Resenha O Espírito Comum: Comunidade, Mídia e Globalismo, de Raquel Paiva
Na última década, a palavra “comunidade” foi muito ligada ao site de relacionamentos Orkut ,
por nomear assim os grupos dele. As comunidades forneciam aos usuários uma
possível troca de interesses comuns - cada uma tinha um fórum de discusso, onde !ual!uer pessoa !ue entrasse no grupo poderia comentar e se relacionar de fato com outras pessoas interessadas no mesmo assunto, sem importar a hora, a data ou o local desses usuários. "a!uel #aiva tra$ a tona em %&&', antes do “(oom” das comunidades na internet, formas de repensar o conceito de comunidade no livro O Espirito comum: comunidade, mídia e globalismo globalismo –
o !ue mostra !ue a o(ra no tem validade, por se encai)ar muito
com o !ue é visto ho*e. #rofessora e pes!uisadora de +omunicao ocial "a!uel coordena o a(oratório de /studos de +omunicao +omunitária da 0niversidade 1ederal 1ederal do "io de 2aneiro 2aneiro 301"24. /ste livro é resultado resultado de sua tese de doutorado doutorado em +omunicao e +ultura, com orientao de 5ianni 6attimo e de 7uni$ odré. A autora e)plora o conceito de comunidade na maior parte do livro e, inclusive, difere comunida comunidade de de coop cooperativ erativa, a, !ue, segundo segundo ela, é uma sociedade sociedade com “pessoas com objetivos em comum que montam uma estrutura para tentar resolver seus problemas”.
Apenas no último capitulo !ue "a!uel se aprofunda na comunicao comunitária e dei) dei)aa clar claroo !ue !ue tipo tiposs de emis emisso sora rass de tele televi vis so, o, de rádi rádioo e *orn *ornai aiss pode podem m ser ser considerados comunitários. #aiva (aseia sua o(ra principalmente nas ideias de 1erdinand 89nnies, teórico alemo !ue distingue duas formas da nossa organi$ao social: a sociedade e a comunidade. A inteno é mostrar como o individualismo e a autonomia da sociedade atual afetam a comunidade. As teorias de 2ean ;audrillard, 0m(erto /co, +iro 7arcondes, /dgar 7orin,
es no só para pes!uisadores da comunicao e da sociologia, como tam(ém para !uestionadores das tecnologias com !ue convivemos e aceitamos como e)tens>es do nosso corpo ? como prega 7cuhan. @as diversas leituras de comunidade apresentadas, #aiva aponta !ue a comunidade é um grup grupoo com com seu seu terri territó tóri rio, o, !ue !ue conv conviv ivee em “sol “solid idari aried edad ade, e, iden identi tific fica ao o,, uni unio, o,
altruísmos e integrao”. = livro de illiam 5olding, O Senor das !oscas 3%&BC4 conta a história de um grupo de meninos !ue ficam so$inhos numa ilha deserta e tentam conviver em unio, mas, por mais !ue estivessem num mesmo território, a falta dos pontos citados por "a!uel para a convivDncia em comunidade, a individualidade e a (usca pelo poder, fa$ com !ue eles descu(ram seus instintos mais animais e entrem numa luta sem regras para so(reviver. = livro mostra o !ue acontece em uma sociedade, sem o espírito da comunidade e tam(ém reflete, em fico, o pouco do !ue pode ser visto na nossa sociedade. A mídia, com a velocidade e o e)cesso de informao, cola(ora com a individualidade do homem ao a(usar da representao “ ao inv"s de produ#ir sentido, ela se esgota na representa$%o do sentido, promovendo um gigantesco processo de simula$%o”, afirma
;audrillard. #aiva pretende, neste estudo, mostrar !ue a comunicao a partir da comunidade é diferente da comunicao feita pela mass media. A comunicao comunitária é uma forma humani$ada de transformar o individuo e a sociedade em si pela comunicao ? o !ue no acontece na mass media. +ada ve$ mais comum, o relacionamento online priva a comunicao e contato físico, mesmo !ue as pessoas se encontrem num mesmo local. /)emplo disso so as pessoas !ue esto no mesmo lugar e trocam mensagens pela internet e pelo celular ao invés de conversar. 8udo isso, lem(ra a autora, no tem mais relao com o cotidiano e nos distancia do real, chegando mais perto de ;audrillard chama de hiper-real. Esso tam(ém é visível !uando #aiva fala so(re o filme &enise calls up “a impress%o que 'ica " que o contato 'ísico " dispens(vel nesta nova realidade”. A !uesto é !ue o contato físico fa$
parte de vida em comunidade e ele atua como agente transformador da sociedade ausentar-se desse contato é viver na solido e, como di$ o teólogo alemo ;onhoeffer, “S) a comunidade nos ensina a verdadeira solid%o e s) na solid%o sabemos o verdadeiro sentido de comunidade” .
#ara a autora, a informao tra$ democracia por levar a pú(lico as !uest>es sociais de uma cidade, estado, país ou mundo. F a partir desse conhecimento !ue as pessoas conseguem e)ercer a cidadania e, diferente da mass media !ue vende a informao, a comunicao comunitária é uma maneira de levantar a refle)o dessas !uest>es sociais para !ue as pessoas no só se informem, mas formem a esfera pú(lica.
#aiva conclui com esperana de !ue a tecnologia traga a possi(ilidade de meios de comunicao hori$ontais como é a comunicao comunitária, meios !ue fu*am da verticalidade dos meios tradicionais da mass media. @e$esseis anos depois vemos !ue a esperana da autora se torna, aos poucos, realidade. A ideia de a comunicao comunitária fa$er com !ue as pessoas e)eram a cidadania e formem a esfera pú(lica é vista tam(ém nos grupos como o 7ídia Nin*a e o 1ora do /i)o, além dos novos sites e (logs !ue fogem da viso da comunicao de massa e !ue esto em ascenso no ;rasil ? ho*e, há alternativas olhar além das informa>es vendidas pelos meios de comunicao verticais e estas so de fácil acesso para a populao, graas a internet. Referência PAIVA, Raquel. O espírito comum: comunidade, mídia e globalismo. #etrópolis,
6o$es, %&&'. GHB p.
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