Por Isabella de Gois Pires Dutra em Dez de 2013. O PRÓLOGO A REDE E O SER, DO LIVRO A SOCIEDADE EM REDE, DE MANUEL CASTELLS CURITIBA JULHO/2013 Nesse prólogo, Castells apresenta a metodologia de sua obra, a qual se fundamenta numa análise social contemporânea considerando sua inter-relação com o informacionalismo desenvolvido nas últimas décadas do século XX, no contexto da globalização capitalista, o qual se
utiliza
dessa
nova
ferramenta.
Foram inúmeros os acontecimentos relevantes que afetaram significantemente a sociedade no século passado. Ainda sim, não seria exagero enquadrar a revolução tecnológica ocorrida nesse período, como o fato de maior importância, já que essa revolução relacionada à tecnologia da informação, refez profundamente a base material da sociedade em um ritmo mais visto. Aparece então, uma nova forma de relacionar a economia, o Estado e a sociedade, que se manifestam simetricamente. Após isso, outra importante relação nessa época, foi a interdependência das sociedades, destacando-se a economia que deixou de ser local. Castells faz uma crítica social à atual característica de economia mundial interdependente, que é possível devido ao avanço da tecnologia, mas que “conectam e desconectam indivíduos, grupos […] até mesmo países, de acordo com sua pertinência na realização dos objetivos processados na rede, em um fluxo contínuo de decisões estratégicas”. Isso por sua vez, resulta
num processo de fragmentação social, à medida que o desenvolvimento tecnológico se transforma rapidamente as mudanças sociais são o tanto quanto drásticas, e assim grupos sociais são alienados e se envergam mutuamente como uma ameaça, todo isso, devido a uma perda
de
identidade
provocada
pela
Globalização.
A metamorfose pode ser vista em vários âmbitos: surgem novos sistemas de comunicação que falam uma língua universal digital (distribuição e personalização de sons, palavras, imagens); redes de computador e canais de comunicação moldam a vida e são moldados por ela; há uma notável transformação da condição feminina e do relacionamento ente sexos, bem como a redefinição das relações da própria família; movimentos sociais se fragmentam. Tudo isso, somado ao fato de que existe um desenvolvimento desigual das sociedades, nos faz ter uma noção do papel que as inovações tecnológicas exerce em nosso cotidiano. O que estrutura ou determina esse papel, em partes é o próprio Estado. “Em grande parte, a tecnologia expressa a
habilidade de uma sociedade para impulsionar seu domínio tecnológico por intermédio das instituições sociais, inclusive o Estado”. Um caso a exemplificar essa afirmação é o da China
que, antes era tida como modelo de nação de descobertas técnicas e científicas, e tão logo passou
por um período de estagnação tecnológica, com o amparo de seu próprio Estado, que estabeleceu essa retaliação. Outro exemplo de como o Estado pode influenciar na difusão e penetração de tecnologias em uma sociedade pode ser observado na França com o invento denominado MINITEL. O Minitel foi o primeiro experimento em larga escala, juntamente com o Arpanet nos EUA, introduzido pelo Estado, na década de 1980, e foi tido como um mecanismo estratégico para levar a França à sociedade da informação. O que, certa forma o fez, não obstante com inúmeras limitações, logo, por tais limitações, ficou restrito ao território francês, não se decompondo com fez a INTERNET. Apesar disso, analisando o Minitel, percebe-se que ele, como instrumento tecnológico incorporado pelos cidadãos de uma sociedade, modificou
a
rotina
destes,
quando
passou
a
fazer
parte
da
própria
vida
francesa.
A tecnologia, segundo o autor, é uma ferramenta criada pela sociedade de acordo com sua cultura, suas circunstâncias em diferentes momentos e conforme sua relação com o Estado. Entretanto, Castells ressalva que ela também modifica a sociedade, seus costumes, ou seja, há uma interação mútua, que é sintetizada pela máxima “a tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida ou
representada
sem
suas
ferramentas
tecnológicas”.
As inovações tecnológicas, como está pautado no prólogo da “Sociedade em Rede” de Castells, não
influem apenas no ambiente externo (sociedade de um indivíduo), mas também influenciam na maneira de pensar sobre o mundo. Nesse ambiente de mudanças confusas e incontroladas, as pessoas tendem a reagrupar-se em torno de identidades primárias (religiosas, étnicas, territoriais, nacionais), sendo a religião a maior força de identificação pessoal nesses tempos conturb ados. Castells enfatiza que “em um mundo de fluxos globais de riqueza, poder e imagens, a busca de identidades, coletiva ou individual, atribuída ou construída, torna-se a fonte básica de significado social. Com base no que são ou no que acreditam que são, e não mais, em torno do que fazem. Enquanto isso, as redes globais conectam e desconectam indivíduos, grupos, regiões e até países. Há uma perceptível divisão entre o instrumental abstrato,
que
é
a
rede
e
as
identidades
particulares,
no
caso
o
ser.
Um novo sistema de comunicação que fala uma língua universal digital tanto está movendo a integração global da produção e distribuição de palavras, sons e imagens de nossa cultura como personalizando-os ao gosto das identidades e humores dos indivíduos. Um dos temas centrais é como se constitui a identidade dos grupos sociais e do sujeito numa cultura global da rede.