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Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Nuno Teixeira & Francisco Trocado Departamento de Educação Física Física e Desporto, ISMAI, Av. Carlos Oliveira Campos, Castelo da Maia, 4475-690 Avioso S. Pedro
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Resumo Os
clubes
Abstract
devem
uma
Clubs
estratégia para desenvolverem o seu
develop
futebol de formação, implementando os
implementing their own models, with
seus
programas
adequate programs, that make possible
adequados que possibilitem aos seus
for their athletes the best apprentice
atletas
possible of the game, in concern with
modelos
uma
possível
com
melhor jogo,
aprendizagem
their
plan
football
a
strategy in
to
formation,
the identity of the club in its cultural
identidade do clube, no seu processo
process and in its game model, being so
cultural e no seu modelo de jogo. Nos
that
primeiros
escolas”
escalões
relativamente
should
à
Infantis),
do
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(Pré-escolas
procura-se
liberdade
para
uma os
aos maior
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in
the
first
and
“Infantis”)
(“Pré -
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is
a
search for a bigger freedom for the athletes,
more
precisely,
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nomeadamente nos conteúdos técnicos,
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enquanto
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(Iniciados
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escalões faz-se
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(“Iniciados”
and
a
“ juniores"), a definite approximation of
aproximação definitiva ao modelo de
the club game model is made, being that
jogo do clube, sendo que o grau de
the complexity increases progressively.
complexidade
aumenta
Every coach in the club should be in
progressivamente. Todos os treinadores
tune with the clubs plan, so to assure
do clube devem estar sintonizados com
process efficiency.
o plano do clube, de forma a garantirem
Keywords: Football, Formation, Game Models, Player Model, Coach Model, Identity, Coaching Football, Program.
a eficácia deste processo.
Palavras-chave: Futebol, Formação, Modelo de Jogo, Modelo de jogador, Modelo de Treinador, Identidade, Ensino de Futebol, Programa.
th
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Introdução
Na natureza tudo tem uma ordem, as plantas crescem progressivamente, tal como o ser humano, bem como os jogadores, que têm de ultrapassar sucessivas fases de formação até atingirem com o tempo a maturidade. O ensino do futebol na formação deverá ser um argumento mais bem estudado e coordenado, de forma a evitar lacunas/falhas nos ensinamentos que são transmitidos aos atletas, ao longo dos anos, até à sua passagem definitiva para o futebol profissional do clube. Com a finalidade de se obter cada vez melhores resultados na escola de formação do clube, seria oportuno implementar a nível do clube uma metodologia e uma didáctica, na qual os treinadores se poderão orientar. É necessário um modelo para desenvolver a capacidade de jogo de futebol dos jovens, capaz de guiar e aconselhar os técnicos, que siga a ordem da natureza e que o seu método global e gradual, seja capaz de melhorar, com a sua aplicação, os resultados na formação de jogadores de futebol. É necessário um modelo para desenvolver a capacidade de jogo de futebol dos jovens, capaz de guiar e aconselhar os técnicos, que siga a ordem da natureza e que o seu método global e gradual, seja capaz de melhorar, com a sua aplicação, os resultados na formação de jogadores de futebol. O modelo aqui proposto, depois de uma profunda análise do actual processo de ensino/aprendizagem do futebol na formação, pode ser considerado como um plano especifico de formação para jogadores a partir dos seis anos e está dividido em quatro níveis distintos de formação:
1. Jogos de habilidades básicas e mini futebol (Pré-escolas) 2. Jogos para o futebol 7 (Escolas) 3. Jogos para o futebol 9 (Infantis) 4. Futebol regulamentado em função do modelo de jogo do clube (Iniciados, Juvenis e Juniores) Este trabalho surge porque, como afirma Júlio Garganta (2008), “O envolvimento dos jovens no
desporto não é recente nem é nova a preocupação pelo entendimento dos processos que podem faze-los evoluir. Filosofia a implementar no clube
Os clubes deverão definir claramente aquilo que pretendem do futebol de formação, através da implementação de modelos próprios, com programas adequados, que contribuam para uma melhor aprendizagem do jogo, que sirvam de guião para os treinadores e que contribuam para uma melhor e mais eficaz formação dos jovens futebolistas. Para José Mourinho (2004), a filosofia de clube a ser implementada deverá seguir os seguintes passos: Visão, Modelo de jogo, Filosofia de jogo e Cultura de jogo. Para o mesmo autor “O mais importante é o sucesso do clube”,
ou seja, sempre o clube acima de qualquer interesse individual. A Visão é o rumo que se pretende dar ao clube e ao futuro dos jovens praticantes. É o desenvolvimento da filosofia futebolística do clube, baseando-se em três princípios fundamentais: Conseguir o maior número de golos possíveis; Com um futebol atractivo; Utilizando o maior numero de jogadores do futebol formação. A filosofia a ser implementada conduzirá ao modelo de clube
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pretendido. Este por sua vez será transmitido a todos os treinadores e atletas através do modelo de jogo. Para colocar em prática o modelo de jogo, será necessário um modelo de treino, onde através de uma metodologia se rentabilizará todo o processo, será necessário um modelo de treinador para se formar o modelo de jogador pretendido a médio prazo com as referências individuais necessárias para o modelo de clube e de jogo. Para esta filosofia ser implementada no clube, é necessário que todos os escalões da nossa escola de futebol formação estejam em sintonia relativamente aos objectivos pretendidos. Para a implementação de uma filosofia no clube é necessário que as planificações durem alguns anos, porque o processo de formação de um jogador pode durar 10 a 12 anos, então, se queremos continuidade no processo de formação, é necessário que este tenha estabilidade e continuidade. Um clube deve fazer do seu futebol formação uma escola de futebol, com o seu próprio programa, sendo uma identidade que deve possuir: - Estrutura própria e exclusiva dedicada ao futebol formação; Programa, direcção e especializados no futebol formação;
técnicos
- Objectivos e formas de trabalho específicos para a formação desportiva do jogador. Partindo deste conceito, a escola de futebol do clube converte-se num elemento imprescindível no que deve ser uma coerente configuração conceptual do futebol. Com a criação da escola de futebol formação do clube pretende-se especializar os jovens,
submetendo-os a um processo de treino, no sentido de provocar adaptações específicas. As razões para ter um Programa no Futebol Formação
“O treino de jovens é sempre um processo demorado”, como afirma Garganta (2008), então
o ensino do futebol deve ser tratado como um programa formativo. Este programa, para ser considerado como um programa formativo, deve contemplar a existência de diversos elementos: •
Um objectivo final do programa;
•
Etapas progressivas que se sucedem;
•
Objectivos parciais que dão consistência
a cada etapa. Para ter um programa para o futebol de formação, é necessário ter treinadores com muitos conhecimentos e grande experiência no ensino do futebol, além de entusiasmo e vontade de fazer as coisas o melhor possível. Todos os treinadores devem estudar o programa do clube, de forma a entender e enquadrar-se melhor com o pretendido. Assim, os treinadores do clube passarão a conhecer melhor os conteúdos, métodos e objectivos a conseguir em cada uma das etapas de desenvolvimento psicomotor dos jogadores. Os conceitos de cada etapa dependem, em grande medida, do nível alcançado na etapa anterior. Assim, a progressão de conhecimento dos objectivos parciais conduzirá a obtenção do objectivo final, que é o que determina o êxito ou fracasso de qualquer processo de ensino. O objectivo final implica o domínio de todas as situações inerentes ao futebol 11 de máximo
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
nível, enquadrando-se no modelo de jogo adoptado pelo clube, devendo-se dividir por etapas, com objectivos próprios que desenvolvam os aspectos técnicos, tácticos, físicos e psicológicos, de forma progressiva. Deve igualmente identificar-se com a cultura do clube. No programa devemos ter em conta a evolução da sociedade, uma vez que as crianças de hoje não são as mesmas de alguns anos atrás, tendo novas motivações, o que provoca no treinador novas exigências no ensino e no treino. No entanto, as crianças e jovens continuam a gostar de jogar. Os objectivos ao serem determinados para cada escalão (Pré-escolas, Escolas, Infantis, Iniciados, Juvenis e Juniores): - Proporciona ao treinador uma direcção para estruturar e desenvolver o processo de ensino/aprendizagem; - Ajuda os atletas ao trabalharem numa direcção definida, de forma a eles saberem para onde está a ser dirigido todo o trabalho que é desenvolvido no dia-a-dia; - Serve para o treinador poder avaliar de forma mais facilitada o trabalho desenvolvido pelos atletas. No entanto os treinadores devem preocuparse com alguns aspectos nomeadamente: - Por onde deve começar o seu trabalho; - O que pretende alcançar; - Como deve treinar (quando, o quê e com que meios);
- Que resultados devem ser atingidos nos treinos e nas competições. Conforme Wein (1995), para que o programa seja ainda mais útil ao treinador, é necessário que este seja estruturado de forma hierárquica com objectivos globais de progressão, do mais simples para o complexo, através de metas parciais e específicas. Na determinação dos objectivos globais e parciais de cada um dos quatro níveis, teve-se em conta a evolução psicomotora do jovem, em vez de propor e realizar actividades inacessíveis para jovens de uma determinada etapa do desenvolvimento psicomotor, como ocorre frequentemente nos treinos, mas também na equivocada estruturação das competições do futebol de formação, onde se proporciona exercícios adaptados às suas necessidades interesses e expectativas actuais. A semelhança dos exercícios com as situações e problemas que o jovem encontra na competição oficial facilitarlhe-á colocar na competição os conhecimentos que adquire nos treinos. Passar de nível de formação ou de objectivo caracteriza-se por um aumento progressivo de dificuldade e complexidade. Com os objectivos claramente definidos em cada categoria do futebol formação evita-se que os jovens estejam expostos a um processo de formação, no qual a improvisação e a intuição são os protagonistas. Os hábitos incorrectos assumidos pelos jovens nos primeiros anos de aprendizagem de futebol, condicionam negativamente o desejado progresso de rendimento a níveis superiores. A finalidade do “Programa” para a formação do
jogador de futebol é obter, depois de ter passado por todas as etapas de formação, jogadores completos e inteligentes.
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
A importância de criar um Modelo
“ (…) O êxito no futebol tem mil receitas.
O treinador deve crer numa, e com ela seduzir os seus jogadores” Marisa Silva (2008). Para Miguel
Leal e Rui Quinta (20 09), “um modelo (uma referência) ajuda-nos… a melhorar a nossa participação.”
Uma nova tendência no futebol moderno, indica-nos que as equipas de futebol devem trabalhar através da “periodização táctica – do paradigma da simplicidade ao da complexidade…”
Edgar Morin, cit. por Carlos Carvalhal (2006), entende
que
“o
universo
não
se
encontra
subjugado à soberania absoluta da ordem, porque nele há jogo e dialogo entre a ordem, a
Para Marisa Silva (2008), “…a finalidade do
Modelo de Jogo confere um determinado sentido ao desenvolvimento do processo face a um conjunto de regularidades que se pretendem observar. Deste modo, o modelo permite responder à questão: para onde vamos? A pertinência desta questão parece-nos fundamental para desenvolver um processo direccionado para um determinado “jogar” ou seja, para um processo intencional. A partir dele criam-se um conjunto de referências que definem a organização da equipa e jogadores nos vários momentos do jogo. Deste modo o modelo orienta o processo para um jogar concreto através dos princípios colectivos e individuais em função do que é pretendido. Neste sentido, trata-se de desenvolver um jogar específico e não um jogar qualquer.”
desordem e a organização”
No entanto, Le Moigne, cit. por Carlos Carvalhal (2006), refere que “se pretendemos construir a inteligibilidade de um sistema complexo, isto é, entendê-lo, devemos modelá-lo sistemicamente”, uma vez que “a organização e a
ordem de um sistema ou de um todo, transcende aquilo que é oferecido pelas partes isoladamente”.
Sabendo que no futebol existem quatro momentos no jogo: ataque; defesa; transição para ataque e transição para defesa. O treinador deverá definir claramente, princípios, sub-princípios e sub-sub-principios para cada momento, e a forma como estes se devem articular.”
Modelo de Jogo
Ainda Carlos Carvalhal (2006), a periodização táctica permite pôr “ênfase na assimilação de
numa determinada forma de jogar, exponenciando princípios do seu modelo de jogo nos quatro momentos”. Segundo José Mourinho (2006), “O mais
importante numa equipa de futebol é ter um modelo de jogo, um conjunto de princípios que dêem organização à equipa. Por isso, a minha
O modelo de jogo consiste na concepção de jogo idealizada pelo treinador, no que diz respeito a um conjunto de factores necessários para a organização dos processos ofensivos e defensivos da equipa, tais como: os princípios, os métodos e os sistemas de jogo bem como todo o conjunto de comportamentos e valores que permitam caracterizar a organização desses processos quer em termos individuais quer,
atenção é para ai dirigida desde o primeiro dia”.
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
fundamentalmente, em termos colectivos da referida equipa. A componente táctica aparece como núcleo central da preparação, estando subjugada a esta, todas as outras componentes, técnica, física e psicológica. O modelo de jogo expressa-se constantemente porque é ele que guia todo o processo de treino. Neste sentido, acrescenta que tem como objectivo criar e desenvolver uma dada forma de jogar e, portanto, estabelece um conjunto de princípios para a sua equipa. Como foi referido anteriormente, no futebol existem quatro momentos de jogo: Ofensivo, transição ataque-defesa, defensivo e transição defesa-ataque. No momento ofensivo defendemos uma posse de bola, com os objectivos de desorganizar a equipa adversária e de criar situações de golo, através de bom jogo posicional e boa qualidade de passe dos nossos jogadores. Nem tudo é como se pretende e quando a nossa equipa perde a posse de bola passamos para o momento de transição ataquedefesa. No momento de transição ataque-defesa pretendemos que a equipa se organize defensivamente o mais rápido possível, pressionando o portador da bola com o objectivo de recuperar a bola o mais longe possível da nossa baliza ou para retardar a transição defesaataque da equipa adversária. Se a nossa equipa não conseguir recuperar a posse de bola passamos para o momento de jogo defensivo. No momento de jogo defensivo pretendemos condicionar a forma de jogar da equipa adversária através da defesa à zona pressionante, sempre com o objectivo de recuperar a bola o mais longe possível da nossa baliza e evitar que o adversário
crie situações de golo. Quando a nossa equipa recupera a posse de bola passa para o momento de transição defesa-ataque. Neste momento de jogo, pretendemos aproveitar a desorganização posicional da equipa adversária, através de posse de bola segura com o menor número de toques e de jogadores envolvidos, para criar situações de golo. Estes princípios de jogo foram baseados em Mourinho (2002) cit. por Joca Mariano (2006) e Guilherme Oliveira (Anexo I) cit. por Marisa Silva (2008). Estrutura Organizativa
O processo de ensino/aprendizagem do jogador de futebol é um caminho longo, que cada um terá de percorrer até atingir o ultimo patamar na equipa sénior, onde se pretende que desenvolva o máximo das suas capacidades. Para que tal aconteça, terá que ultrapassar os vários níveis que existem na formação. Então, torna-se primordial racionalizar o trajecto até aos mais elevados níveis de desempenho. Em Portugal, os únicos locais onde se formam jogadores de futebol são nos clubes, que oferecem a todos os que queiram praticar a modalidade a possibilidade de praticá-la, gratuitamente ou, em alguns casos, pagando uma mensalidade. Os atletas dos clubes são submetidos a um processo de treino e competição contínuos, onde são avaliados pelo seu desempenho. Os escalões que os atletas terão que percorrer, se demonstrarem capacidades para prosseguir são:
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Quadro 1 - Organização dos escalões de formação no clube Escalão
Idade
Juniores A (Juniores)
17-18
Juniores B (Juvenis)
15-16
Juniores C (Iniciados)
13-14
Juniores D (Infantis)
11-12
Juniores E (Escolas)
8-10
Pré-Escolas
6-7
Como podemos constatar, através do seguinte quadro, a escola de formação é um processo longo, em que a idade mínima é aos 6 anos e a idade máxima 18 anos, o que perfaz um total de 12 anos de escola de formação. Então, teremos que ter muito bem delineado os conteúdos que serão abordados ao longo destes 12 anos, elaborando um programa para o futebol formação, de forma a garantir que os nossos atletas se encontrem plenamente capazes na passagem definitiva para o futebol profissional, e não percam muito tempo para se adaptarem a uma nova realidade. Os Treinos
Depois de analisarmos os grandes clubes de Portugal, constatamos que a carga horária se assemelha ao quadro 2, embora os horários sejam por nós adaptados. Quadro 2 - Organização dos treinos dos escalões de formação nos 3 grandes clubes em Portugal
Escalão
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
Feira
Feira
Feira
Feira
Feira
Pré-
10h00
Escolas
10h00
Escolas
10h00
10h00
10h00
Infantis
16h00
16h00
16h00
Iniciados
18h45
18h45
18h45
18h45 18.45
Juvenis Juniores
20h00
18h45
18h45
18.45
20h00
20h00
20h00
Sábado
Domingo
10h00 Jogo Jogo
Como podemos constatar, os Pré-escolas realizam 3 treinos, sem competição oficial, e efectuam competição interna no treino de sábado. Os Escolas e os Infantis realizam 3 treinos, com competição oficial ao fim-de-semana. Os Iniciados, Juvenis e Juniores realizam 4 treinos. com competição oficial ao fim-de-semana. No que diz respeito aos horários, facilmente verificamos que os Pré-escolas, Escolas e Infantis realizam treinos a meio da manha ou tarde. Isto implica que os clubes criem protocolos com algumas das escolas do município, de forma a colocarem os seus atletas a estudar só de manhã ou à tarde, de forma a terem a manhã ou tarde livre para treinarem. Quanto aos Iniciados, Juvenis e Juniores constatamos que treinam em horários nocturnos, uma vez que são atletas com mais de 13 anos e terem mais arcaboiço para o fazer. Recursos Humanos
Relativamente aos recursos humanos, extremamente importantes para o nosso programa ter mais possibilidades de sucesso, consideramos o corpo técnico, o corpo médico, os atletas e os pais. Quanto ao corpo técnico, a influência mais importante na carreira dos jogadores são os treinadores, eles são modelos para os seus atletas que têm tendência a imitar e a seguir os seus comportamentos. Qualquer projecto sério sobre futebol formação deve contemplar a especialização dos seus técnicos. Os treinadores no futebol formação devem ser educadores, já que trabalham com atletas jovens. As equipas técnicas devem ser constituídas por treinador principal, treinador adjunto, metodólogo de treino e treinador de guarda-redes.
Jogo Jogo Jogo
Quanto ao corpo médico, os clubes devem possuir uma mala de primeiros socorros,
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responsáveis qualificados, uma vez que a modalidade de futebol é propensa a lesões e devem ter um posto médico para fazer face às exigências do futebol formação. No que diz respeito aos atletas, os treinadores devem conhecer a fundo os atletas que dirigem, recolhendo o máximo de dados possível para elaborar um perfil individual do atleta e posteriormente da equipa. Os dados podem passar por: Número de atletas; Número de jogos; Equipa anterior; Idade; Sexo; Altura, comprimento, peso, envergadura; Ambiente sócio-cultural e familiar. Relativamente aos pais, cabe assinalar a sua importância, atendendo às idades dos atletas com quem estamos a trabalhar. Os pais não devem ter para os seus filhos objectivos diferentes, do que as crianças têm e daqueles que o treinador planeia. Os pais devem contribuir, ser uma ajuda para a formação futebolística do filho e nunca um factor de desestabilização. Os pais e treinadores devem ter uma comunicação constante, de forma a informarem-se mutuamente como se encontra o atleta em termos psicológicos, no seu ambiente familiar, estado clínico, etc. Esta comunicação deve ser efectuada através de reuniões. Caracterização dos Escalões
Antes do início das suas tarefas ou funções, o treinador deve procurar conhecer as características dos jovens com quem irá trabalhar, nomeadamente a sua personalidade, as suas motivações, os hábitos de vida, bem como o desenvolvimento cognitivo e físico de cada um.
Dos Pré-escolas aos Juniores é como da criança ao jovem adulto, através de sucessivas transformações do ser humano, tudo é diferente, desde os objectivos, que nos escalões de iniciação são formar e interessar as crianças para a prática do futebol, enquanto nos últimos escalões é formar jogadores para o futebol profissional. A personalidade destas diferentes idades é bem visível, em que, nos escalões de Iniciação (Pré-escolas até aos Infantis), as crianças são muito distraídas, egocêntricas, consideram a bola o melhor brinquedo, etc., enquanto nos Iniciados Juvenis e Juniores começam a ver as coisas como os adultos. A forma de intervir dos treinadores é bem diferente, nos escalões de iniciação mais objectivos e pouca informação para as crianças conseguirem assimilar, nos restantes escalões tudo se começa a assimilar progressivamente ao futebol profissional. Proposta Metodológica
A nossa proposta metodológica baseia-se nos princípios utilizados por Garganta (1995), onde deverão ser utilizadas as seguintes estratégias no processo ensino/aprendizagem do jogo de futebol: - A aprendizagem deverá ser faseada e progressiva: Do conhecido para o desconhecido, do fácil para o difícil, do mais simples para o mais complexo; - A necessidade de fasear o ensino conduz inevitavelmente à divisão do jogo, porém esta divisão deve respeitar sempre que possível aquilo que o jogo tem de essencial, ou seja, a cooperação (companheiros), a oposição (adversários), e a finalização (o golo);
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- Propor aos jovens formas lúdicas com regras simples, com menos jogadores, num espaço mais reduzido, de forma a permitir-se a continuidade das acções e maiores possibilidades de concretização.
inteligência táctica proporcionará o desenvolvimento das técnicas e o aproveitamento
- O jogo deverá estar presente em todas as formas do ensino do futebol, por constituir concomitantemente um factor de motivação e o melhor indicador da evolução e das limitações dos praticantes.
Nos escalões mais baixos, como é o caso dos Pré-escolas, deve-se encaminhar as crianças para a preparação precoce, que é bem diferente da especialização precoce, uma vez que, o problema não está em começar a treinar em idades baixas, mas em faze-lo de uma forma adequada, de modo a responder às necessidades de desenvolvimento do praticante. O treino desde idades baixas será importante para ter ganhos no futuro, especialmente nas componentes da
Na nossa proposta, o método global predomina sobre o método analítico, embora este método seja muitas vezes utilizado, nomeadamente para o desenvolvimento de determinados gestos técnicos. Serão desenvolvidas as capacidades técnicas, tácticas, físicas e psicológicas através da metodologia de treino aplicada. Programa proposto por 4 níveis:
1. Jogos de habilidades básicas e mini futebol (Pré-escolas). 2. Jogos para o futebol 7 (Escolas) 3. Jogos para o futebol 9 (Infantis). 4. Futebol regulamentado em função do modelo de jogo do clube (Iniciados, Juvenis e Juniores) 1º Nível – Pré-escolas:
Exercícios elementares e jogos reduzidos, forma as crianças poderem exteriorizar máximo as suas capacidades, sentindo-se máximo da sua confiança. A afirmação
de ao no de
da criatividade das crianças”, elucida bem o que é
pretendido para o 1º nível do programa do futebol formação.
flexibilidade, coordenação e velocidade. Os Conteúdos abordados no 1º nível serão: Condução de bola, drible, passe, recepção, remate, ganhar a posse de bola, considerar companheiro e adversário e jogos reduzidos 1x1; 2x2. 2º Nível - Escolas:
Muito semelhante ao primeiro nível, aumentando consideravelmente o grau de complexidade. Os conteúdos a abordar são os mesmos do 1º nível: Condução de bola, drible, passe, recepção, remate, ganhar a posse de bola, considerar companheiro e adversário e jogos reduzidos 1x1; 2x2. 3º Nível - Infantis:
futebol
Para Reis (2008), “num jogo de futebol, o
condicionado, com objectivos a serem compreendidos pelas crianças, no qual os princípios de jogo regularão a aprendizagem e a
sucesso das acções técnico/tácticas não depende tanto das capacidades condicionais, mas de
Roberto
Costa
(2008),
“O
jogo
de
tomar a melhor decisão no tempo certo.”
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Predominará no 3º nível os exercícios de espaços reduzidos, menor número de jogadores e menos tempo para resolver os problemas, de forma a solicitar permanentemente os nossos atletas e assim assegurar uma evolução mais sustentada. Pretendemos nesta fase desenvolver o pensamento táctico dos nossos atletas, através: - As Fases: etapas percorridas no desenvolvimento, quer do ataque, quer da defesa desde o seu inicio até à sua conclusão. - Os Princípios: normas de base segundo os jogadores, individualmente, em grupo ou colectivamente, devem coordenar a sua actividade durante o desenvolvimento das fases (defesa e ataque). - Os Factores: meios que os jogadores utilizam, qualquer que seja a fase do jogo, tendo em conta a aplicação dos respectivos princípios. - As Formas: estruturas organizadoras da actividade durante o jogo e nas diversas fases. Os Conteúdos a abordar no 3º nível são – Cabeceamento, marcação, desmarcação, posicionamento, situações de 1x1 até 7x7 e organização ofensiva e defensiva; 4º Nível – Iniciados, Juvenis e Juniores:
Pretendemos neste nível realizar a aproximação final ao futebol profissional e à sua forma de jogar. A metodologia de treino utilizada é a periodização táctica, que nos permite desenvolver o modelo de jogo aplicado no clube, que permite organizar os princípios, os sub/princípios e os sub/princípios dos sub/princípios no microciclo semanal.
A organização de jogo passa a ser o ponto principal da metodologia de treino sem descurar o treino das restantes componentes técnicas, físicas e psicológicas. Planificação Plurianual – Macrociclo
A escola de formação por nós proposta tem 12 anos, logo o programa de formação tem de ser planeado a longo prazo. Para uma longa viagem temos que ter um mapa para nos conduzir na direcção correcta, evitando o improviso, porque se queremos ir para Barcelona temos de saber qual o caminho mais rápido e eficaz. Se não nos inteirarmos sobre a rota a seguir, poderemos demorar 15, 20 horas ou então nunca lá chegaremos. Proporciona uma sequência lógica sem ultrapassar etapas. Na competição desportiva, só com trabalho bem planeado e dirigido se podem atingir estados óptimos de rendimento (José Neto 1999). Esta fase é a que combina melhor com a razão da criação do nosso programa, uma vez que se queremos que os nossos atletas atinjam performances elevadas de rendimento, então, teremos que proporcionar um programa bem planeado e dirigido. Campeonato
A competição é sem dúvida uma situação de stress, onde se colocam á prova a evolução, tanto em termos individuais como em termos colectivos dos atletas. Por outro lado, é um ponto de referência válido para o treinador poder avaliar até que ponto a criança é capaz de se transcender em situação de competição, colocando em prática as aprendizagens que adquirem nos treinos.
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Na situação de competição, o treinador deve incutir o espírito de lutar sempre pela vitória, jogar para tentar ganhar, incentivar a aplicação de conteúdos aprendidos em situação de jogo, dar importância ao esforço dos seus atletas, etc.
Escolas:
Segundo Torrelles e Alcaraz (2000), as crianças com idades entre os 8 e 10 anos devem participar em campeonatos de futebol 7. Rui Pacheco (2001) defende “jogo de 7x7,
Nas fases iniciais da aprendizagem, os jogadores tem a tendência em se concentrarem em torno da bola, realizando a aglomeração, o que dificulta a resolução das situações de jogo, podendo-se minimizar estes problemas através da redução do número de jogadores e do espaço de jogo.
num espaço de 60x45 metros com balizas de 6x2
No sentido de se favorecer a evolução do indivíduo que joga, deve-se proporcionar ao praticante um jogo com regras simples, com menos jogadores e num espaço com dimensões mais reduzidas, de modo a permitir a percepção das linhas de força (bola, terreno, adversários e colegas), muitos e diversificados contactos com a bola, a continuidade das acções e varias possibilidades de concretização. Estes elementos, para além de adequados às características dos jovens jogadores, constituem um importante capital de motivação, pois estão permanentemente a em contacto com o objecto que mais gostam: a bola..
Rui Pacheco (2001) defende “jogo de 9x9,
Pré-escolas:
m, dos 8 aos 12 anos.” Infantis:
Conforme Torrelles e Alcaraz (2000), as crianças com idades entre os 11 e 12 anos devem participar em campeonatos de futebol 9.
num espaço de 70x60 metros com balizas de 6x2 m, dos 10 aos 12 anos.” Iniciados, Juvenis e Juniores:
Segundo Torrelles e Alcaraz (2000), as crianças com idades a partir dos 13 e 14 anos devem participar em campeonatos de futebol 11. A partir destes escalões, com as idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos, faz todo o sentido os jovens começarem a praticar o futebol 11. Rui Pacheco (2001) defende “jogo de 11x11,
num espaço de 100x60 metros com balizas de 7,32x244 m, a partir dos 12 anos.”Conteúdo
Rui Pacheco (2001) defende “jogo 3x3 sem
guarda-redes, num espaço de 20x10 metros com balizas de 2x1 m, dos 6 – 7 anos.” Segundo Torrelles e Alcaraz (2000), as crianças com idades entre os 6 e 7 anos devem participar em campeonatos de 4x4. Rui Pacheco (2001) defende “jogo 5x5, num
espaço de 40x20 metros com balizas de 4x2 m, dos 7-8 anos. “
Caracterização da amostra
Fizeram parte da nossa amostra 14 clubes profissionais, 7 da Liga Sagres e 7 da Liga Vitalis. Sendo eles: Rio Ave F. C., S. C. Braga, F. C. Paços de Ferreira, C. S. Marítimo, Vitória de Guimarães S. C., Leixões S. C., A. Académica de Coimbra, Varzim S. C., Gil Vicente F. C., C. D. Feirense, Boavista F. C., U. D. Leiria, Gondomar
12
Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
S. C., C. Desportivo Aves. Da nossa amostra constaram 13 Coordenadores técnicos e 11 treinadores principais dos clubes anteriormente referidos. Instrumento
Foi realizado um questionário de opinião, em que foram retirados dados biográficos dos nossos inquiridos e dados relativos ao nosso programa para o futebol formação. Os dados foram de natureza qualitativa nominal e ordinal. Discussão dos resultados
Após ter-se efectuado uma análise cuidada dos resultados obtidos, importa proceder à discussão dos mesmos, no sentido de se poder obter indicadores acerca do processo de treino desportivo do futebol, efectuado para todos os escalões de formação dos clubes. No processo de treino desportivo do futebol, com praticantes pertencentes a todos os escalões de formação, deve-se ter em consideração os objectivos do clube, os aspectos/conteúdos a abordar, a sua organização, planeamento, tipo de campeonato a disputar em cada escalão, os métodos de treino a utilizar, devendo-se atender à idade dos jovens pertencentes a cada escalão etário, no sentido de se favorecer a sua aprendizagem.
qualquer dúvida. Infelizmente para todos nós, amantes do futebol, é uma pena que tal não se consiga implementar em alguns clubes. Estes resultados apoiam incondicionalmente as teorias apresentadas de (Antão e Seabra, 2005), sobre a importância de os clubes definirem antecipadamente a filosofia a incutir em todos os elementos pertencentes ao clube; Mourinho (2004) defendeu a filosofia a ser implementada como “o sucesso do clube é o mais importante”;
Rui Quinta e Miguel Leal (2009) que defendem que a filosofia a ser implementada no clube, conduzirá todo o processo ao modelo de Clube pretendido. Os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos inquiridos atribuem enorme importância aos jovens que são integrados no plantel principal possuírem a filosofia do clube. Das respostas recolhidas, 58% (14 respostas) considera muito importante, enquanto 42% (10 respostas) considera importante, os jovens possuírem a filosofia do clube. Este resultado prova que a totalidade dos inquiridos atribuiu um dos graus de importância a este tema. Quanto às linhas programáticas referentes à filosofia que os clubes pretendem implementar no clube podemos analisar o seguinte gráfico:
Podemos, agora, analisar e debater todos os dados referentes à proposta metodológica apresentada anteriormente. Relativamente à identidade do clube, e se esta deve ser incutida no futebol formação, facilmente constatamos a vontade dos responsáveis por nós inquiridos. Um resultado de 100% que não deixa
Gráfico 1 - Superfície sobre as linhas programáticas mais importantes da filosofia que os clubes pretendem implementar
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Após a análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº1, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos atribuem como linhas programáticas mais importantes a Visão 28%, o modelo de jogo 27%, cultura de jogo 23% e a filosofia de jogo 22%. Estes dados comprovam a teoria de Mourinho (2004), como já foi referido anteriormente, em que a filosofia do clube deve ser definida por um conjunto de linhas gerais e especificas que procuram direccionar e orientar o caminho da organização do mesmo. Garganta (2008) defende que a Visão é “o rumo que se
treinador não incluiu como prioridade o modelo de jogo nos Juvenis. Os Iniciados obtiveram 64% das respostas. Estes dados confirmam as teorias dos seguintes autores: Frade (2004), Guilherme Oliveira (Anexo 1) cit. por Marisa Silva (2008) e Carlos Carvalhal (2006). Os motivos para o modelo de jogo ser abordado em determinado escalão variou entre cinco razões. O seguinte quadro ilustrará melhor os resultados obtidos. Quadro 3 - Motivos sobre em que escalão deve ser implementado o modelo de jogo
pretende dar ao clube e ao futuro dos jovens praticantes.”
O modelo de jogo é um tema cada vez mais discutido, sendo por isso uma das nossas preocupações da nossa proposta metodológica. Apresentamos de seguida o gráfico nº2 sobre em que escalões o modelo de jogo deve ser prioridade.
Gráfico 2 - Histograma sobre em que escalões deve ser prioridade o modelo de jogo
Nesta questão, houve 2 responsáveis que não responderam. Como podemos constatar através do gráfico nº2, todos consideram que o modelo de jogo deve ser prioridade nos Juniores 100%. Os Juvenis tiveram quase a totalidade, apenas um
Motivos
Nº Respostas
Per. Idade Cronológica
3
Per. Idade Maturacional
8
Período Estado físico
3
Período Estado Psicológico
5
Período Estado Psicomotor
10
Após a análise dos resultados obtidos e através do quadro nº3, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos atribuem como maior motivo para a implementação do modelo de jogo, o período estado psicomotor, que com 10 respostas recolhidas se assume como o grande motivo e preocupação dos responsáveis para a sua implementação em determinado escalão. Estes resultados permitem-nos associar que o modelo de jogo deve ser implementado a partir dos Iniciados e o seu maior motivo é o período psicomotor. O período de idade maturacional e estado psicológico são outros motivos que merecem destaque com 8 e 5 respostas sucessivamente.
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Relativamente ao futebol formação do clube, se deve ter um programa para servir de orientação aos treinadores, apresentamos o seguinte gráfico:
Quanto ao programa, é importante verificarmos as principais vantagens, uma vez os responsáveis dos clubes considerarem um aspecto de grande relevância. O seguinte quadro indicará as vantagens de se ter um programa no futebol formação. Principais vantagens: Processo de ensino/aprendizagem do jogo de futebol progressivo Todos os treinadores trabalham de forma coerente Permite aos jovens uma evolução gradual Permite formar jogadores com características para cada posição
Gráfico 3 - Histograma sobre se o futebol formação deve ter um programa para servir de orientação aos treinadores
Após a análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº3, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos consideram imprescindível os clubes possuírem um programa para o futebol formação que deve servir de orientação a todos os treinadores e atletas do clube. Das respostas recolhidas, 100% (24 respostas) responderam positivamente à questão. Estes resultados vêm confirmar as ideias apresentadas por Torrelles e Alcaraz (2000), pois “o ensino de futebol deve ser tratado como um programa formativo.” Igualmente
para Wein (1995), o futebol formação deve ter um programa. Antão e Seabra (2005), afirmaram que “Os clubes deverão definir claramente aquilo que
pretendem do futebol de formação, através da implementação de modelos próprios, com programas adequados, que contribuam para uma melhor aprendizagem do jogo, que sirvam de guião para os treinadores e que contribuam para uma melhor e mais eficaz formação dos jovens futebolistas.”
Os atletas e treinadores ficam a saber quais os objectivos pretendidos pelo clube
Nº Respostas 19
16 16 10
16
Quadro 4 - Principais vantagens sobre o programa para o futebol formação
Depois da análise dos resultados obtidos e através do quadro nº4, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos afirmam que as principais vantagens nos clubes possuírem um programa para o futebol formação são: processo de ensino/aprendizagem com 19 respostas; todos os treinadores trabalhem de forma coerente; permite aos jovens uma evolução gradual e os atletas e treinadores ficam a saber quais os objectivos pretendidos pelo clube com 16 respostas cada. Outra vantagem é que permite formar jogadores com características para cada posição com 10 respostas. Quanto aos conteúdos que devem ser abordados nos escalões de Pré-escolas aos Infantis, podemos analisar os resultados obtidos através do seguinte gráfico.
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
Gráfico 4 - Histograma sobre os conteúdos a ser abordados nos escalões de Pré-escolas até aos Infantis
Depois da análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº4, podemos verificar as respostas com mais solicitações que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos foram: conteúdos técnicos com 24 respostas, 100% das escolhas e conteúdos tácticos com 12 respostas, 50% das escolhas. Então facilmente verificamos a preferência dos nossos inquiridos para os conteúdos técnicos, sem no entanto colocar de parte os conteúdos
Depois da análise dos resultados obtidos e através do quadro nº5, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos afirmam que os motivos para a aplicação de conteúdos técnicos são: as crianças consideram a bola o maior brinquedo e têm capacidade de atenção muito limitada com 14 respostas cada; encontram-se no ponto culminante da aprendizagem motora com 11 respostas e possuem uma grande apetência para actividades desportivas com 9 respostas. Convém relembrar que não deve ser colocado de parte os conteúdos tácticos. No que diz respeito ao campeonato que os Pré-escolas devem participar, vamos apresentar o seguinte gráfico que ilustra a opinião dos nossos inquiridos.
tácticos. Quanto aos motivos que os responsáveis indicaram para a aplicação dos conteúdos nos escalões dos Pré-escolas aos Infantis podemos analisar os dados através do seguinte quadro. Quadro 5 - Motivos sobre os conteúdos a ser abordados nos escalões de iniciação
Motivos
Nº Respostas
Consideram a bola o melhor brinquedo Grande
apetência
para
14
actividades
desportivas
9
Encontram-se no ponto culminante da aprendizagem motora
11
Egocentrismo da criança
1
Capacidade de atenção muito limitada
14
Gráfico 5 - Histograma sobre o tipo de campeonato que deve participar o escalão de Pré-escolas
Depois da análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº5, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos inquiridos, na sua maioria (92%) consideram o futebol de 5 o mais indicado para as necessidades das crianças, tal como defendem Rui Pacheco (2001) e Reis (2008). No entanto, 8% dos inquiridos, consideram o futebol
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
de 4 o mais indicado para as crianças, como defende Torrelles e Alcaraz (2000). No que diz respeito ao campeonato que os Escolas devem participar, vamos apresentar o seguinte gráfico que ilustra a opinião dos nossos inquiridos.
Gráfico 7 - Histograma sobre o tipo de campeonato que deve participar o escalão de Infantis
Gráfico 6 - Histograma sobre o tipo de campeonato que deve participar o escalão de Escolas
Depois da análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº6, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos inquiridos, na sua maioria (92%) consideram que o futebol de 7 é o mais indicado e adequado para as necessidades das crianças, tal como defendem Torrelles e Alcaraz (2000), em que as crianças com idades entre os 8 e 10 anos devem participar em campeonatos de futebol 7. Rui Pacheco (2001) e Reis (2008) são outros autores que defendem esta ideia. No entanto, 8% dos inquiridos consideram que o futebol de 5 é o mais indicado para as crianças. No que diz respeito ao campeonato que os Infantis devem participar, vamos apresentar igualmente um gráfico que nos ilustrará a opinião dos nossos inquiridos.
Depois da análise dos resultados obtidos e através do gráfico nº7, podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos inquiridos, na sua maioria (58,3%) consideram que o futebol de 9 é o mais indicado e adequado para as necessidades das crianças com idades entre os 11 e 12 anos, tal como defendem Torrelles e Alcaraz (2000), as crianças com idades entre os 11 e 12 anos devem participar em campeonatos de futebol 9. Rui Pacheco (2001) defende igualmente o “jogo de
9x9, num espaço de 70x60 metros com balizas de 6x2 m, dos 10 aos 12 anos.”
No entanto, esta questão dividiu de alguma forma os nossos inquiridos, uma vez que 33,3% defendem o futebol de 7 para os infantis. Esta opinião vai ao encontro do que pensa Rui Pacheco (2001), que afirma que nestas idades deveria ser aplicado o futebol de 7 para crianças que não possuam um conhecimento aprofundado do jogo, que se encontrem num nível inferior. O futebol de 11 apenas recolheu 8,3% das preferências, o que vai ao encontro dos autores referenciados na revisão de literatura que defendem que este tipo de campeonato para
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
crianças com estas idades é bastante prejudicial (Reis, Pacheco, Torrelles e Alcaraz). No que diz respeito ao campeonato que os Iniciados, Juvenis e Juniores devem participar, vamos apresentar o seguinte quadro sobre as opiniões dos nossos inquiridos. Quadro 6 - Campeonato que devem participar Iniciados, Juvenis e Juniores
Futebol 9
Futebol 11
Escalão
n
Perc.
n
Perc.
Iniciados
4
17%
20
83%
Juvenis
0
0%
24
100%
Juniores
0
0%
24
100%
Depois da análise dos resultados obtidos e através do quadro nº6, nos iniciados o futebol 11 obteve 83% das preferências dos inquiridos. Torrelles e Alcaraz (2000) partilham da opinião que as crianças com idades a partir dos 13 e 14 anos devem participar em campeonatos de
Conclusões
Após recolhidos os questionários aos nossos inquiridos e a discussão dos dados obtidos, permitiu-nos alcançar as seguintes conclusões: - Todos os clubes devem ter uma identidade própria e devem incuti-la no departamento de formação; - As Linhas programáticas mais importantes para a filosofia do clube são: Visão, Modelo de Jogo, Filosofia de Jogo e Cultura de Jogo; - O modelo de jogo é prioridade a partir do escalão de Iniciados; - O futebol formação deve ter um programa para servir de orientação aos treinadores, assegurando um processo de ensino/aprendizagem, seguro, sem ultrapassar etapas em tempo indevido;
futebol 11. Rui Pacheco (2001) defende “jogo de
- Nos escalões de iniciação, dos Pré-escolas até aos Infantis devem ser abordados essencialmente conteúdos técnicos e tácticos, devido à capacidade de atenção limitada e as crianças encontrarem-se no ponto culminante da
11x11, num espaço de 100x60 metros com
aprendizagem motora;
balizas de 7,32x244 m, a partir dos 12 anos.”
- Os Escolas devem campeonatos de Futebol de 7;
Contudo, ainda há responsáveis que sugerem o futebol de 9 para os Iniciados, com 17% das preferências dos inquiridos. Nos Juvenis e Juniores podemos verificar que os Treinadores Principais e os Coordenadores Técnicos inquiridos, responderam na sua totalidade o futebol 11, apoiando as opiniões de Rui Pacheco (2001) e Torrelles e Alcaraz (2000).Conteúdo aqui.
participar
em
- Os iniciados e Juvenis não deveriam participar em campeonatos de futebol de 9, mas sim, em campeonatos de futebol 11. Referências bibliográficas
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos)
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antes
da
competição.
Curso
de
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www.Treinofutebol.net. Mariano, Modelo de Jogo.
J.
(2006).
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Teixeira, N., & Trocado, F. (2009). Programa para o Futebol Formação (6 aos 18 anos) ABOUT THE AUTHORS
Nuno F. Teixeira (PhD) Professor Universitário Doutorado em Ciências da Educação Física e do Desporto: Avanços e Investigação
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Francisco Trocado (Dr.)
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