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TUDO SOBRE PROTEÍNAS Muitas vezes criam-se mitos ao redor de determinados assuntos e estes adquirem status de verdade absoluta, as dietas muito ricas em proteínas são um exemplo desses infundados dogmas, de modo que há um consenso entre praticantes de atividades físicas, leigos e alguns profissionais de que altíssimas quantidades de proteínas são essenciais para que se obtenha resultados que variam desde redução do percentual de gordura até hipertrofia muscular. Segundo CARPENTER (1986) as atribuições inerentes a proteína são baseadas na idéia de Liebig, para quem este macronutriente era a fonte de energia dos músculos, assim como a observação de que as pessoas (e nações) mais bem sucedidas e influentes tinham uma ingestão protéica mais alta. Mas quais são as bases científicas para esta teoria? Será que ela é verdadeira? INTRODUÇÃO ÀS PROTEÍNAS Peço que não pulem esta parte, pois a compreensão de alguns conceitos e reações apresentados aqui será muito útil no futuro. A proteína é uma molécula relativamente grande formada pela união de blocos menores denominados aminoácidos, os quais recebem este nome por possuírem um radical amino (NH2) e um radical ácido orgânico, tecnicamente denominado carboxila (COOH). Além desses dois radicais, os aminoácidos possuem uma cadeia lateral que lhe dará características específicas. Estes “blocos” podem se combinar de infinitas maneiras, formando diferentes proteínas como insulina, hormônio do crescimento e proteínas musculares. Nosso corpo tem a capacidade extremamente limitada de armazenar aminoácidos, transformando o excesso de proteína em outras substâncias. No inicio dessas reações, a proteína é degradada a aminoácidos, os quais tem seu nitrogênio retirado por um processo denominado desaminação (lembrem-se que a proteína é o único macronutriente que possui nitrogênio). Após a desaminação, o nitrogênio é excretado pelos rins na forma de uréia. Se o organismo recorrer com muita freqüência a estas reações pode ocorrer sobrecarga do fígado e rins, principalmente em pessoas predispostas. O esqueleto restante da desaminação será, então, usado em outros processos, ou seja a proteína que excede a necessidade metabólica simplesmente é convertida em outras moléculas (inclui-se aí a gordura) ou usada como energia. energia. Estando o nitrogênio presente no produto das reações de “quebra” de proteínas, a sua excreção é diretamente relacionada aos resultados deste processo, sendo a relação entre ingestão e eliminação de nitrogênio chamada balanço nitrogenado. Quando houver mais nitrogênio sendo ingerido que eliminado, ocorre o balanço nitrogenado positivo, ou seja, o corpo reteve a proteína (anabolismo), já o desequilíbrio a favor da eliminação é denominado balanço nitrogenado negativo (catabolismo).
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VANTAGENS DA PROTEÍNA •
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Menor resposta de insulina em comparação com os carboidratos: a insulina inibe a liberação de hormônio do crescimento e media o processo de acúmulo de gordura, sendo assim é interessante evitá-la em alguns casos. Porém este hormônio também influencia positivamente na construção de tecidos e absorção de creatina, o que é muito interessante para pessoas que almejam ganhos de massa muscular (GUERRERO-ONTIVEROS, (GUERRERO-ONTIVEROS, 1998), Maior indução da termogênese: alimentos ricos em proteínas induzem maior gasto energético durante a digestão (LeBLANC et al, 1991). Menor quantidade de calorias em relação a gordura (porém um pouco maior em relação aos carboidratos). carboidratos). Alimentos protéicos geralmente são menos saborosos e o processo digestivo mais complexo, o que acaba por levar a menor ingestão calórica. Alguns aminoácidos (essenciais) não são sintetizados pelo corpo, só podendo ser obtidos pela alimentação (ou suplementação).
O QUE DIZEM AS PESQUISAS Já em 1975, MUNRO afirmava a existência de um mecanismo eficiente de reciclagem de aminoácidos, relatando que o metabolismo protéico na musculatura esquelética exibe eficiência considerável na reutilização de aminoácidos essenciais, o que nos levaria a questionar se altas quantidades de proteínas seriam realmente necessárias. Há alguns experimentos que podem ser usados a favor das dietas hiperprotéicas, mas maior problema destes estudos é o fato de não considerarem a ingestão calórica total, essas limitações levaram autores como WOLFE (2000) a concluir que ainda não seja possível formar um consenso quanto aos benefícios dos suplementos de proteínas e/ou aminoácidos. MUNRO (1974) aborda o problema com propriedade ao afirmar que um aumento na ingestão calórica será frustrado se a ingestão de proteínas for muito baixa, assim como um aumento na ingestão protéica de nada valerá se a ingestão calórica for baixa. PROCTOR et al (1991), parecem concordar e consideram que uma dieta composta de 15-20% de proteínas é suficiente para atletas (de força ou de resistência) desde que haja uma ingestão calórica adequada. Segundo LEMON “talvez o fator mais importante a determinar as necessidades de aminoácidos/proteínas seja a ingestão de quantidade adequadas de calorias”. Nesta linha, DOHM (1984) afirma que apesar de tanto atletas de endurance quanto de força necessitarem de maiores quantidades de proteínas em termos absolutos, a ingestão relativa “normal” será suficiente se as calorias ingeridas forem adequadas. PAUL et al, realizaram um estudo em 1989 onde se afirma que apesar dos atletas necessitarem de mais proteínas que pessoas sedentárias em termos absolutos, quando se expressa essa quantidade em relação à quantidade calórica total, as porcentagens diferem muito pouco.
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Em 1993, ECONOMOS e outros pesquisadores realizaram uma revisão de literatura procurando avaliar as recomendações nutricionais seguidas por atletas de elite. Segundos os autores, havendo ingestão calórica suficiente, a suplementação de proteínas não se faz necessária, para eles, atletas em treinamento deveriam manter cerca de 70% da sua ingestão calórica provenientes de carboidratos. Na opinião dos autores nenhum alimento isolado melhorará a performance dos atletas, e o aspecto mais importante seria seguir as orientações básicas de uma alimentação saudável. Em alguns experimentos, mesmo o aumento da ingestão protéica em cerca 100% se mostrou ineficiente. No estudo de CAMPBELL et al (1994), os participantes recebiam 0,8 ou 1,6g/Kg/dia de proteína, os resultados não mostraram diferenças nas medidas da composição corporal nem nos componentes do metabolismo energético durante as 12 semanas de treinamento de força. Outra pesquisa que revelou a ineficiência do aumento da ingestão protéica foi realizada por LEMON et al (1992) onde observou-se a influência da elevação da quantidade de proteínas na massa muscular e força. Foi comparado o uso de 2,62g/Kg/dia de proteínas p roteínas com 1,35g/Kg/dia durante um mês de treinamento intenso. Ao final do experimento, os ganhos de força e massa muscular não diferiram entre os dois grupos. De acordo com os resultados, a quantidade de proteína necessária para manter um balanço nitrogenado neutro foi de aproximadamente 1,4-1,5g/Kg/dia, sendo a quantidade de 1,6-1,7g/Kg/dia recomendada para um balanço nitrogenado positivo. Considerando que a demanda energética esteja sendo devidamente equilibrada com a alimentação, diversos autores concluem que dietas compostas de 12-15% de proteínas, fornecendo 1,2-1,6 g/Kg/dia são suficientes para atletas de força. Alguns exemplos são: LEMON (1988):1,2-1,6g/Kg por dia; LEMON et al (1992): 1,61,7g/Kg/dia; WILLIAMS (1995), 1,2-1,7g/Kg/dia. DOLNY et al (1984) E LEMON (1991) sugerem um pouco mais, recomendando aos atletas consumir de 1,5 a 2 g/Kg/dia, porém afirmam que estas quantidades podem ser facilmente obtidas através de uma dieta composta de 12 a 15% de proteínas. Muitas vezes a suplementação protéica proporciona apenas uma correção, a qual ocorre nos níveis de proteína ou simplesmente na ingestão calórica. Em 1988, CHIANG et al comprovaram a influência da ingestão calórica na retenção de nitrogênio, mantendo-se a ingestão protéica em cerca 1,25 g/Kg de massa corporal. Durante o experimento elevou-se a ingestão calórica em 15% e depois 30%, o que fez a retenção de nitrogênio aumentar de 7,2 mg/Kg/dia para 23,8 mg/Kg/dia e 33,3 mg/Kg/dia respectivamente. Como visto, não foi necessário subir a quantidade de proteínas, mas apenas aumentar a ingestão calórica total. Detalhe que esta quantidade de 1,25 g/Kg/dia é o limite inferior da recomendação de muitos especialistas. MELHOR MANEIRA E MOMENTO INGERIR
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Apesar de quantidades adequadas de proteínas (não doses muito elevadas) poderem beneficiar tanto indivíduos treinados quanto sedentários, os efeitos são mais evidentes em praticantes atividades físicas. Para WOLFE (2000) tanto a composição do suplemento ou refeição, quanto a hora de ingestão são importantes no resultado, o que não significa necessariamente dividir sua ingestão diária em inúmeras doses com pequena concentração de proteínas. Apesar de haver aumento do catabolismo após exercícios com pesos, isto é comparativamente reduzido em relação ao aumento da síntese protéica, que pode durar até dois dias. A elevação do anabolismo é ligada a disponibilidade intramuscular de aminoácidos e conseqüentemente ao aumento do fluxo sangüíneo e entrega de aminoácidos ao músculo. Sendo assim, a administração de aminoácidos após exercícios aumenta a síntese de proteínas enquanto atenua o catabolismo, melhorando o balanço nitrogenado (TIPTON et al, 1998). 1 998). BIOLO et al (1997), verificaram que a hiperaminoacidemia é 30-100% mais eficiente quando ocorre após atividades físicas. A síntese protéica após o exercício também foi maior que no repouso (291 +/- 42% vs. 141 +/- 45%), porém o catabolismo muscular não foi significativamente afetado. Segundo os autores, a ingestão protéica após atividades físicas pode ser mais anabólica do que em qualquer outro período. Seguindo esta tendência do melhor aproveitamento após atividades físicas, Bryan Haycock propôs o protein pulse feeding, um método revolucionário que recomenda a concentração de grande parte da ingestão protéica (80%) no período pós-treino. (tratarei deste método em um artigo específico). Como foi dito anteriormente há uma grande distância entre a ingestão de proteínas e sua disponibilidade, o que levou cientistas a criarem variações deste macronutriente, como a whey (lactoalbumina, obtida do soro do leite) e os pools de aminoácidos. Outra evolução dos suplementos foi melhorar as proporções de aminoácidos, aumentando o valor biológico dessas proteínas. Dentre os suplementos encontrados no mercado, tanto os compostos de aminoácidos, quanto o whey são os que unem melhor estas características. CONCLUSÃO Indiscutivelmente a proteína é necessária, mas deve ser ingerida de forma consciente e equilibrada, não há porque faze-la de maneira extrema, conforme recomendam muitos “especialistas”. Faltam bases científicas suportando a teoria de que ingestões protéicas muito elevadas trarão os benefícios prometidos, afirmar que esta relação seja tão simples é manipular errada e perigosamente conceitos da fisiologia humana até porque, além da eficiência questionável, há a probabilidade de sobrecarga dos rins e fígado, f ígado, com conseqüentes riscos a saúde. Não estou condenando a suplementação protéica, somente questionando a dieta absurdamente rica em proteínas. Os suplementos podem ser úteis na medida que oferecem proteínas facilmente digeríveis e de altos valores biológicos. Além disso,
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estes suplementos podem beneficiar vegetarianos e pessoas muito ocupadas, com dificuldade de se alimentar adequadamente, para elas os compostos hiperprotéicos mais completos são de grande valia na manutenção de uma alimentação saudável. Atrás da dieta rica em proteínas, como em todas as teorias radicais, há mais interesses financeiros do que humanos, tanto que sua propaganda é invariavelmente feita através de apelos emocionais e empíricos, quando deveriam ser científicos. Por incrível que pareça, a quantidade calórica é mais importante que a composição da dieta na maioria dos casos. A simples prática de uma alimentação equilibrada e coerente com sua demanda metabólica é a melhor maneira de potencializar o resultado dos seus treinos. Da próxima vez que tentarem ingerir a terrível (e quase sempre insolúvel) albumina, se empaturrarem de claras de ovo ou gastarem uma nota em suplementos, pensem no porquê desta prática e se perguntem: será que vale a pena?
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HMB Os efeitos anticatabólicos da Leucina e seu metabólito KIC tem sido propostos há mais de 40 anos. Atribui-se a eles diminuição da perda de nitrogênio e inibição do processo de degradação da massa muscular, porém isto nunca verificado com clareza, a menos em alguns casos patológicos de proteólise elevada. Alguns pesquisadores basearam-se em estudos feitos em animais para criar a hipótese que o ß-hidroxi-ßmetilbutirato (HMB) seja o responsável pelos efeitos anti-catabólicos por vezes encontrados com a Leucina e seus derivados. O HMB é um metabólito da Leucina naturalmente produzido pelo organismo, em quantidades médias de 200 a 400 mg por dia, podendo também ser obtido a partir da alimentação. No corpo humano cerca de 5% de toda Leucina é convertida em HMB. Até hoje não se sabe ao certo como o HMB poderia funcionar, no entanto existem duas hipóteses básicas: 1) inibição direta do processo proteolítico; 2) o HMB pode ser similar e covalentemente ligado a estruturas da membrana destruídas sob estresse, o que diminuiria os danos celulares. Existem muitos estudos acerca dos efeitos dos metabólitos da Leucina, porém uma boa parte deles foi feito em animais, usando-os com sucesso para aumentar o peso e melhorar sua resistência a doenças (KREIDER et, 1994; VAN KOEVERING et al, 1994; NISSEN et al, 1994). Pesquisas em humanos destreinados. Em 1996 NISSEN et al, usaram 3 diferentes doses de HMB (0, 1,5 e 3 gramas/dia) combinadas com duas quantidades diárias de proteína (117 e 175 gramas) em pessoas treinando musculação pela primeira vez. De acordo com os resultados, houve diminuição dos marcadores de degradação protéica com a suplementação de HMB, porém as alterações na massa magra e no percentual de gordura não foram significativas. É interessante notar uma "puxada de sardinha" na maioria dos estudos, principalmente os que têm a participação de NISSEN (ou seja, a maioria deles), no citado anteriormente, por exemplo, não houve h ouve alteração significativa na massa magra, porém ocorreu uma tendência de aumento, e os autores convenientemente apenas falaram que ocorreu a tendência, dando a impressão de resultados positivos. Também é importante frisar que a maioria dos marcadores de danos celulares não teve redução, porém os pesquisadores se prenderam somente aos marcadores que mostraram resultados positivos. Ainda assim, sem diferença significativa na composição corporal e na maioria dos marcadores de danos celulares, o estudo apresenta duas hipóteses de como o HMB promove sua "mágica" e conclui que a suplementação de HMB em pessoas submetidas a treinamento de força intenso resulta em ganho de massa magra e diminui o catabolismo. Uma observação minha: isto também ocorreu em pessoas que não tomaram HMB e realizaram o treino de força.
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Em setembro de 200 foi publicado outro estudo que usou 3 gramas diárias de HMB ou placebo em mulheres submetidas a 4 semanas de treino de força. Com a suplementação, obteve-se uma tendência a redução nos no s níveis plasmáticos de creatina fosfoquinase (um indicador de danos celulares), com maiores ganhos de força e de massa magra. O grupo experimental ganhou em média 1,4 kg de massa magra e perdeu 1,1% de gordura, enquanto o placebo ganhou 0,9 kg de massa magra e perdeu 0,5% de gordura, sem, no entanto, haver diferença significativa entre os grupos (p = 0,08) (PANTON et al, 2000). Novamente aparecem tendências, sem nada poder ser afirmado. Em 2000, GALLAGHER et al publicaram um estudo que mostra claramente a necessidade de termos cuidado com a interpretação de pesquisas. Houve três intervenções: sem suplementação de HMB; 38 mg de HMB por quilo de peso corporal e 76 mg/kg por dia. Trinta e sete homens destreinados terminaram o estudo de 8 semanas, que incluía a prática de musculação 3 vezes por semana. Os resultados foram curiosos: - Não houve diferenças de força nos testes de 1 repetição máxima. - Nos testes isocinéticos houve superioridade em algumas velocidades para a suplementação de 38 mg/kg e em outras para 76 mg/kg, enquanto no restante não houve diferenças entre os três grupos. - Dois dias após o treino, os marcadores químicos de danos celulares eram menores nos grupos que suplementavam HMB. - Não houve diferença nas alterações no percentual de gordura entre os grupos. - O grupo que utilizou 38 mg/kg ganhou em média 1,9 kg de massa magra, enquanto os outros grupos não n ão tiveram alterações. A parte que intriga é que os níveis de HMB eram maiores quanto maiores fossem as doses ingeridas, sendo assim por que somente o grupo que ingeriu 38 mg/kg teve aumento da massa magra? Se o HMB realmente funciona, por que as doses maiores não produziram nenhum resultado? Se o HMB realmente funciona, por que os testes de força não foram consistentes? Casos especiais e segurança Pesquisadores do Centro Médico do Condado de Nassau, usaram a combinação de 3 g de HMB, 14 g de Glutamina e 14 g de Arginina para conter a perda de massa magra em pacientes com AIDS. Sessenta e oito pacientes foram recrutados nesse estudo de 8 semanas, medindo-se o peso p eso corporal, a massa magra e a massa gorda. Ao final do estudo, os pacientes que receberam os suplementos ganharam +/- 3 kg de peso total, enquanto os outros ganharam 370 gramas, este ganho de peso do grupo experimental foi principalmente devido à massa magra (2,55 kg), ao contrário do grupo placebo que perdeu 0,9 kg de massa magra. Outro ponto importante foi um aumento de fatores imunológicos no grupo experimental. (CLARK et al, 2000).
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Esta mesma dosagem de 3 gramas foi usada por VUKOVICH et al (1997) em idosos, verificando aumento de 1,5% na massa magra e diminuição de 4,1% na massa gorda ao final de 8 semanas. Quanto á segurança, NISSEN et al realizaram uma revisão em 2000 e concluíram que até 3 gramas diárias são seguras, mostrando inclusive efeitos positivos no níveis de colesterol. GALLGHER et al (2000) também concluíram que a suplementação de HMB era segura após acompanharem por 8 semanas a utilização de mais de 6 gramas diárias e analisarem fatores enzimáticos relacionados à função hematológicas, hepática e renal. KREIDER et al (2000) e NISSEN et al (1996) usaram doses de 3 gramas diárias e também não encontraram efeitos colaterais com a suplementação suplementação de HMB. Vida real Vejamos agora os estudos em pessoas treinadas. Em 1999, KREIDER et al, analisaram os efeitos da suplementação de HMB em homens treinados em musculação. No estudo foi testada a suplementação suplementação de 0, 3 ou 6 gramas de HMB juntamente com uma bebida carboidrato e proteína em 40 atletas. Os resultados não mostraram diferença nas alterações na composição nem na força entre os grupos. Apesar das concentrações séricas e urinárias de HMB subirem, os resultados não indicaram nenhuma diferença estatística nos marcadores de anabolismo/catabolismo, massa magra, massa gorda, percentual de gordura e força, Concluindo que a suplementação de HMB não produz efeitos positivos em pessoas treinadas. No ano seguinte, o mesmo KREIDER participou de outra pesquisa em pessoas treinadas. A amostra era composta por jogadores de futebol americano que estavam habituados a treinar força. Durante o estudo foram administradas 3 gramas diárias de HMB. Novamente os resultados não mostraram mudanças significativas nos marcadores de anabolismo/catabolismo, composição corporal (peso total, percentual de gordura, massa magra...), força, e performance de sprint. Com estes resultados, os autores concluem que o HMB não produz alterações positivas na composição corporal, nem oferece vantagens ergogênicas para atletas bem treinados (KREIDER et al, 2000). Em uma revisão de literatura, SLATER & JENKINS (2000) afirmam que o HMB pode ter efeitos em pessoas jovens destreinadas, porém não há material suficiente para generalizar os resultados para pessoas treinadas. Os autores alertam ainda para a necessidade de cautela diante da interpretação dos resultados das pesquisas devido à falta de rigor da maioria delas, e (observação minha) manipulação das pesquisas. Concluindo As doses de HMB usadas nos estudos são muito altas para a possibilidade (e não certeza) de se obter algum resultado. E veja que estou falando em possibilidades, pois os efeitos, quando encontrados, são reduzidos e foram verificados apenas em pessoas destreinadas ou em condições patológicas, sem comentar a estranha omissão
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de informações importantes e as conclusões incompatíveis com os resultados da pesquisa. O uso de HMB para obter resultados estéticos por praticantes de musculação é uma prática de custo financeiro muito elevado e sem eficiência comprovada. Já ouvi muitos comentários sobre o envolvimento do dono da patente do HMB em algumas (para não dizer todas) pesquisas que mostraram resultados positivos desta suplementação. Mesmo que isto não seja verdade, a inconsistência dos estudos e suas falhas metodológicas não permitem que se promova o uso do HMB.
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NATAÇÃO ENGORDA? A natação é um dos esportes mais praticados do mundo, sendo normalmente recomendado para pessoas com problemas respiratórios, com lesões músculoesqueléticas e pessoas desejando perder peso. Especificamente com relação à perda de peso, acredita-se que a natação forneça um alto gasto energético por envolver um grande número de músculos em seus movimentos. No entanto, é paradoxal ver que nadadores normalmente apresentam maiores quantidades de gordura corporal em comparação com atletas de outras modalidades. Como exemplo podemos citar um estudo da década de 1980 no qual foram comparados nadadores e corredores. Os resultados mostraram diferenças em atletas de ambos os sexos, no caso dos homens, os corredores possuíam em média 7% de gordura, enquanto os nadadores possuíam 12%, já para as mulheres os valores foram de 15 e 20%, respectivamente (Jang et al, 1987). A análise de gasto calórico não revelou a origem da diferenças, no caso dos homens não houve diferença entre o balanço energético nem entre o gasto calórico (3380 para nadadores e 3460 kcal para corredores). No caso das mulheres, a situação foi ainda mais paradoxal, tendo em vista que as nadadoras gastavam mais energia (2490 x 2040 kcal) e ainda se encontravam em um balanço energético negativo (Jang et al, 1987). Ao observar a comparação entre atletas, pode-se alegar que as diferenças de composição corporal sejam atribuídas à seleção natural, pois nadadores se beneficiariam menos de corpos mais densos. No entanto, os estudos usando tais atividades como intervenção trazem testemunho contra a natação. É o caso do estudo publicado por Gwinup em 1987, comparando três atividades: caminhada, cicloergômetro e natação. O experimento durou seis meses e o tempo das atividades foi aumentado até se chegar a 60 minutos diários. Após o término do estudo, que não envolveu restrições alimentares, as praticantes de caminhada perderam 10% do peso inicial, as de ciclismo 12% e as de natação não perderam peso algum (na verdade houve um aumento médio de 2,5 quilos), adicionalmente a análise da composição corporal revelou que não houve perda de gordura nas nadadoras. Uma das explicações para a suposta ineficiência da natação na redução da gordura corporal está em um possível aumento de apetite causado pela atividade, fato que alguns praticantes relatam através da observação pessoais. No entanto, o estudo de Jang et al (1987) não encontrou diferenças entre a ingestão de calorias de corredores e nadadores, e estudos em animais mostram que as mudanças no comportamento alimentar decorrentes do treino de natação podem ser positivas, diminuindo a ingestão de gorduras (Boghossian & Alliot, 2000; Boghossian et al, 2000). Isto também não parece ocorrer em atletas, como mostra estudo realizado com uma equipe universitária de natação, no qual foi verificado que o aumento de volume e intensidade dos treinos não era acompanhado por um aumento proporcional da ingestão calórica, levando a redução da gordura corporal (Barr & Costill, 1992). Em de 1999, Lambert et al compararam a ingestão de energia 2 horas após 45 minutos de natação ou corrida (a 71,8% do VO2máx) em triatletas bem treinados e verificaram
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que não havia diferença na percepção de fome nem na ingestão calórica após as atividades. Um possível efeito agudo no metabolismo também não pode ser usado como justificativa. Em um estudo de Flynn et al (1990), foram comparados os efeitos da corrida e da natação (45 minutos a 75% do VO2 máx) no metabolismo durante as duas horas seguintes às atividades. Os resultados mostraram que o gasto calórico tanto no exercício quanto no repouso era similar nas atividades, no entanto, o taxa de troca de gases sugere uma maior utilização de gordura para natação. Considerações finais Apesar de ainda não existir uma explicação para o fenômeno, a literatura atual não fornece suporte para a crença comum de que a natação seja uma “excelente” atividade para perda de gordura, não havendo evidências de sua superioridade sobre as demais. Entretanto ainda é necessário estudar as variações metodológicas para se ter um posição mais precisa quanto à real eficiência da atividade, antes de rotulá-la como ineficiente. Certamente a natação é uma atividade excelente, sendo útil para diversas situações, especialmente como uma forma de lazer e de segurança, no entanto ela vem sendo prescrita de forma generalista por profissionais desinformados. Com a crescente popularidade deste esporte, profissionais acomodados vêm enxergando-a como uma panacéia para casos de problemas articulares, osteoporose, obesidade, perda de peso e diversas outras situações onde ela pode não trazer os resultados esperados quando comparada com outras atividades. É importante que a natação seja praticada e recomendada pelos diversos benefícios que ela pode realmente produzir, no entanto, deve-se ter cuidado para não se prescrevê-la de maneira irresponsável, o que pode afastar o aluno dos resultados e eventualmente rotular esta atividade como “inútil”.
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