ANÁLISE DO FILME “O CORTE”
Aluna: Vilderly Veras Martins Lopes
Data: 30/01/2017
O filme “O “O Corte”, conta a história de Bruno Davert, Davert, os dilemas
e as
consequências devastadoras do desemprego no mundo capitalista, sendo este um dos grandes problemas do nosso século e, possivelmente, gerador de novos traumas ainda não mensurados. A compreensão desta realidade carece de uma análise na sua subjetividade diante das condições de opressão e impedimento que a sociedade impõe. Tomei por base o capítulo 12 do periódico Psicologia, organizações e trabalho no Brasil – O O poder das Organizações, como referencial teórico para alguns apontamentos desta análise. A história de Bruno Davert é a história de um engenheiro que após 15 anos de trabalho foi demitido. Após dois anos de sua demissão ele não tem sucesso em nenhuma das várias entrevistas que faz e a família passa a ser sustentada pela esposa, que se divide em dois empregos. Desesperado, ele arquiteta um plano para conseguir um trabalho: eliminar concorrentes que podem, eventualmente, tirar sua vaga em uma futura entrevista. O tal plano plano consiste em registrar uma caixa-postal e colocar um anúncio de emprego fictício no jornal com a intenção de conhecer seus concorrentes. A partir daí ele recebe dezenas de currículos e começa analisar os candidatos. Dentre os vários candidatos ele seleciona cinco, que considera terem qualificações e atributos iguais ou superiores ao seu próprio; classifica-os como seus adversários e inimigos e decide então, eliminá-los um a um. A ideia de eliminar seus concorrentes foi assumida na forma de uma luta pela sobrevivência, a partir de um comentário de seu filho adolescente: “vou acabar com ele pra você ficar com a empresa, pai” (Filme O Corte, 07:45’). 07:45’). O filme inicia com Davert matando um de seus possíveis concorrentes e, após esse episódio, recolhido em um quarto de hotel, decide gravar sua confissão e narrar o que o levou a agir assim. Em sua confissão ele evidencia as relações de poder das Organizações/empresas sob a forma de dois grupos: grupo de dominação e grupo de subordinados. O mercado de trabalho onde o mesmo estivera inserido é um ambiente
altamente competitivo, onde a busca pelo status e poder são evidenciados em muitas cenas. Uma cena emblemática dessas é quando seu filho coloca um DVD de propaganda da empresa Arcadia e aparece um dos executivos apresentando a tecnologia envolvida na produção de reciclagem de papel, tecnologia essa que Davert ajudou a construir quando trabalhava na Cameron Papers. Fazer parte de um grande projeto, empreendimento, de uma equipe, gera nas pessoas participantes o e mpoderamento.
PAZ, MARTINS e NEIVA(2004), falando da complexidade do fenômeno poder diz que o poder é uma expressão da natureza humana e revela a capacidade de realização de desejos e sonhos, tanto como força para o alcance de ideais como provocador de emoções. No aspecto mais privado, diz que o poder é a força do desejo. Considerando o poder como força, aquela que impulsiona o homem a seguir o caminho da vida, que capacita-o a suportar as frustrações e desânimos e que cria mecanismos de defesa que o protegem contra a indiferença e dureza de outros homens, as autoras dizem que o poder também pode ser segurança, disputa, relação, sobrevivência e política.(p.381) Daí a complexidade desse fenômeno face a tantas caracterizações e perspectivas. O filme evidenciou todas essas facetas. Evidencia o poder de segurança e disputa quando Davert comporta-se, por exemplo, frente a entrevista de emprego e a entrevistadora demonstra indiferença para com suas qualificações apresentadas em seu currículo, o olha, talvez, como possível concorrente, ele se mostra agressivo/ defensivo em seus contrargumentos (Filme O Corte, 25:03’ a 25:42). Evidencia o poder da relação e da sobrevivência quando enfrenta um conflito familiar com seu filho que envolve-se com tráfico de produtos tecnológicos e para manter a coesão e o bem comum da família ele omite o delito do filho às autoridades, bem como omite de sua família seus crimes, passando “incólume” pelos investigadores. Um outro dado importante que as autoras abordam é o aspecto negativo entre o poder dos grupos dominantes e subordinados. Nessa perspectiva o poder é visto como a manutenção e reprodução das relações econômicas que constituem relações desiguais de exploração do trabalho pelo capital gerando coersão, repressão, manipulação, dominação e utilizando-se de um discurso que legitima práticas sociais eivadas de crueldade e sutilezas. A entrevista que Davert participou pode ser um exemplo disso, a homenagem que o protagonista recebe de seus superiores no início do filme,... Há jogos
de poder que entre os grupos que tem por objetivo a manutenção dessas relações de dominação, submissão e dependência. (2004, p.383) O exemplo da vida de Bruno Darvert para nosso cotidiano, nos leva a indagar sobre o que está por traz desse sistema que rege a economia global, pensar sobre o poder das organizações e ordem vigente nelas inseridas. As autoras citam Hobbes(165/1988) quando diz que há uma inclinação geral de todo ser humano para um perpétuo e incessante desejo de poder cada vez maior, que só cessa com a morte. Para Hobbes, o poder é definido como o conjunto de meios que são empregados para se obter uma aparente vantagem futura, o que foi muito bem caracterizado pelo personagem Bruno Davert.
