2011, 2012, 2013... 2014! Nel mezzo del cammin di nostra vita mi ritrovai per una selva oscura ché la diritta via era smarrita. Ahi quanto a dir qual qual era è cosa dura esta selva selvaggia e aspra e forte che nel pensier rinova la paura!
Quando comecei a estudar para o CACD, me senti como Dante descreve o inicio de seu caminho na Commedia. Havia pouco que tinha voltado para Brasília e, após muitos anos fora do Brasil, não tinha menor noção de como funcionava exatamente um concurso público. Somente sabia que era o momento de retomar um antigo sonho. O que mais fez falta no início da preparação foi orientação e informação. O antigo Grupo do Orkut não se comparava ao que hoje é o Grupo do Facebook — com exceção de discussões pouco pertinentes ao concurso —, sobretudo a partir de momento em que colegas começaram a narrar seus percursos rumo à aprovação. Sinto-me, assim, na obrigação de compartilhar minhas experiências. Pretendo apenas narrar meu percurso, evitando ser prolixo e procurando não emitir juízos de valor. Sempre trabalhei, e não quis dedicar-me somente ao estudo para o CACD. Apesar de poder fazê-lo, não me sentia confortável com a idéia, por diversos motivos pessoais. Sabia bem que isso correspondia a um obstáculo considerável que só o tempo poderia ajudar a transpor. Ainda que estivesse habilitado a concorrer às vagas para deficientes — não por escolha, obviamente — tinha consciência da dificuldade do caminho, pois o CACD não é fácil para ninguém. Para ninguém. Em 2010, fiz o CACD sem conhecer exatamente e estrutura da prova. Tinha receio de não passar na 1 a fase, pois tinha começado a estudar havia semanas. Passei no TPS e, somente então, comecei a me preparar para a 2 a fase. Naturalmente, isso dificultava obter sucesso, sobretudo que o cursinho que frequentei não era capaz de fazer propostas alternativas a uma espécie de estrutura de redação pré-concebida. Ademais, eu tinha diversos vícios de linguagem oriundos de tanto de minha formação quanto da interferência das línguas dos países nos quais quais vivi. Não passei passei na 2 a fase. Imediatamente, no dia seguinte à publicação do resultado que me frustrou, comecei a preparar-me para o CACD de 2011. Li muito, tanto obras úteis como inúteis, assisti muitas aulas (até demais...) e treinei muito para a prova de português. Passei na 1 a e na 2 a fase, mas, infelizmente, baixo rendimento na prova de economia da 3 a fase impediu que eu fosse aprovado. No dia seguinte ao insucesso, uma vez mais, comecei a preparar-me para o CACD de 2012. Sentia que ficar um dia sem estudar iria quebrar o ritmo que havia adquirido e desviar do foco que havia estabelecido. Esforcei-me em aumentar meu rendimento nas provas discursivas, mas descuidei o treinamento para a prova de português. Não fui aprovado na 2 a fase. Foi um considerável retrocesso, que somente a perseverança impediu que abalasse minha determinação em continuar estudando. No dia seguinte à reprovação, recomecei os estudos para o CACD 2013. Mudei consideravelmente de estratégia e preparei-me de maneira muito mais equilibrada, o que permitiu que eu fosse aprovado no concurso, concurso, ainda que que fora das vagas. vagas. Era o primeiro “quase” “quase” de verdade. Em 2014, por fim, fui aprovado. Creio que apresentar meus erros e acertos pode auxiliar os candidatos, especialmente a que ninguém repita os equívocos que cometi. Considero que não existe formula ou receita r eceita que garanta o sucesso ou que condene ao insucesso; cada pessoa é única e detentora de características específicas. Ressalto que viso tão somente a relatar minha experiência pessoal.
Sistema de estudo Para os que trabalham, a sistematização do estudo é especialmente importante. As horas são escassas, o conteúdo a ser assimilado é muito vasto e as habilidades a serem desenvolvidas são muito diferenciadas. Adotei uma meta alcançável de horas de estudo por semana, que era distribuída em uma hora e meia de estudo no período de horário de almoço e quatro horas de estudo à noite, com exceção dos dias em que eu lecionava (o segundo emprego reduzia a restrição orçamentária para os gastos com cursinhos...). Se por alguma razão não conseguia cumprir a meta diária, o saldo negativo de horas a estudar era deslocado para o domingo à tarde. Desse modo, evitava fechar a semana “devendo” horas de estudo. Considero que cada fase do CACD é muito distinta da outra. Concordo em parte com os que afirmam que são quase quatro concursos diferentes reunidos em um só. De todos os modos, foi essencial compreender com clareza a diferença de cada prova, sobretudo no que concerne as matérias que são cobradas em mais de uma fase. As dinâmicas são diferenciadas. Estabeleci dois ritmos muito distintos de estudo: um prévio à publicação do edital e outro posterior. Antes do edital, estudava por ciclos de duas matérias durante 4 semanas, a fim de aprofundar o conhecimento especifico de cada uma; paralelamente, fazia o treinamento para as provas discursivas de português e inglês. Após a publicação do edital, não estudava nada novo, apenas revia leituras, anotações e aulas-chave e reduzia, sem abandonar, o treinamento referido. Considerei importante encontrar o equilíbrio entre horas dedicadas à leitura e horas de aula. É um tema complexo, e tardei em encontrar o ponto ideal. A orientação de coaching do Mauricio Costa foi muito importante nesse aspecto, auxiliando a encontrar o equilibrio necessário para cada matéria. Creio que não existe um sistema pronta que funcione com todos, é preciso analisar cada caso individualmente, exatamente como se faz no coaching. Privilegiei, mesmo estando Brasília, aulas online, pois alem de ter dificuldade em compatibilizar os horários com o trabalho, gasta-se muito tempo em deslocamentos e em conversas pouco proveitosas nos corredores dos cursinhos. Não há como falar de preparação sem falar em cursinhos. Como dizia um professor meu na faculdade, “toda a comparação claudica”; assim, apenas comento minha experiência. Em 2010, minha maior preocupação foi escolher o melhor cursinho, considerando que isso garantiria a aprovação. Com o tempo, entendi que isso não era o mais relevante. Por muito que a proposta pedagógica seja importante, bem como a estrutura administrativa, nada supera o papel primordial do professor; ele é o mestre, que com seu conhecimento e experiência, pode guiar o candidato pelas sendas tortuosas, e muitas vezes obscuras, do CACD. Observei que não bastava o professor ter o conhecimento formal da matéria, mas era essencial que ele estivesse “sintonizado” com o concurso. No momento em que compreendi que não deveria sobrevalorizar ou menosprezar um cursinho por si mesmo, a qualidade de minha preparação evoluiu consideravelmente. O impacto orçamentários dos cursinho não pode ser menosprezado, e deve ser enfrentado com pragmatismo. Gastei mais de R$ 65.000,00 ao longo desses anos. Escolhi cada matéria com muita atenção e avaliando muito bem o professor, a fim de fazer o investimento correto. Fiz menos aulas do que queria, e, talvez, mais do que deveria. Novamente, o coaching me ajudou a privilegiar as aulas realmente importantes e necessárias para mim. No começo da preparação, desperdicei tempo excessivo com fichamentos. Há matérias que, presentemente, entendo que fiz muito bem em fichar, outras verifico que perdi horas preciosas. No coaching, aprendi a utilidade de fazer dos próprios livros os fichamentos, e a eles recorrer diretamente no momento de revisão. Isso funcionou muito bem: sublinhava as partes mais importantes e fazia anotações oriundas de aulas na própria parte da obra que tratava do tema. Foi essencial que, ao longo do tempo, eu tivesse constituído uma biblioteca pessoal de qualidade (foi um investimento de mais de R$ 7000,00, feito paulatinamente), que facilitou o acesso rápido e objetivo a temas indicados pelos professores, especialmente de 3 a fase. Escolhi os livros com muito cuidado, uma vez mais o coaching foi muito útil para isso, de
modo a evitar adquirir obras das quais somente um capítulo era útil; nesses casos, recorri a bibliotecas de universidades. Por razões pessoais, nunca me senti confortável com o conteúdo lido em formato digital.
Português A última vez tinha estudado português havia sido em 1996, antes sair do Brasil. Sabia que tinha grandes desafios a serem vencidos. No que concerne a 1 a fase, compreendi bem que o numero de questões fazia que a matéria tivesse grande importância relativa. São pontos essências para garantir o bom desempenho nesse etapa. Guilherme Aguiar foi o professor que me deu base para as questões formais. Quanto à interpretação de textos, foi no curso de redação com Mauricio Costa que ficou claro como analisar o comando de cada questão, de modo a facilitar a identificação da resposta correta. A 2 a fase para mim foi, de longe, a mais complexa e a mais temida de todas as provas. Tanto os anos vividos sem escrever em português quanto a influência de minha formação faziam que incorresse em erros estruturais e formais inaceitáveis para a banca examinadora. A preparação para a prova de português precisa ser feita antes da publicação do edital, absolutamente. Em 2010, comecei um longo percurso com Mauricio Costa, que melhorou consideravelmente meu desempenho. Por ter relativizado a prioridade do treinamento para essa prova, em meu caso, não fui nela aprovado em 2012, após ter sido em 2011. Isso teve um efeito psicológico negativo do qual nunca fui capaz de me afastar. Em 2013 tive um resultado melhor, e em 2014 reforcei a estratégia ao acrescentar ao trabalho com Mauricio a orientação de Claudia Simionato. Dois professores com abordagens totalmente distintas — e completamente válidas — poderiam ter sido um desafio, mas o equilíbrio pode ser encontrado pelo próprio aluno, que lucra em dobro. O grande diferencial nesse dois anos foi dedicar muito, muito tempo e esforço à realização dos exercícios e simulados propostos pelos professores, que se demonstraram ajustados aos temas apresentados pela banca. Sobretudo, em certo momento dei-me conta que não se trata de produzir exercícios em série, mas fazer cada um como se fosse, efetivamente, a própria prova. Um detalhe muito importante, que me atrapalhou especialmente em 2014, tanto na prova de português quanto na prova de inglês: tanto as folhas de exercícios de cursinho quanto as folhas de rascunho da própria prova tem dimensões de linhas diferentes do caderno de provas definitivo. Essa diferença fez que eu quase excedesse o numero de palavras no caderno definitivo dos provas, de modo a gastar tempo em recontagens de palavras e eliminação de trechos dos textos finais. Quando ao conteúdo, no que se refere à redação, as leituras feitas para as diferentes matérias podem fornecer o necessário, sobretudo se o candidato for capaz de articular conhecimento acerca de um mesmo tema oriundo do estudo das diferentes disciplinas. No que concerne aos exercícios, o contato com “Leituras Brasileiras”, “Introdução à Literatura Brasileira”, “Banquete no Trópico” e “História Concisa da Literatura Brasileira” foram essenciais.
História Mundial Trata-se de uma das poucas disciplinas que estudei com grande prazer. Alguns colegas consideravam matéria com menor importância relativa, dado que “só cai no TPS”. O número de questões e o nível de detalhamento, no entanto, fazem que seja uma matéria essencial, bem como sua transversalidade em relação outras provas, como Politica Internacional e Geografia. Li exaustivamente os livros essenciais de Hobsbawn, Burns, Lowe, Donghi, Sombra Saraiva e Visentini.
Daniel Schmidz foi chave para minha preparação, especialmente pela capacidade de síntese e excelente material de aulas, talvez o melhor a que se tem acesso. Dado o volume de informações, o tempo dedicado a fichamentos não foi perdido, pelo contrário, foi de grande valia no momento de revisão.
História do Brasil Apaixonante e desafiadora, essa matéria constitui um dos grandes desafios na preparação para o CACD, dado o volume de informações, e, sobretudo, as diferentes abordagens historiográficas existentes. Considero ser a matéria onde mais se pode perder tempo com leituras pouco úteis, ou, até mesmo, totalmente inúteis. Estudei HB em dois trilhos: TPS e 3 a fase. Para o TPS, de maneira semelhante a História Mundial, li muito e fiz muitos fichamentos: Boris Fausto, Yeda Linhares, Synesio, José Murilo, a coleção “História do Brasil Nação” e o incontornável Manual do João Daniel. Assisti a muitas aulas, essencialíssimas para orientar minha preparação. Recorri a dois professores, João Daniel e Luigi Bonafé, a quem muito tenho que agradecer. De modo dialético, complementar, e por vezes dicotômico, propiciaram uma visão da história de nosso país que espero conservar e aprofundar. Quanto à 3a fase, demorei em deixar-me convencer da importância da forma nas respostas. Insistia no conteúdo, e isso funcionava, em parte, com alguns membros da banca. Tive evolução nas notas quando fiz um curso de questões discursivas online com Daniel Araújo. Creio que o maior valor desse curso tenha sido dedicar-me a questões discursivas fora da pressão da véspera da 3 a fase, o que permitiu reflexão e melhor elaboração das questões. A leitura de artigos escritos pelos membros da banca foi essencial para facilitar o emprego de historiografia adequada à visão de cada um; só os livros não bastam.
Geografia Geografia não é uma matéria fácil de se estudar. Li um numero sem fim de fotocopias, li diferentes livros, aprendi e desaprendi muita coisa. Era muito difícil ordenar de maneira lógica o conhecimento necessário. Essa é, sem dúvida, uma disciplina que considero muito difícil ser estudada sem orientação e sem as exposições de um bom professor. O curso regular com Thiago Rocha foi essencial para percorrer todo o conteúdo, que foi grandemente complementado e expandido pelas aulas de Telmo Ribeiro. Fiz também curso de discursivas online com o João Felipe, que foi bastante útil. As melhores sugestões de leitura foram dadas pelo Telmo, das quais destaco o material da Revista Pangea, coordenada por Demetrio Magnoli. E, sim, para mim, foi importante ler Milton Santos. Valeu a pena para empregar conceitos desse autor de maneira correta nas questões discursivas.
Política Internacional Demorei muito tempo para me acertar com o estudo de Política Internacional. De um lado, notava que havia um conteúdo estrutural acerca de relações internacionais que eu precisava assimilar, e, de outro, um conhecimento histórico específico abrangente. Depois de muitas leituras desnecessárias, e outras muito pertinentes, as excelentes aulas de Thomaz Napoleão fizeram que eu sistematizasse o conhecimento e, sobretudo, adquirisse conteúdo atualizado a respeito dos mais variados temas.
É recorrente a cobrança de temas atuais, bem como a referência a eventos muito recentes. Por essa razão, é essencial acompanhar a evolução contemporânea da política externa brasileira, o que não se encontra em livros, mas, sim, nas publicações do MRE, da FUNAG e, com destaque, da Assessoria de Imprensa do Itamaraty. Nesse sentido, fui muito bem orientado e cedo compreendi que o CACD, afinal, é um exame para ingresso em um órgão público, que executa políticas publicas, de modo que o conhecimento destas precisa ser demonstrado pelos candidatos. Nas provas discursivas dessa disciplina, a banca é bastante exigente. A leitura das respostas aos recursos permite cogitar que há um elenco abrangente de pontos específicos que o candidato deve tratar em sua resposta. Não creio que seja tanto uma questão de forma, mas, sim, de tom do discurso. Aliás, um professor, certa vez, afirmou que a 3 a fase pode ser vista como uma avaliação da habilidade de adotar discursos distintos conforme a perspectiva de cada matéria; considero que ele tenha razão, pois, pode parecer trivial, mas trata-se de responder a prova de história com uma perspectiva história, a de geografia com uma visão geográfica, e assim por diante. As respostas a recursos demonstram claramente essa exigência coerente dos examinadores. Em 2013, o excelente curso de questões discursivas que fiz com Danilo Bandeira auxiliou-me muitíssimo quanto a responder às questões de PI com a abordagem adequada. Pena que não esse curso não oferecido, por questões logísticas, em 2014.
Inglês As línguas estrangeiras podem ser a grande armadilha do CACD. Não se trata somente de conhecimento, mas, sobretudo, de habilidades que precisam ser desenvolvidas e que requerem muito tempo de treinamento a fim de alcançar o elevado nível de exigência das bancas. Em meu caso, desenvolvi o italiano muito jovem, bem como o francês e o espanhol. Somente após a faculdade dei a devida importância ao inglês, de maneira a ter restrições quanto à escrita no idioma. Fiz bem em priorizar o inglês no inicio de minha preparação, e fiz mal em relativizar essa prioridade ao longo do tempo. Ao mesmo tempo que precisava aprofundar o conhecimento das estruturas formais, era necessário praticar a execução dos exercícios aos quais me submeteria. E, como comentei referente à prova de português, isso toma muito tempo e muito esforço, e a tentação de optar por outras matérias sempre foi muito grande. Foi tragicamente curioso notar que, à medida que os concursos se sucediam, minha nota em inglês caia. Atribuo isso ao fato que fui substituindo o estudo do inglês por outras matérias, o que não recomendo a ninguém. Repito que o treinamento é essencial, por mais cansativo que seja, pois não há nada que prepare mais para a prova que praticar as diferentes habilidade exigidas: interpretação, tradução, versão, resumo e redação, cada qual com suas características peculiares. Quanto ao TPS, Paulo Kol mudou meu modo de afrontar a prova, e sua metodologia me parece excelente. Em 2014, isso acabou beneficiando também as prova de Francês e de Espanhol, que foram constituídas, diferentemente de outros anos, por questões objetivas. Quanto à 3a fase, preciso agradecer a grande paciência dos que me auxiliaram no longo e árduo caminho em que enfrentei a língua de Shakespeare: Rachel Lourenço, Mariany Poubel, Nicola Gardner, Shaun Dowling, Jansen Coli e Paulo Kol.
Direito Internacional Nunca tinha estudado nada, absolutamente nada de Direito em minha vida. Embora meu pai tenha sido magistrado por muitos anos, nunca me senti atraído pela disciplina. Senti dificuldade quando comecei a estudar, e, felizmente, conheci Patrick Luna. Tive o privilegio
de estar na primeira turma particular que ele montou, e que constituiu a base essencial de meu estudo de DIP. Sua excelente didática fez que conseguisse assimilar tanto o quanto o conteúdo quanto a uma espécie de taxonomia sistemática acerca da disciplina. O livro que mais me ajudou foi o Portela, além da leitura inevitável de Rezek. Ademais, li muito do material que é utilizado, a cada ano, no Curso de Aperfeiçoamento de Diplomatas (CAD) que é disponibilizado no site do IRBr. Foi outra matéria na qual tardei a deixar-me convencer da importância da forma. Fiz esforço em procurar desenvolvê-la, o que terminou rendendo preciosos pontos. Considero que, por ser uma matéria mais objetiva, é possível obter excelentes resultados na prova de 3 a fase.
Economia Novamente, uma matéria da qual não tinha a mais mínima idéia quando comecei a estudar. Recordo que saía das salas de aula sem ter a mínima noção do que o professor tinha explicado e sem conseguir compreender o que eu mesmo tinha anotado. Foi essa matéria que garantiu minha reprovação na 3 a fase de 2011. O desafio tinha que ser vencido. Primeiramente, fiz um curso regular com Eliezer Lopez, que meu deu uma base muito boa. Sucessivamente, aprofundei o tratamento de questões discursivas tanto com ele quanto com Michelle Miltons. Em 2014, fiz o curso de 3 a fase com Marcello Bolzan, que foi determinante para meu bom resultado. Tive que ajustar, paulatinamente, tanto a abordagem quanto a linguagem, dado o caráter eminentemente técnico da matéria. Para a 3 a fase, foi essencial manter contato com atualidades tanto da Economia Internacional quanto da Economia Brasileira.
Francês e Espanhol Estudei francês quando era criança, e morei na Espanha por felizes anos. Malgrado essa experiência não assegurasse bom desempenho nas provas de francês e espanhol, a exigüidade de tempo não permitiu que eu me dedicasse a essas duas matérias. Mesmo assim, tive bom desempenho. O que fiz, como revisão para as provas, foram muitas leituras nas duas línguas, a fim de recordar o vocabulário e as estruturas gramaticais. A banca de espanhol é muito peculiar. Sempre me chamou a atenção o fato de que tinha um rendimento melhor em francês do que na língua de Cervantes, não obstante a diferença de domínio oriunda, de um lado, de vários anos na Espanha e, por outro lado, de apenas semanas de passeios ocasionais pela França. Se eu tivesse tido a possibilidade de estudar essas línguas para o CACD, o faria antes da publicação do Edital, e não me limitaria somente a buscar um domínio instrumental dos idiomas. Seriam as primeiras matérias, junto ao inglês, que estudaria.
Concluindo... O relato ficou mais longo que esperava. O CACD é uma escolha de vida, e talvez por isso é difícil narrar a experiência com a desejada brevidade. Uma derradeira consideração. Ao longo da preparação, e sobretudo durante as fases do concurso, não é fácil manter o equilíbrio psicológico desejado. Vi muitos colegas desistirem ao longo do caminho porque perderam esse equilíbrio, o que se traduziu, em alguns casos, na
opção por vida noturna mais intensa, rompimento de relações pessoais e amorosas, mudanças de cidade... Não é útil estabelecer uma dead line para a aprovação: na realidade, não depende estritamente do desempenho do candidato, mas, também, do rendimento dos demais, da estrutura do concurso e das matérias abordadas nas provas. Para alguns, é preciso que os astros se alinhem. Para mim, o fato de trabalhar e estudar acabou sendo positivo, pois de um lado deu-me a oportunidade de adquirir experiência no serviço público, bem como amparo nos momentos de insucesso. Foi mais do que importante ter a meu lado uma pessoa muito especial, que começou como namorada assim que iniciei os estudos, tornou-se noiva ao longo da preparação e, por fim, passou a ser esposa, sendo agora, “diplomatriz”. Sem a paciência e o apoio fundamental dela, talvez não tivesse alcançado o sucesso. É justo agradecer, também, a Mauricio Costa, que de professor passou a ser um grande amigo. O incentivo e a orientação dele fizeram grande diferença e, em seu dizer, me tiraram do “quase”. Uma ultimíssima observação: é preciso prestar atenção em tudo e em cada detalhe. Desde inscrição, pagamento, documentos para cada prova, canetas, locais, celular... Há quem perca meses de esforço por uma bobagem. E pode perder mesmo. Em meu caso, após a inscrição, tinha que enviar um atestado médico, a fim de concorrer como PNE, bem como para solicitar atendimento especial. Em fevereiro fiz minha inscrição, fiz o pagamento e fui ao médico para que o laudo fosse elaborado. No entanto, estava me preparando para uma viagem de trabalho para a Alemanha e não observei o prazo de entrega da documentação para o CESPE. No dia de embarcar para Berlim, era asegunda-feira de Carnaval, resolvi conferir o prazo: era no dia seguinte; além de ser feriado, eu estaria fora do país. Desespero. A única saída seria enviar por SEDEX, pois conforme o edital, vale a data de postagem do documento. E onde encontrar correio aberto no meio do Carnaval? Como existe a Providência Divina — ou sorte, ou destino... — há somente uma agencia de correio que abre durante os feriados em todo o Brasil: a do aeroporto de Brasília. Assim, antes do embarque, pude postar o laudo em prazo hábil. Uma distração que poderia ter custado muito, muito caro... Haveria, ainda, muito a comentar. Em algum momento no qual nossos caminhos se cruzem, poderemos fazê-lo. Por ora, resta repetir, uma vez mais, o sentimento de Dante: “Oh quanto e` corto il dire e come fioco al mio concetto! e questo, a quel ch'i' vidi, e` tanto, che non basta a dicer 'poco'.”