome antes. Agora que eu estava com ele face a face e prestes a concluir o primeiro capítulo de minha missáo, eu náo sabia ao certo por onde come^ar. Entáo, eu simplesmente comecei a falar. “Bispo, eu me chamo Segatashya e vim até aqui por in d ic a d o do Bispo de Butare. Talvez vocé tenha ouvido falar dos visionários de Kibeho - bem, eu sou um daqueles visionários. Eu fui enviado em missáo ao Burundi por Jesús, para com partilhar as mensagens que recebi em Kibeho. Jesús me disse que eu deveria entregar minhas mensagens a vocé pessoalmente e é isso que vim fazer aqui.” Em seguida, repeti todas as mensagens principáis que Jesús me deu em Kibeho. O bispou ficou parado e ouvindo sem dizer urna palavra, mas ele estava suando bastante e parecía m uito agitado. Após isso, ele disse que nos meses recentes m uitas pessoas tinham sido presas no Burundi por falar 180
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abertam ente sobre a fé délas em Deus. Ele explicou que o governo tinha fechado inúmeras igrejas e que nao poderia perm itir que eu com partilhasse tais mensagens com as pessoas do Burundi. Em seguida, disse que eu nao era bem-vindo em sua casa e ordenou que eu fosse em bora imediatamente. “M as, Bispo, eu nao tenho lugar para ficar” , protestei. “Eu tenho que dorm ir aqui esta noite.” “Isso nao é problem a meu. Vocé nao vai ficar nessa casa - agora vá em bora”, disse o bispo, furiosamente, e depois me em purrou porta afora. E nquanto eu cam inhava para longe de sua casa, ele gritou para mim: “Estou denunciando vocé as autoridades agora mesmo. Pode se considerar preso.” “Para mim seria um prazer estar na cadeia”, gritei de volta. “Pelo menos lá eu encontraría alguém que escutasse minhas mensagens.” Eu me ajoelhei sobre o mato em um local nao muito dis tante da casa do bispo e comecei a orar. Alguns minutos depois, um grupo de padres, enviado pelo bispo, se aproxim ou e comegou a me questionar, perguntando pelos nomes de todos os ruandeses que eu conhecia no Bu rundi. Eu me recusei a dizer-lhes qualquer coisa que nao fosse as mensagens que Jesús tinha me enviado para entregar. Por fim, eles me entrouxaram dentro de um carro e me largaram na frente da em baixada ruandesa. N aquela hora já era tarde e a em baixada estava fecha da. Eu acabei dorm indo em um carro abandonado naquela noite e na m anha seguinte voltei a pé para a em baixada. Os oficiáis lá me interrogaram por várias horas sobre como eu tinha conseguido entrar no país sem os docum entos certos e o que eu pretendía fazer no Burundi. Eu respondí as perguntas deles da melhor forma que po día. Eles me disseram que eu tinha infringido a lei e que po deria ficar preso por bastante tempo. Eu me desculpei por ter infringido a lei e expliquei que estava em urna missáo envia do por Jesús. Também prom etí que no futuro tentaría nunca mais infringir quaisquer outras leis. Por fim, fui colocado em um ónibus e escoltado durante todo o trajeto de volta para R uanda por um oficial da em bai xada. Ele me levou para a casa do Bispo Gahamanyi e relatou tudo que havia ocorrido. O bispo pareceu ter ficado muito triste e preocupado sobre a form a com o eu tinha sido tratado no Burundi. Ele disse: “M eu pobrezinho Segatashya... É me lhor vocé nao voltar mais ao Burundi” . 181
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PERGUNTA: Segatashya, essa foi urna historia realm en te incrível. M uitos poucos ruandeses já viajaram para fora do país, mas lá estava vocé, um jovem pastor, disposto a en frentar militares, oficiáis do governo e os mais altos poderes da Igreja para levar a mensagem do Senhor ao m undo. Se o que vocé nos diz é verdade, eu acho que vocé é um vencedor. Diga-nos, Jesús apareceu novam ente para vocé após seu re torno do Burundi? SEGATASHYA: Sim, ele apareceu para mim em 5 de janeiro e disse: Nao tente voltar para o Burundi. A coisa mais im portante é que vocé m e obedecen e fez o que eu Ihe pedi para fazer. Eu poderia recompensá-lo agora por esse grande feito e por ter demonstrado tanta coragem, mas a verdade é que vocé nao tem m uito mais tem po para viver na Terra... E, quando esse tem po passar, eu vou recompensá-lo de urna for ma m uito melhor. Tenha coragem e continué fazendo minba vontade, pois seu trabalho está apenas comegando. A m anbá vocé deve se preparar para sua nova missáo.
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CAPÍTULO 10
MISSÁO N O C O N G O
Segatashya aínda era adolescente quando Jesús o e viou p ara pregar a palavra de Deus no cora^áo do Co go. E, em bora os congoleses sejam conhecidos p o r serc amigáveis e calorosos, m uitas áreas daquilo que entáo e o Z aire estavam sem policiam ento e sem lei - um lug onde os vilóes podiam livrem ente praticar o terro risn estuprar, assaltar e m atar. Para um jovem viajante se qualquer experiencia, aquele era um dos m ais perigos lugares da Terra. E, ainda assim , Segatashya, o inocente g aroto camp nés que cresceu em urna cabana de palha, se aventur pelo Z aire apenas com as roupas do corpo, seu aln qo em um saco de papel e alguns dólares no bolso. Z aire era urna térra estrangeira e am eagadora na qi Segatashya nao conhecia um a única alm a sequer. Ele n conhecia os seus dialetos, nao sabia onde poderia d m ir e com er ou a quem recorrer caso tivesse problem Tudo que ele sabia era que Jesús tinha lhe falado par; ao C ongo para com egar a espalhar suas m ensagens p m undo, e isso era tu d o que Segatashya precisava sabe Antes de eu term inar a faculdade, m eus pais nao deixavam ir sozinha p ara nenhum lugar - e nao ape porque eu era garota. A m aior parte dos ruandeses, es cialm ente naquela época, nao viajava para m uito lo do local onde tinha nascido. Até hoje, a vasta m aioria ruandeses nunca saiu do país. A imagem deste p e q u g aroto pastor, iletrado e com pletam ente inocente, per; bulando pelo Z aire sozinho, sem pre pareceu a mim m onum ento de coragem . Amigos e parentes im ploraram a Segatashya para ele nao fosse, alertando-o a respeito da possibilidade < ser espancado, assaltado ou talvez até m orto lá. M as gatashya nao pensou duas vezes quando Jesús disse
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p ara com prar urna passagem de ónibus só de ida em direçâo à fronteira m ais próxim a. A quela era a vontade de Deus e Segatashya tinha dedicado sua vida a fazer sua vontade. Jesús queria que ele fosse para o Z aire e nao havia poder na Terra que fosse capaz de im pedi-lo de ir. A jornada de Segatashya exigía um nivel de coragem que apenas alguns poucos de nós poderiam igualar, e urna p rofundidade de fé espiritual que cada um de nós precisa ría rezar p ara obter. Em 1988, a Com issâo de Inquérito realizou urna reuniao especial para ouvir o relato de Segatashya a respeito de sua excursào de dois anos pelo coraçâo do C ongo e sobre o im pacto das m ensagens de C risto nos coraçôes dos m ilhares de fiéis congoleses. O que vai a seguir é urna com pilaçâo de très diferentes relatos daquela reuniao: PERGUNTA: Segatashya, nós ouvimos muitas historias incríveis sobre suas experiências na regiâo do Congo. Agora que vocé já voltou para casa, vocé poderia nos falar sobre sua missâo da melhor forma possível, do começo ao fim? SEGATASHYA: Em 18 de janeiro de 1986, Jesús veio me visitar em meu quarto, em Butare, e disse que era hora de eu ir para o Zaire. Ele também falou até qual rota eu deveria pegar para ir até lá. Eu estava nervoso porque o Zaire é gi gantesco e lá sào faladas mais de 200 línguas e dialetos. Eu nâo sabia onde eu ficaria, a quem eu deveria pregar ou como eu poderia me comunicar. Porém, Jesús me disse: Você é meu mensageiro. Nâo se preocupe. Eu nâo vou sair de perto de você e tudo ficarâ bem. Jésus falou para eu pegar um ónibus público para o ex trem o sul do Lago Kivu e cruzar a fronteira para o Zaire na cidade de Bukavu, a respeito da quai eu fui avisado de que era um lugar muito selvagem, com muitos ladrôes e bandidos de toda espécie. Meu amigo Camille, que me deu algum dinheiro para a viagem, alertou-me a nâo entrar em Bukavu sozinho, pois um garoto viajando sozinho por là poderia perder tudo nas mâos dos assaltantes. Por sorte, encontrei um homem na fronteira que tinha me visto conversar com Jésus em Kibeho. Ele me escoltou até o bispo local, que me deu sua bênçào para pregar em sua re giâo. Mas, quando comecei a pregar nos degraus de algumas igrejas, o bispo retirou sua permissâo. 184
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Por alguma razáo, as autoridades católicas nao queriam que eu com partilhasse as mensagens com os seus paroquianos. Entáo, eu fui para a estrada e rezei. As noticias sobre minha presenta na cidade se espalharam boca a boca. Sempre havia alguém por perto que traduzia o que eu falava, e as pessoas realmente aceitaram e responderam bem as mensagens do Senhor. M ultidóes comegavam a se juntar em qualquer lugar que eu pregasse. Logo ministros protestantes e pentecostais comeijaram a me convidar para falar as mensagens de Jesús em suas igrejas. Pessoas de todas as diferentes religióes foram me ver naquelas igrejas, bem como centenas de católicos de cujas igrejas eu tinha sido banido. Dois meses após m inha chegada ao Zaire, o Bispo de G om a - urna cidade no norte do país - me convidou para um chá. Ele me deu sua bengao para eu falar em sua diocese, desde que eu nao falasse em igrejas ou transform asse minhas mensagens em comicios políticos. Parecía que estava havendo m uitas guerras com os rebeldes no Zaire, e grandes ajuntamentos de pessoas deixavam o governo preocupado. N ao ter ganhado permissáo para falar em igrejas tornou minha missao muito mais difícil, mas a cada semana que passava mais e mais pessoas chegavam as escolas, sal oes e pravas onde eu pregava as mensagens de Jesús. N o com eto eram dezenas, mas logo eram centenas... Eu expandía meu ministério a cada semana - eu falei para soldados em campos de treinamento, para pessoas esquecidas em centros de assisténcia a in válidos e para os presos de urna grande penitenciaria, que estavam m uito interessados ñas mensagens de salva^áo e reden^áo. PERGUNTA: Segatashya, com o voce já mencionou, sao faladas quase 250 línguas e dialetos no Zaire. Em qual língua vocé entrega va as mensagens? SEGATASHYA: N o com eto, falei na única língua que eu sabia - Kinyarw anda. Geralmente, havia alguém que trad u zia m inhas palavras para o Suaíli, que é a língua que eles falam em Goma, ou alguém das pequeñas aldeias que traduzia as mensagens para os dialetos locáis. M as eu nem sempre estava confiante de que minhas palavras estavam sendo traduzidas exatam ente da form a como eu as tinha pronunciado, ou seja, exatam ente com o o Senhor as tinha com unicado a mim. Entáo, eu comecei a orar a Jesús para me que ajudasse a garantir que suas mensagens fossem transm itidas fielmen te... Afinal, essas mensagens m ostravam a diferen^a entre sua alma ir para o Céu por toda a eternidade ou queimar no fogo do inferno. As palavras sao im portantes. 185
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Um dia, nao muito tempo depois de eu ter pedido ajuda a Jesús a respeito do problem a da língua, eu percebi que podia reconhecer certas palavras em Suaíli. Após mais ou menos urna semana, eu conseguía entender quase tudo que ouvia. Após duas semanas, eu parei um dos meus tradutores no meio de um a frase e o corrigi em Suaíli: “N ao foi isso que eu disse - se vocé vai pronunciar as palavras do Senhor, por fa vor, pronuncie-as corretam ente e de form a clara e inteligente. Vocé está lidando com as almas eternas das pessoas” . Acho que essas foram as primeiras palavras que eu falei publicam ente em Suaíli. Depois disso, comecei a entregar as mensagens em Suaíli por toda a regiáo de Goma; tam bém dei entrevistas e respondí perguntas na língua deles. Eu sei que isso parece inacreditável e nem mesmo eu poderia acreditar que me tornei fluente em um a língua estrangeira táo rápida mente, mas foi realmente assim que aconteceu. E eu sei que foi assim porque um dos padres que freqüentemente viajavam comigo, o Padre Pierre, da O rdem dos Padres Brancos, do C anadá, comegou a gravar minhas prega^óes logo depois que eu cheguei a Goma. Um dia, o Padre Pierre veio até mim carregando várias fitas e colocou-as para tocar. “Escute, Segatashya... Isso é de um mes atrás”, disse ele, em seguida colocando para rodar uma gravagao na qual eu falava sobre o Fim dos Días e da necessidade de orar a Deus com o cora^áo arrependido e pedindo perdáo pelos pecados. Todas as palavras estavam em K inyarw anda. Depois, ele apertou Play e come<;ou a tocar outra fita. Era a mesma mensagem, mas desta vez eu estava falando metade em K inyarw anda e metade em Suaíli. Quando ele apertou Play em uma terceira fita, eu estava falando com pletam ente em Suaíli. Talvez eu apenas tenha alguma facilidade com o Suaíli, pensei. Mas logo entendí que Jesús tinha enviado o Espirito Santo para me abengoar com o “dom das línguas” - parecía que eu aprendía uma nova língua fluentemente em poucos días após visitar a área na qual ela era falada. Foi o que ocorreu com uma língua chamada Lingala, falada por milhóes de pes soas no norte e leste do Zaire, a qual eu aprendí em menos de uma semana visitando jovens recrutas em uma base militar.34 O utra língua que aprendí rápidam ente foi a difícil Ciluba, que era com pletam ente diferente de qualquer outra língua 34N a tradicáo mística da Igreja cham a-se “dom de línguas” , que “ consiste ordinariam ente em um conhecim ento infuso de idiomas estrangeiros sem nenhum trabalho prévio de estudo ou exercício” (Antonio Royo M arín. Teología de la perfección cristiana, M adrid, BAC, 2001, p. 895). 186
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que eu já tinha aprendido. Esse dialeto, que eu estava tentali do aprender, era falado em urna área onde as pessoas erani bastante reservadas com relagáo à lingua e desconfiadas coni estrangeiros. N inguém quis falar comigo em Ciluba, mas lá havia muitas pessoas que a falavam e a quem eu queria me dirigir para poder entregar as mensagens. Fiquei m uito frus trado por nào ter obtido “perm issáo” para aprende-la. Por fim, fiquei de joelhos e orei: “Jesús, há milhares de pessoas nesta regiáo que querem ouvir suas palavras - nao me deixe m udo quando há tantas pessoas sedentas da sua verdade. De a essas pessoas a gra^a de se abrirem comigo e me ensinarem o seu idioma nativo” . Logo as pessoas come^aram a confiar em mim e a conversar comigo em Ciluba. Após mais ou menos dois meses, eu conseguía entender Ciluba perfeitamente e falar muito bem. PERGUNTA: Segatashya, vocé aprendeu essas línguas e nós já ouvimos voce falando-as. Diga-nos, voce conseguiu rezar nessas línguas? SEGATASHYA: Sim, eu conseguia rezar em todas essas línguas e em outras tam bém . Era m aravilhoso encontrar no vas formas de falar com M aria e Jesus. E, quanto mais línguas eu aprendía, mais pessoas vinham para ouvir as mensagens que Jesús quería que eu espalhasse pelo país. PERGUNTA: Entáo voce falou para pessoas diferentes, de lugares diferentes e de religiSes diferentes? SEGATASHYA: Eu falei para todos os filhos de Deus. Um protestante disse-me: “N ossa religiáo nos diz que nós náo te mos M aría com o interm ediària entre Deus e os homens - eia nos diz que M aria é urna mulher como outra qualquer. Mas o catolicismo diz que, se voce nao rezar o Rosàrio, voce náo vai para o Céu, porque M aría é m uito im portante para voces. O que Jesús diz sobre isso?” Eu lhe respondí: “Ninguém disse que urna pessoa que náo reza o Rosàrio náo vai para o Céu. O que Jesús me falou so bre as diferentes religióes é que mais será exigido daqueles que mais sabem; vocé será julgado pelo que sabe. Eu náo vou pedir para vocé deixar sua religiáo e se tornar católico. Ao contràrio, eu vou pedir para vocé continuar acreditando sinceramente no que sua religiáo ensina. Se sua religiáo o ensina a am ar de acordo com a vontade de Deus, entáo siga os mandamentos que eia lhe deu e nada o impedirá de ir para o Céu. Voce deve obedecer ás promessas que fez á sua religiáo”.35 " “Fora da Igreja nao há salvacjáo. [...] ‘nao podem salvar-se aqueles que, ..ilicndo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesús Cristo como
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PERGUNTA: N ós estamos tristes por saber do falecimento de sua máe e de alguns de seus irmáos, ocorrido após o inicio de sua missáo. A Virgem M aria tem confortado vocé neste aspecto? SEGATASHYA: M aria tem sido um grande conforto para mim. Ela é nossa máe am orosa no Céu e sabe muito bem o quanto a dor da perda pode penetrar no coragáo de um filho. Q uando rezo o Rosário, eu ponho ñas máos da Santíssima Virgem a dor que sinto pela tragédia de m inha familia. Isso aconteceu mais ou menos seis meses após eu ter saído em missáo. A m orte de m inha máe foi o desafio mais difícil que eu já enfrentei e o im pacto da sua perda se tornou muito m aior porque meus dois irmáos m orreram logo em seguida. Eu estava em um lugar rem oto do Congo quando ela morreu. Meu amigo Nicolás, que estava viajando comigo naquela ocasiáo, ouviu sobre sua m orte no rádio urna noite. Foi muito difícil para ele ter que me dar noticias táo horríveis. Nicolás tinha algum dinheiro, o suficiente para entrarm os em um aviáo e voarmos de volta a Ruanda. Eu tinha que ver meu pai, pois perder dois filhos e a esposa era, para ele, muito difícil de suportar. Q uando finalmente o vi, parecia que ele estava com pletam ente m ergulhado em tristeza e aflújáo. Eu tinha um mau pressentim ento de que ele poderia vir a se matar, mas eu nao podia ficar lá com ele - eu tinha que retornar á minha missáo e náo podia passar nem mais urna única noite em luto com meu pai. Jesús tinha me falado para náo deixar que nada neste mundo me impedisse de fazer sua vontade, que todas as coisas na Terra perecem, e que apenas a sua Palavra é eterna. M eu dever para com ele é espalhar suas mensagens pelo m undo o máximo que eu puder antes que meu tempo aqui acabe. PERGUNTA: O que aconteceu quando vocé voltou ao Zaire? SEGATASFIYA: Eu voei de volta imediatam ente depois de ter visto meu pai. Eu tinha urgencia em espalhar as m en sagens do Senhor no m áxim o de lugares do Congo que eu in stitu id o necessària, apesar disso náo quiserem nela entrar ou nela perseverar’ (Lum en Gentium , n. 14). [...] ‘Aqueles, portanto, que sem culpa ignoram o Evangelho de Cristo e sua Igreja, mas buscam a Deus com cora^áo sincero e tentam , sob o influxo da graga, cumprir por obras a sua vontade coiihecida por meio do ditame da consciencia podem conseguir a salva^áo eterna (lb id ., n. 16). ‘Deus pode, por caminhos Dele conhecidos, levar à fé todos os homens que sem culpa pròpria ignoram o Evangelho. Pois sem a fé é impossível agradar-lhe (cf. H b 11,6). M esmo assim, cabe à Igreja o dever e tam bém o direito sagrado de evangelizar’ (A d Gentes, n. 2) todos os hom ens” (CIC, § 846-848). 188
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pudesse durante os dois anos que Jesús falou para eu ficar M as é urna regiao m uito extensa e leva m uito tem po pan de um lugar a outro. Eu me lembro de ter ficado esperar po r muitos dias, em urna cidade em particular, a aprova< oficial do bispo local para que eu pudesse comegar a pre¡ E nquanto eu estava esperando chegar m inha hora, Jesús a receu para mim e disse: O que é bom para vocé nao é b para m im . Apresse-se em fazer o que eu quero - nao o c vocé quer. Continué aceitando o seu sofrim ento sem reclan pois eu estou com vocé. M esmo assim, as vezes era muito difícil conseguir se r vim entar por lá. Urna vez, fiquei preso em um hotel no m do nada por mais de urna semana esperando conseguir lu em um trem para Lubum bashi, urna grande cidade no sul Z aire, na fronteira com a Zám bia.
Enquanto esperava, encontrei um ruandés cham ado \ cent, que tam bém estava na mesma situa^ao. Ele era um en nheiro de minas muito inteligente, mas tinha perdido seu £ prego e nao tinha dinheiro para com prar uma passagem. me ajudou a descobrir por que estava dem orando tanto p eu conseguir um bilhete. Q uando eu me dirigía até a estai para reclamar, os vendedores eram rudes e maus comigo me ignoravam por completo. Vicente disse-me que, mes que eu soubesse falar cinco ou seis línguas, eu ainda nao tir aprendido a falar a língua da corrupgáo governamental.
“Esta é um a língua universal, falada onde quer que ei tam homens e gran a”, disse ele, em seguida pedindo-me gum dinheiro. N ós cam inham os pela estagáo de trem e V cent pos as notas em meu passaporte. Em seguida, entregoi ao agente de viagem. Dois minutos depois, eu tinha mir passagem de trem para Lubumbashi. “O dinheiro realme fala”, explicou Vincent, com um a gargalhada. “Agora vi está versado na fina arte do suborno.”
Para recom pensar sua gentileza, ajudei Vincent a comp uma passagem. Depois, após ter passado tantos dias sem zer nada em um quarto de hotel isolado, finalmente suh bordo de um trem em diregao á cidade grande, com o < jetivo de pregar para grandes multidoes que precisavam salvas.
Eu nao sei exatam ente com o o vendedor de passagens isto, mas eu paguei por duas passagens de prim eira class recebi duas passagens de terceira classe. Por conta disso, V cent e eu tivemos que nos sentar nos fundos do trem, onde janelas tinham sido arrancadas e as portas das extremidai do vagáo nao podiam ser fechadas e ficavam batendo. () 11 189
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se movia m uito devagar e, enquanto dobrávam os uma grande curva, um grupo de homens do lado de fora começou a correr ao longo dos trilhos, próxim o ao nosso vagáo. Eles pareciam furiosos. Seus olhos estavam injetados e alguns deles tinham bandanas am arradas ao rosto. “Sao assaltantes! Deus nos ajude!”, gritou um homem no m om ento em que os homens lá fora se aproxim avam mais de nós. Estava obvio que eles tinham escolhido nosso vagáo por causa do fácil acesso que as janelas e portas quebradas proporcionavam . Um dos homens se agarrou ao peitoril de uma janela e pulou para dentro do trem. Ele caiu em cima de uma mulher e sua filha, que estavam encolhidas em seus assentos. A m ulher e a garotinha gritaram , e o homem bateu no rosto das duas. Em seguida, ele foi à janela para rebocar um dos seus amigos para dentro do vagáo. Rápidam ente, todos os homens já estavam andando para cima e para baixo no corredor, gritando com os passageiros e exigindo dinheiro de todos. Q ualquer um que nao pagasse era violentamente espancado. Os bandidos uivavam com o cáes no m om ento em que arrastaram très homens para o meio do corredor e depois os arrem essaram para fora do vagáo. Vocé podia ver seus cránios batendo contra as pedras e rachando-se ao meio. Em seguida, os assaltantes am arraram vários passageiros homens em seus assentos usando os cintos de segurança. E, enquanto eles estavam lá sentados, impotentes e sem qual quer ajuda, os bandidos estupravam suas esposas e filhas bem na frente deles. Era horrível assistir áquilo, mas náo havia para onde correr ou como conseguir ajuda. Vários homens, com seus facóes em punho, m ontavam guarda ao lado dos estupradores, enquanto estes praticavam seus atos dem onía cos. Eu me levantei e fui prestar ajuda a um a mulher, mas eles apontaram seus facóes para mim. Vincent segurou-me pelos om bros e disse-me: “Vocé conhece todas as oraçôes... Chegou a hora de começar a fazé-las! Reze, reze para Jesús nos salvar! Peça para Jesús aparecer diante de vocé agora e fazer com que esses homens parem !” Um dos homens viu o grande crucifixo de m adeira que estava pendurado em meu pescoço. “Vocé é um pregador, náo é, garotinho? Isso significa que vocé tem dinheiro... Passe para cá o seu dinheiro, pregador”, exigiu ele, estendendo sua m áo cheia de sangue em direçâo a mim. “Dé-lhe o seu dinheiro”, falou Vincent. Eu tirei as notas do meu bolso e o homem as arrancou de m inha máo. O bandido guardou o dinheiro e depois empurrou Vincent e eu para a frente do vagáo. N ós nao iríamos 190
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esperar para ver o que ele pretendía fazer conosco e pulamof rápidam ente para o próxim o vagáo. N aquela hora, algún: homens que trabalhavam no trem finalmente apareceram mas era tarde demais para ajudar. Os bandidos já tinham sal tado pelas janelas, deixando para trás os corpos massacrado e as almas traum atizadas de suas vítimas. Os em pregados da ferrovia disseram que estupro e assas sinato estavam ficando cada vez mais e mais freqüentes er todos os lugares do Zaire, e que eles estavam especialmet te preocupados com a seguranza durante as férias escolan que se aproxim avam . “Q uem vai proteger nossos filhos?’ perguntou um dos condutores, olhando horrorizado para ; vítimas arrasadas que estavam no outro vagáo. “Que tipo de m undo é este em que os homens pode fazer coisas táo horríveis assim?” , reclam ou Vincent. “Eu nr posso mais viver em um lugar com o esse.” Eu, por outro lado, sabia que devia estar em um lug exatam ente como esse. A m aldade e o am or ao pecado que nham os acabado de testem unhar era a exata razáo pela q t Jesús e M aria haviam aparecido em Kibeho - para nos alert a respeito do que o futuro poderá nos trazer se o homem n aceitar o am or de Deus. N ós saímos do trem antes de chegar ao nosso destino pi que temíamos que os bandidos pudessem voltar. Paramos i uma cidade cham ada Kamina e demos de cara com urna dií de soldados armados na plataform a de desembarque. Te mundo achou que eles estavam lá para proteger os passaj. ros, mas, para nosso total espanto, eles comegaram a roul as pessoas no mom ento em que elas saíram do trem! Os í dados nos abordaram e disseram para esvaziarmos nos bolsos. Súbitamente, lembrei-me de uma mulher que conl enquanto pregava um a ou duas semanas antes, e que tinha dado uma carta para usar se eu entrasse em apuros. Ela d que minhas mensagens tocaram seu coragáo e que ela qu garantir que eu conseguisse continuar m inha missáo. “Um garoto doce como vocé vai entrar em situai complicadas viajando po r este país”, disse ela. “Meu n< é Petronilla e meu m arido é um m ajor m uito conhecidr meio militar. Sempre que vocé estiver com sérios problei use esta carta. Aqui diz que vocé é um grande amigo de marido. Com o todo m undo respeita meu esposo, ning botará a m áo em vocé.” Os soldados tinham agarrado Vincent pelos bracos ( me^avam a vasculhar suas coisas quando eu tirei a cari bolso e a entreguei para o m aior do grupo. “É para v( 191
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disse eu. O soldado leu a carta e im ediatam ente disse aos outros para nos deixarem em paz. Ele devolveu a carta e Víctor e eu saímos ilesos. Olhei para o envelope em minhas m aos e perguntei ao meu amigo o que estava escrito na parte de tras. “É um enderezo de urna casa nesta cidade, onde mora a irmá Petronilla. Também diz: ‘Vocé sempre será bem-vindo aqui’”, explicou Vincent, acrescentando em seguida: “N a p ró xima vez em que o Espirito Santo te ensinar alguma nova língua, seria uma boa vocé também pedir para ele ensiná-lo a 1er” . N ós encontram os o caminho que dava na casa da irmá Petronilla. Ela era um a excelente senhora e nos deu jantar e um quarto para dorm ir por um a noite. N a m anhá seguinte, eu parti para continuar m inha missáo. Embarquei no trem para Lubumbashi, onde eu estava escalado p ara falar sobre o Fim dos Dias. Pedi para Vincent ir comigo, mas ele disse que nao conseguía apagar de sua mente as imagens que ele tinha visto em nossa últim a viagem de trem. “Deve haver algum demonio vagando por este país, se coisas como aquelas acontecem com familias viajando em trens lotados em plena luz do dia”, disse ele. Vincent com prou um a passagem para a Z ám bia e nunca mais voltou. E nquanto eu continuava a falar por todo o país, as multidóes que vinham para ouvir as mensagens continuavam a crescer. Eu dei um a entrevista para um a estagáo de rádio e tive oportunidade de entregar as mensagens do Senhor ao país inteiro pela primeira vez. Parecía que todos os novifos, freirás e padres, de todas as dioceses do Zaire, ouviram aquela transm issáo. De repente, eu estava sendo convidado para falar em todos os tipos de igrejas. O Bispo de Lubumbashi estava táo tocado pelas mensagens que ele pessoalmente cham ou os padres de todas as dioceses e falou para eles darem apoio as mensagens. Os padres com eta rain a brigar entre si para ver quem me agendaria primeiro. Fui convidado para fa lar em 37 paróquias. M inhas palavras tam bém estam pavam os j ornáis, e m uitas pessoas que me viram falar e ouviram as mensagens tam bém foram entrevistadas. As m ultidóes cresceram ao ponto de reunir 5 mil pessoas p o r vez - todas elas táo quietas e atentas que vocé poderia ou vir um a lágrima caindo. M inhas conferéncias se tornaram táo populares e as multidóes táo grandes que o pároco de Nossa Senhora do Congo designou-me um carro com m otorista e quatro seguranzas para ficar comigo a todo o mom ento. Os lugares em que eu falava tam bém foram crescendo. Comecei a falar em salóes de universidades que tinha capacidade para abrigar milhares de pessoas e foram feitos preparativos para pronunciam entos em estádios. 192
MISSÀO NO CONGO
M ais ou menos naquela época, Jesus apareceu para m e deu-me urna nova mensagem para entregar às pessoas. I urna mensagem sobre poligamia. Jesus disse-me que eu deveria lem brar as pessoas de qui poligamia é contrària à vontade de Deus. Era urna mensagt difícil de ser entregue. A poligamia - quando um homem tc duas ou mais esposas - é largamente praticada e aceita : Zaire. Um homem freqüentemente pode ter 10 esposas i até mais. A cultura aceita e apóia a poligamia, e eu esta surpreso por ter conhecido m uitos freqüentadores de igi ja que a praticavano - pessoas que tinham bons cora^òet. praticavam bons atos, mas que viviam em relacionam ent poligàmicos. Jesus disse-me que essas pessoas estavam dan< um m au e perigoso exemplo para os jovens que pertenciarr igreja e olhavam para eles como sabios orientadores. Ele dis que nao há excegòes quando se trata de poligamia, e que pessoas que o adoram na igreja deveriam saber disso antes com eter um pecado táo obvio. Logo em seguida após o meu desembarque em Lubui bashi, Jesús apareceu para mim novam ente e disse: Letnb as pessoas que tem dois relacionamentos que elas estao m tando os Dez M andam entos e que elas sao com o ladras. para aqueles que estáo na igreja e praticam a poligamia, i acrescentou esta mensagem: Como voce pode agir por anii de m im se voce nao está disposto a fazer Indo que rstou li pedindo para fazer?
Esta se tornou urna questao bastante controvertid.i d rante meu ministério no Congo. Militas vc/rs as eiiorin multidSes que apareciam para ouvir as mciisagrns li«, a va incrivelmente entusiasm adas e felizes por ouvir as palavi as i Jesus. Q uando eu falava sobre suas mensagens a respeito <. redengào e s a lv a l o através da confissào, do arrependimen e do am or - tudo visando a p re p a ra d o para o Finí dos Di. - , centenas de pessoas choravam e gritavam: “Amém! Al luia! Louvado seja o Senhor!” Q uando eu entregava as mensagens do Senhor sobre mal da poligamia, porém, as pessoas vaiavam e grita va para eu voltar para Ruanda. O Senhor quería que eu tocas: no assunto da poligamia onde quer que eu pregasse, o qi eu sempre fazia. N o final de cada encontro, eu era atacado. “A poligamia é praticada na Biblia”, diziam eles. “O dizer dos patriarcas do Antigo Testamento? A braao teve esposas, o Rei Davi teve sete e o Rei Salomào teve 700! que eles podiam fazer isso e nós nào podemos? Por que podem os ter sequer duas esposas?” 193
qt tri P( na
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Eu os respondía conforme Jesús tinha me instruido: “N ós nao vivemos mais nos dias do Antigo Testamento. N ós vive mos nos dias do N ovo Testamento. Jesus veio para a Terra, nos ensinou um novo cam inho e nos m ostrou como seguir esse caminho ñas palavras do N ovo Testam ento”. Q uando eles perguntavam: “Por que Jesús acha que aque les que tém duas esposas sao assassinos e ladróes? Isso nào é urna coisa lá m uito boa para se dizer sobre nós!”, eu sem pre respondía: “Jesús disse-me que a segunda esposa é urna assassina porque eia está m atando a paz e a alegria que a prim eira esposa sente em seu cora§áo em rela^áo a seu m a rido. O prim eiro casam ento é sagrado; ele é aben<¿oado pelo sacram ento do m atrim onio no primeiro (e unicamente legí timo) casamento. E Jesus disse que a segunda esposa é uma ladra porque eia está roubando o am or que o m arido deveria ter unicam ente por sua prim eira esposa. O am or conjugal do m arido pertence á prim eira esposa e qualquer um que roubar esse am or déla é um lad ráo ” . “Jesus disse que o homem em um relacionam ento poligà mico é um ladrào e assassino como qualquer outro ladrào e assassino - um assassino porque ele está m atando o m anda m ento de Deus e um ladrào porque ele está pegando o que nào foi dado a ele. Ele será julgado com o um ladrào se náo se arrepender e abandonar esse pecado. Sendo assim, tanto o homem quanto a m ulher que estáo em um relacionam ento poligàmico sào como assassinos porque m atam a pureza do am or que Deus concede ao homem e à m ulher quando eles se juntam como m arido e esposa durante o santo sacramento do casam ento.” Essas d e c la ra re s enfureceram todo m undo na audiencia que apoiava a poligamia. E, para a m inha surpresa, as pessoas que mais se m ostravam ultrajadas pela mensagem eram as mulheres! Urnas quarenta ou cinqüenta mulheres, furiosas, me confrontaram certa tarde após eu ter concluido meu pro nunciam ento no salào de uma igreja de Lubumbashi. “Com o voce pode dizer essas coisas?!”, disparou uma. “A m aior parte dos homens de m inha aldeia foi m orta durante a guerra e agora há grande escassez de homens. O que voce espera que nós, mulheres, fagamos quando chegar nossa hora de casar e ter filhos? O que há de errado em várias mulheres com partilharem o mesmo marido? E m elhor com partilhar um m arido do que nào ter m arido nenhum! Ou Deus quer que todas nós nos tornem os freirás?” O utra disse que vivia em um relacionam ento poligàmi co há 12 anos e que era impossível obedecer á mensagem 194
MISSÁO NO CONGO
de Cristo a respeito da necessidade de sair desse tipo de ea samento. “Eu sou a terceira esposa, mas estou casada coti m eu m arido há muito tem po”, disse-me eia. “N ós temos tré; filhos. O que voce quer que eu faga? Eu deveria largar met marido? Para onde eu iria? Com o eu poderia alim entar mi nhas crianzas? Devo me tornar mendiga ou prostituta par; que meus filhos nao passem fome? H á m uitas mulheres comi eu... E nem todas podem dar suas vidas a D eus!” Tudo que eu conseguía dizer a elas é que nem sempre é f.i cil obedecer a vontade de Deus, m as que devemos obedecé-l: N ossa vida na Terra è difícil, mas é passageira. N ós seremo recompensados no Paraíso por term os vivido aqui da forni como Deus quer. M uitos rapazes e garotas que estavam na audiencia d salào da igreja de Lubum bashi tam bém estavam furiosos coi m inha mensagem. Q uando me abordaram após o meu pn nunciam ento, eles queriam saber o que há de errado coni sexo fora do casamento. “N ào é norm al para nenhum homem passar m uito temp sem ter urna m ulher” , declarou um rapaz. “E por que urna g; rota nào poderia estar com um homem se esse homem poc ajudá-la a pagar seu aluguel ou suas despesas escolares? Ni é aceitáve! que urna garota possa tirar algum beneficio do i lacionam ento com um homem? O que há de errado cui laz um homem feliz se o homem também faz a mulher Idi/,:'" Eu respondí ao rapaz repetindo a mensagem sobre o se: conjugal que Jesus e M aria entregaram em Ribello: “( K li mens e as mulheres devem respeitar a si niesmos e consult i seus corpos com o templos de Deus, e nào pennini que el sejam usados como parques de diversòes da carne. I Jes col cam suas almas em risco por alguns m om entos passageíros prazer. Adolescentes e jovens acham que estào se divertine mas nào pensam sobre as conseqüéncias de suas agòes sobre suas almas im ortais. Isso é algo sobre o qual as pess< mais velhas da sua igreja deveriam alertà-lo” . Eu falei para os jovens rezarem a Deus pedindo para c Eie leve homens e mulheres de fé e bom caràter às suas ig jas. Esses sào os modelos de que eles necessitam e nào pess< poligàmicas que vivem em constante adultèrio. A juventi deve aprender esta verdade: o adultèrio è um pecado mui muito sèrio - eie viola o Sétimo M andam ento. É melhor casto até o casam ento, e fiel em um casam ento constitu pela uniào de um unico hom em com urna ùnica mulher. As mensagens sobre poligamia e adultèrio que entreg quase ocasionaram m inha morte. 195
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
A prim eira vez em que entreguei urna mensagem sobre poligamia em Lubumbashi foi às vésperas do N atal de 1986. Eu assisti a urna missa da meia-noite com um grupo de cristáos carismáticos que mais tarde realizaram urna recepçâo e urna reuniâo de oraçâo em homenagem a mim. D urante a recepçâo, alguém me deu um copo com CocaCola. Antes de levar o copo à boca, eu parei para fazer urna oraçâo de agradecimento a Deus. D urante mais ou menos dois minutos, que foi o tem po que levei para fazer a oraçâo, eu senti o copo se aquecer em minha máo e urna força jamais vista agarrando meu pulso, impedindo-me de levar a bebida até a boca. Em seguida, eu vi o líquido escorrendo sobre mi nha calça. O fundo do copo tinha caído no chao. Parecía urna lupa de aum ento jogada sobre os azulejos. Fios de fumaça subiam do copo sem fundo que ainda estava em m inha máo. “Veneno!”, gritou alguém. Ouvi a palavra veneno ondu lar através do grupo de oraçâo em urna onda de sussurros espantados. O padre que tinha ajudado a organizar o encontro, Padre M utom bo, estava horrorizado. Ele fazia parte de urna equipe designada para me proteger quando as multidôes começaram a crescer enormemente e depois que comecei a receber ameaças durante as mensagens a respeito da poligamia. Dois professores de Ciencia da universidade local estavam na recepçâo e examinaram o copo. “Isso poderia m atá-lo”, dis se um deles. “É algum tipo de ácido.” A sala ficou silenciosa e o clima muito desconfortável. Por fim, um dos carismáticos aproxim ou-se e recolheu os dois pedaços do copo, um pedaço em cada máo. Ele começou a andar pela sala com as máos erguidas para o alto e dizendo: “Aleluia, amém! Aleluia, amém! Aleluia, amém! Um milagre salvou a vida de Segatashya!” (Mais tarde, urna m ulher confessou à polícia que tinha colocado ácido em minha bebida para ver se Jesús iría mesmo me salvar, o que, segundo ela, provaria que Deus realmente tinha me enviado ao Zaire.) Após o homem que carregava os pedaços do copo ter circulado pela sala, mais refrescos foram servidos. O Padre M utom bo correu até mim e trocou os pratos do jantar. “Só para g arantir”, disse ele. “E, depois de hoje, náo haverá mais recepçôes ou jantares. Após o térm ino de suas pregaçôes, irei escoltá-lo diretam ente para o seu quarto. E melhor náo corrermos riscos desnecessários.” Eu considerei toda a situaçâo um pouco deprim ente e, depois do ocorrido, passei a ficar nervoso sempre que levava um copo, xícara ou garfo à boca. 196
MISSÀO NO CONGO
N o dia seguirne, Jesus apareceu para mim e disse: Onde havia m orte, agora há vida. Seja forte e paciente, pois os coragòes de m uitos sào com o pedras, e os ouvidos de m uitos estào fechados. Fique atento e mantenha-se firme nas orafòes. Continue rezando e ponha-se em guarda. Eles estào tentando machucà-lo - eles virào da esquerda e da direita. Se voce nào se proteger com a orafào, voce será facilmente ferido. Jesus nào apareceu mais para mim por seis meses. Eu continuei em m inha missào, viajando pelo Zaire e pregando sua palavra. A multidòes continuavam a crescer todas as vezes. Urna vez, houve 15 ou 20 mil pessoas em um ùnico evento ao ar livre. Apesar de m uitas pessoas terem ido aos encontros, eu nào diria que eu era popular na regiào. Eram as mensagens de Jesus que as pessoas tanto am avam e vinham de longe para ouvi-las. Eu estou muito feliz por tantas pessoas terem ouvido suas palavras - tenho certeza de que incontáveis cora^òes foram convertidos após ouvirem as mensagens. Eu também continuei pregando contra a poligamia, con forme Jesus me instruiu. A mensagem nunca era bem recebida porque a verdade, às vezes, é difícil de ser aceita. Mas Jesus me assegurou de que m uitas pessoas a ouviram ... E que m uitas m udaram suas vidas. Assim, onde quer que eu fosse, eu geralmente tinha pelo menos dois guarda-costas coinigo para me proteger. Devo adm itir que, quando Jesus nào eslava apareccndo regularm ente para mim, eu achava meus dias mais d ilia is, e freqüentemente passei por sofrimentos em minila vida pes soal. Tive que enfrentar m uitas tentagòes, as quais cu so era capaz de evitar pela oragào constante. Eu sentia que o inimi go estava sempre tentando me atacar, que o dem ònio odiava o fato de que as mensagens do Senhor estavam chegando às pessoas e que dezenas de milhares de cora^òes no Congo es tavam ficando repletos do am or de Deus. O demònio veio até mim de m uitas formas. Com o eu jà disse anteriorm ente, as mortes de m inha màe e irmàos, espe cialmente por terem ocorrido de urna vez só, me atingiram m uito profundam ente. Tenho certeza de que o dem ònio tirou alguma vantagem daquela tristeza. Aconteceram outras coisas ruins que me puseram sob prova. N a noite de Sexta-Feira Santa, no ano passado, eu estava dorm indo em um quarto da casa de visitas de urna paróquia quando um vento violento e urna tem pestade irrom peram no céu de urna noite até entào calma. Alguém na paróquia me acordou e me levou ao prèdio centrai para nos 197
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
protegerm os. A tempestade durou apenas alguns minutos e nao danificou absolutam ente nada na casa de visitas, com exceçâo do meu quarto, que ficou com pletamente destruido. O teto se desprendeu das paredes e caiu bem em cima da m inha cama. Em seguida, as paredes, que tinham perdido o suporte do teto, tam bém caíram sobre a cama. Os trabalhadores levaram horas cavoucando entre os entulhos para recuperar meus pertences. Se aquela pessoa nao tivesse batido em m inha por ta bem naquela hora, eu certamente teria m orrido. O utra vez eu estava em outra casa de visitas de urna paróquia diferente e acendi urna pequeña vela devocional antes de me deitar para dormir. Eu coloquei a vela em cima de urna cóm oda de metal, sobre a quai nâo tinha mais nada além da vela. Antes de dormir, eu rezei, agradecendo a Jesús por me deixar servi-lo e me proteger. Eu peguei no sono e logo sonhei que alguém tinha entrado no quarto e tocava em meu om bro. Essa pessoa estava dizendo: “Segatashya, Segatashya, acorde! Apague o fogo antes que a casa inteira incendeie” . Eu abri meus olhos para ver quem estava falando comigo. N âo havia ninguém lá, mas o quarto inteiro estava cheio de fumaça. A cóm oda de metal tinha sido engolida pelas cha mas. Eu fui ao banheiro e peguei água e algumas toalhas molhadas e conseguí apagar o fogo. M inhas máos queimaram m uito seriamente, mas eu pedi a Deus que me livrasse da dor e as queim aduras foram curadas em urna semana. E houve outra ocasiâo quando algo m uito perturbador ocorreu. Eu tinha acabado de term inar urna pregaçâo em urna paróquia no sul do Zaire e estava esperando um ónibus para em barcar em direçâo a outra provincia, na quai eu es tava agendado para falar. Enquanto eu esperava, um jovem padre cham ado François estacionou em frente ao ponto de ónibus. Ele tinha me ouvido falar e sabia que eu estava indo para a mesma cidade que ele. “E urna viagem de duas h o ras”, disse o Padre François. “Faça-me com panhia e conte-me tudo sobre Kibeho.” Como estava tarde e muito escuro, fiquei contente com a carona. Já tinha se passado urna hora de viagem e nós estávamos tendo urna agradável conversa sobre as parábolas de Je sús quando urna mulher repentinam ente correu para a nossa frente no meio da estrada e acenou para nós. Ela estava toda desgrenhada e aflita, e implorou que lhe déssemos urna carona até a próxim a cidade. Ela sentou no banco de trás e começou a chorar táo intensamente que nao conseguía nem falar. Em um certo momento, ela começou a arrancar os próprios cábe los. Depois que pegamos a estrada principal, ela se acalmou um pouco e começou a nos contar o que tinha acontecido. 198
MISSÂO NO CONGO
Eia disse que estava em sua casa com sua filha quando soldados irrom peram pela porta e tentaram estuprar a meni na. “Eles a agarraram e estavam arrancando as roupas delà, mas eia nâo deixava que tocassem nela. Ella bateu no rosto de um deles e o homem tirou urna faca enorme e a esfaqueou no estómago. Em seguida os outros soldados tam bém pegaram suas facas e deram várias e varias facadas nela. Eles a mataram! Aqueles demonios m ataram minha única filha! Eia era tudo que eu tinha no m undo!” O Padre François e eu nos olhamos pensando no que fazer e com o consolar aquela pobre mulher. Nesse m om ento, eia gritou: “Eu nâo quero mais viver!” A porta de trás do carro se abriu repentinam ente e em seguida ouvimos um b a que terrível. O carro derrapou na estrada até que o Padre François o conseguisse controlar e parar no acostam ento. A m ulher nâo estava mais no banco de trás. N ós a encontram os a mais ou menos 30 metros de distancia. Eia estava m orta. O Padre François e eu estávamos trem endo. N ós nâo con seguíamos acreditar no que tinha acabado de acontecer. N ós oram os sobre o seu corpo a pedimos a Deus que tivesse mise ricordia de sua alma. Encontram os outro padre dirigindo pelas redondezas e pedimos para ele cham ar a policía. Q uando os policiais chegaram , eles prenderam o Padre François e o colocaram na cadeia. Com o ele era o m otorista, eles pensaram que ele poderia ter atropelado a mulher. Era como estar no inferno - en pensava que ia enlouquecer. Eu simplesmente estava cercado pelo horror. A única coisa que me impediu de enlouquecer foi a prote çâo de Deus. Eu acho que Jesús quería me m ostrar o que ele quería dizer quando falava que o m undo estava em péssimas condiçôes. Eu nâo tinha percebido quanta violencia, òdio e perversidade havia no mundo até sair de casa. M eu lar era um lugar pacífico, onde as pessoas cuidavam umas das o u tras. O Zaire abriu meus olhos para o tipo de destino que o mundo pode ter quando nâo é tocado pelo am or de Deus. O padre que tinha ido à polícia a nosso pedido levou-me para sua paróquia e nós oramos por toda a noite. Eu rezei o R o sàrio por horas e pedi a M aria que me livrasse da dor em meu coraçâo e da confusáo em minha mente. Eu pedi a Jesus que cuidasse do Padre François e o protegesse dos demonios que estavam me atacando. E eu pedi novamente a Deus que tivesse misericòrdia da alma da mulher que saltou de nosso carro. N a m anhà seguirne, meu coraçâo se sentia mais leve e aliviado. Dois dias depois eu fui à delegacia de polícia para 199
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
testem unhar a favor do Padre François. Ele foi inocentado de qualquer acusaçâo e solto. N ao m uito tempo depois daquele incidente, Jesús apareceu para mim e disse que estava vendo todas as provaçôes, tentaçôes e tribulaçôes que eu tive que agüentar. Ele também me agradeceu por eu ter permanecido sempre fiel e obediente a ele. Além disso, ele disse que era hora de eu ir para casa, que m inha missào no Zaire estava term inada e que logo eu poderia com eçar minha missào em Ruanda. Eu agradecí a Jésus por ter vindo até mim e consolar meu coraçâo. Depois arrum ei minhas coisas e vim direto para casa. PERGUNTA: Segatashya, nós nâo sabemos com o agradecê-lo por esse relato. Você é um rapaz de grande fé, que verdadeiram ente ama a Deus. Nós podem os ver que você está tocando os coraçôes de m uitas pessoas em suas missôes. Vamos passar adiante nossas conclusôes e estamos ansiosos para ouvir sobre sua próxim a missào aqui em Ruanda.
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EPÍLOGO
FACE A FACE C O M SEGATASHYA
Urna das m elhores coisas de ter sido aceita pela Un versidade N acional de R uanda era que o cam pus fica\ a apenas urna hora de viagem de Kibeho. Isso signifie; va que finalm ente eu poderia - dez anos depois de ti im plorado pela prim eira vez a m eu pai que me levas; junto com ele em suas peregrinaçôes - fazer urna p e r grinaçâo p ara o lugar com o quai eu sonhava desde qt era criança. E dessa vez eu nâo precisava da permissa de ninguém . Eu poderia ir sem pre que m eu espirito n movesse - e ele me m ovia bastante. N ós tínham os um grupo de oraçâo no cam pus qi fretava um ônibus para levar os estudantes até Kibeh várias vezes ao mês, e você pode ter certeza de que eu ju nto com eles em todas as viagens. Era urna experiénc incrível poder cam inhar sobre o chao daquele lugar s grado e testem unhar em prim eira m ao os eventos mil, grosos sobre os quais eu ouvia falar desde criança. A inda havia vários visionários recebendo apariçôi naquela época, as m ultidóes de adoradores ainda se agri pavam defronte ao palco esperando por um m ilagre e ar ainda vibrava repleto de energía espiritual, tu d o e grande clima de expectativa. N a época em que me m udei p ara o cam pus, no outi no de 1992, as apariçôes públicas de Segatashya tinha acabado há m ais de nove anos. E as missôes de pregaçî para as quais Jesús o tinha enviado, em Burundi, Z aire po r toda R uanda, term inaram sem que eu nunca pudes ter tido a chance de conhecê-lo pessoalm ente ou vê-lo r m eio de urna apariçâo. M ais frustrante ainda era o fa de que, durante sua m issào em m eu país, no final da d cada de 1980, ele visitou m inha cidade natal, M atab a, eu nao estava lá! Q uase to d o m undo que eu conhecia ouviu falar e apertou sua m ao, m as eu tinha acabado i
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
en trar p ara o in tern ato no norte de R uanda e nao tinha jeito de voltar p ara casa. Bem , eu ainda tenho m inbas gravagóes em fita das aparigoes que Segatashya viu em K ibebo, pensei. Eu vou ter que m e contentar em ouvi-las. Eu tinha me resignado ao fato de que nunca encontraría Segatashya pessoalm ente... M as eu me resignei cedo demais. N osso encontro foi acontecer no fim de o u tu b ro , em m eu prim eiro ano na faculdade. Eu estava em m eu q u arto estudando para urna prova de Q uím ica quando m inha am iga M arie entrou toda afobada e com um enorm e sorriso no rosto. “ Se eu pudesse apresentar vocé a qualquer pessoa do m undo, nao im porta q u an to rica ou fam osa fosse tal pes soa, quem vocé gostaria que fosse?” M arie tinha fam a de ser urna n o toria brincalhona, e eu estava certa de que ela estava prestes a pregar um a pega em m im que me faria ficar com cara de boba. “ Por que vocé está perguntando isso? Vocé encontrou algum a estrela do cinem a am ericano no cam pus que vai ficar para o almogo? Eddie M urphy ou Sylvester Stallone?” , brinquei, a p o n tan d o os dois únicos atores fam osos de H ollyw ood que eu conhecia. “N ao! Estou falando sério! E isto é m elhor do que qualquer estrela velha do cinem a... Pense! N a o há ninguém em todo o m undo que vocé gostaria de conhecer, m as que vocé achava que nunca conheceria?” Eu balancei m inha cabera. Eu nao tinha a m enor idéia do que m inha am iga estava falando... Até eu perceber que ela estava com um rosário em sua m áo direita. Em bora ela gostasse de fazer brincadeiras com igo, M arie am ava a Virgem M aria e Jesús ta n to q u an to eu. Além disso, ela sabia o qu an to eu era fascinada p o r Kibeho e seus visionários. “Vocé está brincando, M arie?” “N a o estou brincando, Im m aculée!” 20 2
FACE A FACE COM SAGATASHYA
“Vocé está dizendo que pode me apresentar á pessoa que eu m ais gostaria de conhecer?” “ É isso m esm o!” “Vocé nao está falando de Segatashya, está?” , perguntei, largando m eu caderno no chao e me levantando em um salto. “ Sim, estou! Ele está aqui no cam pus!” , gritou ela. “ N ao está!” , gritei de volta. “ Está sim !” , respondeu M arie. “N a o !” “ Sim!” “Vocé precisa me co n ta r tu d o agora m esm o: onde vocé o viu, o que ele está fazendo aqui, com o ele se p are ce, e se ele lhe disse algum a coisa. D iga-m e/ ” M arie, entáo, contou-m e que sua m áe, que era táo fa nática po r Kibeho q u an to eu, ouviu de urna am iga de seu g rupo de oragáo em Kigali, que po r sua vez soube por urna freirá de Butare, que Segatashya tinha conseguido em prego na capela da universidade para ajudar o padre da escola com suas tarefas e fazer trabalhos m anuais ñas imediagóes da reitoria. Ele tam bém estava trabalhandd algum as horas por sem ana na biblioteca da escola. “Ah, provavelm ente é só um b o a to ” , disse eu, engolin do em seco. “N áo , Im m aculée” , insistiu m inha am iga. “Vocé conhece m inha m áe. Em se tra ta n d o de noticias relaciona das a K ibeho, ela tem as m elhores conexoes!” “Vam os ver” , disse eu, saindo apressada pela porta < correndo o m ais rápido possível p a ra a capela. Eu estaví ofegante qu an d o cheguei ao escritorio do padre e me sen tei nos degraus para descansar um pouco e recuperar ( fólego. N á o conseguía acreditar no q u an to eu estava em polgada... E nervosa! E n trar no escritório do padre pode ria me deixar face a face com alguém que contem plou ; face de Cristo. 203
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Desde as m inhas m ais rem otas m em orias da infancia eu tenho ponderado acerca da natureza de Deus. Já em m eus q u atro ou cinco anos eu passava horas e horas pen sando em com o seria a aparéncia de D eus, se Ele estava sorrindo ou triste em um determ inado dia, se Ele nunca dorm ia - e, se ele dorm ia, qual seria o tam an h o de sua cama? Á m edida que eu crescia, m inhas dúvidas obvia m ente se to rn a ram m ais com plexas - m as pensam entos sobre a criagáo, a eternidade, a salvagáo e a natureza do bem e do m al sem pre tiveram grande im portancia na melhor parte de m inha m ente. Agora eu poderia estar prestes a conhecer alguém que conversou com Jesús regularm ente e a quem , talvez mais do que p ara qualquer o u tra pessoa, os m istérios do uni verso podem ter sido revelados. Talvez Segatashya me pudesse falar sobre os segredos que o Senhor com partilhou com ele sobre o Paraíso e que ele jam ais contou a qual quer pessoa. Tudo era possível! M as nao era apenas a possibilidade de ouvir algum a coisa sobre o Paraíso que estava me fazendo trem er em frente ao escritorio do padre. Segatashya foi um dos meus m aiores heróis na infancia. Eu o am ava porque ele era um azaráo, um estranho e diferente g aroto pagáo sem qualquer estudo, arran cad o de urna plantagáo de feijáo p o r Jesús, que em seguida o transform ou em um p o d ero so guerreiro de Deus. Esse adolescente aprendeu a lutar p or justiga e retidáo, e a b atalh ar contra Satanás, com o próprio Jesús! Segatashya dedicou sua juventude a espalhar a palavra de Deus p ara ajudar a levar alm as p ara o Céu. Ele fez a o bra do Senhor em países perigosos, debateu com padres e diplom atas, e aconselhou bispos e presidentes. Tudo isso sem jam ais ter aprendido a 1er. Ele era corajoso, h o nesto, hum ilde, bonito e gentil. Ele ansiava em ser bom , odiava fazer o m al e am ava a Deus sobre to d as as coisas. C om o eu nao poderia adm irá-lo na m inha infáncia? E eu fui adm irando-o m ais e m ais a cada ano que passava... 204
FACE A FACE COM SAGATASHYA
Q u an to m ais m adura e estudada eu me to rnava, m ais eu podia apreciar plenam ente a grandeza dos seus feitos. M ais do que qualquer o u tra coisa no m undo, eu queria conhecer Segatashya para que eie me contasse com o era falar com Jesus. Eu cam inhei p ara dentro do escritorio do padre e perguntei à secretària se poderia falar com Segatashya. “ Cinco m inutos atrás voce poderia ter fala d o ” , disse eia. M eu cora^ào acelerava e dim inuía o pulso sim ultanea m ente. Eu sim plesm ente tinha perdido a chance de co nhecer meu herói... M as, grabas a Deus, era verdade que Segatashya estava tra b a lh a n d o no cam pus! “ Ele estará aqui a m a n h à ? ” , perguntei, cheia de espe ranza. “ É difícil dizer” , respondeu eia. “Eie trab alh a aqui só ocasionalm ente. Ele faz trabalhos p ara a Igreja em outras paróquias tam bém , e às vezes dà urna m àozinha na bi blioteca da escola. M as voce pode deixar um recado para eie, se quiser.” “ Sim, ob rig ad o !” , respondi-lhe, sorrindo, enquanto pegava a cañeta e o papel que eia tinha me d ad o e comegava cuidadosam ente a escrever urna carta p ara o meu vi sionàrio favorito. Eu levei o tem po que achei necessàrio, querendo que o conteúdo e a caligrafía ficassem perfeitos. “N à o escreva n ad a m uito longo, q u e rid a ” , disse a se cretària. “ Ele pode tra b a lh a r na biblioteca, m as nào sabe ler. Deixe seus contatos e eu entregarei a ele na próxim a vez em que eie estiver p o r aqui.” “ C erto, esqueci desse d etalh e” , respondi, e rap id am en te fiz urna no ta dizendo a Segatashya que, se nào fosse causar-lhe m uito incom odo, eu ad o raría encontrá-lo para conversar p o r alguns m inutos. Eu disse que m eu q u arto ficava próxim o dali, que eie poderia bater em m inha por ta em qualquer dia depois das 17h e que eu nào tom aria m uito do seu tem po. 205
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
Por algum a razao, eu nao esperava que Segatashya fosse aparecer, provavelm ente porque eu nao quería criar expectativas e depois me desapontar. M as, as 17:01h do dia seguinte, coloquei m inha cabera para fora da porta do m eu q u arto p ara dar urna olhada - e lá estava ele! Ele estava no firn do corredor e cam inhava em diregao ao meu qu arto . Se eu já achava que tinha ficado nervosa no dia anterior, agora eu estava praticam ente hiperventilando! Em prim eiro lugar, ele nao era um g arotinho de form a algum a! Eu tinha m antido a im agem do pobre e pequenino g aroto pastor em m inha m ente por to d a a década anterior, m as naquela década aquele garotinho tinha se tran sfo rm ad o em um hom em alto e adulto! Eu acho que nunca tinha me sentido táo intim idada p o r alguém dessa form a antes... Eu senti com o se o pròprio Jesus estivesse cam inhando em m inha dire^áo. M eu cora^ao estava disparado e eu fiquei tonta. Eu gostaria de conhecé-lo, mas ao mesmo tem po queria me escon der dele. Eu me perguntava se devia fechar a porta e me trancar no arm àrio até que ele fosse em bora, mas era tarde demais. O fam oso visionàrio estava parado bem em frente de mim. E ele tinha o sorriso mais doce que eu já tinha visto. “ O lá, Im m aculée, eu sou Segatashya” , disse ele, com um a voz m uito m ais p rofunda e ressoante do que aquela que eu me lem brava de ouvir pelas fitas quan d o era crian za; m as era táo doce quanto. “ O -o i” , disse eu, gaguejando. N ós nos abracam os e nos cum prim entam os com o tradicional abraco ruandes (o que nào é exatam ente um abrado, m as m ais um ro^ar de om bros). Depois ficamos apenas olhando um p ara o outro. Eu tinha ta n ta coisa p ara dizer, m as nao conseguia reunir as palavras para expressar o que queria. Ele sorriu para m im e tentou me deixar à vontade com suas m aneiras gentis e seus olhos carinhosos. 206
FACE A FACE COM SAGATASHYA
“ Com licenza” , disse urna voz atrás de mim. Eu tinha esquecido que M arie estava no q u arto com igo. Eia acenou para Segatashya e eu acho que eles disseram algum a coisa entre si, m as realm ente náo lem bro, porque estava preocupada em encontrar o que dizer. Pela prim eira vez na vida, eu náo conseguía form ar urna sentenza. Após vários m inutos de silencio constrangedor, Sega tashya disse: “ Bem, eu quería dizer oi para voce pessoalmente. Foi m uito bom conhecé-la, m as é m elhor eu ir an dando. Passe no escritorio para dar um oi qualquer hora...” . Eu quería que ele ficasse um pouco m ais, m as o que eu poderia fazer? Eu estava com pletam ente incapaz de falar! Por sorte, há um costum e na cultura ruandesa no qual o anfitriào deve acom panhar o seu convidado até urna par te do percurso do seu destino quan d o ele está indo em bora. D esta form a, eu autom aticam ente comecei a cam inhar com Segatashya em dire^áo á extrem idade do cam pus. Eu fiz urna pequeña oragáo à Santissim a Virgem pedindo que soltasse m inha lingua. Finalm ente, após cam i n h ar em silencio durante a m aior parte do percurso, eu sentia que estava prestes a com egar a falar. N aquela hora nao havia tem po para sutilezas e resolvi ir direto ao pon to de tu d o que eu queria saber. Logo depois que comecei a fazer-lhe algum as perguntas, nào consegui mais parar. “Perdoe-m e” , disse eu. “Eu sei que as pessoas provavelm ente ficam sempre Ihe perguntando sobre as a p a r i j e s , e que isso deve ser um pouco chato, m as é por isso que eu queria vé-lo. Eu quero saber... Bem, eu quero saber tu d o !” Em seguida, eu lhe contei sobre o significado de Kibeho para m im , e de com o eu acom panhei as a p a r i j e s e ouvi as m ensagens desde o m om ento em que com e^aram . Sem esperar po r urna resposta, eu lhe fiz todas as pergun tas que vinha g u ardando p o r anos, p ara o caso de um dia conhecer um visionàrio. Eu lhe fiz perguntas sobre os m ais bobos detalhes das roupas de Jesus e sobre com o ele penteava seu cábelo. Eu queria saber com o era se sentir táo próxim o do Senhor 207
O MENINO QUE CONHECEU JESUS
e qual era o tim bre de sua voz. Ele algum a vez riu ou brincou? E fiz-lhe ainda algum as perguntas m ais pesadas, relacionadas ao pecado á salva^áo, e sobre tu d o o mais que sim plesm ente saía de m inha cabera. Súbitam ente, percebi que estávam os bem próxim os dos limites do cam pus e que Segatashya já tinha parad o de andar. Por fim, tom ei fólego e me desculpei por nao ter p arad o de falar. Ele perm anecía em silencio... “ Desculpe, Segatashya, acho que fui um pouco rude perguntando-lhe tantas coisas... Eu nao quero to m ar m ais o seu tem p o ” , disse, cabisbaixa. “Ah, nao, nao! Sem problem as, Im m aculée” , respondeu ele, com um a risada calorosa. “ Eu entendo perfeitam ente po r que vocé tem tan tas perguntas e eu teria tantas qu an to vocé. Eu am o falar sobre Jesús e suas m ensagens. Eu estava apenas pensando sobre com o com e^ar...” “Bem, vocé poderia me em prestar os seus olhos po r alguns m om entos, se isso fosse possível. D esta form a, eu p o deria ver tudo que vocé viu” , brinquei. Ele riu novam ente e depois com e^ou a responder algum as das questóes que eu fui lhe atirando desde que tinha saído do m eu quarto. “Vamos com e^ar falando sobre com o era sua aparéncia” , com e^ou Segatashya. “Jesús é um hom em alto, tem 1.80m m ais ou m enos, ou talvez seja até um pouco maior. E ele é um hom em forte, com o se tivesse passado m uito tem po de sua vida fazendo trabalhos físicos.” “ Ele parece estar no fim dos seus 30 anos ou no com e to dos 40, e geralm ente veste um a túnica branca. As vezes veste tam bém um a sotaina litúrgica sobre seus om bros, que as vezes era da cor verm elha, as vezes da branca. A sotaina cai sobre seus om bros, com o no estilo tradicional de se vestir do hom em ruandés.” “Jesús tem barba e um longo e negro cábelo que desee até os om bros. Ele é um hom em m uito bonito e tem um a face m ad u ra que geralm ente carrega um a expressáo séria. Seus olhos sao m uito suaves, m as sem pre firmes e deter m inados. E difícil descrever o tom de sua pele, pois nao 208
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há na Terra urna cor que lhe seja com parável. Parece-se com o bronze, com o a pele de um hom em ruandés, mas nao é negra. E urna pele lisa e vibrantem ente viva. Sua pele fulgura com o se o sol brilhasse dentro do seu corpo.” “ Q u an d o vocé olha para os olhos do Senhor, vocé pode ver que ele é m uito m anso, m as as vezes m uito tris te. Q u an d o ele olha p ara vocé, vocé sabe com absoluta certeza que ele lhe am a e lhe protege. E, m esm o que ele p a re ja jovem , vocé nao tem a m enor dúvida de que ele é o Rei dos Reis.” “Im m aculée, vocé pode sentir to d a a m ajestade de Je sús irrad ian d o dele... E, se nao fosse pela gra^a do Senhor em te m anter de pé, vocé cairia em sua p resen ta, sabendo que nao é m erecedora de ficar em pé diante dele. N a verdade, urna vez ele me disse que, se aparecesse p ara mim em sua plena gloria divina, eu nao conseguiría su p o rtar o esplendor de seu poder e beleza.” “ E m bora eu o tenha visto várias vezes, ainda é m uito difícil, para m im , dizer com o era estar em sua presenta, Tudo que me lem bro m ais claram ente é do am or, da luz e da m ajestade do Senhor tornando-m e vulnerável, frágil e me fazendo desabar pelo chao quando ele estava perto Ele inspira grandeza, trem endo respeito e o desejo de fa^ zer toda e qualquer coisa po r ele. Ele é verdaderam ente o cam inho, a verdade e a luz... Ele é am or e vida no maií puro sentido.” E nquanto ouvia Segatashya falar sobre seus encon tros com Jesús, eu com e^ava a perceber que o poder di suas palavras poderia me m anter acordada durante tod; a noite. C ontinuei perguntando ao meu m ais novo amig< sobre a form a com o ele sentía o am or de Deus. Era comí o am or de um pai ou de um irm áo? N aquele m om ento de nossa conversa, porém , pud ver que Segatashya estava sentindo verdadeira pena d m im , que ele desejava poder dar-m e a bén^áo de ver que ele viu qu an d o estava na p resen ta de Jesús. “ O qu vocé precisa saber é isto: Jesús conhece todos nós no mai 209
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profundo de nossos cora^óes e alm as; ele conhece todos os nossos sonhos e p r e o c u p a r e s , todas as nossas espe ranzas e m edos, toda nossa bondade e toda nossa fraquez a ” , explicou ele. “ Ele pode ver nossos pecados e faltas, e quer de nós apenas que purifiquem os nossos coragóes e alm as, p a ra que possam os am á-lo sem m edida, com o ele nos am a. Q uan d o ele nos m anda algum sofrim ento, ele o faz apenas para fortalecer nossos espíritos p ara que sejam os fortes o suficiente p ara lutar contra Satanás, que quer nos destruir. Feito isso, um dia poderem os gozar da gloria de sua presen ta p o r toda a eternidade.” “ Deixe-m e dizer de o u tra form a, Im m aculée: quando eu estava com ele, eu nunca queria ir em bora. Se ele me pedisse para ir em bora para ficar com ele, eu deixaria este m undo na hora, sem a m enor h e sita rlo . E star perto de Jesús é estar perto do amor. E nenhum a palavra precisa ser dita. Em sua presenta, nossa alm a fica em paz e com pletam ente feliz.” “ Saiba que o am or dele é real e eterno, e nós podere m os possuí-lo se o am arm os e fizerm os sua vontade aqui na Terra. Convide-o para e n trar em seu cora^áo e todas as essas grabas seráo suas. Ele nao irá lhe recusar nada. Se vocé pudesse ter urna única certeza em sua vida, vocé pode estar certa de que seria esta: Jesús a am a.” Eu tinha tantas perguntas a fazer para Segatashya so bre as apari^óes, as m ensagens e sua convivencia com o Senhor, m as já estava tarde, o sol estava se pondo e tínham os que ir em bora. C am inhei de volta para o meu quarto e ele se foi em diregáo ao po r do sol. D ezoito meses depois deste dia, R uanda estava em ruinas. M ais de um m ilháo de pessoas tinham sido assassinadas, e quase todo m undo que eu tinha am ado em m inha vida tinha m orrido, inclusive Segatashya. D urante urna aparigáo, 12 anos antes do genocidio, Jesús tinha m ostrado a Segatashya im agens de lares ardendo em cham as e pessoas sendo co rtadas em pedamos p o r assassinos arm ados com facóes. O Senhor disse a ele 210
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que isso era o que estava prestes a acontecer se as pessoas continuassem a viver em pecado e odiando urnas ás outras. Segatashya sabia que o genocidio estava se a p ro xim ando. Ele nos avisou sobre isso, e disse tam bém que poderíam os evitá-lo am ando e servindo a Deus, m as alguns de nós nao lhe demos ouvidos. Q uan d o soube que Segatashya tinha sido assassinado por um esquadráo da m orte, eu chorei po r ele e pelo m undo, que acabava de perder um grande m ensageiro de Deus. Ele era a voz da verdade em um m undo que vivia quase sem pre envolvido em m entiras e enganos. Ele era a luz que nos trouxe as m ensagens de Deus em plena escuridáo. Se nós as ouvirm os com o coragáo aberto, elas podem nos tira r da escuridáo e nos levar p ara os bracos repletos de am or de Deus. As m ensagens que Segatashya dedicou toda sua vida a com partilhar podem tran sfo rm ar nossos c o r a j e s e sal var nossas alm as. E, se forem ouvidas e p raticadas por um bom núm ero de pessoas, podem tira r nosso m undo da beira da d e s tru id o . M inha grande esperanza, ao escrever este livro, é que voces todos ouviráo as m ensagens que Jesús nos m andou através dele. Em m eu cora^áo, eu sem pre am arei e me lem brarei de Segatashya com o “o m enino que conheceu Jesús” . E, agora que vocé conhece um pouco sobre ele, eu espero que vocé possa am á-lo tam bém .
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FICHA CATALOGRÀFICA Ilibagiza, Immaculée O menino que conheceu Jesús: Sagatashya de Kibeho / Immaculée Ilibagiza e Steve Erwin; traduçâo de Rafael Guedes - Cam piñas, SP : Ecclesiae, 2013. T ítulo original: The Boy w ho m eet Jesús: Sagatashya o f Kibeho ISBN: 1. Cristianism o 2. Catolicism o 3. Experiéncias religiosas. I. Immaculée Ilibagiza II. Steve Erwin III. Título C D D - 2 4 8 .2 índices para Catálogo Sistemático 1 .Experiéncias religiosas (misticismo, conversao) - 248.2 2. Catolicismo - 282
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Este livro foi impresso em julho de 2013 pela Ecclesiae Editora. Os tipos usados sao da familia Sabon. O miolo foi feito com papel Chambrill Avena 80g, e a capa com cartáo supremo 250g.
St e v e E r w in
é escritor e jornalista premiado r cido em Toronto e trabalha em mi de comunicagao impressos e eletri cos. Desde que se mudou para os tados Unidos, em 2000, ele traball vários anos em Nova York como < respóndeme da Canadian Broadc ing Corporation (empresa public; rádio e televisáo do Canadá) e c< redator de noticias e articulista revista People. Junto com Imn ulée Ilibagiza, ele co-escreveu os ros de memorias Left to Tell e by Faith, sucessos de vendas do A York Times, bem como Our Lad Kibeho. Também é co-autor de Gift of Fire, com Dan Caro. Ele rr em M anhattan com sua esposa, a nalista e escritora Natasha Stoym
Esta é a mais surpreendente historia jamais con tada: a de um m enino que conheceu Jesús e ousou fazer-lhe perguntas que tém consum ido a hum anidade por mais de 2 mil anos. Seu nome era Segatashya, um pastor de cabras nascido no seio de urna familia paga, iletrada e paupérrim a, na mais rem ota regiáo de R uanda. Ele nunca foi á escola, nunca viu urna Biblia e nunca pos os pés em urna igreja. Entáo, em um belo dia do veráo de 1982, enquanto ele descansava á som bra de urna árvore, Jesús Cristo fez-lhe uma visita. Jesús perguntou áquele adolescente assustado se ele aceitaria a missáo de lem brar á hum anidade com o ela poderia ir para o Céu. Segatashya aceitou a tarefa com a condi^áo de que Jesús respondesse a todas as suas perguntas sobre fé, religiáo, o propósito da vida, céu e inferno. Jesús concordou e o garoto partiu para um a das mais extraordinarias jornadas da historia m oderna.
¿9 ECCLESIAE
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