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A autora e a editora empenharam-se para citar adequadamente e dar o devido crédito a todos os detentores dos direitos autorais de qualquer material utilizado neste livro, dispondo-se a possíveis acertos caso, inadvertidamente, a identificação de algum deles tenha sido omitida. Não é responsabilidade da editora nem da autora a ocorrência de eventuais perdas ou danos a pessoas ou bens que tenham origem no uso desta publicação. Apesar dos melhores esforços da autora, da editora e dos revisores, é inevitável que surjam erros no texto. Assim, são bem-vindas as comunicações de usuários sobre correções ou sugestões referentes ao conteúdo ou ao nível pedagógico que auxiliem o aprimoramento de edições futuras. Os comentários dos leitores podem ser encaminhados à LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora pelo e-mail
[email protected]. A autora desta obra é a única responsável pelas visões e conceitos apresentados ao longo do texto. Direitos exclusivos para a língua portuguesa Copyright © 2012 by LTC — Livros Técnicos e Científicos Editora Ltda. Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial Nacional Reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, mecânico, gravação, fotocópia, distribuição na internet ou outros), sem permissão expressa da editora. Travessa do Ouvidor, 11 Rio de Janeiro, RJ — CEP 20040-040 Tels.: 21-3543-0770 / 11-5080-0770 Fax: 21-3543-0896
[email protected] www.ltceditora.com.br Capa: Máquina Voadora DG
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ. M321s Marques, Sílvia Sociologia da educação / Sílvia Marques ; organização Andrea Ramal. - Rio de Janeiro : LTC, 2012. il. ; 23 cm (Educação) ISBN 978-85-216-1913-0 1. Sociologia educacional. I. Título. II. Série 11-7414.
CDU: 306.43
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CDD: 316.74:37
Produção digital: Hondana
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“Agora, classe, aprenderão a pensar sozinhos de novo. Aprenderão a saborear palavras e a linguagem. Não importa o que digam, palavras e ideias podem mudar o mundo.” John Keating no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”.
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Agradecimentos Ao Professor Luciano Gamez, pela confiança. À amiga Denise Lourenço, pela generosidade. Aos meus pais, pela incansável dedicação e pelo inesgotável amor.
S.M.
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Apresentação da Série Os livros da série Educação, da LTC Editora, trazem, em seus volumes, o conjunto de conteúdos essenciais das disciplinas do currículo de Pedagogia, licenciaturas e cursos afins. Com uma didática diferenciada, que leva o aluno a construir o conhecimento e a refletir sobre o que lê, intercalando exercícios práticos, estudos de caso e outros recursos, os livros são especialmente modelados para servir como referência para a elaboração e implementação dos planos de aula e o acompanhamento organizado e sistemático dos conteúdos básicos de cada curso. Nos últimos anos, o número de alunos das graduações de Pedagogia e afins tem aumentado em proporção bem maior do que carreiras tradicionalmente m uito procuradas, como Medicina e outras. Isso se explica, em grande parte, por que educação é uma das áreas do futuro. Vivemos numa sociedade em que o bem m ais valioso é o conhecimento. Ora, quem pode ser mais especialista na transmissão, gestão e avaliação de conhecimento do que um bom educador, um professor competente, um pedagogo qualificado? Países que hoje são referência pela qualidade dos sistemas educacionais, como Coreia do Sul e Finlândia, já mostraram que a qualificação e a valorização dos educadores estão diretamente associadas ao desenvolvimento social e econômico. O Brasil, que ganha posições importantes no ranking das economias mundiais, cedo ou tarde terá que reformar o seu sistema de ensino e, nesse movimento, a qualificação dos educadores (gestores escolares, coordenadores pedagógicos, professores e demais profissões ligadas ao ensino) será um passo decisivo. Nosso país precisa correr contra o tempo para atingir a meta, até 2020, de zerar o déficit de professores nas salas de aula de todas as regiões brasileiras. A proposta desta série é atender à demanda de formação e atualização dos milhares de alunos de Pedagogia e áreas afins, assim como das licenciaturas. Os professores encontram, nestes livros, um material didático de qualidade, com aplicação direta na sala de aula, com linguagem acessível ******ebook converter DEMO Watermarks*******
e didática contemporânea. Os autores dos livros desta série têm plena certeza de que, com este material, darão uma contribuição significativa para elevar o ensino nos cursos de Pedagogia e formação de professores. E, por consequência, encorajarão todos aqueles que optaram pela educação a seguir trilhando, com excelência, esse caminho tão gratificante e tão decisivo para o crescimento social e econôm ico sustentável do país.
Prof a Andrea Ramal Doutora em Educação pela PUC-Rio
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Apresentação “Não é possível pensar a Educação sem levar em consideração as condições sociais dos indivíduos e a reprodução ou questionamento das políticas dominantes. É isso o que a sociologia da educação ajuda a fazer.” É com m aestria que, baseado nessa premissa, Sílvia Marques nos convida, à luz das Ciências Sociais, a repensar criticamente a educação e seu papel no contexto atual. Utilizando a metáfora do espelho, somos levados a observar a nossa própria imagem, e, nesse exercício, nos colocarmos no lugar do outro para observarmos as contradições, desigualdades e particularidades de problemas sociais que afetam diretamente a educação e o papel do educador, a sociedade e o indivíduo. Inspirar, seduzir, comprometer-se, apaixonar-se: essas são apenas algumas das palavras que ressaltam a sensibilidade da autora e do seu olhar atento e crítico ao redefinir as práticas educacionais e a função social do educador. Este, deve ser visto não como um transmissor de informações, mas como um agente transformador, que permite aos seus alunos a construção do saber, da autonomia, — “alguém que questiona, que reflete, que reelabora o conhecimento” —, que permite a análise e interpretação dos diferentes fragmentos da realidade. Fala-se aqui de um educador consciente da importância de desenvolver competências, não apenas individuais, mas voltadas para o trabalho em equipe, cooperativo, coletivo, que faz uso das tecnologias de informação e comunicação para potencializar a colaboração e a m ediação pedagógica. Ao reforçar as funções sociais da escola, a autora nos alerta não apenas para o papel da escola na construção de um mundo melhor, sustentável, ecologicamente consciente, responsável socialmente, mas para a urgente necessidade de construirmos uma educação de qualidade, plural, inter e multidisciplinar, concebendo-a como um espaço voltado para o desenvolvimento das relações humanas, pautadas, sobretudo, por um ingrediente principal, a afetividade na interação professor-aluno. O livro é apresentado, didaticamente, em quatro partes que articulam permanentemente a teoria e prática, permitindo ao leitor analisar e refletir ******ebook converter DEMO Watermarks*******
sobre a realidade da educação brasileira, compreendendo o verdadeiro papel da sociologia da educação nesse contexto. À luz das principais contribuições teóricas clássicas e contem porâneas das ciências sociais, Sílvia Marques faz um recorte teórico focado nas correntes funcionalista, marxista, weberiana, culminando nas contribuições filosóficas de Foucault. Esse recorte proporciona ao leitor uma análise consistente do papel da escola, dos professores e do Estado, como cenário principal para a democratização do saber, para o desenvolvimento sustentável e de valores de justiça e igualdade, em vista ao exercício pleno da cidadania. Como um grito de socorro, a autora traça um resgate da integralidade do homem, que interage não em seu benefício próprio, mas visando ao bem social comum. Acreditando que os estudantes devam ser ativos em todas as fases do aprendizado, estimulados a participar e a interagir no ambiente educacional, a autora deixa clara a ideia de que não podemos pensar a educação e a escola dissociadas de seu contexto social, cabendo a ela a formação da conscientização para a vida em sociedade, na arte de bem mediar as regras, valores e atitudes sociais. Assim, cabe aos professores a tarefa de ajudar seus alunos a formarem suas intelectualidades, a capacidade de argumentação e senso crítico, a autonomia de pensamento, a consciência de seus deveres e direitos, na luta contra os limites definidos pelo mercado e pelo Estado, num exercício supremo de cidadania e transformação da sociedade. A educação do futuro, conclui, é caracterizada por quatro elementos: o gosto por aprender, a capacidade para fazer, a habilidade para conviver e a competência para ser. Além disso, o esforço para alcançar a educação de qualidade deve ser apoiado por políticas públicas efetivas que garantam uma educação que faça realmente a diferença na vida das pessoas: uma educação contextualizada, conectada, atual, inclusiva, transdisciplinar, multicultural, igualitária, flexível, democrática, sustentável, cidadã, ética, consciente, que respeita a diversidade, e sobretudo, que esteja atenta às suas responsabilidades diante das principais questões sociais, transformando a sociedade e por ela sendo transformada. Tudo isso é apresentado neste livro em uma linguagem clara, envolvente pela crítica, e consciente pelo tom questionador da autora, que permite ao ******ebook converter DEMO Watermarks*******
leitor não apenas refletir sobre os temas abordados, mas principalmente compreender, inclusive, o seu papel e responsabilidade como um agente ativo nesse processo de transformação. Agora é com você. Aproveite bem os grandes ensinamentos que este livro proporciona a você, a nós, a todos os educadores e a sociedade em geral.
Luciano Gamez Doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina, em parceria com a École Polytechnique de Montréal.
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Prefácio Pensar a educação é pensar o próprio contexto social. Como um espelho, vemos por meio da escola a imagem de uma sociedade repleta de contradições, desigualdades, sistemas incompletos na resolução dos problemas sociais, novas crises que surgem com o movimento circular e fragmentado da história. Um sistema ou período não se coloca no lugar de outro, de maneira sequencial e linear. A absorção de novos conceitos, teorias e correntes de pensamento não exterminam as anteriores de forma definitiva, num processo de superação contínua. Como dizia Weber a respeito da sociedade, “a educação não paira sobre nossas cabeças, como uma força externa e dissociada de nós. A educação que permeia as relações sociais, que ao mesmo tempo faz parte da sociedade e é fator determinante desta, mais se parece uma teia, cheia de ramificações, abraçando os mais variados campos da vida e do conhecimento”. Pensar a educação é pensar os mais diversos campos científicos. É combinar os métodos, os autores, beber das mais variadas ciências sociais. É levantar um voo alto. É adotar uma visão panorâmica, interdisciplinar, multicultural. É romper com as barreiras de gênero, etnia, credo e status social. Pensar a educação é pensar a democratização. Democratização no sentido mais amplo da palavra. Mais que ter acesso às salas de aulas, aos livros e às múltiplas informações disponibilizadas pela internet, é preciso professores comprom etidos com o processo educacional. É preciso olhar de perto e tocar tudo o que permita e faça fluir a autonomia do pensamento. É preciso trabalhar de form a consciente os recursos da era da informação. Pensar a educação é pensar a cidadania. Mais que ensinar, a escola deve inspirar. Mais que determinar, a escola deve seduzir, fazendo com que os estudantes se apaixonem pelo conhecimento. Mais que conhecimento, a escola deve dar pistas de como encontrá-lo. O professor não é detentor do saber. Ele é um orientador, um mediador entre a sociedade e o estudante, alguém que auxilia no processo de construção do conhecimento. O conhecimento não é um produto. Não é algo finalizado que encontramos ******ebook converter DEMO Watermarks*******
em uma prateleira pronto para ser adquirido e usado. O conhecimento é construído. Pensar a educação é pensar a era da informação, que com um clique, no computador pessoal tem-se acesso a realidades e documentos de culturas distantes geográfica e ideologicamente. O rápido e fácil acesso a milhares de informações escritas, visuais e sonoras tem mudado o rumo das pesquisas, do estudo, da construção do conhecimento e aumentado a autonomia dos alunos em seu processo educacional. Porém, ter acesso às informações, sem saber como aproveitá-las, pode ser perigoso e infrutífero. O acesso rápido e múltiplo não é a garantia de um estudo benfeito e consistente. A escola e o professor precisam orientar os estudantes no sentido da autonomia e do senso crítico, a fim de que eles mesmos possam fazer a triagem de tudo que lhes cai nas mãos. Pensar a educação é pensar a sustentabilidade em todos os âmbitos. Mais que compreender a importância do desenvolvimento econômico que preserve o planeta, devemos entender que vivemos em um mundo multicultural, em que as variadas etnias, credos, orientações sexuais, classes sociais convivem. Para a construção de uma escola e sociedade sustentáveis devemos nos guiar pelos princípios da solidariedade e da cooperação. O mesmo deve ser aplicado aos diferentes ritmos e formas de aprendizagem, decorrentes de necessidades especiais, tanto no âmbito físico como mental. Pensar a educação é pensar em um ser humano integral que pensa, sente, cria, intui, improvisa, se arrisca, estabelece vínculos, se adapta, se inventa, se reinventa. Mais que dominar profundamente uma técnica específica, o ser humano precisa olhar ao seu redor e enxergar a realidade como um caleidoscópio: múltiplo, cheio de possibilidades e interpretações fragmentadas. Incapaz de dominar todo o conhecimento, o ser humano integral precisa transformar sua própria e inevitável limitação em ferramenta a seu favor. Usar a impossibilidade de tudo saber para instigar a curiosidade, aceitar de bom grado as contribuições de outros autores e disciplinas, compreender a educação como um caminho e não com o um fim objetivo e absoluto. É preciso compreender não somente a relação entre as mais variadas disciplinas, mas também a ligação entre as pessoas que cada vez mais necessitam de trabalhar de forma cooperativa. Cada vez mais a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
educação se volta ao coletivo. Mais que desenvolver potencialidades individuais e aprender a agir adequadamente em sociedade, o homem integral precisa interagir socialmente, participando de projetos coletivos que visem ao bem comum e aprimorem sua cidadania. O movimento ambientalista, o mais importante atualmente, o que mais tem mobilizado as pessoas, indica o quanto é fun damental a união de forças e de esforços para que a vida no planeta continue possível. Criar e fortalecer a consciência ecológica ativa têm sido um dos grandes desafios da escola e da sociedade de modo geral. Pensar a educação é pensar a interdisciplinaridade. A vida é interdisciplinar. Embora separemos o conhecimento em várias áreas, por uma questão organizacional, o saber se toca, se entrecruza, se entrelaça, se enlaça em uma rede em que todas as relações e saberes são o começo e o fim. Pensar a educação é pensar a afetividade. Mais que preservar a vida no planeta, mais que orientar as pesquisas na era da informação no sentido da democracia, mais que estimular o senso crítico e autonomia do pensamento, mais que compreender a educação como um processo contínuo, mais que aceitar a impossibilidade de deter todo conhecimento, mais que entender as múltiplas relações entre as disciplinas, a escola, a sociedade e o outro; mais que contribuir com a cidadania, mais que ser um espaço de socialização e de controle social, a escola deve ser pensada e sentida com afetividade, como a mediação entre o estudante e a sociedade, em que o professor lhe dá a mão, lhe orienta em vez de conduzir, aprende com o estudante ao ensiná-lo e cada um oferece o que pode num processo contínuo de trocas e reelaborações. Sílvia Marques
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Sumário Parte I Sociologia da Educação: Origem e Contribuições Capí tulo 1 A Origem da Sociologia da Educação Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capí tulo 2 As Contribuições da Sociologia da Educação Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Parte II Principais Contribuições para uma Sociologia da Educação Capítulo 3 Da Visão de Consenso ao Paradigma do Conflito: Auguste Comte, Émile Durkheim e Pierre Bourdieu Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes
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O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 4 A Corrente Marxista: Karl Marx, Antonio Gramsci e Louis Althusser Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 5 A Corrente Weberiana: Max Weber e Karl Mannheim Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 6 Contribuições Filosóficas de Michel Foucault Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Parte III A Educação como Processo Social e Construtora da Cidadania ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Capítulo 7 As Instituições Sociais Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 8 Valores e Normas Sociais; Controle e Desvio Social Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 9 Mobilidade Social Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 10 A Escola e o Professor como Construtores da Cidadania e do Desenvolvimento Sustentável Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado
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Gabarito
Parte IV A Escola e a Realidade Brasileira Capítulo 11 O Neoliberalismo e as Desigualdades Educacionais Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 12 A Escola Pública e o Papel do Estado na Democratização da Educação Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Capítulo 13 A Educação e o Multiculturalismo Quebrando o gelo Colocando em pratos limpos Principais conceitos Colocando a mão na massa Alargando os horizontes O resumo do resumo Para ficar ligado Gabarito
Considerações Finais Bibliografia ******ebook converter DEMO Watermarks*******
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Parte I Sociologia da Educação: Origem e Contribuições
“A educação é aquilo que sobrevive depois que tudo o que aprendemos foi esquecido.” (Burruhs Frederic Skinner)
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Capítulo 1 A Origem da Sociologia da Educação
Quebrando o gelo Leia a frase abaixo, relacione-a com o seu conhecimento de mundo e escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) sobre a citação, concordando ou discordando a partir das suas experiências e leituras. “O importante da educação não é apenas formar um mercado de trabalho, mas formar uma nação, com gente capaz de pensar.” (José Arthur Giannotti)
Colocando em pratos limpos Quais autores e conceitos serviram de base para a sociologia da educação? Quem primeiramente propôs um método de pesquisa para esta disciplina?
Principais conceitos Sabemos que a educação é um direito de todos e um dever do Estado. Mas será mesmo que todas as crianças e jovens têm acesso a uma educação de qualidade? Será que a escola tem contribuído para a boa formação dos alunos de forma igual para todos? Todas as crianças e jovens podem estudar onde desejam e têm acesso a uma educação que desenvolva plenamente suas potencialidades, fornecendo as condições necessárias para se interessarem realmente pelos estudos? É possível se tornar um cidadão por meio de uma educação libertária que garanta a realização pessoal e profissional? ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Por que tantas crianças e jovens repetem de ano ou desistem dos estudos mesmo nos estados brasileiros que mais investem na educação? Por que a entrada nos cursos universitários ainda é pequena? Será que nem todos possuem vocação para os estudos superiores?
Será que nem todas as pessoas possuem vocação para estudar? Que os cursos universitários devem ser para poucos? Que a maioria deveria ser profissionalizada durante o ensino médio ou realizar cursos técnicos? Qual é o seu parecer?
Há escolas, no Brasil, que ficam abaixo das exigências e expectativas estipuladas pelo Ministério da Educação. Se as taxas de desistência e repetência são altas, tais dados não devem gerar respostas conformistas, que concluem que nem todos têm habilidade e/ou vontade de estudar. Muitas vezes deixar a escola ou se sair mal nos estudos não é sinônimo de falta de interesse. Crianças e jovens mal alimentados, que precisam percorrer distâncias muito grandes para chegar às escolas, estrutura física deficiente, materiais didáticos escassos, condições familiares adversas, entre outros fatores que estressam e desestimulam o estudante, interferem no aprendizado e na formação dos indivíduos. Enfim, a escola faz parte da sociedade e reproduz ou questiona as políticas dominantes de cada época. Não é possível pensar a educação sem levar em consideração as condições sociais dos indivíduos e a reprodução ou questionamento das políticas dominantes. É isso o que a Sociologia da Educação ajuda a fazer. A Sociologia da Educação surgiu na primeira metade do século XX. De certa forma pode-se considerar que Émile Durkheim, sociólogo francês, aproximou a disciplina daquilo que se entende por Ciência e propôs um método de pesquisa para estudar as relações entre sociedade e Educação: o Funcionalismo. Esta corrente de pensamento enxerga a sociedade como um organismo em que cada grupo social desempenha suas funções. A escola contribui para que as pessoas conheçam e aprendam o seu lugar na sociedade. Para Durkheim, o professor é a figura central no processo educacional e ******ebook converter DEMO Watermarks*******
deve ser uma autoridade intelectual e moral para os seus alunos. Por meio da autoridade do professor, os membros mais jovens aprendem como agir em sociedade. A postura do estudante deve ser submissa. Por meio da educação, as crianças tornam-se adultos capazes de manter a harmonia social. Portanto, a escola contribui para a socialização dos mais jovens pelos adultos. Para Durkheim, os indivíduos são frutos da sociedade e sua consciência por ela formada.
Você concorda com Durkheim que o respeito à hierarquia e a centralidade do professor contribuem no processo educacional? Se o pensamento de Durkheim fosse o predominante, nos dias de hoje, haveria menos atos de violência em sala de aula e os alunos aprenderiam mais?
Embora Durkheim não tenha elaborado métodos pedagógicos, contribuiu para entendermos o trabalho social do professor. Mais importante que desenvolver o individual, para Durkheim era fundamental preparar os indivíduos para a vida em sociedade. Importantes autores que ajudaram a elaborar a chamada “sociologia do conhecimento”, nome dado anteriormente à sociologia da educação, foram: Karl Marx, Max Weber, Karl Mannheim, na Alemanha, Auguste Comte e Marcel Mauss (seguidor de Durkheim) na França, Veblen, nos Estados Unidos, entre outros. A sociologia da educação ganhou maior importância a partir dos anos 1940 e se desenvolveu muito nas décadas de 1950 e 1960, tornando-se um campo específico do conhecimento. As causas que aumentaram a importância da sociologia da educação foram basicamente duas: 1. A universalização do ensino médio que gerou grandes gastos ao Estado com a educação. 2. As desigualdades educacionais e sociais ainda mais marcadas depois da Segunda Guerra Mundial. Ainda vigoram o funcionalismo e o marxismo, utilizadas nas primeiras pesquisas, porém muitos trabalhos negam as duas mais antigas correntes e pertencem à linha interacionista, fenomenológica e etnometodológica. Até os anos 1960 predominou a corrente funcionalista que colocava a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
educação como ferramenta de democratização, principalmente nos Estados Unidos, por meio do pensamento de Parsons e outros autores. Para Parsons, a escola era um espaço de socialização que permitia a harmonia social. Era na escola que as normas, valores e conhecimentos eram transmitidos.
Hegemonia é um termo elaborado pelo intelectual italiano Antonio Gramsci para designar o poder estabelecido. Enfim, os valores e verdades das classes dominantes.
A partir dos anos 1960 e durante os 1970, principalmente na França, predominou a corrente marxista que enxergava na escola um instrumento de reforço das desigualdades sociais e da hegemonia.
O termo democratização no contexto de Parsons significa que na escola todas as pessoas têm a oportunidade de receber os mesmos conhecimentos, normas e valores. Você concorda?
Pela corrente marxista, a escola era mais um aparelho ideológico para reforçar as desigualdades sociais. Como assim? Para Marx, a escola não incentivava os alunos a entender sua realidade social para transformá-la posteriormente. Os aparelhos ideológicos são de duas naturezas: o coercitivo e o de consenso. O primeiro utiliza a força para fazer valer sua vontade. O segundo utiliza a persuasão. Nessa visão, o exército e a polícia são coercitivos! A escola, Igreja, família, sindicatos e meios de comunicação de massa utilizam o consenso. Para Althusser, os aparelhos que usam o consenso são muito mais poderosos porque inibem a vontade das classes populares de lutar por melhores condições de vida.
Você concorda que os aparelhos ideológicos que utilizam o consenso são mais poderosos? Por quê? Na sua vida, você percebe a influência de aparelhos ideológicos? De que forma?
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Colocando a mão na massa 1. Leia as afirmativas abaixo e assinale a verdadeira: I. As relações entre sociedade e Educação só foram estabelecidas a partir dos anos de 1940. II. Muitos pensadores contribuíram para a formação da Sociologia da Educação que se desenvolveu muito a partir do ano de 1940, mas que continua sendo um campo m al delimitado de estudo. III. Atualmente o pensamento de Durkheim é totalmente superado, embora os pesquisadores reconheçam suas contribuições. a. Todas as afirmativas são verdadeiras. b. Todas as afirmativas são falsas. c. Apenas a alternativa I é verdadeira. d. Apenas a alternativa II é verdadeira. e. Apenas a alternativa III é verdadeira. 2. Leia a citação a seguir: “Agora, classe, aprenderão a pensar sozinhos de novo. Aprenderão a saborear palavras e a linguagem. Não importa o que digam, palavras e ideias podem mudar o mundo (…). Não lemos nem escrevemos poesia porque é bonitinho. Lemos e escrevemos poesia porque somos humanos. A raça humana é repleta de paixão. E medicina, advocacia, administração e engenharia são objetivos nobres e necessários para manter-se vivo. Mas a poesia, beleza, romance, amor… é para isso que vivemos” (John Keating no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”). A partir do texto lido, analise as orações abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. O pensamento apresentado pelo professor do filme “Sociedade dos Poetas Mortos” tem forte ligação com a corrente funcionalista PORQUE ******ebook converter DEMO Watermarks*******
enxerga a sociedade como um organismo, em que cada grupo II. precisa executar suas funções. No caso dos alunos, o papel social é questionar os valores ensinados pelos grandes autores. a. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As duas afirmativas são verdadeiras, mas a II não justifica a I. c. Ambas as afirmativas são falsas. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira. 3. Utilizando o diálogo das questões anteriores, assinale a alternativa verdadeira: a. O professor do filme “Sociedade dos Poetas Mortos” tenta romper com o pensamento hegemônico. b. O professor segue as ideias de Durkheim que acreditava na centralidade do educador. c. O professor segue as ideias de Parsons que acreditava que a escola era um espaço de socialização. d. Todas as alternativas são verdadeiras e se complementam. e. Todas as afirmativas são falsas.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Sociedade dos Poetas Mortos. Direção: Peter Weir. Intérpretes: Robin Williams, Ethan Hawke e outros. Estados Unidos, 1989.
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O filme mostra um professor anticonvencional que estimula seus alunos a pensarem com a própria cabeça em uma rígida escola dos anos 1950. O filme ajudará a compreender o sistema educacional baseado no funcionalismo e a tentativa de um professor em alargar os horizontes intelectuais de seus alunos. Perfume de Mulher. Direção: Martin Brest. Intérpretes: Al Pacino, Chris O’Donnell e outros. Estados Unidos, 1992. Jovem estudante de origem humilde é pressionado pelo reitor da escola onde estuda a delatar os colegas responsáveis por um ato de vandalismo. Disposto a conservar os seus princípios éticos, o rapaz encontrará em um genioso militar reformado e cego um grande amigo e aliado. O filme ajudará a compreender a escola como instituição que pode desenvolver ou tolher a autonomia de pensamento e até mesmo transformar-se em um aparelho coercitivo. O artigo científico “Sociologia da Educação: Uma Análise de Suas Origens e Desenvolvimento a partir de um Enfoque da Sociologia do Conhecimento” descreve as principais correntes teóricas utilizadas nas pesquisas de Sociologia da Educação. Disponível em:
. Acesso em: 25 fev. 2011.
O resumo do resumo > A Sociologia da Educação surgiu no início do século XX. > O sociólogo francês Émile Durkheim contribuiu muito para a Sociologia da Educação. > A corrente teórica utilizada por Durkheim era o funcionalismo. > A Sociologia da Educação ganhou maior importância como ciência a partir dos anos 1940. > Até os anos 1960 predominou a corrente funcionalista nas pesquisas de Sociologia da Educação. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
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A partir dos anos 1960 e durante os 1970 predominou a corrente marxista.
> O funcionalismo, marxismo, fenomenologia e etnometodologia são as principais correntes teóricas utilizadas em pesquisas de Sociologia da Educação.
Para ficar ligado Converse com um colega e debata quando e como a televisão funciona como um aparelho ideológico, que utiliza o consenso, para reforçar o poder estabelecido. E quando e como a televisão se torna uma aliada das classes populares. Exemplifique. A partir do debate, redija um resumo em tópicos sobre as principais ideias discutidas.
Gabarito 1. b 2. c 3. a
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Capítulo 2 As Contribuições da Sociologia da Educação
Quebrando o gelo Leia a frase abaixo, relacione-a com o seu conhecimento de mundo e escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) concordando ou discordando da citação a partir das suas experiências e leituras. “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo.” (Nelson Mandela)
Colocando em pratos limpos Quais foram os principais conceitos que ajudaram a construir a sociologia da educação? Qual é a grande semelhança entre o pensamento de Durkheim, Marx e Weber?
Principais conceitos Os autores que formaram o grupo de pensadores da sociologia do conhecimento possuíam pontos de encontro por mais diferentes que fossem suas correntes teóricas. Para Émile Durkheim, como você viu no capítulo anterior, a escola servia para socializar as pessoas e as crianças eram educadas de acordo com o seu meio social. Na sociedade possuímos vários papéis (filho, mãe/pai, profissional, praticante de uma determinada religião etc.). A educação nada mais é que um mecanismo que nos prepara para a execução de tais papéis. Devemos fazer o que a sociedade de um modo geral e, principalmente, o que os nossos grupos sociais esperam de nós. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Durkheim pensava que “é uma ilusão acreditar que podemos educar nossos filhos como queremos”. Você concorda com tal afirmação? É possível educar os filhos à parte das normas e valores dos grupos e da classe social que fazemos parte?
É bom lembrar que o grupo social é algo mais específico que a classe social. Existem as classes divididas pelo poder aquisitivo de cada uma. O grupo social é formado pelas pessoas que fazem parte do nosso cotidiano. Familiares, amigos, colegas, membros de uma mesma Igreja, do sindicato, de um grupo de pesquisa, de um grêmio estudantil, de uma associação de bairro, de um clube etc. Familiares e amigos formam o nosso grupo primário! Colegas, moradores de um mesmo condomínio, sócios de um clube, sindicato, associação de bairro, grupo de pesquisa etc. formam os grupos secundários. Dentro dos grupos secundários, normalmente, fazemos amigos que passam a integrar o nosso grupo primário! Por exem plo: em um curso de inglês com 20 alunos, fazemos amizade mais estreita com uma ou duas pessoas. É com a sociedade de um modo geral, com a nossa classe social e principalmente com os nossos grupos que nos preocupamos antes de praticar uma ação. Muitas vezes escolhemos a nossa profissão, influenciados pela família. Nos vestimos de acordo com a nossa classe social e às vezes até mesmo decidimos namorar ou não alguém por causa de nossos familiares e amigos. Os filmes a que assistimos, os livros e revistas que lemos, as músicas que ouvimos, os lugares que frequentamos, também se relacionam aos nossos grupos sociais. Enfim, as escolhas são influenciadas pelo meio em que vivemos. Para Durkheim, a Educação servia para ensinar o nosso lugar na sociedade. Por exemplo: como deve agir e o que se espera do membro de uma família de classe média, da religião católica? O que se espera de alguém que decide ser professor? Quais atitudes essa pessoa deve adotar?
Para Durkheim ter uma profissão era muito mais que dominar um conjunto de técnicas e/ou teorias. É necessário apresentar um comportamento adequado à carreira escolhida.
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Para Marx já era possível por meio da educação buscar melhores condições de vida para as classes populares. Marx via na escola uma ferramenta da classe dominante para impor as suas verdades e valores às populares. A escola piorava a situação de alienação daqueles que só podiam vender sua força de trabalho. Marx acreditava em uma escola que pudesse abrir os olhos das camadas ope rárias para as injustiças sociais.
Você concorda que é possível diminuir as desigualdades sociais por meio de um bom sistema educacional? Ou na realidade o que decide mesmo o lugar de cada um são as leis de mercado, independentemente do que se ensina em sala de aula?
Para Max Weber, sociólogo alemão, não era possível emancipar por meio da educação. Como Marx, compreendia que a escola precisava ser analisada no contexto social. Porém, para Marx a escola poderia oprimir ou emancipar os indivíduos. Para Weber, a sociedade não é algo externo a nós. Os valores e normas que compartilhamos não pairam sobre nós, mas intermedeiam as nossas relações. Os valores e normas foram criadas por pessoas como nós, no passado, e podem ser mudados. A sociedade com as suas normas e valores não é uma “vilã”. Mas, as mudanças sociais que consolidaram as sociedades capitalistas que necessitam de mão de obra especializada e bem treinada para trabalhar nos setores burocráticos do Estado e nas grandes empresas conduziram a educação para um caminho menos humanitário. A educação formalista, humanista e desinteressada, defendida por Gramsci, parece utópica a Weber. Entende-se por desinteressada uma educação não utilitária. Isto é, conhecimentos que não serão utilizados para o desempenho de uma determinada profissão, porém contribuirão na formação intelectual dos indivíduos.
Você concorda que as escolas e universidades devem realmente se centrar apenas em transmitir conhecimentos que facilitem a entrada no mercado de trabalho?
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Para Durkheim a escola socializava e democratizava o conhecimento. Para Marx, a escola oprimia ou emancipava. Para Weber, preparava para as funções necessári n ecessárias as à manuten m anutenção ção das sociedades capitali capitalistas stas.. A Sociologia da Educação é uma disciplina muito importante porque insere os objetivos e desafios educacionais no contexto da disputa de classes, das desigualdades sociais e reflete sobre o seu possível poder emancipatório. Esta disciplina bebeu de muitas fontes para surgir. Além de conceitos básicos da sociologia, utilizou o pensamento de filósofos e de intelectuais políticos. Muitas vezes imaginamos que fazer política é algo restrito aos governantes, partidos e sindicatos. No entanto, a política está presente em todas as esferas da sociedade: na família, na escola, na Igreja, no ambiente de trabalho. Existe Existe uma um a dimensão dime nsão da política relacionada relacionada a poder. Na escola, mais que aprender aprende r as normas, norm as, valores e saberes necessá ne cessários rios ao bom convívio social conhecemos as relações de poder e de hierarquia. A escola, a Igreja e a família são as instituições responsáveis pela socialização. São elas que nos ensinam o que é certo e o que é errado, o que é moral e imoral, como devem os agir nas mais variadas situações. situações.
Quantas crianças já não se perguntaram por que precisam ir à escola? Muitas gostariam de aprender a ler, a escrever, a fazer as primeiras operações em casa com a ajuda de um professor particular. Um professor poderia alfabetizar, ensinar conceitos fundamentais de diversas disciplinas, mas a socialização somente poderia acontecer de forma completa na interação com outras crianças.
Como você viu anteriormen anteriormente, te, não é possível possível compree compreender nder a educação educação fora do contexto con texto social, portanto ela e la é impensável impe nsável sem a sociologia. Por se tratar tratar de uma área interdisciplinar, a educação necessita dos fundamentos teóricos de muitas ciências como a Antropologia e a Psicologia. Necessita também da Filosofia. Filosofia. Por meio da sociologia, a escola foi identificada como uma das mais importantes instituições que promovem a socialização e aplicam sanções para quem desrespeita as normas e os o s valores sociais sociais.. ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
Colocando a mão na massa massa 1. Leia as frases abaixo abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. A escola é a principal instituição responsável pela transmissão dos valores e norm n ormas as sociais. sociais. II. Para Durkheim, os colegas de escola e professores fazem parte do grupo prim ário das pessoas. pessoas. III. Grupo social social é um a outra forma form a de dizer classe social. social. IV. A família e a escola são as principais instituições responsáveis pela transmissão transmissão dos do s valores e normas norm as sociais. sociais. a. As alternativas I e III são verdadeiras. b. As alternativas IIII e IV são verdadeiras. verd adeiras. c. As alternativas II, III III e IV são verdadeiras. verd adeiras. d. Apenas a alternativa I é verdadeira e . Apenas a alternativa IV é verdadeira. 2. Leia as afirmativas abaixo abaixo e assinale assinale a alternativa verdadeira: I. A sociologia da educação surgiu porque não é possível compreend compre ender er a educação fora do contexto contex to social. social. II. Não é possível compreender a educação fora do contexto social porque é na escola que somos socializados e aprendemos a agir de forma adequ ada à harmonia social. social. III. Não é possível compreender a educação fora do contexto social porque é na escola que nos são transmitidos conhecimentos importantes para desem penharmos penh armos variadas funções na sociedade. a. A afirmativa I é verdade ver dadeira ira e a II a justifica. justifica. b. A afirmativa I é verdade ver dadeira ira e a III a justifica. justifica. c. A afirmativa afirm ativa I é falsa. d. A afirmativa I é verdade ver dadeira ira e as II e III as justificam. justificam. e . A afirmativa I é verdade ver dadeira, ira, mas as II e III não as justificam. justificam. ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
3. Analise a frase a seguir e a partir dos conhecimentos adquiridos no capítulo, capítulo, assinale a alternativa verdadeira: bullying é mais uma consequência do desajuste familiar “…a questão do bullying é e conjugal.” Disponível em: . e/24397>. Acesso em: e m: 25 fev. 2011. a. A afirmativa é falsa. Problemas familiares não têm relação com o bullying bullying que por ocorrer na escola deve ser combatido pelos professores. b. A afirmativa é verdadeira. Problemas familiares têm relação com o bullying, bullying, mas por tal prática acontecer no ambiente escolar, os pais nada podem fazer para impediimped i-lo. lo. c. A afirmativa é verdadeira. Escola e família devem trabalhar juntas bullying, pois ambas as instituições são para combater o bullying, responsáveis pela socialização das crianças e adolescentes. bullying. Problemas familiares estão relacionados ao bullying. d. A família deve ajudar a com combater bater o bullying porque bullying porque juntamente com a escola é responsável pela socialização das crianças e bullying. adolescentes, porém problemas problem as familiares familiares não geram o bullying. e. Todas as afirmativas anteriores anterio res são falsas.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros livros ficcionais, ficcionais, músicas músicas e até mesmo m esmo programas program as televisivos! televisivos! A seguir seg uir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Jane Eyre. Eyre. Direção: Franco Zeffirelli. Intérpretes: William Hurt, Charlotte Gainsbourg, Anna Paquin e outros. Estados Unidos, Reino Unido, França e ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
Itália, 1996. Baseado no famoso romance inglês de Charlotte Brontë, a primeira fase do filme mostra a rígida educação que meninas recebem em um orfanato em meados do século XIX. A protagonista torna-se preceptora (professora particular que também transmite normas sociais) na fase adulta, melhor função possível para uma jovem de origem humilde que teve acesso à educação. O filme ajudará a compreender a escola como transmissora dos valores e normas sociais além do peso moral da educação, mesmo quando ministrada particularmente. Pai Patrão. Direção: Paolo e Vittorio Taviani. Intérpretes: Omero Antonutti, Saverio Marconi e outros. Itália, 1977. O filme mostra a importância da escola para o desenvolvimento intelectual e humano. O filme ajudará a compreender como a educação transforma e liberta as pessoas, ampliando o leque de possibilidades e ajudando-as a combater todos os tipos de dominação. O artigo científico “Socialização na Escola: Transições, Aprendizagem e Amizade na Visão das Crianças”, apresenta uma pesquisa etnográfica realizada em Porto Alegre com oito crianças. Disponível em: . Acesso em: 25 fev. 2011.
O resumo do resumo > Para Durkheim não era possível educar os filhos como queremos. A escola nos ensina o nosso lugar na sociedade e como devem os agir. > Nossas escolhas são influenciadas pela sociedade e principalmente por nossos grupos sociais. > Marx via a escola como uma ferramenta de manipulação das classes dominantes para impor suas verdades e valores. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Marx acreditava que a escola deveria alertar as classes operárias para as > desigualdades sociais, e incentivá-las a lutar por melhores condições de vida. > Weber acreditava que a escola não oprime nem emancipa; simplesmente prepara os indivíduos para a manutenção das sociedades capitalistas. > A sociologia da educação necessitou de conceitos de muitas ciências para ser construída. > A educação é impensável sem a contribuição da sociologia porque a escola faz parte do contexto social, e é uma das principais instituições responsáveis pela socialização.
Para ficar ligado Reflita sobre o seguinte tema: a escola onde você estudou te ajudou a reconhecer os mecanismos de manipulação existentes na sociedade? Te ajudou a enxergar as desigualdades sociais que muitas vezes são reforçadas pelo próprio sistema educacional? Redija um texto de aproximadamente 20 linhas (Arial 12) sobre o tema.
Gabarito 1. e 2. d 3. c
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Parte II Principais Contribuições para uma Sociologia da Educação
“Educar é crescer. E crescer é viver. Educação é, assim, vida no sentido mais autêntico da palavra.” (Anísio Teixeira)
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Capítulo 3 Da Visão de Consenso ao Paradigma do Conflito: Auguste Comte, Émile Durkheim e Pierre Bourdieu
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) utilizando o seu conhecimento de mundo sobre a importância da figura do professor. Use exemplos da sua vida. Reflita sobre os professores que mais fizeram a diferença em sala de aula.
Colocando em pratos limpos Quais foram os conceitos e correntes que contribuíram para a formação do funcionalismo? Quais são as relações entre o pensamento de Durkheim, Auguste Comte e Pierre Bourdieu?
Principais conceitos A Revolução Industrial reestruturou a sociedade, gerando novos problemas e crises que precisavam ser solucionadas. A associação de tais problemas com uma forma de pensamento mais racional, herdada dos iluministas do século XVIII, gerou a necessidade de uma disciplina que tratasse dos problemas relacionados à vida social. Tornou-se importante investigar as relações de poder que regem a sociedade. No final do século XIX começaram a surgir as ciências sociais. Os fenômenos naturais eram observados e analisados por meio da corrente positivista, que teve o pensador francês Auguste Comte como um ******ebook converter DEMO Watermarks*******
dos seus fundadores. Comte pretendia criar uma espécie de “física social” que fosse capaz de descrever os fenômenos da sociedade, utilizando os mesmos métodos aplicados aos naturais. Porém, os problemas sociais eram tão complexos e específicos que se tornou necessário pensar em outros métodos de investigação, próprios para as novas disciplinas. Para as ciências sociais é fundamental compreender os fenômenos, muito mais que simplesmente descrevê-los. O positivismo entende o conhecimento como algo obtido por meio da observação dos fenômenos, dentro de uma situação controlada, eliminando fatores qualitativos. Esta corrente se alinhou bem às necessidades das pesquisas em ciências naturais, em que o mais importante é descrever os fenôm enos dentro de alguns padrões estabelecidos pelos cientistas. No caso das ciências sociais não existe a possibilidade de colocar em segundo plano os fatores qualitativos. Isto é, mais que descrever os fenômenos é preciso compreendê-los dentro dos mais variados contextos: econômico, político, cultural etc. Um mesmo costume, por exemplo, pode ser bem aceito ou rejeitado dependendo da época, do local etc. Além de levar em consideração os aspectos qualitativos, o pesquisador social, em alguns mom entos, pode necessitar se posicionar. Diferentemente das ciências naturais, em que o cientista observa o objeto de fora, o pesquisador social, até pelo tipo de objeto que analisa, pode acabar adotando em alguns casos uma posição ideológica. Não existe neutralidade em ciências sociais. Diferentemente das naturais, em que o cientista observa o objeto de fora, o pesquisador social precisa adotar uma posição ideológica. Por exemplo: a análise de como uma bactéria reage a uma toxina ou de como um vírus sofre mutações não exige um posicionamento ideológico por parte do pesquisador. Em ciências sociais os investigadores pesquisam os costumes, os modos de produção, as relações familiares, as tradições, a dinâmica entre os membros de um mesmo grupo social, as interações entre grupos diversos, o que muitas vezes faz o pesquisador adotar uma postura favorável ou contra determinado costume e/ou grupo. Ao analisar o vírus em mutação, o pesquisador se centra em descobrir ******ebook converter DEMO Watermarks*******
uma forma de neutralizá-lo por meio de um antibiótico, por exemplo. No caso das ciências sociais, ao pesquisar, por exemplo, por que em determinada cultura as meninas precisam casar muito cedo e não podem escolher seu parceiro, induz o pesquisador a se posicionar, mesmo que ele entenda e respeite o fato de que tal costume seja justificado pelas crenças, valores e normas daquela cultura.
No atual texto, deve-se entender por posição ideológica o conjunto de ideias, isto é, as crenças e valores do pesquisador. Não devemos confundir não neutralidade com não comprometimento ou falta de rigor científico. O pesquisador social precisa ser ético, respeitar seu método, entender que os costumes e valores de todas as culturas devem ser pensados com cuidado. Porém, ele precisa se posicionar contra ou a favor de determinado costume, valor, favorecer mudanças que melhorem a vida de um grupo social, de uma comunidade etc. Ou simplesmente se deter na análise criteriosa, mesmo que nenhuma mudança efetiva seja realizada.
O positivismo, que gerou o funcionalismo e o estruturalismo, foi a primeira corrente a propor um método sistemático de pesquisa, que se aplicou muito bem às ciências naturais. Para Comte e para o positivismo, os objetos, tanto naturais como sociais, só podiam ser conhecidos a partir dos fenômenos, da forma como eles se apresentam e nós captamos por meio da observação e da experimentação. Por desconsiderar a subjetividade, o positivismo é bastante criticado como método de pesquisa social. Para os pesquisadores de hum anidades o importante é compreender os objetos analisados, conhecer e entender seu valor simbólico, representativo; como tais valores interferem na vida dos indivíduos e de que forma as pessoas fornecem valores diferentes a partir de suas experiências. A fenomenologia que se desdobrou em muitas outras correntes é o método utilizado por muitas ciências humanas. A hermenêutica, corrente derivada da fenomenologia, é utilizada pelas pesquisas na área de comunicação, pois tal linha teórica se propõe a analisar e a interpretar as expressões simbólicas das produções humanas. Porém, muitas pesquisas que utilizam a fenomenologia e as correntes originadas dela ainda se ******ebook converter DEMO Watermarks*******
apoiam em alguns pressupostos estruturalistas, corrente gerada pelo positivismo. Veja alguns dos pensamentos de Comte. “A moral consiste em fazer prevalecer os instintos simpáticos sobre os impulsos egoístas.” “A liberdade é o direito de fazer o próprio dever.” “Ninguém possui outro direito senão o de sempre cumprir o seu dever.”
Em alguns casos, basta compreender os objetos de estudo. Nas pesquisasação é preciso que a compreensão esteja relacionada a uma prática que interfira diretamente na vida de uma determinada comunidade, com ações efetivas. Nas participantes, o pesquisador precisa se inserir no contexto analisado. Como você verá posteriormente, para Max Weber, os cientistas devem respeitar a subjetividade do mundo social, levando em consideração os significados atribuídos pelas pessoas envolvidas nos processos e fenômenos. Como você viu no capítulo anterior, o funcionalismo enxerga a sociedade como um conjunto de órgãos. Essa corrente enfatiza as relações existentes entre os variados componentes que formam uma cultura ou sociedade, comparando-os com órgãos de um ser vivo. Embora o funcionalismo tenha nascido do pensamento dos positivistas Émile Durkheim e Herbert Spencer, ele se consolidou como método de investigação social por meio do antropólogo Bronislaw Malinowski. A ideia central do funcionalismo para Malinowski é que a sociedade precisa organizar-se de tal forma que seja capaz de suprir as necessidades básicas decorrentes da sua composição biológica e psíquica. O antropólogo Radcliffe-Brown acrescentou a noção de estrutura ao funcionalismo. Isto é, cada órgão possui uma função que deve ser bem desempenhada. Quando um dos órgãos funciona mal, prejudica o organismo como um todo. Enfim, não é possível pensar a escola, um órgão social, separadamente da família, da Igreja, das instituições políticas etc. Quando uma parte vai mal, interfere nas outras. Um sistema educacional deficiente acarreta consequências. E, provavelmente, seus pontos falhos ******ebook converter DEMO Watermarks*******
têm relação com as lacunas de outros “órgãos” da sociedade. Para o funcionalismo o papel das ciências sociais é detectar as relações funcionais de forma objetiva, descrevendo e expondo suas relações e articulações, utilizando o empirismo. O empirismo é uma herança positivista. Fazer uma pesquisa empírica é utilizar a experimentação para analisar um objeto.
O estruturalismo, como o próprio nome diz, divide a sociedade em estruturas interdependentes. O mau funcionamento de uma interfere nas outras.
Como você viu anteriormente, o funcionalismo ainda é utilizado em muitas pesquisas sociais. Porém, em alguns meios, não é bem-visto pois sua origem está associada a ideologias conservadoras. O antropólogo brasileiro Florestan Fernandes discordava da rejeição que tal linha sofre em alguns meios, alegando que é possível conciliar o funcionalismo como corrente teórica, como método de pesquisa, com as mais variadas ideologias. Sobre o funcionalismo, ele disse: “Os conhecimentos empíricos e teóricos, fornecidos por esse método, são igualmente úteis e potencialmente exploráveis sob quaisquer ideologias.”
Veja um importante pensamento de Durkheim. “O papel do Estado, com efeito, não é exprimir, resumir o pensamento irrefletido da multidão, mas sobrepor, a esse pensamento irrefletido, um pensamento mais meditado e, por força, diferente. É, e deve ser, foco de representações novas, originais, as quais devem pôr a sociedade em condições de conduzir-se com maior inteligência que quando é simplesmente movida dos sentimentos obscuros, a agir dentro dela.”
Como você viu anteriormente, Durkheim foi um dos fundadores da disciplina Sociologia da Educação, propondo o funcionalismo como método de pesquisa. Para Durkheim a escola deveria preparar os indivíduos para viver harmoniosamente em sociedade, cumprindo suas funções.
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Você concorda com o pensamento de Durkheim? Acha possível colocar em segundo plano as vontades individuais em nossa época marcada pelo individualismo?
Para Durkheim, mais importante que realizar as vontades individuais era se ajustar ao todo, à sociedade. Compreendia tal processo de inserção como inevitável. Nossos modos de agir, de pensar e de sentir estão condicionados aos modos transmitidos pela sociedade. Veja outro importante pensamento de Durkheim. “O devoto, ao nascer, encontra prontas as crenças e as práticas da vida religiosa; existindo antes dele é porque existem fora dele. O sistema de sinais de que me sirvo para exprimir pensamentos, o sistema de moedas que emprego para pagar dívidas, os instrumentos de crédito que utilizo nas relações comerciais (…) funcionam independentemente do uso que faço delas. (…) Estamos, pois, diante de maneiras de agir, de pensar e de sentir que apresentam a propriedade marcante de existir fora das consciências individuais.”
Pelo pensamento de Durkheim não tem os como fugir das verdades sociais e a escola, como órgão da sociedade, tem como função transmitir as normas e valores, plantá-las na mente das crianças. Desta forma, reforça-se a ideia de que para Durkheim a escola não possuía caráter emancipatório e sim regulatório.
Você concorda com o pensamento de Durkheim sobre as instituições? Reflita sobre situações em que você se sentiu tolhido em suas vocações e desejos por causa de alguma instituição. Pode ser escola, família, Igreja…
Veja alguns dos pensamentos de Durkheim. “Toda educação consiste num esforço contínuo para impor às crianças maneiras de ver, sentir e agir às quais elas não chegariam espontaneamente.” “Ao mesmo tempo que as instituições se impõem a nós, aderimos a elas; elas comandam e nós as queremos; elas nos constrangem, e nós encontramos vantagens em seu funcionamento e no próprio constrangimento.”
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Pelas frases de Durkheim é possível perceber que ele enxergava as instituições, incluindo a escola, como estruturas ambíguas. O que oprime é ao mesmo tempo o que regula, harmoniza. Trocando em miúdos, as instituições são um mal necessário… Na segunda metade do século XX, surgiu um importante sociólogo francês que utilizou o pensamento de Durkheim, ampliando-o para defender a ideia de que a escola está completamente vinculada à sociedade, de tal forma que a primeira reproduz as estruturas da segunda. Reproduzir as estruturas sociais é conservar os valores das classes dominantes. A escola para Pierre Bourdieu nada mais é que um reprodutor das relações sociais, com suas classes dominantes e dominadas. Pierre Bourdieu acreditava que por trás de uma falsa neutralidade, a escola incutia na cabeça dos alunos os valores das classes dom inantes, e que o meio educacional selecionava as pessoas mais adequadas para dar continuidade à ordem vigente.
Resumindo: a escola para Bourdieu não tinha poder emancipatório. Não era possível transformar por meio da escola, pois esta está totalmente submetida à sociedade. Você concorda que a rotina educacional interfere na familiar e vice-versa? Reflita sobre as formas que a escola interferiu em sua vida, na construção da sua cidadania, nos relacionamentos pessoais e relações sociais.
Para Bourdieu, na maioria das vezes, mesmo aqueles que se consideram isentos de determinadas regras e valores sociais, agem de acordo com o sistema vigente, normalmente de forma inconsciente. Partindo da base funcionalista de Durkheim, mas influenciado pelas visões marxistas, que você conhecerá melhor no próximo capítulo, Bourdieu analisou a educação na perspectiva do conflito: um espaço onde os dominantes tentam reproduzir o mode lo de dom inação. Veja um importante pensamento de Bourdieu. “Nada é mais adequado que o exame para inspirar o reconhecimento dos veredictos escolares e das hierarquias sociais que eles legitimam.”
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Para entendermos o pensamento de Bourdieu, precisamos conhecer dois conceitos muito importantes: Habitus e Capital Cultural. O conceito de Habitus diz respeito à incorporação e à aceitação de valores de uma determinada estrutura social por todos, confirmando-os e reproduzindo-os, mesmo que inconscientemente. Como você viu neste capítulo, muitas vezes, sem perceber, mesmo as pessoas mais comprometidas com a educação se deixam conduzir pelos padrões estabelecidos socialmente. Já o conceito de Capital Cultural se relaciona ao acúmulo de conhecimentos e diplomas que diferenciam as pessoas socialmente, dividindo-as em grupos considerados superiores e inferiores. Em sua obra, Bourdieu deu mais peso à violência simbólica que às desigualdades econômicas. Como assim? Para o sociólogo francês, o que mais separava as pessoas era a dominação de alguns grupos que definem o que é belo, feio, de bom gosto ou de mau gosto, estipulando estilos de vida. Não somente a escola, mas outras instituições e estruturas sociais legitimam o poder estabelecido por meio de um discurso conciliador. Na escola existem os alunos mais valorizados por trazerem de casa uma bagagem cultural maior. A classe dominante define os gostos estéticos e até mesmo nas relações de gênero, as mulheres reforçam a dominação masculina, muitas vezes, de forma inconsciente.
Para Pierre Bourdieu o pensamento de Durkheim e o estruturalismo, corrente de pensamento derivada do positivismo, explicavam como os indivíduos eram capazes apenas de reproduzir as determinações fornecidas pela estrutura vigente. Isto é, para Bourdieu os indivíduos estão sujeitos completamente às determinações da sociedade. Você concorda com o pensamento de Pierre Bourdieu? Estamos condenados a reproduzir estruturas? Mesmo as pessoas que pensam romper com o sistema vigente estão dominadas por ele?
Retomando o contexto educacional, para Bourdieu, a escola deveria partir da estaca zero. Como assim? Desconsiderar o que cada estudante traz de casa, os conhecimentos adquiridos em sua família, em sua classe e grupos sociais. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
A bagagem maior de alguns constrange aqueles que acumularam menos conhecimentos considerados importantes para as classes dominantes e aceitos por todos. Com o passar do tempo, o olhar de Bourdieu foi se tornando cada vez mais pessimista e o pensador, que imaginava ser possível fazer algo para diminuir as desigualdades sociais em sala de aula, aceitou com amargura que a reprodução dos valores dominantes pelo ambiente educacional era uma verdade im utável e incontestável. Muitos autores posteriores relativizaram o pessimismo de Bourdieu, revelando um a luz no fim do túnel, defendendo a ideia de que nem sempre a escola reproduz as desigualdades sociais. No entanto, o fundamental do pensamento de Bourdieu não foi negado.
Colocando a mão na massa 1. Leia o fragmento abaixo e as afirmativas relacionadas a ele. Assinale a alternativa verdadeira de acordo com o CONTEXTO da citação: “Mais uma vez, é meu dever lembrá-las de que não estamos aqui para mimá-las. Vocês estão aqui porque Deus, na Sua sabedoria, escolheu fazer de vocês, órfãs e dependentes da caridade de outros. Dependem de outros na fome e na sede. Deem-se por felizes.” (Fragmento retirado do filme “Jane Eyre”, de Delbert Mann.) I. Pela citação acima é possível perceber que as meninas acolhidas em um orfanato precisam compreender desde cedo o lugar pouco privilegiado que ocupam no mundo. II. Pode-se dizer que a situação apresentada no livro “Jane Eyre” e em suas versões cinematográficas revela que em meados do século XIX, na Inglaterra, vigorava nas instituições de ensino, incluindo orfanatos, a necessidade de desenvolver o senso de dever nas crianças. III. De forma subjacente, fica clara a ideia de que o mundo necessita de órfãos. Que as crianças necessitadas da caridade alheia, de alguma forma, contribuem para a funcionalidade da sociedade. É natural ter órfãos e que sejam tratados como inferiores. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
a. As afirmativas I e II são verdadeiras. b. As afirmativas I e III são verdadeiras. c. As afirmativas II e III são verdadeiras. d. Apenas a I é verdadeira. e. Todas são verdadeiras. 2. Relacione a citação da questão anterior com a afirmação abaixo. Assinale a alternativa verdadeira: “É natural que as meninas órfãs aceitem sua situação desfavorecida porque na sociedade, como nos organismos vivos, existem pessoas e órgãos com funções menos importantes.” a. A citação revela o pensamento funcionalista, herdado do positivismo. b. A citação acima não pertence a nenhuma corrente de pensamento. c. A citação acima revela o pensamento positivista, que não foi incorporado pelos funcionalistas. d. A citação acima pertence à fenomenologia, que se propõe a subjetivar as pessoas e os objetos. e. Todas as afirmativas são falsas. 3. No filme “Perfume de Mulher”, indicado no capítulo anterior, o personagem protagonista, interpretado por Al Pacino, um militar reformado cego questiona o tipo de líder que a consagrada escola Baird pretende formar. Estimulados e até mesmo pressionados pelo reitor a realizar a prática da delação, o personagem de Al Pacino, em um belo e fervoroso discurso, defende a ideia de que os líderes são feitos de coragem e integridade. Reflita sobre o enunciado da questão, relacione-o com os conceitos apresentados no capítulo e assinale a alternativa verdadeira: a. Na escola, o aluno deve obedecer sempre, respeitando a hierarquia. b. Na escola, o aluno deve respeitar a hierarquia, porém não pode ser constrangido pelos professores e diretores a adotar atitudes antiéticas. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
c. Se levarmos ao pé da letra o pensamento funcionalista, os alunos do filme deveriam delatar seus colegas a fim de respeitar as orientações do reitor. d. Não podemos considerar a atitude do reitor do filme como ligada ao pensamento funcionalista. O funcionalismo pregava a obediência e submissão dos alunos no que diz respeito à transmissão de regras e valores morais. Ao induzir um aluno a fazer algo antiético, o reitor está extrapolando seu poder. e. As alternativas b e d são verdadeiras.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. O Sorriso de Mona Lisa. Direção: Mike Newell. Intérpretes: Julia Roberts, Kirsten Dunst e outros. Estados Unidos, 2003. Nos anos 1950, professora de arte, anticonvencional, é contratada para lecionar em tradicional escola que tem como objetivo preparar as mulheres para se tornarem bo as esposas e mães. No entanto, a professora extrapola o conteúdo estipulado pela escola, ensinando lições de vida e mostrando às alunas outras possibilidades. É pressionada a se adequar ao sistema, caso pretenda manter o emprego. O filme ajudará a compreender as relações sociais repressoras respaldadas pelas instituições de ensino. Paixão Proibida. Direção: Michael Winterbottom. Intérpretes: Christopher Eccleston, Kate Winslet e outros. Inglaterra, 1996. Na Inglaterra, do final do século XIX, jovem restaurador de igrejas, de origem ******ebook converter DEMO Watermarks*******
camponesa, tenta entrar na universidade porque gosta muito de estudar e sonha em ser professor. Porém, para os padrões sociais da época, não era possível uma pessoa de origem humilde ingressar na academia. O filme ajudará a compreender a relação entre escola e sociedade, a primeira servindo de instrumento para a segunda manter suas estruturas de poder. O artigo “A Educação em Émile Durkheim” fala sobre o pensamento do sociólogo francês a respeito da escola, apresentado no livro “Sociologia e Educação”, de Durkheim. Disponível em: . Acesso em: 26 maio 2011.
O resumo do resumo > Os problemas e crises geradas pela Revolução Industrial impulsionaram o nascimento de disciplinas que investigassem os conflitos e processos sociais. > Auguste Comte, um dos fundadores do positivismo, corrente de pensamento que servia de base para as pesquisas dos fenômenos naturais, tentou criar uma “física social” que pudesse analisar os fenômenos culturais. > Pela complexidade e particularidade dos problemas sociais, o positivismo não deu conta de analisá-los, sendo necessário elaborar outros métodos de pesquisas para as novas disciplinas, que começaram a surgir no final do século XIX. > Do positivismo, surgiu o funcionalismo e o estruturalismo. > O funcionalismo foi a primeira corrente de pensamento utilizada para estudar os objetos da sociologia, incluindo os da educação. > Émile Durkheim foi um dos grandes fundadores da sociologia da educação, utilizando o funcionalismo para analisar as relações entre escola e sociedade. > Para o funcionalismo, a sociedade é como um organismo vivo, em que cada órgão desempenha uma função. Alguns são considerados mais importantes que outros e isso é natural. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
> Para Durkheim, a escola devia transmitir os valores e norm as sociais aos alunos, para que pudessem viver harmoniosamente em sociedade, cada um ocupando o seu lugar. > Embora o funcionalismo seja criticado como corrente de pensamento por sua origem conservadora ainda é utilizado em m uitas pesquisas.
Para ficar ligado Converse com um ou dois colegas sobre as atitudes dos professores e alunos que contribuem para o processo de aprendizagem. Uma relação mais formal ajuda na organização e dinâmica da aula? Deve existir mais diálogo entre alunos e professores a fim de auxiliar os estudantes no processo de construção do conhecimento? Como a liberdade e a responsabilidade devem ser dosadas em sala de aula? Até que ponto o aluno é responsável pela construção do conhecimento? Escolham um representante para expor oralmente as ideias principais levantadas e discutidas pela dupla ou tr io.
Gabarito 1. e 2. a 3. e
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Capítulo 4 A Corrente Marxista: Karl Marx, Antonio Gramsci e Louis Althusser
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) utilizando o seu conhecimento de mundo sobre a importância da escola para as pessoas. Use exemplos da sua vida. Reflita sobre os ensinamentos recebidos. De que forma as disciplinas escolares o ajudaram a crescer e a se desenvolver como ser humano? Quais atividades despertaram alguma vocação ou habilidade especial?
Colocando em pratos limpos Quais foram as contribuições de Marx, Engels, Gramsci e Althusser para a escola de hoje? Quais eram os pontos em comum entre o pensamento de Marx e Gramsci?
Principais conceitos Como você viu no capítulo anterior, Durkheim via na escola uma ferramenta de socialização. Enfim, por meio dela os alunos aprendem a viver harmoniosamente em sociedade, cientes do lugar que ocupam. Para Marx, a coisa era um pouco diferente. O sociólogo, economista, militante político e, por que não, filósofo alemão, acreditava que a escola precisava ser entendida no contexto da sociedade e, como Durkheim, via esta como algo exterior aos indivíduos, algo que paira sobre todos nós. Na visão de Marx a escola podia oprimir ou emancipar as pessoas, dependendo da educação oferecida. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Para Marx e Engels não existe um único conceito de Educação. Esta varia de acordo com a classe social a que a criança ou jovem pertence.
Veja um importante pensamento de Marx. “Os filósofos limitaram-se a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo.”
Como você viu anteriormente também, a Revolução Industrial reestruturou a sociedade, trazendo novos problemas e crises que precisavam ser solucionadas. Da necessidade de analisar e compreender tais fenômenos surgiram as disciplinas voltadas ao estudo da sociedade. Conforme Marx, o capitalismo gerou uma separação entre o trabalhador e o fruto de seu trabalho. Como assim? Nas sociedades feudais, os produtos eram feitos artesanalmente, em pequena quantidade. Um sapateiro, por exemplo, confeccionava o sapato inteiro, participava de todas as etapas de elaboração do calçado. Com a ascensão da burguesia, muitos proprietários de instrumentos de trabalho começaram a reunir em galpões diversos artesãos para produzir em alta escala. Percebendo que a especialização do trabalho acelera o ritmo de produção, cada profissional foi colocado para desempenhar apenas uma tarefa. No caso dos sapatos, por exemplo, uns cortavam o couro, outros costuravam e assim por diante. O sistema de produção capitalista, realizado em alta escala, visando mais rapidez na produção e, consequentemente, mais vendas e lucros, não só levou à especialização excessiva dos trabalhadores, como também estabeleceu a troca do trabalho por um salário. Isto é, em troca de uma determinada quantidade de horas diárias, os operários passaram a receber um pagamento, quase sempre injusto.
Para Marx e Engels, independentemente do salário recebido, o sistema de trocar a força de trabalho por um pagamento em dinheiro é essencialmente injusto porque o capitalismo separa as pessoas do fruto de seu trabalho. Você concorda com tal pensamento? Na sua opinião, um trabalho bem remunerado compensaria essa separação?
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Segundo Marx a grande diferença entre o sistema capitalista e os escravagista e feudal é que o primeiro oprime tanto quanto os outros, mas não tem os consciência disso. Nas sociedades escravagistas, os escravos sabiam que eram obrigados por seus senhores a trabalhar de graça. No sistema feudal, os servos sabiam que eram explorados pelos donos das terras. Porém, no capitalista, consideramos natural trabalhar cerca de 10 horas por dia, por salários normalmente injustos.
Para Marx e Engels a divisão das tarefas no processo de produção separa os indivíduos de seu trabalho. Como assim? Os profissionais perdem a noção do todo, a capacidade de confeccionar integralmente um produto. A esta separação, Marx e Engels deram o nome de alienação. No dia a dia ouvimos falar de pessoas que são alienadas. O termo é usado para designar aqueles que se interessam e/ou entendem apenas de um assunto, sem uma visão geral e crítica da realidade.
Consideramos o sistema capitalista como natural, como a única forma possível de produção. Para muitos, incluindo Marx e Engels, a história da sociedade é sinônima da luta das classes. Em qualquer sociedade, há uma que domina e há outra ou outras que são dominadas. Quando as subjugadas lutam contra a opressão, um novo sistema é construído.
Nenhum sistema é natural. Os sistemas escravagista, feudal e capitalista são construções realizadas pelos homens. Portanto, podem ser repensados e reestruturados.
Veja um importante pensamento de Marx. “O dinheiro é a essência alienada do trabalho e da existência do homem; a essência domina-o e ele adora-a.”
Da mesma forma que Marx e Engels acreditavam que o Estado defendia os interesses da classe dominante, pensavam que a escola também transmitia a sua ideologia. Portanto, eram contra a escola do Estado! Marx e Engels ******ebook converter DEMO Watermarks*******
acreditavam que todas as crianças e jovens deveriam receber conhecimentos que estimulassem a mente, o corpo e os preparassem para lidar com as novas tecnologias. Por incrível que pareça, Marx e Engels não condenavam o capitalismo! Como assim? Os pensadores acreditavam que o capitalismo era uma etapa fundamental para a construção da sociedade comunista. Por quê? Para eles, o capitalismo tinha gerado m uitas riquezas que deveriam ser partilhadas nas sociedades comunistas, em que os meios de produção pertenceriam a todos, em que as classes sociais e o Estado seriam eliminados e todas as pessoas praticariam o trabalho manual juntamente com o intelectual. Marx acreditava que o revezamento dos dois tipos de trabalho servia de descanso para o homem. Como assim? Passar o dia inteiro realizando o mesmo tipo de atividade cansa qualquer um. Alternar atividades manuais com intelectuais, na opinião de Marx, fazia bem! Outro pensamento importantíssimo de Marx que merece destaque é a sua aceitação ao trabalho infantil. Como assim? A ideia parece estranha? Então Marx compactuava com o sistema capitalista que explora o trabalho infantil? Não! De forma alguma! Marx achava educativo para as crianças e jovens alternar estudo com trabalho. Porém, este precisava auxiliar no processo educacional, ser regulamentado e a jornada variar conforme a idade. Por exemplo: crianças de 9 a 12 anos, em sua opinião, deveriam trabalhar somente duas horas por dia enquanto jovens de 16 e 17 anos poderiam trabalhar 6 horas. Veja mais pensamentos de Marx. “As ideias dominantes numa época nunca passaram das ideias da classe dominante.” “A história da sociedade até os nossos dias é a história da luta de classes.” “O que distingue uma época econômica de outra, é menos o que se produziu do que a forma de o produzir.”
Para Marx, passar o dia inteiro na escola não era educativo. Em sua opinião, as crianças e jovens aprenderiam muito mais, intercalando estudo formal com o trabalho. O que você pensa disso? Se você pudesse escolher, aprovaria a ideia de empregar as crianças e jovens para auxiliá-los em seu processo
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educacional? Ou você acredita que os livros, a escola e os professores podem ensinar tudo o que é necessário a uma criança e a um jovem?
Para ele, a escola poderia oprimir ou emancipar. Era favorável a uma educação que conciliasse teoria e prática por meio de atividades manuais e intelectuais. Acreditava também que o corpo deveria ser disciplinado pela educação física. Via nos avanços tecnológicos algo bom, que deveria ser ensinado na escola também. A conciliação entre trabalho e escola era outra importante ideia defendida pelo pensador que sonhava com uma sociedade comunitária, em que tudo seria partilhado; em que não haveria divisão de trabalho ou uma classe dominante, que detivesse os meios de produção e controlasse as demais camadas, por meio da sua ideologia. Se, para Durkheim, a escola regulava a vida social, para Marx, esta deveria modificá-la. O intelectual italiano Antonio Gramsci compartilhava das principais ideias de Marx. Defendia uma escola formal e desinteressada, como você já viu anteriormente. Acreditava que todas as crianças e jovens deveriam ter acesso às mesmas informações e formação. Gramsci foi um dos fundadores do partido Comunista na Itália e entendia por educação formal e desinteressada uma série de conhecimentos que deveriam desenvolver o potencial intelectual que todas as pessoas possuem. Para Gramsci, todos nós somos intelectuais inatos. Veja alguns dos pensamentos de Gramsci. “Todos os homens são filósofos.” “Marx significa a entrada da inteligência na história da humanidade, significa o reino da consciência.” “Todo Estado é uma ditadura.”
Ele repaginou e transpôs o pensamento de Marx para o século XX, para as sociedades europeias e capitalistas da primeira metade do século passado. Gramsci percebeu que em tais sociedades o poder não se concentrava nas mãos do Estado. Ele era dividido com a sociedade civil, isto é, o poder está disperso entre as empresas, nas manifestações culturais, nos partidos, na ******ebook converter DEMO Watermarks*******
escola, na Igreja, nos meios de comunicação de massa, nos sindicatos, nos valores compartilhados pelas pessoas. Por tal motivo, para Gramsci, os grupos e classes revolucionárias precisavam ir além do ataque ao Estado. Precisavam revolucionar o cotidiano. Como você viu anteriormente, o Estado utiliza a dominação enquanto a sociedade usa como arma o consenso. Lembram-se dos aparelhos ideológicos comentados por Althusser?
Para Gramsci, a política precisa ser feita na sociedade; precisa ir além das esferas econômica e da força; precisa ser feita por meio das ideias.
Ampliando o pensamento de Marx, Gramsci apontou um outro tipo de divisão de classe. Se para o primeiro, as classes sociais eram basicamente duas, a que detém os meios de produção e a que vende sua força de trabalho, para o intelectual italiano, havia outra divisão que necessitava ser combatida: a separação entre intelectuais e pessoas comuns. Como você já viu, para ele todos possuem potencial intelectual.
Para Gramsci, não bastava lutar contra a exploração econômica. É preciso também combater a apropriação do saber por uma determinada classe social. O pensador italiano Nicolo Maquiavelli já havia defendido a ideia de que os soberanos obtêm melhores resultados quando são amados pelo povo ao invés de temidos. Isto é, no século XVI, o autor de “O Príncipe” já sabia que o consenso funciona melhor que a força. E você, o que pensa sobre o assunto? Seu rendimento escolar era melhor com os professores mais temidos ou com os mais queridos?
Além da divisão econômica analisada por Marx, Gramsci apontou a do conhecimento, fator de exclusão da maioria das pessoas. Além dos meios de produção, o acúmulo de conhecimento é uma forma de garantir que algumas pessoas tenham mais poder que outras. Quem é considerado intelectual acumula poder na vida política e social. Lembram-se do conceito de hegemonia apresentado no primeiro capítulo da Parte 1? Hegemonia é um termo elaborado por Gramsci para ******ebook converter DEMO Watermarks*******
designar o poder estabelecido. Enfim, os valores e verdades das classes dominantes. Para se obter poder nas sociedades capitalistas é preciso disputar a hegemonia. Gramsci considerava os intelectuais fundamentais para qualquer reestruturação social, pois são eles quem organizam a cultura; reconhecendo os fatores de injustiça, determinando a forma de vermos o mundo. Por isso, para esse intelectual, toda luta contra desigualdades e injustiças depende de armas morais e intelectuais. Retomando e ampliando o pensamento marxista, Gramsci defendeu uma escola que fornecesse uma formação humanística a todos, que estimulasse as capacidades intelectual e manual, para apenas depois profissionalizar. Porém, diferentemente de Marx, Gramsci acreditava que a escola pública perm itiria o acesso a todas as classes sociais. Você se lembra de que Marx não acreditava em uma escola que fosse pública? Pelo contrário. Desejava a eliminação do Estado, pois julgava que este sempre representa os interesses dos poderosos. Portanto, os filhos dos operários aprenderiam na escola a forma de pensamento das classes dominantes. Louis Althusser, filósofo francês, de origem argelina, nascido em 1918, também comungou das ideias marxistas e das de Gramsci, analisando a escola como uma ferramenta de opressão para as classes desprivilegiadas. De todos os aparelhos ideológicos que utilizam o consenso (escola, Igreja, família, meios de comunicação de massa, sindicatos etc.) via a escola como o mais eficaz de todos porque conduz os indivíduos ao consenso, à aceitação da ideologia dominante, do pensamento hegemônico, como definiria Gramsci. Althusser não exclui o poder de outros aparelhos como a Igreja e a família, porém ressaltou que as crianças e jovens passam grande parte de seu tem po na escola, o que facilita a transmissão e a assimilação da ideologia dominante no ambiente educacional. Para ele eram poucos os professores que conseguiam perceber e romper com o pensamento hegemônico. Muitas vezes, sem ter plena consciência, transmitiam com boa vontade a ideologia dominante. A escola que deveria preparar os alunos para a emancipação e transformação social, muitas vezes incute ideias ******ebook converter DEMO Watermarks*******
conformistas e acomodadas. De Marx, Althusser utilizou a visão revolucionária. A escola deveria contribuir na transformação social. Porém , o filósofo francês aproximou-se de seu conterrâneo Durkheim no que diz respeito ao método de pesquisa usado: o funcionalismo. Veja um importante pensamento de Althusser. “Em outras palavras, a escola (mas também outras instituições do Estado, como a Igreja e outros aparelhos como o exército) ensina o ‘know-how’, mas sob a forma de assegurar a submissão à ideologia dominante ou o domínio de sua ‘prática’. Todos os agentes da produção, da exploração e da repressão, sem falar dos ‘profissionais da ideologia’, (Marx) devem, de uma forma ou de outra, estar ‘imbuídos’ desta ideologia para desempenhar ‘conscienciosamente’ suas tarefas, seja a de explorados (os operários), seja de exploradores (capitalistas), seja de auxiliares na exploração (os quadros), seja de grandes sacerdotes da ideologia dominante (seus ‘funcionários’) etc.”
Resumindo, se para Durkheim e os autores que seguiram sua linha de pensamento, a escola era fundamental para regular a ordem social, para Marx e seus seguidores, o essencial era transformar a sociedade por meio de um sistema que preparasse as crianças e jovens para lutar contra o pensamento hegemônico e, consequentemente, eliminar as injustiças sociais. Muitos sociólogos e antropólogos brasileiros, atualmente, resgatam e reformulam o pensamento dos mais importantes intelectuais que contribuíram para a sociologia da educação. A seguir, veremos algumas citações de autores conterrâneos e contemporâneos muito interessantes — não necessariamente representantes da corrente marxista! Paulo Freire (1921-1997) Educador “Escola é… o lugar onde se faz amigos não se trata só de prédios, salas, quadros, programas, horários, conceitos… escola é, sobretudo, gente, ******ebook converter DEMO Watermarks*******
gente que trabalha, que estuda, que se alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, O coordenador é gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’. Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir que não tem amizade a ninguém, nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só. Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade, é criar ambiente de camaradagem, é conviver, é se ‘amarrar nela’! Ora, é lógico… numa escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer amigos, educar-se, ser feliz.”
“Não basta saber ler mecanicamente que ‘Eva viu a uva’. É necessário compreender ******ebook converter DEMO Watermarks*******
qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir uvas e quem lucra com esse trabalho. Os defensores da neutralidade da alfabetização não mentem quando dizem que a clarificação da realidade simultaneamente com a educação é um ato político. Falseiam, porém, quando negam o mesmo caráter político à ocultação que fazem da realidade.” Pedro Demo Ph.D. em Sociologia “…a pesquisa indica a necessidade da educação ser questionadora, do indivíduo saber pensar.” “Se a criança é levada a buscar seu material, a fazer sua elaboração, a se expressar argumentando, a buscar fundamentar o que diz, a fazer uma crítica ao que vê e lê, ela vai amanhecendo como sujeito capaz de uma proposta própria.” Dermeval Saviani Filósofo e Educador “…a definição que expressa mais plenamente minha concepção de educação é aquela que enunciei no livro Pedagogia histórico-crítica: ‘educação é o ato de produzir, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens.’ Essa definição toma a educação objetivamente em sua realidade histórica e contempla tanto a questão da comunicação e promoção do homem como o caráter mediador da educação no interior da sociedade.” Florestan Fernandes (1920-1995) Sociólogo “Na sala de aula, o professor precisa ser um cidadão e um ser humano rebelde.” ******ebook converter DEMO Watermarks*******
“Dizem que os acadêmicos e intelectuais devem ser neutros, mas não há neutralidade no pensamento.” Pablo Gentili Doutor em Ciências da Educação “Acho praticamente impossível ser um professor universitário sem desenvolver um trabalho de pesquisa.” Paulo Meksenas (1960-2009) Sociólogo e Doutor em Educação “Ser aluno hoje é ser agente de elaboração do conhecimento e isso só acontece quando o aluno debate, exige do seu professor, quando o questiona.” “Há uma concepção um tanto estreita, legada pelo positivismo, segundo a qual a realidade é cognoscível quando é fragmentada, cada parte estudada separadamente (…) Essa concepção positivista (…) foi e continua a ser nociva à educação escolar se pensarmos tal educação como um momento democrático da elaboração do ensino e da pesquisa. Nociva porque foi e ainda é responsável pelo estabelecimento de uma dicotomia: alguns devem pensar a educação (pesquisadores); outros devem realizar o pensado (professores e alunos), ou seja, a concepção muito comum que busca a separação entre o considerado ‘trabalho intelectual’ e o ‘trabalho manual’ em educação.” Darcy Ribeiro (1922-1997) Antropólogo, educador e escritor “Só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca.”
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“Nossa classe dominante está enferma de desigualdade, de descaso.” Moacir Gadotti Pedagogo, professor e escritor “A escola precisa ser reencantada, encontrar motivos para que o aluno vá para os bancos escolares com satisfação, alegria. Existem escolas esperançosas, com gente animada, mas existe um mal-estar geral na maioria delas. Não acredito que isso seja trágico. Essa insatisfação deve ser aproveitada para se dar um salto. Se o mal-estar for trabalhado, ele permite um avanço. Se for aceito como uma fatalidade, ele torna a escola um peso morto na história, que arrasta as pessoas e as impede de sonhar, pensar e criar.” Pelas citações apresentadas, podemos perceber que a tendência da sociologia da educação atual é admitir a importância do aluno no processo de aprendizagem, encarando-o como alguém que questiona, que reflete, que reelabora o conhecimento. Podemos verificar também que os autores relacionam o ambiente educacional com as transformações sociais. Embora seja fato que a escola, pertencendo à sociedade, possa reproduzir um sistema opressor, deve ser meta desta transformar as estruturas injustas por meio da boa preparação e da conscientização dos estudantes. As crianças e jovens não devem ser meramente preparados para viver harmoniosamente em sociedade, com as mãos atadas e amordaçadas, incapazes de questionar a ordem vigente, absorvendo tudo o que os professores dizem passivamente. Isso não significa desmerecer o trabalho, o conhecimento e a importância do professor. Muito pelo contrário. O professor necessita estar apto para interagir com o aluno. Mais que ensinar teorias, conceitos e técnicas, deve inspirá-lo, instigar a sua curiosidade, despertar-lhe o interesse, indicar caminhos para que eles mesmos possam construir o seu conhecimento. Atualmente, o professor é visto como alguém que possui uma série de conhecimentos, mas não é o detentor da verdade. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Outra leitura interessante que podemos fazer a partir das citações apresentadas é que os autores não dissociam mais teoria de prática. O pesquisador e o professor devem se encontrar na mesma pessoa. Não devemos deixar de um lado o prático que ensina nas salas de aula, e do outro, o pesquisador intelectual que formula o conhecimento. Podemos dizer que tal pensamento se conecta a Marx e Gramsci porque ambos propunham a relação entre trabalho manual e intelectual para garantir que as crianças e jovens se tornassem pessoas completas, com uma visão geral do processo produtivo, desenvolvidas intelectualmente, capazes de questionar e lutar contra a ordem vigente e, ao mesmo tempo, habilitadas para participar do processo produ tivo.
Reflita e identifique em sua vida estudantil traços derivados do pensamento de Durkheim e de Marx. Quantos professores estimularam a capacidade de argumentação? Quantos professores se centraram mais no conteúdo formal, dando pouca abertura para interpretações variadas e questionamentos?
Colocando a mão na massa 1. Assinale a alternativa que apresenta as frases que se alinham ao pensamento de Marx: I. Nem todos têm vocação para cursar uma faculdade. II. A especialização é uma estratégia para que o trabalho de cada um seja mais bem executado. III. É importante conhecer cada etapa do trabalho. IV. A teoria não deve ser dissociada da prática. V. O capitalismo gerou apenas injustiças sociais. a. Todas as afirmativas se alinham ao pensamento de Marx. b. Apenas as afirmativas III e IV se alinham ao pensamento de Marx. c. As afirmativas III, IV e V se alinham ao pensamento de Marx. d. Apenas a afirmativa V se alinha ao pensamento de Marx. e. Nenhum a das alternativas se alinha ao pensamento de Marx. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
2. Escolha a alternativa que melhor define a visão de Marx sobre a função da escola: a. É uma ferramenta de em ancipação social. b. É o local para aprender as novas tecnologias e conhecimentos teóricos importantes. c. É o local onde o aluno se socializa e aprende o seu lugar na sociedade. d. As afirmativas a e b são verdadeiras e se complem entam. e. As afirmativas a, b e c são verdadeiras e se complementam. 3. Leia a citação abaixo, do escritor português Eça de Queirós, relacione-a com o pensamento de Marx e assinale a alternativa verdadeira: “A escola não deve ter a melancolia da cadeia. Pestallozi, Froebel, os grandes educadores, ensinavam em pátios, ao ar livre, entre árvores. Froebel fazia alterar o estudo do ABC e o trabalho manual; a criança soletrava e cavava. A educação deve ser dada com higiene. A escola entre nós é uma grilheta do abecedário, escura e suja: as crianças, enfastiadas, repetem a lição, sem vontade, sem inteligência, sem estímulo: o professor domina pela palmatória, e põe todo o tédio da sua vida na rotina do seu ensino.” a. A citação critica a manutenção da ordem em sala de aula pelo uso da força. b. A citação sugere que os conhecimentos sejam transmitidos de uma forma mais alegre e descontraída. c. A citação se alinha ao pensamento de Marx que considerava correto conciliar atividades manuais e intelectuais. d. As alternativas a e c são verdadeiras. e. As alternativas a, b e c são verdadeiras.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Tempos Modernos. Direção: Charles Chaplin. Intérpretes: Charles Chaplin, Paulette Goddard e outros. Estados Unidos, 1936. Com linguagem leve, o filme mostra como o trabalho repetitivo das fábricas é exaustivo, levando o protagonista a um colapso nervoso. O filme ajudará a compreender melhor a dinâmica do trabalho fabril, após a Revolução Industrial, com suas longas, monótonas e alienantes jornadas de trabalho. Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Intérpretes: Hillary Swank e outros. Estados Unidos/Alemanha, 2007. Baseado em fatos reais, o filme mostra a luta de uma professora para inspirar os seus alunos problemáticos a mudar seus destinos por meio da escola e da educação. O filme ajudará a compreender a importância do pensamento de Marx nos dias de hoje. Mesmo nas realidades mais hostis, existem professores que buscam fazer a diferença na vida de seus alunos, ensinando algo a mais que teorias e conceitos. Como a professora do filme, é importante relacionar os conteúdos teóricos com a realidade dos alunos. O artigo científico “Comunicação, Hegemonia e Contra-hegemonia: A Contribuição Teórica de Gramsci” analisa a luta pela hegemonia na Sociedade Civil. Disponível em: . Acesso em: 2 maio 2011. No artigo científico “ Os Aparelhos Ideológicos de Estado: Breves Considerações sobre a Obra de Louis Althusser” comenta como a escola funciona como reprodutora das relações sociais. Disponível em: . Acesso em: 2 maio 2011.
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O resumo do resumo > Para Marx a escola podia oprimir ou emancipar. > Como Durkheim, para Marx a sociedade é algo externo aos sujeitos; paira sobre os mesmos. > O sistema capitalista fragmentou o trabalho, o que na opinião de Marx e Engels levava à alienação. > Para Marx e Engels, a troca pela força de trabalho por um salário é um sistema essencialmente injusto. > Marx acreditava que a escola deveria conciliar teoria e prática por meio de atividades manuais e intelectuais. > Marx era favorável ao trabalho infantil, contanto que fosse regulamentado e contribuísse para a sua educação. > Gramsci ampliou o pensamento marxista, definindo que não é apenas a má divisão econôm ica que gera injustiças. > Gramsci criticava a apropriação do saber por uma m inoria. > Gramsci acreditava em uma escola que fornecesse uma educação formal e desinteressada, antes de profissionalizar os alunos. > Diferentemente de Marx, Gramsci acreditava que a escola pública era o caminho para o acesso de todas as crianças e jovens à educação. > Como Marx e Gramsci, Althusser defendia uma educação que incentivasse as transformações sociais. > Muitos autores brasileiros importantes como Paulo Freire, Florestan Fernandes, Dermeval Saviani, Pedro Demo, entre outros, têm interlocução com algumas visões marxistas porque veem na escola uma forma de transformar a sociedade, estimulando o sen so crítico dos alunos e associando trabalho intelectual e prático.
Para ficar ligado Pesquise na internet um texto que fale sobre o poder emancipatório da escola. Resuma as ideias principais e insira o seu ponto de vista sobre o assunto. Deve ser produzido um texto
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de aproximadamente 20 linhas (Arial/12).
Gabarito 1. b 2. d 3. e
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Capítulo 5 A Corrente Weberiana: Max Weber e Karl Mannheim
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) utilizando o seu conhecimento de mundo sobre a importância da universidade na vida profissional e financeira. Use exem plos da sua vida. Reflita sobre os critérios utilizados para escolher o curso acadêmico. De que forma as disciplinas escolares te ajudaram a decidir sobre a faculdade que queria cursar?
Colocando em pratos limpos Quais são as contribuições e aplicações do pensamento de Max Weber na atualidade? De que forma Mannheim enriqueceu o pensamento de Weber?
Principais conceitos Como você viu anteriormente, Max Weber, sociólogo alemão, acreditava que a sociologia é uma ciência compreensiva, isto é, os fatos e fenômenos não devem ser analisados a partir da forma que se apresentam e se manifestam, como os naturais. É preciso compreendêlos a partir da subjetividade do investigador, das pessoas ou grupo relacionado ao fato ou fenômeno. Diferente de Durkheim, Weber acreditava que a postura e a visão do pesquisador interfere na leitura do objeto estudado. Se para o positivismo os fatos existem por si sós e se autoexplicam, para a ciência compreensiva, cada um enxerga determinado objeto de um jeito particular, a partir das ******ebook converter DEMO Watermarks*******
suas experiências. Embora compartilhem os dos mesmos valores, estes estão arraigados em nossas mentes de formas distintas, o que gera diversas interpretações para um mesmo fato. As mudanças sociais geradas pelas sociedades capitalistas trouxeram à tona a grande necessidade de uma mão de obra altamente qualificada para desempenhar funções burocráticas nos setores públicos e em grandes empresas privadas. Como tal necessidade interferiu e interfere no sistema educacional, nas práticas escolares, na forma com que enxergamos o ambiente estudantil? Para Durkheim, a escola era um espaço de socialização. Para Marx, um local onde as pessoas eram oprimidas ou recebiam ferramentas para se emancipar socialmente. Para Weber, a escola atende às necessidades das sociedades capitalistas, treinando em vez de educar. Como assim? Educar é preparar as pessoas para a vida de um modo geral; é estimular as capacidades argumentativa e crítica; é facilitar uma visão ampla e humanística da sociedade. Treinar é simplesmente transmitir uma série de conhecimentos práticos e teóricos, a fim de adequar os indivíduos para a execução de determinadas tarefas. Weber não via com bons olhos a substituição da educação humanística pela educação que visa o treinamento. Porém, acreditava que tal condição era inevitável, demonstrando um olhar bastante pessimista sobre a sociedade e a instituição escolar.
Você concorda com o pessimismo de Weber? Treinar as pessoas apenas para o mercado de trabalho é uma ideia limitadora em sua opinião?
Weber formulou três potencialidades que eram trabalhadas pela escola. A primeira delas é o carisma, portanto, não deve ser entendida como um tipo de pedagogia porque tal característica não pode ser transmitida. É impossível ensinar alguém a ser carismático. À segunda potencialidade, Weber deu o nom e de pedagogia do cultivo. Destina-se a adequar os indivíduos à conduta esperada por sua classe social. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Dependendo da classe, os indivíduos devem agir e pensar de determinada maneira. É um tipo de pedagogia que fornece as informações necessárias para que as pessoas sejam cultas de acordo com a classe a que pertencem. O terceiro tipo chama-se pedagogia do treinamento. Destina-se a tornar os indivíduos profissionais especializados, peritos em funções específicas.
Para Weber a escola estimula três tipos de potencialidade: despertar o carisma; preparar o aluno para viver em sociedade; ensinar o conhecimento especializado.
Para Weber, apenas a pedagogia poderia libertar o homem da escravização imposta pelo capitalismo, retomando a questão da alienação formulada por Marx. Já a pedagogia do treinamento é priorizada nas sociedades capitalistas que visam preparar as pessoas para ocupar cargos especializados, em empresas privadas ou em funções burocráticas dos setores públicos. Para entendermos o pensamento de Weber, precisamos compreender duas expressões: racionalização e ação social. O que vem à sua cabeça ao ouvir o termo racionalização? Que imagens são despertadas quando falamos em ação social? Para o nosso contexto, ação social está altamente relacionada a atitudes que visam contribuir com a vida de outras pessoas. É quando olhamos e nos preocupamos com o outro, como, por exemplo, quando organizamos ou participamos de campanhas que doam alimentos, agasalhos, medicamentos para instituições carentes ou para desabrigados pelas chuvas. Ação social no contexto da linha sociológica proposta por We ber significa fazer qualquer coisa se importando com os outros. Então, neste exato momento, você pode pensar que ação social em nosso contexto e o explicitado por Weber são exatamente a mesma coisa. Mais ou menos… para Weber, se importar com o outro é agir de acordo com o que a sociedade espera de nós. Por exemplo: quando somos convidados para uma festa de aniversário ou de casamento, compramos um presente. É o esperado para determinadas situações. As pessoas não costumam ir a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
churrascos vestindo traje a rigor nem vão a festas que exigem smoking e vestidos longos, com camiseta e bermuda. Na escola, os professores transmitem conteúdos, os alunos devem prestar atenção, realizar as atividades solicitadas. Quando um dos estudantes faz um questionamento ou tem alguma dúvida, o professor deve esclarecê-la etc. Por fim, os exemplos citados indicam ações sociais. Sobre a racionalização, ao ouvirmos ou lermos o termo, nos remete a sermos racionais, a agirmos com racionalidade. Para Weber, uma sociedade racionalizada é aquela que planeja e executa suas ações de acordo com as necessidades do capitalismo. Por exemplo: estudarei bastante, entrarei em uma faculdade, obterei o diploma para depois arrumar um bom emprego. Cada vez mais as pessoas estudam menos pelo conhecimento puramente humanístico e generalizante. A escolha da profissão é bastante influenciada pelo mercado, pela possibilidade de arranjar um emprego facilmente e receber salários melhores.
Para Weber uma sociedade racionalizada é aquela que prioriza a pedagogia do treinamento e, consequentemente, as necessidades do capitalismo.
Veja alguns dos pensamentos de Weber. “Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.” “Somente as pessoas que têm qualificações previstas por um regulamento geral são empregadas.”
Max Weber sobre as sociedades que priorizam a buro cracia. Assim como Durkheim, Max Weber compartilhava da ideia de que a escola é regida pela sociedade. Como Marx, acreditava que as sociedades capitalistas alienam as classes dominadas por meio de uma educação voltada apenas para o trabalho especializado. Weber ampliou o pensamento de Marx ao definir outras divisões de classe social. Se para Marx as pessoas se dividiam entre burgueses e proletários, para Weber as separações iam além das relações econômicas. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Formulou três tipos de classe: a política, a econômica e a social. Ter poder em uma delas não implica necessariamente ter poder nas outras; no entanto, a boa posição em uma facilita o acesso às outras.
Você já pensou se existe diferença entre um professor universitário e um trabalhador braçal que recebem o mesmo salário? Se ambos, por exemplo, recebem mensalmente por seus serviços 1000 reais, existe alguma divisão de classe entre eles?
Mesmo que um professor universitário receba por mês quantia em dinheiro igual à de um trabalhador braçal, existe uma diferença social entre ambos. Economicamente podem estar em pé de igualdade; no entanto, o professor possui uma posição social melhor, mais respeitada. Para Weber, nas sociedades capitalistas, racionalizadas e burocráticas, o diploma é essencial na luta por boas posições, tanto econômica como social. Ter um diploma e um bom emprego são formas de diferenciação social. O filósofo e sociólogo húngaro-germânico-britânico Karl Mannheim reelaborou o pensamento de Weber, trazendo a este uma esperança em relação ao sistema educacional das sociedades capitalistas. Se para Weber a racionalização levou à queda da pedagogia do cultivo, para Mannheim, a democratização propiciou novas oportunidades. Como assim? As sociedades capitalistas geraram necessidades que acabaram por privilegiar a pedagogia do treinamento. Isto é, as pessoas são preparadas para assumir cargos especializados em empresas privadas e setores públicos. Deixar a pedagogia do cultivo em segundo plano limita a formação intelectual e integral, porém, retira parte do poder das classes dominantes, que tem tempo e disposição para investir na mesma. Nas sociedades capitalistas que apresentam grandes desigualdades, há a esperança de jovens das mais variadas classes ascenderem socialmente por meio do acesso à educação.
Para Mannheim, as sociedades capitalistas são uma faca de dois gumes: por um lado priorizam a pedagogia do treinamento; por outro permitem que jovens de classes menos privilegiadas socialmente
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ascendam por meio de uma função especializada. Você concorda com o ponto de vista de Mannheim?
Veja alguns dos pensamentos de Mannheim. “A concepção democrática ajunta à ideia de síntese a livre intercomunicação entre as camadas sociais e suas contribuições culturais.” “Estamos vivendo numa era do planejamento(…) estamos vivendo numa era que passa do estágio do predomínio das elites limitadas a democracia de massas.”
Colocando a mão na massa 1. Leia o fragmento abaixo e assinale a alternativa verdadeira: “A importância [da educação para o meu futuro] é que preciso estudar para que [eu] tenha uma profissão, um diploma na mão e um emprego que tenha um salário maior para que a minha condição de vida seja melhor.” (Estudante e trabalhador rural, 18 anos.) Disponível em:
mais ampla e humanística. III. Como Durkheim, Weber utilizou o estruturalismo para compreender a escola como estrutura submetida à ordem vigente. IV. Como Marx, Weber utilizou o estruturalismo para compreender a escola como estrutura independente da sociedade. a. As afirmativas I, II e III são verdadeiras. b. As afirmativas I, II e IV são verdadeiras. c. As afirmativas I e II são verdadeiras. d. As afirmativas II e III são verdadeiras. e. As afirmativas II e IV são verdadeiras. 3. Assinale a alternativa verdadeira a respeito da concepção de Weber sobre a sociologia: I. Para Weber a sociologia é uma ciência compree nsiva PORQUE II. os sociólogos analisam os fatos e fenômenos a partir da sua subjetividade, que interfere no objeto estudado. a. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As duas afirmativas são verdadeiras e a I justifica a II. c. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
O Leitor. Direção: Stephen Daldry. Intérpretes: Ralph Fiennes, David Kross, Kate Winslet e outros. Estados Unidos/Alemanh a, 2008. O filme, baseado no romance alemão de Bernhard Schlink, mostra o amor de um adolescente por uma ex-carrasca nazista, 22 anos mais velha, que diante de um tribunal, admite uma culpa que não possui para esconder o seu analfabetismo. O filme ajudará a compreender a influência da educação na vida das pessoas; como ela interfere nas decisões e em seus destinos, restringindo ou ampliando suas possibilidades profissionais e pessoais. A Força do Destino. Direção: Taylor Hackford. Intérpretes: Richard Gere, Debra Winger e outros. Estados Unidos, 1982. O filme mostra a trajetória de um rapaz pobre, oriundo de uma família desestruturada, na Marinha, onde aprende a pilotar aviões e muda seu status social por meio do ensino especializado. O filme ajudará a compreender como a especialização contribui para a ascensão social das classes menos abastadas. O artigo científico “O Sentido da Educação na Escola Pública Contemporânea: Um Diálogo com Max Weber”, intercala teoria com depoimentos de jovens estudantes que esperam da universidade uma possibilidade de ascensão econômica e social. Disponível em:
O resumo do resumo > Max Weber acreditava que a sociologia é uma ciência compreensiva: os fatos e fenômenos sociais devem ser analisados a partir da subjetividade do investigador e das pessoas ou grupo relacionado ao fato ou fenômeno. > Para Weber, a escola atende às necessidades das sociedades capitalistas, treinando em vez de educar. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
> Weber não via com bons olhos a substituição da educação humanística pela que visa o treiname nto. Acreditava que tal condição era inevitável, demonstrando um olhar bastante pessimista sobre a sociedade e a instituição escolar. > Para Weber a escola estimula três tipos de potencialidade: despertar o carisma, preparar o aluno para viver em sociedade e ensinar o conhecimento especializado. > Ação social no contexto da linha sociológica proposta por Weber significa fazer qualquer coisa se importando com os outros. > Para Weber, importar-se com o outro é agir de acordo com que a sociedade espera de nós. > Para Weber, uma sociedade racionalizada é aquela que planeja e executa suas ações de acordo com as necessidades do capitalismo. > Para Weber, uma sociedade racionalizada é aquela que prioriza a pedagogia do treinamento e, consequentemente, as necessidades do capitalismo. > Weber formulou três tipos de classe: a política, a econômica e a social. > Para Weber, nas sociedades capitalistas, racionalizadas e burocráticas ter um diploma e um bom emprego são formas de diferenciação social. > Para Mannheim, as sociedades capitalistas são um a faca de dois gum es: por um lado priorizam a pedagogia do treinamento, por outro permitem que jovens de classes menos privilegiadas socialmente ascendam por meio de uma função especializada.
Para ficar ligado Reflita sobre pessoas que conseguiram por meio do estudo especializado melhorar o st atus social. Relate para a classe a trajetória de uma dessas pessoas, dizendo que faculdade cursou; quando arranjou o primeiro emprego; como conciliou os estudos com o trabalho, se realizou uma pós-graduação latu-sensu, se obteve muitas promoções etc.
Gabarito ******ebook converter DEMO Watermarks*******
1. b 2. c 3. a
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Capítulo 6 Contribuições Filosóficas de Michel Foucault
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) sobre o caráter de controle apresentado pelas escolas. Use exemplos da sua vida para analisar como as instituições, incluindo a educacional, determinam, ou no mínimo influenciam, as pessoas por meio do controle.
Colocando em pratos limpos De que forma Michel Foucault contribuiu para a Sociologia da Educação? Qual é a relação entre as sociedades disciplinadas e as de controle?
Principais conceitos O pensamento do filósofo francês Michel Foucault foi de grande importância para entendermos o sistema educacional, suas relações com outras instituições e como ele molda os indivíduos. Foucault analisou as escolas da Idade Moderna, comparando-as com os hospitais, as prisões e os quartéis: locais que moldam a conduta e o pensamento das pessoas, apartando-as do ambiente familiar e social mais amplo. Por meio do panóptico, modelo idealizado pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham, tornou-se possível vigiar as pessoas em variadas instituições.
O panóptico consiste em uma construção circular, com muitos compartimentos, todos observáveis de
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uma torre localizada no centro da construção.
Tal modelo foi usado na construção de muitas fábricas, prisões, asilos e escolas. Quem está em qualquer um dos compartimentos não tem como saber se há alguém na torre, o que obriga à obediência das regras impostas. A repetição destas faz com que as pessoas as internalizem.
Diferentemente das sociedades disciplinadas, relacionadas ao modelo do panóptico, em nosso contexto social, as pessoas são controladas por meio de redes invisíveis que sugerem neutralidade. Atualmente vivemos na sociedade do controle. Basta pensarmos na quantidade de senhas usadas para sermos identificados e fazermos transações financeiras. Hoje, mais que a assinatura, o que nos identifica na sociedade de controle são as senhas.
As sociedades disciplinadas impunham a dominação por meio de espaços físicos restritos, onde o poder se mantinha opaco enquanto os dominados ficavam transparentes o u visíveis à observação constante. O filósofo e professor Rogério da Costa, explicitando o pensamento de Deleuze, afirma que as sociedades disciplinares possuíam dois polos: “a assinatura que indica o indivíduo, e o número de matrícula que indica sua posição numa massa.” (DELEUZE, 1990. In: COSTA, 2004.) Nas sociedades de controle a assinatura e o núm ero de matrícula perdem lugar para as senhas. É por meio destas que temos acesso às informações e serviços. Quando, por exemplo, a senha do nosso cartão de débito ou crédito não é identificada, não somos reconhecidos e para o sistema deixamos de ser nós. No entanto, no mesmo estabelecimento comercial ou loja virtual podemos efetuar a compra por meio de outras formas de pagamento. Mas afinal de contas, quando as sociedades de controle ocuparam o lugar das disciplinadas?
Podemos dizer que as sociedades disciplinadas existiram do século XVIII até a Segunda Guerra Mundial. A partir da segunda metade do século XX, começaram a se formar as de controle. Podemos dizer também que a internet é peça-chave para as sociedades de controle. Você saberia dizer por quê?
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Apesar das diferenças apresentadas em relação aos dois tipos de sociedade, é possível identificar uma grande semelhança entre as disciplinadas e as de controle. Qual?
Tanto nas sociedades disciplinadas como nas de controle, o poder é opaco. Isto é, invisível.
O poder hoje tem a forma de uma teia ou rede. Está disperso e difuso. Porém, continuamos sem vê-lo.
A transparência que faltava aos dominadores nas sociedades disciplinadas se manteve nas de controle.
Quando falamos de Foucault não podem os nos esquecer de que o filósofo não ignorou a importância do contexto para definir o curso da história. Diferentemente do positivismo e do marxismo, não atribuía às circunstâncias o papel decisivo no desenrolar dos acontecimentos históricos. Outro pensamento trabalhado por Foucault foi a não conciliação entre o homem como objeto e como sujeito. Como assim? Desde o Iluminismo, tanto as ciências naturais como as humanas defendem a ideia de que o homem é objeto submetido à natureza e também sujeito, capaz de transformá-la. Para Foucault, os dois conceitos eram inconciliáveis. Em sua opinião, o homem é apenas sujeito. Os sujeitos variam de acordo com a época e o local em que vivem. Segundo ele, nas sociedades disciplinadas, as escolas se centraram na vigilância para garantir o cumprimento das regras; para combater pensamentos divergentes. Conforme o filósofo, em nossa sociedade, o poder não emana de uma única fonte. Ele é exercido na forma de uma teia, em que o Estado e as classes dominantes participam, mas, não solitariamente. O poder é exercido cotidianamente, em muitas direções. A hierarquia fundamental, na execução do poder, nas sociedades ******ebook converter DEMO Watermarks*******
disciplinadas disciplinadas perde a sua força força porque atualmente atualmen te o poder pod er se manifesta m anifesta por todos os lados, disperso disperso em redes, rede s, sem uma u ma localização localização definida.
Para Foucault a concepção que define homem como objeto serviu para as instituições domesticarem-no. A escola da Idade Moderna substituiu castigos físicos à docilização dos corpos e das mentes. Tal estratégia é muito mais eficaz porque não debilita os corpos, tornando-os produtivos.
Os muros das escolas, prisões e quartéis deram lugar aos fluxos financeiros, de marketing e de comunicação que regem a sociedade. Como no comércio, nas escolas das sociedades de controle, os alunos obtêm serviços e informações variadas por meio de senhas que permitem o acesso ao ambiente ambien te virtual. virtual. Nas sociedades de controle a rigidez das regras cedeu lugar ao exercício constante da motivação. Os estudantes são estimulados a participar, a interagir no ambiente educacional. Se nas sociedades disciplinadas era fundamental memorizar conceitos, nas de controle precisamos associar, estabelecer relações, desenvolver desen volver habilidades diversas. Se as escolas nas sociedades disciplinadas se assemelhavam a prisões, locais que restringiam a liberdade do s corpos, corpos, nas sociedades sociedades de controle as escolas se aproximam ao modelo das empresas. O estudante em todas as fases do aprendizado é estimulado a ser participativo, competente, habilitado habilitado para o mercado m ercado de trabalho. Veja uma importante análise a respeito das sociedades de controle, tomando como base o pensamento de Foucault reelaborado pelo filósofo Deleuze. “Hoje, o importante parece ser essa atividade de modulação constante dos mais diversos fluxos sociais, seja de controle do fluxo financeiro internacional, seja de reativação constante do consumo (marketing) para regular os fluxos do desejo ou, não esqueçamos, da expansão ilimitada dos fluxos de comunicação. Por outro lado, da mesma forma que o terrorismo é uma consequência do terror imposto pelo Estado, a ação não localizada dos hackers, produzindo disfunções e rupturas nas redes, parece ser o efeito que corresponde adequadamente aos novos modos de atuação do poder. Nenhuma forma de poder parece ser tão sofisticada quanto aquela que regula os elementos imateriais de uma sociedade: informação, conhecimento, comunicação.”
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(COSTA, 2004, p. 162)
Nas sociedades sociedades de controle con trole somo s “investigados” “investigados” por meio m eio dos do s nossos perfis disponibilizados pela internet. Tais perfis incluem cadastros em estabelecimentos comerciais e redes de relacionamento. Pelos sites que acessamos é possível saber o que nos interessa, traçar o nosso perfil consumidor, localizar onde estamos e mais uma série de informações de ordem pessoal. pessoal.
Você percebeu o quanto as pessoas ficam excluídas socialmente quando deixam de participar dos sites das redes sociais?
Veja mais um importante im portante pensamento pensam ento sobre as sociedades sociedades de controle. “…diante das próximas formas de controle incessante em meio aberto, é possível que os mais rígidos sistemas de clausura nos pareçam pertencer a um passado delicioso e agradável.” (DELEUZE. In: COSTA, CO STA, 2004, p. 167)
Como você já viu anteriormente, a partir da segunda metade do século XX, com a formação form ação das sociedades sociedades de controle, o pode r passou passou a se m anifestar anifestar de forma difusa e não apenas por meio do Estado e das classes dominantes. Porém, como podemos relacionar os conceitos de sociedades disciplinadas e de controle controle no n o contexto e ducacional? ducacional? Se a escola é uma instituição social, parece clara a ideia de que ela está sujeita ao contexto da sociedade, regida por mecanismos de poder. Para Foucault, diferentemente das concepções de reprodução e transformação citadas anteriormente, a respeito das correntes defendidas por Durkheim e por Marx, em que o professor pode apenas reproduzir o sistema vigente ou transformá-lo, a escola não reproduz o sistema dominante, mas sim, o produz. Mais que legitimar, a escola é uma fonte de poder que determina comportamentos e pensamentos. Pela visão de Foucault, podemos deduzir que a escola é ainda mais poderosa que a apresentada por Durkheim, Marx ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
ou Weber. Veja um importante importante pensa pen samen mento to de Foucault. Foucault. “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.”
Colocando a mão na massa massa 1. No filme “Fahrenheit 451”, dirigido por François Truffaut, de 1966, baseado no romance ro mance de Ray Bradbury. Bradbury. Os Os bombeiros bombe iros destroem os o s livros livros por considerar que a literatura entristece as pessoas. Desta forma, o governo controla o pensamento das mesmas, domesticando-as, tornando-as dóceis e acríticas. Alguns revoltosos decidem memorizar os livros, a fim de que as grandes obras da literatura universal não se percam para sempre. sempre . Cada Cada pessoa decora um livro inteiro e o recita para quem quiser conhecê-lo. Pela descrição do filme, analise as frases abaixo e assinale assinale a alternativa verdadeira: verdade ira: I. É possível possível relacionar relacionar o filme “Fahrenhe it 451” com o pensame pe nsamento nto de Foucault PORQUE II. a obra analisa uma sociedade dominada pela vigilância que tenta domestic dom esticar ar a mente das pessoas. pessoas. a. As duas afirmativas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. b. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a II justifica justifica a I.I. c. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a I justifica justifica a II. d. As duas afirmativas afirm ativas são falsas. falsas. e . Apenas a afirmativa I é verdadeira. verdade ira. 2. Analise as frases abaixo abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. O pensamento de Foucault se alinha ao de Durkheim no que diz respeito à valorização valorização da disciplina disciplina trabalhada trabalhada pela pe la escola. II. Como o marxismo e o positivismo, Foucault acreditava que o ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
contexto histórico tem peso determinante no desenrolar dos acontecimentos. III. Foucault enxergava o homem como objeto submetido à natureza; objeto que deve ser disciplinado pela vigilância representada pelo panóptico. IV. O poder para Foucault é difuso, vem de todas as partes e não apenas do Estado e das camadas dominantes. V. Para Foucault a escola mais que reproduz o sistema dominante; ela produz o que as pessoas devem pensar e como devem agir. a. As afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras. b. As afirmativas I, III, IV e V são verdadeiras. c. As afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras. d. As afirmativas III, IV e V são verdadeiras. e. As afirmativas IV e V são verdadeiras. 3. Analise a citação abaixo e assinale a alternativa verdadeira: “Todo sistema de educação é uma maneira política de manter ou de modificar a apropriação dos discursos, com os saberes e os poderes que eles trazem consigo.” (Michel Foucault)
a. Pela citação e pelos conceitos apresentados no capítulo, podemos deduzir que além de legitimar o poder vigente, a escola em si é um a fonte de poder. b. Pela citação e pelos conceitos apresentados no capítulo, podemos deduzir que o poder está centralizado no Estado e nas classes dominantes. c. Pela citação e pelos conceitos apresentados no capítulo, podemos deduzir que a escola apenas reproduz as estruturas de poder existentes na sociedade. d. As afirmativas b e c são verdadeiras e se completam. e. Todas as afirmativas anteriores são falsas. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Fahrenheit 451. Direção: François Truffaut. Intérpretes: Oskar Werner, Julie Christie e outros. Inglaterra, 1966. Bombeiro designado a destruir livros envolve-se com professora ousada que se atreve a lê-los. Divide-se entre a segurança de um casamento e de uma vida social sem autonomia de pensamento e uma realidade livre intelectualmente. Por meio de uma sociedade ficcional e uma situação limite e hiperbólica, o filme ajudará a compreender os mecanismos de poder e vigilância utilizados nas sociedades disciplinadas. 1984. Direção: Michael Radford. Intérpretes: John Hurt, Richard Burton e outros. Inglaterra, 1984. Em uma sociedade hipotética, onde Londres é a capital da Oceania, o partido totalitarista controla todas as pessoas por meio de telões, impedindo-as de usufruir de prazeres simples e cotidianos como tom ar café. Um funcionário do partido se apaixona por uma jovem depois de receber um bilhete com os dizeres “Eu te amo”. Ambos decidem se relacionar às escondidas e viver as pequenas alegrias da vida, desafiando todo um sistema que proíbe o amor e o prazer. O filme ajudará a compreender, por meio de uma situação ficcional e hiperbólica, os mecanismos de poder e de vigilância das sociedades disciplinadas. Esposas em Conflito. Direção: Bryan Forbes. Intérpretes: Katharine Ross, Paula Prentiss e outros. Estados Unidos, 1975. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Em pequena cidade estadunidense, Joanna, uma fotógrafa e sua amiga intelectualizada investigam o comportamento das mulheres locais que se preocupam apenas em cuidar da casa e agradar seus maridos. Depois que sua amiga se torna tão submissa quanto as outras vizinhas, Joanne passa a ter mais certeza de que existe uma conspiração dos homens contra as mulheres. Mulheres Perfeitas. Direção: Frank Oz. Intérpretes: Nicole Kidman, Bette Midler e outros. Estados Unidos, 2004. Versão paródica do filme “Esposas em Conflito”, que mostra a dinâmica de uma sociedade de controle. Um Estranho no Ninho. Direção: Milos Forman. Intérpretes: Jack Nicholson, Louise Fletcher e outros. Estados Unidos, 1975. O premiado filme narra a trajetória de um ladrão que se passa por doente mental para fugir da cadeia. Porém, ao ser colocado em uma instituição psiquiátrica, percebe que a sua escolha não foi a mais acertada. O filme ajudará a compreender os mecanismos de poder das instituições das sociedades disciplinadas. A Rede Social. Direção: David Fincher. Intérpretes: Jesse Eisenberg, Andrew Garfield e outros. Estados Unidos, 2010. O filme narra a criação do site de relacionamentos Facebook. O filme ajudará a compreender as estratégias de poder nas sociedades de controle, regidas pela web. Dúvida. Direção: John Patrick Shanley. Intérpretes: Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e outros. Estados Unidos, 2008. Entre outros temas, o filme mostra posturas opostas quanto à educação e à ******ebook converter DEMO Watermarks*******
espiritualidade por meio de um padre e de uma freira que dirige uma escola, no ano de 1964, em Nova York, no bairro do Bronx. A diretora luta pela disciplina e pela vigilância enquanto o padre acredita em uma escola e uma Igreja progressistas. O artigo científico “Sociedade de Controle”, que analisa as diferenças entre as sociedades disciplinadas e as de controle a partir da leitura da obra de Foucault por Deleuze. Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011. O artigo científico “A Produção da Subjetividade e as Relações de Poder na Escola: Uma Reflexão sobre a Sociedade Disciplinar” analisa o pensamento de Foucault sobre a instituição educacional. Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011. O artigo científico “Sobre Indisciplina e Violência Escolar na Sociedade de Controle”, analisa as relações estabelecidas nas escolas das sociedades de controle. Disponível em:
O resumo do resumo > Para Foucault, as escolas na Idade Moderna eram como os hospitais, as prisões e os quartéis: locais que moldam a conduta e o pensamento das pessoas, apartando-as do ambiente familiar e social mais amplo. > Foucault utilizou o modelo do panóptico, idealizado pelo filósofo e jurista inglês Jeremy Bentham, para falar sobre a vigilância exercida pelas instituições nas sociedades disciplinadas. > A grande diferença entre as sociedades disciplinadas e as de controle consiste na forma utilizada para dominar as pessoas. A assinatura foi substituída pela senha. O poder se difundiu e se dispersou, mas continua tão opaco quanto o representado pelo mode lo do panóptico. > Foucault, diferentemente do positivismo e do marxismo, não atribuía às circunstâncias o papel decisivo no desenrolar dos acontecimentos ******ebook converter DEMO Watermarks*******
históricos. > Para Foucault o homem é apenas sujeito. Os sujeitos variam de acordo com a época e o local em que vivem. Para o filósofo, o poder não emana de um a única fonte. > Para Foucault, nas sociedades disciplinadas, as escolas se centravam na vigilância para garantir o cumprimento das regras; para combater pensamentos divergentes. > Nas sociedades de controle as escolas se aproximam ao modelo das empresas. O estudante em todas as fases do aprendizado é estimulado a ser participativo, competente, habilitado para o mercado de trabalho. > Mais que legitimar, a escola é uma fonte de poder que determina comportamentos e pensamentos. Pela visão de Foucault, podemos deduzir que a escola é ainda mais poderosa que a apresentada por Durkheim, Marx ou Weber.
Para ficar ligado Escolha um filme, livro ou novela que mostre alguma família, escola, ou qualquer outra instituição que vigie as pessoas exageradamente a fim de controlar as ações e modos de pensar dos indivíduos. A sociedade apresentada na obra pode ser disciplinada ou de controle. Elabore uma resenha sobre a obra em questão. O texto deve ter aproximadamente 20 linhas (Arial/12).
Gabarito 1. b 2. e 3. a
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Parte III A Educação como Processo Social e Construtora da Cidadania
“O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O grande professor inspira.” (William Arthur Ward)
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Capítulo 7 As Instituições Sociais
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) sobre a sua visão a respeito das instituições; como elas interferem em suas decisões. Use exemplos da sua vida para analisá-las, principalmente a educacional.
Colocando em pratos limpos Quais são as instituições principais pela socialização dos indivíduos? Como as instituições interferem em nossa vida privada?
Principais conceitos Você já parou para pensar no conceito de instituição social? Você já analisou como elas interferem em nossa vida, em nossas escolhas aparentemente mais simples e cotidianas? Você já se perguntou quais são as instituições sociais e as funções principais de cada uma?
As instituições sociais são a família, a escola, a Igreja, a política e a economia!
Mas afinal de contas, o que é uma instituição social?
Instituição social é um conjunto de valores, regras e condutas organizadas em um sistema complexo. Tal sistema regula as relações sociais, por meio de práticas comuns a todas as pessoas, executadas de forma rotineira e contínua, com a intenção de atender às necessidades da sociedade.
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As instituições repetem procedimentos a fim de regular a sociedade. Mudam lentamente e uma interfere no funcionamento das outras; mudanças em uma delas gera alterações maiores ou menores nas outras. Elas são as responsáveis por aplicar sanções quando os valores e normas sociais são desrespeitados. Também são as responsáveis pela socialização das pessoas, isto é, pela transmissão de valores, normas, saberes, costumes etc.
As instituições responsáveis pela socialização são a familiar, a educacional e a religiosa.
Quem são as instituições política e econômica? A primeira é formada pelo Governo e seus órgãos. A segunda, nas sociedades capitalistas, pelas empresas principalmente. Como instituição social dedicada à socialização juntamente com a família e com a Igreja, a escola tem papel fundamental na vida das pessoas. Professores particulares poderiam muito bem ensinar Línguas, História, Geografia, Matemática, Artes e m ais uma série de disciplinas para as crianças e jovens em sua casa, se o problema fosse simplesmente adquirir conhecimentos variados. Mais que letrar as pessoas e transmitir saberes de diversas disciplinas, a escola tem como objetivo primordial transmitir os valores e normas, estimular a convivência social, e aprimorar o trabalho coletivo. Nas principais correntes teóricas apresentadas nos capítulos anteriores, fica clara a ideia de que não podemos pensar a educação e a escola dissociadas de seu contexto social, portanto, mais que transmitir conhecimentos teóricos e práticos, a escola precisa preparar os alunos para a vida em sociedade. Na visão de Durkheim, para aceitá-la, reconhecendo o seu lugar. No parecer de Marx, para transformá-la e emancipar as classes menos abastadas. No ponto de vista de Weber, para adequar-se ao sistema capitalista com sua necessidade de mão de obra extremamente qualificada e especializada. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Em todas as correntes, a educação e a escola são vistas e pensadas a partir do contexto social, independentemente do enfoque dado.
Colocando a mão na massa 1. Leia o fragmento abaixo, relacione-o ao conteúdo do capítulo e assinale a alternativa verdadeira: “As crianças mostram as relações estabelecidas com pares em diferentes contextos, sendo que na escola isso se torna mais evidente pela própria classificação das crianças por faixa etária. A noção de amizade surge com a ideia de atividades compartilhadas em espaçostempos específicos da escola, como o pátio e o recreio. A importância dos amigos não é só evidenciada na quantidade de fotos onde aparecem, mas em todos os seus depoimentos.” Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011. I. Pelo fragmento, reforça-se a ideia de que a escola é espaço fundamental na socialização das crianças PORQUE II. é um local lúdico, diferentemente dos ambientes institucionais que reprimem as pessoas com suas normas e valores. a. As afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. c. As duas afirmativas são falsas. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira. 2. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. As instituições familiar, educacional e religiosa são as responsáveis pela socialização PORQUE ******ebook converter DEMO Watermarks*******
II. apenas elas podem aplicar sanções quando as normas e valores sociais são desrespeitados. a. As duas afirmativas são falsas. b. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. c. Apenas a afirmativa I é verdadeira. d. Apenas a afirmativa II é verdadeira. e. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. 3. Assinale a alternativa que apresenta SOMENTE exemplos de instituições: a. Empresas, escolas, igrejas e família. b. Empresas, escolas, igrejas e partidos políticos. c. Partidos políticos, órgãos do governo, empresas e família. d. Família, escolas, sindicatos e partidos políticos. e. Todas as alternativas apresentam somente instituições sociais.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. O Sorriso de Mona Lisa Direção: Mike Newell. Intérpretes: Julia Roberts, Kirsten Dunst e outros. Estados Unidos, 2003. Nos anos 1950, professora de arte anticonvencional é contratada para lecionar, em tradicional escola, que tem como objetivo preparar as mulheres para se tornarem boas esposas e mães. No entanto, a professora extrapola o conteúdo estipulado pela escola, ensinando lições de vida e ******ebook converter DEMO Watermarks*******
mostrando às alunas outras possibilidades. É pressionada pela escola a se adequar ao sistema, caso pretenda manter o seu emprego. O filme ajudará a compreender as relações sociais repressoras respaldadas pelas instituições de ensino. Sociedade dos Poetas Mortos. Direção: Peter Weir. Intérpretes: Robin Williams, Ethan Hawke e outros. Estados Unidos, 1989. O filme mostra um professor anticonvencional que estimula seus alunos a pensarem com a própria cabeça em uma rígida escola dos anos 1950. O filme ajudará a compreender o viés autoritário da escola quando vigorava a visão funcionalista a respeito da Educação. Como Água para Chocolate. Direção: Alfonso Arau. Intérpretes: Lumi Cavazos, Marco Leonardi e outros. México, 1992. No início do século XX, no México, jovem é proibida de se casar devido à estranha tradição que obriga as caçulas da sua família a se manterem solteiras para cuidarem da mãe. Com linguagem poética, o filme ajudará a compreender os mecanismos de poder existentes na instituição familiar, por meio de uma situação peculiar. Propriedade Privada. Direção: Joachim Lafosse. Intérpretes: Isabelle Hupert, Yannick Renier, Jérémie Renier e outros. França/Luxemburgo/Bélgica, 2006. O filme retrata a dinâmica familiar de uma mulher com os seus dois filhos adultos e extremamente dependentes. Um deles é gentil e carinhoso. O outro é agressivo e autoritário. A figura materna é comparada à casa onde a família vive: ambas são propriedades privadas. O filme ajudará a compreender as relações de poder existentes na instituição familiar. Diferentemente de “Como Água para Chocolate” em que a mãe domina as filhas, em “Propriedade Privada”, a situação inversa ocorre, em que um dos filhos tenta controlar a vida da mãe como quem administra uma propriedade material. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Leia o artigo científico “Socialização na Escola: Transições, Aprendizagem e Amizade na Visão das Crianças” mostra como os estudantes enxergam o ambiente escolar e as relações estabelecidas nele. Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011.
O resumo do resumo > Instituição social é um conjunto de valores, regras e condutas organizadas em um sistema complexo. Tal sistema regula as relações sociais, por meio de práticas comuns a todas as pessoas, executadas de forma rotineira e contínua, com a intenção de atender às necessidades da sociedade. > As instituições sociais são a família, a escola, a Igreja, a política e a economia. > As instituições responsáveis pela socialização são a família, a escola e a Igreja. > Além de socializar e atender às necessidades básicas dos indivíduos, grupos e classes sociais, as instituições regulam a sociedade, aplicando sanções.
Para ficar ligado Escolha uma música que fale sobre alguma das instituições sociais. Estabeleça a comparação entre a letra com o tema. Comente tais conexões com um colega.
Gabarito 1. d 2. c 3. e
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Capítulo 8 Valores e Normas Sociais; Controle e Desvio Social
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) comentando um fato que você conheça por meio da vivência, dos noticiários ou de obras ficcionais sobre um ato criminoso ou de extrema coragem. Use exemplos de filmes, reportagens ou de conhecidos para falar sobre pessoas que se arriscaram para ajudar os outros, evitar acidentes e salvar vidas.
Colocando em pratos limpos Quais são os conceitos de valor e de norma social? E os de controle e desvio social? Como os valores, normas e controle se manifestam e interferem na vida das pessoas e da sociedade de um modo geral? Desvios são sempre atitudes negativas e criminosas?
Principais conceitos Ao abrirmos torneiras, esperamos que delas saia água limpa. Ao tocarmos nos interruptores, esperamos que as lâmpadas se acendam. Ao marcarmos um compromisso, esperamos que as pessoas compareçam no horário combinado. Para que a sociedade funcione bem, é preciso que as pessoas sigam uma série de regras e adotem comportamentos previsíveis. Ao dizer “bom dia” a alguém, ao entrar no elevador, por exemplo, é natural que recebamos outro “bom dia” ou um sorriso como resposta. Se a pessoa nada responder e não esboçar nenhuma expressão gentil, com certeza a acharemos estranha e mal-educada. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
A confiança que temos no cumprimento dos padrões estabelecidos nos permite levar a nossa rotina com certa tranquilidade. Imaginem, se a cada manhã, ao nos encaminharmos para o ponto de ônibus, ficarmos na dúvida se o motorista irá realmente parar no horário esperado? E se constantemente os semáforos ficarem desregulados, sem motivo aparente? E se os pedestres, comumente, se jogarem na frente dos carros? E se os médicos deixarem de prestar atendimento, na hora que bem entenderem, sem uma explicação plausível? E se os professores se recusarem a esclarecer as dúvidas dos alunos? E se os vendedores virarem a cara para os clientes que entram nas lojas? O mundo ficaria um caos completo, onde qualquer atitude poderia ser esperada a qualquer momento. Não poderíamos organizar o nosso dia a dia, marcar horários, confiar nos serviços prestados pelos m ais variados profissionais. Para que as regras sejam seguidas e a sociedade viva com certa previsibilidade, é preciso que haja o controle social. Todos nós desempenhamos muitos papéis na sociedade (mãe/pai, filho, profissional, membro de uma Igreja, de um sindicato etc.) Quando alguém deixa de cumprir corretamente algum de seus papéis, é função da sociedade coagi-lo a desempenhá-lo.
É por meio do controle social que a ordem social é garantida. Para a ordem social ser mantida é preciso que os valores sociais sejam respeitados. O controle social pode ser formal ou informal.
É por meio do controle social que a sociedade garante o cumprimento dos valores sociais. Valores são modos de pensar e de agir considerados corretos. É a partir dos valores que as normas são feitas. O desrespeito a uma norma viola um valor social. Por exemplo: sabemos que roubar é errado. É um valor. Quando alguém rouba, mais que quebrar uma regra, contraria um valor.
O valor social é a convicção de que determinada forma de pensar ou agir é a correta. Para garantir o cumprimento dos valores, são criadas as normas. Para garantir que elas se cumpram, existe o controle
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social.
As normas são elaborações dos valores que objetivam regular a sociedade.
O controle social é um mecanismo de coerção. É uma forma de obrigar as pessoas a seguirem as normas e puni-las quando as desrespeitam e, consequentemente, os valores que as inspiraram.
O desvio social é toda atitude anticonvencional, que foge dos padrões aceitos socialmente. Desvios nem sempre são crimes. O crime é uma modalidade de desvio social. Porém, arrotar à mesa ou usar uma roupa inadequada são exemplos de desvios não criminosos. O desvio social também pode ser uma coisa boa! Atos de extrema genialidade, bondade e coragem são desvios sociais.
O controle social se dá por meio da socialização, pressão do grupo e aplicação de sanções formais ou informais. A primeira e mais poderosa forma de controle social é a obtida por meio da socialização. Por quê? É por meio da socialização que aprendemos uma série de valores, crenças, normas e costumes que irão nos acompanhar por toda a vida. A socialização faz com que tomemos certas atitudes por as considerarmos corretas e aceitáveis. É por tal razão, que constantemente ouvimos, que é de pequeno que se torce o pepino. Tudo aquilo que é incutido na cabeça de uma criança é muito difícil de mudar na fase adulta. Se aprendemos e nos acostumamos com certos hábitos e crenças, as levaremos para o resto da vida ou as abandonaremos com muita dificuldade.
Enfim, a socialização nos transforma em fiscais de nós mesmos! Por isso é a mais eficaz forma de controle social.
A segunda estratégia de controle social é a executada pelos grupos que fazemos parte. Com medo de provocar a reprovação dos nossos familiares, ******ebook converter DEMO Watermarks*******
amigos, colegas somos induzidos a adotar determinadas atitudes. Como você já viu anteriormente, muitas vezes, tomamos decisões importantes para agradar os nossos grupos sociais, principalmente o primário (família e amigos).
O grupo primário é o que exerce maior poder sobre as nossas decisões.
O terceiro mecanismo de controle social consiste na aplicação de sanções positivas e negativas, formais ou inform ais. Parece evidente que uma sanção positiva é para parabenizar por uma boa atitude. Fica evidente também que a negativa serve para punir uma má conduta. Exemplos de sanções informais são olhares de reprovação, risos sarcásticos e advertências verbais. Quantas vezes não percebemos um risinho irônico dirigido a nós por causa de uma roupa fora dos padrões da moda? Quantas vezes não recebemos um olhar feio porque falamos de algum assunto asqueroso durante as refeições? Provavelmente, alguém ou mais de um a pessoa à mesa irá reclamar, olhar atravessado, entre outros gestos de reprovação. Com razão, convenhamos… As sanções informais normalmente são praticadas pelos membros do grupo primário. Um amigo não tem o poder de nos prender ou de aplicar uma multa, mas se as nossas atitudes o desagradarem, ele pode se afastar, se tornar mais frio etc. Já os órgãos do governo e as empresas podem aplicar sanções formais que incluem prisão, multa, escuta telefônica, expulsão, descrédito, recusa de matrícula ao estudante em débito etc.
Esquematizando: sanções positivas e formais são, por exemplo, o recebimento de um diploma de honra ao mérito e um aumento salarial. Sanções negativas e formais são, por exemplo, prisões, multas e escutas telefônicas. Sanções positivas e informais são, por exemplo, sorrisos e elogios. Sanções negativas e informais são, por exemplo, advertências verbais e olhares de reprovação.
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A escola pode aplicar sanções formais e inform ais. Quando um professor faz uma simples advertência verbal, por exemplo, aplicou uma sanção informal negativa. Quando elogia o bom trabalho ou comportamento de um aluno aplica uma sanção informal positiva. Quando faz uma advertência escrita ou a escola se recusa a matricular o aluno por estar em débito, é uma sanção formal negativa. Quando a escola fornece, por exemplo, um diploma de honra ao mérito, aplica uma sanção formal positiva. Não podemos nos esquecer também de que o maior mecanismo de controle social usado pela escola não são as sanções, mas sim, os valores que incute por meio da socialização e da influência do grupo de pressão. Quando uma norma e um valor social são desrespeitados, acontece um desvio social. Desvio social é todo ato que sai da rotina, da normalidade. Embora desvios sociais, comumente, estejam relacionados a atitudes socialmente malvistas, criminosas ou não, existem bons desvios, como, por exemplo, alguém que se arrisca para salvar uma pessoa de um incêndio ou de uma enchente. Os santos, os gênios e as celebridades são exemplos de pessoas que cometem desvio social porque saem do padrão por fazerem coisas notáveis, no bom sentido. O controle social existe porque prevemos a ocorrência do desvio social. Sabemos que é impossível fazer com que todas as pessoas cumpram as normas e valores o tempo todo. Por isso, a sociedade cria mecanismos de coerção e punição. Vale ressaltar que os valores e normas variam de sociedade para sociedade. O que pode ser considerado bom em uma determinada época ou país, pode ser malvisto em outra sociedade. Os valores podem mudar com o tempo. Por exemplo: os biquínis causaram escândalo quando surgiram pois as pessoas tomavam banho de mar com roupas maiores. No entanto, atualmente, é muito natural usar biquínis minúsculos. O que era considerado um desvio social foi incorporado com o passar do tempo. Outros valores variam de acordo com o país, com a etnia e com a religião. Por exemplo, entre os mulçumanos é considerado indecente as mulheres mostrarem o rosto. E quem sai às ruas com saias curtas pode ser agredida ******ebook converter DEMO Watermarks*******
fisicamente.
Os valores variam de cultura para cultura e de sociedade para sociedade. Com o passar do tempo, uma mesma sociedade revê os seus valores.
Colocando a mão na massa 1. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. O desvio social acontece quando uma norma é quebrada, consequentemente, quando um valor é desrespeitado. II. As normas são criadas a partir dos valores aceitos por uma sociedade. Por meio da aplicação de sanções formais e informais, a sociedade pune quem as desrespeita. A este processo de punir damos o nome de controle social. III. O controle social acontece desde um olhar de reprovação até o julgamento e prisão de um a pessoa. IV. O controle social existe pois sabemos que é impossível fazer com que todas as pessoas cumpram o tempo todo as normas sociais. Enfim, prevemos o desvio social. V. Podemos dizer que um desvio social é sempre algo ruim e criminoso. Alguém que arrota à mesa, por exemplo, cometeu um ato deselegante, porém não pode ser considerado um desvio. a. Todas as afirmativas são verdadeiras. b. As afirmativas I, II, III e V são verdadeiras. c. As afirmativas II, III, IV e V são verdadeiras. d. As afirmativas I, II, III e IV são verdadeiras. e. As afirmativas I, II, IV e V são verdadeiras. 2. Leia os versos da música “Preconceito”, de Cazuza, analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Por que você m e olha com esses olhos de loucura? Por que você diz meu nome? Por que você me procura? Se as nossas vidas juntas vão ter sempre um triste fim Se existe um preconceito muito forte separando você de mim I. No contexto da música, duas pessoas que se amam não podem ficar juntas por causa de um preconceito social PORTANTO II. a letra se refere ao controle social exercido informalmente. a. As afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As duas afirmativas são falsas. c. As afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. d. Apenas a afirmativa II é verdadeira. e. Apenas a afirmativa I é verdadeira. 3. Leia os versos da música “Molambo”, de Jayme Florence e Augusto Mesquita, analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: Eu sei que vocês vão dizer Que é tudo mentira Que não pode ser E que depois de tudo Que ele me fez Eu jamais deveria aceitá-lo outra vez Bem sei que assim procedendo Me exponho ao desprezo de todos vocês Lamento, mas fiquem sabendo Que ele voltou e comigo ficou I. Diferentemente da música “Preconceito”, utilizada na questão ******ebook converter DEMO Watermarks*******
anterior, “Molambo” fala sobre uma pessoa que desafia o controle social para ficar com quem ama. DEIXANDO EM SEGUNDO PLANO II. o grupo primário que a pune por meio do desprezo, uma sanção negativa e informal. a. As afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. c. As duas afirmativas são falsas. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. A Época da Inocência. Direção: Martin Scorsese. Intérpretes: Daniel Day-Lewis, Michelle Pheipher e outros. Estados Unidos, 1993. Baseado no romance de Edith Wharton, a história se passa no final do século XIX, em Nova York, onde um jovem advogado fica dividido entre sua noiva e a prima desta, uma mulher anticonvencional que abandonou o marido na Europa. Ficar com a mulher amada representa o fim de sua reputação e inevitáveis punições sociais. O filme ajudará a compreender os mecanismos de coersão social. Anna Karenina. Direção: Bernard Rose. Intérpretes: Sophie Marceu, Sean Bean e outros. Estados Unidos, 1997. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Baseado no célebre romance de Leon Tolstói, Anna Karenina é uma mulher casada que decide abandonar o marido para morar com seu amante, um jovem e belo conde. Porém, para os padrões da sociedade da época, era aceitável ter casos, mas jamais terminar um casamento. Anna passa a viver reclusa em sua casa, excluída dos eventos sociais. A culpa por ter deixado o filho para trás e o isolamento social a conduzem a um estado de desespero que culminará num desfecho trágico. O filme ajudará a compreender o peso das sanções informais. A Essência da Paixão. Direção: Terence Davies. Intérpretes: Gillian Anderson, Eric Stoltz e outros. Inglaterra, 2000. Baseado no romance de Edith Wharton, a história se passa em Nova York, no início do século XX, onde mulher bela e pobre tem a reputação destruída por intrigas provocadas por membros da alta sociedade. Sua única chance de sobreviver em um meio hipócrita que lhe fecha todas as portas é trair o homem que ama. O filme ajudará a compreender como a sociedade pune por meio de sanções informais. A Onda. Direção: Dennis Gansel. Intérpretes: Jürgen Vogel, Frederick Lau e outros. Alemanha, 2008. O filme retrata um professor que, ao tentar demonstrar aos alunos que na Alemanha contemporânea é possível florescer ideias neonazistas, cria uma perigosa dinâmica, que culminará em um final trágico. O filme ajudará a compreender a questão do desvio social no contexto escolar, ao revelar a perda de controle do professor que se deixa levar pela vaidade e dos próprios alunos que, insconscientemente, aderem a um sistema autoritário. O filme é baseado em fatos reais. Notas sobre um Escândalo. Direção: Richard Eyre. Intérpretes: Judi Dench, Cate Blanchett e outros. Inglaterra, 2006. Em uma escola pública da Inglaterra, Sheba, uma bela professora de arte se ******ebook converter DEMO Watermarks*******
envolve sexualmente com um aluno de 15 anos. Seu romance é descoberto por Barbara, uma amarga professora apaixonada por ela, que manipulará o seu segredo a fim de ter a companhia de Sheba. O filme ajudará a compreender a questão do desvio social no contexto escolar. O artigo científico “Valores na Escola”, comenta a relação entre escola e valores morais. Disponível em: . Acesso em : 26 maio 2011.
O resumo do resumo > Para que a sociedade funcione bem, é preciso que as pessoas sigam uma série de regras e adotem comportamentos previsíveis. > Para que as regras sejam seguidas e a sociedade viva com certa previsibilidade, é preciso que haja o controle social. > Quando alguém deixa de cumprir corretamente algum de seus papéis, é função da sociedade coagi-lo a desempenhá-lo. > É por meio do controle que a ordem social é garantida. > O controle social pode ser formal ou informal. > O controle social se dá por meio da socialização, pressão do grupo e aplicação de sanções formais e informais. A primeira e mais poderosa forma de controle social é obtida por meio da socialização. > A escola pode aplicar sanções formais e inform ais. > O maior mecanismo de controle social usado pela escola são os valores que incute por meio da socialização. > Os valores são transformados em normas que devem ser respeitadas. Quando uma norma é quebrada, um valor é desrespeitado. Como sabemos que nem todos cumprem o tempo todo as normas, gerando desvios sociais, existe o controle para coagir as pessoas a cumprir seus papéis. > Os valores variam de cultura para cultura e de sociedade para sociedade. Com o passar do tempo, uma mesma sociedade revê os seus valores. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Para ficar ligado Acesse no google a letra da música “Eu te amo”, de Chico Buarque e Tom Jobim. Analise-a e responda à seguinte pergunta: qual é a relação entre os versos “Ah, se já perdemos a noção da hora / Se juntos já jogamos tudo fora/ Me conta agora como hei de partir” com o conceito de controle social? Comente tal análise com um colega ou elabore um pequeno texto de aproximadamente 10 linhas (Arial/12).
Gabarito 1. d 2. a 3. a
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Capítulo 9 Mobilidade Social
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) comentando um fato que você conheça por meio da vivência, dos noticiários ou de obras ficcionais sobre mobilidade social. Explicite um exemplo em que uma pessoa melhorou de status social por meio de uma habilidade especial ou de uma carreira rentável.
Colocando em pratos limpos Qual é o conceito de mobilidade social? Como a mobilidade se relaciona ao status e aos movimentos sociais?
Principais conceitos Em sociedades pré-capitalistas ou tradicionais a mobilidade social era praticamente inexistente, isto é, nascia-se, vivia-se e morria-se na mesma classe, sem chance de ascensão, aprisionadas em sua casta ou estamento. Nas sociedades modernas e capitalistas, por meio do trabalho, do estudo, da dedicação ou de um talento especial, é possível ascender socialmente. É natural vermos pessoas de famílias de baixa renda que estudam, se preparam para uma profissão rentável e melhoram de vida nos sentidos econômico, social e às vezes até político. Quando nascemos, recebemos o status de nossos pais. A ele chamamos status atribuído. Com o decorrer da vida, dependendo de nossas escolhas, de nossa dedicação, de nossas oportunidades podemos mudá-lo ou m antê-lo. À posição que conquistamos, damos o nome de status adquirido. A ******ebook converter DEMO Watermarks*******
mobilidade é uma via de duas mãos. Podemos subir ou cair socialmente. Algumas profissões, atualmente, estão com mais facilidade de ascensão do que outras. As tradicionais carreiras de médico e advogado, que anteriormente garantiam um bom futuro, hoje geram uma massa de assalariados.
Você já parou para pensar em seu status atribuído e em seu status adquirido? Existe diferença?
Quando falamos em mobilidade social é difícil não lembrar de Mannheim. Por quê? No Capítulo 3, da Parte 2, dedicado à corrente weberiana, falamos brevemente sobre um importante filósofo e sociólogo húngaro-germânicobritânico que, apesar das ressalvas que fazia ao capitalismo, defendia a ideia de que em sociedades tradicionais não era possível democratizar a educação e, consequentemente, as relações sociais. Portanto, o capitalismo é um mal necessário, fazendo uma brincadeira com o pensamento de Mannheim. Se por um lado, ele traz injustiças e desigualdades e aliena o homem por meio do trabalho fragmentado, por outro permite que crianças e jovens das mais variadas classes tenham acesso à educação e possam reformular suas vidas por meio da escola.
As sociedades modernas e capitalistas permitiram a mobilidade social.
Colocando a mão na massa 1. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. A mobilidade social está diretamente relacionada ao capitalismo. II. O status adquirido não depende do nosso esforço. III. O status atribuído é aquele que conquistamos. IV. Algumas profissões, anteriormente rentáveis, atualmente estão passando por um processo de proletarização. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
V. Para Mannheim, a educação contribui no processo de mobilidade social. a. Todas as afirmativas são verdadeiras. b. As afirmativas II, III, IV e V são verdade ve rdadeiras. iras. c. As afirmativas I, II, III e V são verdade ve rdadeiras. iras. d. As afirmativas I, III, IV e V são verdade ve rdadeiras. iras. e. As afirmativas afirmativas I, IV e V são verdadeiras. verdade iras. 2. Analise as frases abaixo abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. Para Mannheim, Mannhe im, o capitalis capitalismo mo democratiz dem ocratizou ou a educação e ducação PORTANTO status adquirido. II. contribui para a mobilidade social e a conquista do status adquirido. a. As duas alternativas alter nativas são falsas. b. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a II justifica justifica a I.I. c. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a I justifica justifica a II. d. As duas afirmativas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. e . Apenas a afirmativa I é verdadeira. verdade ira. 3. Analise as frases e assinale assinale a alternativa verdadeira: status atribuído só é possível nas sociedades I. O conceito de status capitalistas PORQUE status recebido de II. apenas nelas nelas podemos mudar m udar o status recebido d e nossa n ossa família. família. a. As duas alternativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. b. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a II justifica justifica a I.I. c. As duas afirmativas são verdade verd adeiras iras e a I justifica justifica a II. d. As duas afirmativas afirm ativas são falsas. falsas. e . Apenas a afirmativa II é verdadeira. verdade ira. ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros livros ficcionais, ficcionais, músicas músicas e até mesmo m esmo programas program as televisivos! televisivos! A seguir seg uir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. A Força do Destino. Direção: Destino. Direção: Taylor Taylor Hackf H ackford. ord. Intérpretes: Intérprete s: Richard Richard Gere, Gere , Debra Winger Winge r e outros. ou tros. Estados Estados Unidos, 1982. O filme mostra a trajetória de um rapaz pobre, oriundo de uma família desestruturada, na Marinha, onde aprende a pilotar aviões e muda mud a seu status social por meio do ensino especializado. O filme ajudará a compreender a mobilidade social por meio do estudo especializado e de carreiras de prestígio. Orquestra de Meninos. Meninos. Direção: Paulo Thiago. Intérpretes: Murilo Rosa, Priscila Fantin e outro o utros. s. Brasil, 2007. 2007 . Baseado Baseado em e m fatos reais, o filme retrata a luta de um m úsico para formar um a orquestra composta apenas por jovens carentes de uma cidadezinha de Pernambuco. Ao tentar emancipálos, sofrerá terríveis retaliações do corrupto e inescrupuloso ine scrupuloso prefeito da cidade. Porém, os jovens retratados no filme, por meio da música, descobriram novos caminhos para suas vidas e status social, tornando-se artistas e professores. O filme melhoraram seu status ajudará a com compreen preender der a diferença difere nça que a educação faz na vida das pessoas. A mono m onografia grafia “Educaç “Educação ão e Mobilidade Social” fala fala sobre a impo rtância de uma educação que não seja puramente formal. Disponível em:
O resumo do resumo ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
> Nas sociedades modernas e capitalistas, por meio do trabalho, do estudo, da dedicação ou de um talento especial, é possível ascender socialmente. status de nossos pais ou status > Quando nascemos, recebemos o status atribuído. status adquirido. posição que conquistamos, conquistamos, damos o n ome de status adquirido. > À posição
Para ficar ligado Escolha uma música, filme ou livro que fale sobre mobilidade social. Analise como o personagem ou os personagens que mudaram de st atus at us “subiram na vida”. Tal análise deve ser feita em dupla ou em trio. Depois, um representante da dupla ou do trio deve transmitir oralmente as ideias mais importantes da discussão. Sugestões de música: “Conceição”, de Cauby Peixoto e “Quem te t e viu, quem te vê”, de Chico Buarque.
Gabarito 1. e 2. b 3. e
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Capítulo 10 A Escola e o Professor como Construtores da Cidadania e do Desenvolvimento Sustentável
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) comentando um filme, novela, livro ou música que fale sobre a cidadania construída por meio da escola e dos professores. Se preferir, use exemplos do seu cotidiano, envolvendo colegas, amigos, familiares ou você mesmo.
Colocando em pratos limpos O que é cidadania? O que é desenvolvimento sustentável? Como a escola e o professor interferem na construção da cidadania e da sustentabilidade?
Principais conceitos Como você viu anteriormente, a escola é uma das instituições responsáveis pela socialização das crianças e jovens. Por isso, mais que adquirir conhecimentos variados, na escola aprendemos normas e valores sociais. São os valores que definem o que é belo, feio, bom, ruim, certo, errado, adequado ou inadequado para cada situação. Valores são convicções muito profundas e aceitas pela sociedade. Valores geram normas. Uma norma, quando é quebrada, viola um valor. A quebra das normas e o consequente desrespeito a um valor ocasiona a aplicação de sanções positivas ou negativas, formais ou inform ais. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Como a família, a Igreja, as instituições econômicas e políticas, a escola aplica sanções quando o aluno pratica algum ato muito bom ou muito ruim. A estratégia mais efetiva de controle social aplicado nas instituições educacionais é a socialização. Por meio dela, as pessoas se tornam fiscais delas mesmas, evitando ou praticando determinadas atitudes por considerá-las as mais corretas e adequadas. A escola também funciona como um grupo de pressão, que estimula ou reprime certos padrões comportamentais.
Enfim, a escola exerce as três formas de controle social: pela socialização que incute os valores e normas sociais, pelo grupo de pressão e pela aplicação de sanções.
As pessoas se tornam cidadãs à medida que incorporam e vivem de acordo com as normas e valores sociais, à medida que cumprem eficazmente seus papéis, permitindo que a rotina transcorra com certa previsibilidade. Você se lembra da água que deve sair das torneiras e do motorista de ônibus que precisa parar no ponto na hora esperada? Assim, mais que respeitar valores e normas, cumprir papéis, as pessoas devem lutar para que seus direitos sejam garantidos.
Não existe cidadania sem o cumprimento dos direitos.
Temos direitos civis, políticos e sociais. O de se casar, por exemplo, é civil. O de votar e de ser votado é político. O de ter acesso a qualquer ambiente, por exemplo, é social. As mulheres, por meio do movimento feminista, batalharam para adquirir direitos civis iguais aos dos homens, como trabalhar fora, estudar, ganhar seu dinheiro, não depender do marido para as menores decisões, manter relações sexuais antes do casamento, escolher se quer casar, com quem, quando e como. Anteriormente, já haviam conquistado o direito de votar. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Atualmente, minorias étnicas e os hom ossexuais lutam pela igualdade de direitos civis. Entretanto, um dos mais importantes movimentos do momento é o ambientalista. Lutar por um meio ambiente ecologicamente equilibrado é dever e direito de todos, garantido pela Constituição de 1988. Empresas que adotam práticas que atacam o meio ambiente devem ser combatidas. ONGs, partidos políticos e até mesmo atitudes isoladas são fundamentais na conscientização ecológica. O papel das mídias é fundamental no sentido de divulgar tais ideias. A escola tem papel essencial na formação da conscientização. Os movimentos sociais passam pela escola no sentido de que os professores devem discutir com os alunos as principais mudanças sociais, as suas motivações históricas, estratégias de transformação. Mais que ensinar conceitos e teorias, a escola ajuda a formar a intelectualidade, a capacidade de argumentação, o senso crítico, a autonomia de pensamento e uma postura ativa diante dos nossos deveres e direitos.
A escola faz parte do contexto social e deve ser pensada dentro dele. Como instituição responsável pela socialização, deve contribuir para a transmissão de valores e normas, exercer o controle social e incentivar a autonomia de pensamento e senso crítico que tornam as pessoas cidadãs.
Pense em uma situação específica em que a escola te ajudou a entender melhor algum movimento social ou abriu os seus olhos para a importância da preservação ambiental.
A educação do futuro está voltada para a transformação, para a contestação, para a luta contra os limites definidos pelo mercado e pelo Estado. Muito mais que transmitir a cultura, a educação do futuro se preocupará em transformar a sociedade. As palavras de ordem serão: pública, estatal e democrática. Pública porque todos devem ter acesso a ela. Estatal porque deve ser financiada pelo Estado. Democrática porque deve se centrar na transformação social, ******ebook converter DEMO Watermarks*******
na igualdade de direitos.
A escola não deve preparar os alunos para servir às necessidades do mercado e do Estado. É o aluno que deve ser preparado para controlar o mercado e o Estado. Tal controle só é possível se a cidadania for construída.
Estamos atravessando uma revolução muito semelhante à industrial. Com a informatização do conhecimento, temos acesso fácil a um variado e amplo acervo de textos, imagens, vídeos etc. Pode-se dizer que estamos vivendo a revolução da informação. É fato que muitos estudantes e professores não têm como comprar um computador e que muitas escolas carecem de condições mínimas para um aprendizado eficaz. Por outro lado, por meio da internet, a tendência é de que o conhecimento se torne muito mais difundido.
Na era da informação, acessamos documentos da nossa casa, do nosso local de trabalho e cada vez mais é possível aprender a distância, fora do ambiente da sala de aula.
Contudo, não basta o rápido acesso a uma série de informações. É preciso que tais acervos sejam democratizados, isto é, acessíveis a todos e que façam a diferença na vida das pessoas. O acesso por apenas uma parte da população está gerando uma outra categoria de excluídos, mais um novo tipo de analfabetismo: o digital. Como falar de virtualidade e globalização, ignorando que grande parte da população brasileira ainda não tem acesso a ela? Por outro lado, ter acesso a variados acervos não resolve definitivamente a questão da democratização e da construção da cidadania por meio da informatização. O acesso a internet e a possibilidade de aprender em qualquer local, dispondo de um computador e de uma linha telefônica, exige comprometimento das pessoas e da instituição escolar para orientar este acesso múltiplo, contribuindo na capacidade de triagem das ******ebook converter DEMO Watermarks*******
informações disponíveis. Sem uma boa formação intelectual de nada adiantará o simples acesso a variados acervos. Como diria Alberto Tosi, sem uma educação de qualidade, que se proponha a formar o homem integral, “o incomensurável volume de informações disponível na internet terá para nós a mesma utilidade do controle rem oto para um troglodita” (2007, p. 126). Na era da informação, tudo nos chega de forma fragmentada, tanto o que assistimos pela TV e pela internet, quanto o que lemos… quando lemos. Para muitos alunos é normal e aceitável copiar fragmentos de autores variados sem citá-los, sem combinar as ideias de terceiros com as suas, num processo consistente de articulação. Prosseguindo com o pensamento de Alberto Tosi, muitas vezes, para o aluno, o importante é cumprir a tarefa de apresentar uma resposta à pergunta feita pelo professor. É buscar um texto que responda àquela questão, mesmo que tenha sido elaborado por outra pessoa. Por estar na internet, na maioria das vezes o aluno não tem consciência de que cometeu plágio. E se muitos de nossos estudantes universitários e até mesmo pós-graduandos não estão preparados para argumentar, a única responsabilizada não pode ser a escola pública que ofereceu uma educação deficitária. Como você viu em m uitos momentos, a educação faz parte do contexto social e precisa ser analisada e entendida a partir dos conflitos e questões da sociedade. Se o nosso estudante tornou-se altamente pragmático e preocupado apenas com o diploma e com a nota, devemos pensar cuidadosamente nos diversos âmbitos que interferem na Educação, como a economia e a política. Em uma sociedade que praticamente obriga à especialização para garantir um emprego e condições de sobrevivência, como exigir do aluno uma postura crítica a respeito do que aprende? Se tudo se resume a arranjar um emprego por meio de um diploma, em que lugar fica a pedagogia do cultivo, a formação do homem integral? Como comentou Alberto Tosi, a questão do semianalfabetismo não é a única a ser pensada nas salas de aula dos cursos superiores. Mais grave que ******ebook converter DEMO Watermarks*******
deficiências no aprendizado das letras e dos números, é a falta de consciência de nossa integralidade como homem e como cidadão. Para pensarmos na educação do futuro, devemos considerar quatro elementos: o gosto por aprender, a capacidade para fazer, a habilidade para conviver e a competência para ser. Como assim? Mais que aprender conteúdos, devemos aprender a pensar, a questionar, a relacionar a educação com a realidade. Mais que analisar o que já foi formulado, é preciso buscar novos caminhos, inventar e reinventar o futuro e o conhecimento. Despertar o interesse para novas linguagens, outros modos de fazer e de pensar, que também são estratégias para a elaboração de uma educação dirigida à cidadania.
A educação do futuro visa à construção do conhecimento e não à mera assimilação. Mais importante que saber um conceito, é preciso conhecer os caminhos e modos de aprendê-lo.
Podemos usar como analogia para os novos rumos da educação, o ditado que afirma que devemos dar a vara de pescar e não o peixe. Com a vara, nunca faltarão peixes para saciar a fome. Com a educação o mesmo acontece. O aluno que assimila uma série de conceitos e teorias, mas não aprende a pesquisar, a questionar, a construir o conhecimento, não terá autonomia de pensamento. Por isso é tão importante incentivar desde a infância a prática da pesquisa, dos trabalhos criativos, das dinâmicas em grupo. Não é possível pensar em uma profissionalização puramente técnica e teórica. O profissional de hoje precisa saber se comunicar, interagir, trabalhar em grupo, ter flexibilidade, criatividade, intuição, iniciativa, aceitar correr riscos e apresentar estabilidade em ocional para lidar com as crises. Mais que desempenhar bem uma determinada função, mais que conhecer um determinado conteúdo, o profissional precisa apresentar capacidade de interação e resolução de problemas práticos. Essa competência revela a capacidade para fazer. Como a educação vem contribuindo com a capacidade para fazer? ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Quais são as suas maiores dificuldades para trabalhar? O que mais te assusta? A dinâmica em grupo? A necessidade de correr riscos, buscar caminhos novos e criativos? A flexibilidade para romper com paradigmas?
A habilidade para conviver relaciona-se à capacidade para fazer. Se, atualmente, não basta ser perito em um assunto para se sair bem na vida profissional, se é preciso interagir, ser criativo, intuito, flexível e comunicativo, parece evidente a importância de saber conviver, de compreender o outro, de cooperar, de participar de projetos coletivos. A educação do futuro necessita incorporar os conceitos de planetaridade, sustentabilidade, virtualidade, transdisciplinaridade, globalização, cidadania e dialogicidade. Temos que incorporar a preocupação com o planeta, visando à continuidade da vida na Terra. Precisamos pensar em termos internacionais, precisamos compreender o caráter transformatório e social da escola, onde deve prevalecer o diálogo, a democracia e o intercâmbio entre as disciplinas, as etnias, as diferenças culturais. O que você pensaria e diria de uma pessoa que estraga a saúde para ganhar dinheiro? Que pelo lucro, fica doente? Você a consideraria inteligente e sensata? Provavelmente não… Então, o que pensar e dizer de empresas e pessoas que pelo lucro estragam o planeta, o tornam gradativamente um lugar inabitável, sem os recursos e as condições mínimas de sobrevivência? Usar a expressão desenvolvimento sustentável deveria ser considerado um pleonasmo. Como assim? Pleonasmo é quando usamos juntos dois termos que significam a mesma coisa. Ao dizer desenvolvimento, deveríamos pensar automaticamente em sustentável. Um desenvolvimento puramente econômico, que destrói os recursos naturais e desregula o planeta, tornando-o um lugar hostil ao homem, não deveria ser entendido como desenvolvimento. Mas, afinal de contas, o que a escola tem a ver com o desenvolvimento sustentável? Como ela pode contribuir ou atrapalhar para o mesmo?
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Não temos como pensar em desenvolvimento sustentável sem pensarmos em uma educação para o desenvolvimento sustentável.
Por meio da conscientização ambiental nas escolas, estaremos preparando pessoas capazes de compreender a importância e a urgência de respeitarmos não apenas a natureza, mas os valores de justiça e de igualdade. Quando pensamos em sustentabilidade, vamos além do conceito de preservação ambiental. Pensar em sustentabilidade também envolve aspectos sociais, econômicos e políticos. É preciso que se considere e se respeite as diferenças de gênero, orientação sexual, credo e etnia. É preciso que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. E entende-se por qualidade muito mais que uma simples alfabetização. É preciso que todos possam utilizar o espaço da escola para debater, questionar, reelaborar e construir o conhecimento. A escola deve ser espaço de construção da cidadania para todos, incluindo as minorias étnicas e demais diferenças culturais. É preciso que a globalização e a virtualidade não façam mais excluídos sociais nem aumentem as desigualdades. Existem pessoas que não sabem ler e escrever e a virtualidade mal conduzida está gerando mais um novo tipo de analfabeto: o digital. Como incluir todos na era da informação? Em algumas cidades do país, os alunos precisam ir de barco à escola mais próxima que fica a 3 horas de distância. Em algumas cidades não há água potável, mesas e cadeiras nas salas de aulas. Faltam condições mínimas de acomodação no espaço físico, sem falar na escassez de materiais didáticos e professores preparados, como você já viu em capítulos anteriores. Como aproveitar bem o conteúdo disponibilizado pela internet se ainda não existe uma educação realmente voltada para a pedagogia do cultivo?
O termo sustentabilidade vai além da questão ambiental. Ser sustentável é ser viável. É preciso que a
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educação prepare as pessoas para lutarem por uma sociedade sustentável nos âmbitos ambiental, político, econômico e social.
As ideias de desenvolvimento sustentável, cidadania e democracia caminham de mãos dadas, pois é por meio da cidadania e da democracia que lutamos pela preservação ambiental e pela justiça social. É por meio da preservação do planeta e respeito pelas minorias étnicas, por todas as diferenças culturais, que reforçamos nossa cidadania. Lutar pela garantia de sobrevivência no planeta tem se tornado cada vez mais uma questão de ordem social. E como toda questão desta ordem, deve fazer parte do rol de interesses e preocupações da escola. Planetaridade: A Terra é um “novo paradigma”.
(Leonardo Boff) Como novo paradigma, precisamos inserir o conceito de planetaridade no contexto educacional; ir além das fronteiras da escola, do bairro, da cidade e do país; pensar que estamos todos no mesmo barco, que estamos todos no mesmo planeta, que ações individuais devem estimular e gerar ações coletivas, que a preservação ambiental deve ser um processo de dentro para fora. O conceito de planetaridade vai além de preservação ambiental. Assimilálo é compreender que todos nós somos parte do planeta Terra. Mais que habitantes, nós somos parte de nosso planeta e devemos viver em harmonia com ele. A escola torna-se peça-chave em tal contexto. É na escola que discutimos e nos conscientizamos sobre tudo o que é importante para a vida social. A escola é espaço de aprendizado, de socialização, de debate, de construção do conhecimento, de desenvolvimento do senso crítico. De nada adiantará as mídias divulgarem a necessidade da preservação ambiental e a Sociedade Civil se mobilizar, se as futuras gerações não forem ******ebook converter DEMO Watermarks*******
alertadas e preparadas para a importância do tema. Como garantirmos um desenvolvimento sustentável sem educar nossas crianças e jovens para tal consciência? Veja mais dois importantes conceitos sobre a educação do futuro. Sustentabilidade: O termo nasceu na Economia e na Ecologia. Hoje precisa ser analisado no contexto educacional.
Virtualidade: Vivemos a Era da Informação. De qualquer computador, acessamos o mundo.
Ouvimos constantemente o termo sustentabilidade. Mas o que é ser sustentável? Ser sustentável é ser viável. Como assim? Pensar na sustentabilidade é buscar formas de produção que tornem a vida no planeta viável, possível. Não adianta produzirmos, gerarmos renda, empregos, oportunidades se destruirmos a natureza e consequentemente nos condenarmos a viver num lugar insustentável. O conhecimento difundiu-se. Não está restrito aos livros impressos. A referência já não é mais a biblioteca pública ou a escola. Em casa, no trabalho, em qualquer lugar, temos acesso às mais variadas informações por meio da internet. A escola precisa encarar tal realidade para inserir-se nela. A educação não pode caminhar separadamente do mundo de possibilidades que a virtualidade abriu, como se esta não lhe dissesse respeito, como se fosse um a realidade paralela, ficcional e dissociada do que se aprende e do que se ensina nos livros e nas salas de aula. O mercado editorial dos livros, revistas e jornais impressos é bastante fechado. Publicar um livro de 100 ou de 500 páginas faz muita diferença em termos orçamentários. No entanto, por meio das editoras virtuais, da possibilidade de qualquer pessoa hospedar sites ou produzir blogs, fotoblogs, videologs, por meio da oportunidade de produzir e/ou disponibilizar filmes, seriados e vídeos variados na internet por m eio de sites ******ebook converter DEMO Watermarks*******
como o YouTube, o conhecimento foi democratizado. Hoje é possível que mais pessoas tenham voz ativa, que se expressem, mostrem seu ponto de vista, contribuam na construção do conhecimento por meio de linguagens variadas, olhares múltiplos e particulares. Bem trabalhada e bem pensada pela escola, a virtualidade tem mais a contribuir para a educação que para prejudicá-la.
Você já parou para pensar em como a virtualidade pode contribuir para o desenvolvimento sustentável e para a manutenção da vida no planeta? Por meio dos livros digitais, gastamos menos papel, economizamos espaço, democratizamos o conhecimento e abrimos a possibilidade de mais pessoas se tornarem comunicadoras e não apenas receptoras. Porém, para tal processo ser verdadeiramente democratizante, é preciso que cada vez mais pessoas sejam incluídas nele.
Além da preservação ambiental, se quisermos uma sociedade mais justa, precisamos incorporar também o conceito de transdisciplinaridade.
Mais que relacionar disciplinas, a transdisciplinaridade propõe a relação entre os gêneros, etnias e demais diferenças culturais.
Quando associamos sustentabilidade, consciência ecológica ativa com educação estamos falando sobre ecopedagogia ou pedagogia sustentável. Como o próprio nome diz, ecopedagogia é um a relação entre a ecologia e a pedagogia.
Para a ecopedagogia a reestruturação dos valores educacionais é fundamental para que a escola possa conscientizar as pessoas da importância de vivermos de forma integrada ao nosso planeta.
A ecopedagogia questiona o que a escola está ensinando às crianças e jovens. Para este movimento, a educação precisa passar por um a reeducação. Além de aprendermos a respeitar e preservar a natureza, a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
ecopedagogia vai além, propondo que nos vejamos como parte do planeta Terra e não apenas como habitantes que podem usufruir ao máximo de seus recursos, de forma predatória.
A ecopedagogia não chega a ser uma corrente teórica, mas um movimento que visa inserir na Educação a importância de preservar o meio ambiente e lutar pelo desenvolvimento sustentável.
A ecopedagogia prega que, para conquistarmos uma sociedade m ais justa e equilibrada em todos os âmbitos, é preciso lutar contra a competitividade excessiva exercida pela globalização, reorientar os rumos da virtualidade, preservar o meio ambiente, conscientizar que é impossível pensar a educação e qualquer outro tema sem considerar a ecologia e todos os tipos de sustentabilidade. A ecopedagogia vai além do desenvolvimento sustentável e da preservação ambien tal.
O que você pensa a respeito da ecopedagogia? Acredita em sua viabilidade? É possível, que um dia, por meio de um profundo processo de conscientização nas escolas e na sociedade de um modo geral, as pessoas passem a se ver como parte do nosso planeta e não como meros exploradores? É possível readaptar o capitalismo globalizado e competitivo a este movimento idealista? Para você, globalização e competitividade excessiva são termos indissociáveis?
Existe um quê de utopia na ecopedagogia. Se tal movimento ganhasse força suficiente para ser adotado pela maioria, viveríamos em um mundo muito mais equilibrado em todos os âmbitos.
Pensar a ecopedagogia é compreender toda a sociedade com as suas instituições, normas, valores, sistemas de produção a partir da Terra, a partir da nossa equilibrada e harmoniosa integração com o nosso planeta, do qual fazemos parte e não simplesmente habitamos.
Colocando a mão na massa ******ebook converter DEMO Watermarks*******
1. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. Socializar é mais que transmitir normas e valores. II. Desenvolver a autonomia de pensamento é passo essencial para a construção da cidadania. III. Atualmente não é possível pensar em educação sem pensar em cidadania. IV. A escola nem sempre pode ser democrática. Ao exercer o controle social, ela se torna antidem ocrática. V. A educação do futuro defende a ideia de que conhecer profundamente e detalhadamente uma técnica é a garantia de um bom lugar na sociedade que precisa cada vez mais de profissionais altamente especializados. a. Todas as afirmativas são verdadeiras. b. As afirmativas I, II e III são verdadeiras. c. As afirmativas I, II e IV são verdadeiras. d. As afirmativas I, II e V são verdadeiras. e. As afirmativas IV e V são verdadeiras. 2. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: a. A cidadania está diretamente relacionada à educação pois é função desta construir a primeira. b. Atualmente, o professor perdeu a importância. Com o rápido e fácil acesso a variadas informações pela internet, o profissional da educação perdeu a sua função. c. Atualmente, mais que transmitir normas e valores, é função do professor contribuir na formação da cidadania e na autonomia do pensamento. d. As alternativas a e c são verdadeiras. e. Todas as afirmativas são falsas.
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3. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. Desenvolvimento sustentável e pedagogia sustentável são termos sinônimos. II. O desenvolvimento sustentável visa à produção de lucros sem destruir os recursos naturais. III. A pedagogia sustentável visa preparar as pessoas para o desenvolvimento sustentável e para a percepção de que estamos todos no mesmo planeta e de que fazemos parte dele. IV. A sustentabilidade vai além de produzir sem destruir o planeta. Ser sustentável é ser viável. É incluir no processo educacional e na sociedade de um modo geral todas as minorias, respeitando as diferenças, diminuindo as desigualdades, evitando o surgimento de mais excluídos pela globalização e virtualidade mal direcionadas. a. Todas as afirmativas são verdadeiras. b. As afirmativas I, III e IV são verdadeiras. c. As afirmativas II, III e IV são verdadeiras. d. As afirmativas I, II e III são verdadeiras. e. As afirmativas I, II e IV são verdadeiras.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, film es, livros ficcionais, músicas e até mesmo program as televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Intérpretes: Hillary Swank e outros. Estados Unidos/Alemanha, 2007. Baseado em fatos reais, o filme mostra a luta de uma professora para inspirar os seus alunos problemáticos a mudar seus destinos por meio da escola e da ******ebook converter DEMO Watermarks*******
educação. O filme ajudará a compreender a importância do pensamento de Marx nos dias de hoje. Mesmo nas realidades mais hostis, existem professores que buscam fazer a diferença na vida de seus alunos, ensinando algo a mais que teorias e conceitos. Como a professora do filme, é importante relacionar os conteúdos teóricos com a realidade dos alunos. Orquestra de Meninos. Direção: Paulo Thiago. Intérpretes: Murilo Rosa, Priscila Fantin e outros. Brasil, 2007. Baseado em fatos reais, o filme retrata a luta de um m úsico para formar uma orquestra composta apenas por jovens carentes de uma cidadezinha de Pernambuco. Ao tentar emancipálos, sofrerá terríveis retaliações do corrupto e inescrupuloso prefeito da cidade. Porém, os jovens retratados no filme, por meio da música, descobriram novos caminhos para suas vidas e melhoraram seu status social, tornando-se artistas e professores. O filme ajudará a entender a diferença que a educação faz na vida das pessoas. Erin Brockovich — Uma Mulher de Talento. Direção: Steven Soderbergh. Intérpretes: Julia Roberts, Albert Finney e outros. Estados Unidos, 2000. Baseado em fatos reais, o filme mostra como uma mulher consegue persuadir toda uma comunidade a lutar contra uma empresa que polui a água de uma cidade, fazendo com que muitas pessoas fiquem doentes. Além de mostrar o poder da Sociedade Civil no monitoramento do Estado, o filme revela como ações individuais podem ganhar proporções impactantes. Apresenta também a relação entre cidadania e luta pelos direitos civis, políticos e sociais. A Corrente do Bem. Direção: Mimi Leder. Intérpretes: Kevin Spacey, Helen Hunt e outros. Estados Unidos, 2000. O filme mostra o surgimento de um importante movimento, a corrente do bem, a partir de uma atividade proposta na escola. O filme, além de mostrar a repercussão de ações individuais, revela o papel da escola na construção ******ebook converter DEMO Watermarks*******
da cidadania. O artigo científico “Perspectivas Atuais da Educação” analisa os rumos da escola contemporânea, as potencialidades que esta deve desenvolver para preparar indivíduos aptos para interagir em sociedade de forma criativa, flexível, comunicativa e intuitiva. Disponível em: . Acesso em: 11 maio 2011. O artigo “Educação para um Desenvolvimento Sustentável” que fala sobre a necessidade de incorporar à Educação o conceito de desenvolvimento sustentável. Disponível em: . Acesso em: 13 maio 2011. O artigo científico “Ecopedagogia, Pedagogia da Terra, Pedagogia da Sustentabilidade, Educação Ambiental e Educação para a Cidadania Planetária”, que analisa as diferenças entre os termos em questão, os aproxima por meio de um projeto em comum. Disponível em:
O resumo do resumo > Ser cidadão vai além de respeitar valores e normas, cumprir papéis. As pessoas devem lutar para que seus direitos sejam garantidos. Temos direitos civis, políticos e sociais. > Um dos mais importantes movimentos do m omento é o ambientalista. Lutar por um meio ambiente ecologicamente equilibrado é dever e direito de todos. > A escola tem papel essencial na formação da conscientização ecológica ativa. > Os movimentos sociais passam pela escola no sentido de que os professores devem discutir com os alunos as principais mudanças sociais, as suas motivações históricas, estratégias de transformação. > Mais que ensinar conceitos e teorias, a escola ajuda a formar a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
intelectualidade, a capacidade de argumentação, o senso crítico, a autonomia de pensamento e uma postura ativa diante dos nossos deveres e direitos. > As palavras de ordem da educação do futuro são: pública, estatal e democrática. > Estamos vivendo a revolução da informação. > Para pensarmos em uma educação do futuro, devemos considerar quatro elementos: o gosto por aprender, a capacidade para fazer, a habilidade para conviver e a compe tência para ser. > O profissional de hoje precisa saber se comunicar, interagir, trabalhar em grupo, ter flexibilidade, criatividade, intuição, iniciativa, aceitar correr riscos e apresentar estabilidade emocional para lidar com as crises, com as exigências da função. > A educação do futuro necessita incorporar os conceitos de virtualidade, sustentabilidade, globalização, cidadania, transdisciplinaridade, planetaridade e dialogicidade. > Por meio da conscientização ambiental nas escolas, estaremos preparando pessoas capazes de compreender a importância e a urgência de respeitarmos não apenas a natureza, mas os valores de justiça e de igualdade. > Quando pensamos em sustentabilidade, vamos além do conceito de preservar a natureza. Pensar em sustentabilidade também envolve aspectos sociais, econômicos e políticos. > É preciso que todos tenham acesso a uma educação de qualidade. > É preciso que a globalização e a virtualidade não façam mais excluídos sociais nem aumente as desigualdades. > As ideias de desenvolvimento sustentável, cidadania e democracia caminham de m ãos dadas. > Quando associamos sustentabilidade, consciência ecológica ativa com Educação estamos falando sobre ecopedagogia ou pedagogia sustentável. Como o próprio nome diz, ecopedagogia é uma relação entre a ecologia e a pedagogia. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
> A ecopedagogia questiona o que a escola está ensinando às crianças e jovens. Para tal movimento a Educação precisa passar por uma reeducação. > A ecopedagogia propõe que aprendamos a respeitar e preservar a natureza e que nos vejamos como parte do planeta Terra, não apenas como habitantes que podem usufruir ao máximo de seus recursos, de forma predatória. > Ecopedagogia vai além do desenvolvimento sustentável e da preservação ambiental.
Para ficar ligado Em dupla ou em trio, elabore um projeto que incentive a preservação ambiental, o desenvolvimento sustentável e a cidadania. Enfim, por meio da cidadania, o projeto deve propor uma forma de desenvolvimento sustentável, isto é, levando em conta a preservação ambiental e outros tipos de sustentabilidade, como a inclusão de todos na era da informação, por exemplo. Utilize os conceitos de planetaridade, transdisciplinaridade, virtualidade, dando maior ou menor ênfase de acordo com os critérios da dupla ou trio e do objetivo do projeto. É fundamental que o projeto esteja inserido no contexto educacional.
Gabarito 1. b 2. d 3. c
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Parte IV A Escola e a Realidade Brasileira
“A educação é o mais árduo problema que pode ser proposto aos homens.” (Immanuel Kant)
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Capítulo 11 O Neoliberalismo e as Desigualdades Educacionais
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) sobre os objetivos da educação em países norteados pelo neoliberalismo. Utilize seu conhecimento de mundo, os conceitos apresentados nos capítulos anteriores, exemplos cotidianos, referências extraídas de livros, filmes e novelas para falar sobre a estreita relação existente entre estudar e se preparar para atender às necessidades do mercado.
Colocando em pratos limpos O que é neoliberalismo? De que forma tal sistema interfere nos rumos da educação e estreita as relações entre escola e mercado de trabalho?
Principais conceitos Na época do vestibular é muito comum os jovens passarem pelo drama de escolher entre o que mais gostam e o mais rentável. Quantas pessoas não abrem mão de uma inclinação profissional para ingressar em um curso mais facilmente empregável, que se ajuste melhor às demandas do mercado e pague salários maiores? Conciliar o que se quer fazer, com o mais prático, o que renderá frutos objetivos mais consistentes quase nunca é tarefa fácil e indolor. Por mais que as escolas ofereçam atividades variadas, que normalmente trazem à tona habilidades e vocações diversas, na hora de se candidatar para os ******ebook converter DEMO Watermarks*******
exames vestibulares, os jovens optam por uma carreira mais segura social e economicamente falando. Atividades que envolvem artes e esportes acabam se tornando hobbies. Quem já não ouviu falar que o piano, o teatro, a pintura, a dança, o futebol devem ser um passatempo de final de semana, uma forma de relaxar o estresse? Todavia, não estamos aqui para falar sobre os aspectos psicológicos das escolhas e renúncias das carreiras e vocações profissionais. O que realmente interessa neste capítulo é mostrar como a escola e o mercado de trabalho andam de mãos dadas em sociedades regidas pelo neoliberalismo. Mas afinal de contas, o que é neoliberalismo?
O neoliberalismo é a ideologia que prioriza o consumidor no lugar do cidadão. Prega a ideia de que o Estado deve ter responsabilidades mínimas em relação aos direitos sociais, incluindo a educação. Os Estados devem se desenvolver economicamente, alinhando-se às grandes potências mundiais. A educação deixa de participar dos campos social e político para ingressar no mercado e se desenvolver de acordo com as regras propostas por ele. Para sociedades neoliberalistas, pais e alunos são consumidores e não cidadãos. Você concorda com este ponto de vista? Você acredita que a relação entre alunos com escolas e faculdades deve ser pautada pelas regras de mercado?
Nas sociedades neoliberais as pesquisas científicas também se voltam para as necessidades do mercado. Embora muitos mestrandos e doutorandos façam pesquisas apenas para gerar conhecimento, as agências de fomento priorizam projetos voltados às necessidades do mercado. Tal alinhamento não ocorre apenas nas salas de aula, mas se estende para as pesquisas de pós-graduação. Segundo Michael Apple, a ciência se tornou capital técnicocientífico na sociedade contemporânea. Se o neoliberalismo considera a educação fundamental, não é por razões sociais, que visam desenvolver a cidadania e estimular o aprimoramento intelectual e humano. Para o neoliberalismo, a escola tem três funções estratégicas: 1. Relacionar a educação ao mercado de trabalho e suas necessidades e incentivar as pesquisas acadêmicas com objetivos mercadológicos. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
2. Usar a escola como espaço de transmissão da ideologia dominante. 3. Fazer da escola um espaço de divulgação e de venda dos produtos da indústria cultural. O neoliberalismo é contra o investimento do Estado na educação e se beneficia de financiamentos estatais para divulgar seus produtos didáticos e paradidáticos nas escolas e faculdades.
No sistema neoliberal, além da privatização da educação, esta deve se voltar para as necessidades do mercado.
Desta forma, nos deparamos com a pessimista visão de Weber, em que a educação se submete e se atrela às necessidades do capitalismo, treinando em vez de educar, preparando as pessoas para as necessidades do mercado e do Estado. Retomando o capítulo anterior, a respeito da educação do futuro, em que sustentabilidade deverá ser um de seus principais conceitos, fica claro que sistemas altamente competitivos e predatórios como o neoliberalismo precisarão ser reformulados. A educação não poderá mais ser vista como uma reprodutora dos valores que visam unicamente ao lucro. Como também você já viu, a educação precisará passar por um processo de reeducação para que o planeta não seja destruído e massas cada vez maiores de excluídos se formem . Valores esquecidos pelo neoliberalismo, como a solidariedade e a cooperação, deverão ser retomados e reformulados a fim de que possamos construir uma sociedade sustentável nos mais variados âmbitos. Parece claro que neoliberalismo e desigualdades educacionais são termos inseparáveis. Como garantir algum tipo de democracia e cidadania vivendo de acordo com o preceito de cada um por si e Deus por todos? Como garantir que a educação contribua para a construção do conhecimento, da cidadania, da democracia e da sustentabilidade se se atrela à parcialidade da economia? Como a escola e os professores podem desenvolver o potencial e senso crítico, se já estamos condenados a seguir regras estabelecidas pelo mercado? ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Ao pensarmos em todas as limitações impostas por uma ideologia que visa unicamente ao lucro e à liberdade econômica, que enxerga a Educação como comércio, retomamos os pensamentos, temores e formulações dos autores clássicos como Durkheim, Marx e Weber. Ao aceitarmos que a educação contemporânea se volta às necessidades do mercado, caímos no pessimismo de Weber e incorporamos a visão de Durkheim que via na escola uma ferramenta de adequação social. Podemos pensar também em Marx, Engels e Gramsci que defenderam uma educação emancipatória, desnudando as feridas de uma instituição que muitas vezes se presta a servir o poder. O pensamento de Gramsci caminha na direção oposta à do neoliberalismo: se para esta ideologia a educação deve ser privatizada, o intelectual italiano acreditava em uma escola pública que permitisse o acesso a todos.
Marx era contra a escola pública, mas por razões completamente diferentes das apresentadas pelo neoliberalismo. Para tal ideologia, a educação não deve ser considerada um direito social. Cada um deve pagar para ter acesso a ela, como a qualquer outro produto. Para Marx, a escola pública transmitiria para as crianças e jovens os valores da classe dominante, impedindo assim a emancipação das camadas populares.
Veja alguns dos pensamentos do doutor em educação Pablo Gentili. “Não existe ‘qualidade’ com dualização social. Não existe ‘qualidade’ possível quando se discrimina, quando as maiorias são submetidas à miséria e condenadas à marginalidade, quando se nega o direito à cidadania a mais de dois terços da população. Reiteramos enfaticamente: qualidade para poucos não é ‘qualidade’, é privilégio. Nosso desafio é outro: consiste em construir uma sociedade onde os ‘excluídos’ tenham espaço, onde possam fazer-se ouvir, onde possam gozar do direito a uma educação radicalmente democrática. Em suma, uma sociedade onde o discurso da qualidade como retórica conservadora seja apenas uma lembrança deplorável da barbárie que significa negar às maiorias seus direitos.” (GENTILI, 1994, p. 177.)
“A grande operação estratégica do neoliberalismo consiste em transferir a educação da esfera da política para a esfera do mercado, questionando assim seu caráter de direito e reduzindo-a a sua condição de propriedade. É neste quadro que se reconceitualiza a noção de cidadania,
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através de uma revalorização da ação do indivíduo enquanto proprietário, enquanto indivíduo que luta por conquistar (comprar) propriedades-mercadorias de diversa índole, sendo a educação uma delas. O modelo de homem neoliberal é o cidadão privatizado, o entrepreneur, o consumidor.” (GENTILI, 1996, p. 20-21.)
Veja alguns importantes pensamentos sobre educação. “Não é possível pensar os seres humanos longe, sequer, da ética, quanto mais fora dela. Estar longe, ou pior, fora da ética, entre nós, homens e mulheres, é uma transgressão. É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando. Educar é substantivamente formar.” (FREIRE, 2000, p. 36-37.)
“Para os neoliberais, o mundo em essência é um vasto supermercado. A ‘escolha do consumidor’ é o que garante a democracia. Com efeito, a educação é vista como um produto a mais, como pão, carros e televisão.” (APPLE. In: RODRIGUES, 2004, p. 97.)
Pelas citações anteriores, podemos entender o neoliberalismo como um sistema que transforma a educação em um produto que deve ser adquirido e não um direito que deve ser garantido a todos. A comercialização da educação enfraquece o seu âmbito social, reduzindo sua capacidade de transformar a sociedade, por meio do desenvolvimento integral do ser humano.
Você concorda com a visão neoliberal? Deveria ter acesso à educação apenas quem pode pagar por ela? Qual é a diferença entre pagar para frequentar uma boa escola e ter dinheiro para comprar carros caros e roupas de grife?
Colocando a mão na massa 1. Leia o fragmento, relacione-o com as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: ******ebook converter DEMO Watermarks*******
A gente não quer Só dinheiro A gente quer dinheiro E felicidade A gente não quer Só dinheiro A gente quer inteiro E não pela metade… (“Comida”, de Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sérgio Britto) I. Pelo fragmento, fica clara a ideia que de não são apenas apectos mercadológicos e financeiros que m otivam o ser humano. PORTANTO II. a educação deve pensar na formação de um homem integral, que sonha, cria, intui e não simplesmente em alguém que trabalha e gera lucros. a. As afirmativas são verdadeiras, têm relação entre si e com o fragmento. b. As afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si e com o fragmento. c. Apenas a afirmativa I é verdadeira. d. Apenas a afirmativa II é verdadeira. e. Ambas as alternativas são falsas. 2. Utilizando o fragmento da questão anterior, leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. O fragmento relaciona-se ao pensamento neoliberalista PORQUE II. visa atingir a liberdade que só pode ser alcançada por meio de pessoas que conquistam coisas boas com seus próprios m éritos. a. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
b. As duas afirmativas são verdadeiras e a I justifica a II. c. As duas afirmativas são falsas. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira. 3. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. O neoliberalismo alinha-se ao pensamento de M arx PORQUE II. para tal ideologia a educação deve ser privatizada e Marx não acreditava na escola pública. a. Apenas a afirmativa II é verdadeira. b. Apenas a afirmativa I é verdadeira. c. As duas afirmativas são falsas. d. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica I. e. As duas afirmativas são verdadeiras e a I justifica a II.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Perfume de Mulher. Direção: Martin Brest. Intérpretes: Al Pacino, Chris O’Donnell e outros. Estados Unidos, 1992. Jovem estudante de origem humilde é pressionado pelo reitor da escola onde estuda a delatar os colegas responsáveis por um ato de vandalismo. Disposto a conservar os seus princípios éticos, o rapaz encontrará em um genioso militar reformado e cego um grande amigo e aliado. O filme ******ebook converter DEMO Watermarks*******
ajudará a compreender como em uma sociedade neoliberal, os jovens sem recursos financeiros precisam se submeter às vontades do mercado e dos mais poderosos para conseguirem privilégios como bolsas de estudos que permitam uma formação especializada e um emprego rentável no futuro. O Diabo Veste Prada. Direção: David Frankel. Intérpretes: Meryl Streep, Ann e Hathaway e outros. Estados Unidos, 2006. O filme mostra a trajetória de uma jovem e intelectualizada jornalista que arruma um emprego em uma importante revista de moda. Tiranizada pela chefe, uma m ulher autoritária, sem escrúpulos e viciada em trabalho, passa a viver exclusivamente para servir à empresa, deixando em segundo plano sua vida pessoal e ideais. O filme mostra a dinâmica profissional exaustiva e predatória das grandes corporações tão valorizadas em sociedades regidas pelo neoliberalismo. Um Dia de Fúria. Direção: Joel Schumacher. Intérpretes: Michael Douglas, Robert Duvall e outros. Estados Unidos e França, 1993. Homem desempregado e com problemas pessoais chega ao seu limite emocional e comete uma série de atos violentos em mais um calorento e caótico dia em Los Angeles. O filme mostra de forma subjacente os efeitos colaterais de uma sociedade pautada no lucro e na exclusão. O artigo científico “As Influências do Modelo Neoliberal para a Educação” apresenta as estratégias neoliberais para moldar a edu cação de acordo com os interesses do mercado e do capital internacional. Disponível em:
O resumo do resumo > O neoliberalismo é a ideologia que prioriza o consumidor no lugar do cidadão. Prega a ideia de que o Estado deve ter responsabilidades mínimas em relação aos direitos sociais. Os Estados devem se ******ebook converter DEMO Watermarks*******
desenvolver economicamente, alinhando-se às grandes potências mundiais. > A educação deixa de participar dos campos social e político para ingressar no mercado e se desenvolver de acordo com as regras propostas por ele. Para sociedades neoliberalistas, pais e alunos são consumidores e não cidadãos. > Para o neoliberalismo, a escola tem três funções estratégicas: 1. Relacionar a educação ao mercado de trabalho e suas necessidades e incentivar as pesquisas acadêmicas com objetivos mercadológicos. 2. Usar a escola como espaço de transmissão da ideologia dominante. 3. Fazer da escola um espaço de divulgação e de venda dos produtos da indústria cultural. > Podemos entender o neoliberalismo como um sistema que transforma a educação em um produto que deve ser adquirido e não um direito que deve ser garantido a todos. > A comercialização da educação enfraquece o seu âmbito social, reduzindo sua capacidade de transformar a sociedade por meio do desenvolvimento integral do ser humano.
Para ficar ligado Escolha um dos filmes indicados no “Alargando os horizontes” ou o artigo científico e faça uma análise em dupla sobre o seu conteúdo, relacionando-o ao conceito de neoliberalismo. Reflita se a nossa educação ainda pode ser considerada neoliberal. Elabore uma resenha de aproximadamente 20 linhas (Arial/12) ou apresente oralmente as ideias principais discutidas.
Gabarito 1. a 2. c 3. a
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Capítulo 12 A Escola Pública e o Papel do Estado na Democratização da Educação
Quebrand Queb rando o o gelo Escreva Escreva um pe queno quen o texto (10 linhas/Arial 12) apresentando a sua opinião a respeito do papel do Estado na e ducação. A partir dos capítulos capítulos anteriores anteriore s e do seu conhecimento de mundo, defenda ou contrarie a ideia de que o Estado Estado deve ter papel pape l fundamental fundame ntal na educação. educação.
Colocando em pratos p ratos limpos Qual é o papel do Estado na educação? Qual é a importância das políticas públicas na democratização do sistema educacional? O que são políticas públicas?
Principais Principais conceitos conceit os No capítulo anterior, vimos que pelo neoliberalismo o Estado deve ter poder mínimo, m ínimo, centrando-s centrando-see apenas em desenvolver a economia e alinharalinharse às grandes potências mundiais. Mais importante que criar medidas que contribuam com o país, é fundamental fundam ental favorecer o capital capital estrangeiro. Em sociedades neoliberais, a educação deixa de ser um direito do cidadão e passa a ser comercializada como um produto qualquer. Ela perde seu caráter social e político; político; o cidadão passa a ser consumidor consumido r apenas. Se a educaç edu cação ão perde o seu viés social, é natural que qu e as pessoas se se tornem torne m menos cidadãs. A política neoliberal implantada no Brasil nos anos 1990 ****** *** ***ebook ebook converter DEM DEMO Watermarks**** atermarks******* ***
ainda surte efeitos em nossa educação? Ainda vemos seus efeitos colaterais em nossas escolas, escolas, faculdades faculdades e na formação de nossas crianças crianças e jovens? joven s? Estamos caminhando rumo à educação do futuro? Estamos caminhando rumo a uma educação que se alicerça nos conceitos de sustentabilidade e cidadania? Será que estamos preparados para a pedagogia sustentável? E a virtualidade? Conseguiremos democratizá-la a fim de beneficiar o maior número possível de pessoas ou ela continuará a aumentar os excluídos sociais? Em sociedades pautadas na especialização para atender as necessidades do merca m ercado, do, cabe cabe lugar para o hom em integral? integral? Ainda não nos libertamos libertamos totalmente dos efeitos neoliberais, mas, cada vez mais, o Estado tem tomado para si seu seu papel p apel crucial crucial no sistema educaci ed ucacional. onal.
A educação é um direito social. É por meio dela que se constrói a cidadania. Sendo assim, o Estado tem responsabilidade em relação aos rumos da pedagogia. Sem educação não há cidadania. Você concorda?
Pensar a educação, excluindo a importância do Estado, é antidemocrático. Como assim? Se pago a escola ou faculdade que está dentro de minhas possibilidades possibilidades financeiras, financeiras, tal conduta não n ão é democrátic dem ocrática? a? Cada um adquire o que pode, o que consegue. Se encarássemos a escola como uma roupa, como um videogame ou como um carro, sim. Porém, não é uma roupa de grife, um aparelho eletrônico e um carro que nos definem como cidadãos. O mesmo não se pode dizer a respeito respeito da educação. educação. É preciso que todos recebam uma formação mínima, independentemente da carreira que seguirão. Se sem educação não há cidadania nem democracia, mais uma vez ressalta-se a ideia de que sem a interferência do Estado na educação não podemos formar cidadãos nem uma um a sociedade sociedade dem ocrática. ocrática.
Podemos dizer que o papel do Estado na educação é democratizá-la.
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Mas de que forma o Estado a democratiza? Por meio das políticas públicas. O que são políticas públicas? São medidas tomadas pelo Estado, organizadas na forma de leis, programas e linhas de financiamento, que direcionam os recursos públicos para as atividades e setores considerados mais importantes pelo Estado. Direcionar recursos para a educação e para a saúde, a fim de que todas as classes tenham acesso a estes serviços sem que precisem pagar por eles, é um exemplo de política pública. Se compreendemos que a educação é um direito social, o Estado precisa garantir que todos tenham acesso a ela. Porém, não podemos confundir políticas públicas com governamentais. Como assim? Embora sejam estatais, as governamentais nem sempre são públicas porque não discutem para quem se dirigem e se a elaboração da medida que visa beneficiar um determ inado grupo precisa ser debatida publicamente. Bolsas de estudo, incentivos a pesquisas e publicações acadêmicas, leis que isentam empresas que patrocinam eventos culturais são bons exemplos de políticas públicas. O Estado interfere, medeia as relações sociais, a fim de que grupos sejam beneficiados e que os direitos sociais sejam respeitados e obtidos por todo s.
Normalmente os benefícios obtidos por meio das políticas públicas se dirigem a grupos menos privilegiados. Uma das suas grandes funções é o de gerar empregos, renda e oportunidades para grupos excluídos das políticas econômicas.
“… costuma-se pensar o campo das políticas públicas unicamente caracterizado como administrativo ou técnico, e assim livre, portanto do aspecto ‘político’ propriamente dito, que é mais evidenciado na atividade partidária eleitoral. Este é uma meia verdade, dado que apesar de se tratar de uma área técnico-administrativa, a esfera das políticas públicas também possui uma dimensão política uma vez que está relacionado ao processo decisório.” (FERNANDES, 2007, p. 203.)
A escola pode contribuir com a construção da cidadania se oferecer aos seus alunos as condições míninas e necessárias para um bom aprendizado. Crianças e jovens mal nutridos que caminham horas para chegar à escola, ******ebook converter DEMO Watermarks*******
que não têm acesso a materiais didáticos, que assistem às aulas em salas sujas, mal iluminadas, com carteiras quebradas, não conseguem por meio da escola desenvolver o senso crítico e construir a sua cidadania. Como pensar em direitos civis sentindo fome? Como se concentrar em uma aula estando extremamente cansado e mal acomodado? Os problemas enfrentados pela família da criança interferem diretamente em seu rendimento escolar, em como ela assiste e aproveita o tempo em sala de aula. Professores mal remunerados e mal preparados também tendem a oferecer uma aula de pior qualidade. Teoricamente, a escola tem os papéis de socializar e construir a cidadania, mas na prática, isso nem sempre acontece.
Não basta que o Estado garanta que todas as crianças e jovens sejam alfabetizadas e que passem uma quantidade X de horas em sala de aula. É preciso oferecer uma Educação de qualidade. Entende-se por qualidade os recursos físicos, os professores e o que se ensina nas escolas.
As políticas públicas não podem se restringir a garantir que todas as crianças vão para a escola. Elas precisam garantir uma educação que faça a diferença para as suas vidas, incluindo o cotidiano e os problemas dos estudantes na realidade escolar, oferecendo uma educação conectada com o dia a dia, visando contextualizar o aluno na sociedade, alertando-o para as principais questões da atualidade. A primeira política pública voltada para a educação no Brasil ocorreu em meados do século XX, quando parte dos investimentos estrangeiros, decorrentes das duas grandes Guerras Mundiais, vieram para o nosso país e tornaram a economia mais industrializada, que exigia uma mão de obra alfabetizada.
As necessidades do mercado orientaram os rumos da educação. A alfabetização passa a ser considerada prioridade quando a economia exige profissionais que sabem ler e escrever.
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Alfabetizar as pessoas passou a ser pouco e o Estado começou a investir nas crianças, garantindo a educação primária pública e obrigatória, com direito a merenda, transporte, materiais didáticos gratuitos. Em alguns casos, incentivos em dinheiro para as famílias das crianças manterem seus filhos na escola. Medidas que visam diminuir as taxas de repetência e evasão escolar também são políticas públicas. Cursos semipresenciais e o supletivo contribuíram com a aceleração da educação.
O Mobral e o Programa Brasil Alfabetizado são exemplos de políticas públicas que visam acabar com o analfabetismo.
A partir de 1988, com a nova Constituição, foi determinado que o Estado deve investir 25% de seus recursos em educação. Em princípio, a preocupação se voltava para a quantidade: era importante alfabetizar, manter o maior número possível de crianças e jovens nas escolas. Estudantes com necessidades especiais começaram a ser incluídos nas mesmas salas de aulas. Com o passar do tempo, a qualidade se tornou a meta.
O que você considera fundamental para a melhoria da qualidade educacional? Além da inclusão e permanência de todos em sala de aula, da distribuição gratuita de materiais didáticos, condições físicas decentes, transporte e merenda gratuitas, o que pode e deve ser feito para que a educação realmente contribua na construção da cidadania e se torne verdadeiramente democrática?
O interesse em melhorar a qualidade inclui especialização docente, permitindo o ingresso dos professores no ensino superior. Facilitar a aquisição de computadores para os mesmos e modernizar os equipamentos midiáticos das escolas públicas fazem parte do rol de preocupações que norteiam uma educação mais cidadã e democrática.
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Você sabe dizer por que tantas universidades públicas foram fundadas? Pode-se dizer que fundar universidades estatais é uma política pública?
Fundar universidades públicas por todo o país tinha dois objetivos: preparar mestres e doutores, mão de obra especializada para o ensino e para a economia de um modo geral. Este intuito foi obtido.
Você sabia que cada vez mais ingressam pessoas jovens nos programas de pós-graduação do país?
O outro grande e importante objetivo não foi atingido plenamente. Qual? O de permitir a entrada de jovens de baixa renda no ensino superior. As vagas das universidades públicas foram praticamente preenchidas por jovens de alta renda, que estudaram em boas escolas particulares e tiveram acesso a uma série de reforços como cursos de inglês, aulas particulares e cursinhos pré-vestibulares.
As universidades públicas, que deveriam beneficiar os grupos excluídos pelas políticas econômicas, se tornaram mais um mecanismo de exclusão social e antidemocracia.
O programa que visa separar uma cota de vagas para estudantes oriundos das escolas públicas ou afrodescendentes é uma política pública que objetiva dar acesso a jovens de baixa renda às universidades do Estado. Muitos veem com maus olhos tal política por a considerarem discriminatória. É uma forma de garantir que pelo menos uma parte das vagas públicas se destine a bons alunos que não podem pagar. Muitos acreditam que as universidades públicas não têm a obrigação de acolher as classes menos abastadas e sim aqueles com melhor rendimento escolar. Como é possível colocar em pé de igualdade jovens que receberam condições de estudo completamente desiguais? O acesso prioritário a quem pôde investir na educação desde a infância ******ebook converter DEMO Watermarks*******
induz à conservação do poder nas mãos de poucos. O ProUni — Programa Universidade para Todos permitiu a inclusão de jovens de baixa renda no ensino superior. Por meio de um sistema de financiamento público, vagas em diversas universidades privadas são liberadas gratuitamente para os jovens que estudaram em escolas públicas e/ou que a família tem baixa renda.
O ProUni é um programa que visa à democracia e à cidadania, pois estende às classes menos abastadas a oportunidade de cursar o ensino superior.
Existem outros programas que visam incluir o maior número possível de pessoas no ensino superior, como os de vagas remanescentes. Eles oferecem vagas que sobraram em cursos variados ou que foram abertas pela desistência de outros alunos. É possível mudar de curso dentro da mesma universidade. Alguns cursos e programas incluem a possibilidade de transferência de universidades privadas para as públicas.
O investimento na educação e a entrada de cada vez mais pessoas nas universidades geram condições de melhoria de status para a população e também permitem que o mercado e o próprio Estado usufruam de uma mão de obra mais qualificada.
Sabemos que nem tudo são flores; que apenas ingressar no ensino superior não resolve todos os problemas, que ainda existem cursos deficientes e muitos alunos desinteressados. A simples possibilidade de ingressar no ensino superior por meio de políticas públicas fortalece o caráter social, cidadão e democrático da Educação estabelecido e garantido pelo Estado. Uma meta muito importante que deve ser perseguida sempre é a da inclusão de fato nas salas de aula. Relembrando Bourdieu, a escola deveria dar menos peso para os conhecimentos anteriores dos estudantes, permitindo que todos possam usufruir da faculdade. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Como assim? As diferentes bagagens culturais que provocam desníveis em sala de aula deveriam ser amenizadas por uma educação superior que incluísse a todos. Trocando em miúdos, talvez os professores devessem expor conceitos e conteúdos considerados “óbvios” para o terceiro grau, dando assim a oportunidade de que todos preencham as lacunas deixadas no decorrer da vida estudantil. Para permitir realmen te o acesso a todos ao curso superior é preciso que haja uma inclusão de fato, na prática, no cotidiano das salas de aula.
Colocando a mão na massa 1. Leia o diálogo extraído do filme “Os Escritores da Liberdade”, de Richard LaGravenese, analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: Diretora: – “…teremos de revisar seu planejamento escolar. Se vir as notas deles, estas listas de vocabulário e alguns desses livros, como “A Odisseia” de Homero serão complicados demais para eles (…) A maioria pega três ônibus para chegar aqui, uns 90 minutos na ida e na volta (…) é uma pena que não estava aqui há uns dois anos, sabe. Éramos uma das melhores escolas da região mas desde que a integração voluntária foi introduzida perdemos mais de 75% de nossos melhores alunos.” Professora: – “Bem, na verdade, escolhi a Wilson por causa do programa de integração. Acho que o que está acontecendo aqui é muito empolgante, não acha? Meu pai participou do movimento pelos direitos civis. E na época em que vi os tumultos de Los Angeles na TV eu planejava fazer direito. E eu pensei: céus, quando se defende um garoto no tribunal, já se perdeu a guerra. A verdadeira luta deveria acontecer na sala de aula.” I. É impossível dissociar os conceitos de políticas públicas e de democracia PORQUE II. as políticas públicas favorecem grupos menos privilegiados pelas ******ebook converter DEMO Watermarks*******
políticas econôm icas, fortalecendo a cidadania que só é possível por meio de uma sociedade democrática. a. Apenas a afirmativa I é verdadeira. b. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. c. As duas afirmativas são verdadeiras e a I justifica a II. d. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. e. As duas afirmativas são falsas. 2. Utilizando o diálogo da questão anterior, assinale a alternativa verdadeira: I. A política pública adotada pela escola gerou uma queda de qualidade, o que desmotivou a diretora PORQUE II. políticas públicas funcionam apenas na teoria. a. As afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. A afirmativa I é verdadeira e a II é parcialmente verdadeira porque, para as políticas públicas funcionarem na prática, é preciso que haja um esforço verdadeiro em prol dos grupos favorecidos por elas. c. A afirmativa I é verdadeira e a II é parcialmente verdadeira porque é preciso considerar o contexto dos grupos beneficiados pelas políticas públicas para que elas surtam algum efeito positivo. d. As afirmativas b e c são verdadeiras e se completam. e. As duas afirmativas são falsas. 3. Utilizando o diálogo da questão 1, analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. Pelo diálogo é possível perceber que não basta colocar os alunos em sala de aula para garantir o direito à educação. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
PORQUE II. sem um ensino de qualidade, com professores comprometidos e preparados para lidar com a realidade dos alunos, sem o fornecimento de materiais didáticos e o interesse real das escolas em preparar cidadãos em uma sociedade democrática, o “ir à escola” esvazia-se de seu significado e importância. a. As duas afirmativas são verdadeiras e a I justifica a II. b. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. c. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. As duas afirmativas são falsas.
Alargando os horizontes Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, filmes, livros ficcionais, músicas e até mesmo programas televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Intérpretes: Hillary Swank e outros. Estados Unidos/Alemanha, 2007. Baseado em fatos reais, o filme mostra a luta de uma professora para inspirar os seus alunos problemáticos a mudar seus destinos por meio da escola e da educação. O filme ajudará a compreender a importância do pensamento de Marx nos dias de hoje. Mesmo nas realidades mais hostis, existem professores que buscam fazer a diferença na vida de seus alunos, ensinando algo a mais que teorias e conceitos. Como a professora do filme, é importante relacionar os conteúdos teóricos com a realidade dos alunos. No artigo “Moacir Gadotti — Por um Educador Brasileiro”, a autora comenta a visão de Moacir Gadotti sobre o papel do educador e da ******ebook converter DEMO Watermarks*******
educação na construção de uma sociedade mais avançada pelo compartilhamento das conquistas culturais e tecnológicas. Disponível em: . Acesso em: 18 maio 2011.
O resumo do resumo > A política neoliberal implantada no Brasil nos anos 1990 ainda surte efeitos em nossa educação. > Ainda não nos libertamos totalmente dos efeitos neoliberais, contudo, cada vez mais o Estado tem tomado para si seu papel crucial no sistema educacional. > A educação é um direito de todos. É essencial na construção da cidadania. > O Estado democratiza a educação por meio das políticas públicas. > Políticas públicas são medidas tomadas pelo Estado, organizadas na forma de leis, programas e linhas de financiamento, que direcionam os recursos públicos para as atividades e setores considerados mais importantes pelo Estado. > Se compreendemos que a educação é um direito social, o Estado precisa garantir que todos tenham acesso a ela por meio das políticas públicas. > Não podemos confundir políticas públicas com governamentais. > A escola pode contribuir com a construção da cidadania, oferecer aos seus alunos as condições mínimas e necessárias para um bom aprendizado. > As políticas públicas não podem se restringir a garantir que todas as crianças vão para a escola. Elas precisam garantir uma educação que faça a diferença para as suas vidas. > A partir de 1988, com a nova Constituição, foi determinado que o Estado deve investir 25% de seus recursos em educação. Em princípio, a preocupação se voltava para a quantidade. Com o passar do tempo, a ******ebook converter DEMO Watermarks*******
qualidade se tornou a meta. > O ProUni — Programa Universidade para Todos permitiu a inclusão de jovens de baixa renda no ensino superior. > As políticas públicas fortalecem o caráter social, cidadão e democrático da educação estabelecido e garantido pelo Estado.
Para ficar ligado Crie uma política pública. Elabore uma medida que pudesse contribuir com a educação no país, estimulando a cidadania, a democracia e o desenvolvimento sustentável. Apresente oralmente a sua ideia.
Gabarito 1. b 2. d 3. c
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Capítulo 13 A Educação e o Multiculturalismo
Quebrando o gelo Escreva um pequeno texto (10 linhas/Arial 12) apresentando a sua opinião a respeito das cotas reservadas a estudantes afrodescendentes nas universidades públicas. A partir dos capítulos anteriores e do seu conhecimento de m undo, defenda ou contrarie a ideia de que tal medida é democratizante.
Colocando em pratos limpos O que é multiculturalismo? Vivemos realmente em uma sociedade sem preconceitos e discriminações culturais? Todas as culturas apresentam as mesmas oportunidades educacionais? Como o Estado e a escola lidam com as diferenças culturais?
Principais conceitos Quando escutamos a palavra multiculturalismo, qual é a primeira imagem que vem à cabeça? Em que pensamos primeiramente? O que entendemos por muitas culturas? O que é cultura? Desde crianças ouvimos as pessoas falarem que fulano tem cultura, mas beltrano não, porque fulano leu muitos livros, fez faculdade, viajou bastante, fez cursos sobre artes, estudou línguas, tem noções filosóficas, políticas, antropológicas etc. Mas será que possui cultura apenas quem acumulou uma série de conhecimentos e desenvolveu o pensamento crítico, um olhar intelectualizado sobre o mundo? A palavra cultura é tão complexa e difícil de se definir, que existem ******ebook converter DEMO Watermarks*******
muitos conceitos formulados a seu respeito, embora nenhum completo e definitivo. Existe ainda a concepção de cultura como refinamento do conhecimento e do pensamento humanístico. Para a Antropologia, cultura tem um significado mais amplo, que engloba a todos. “Cultura é o modo próprio de ser do homem em coletividade, que se realiza em parte consciente, em parte inconscientemente, constituindo um sistema mais ou menos coerente de pensar, agir, fazer, relacionar-se, posicionar-se perante o Absoluto, e, enfim, reproduzir-se.” (GOMES, 2010, p. 36.)
Pela citação acima é possível perceber que todos têm cultura porque fazem parte de um sistema com valores, normas, modos mais ou menos padronizados de agir e de pensar. Como você viu em capítulos anteriores, sabemos que é deselegante arrotar à mesa. É um valor que compartilhamos. Em outras culturas, arrotar à mesa é um ato aceitável ou até mesmo lisonjeiro. Independentemente da escola que frequentamos, se fizemos ou não um curso universitário, pós-graduação, se estudamos no exterior, quantos livros lemos ou quantos idiomas dominamos, o quanto sabemos sobre artes e ciências humanas, o quanto empregamos bem as regras gramaticais de nossa língua, todos nós temos cultura. Em um mesmo país, cidade ou escola existem diferenças culturais que precisam conviver. Em nosso País, em nossa cidade e nas escolas nos deparamos constantemente com diferentes formas de ver o mundo e de viver a vida. As diferenças existentes dizem respeito à etnia, à religião, à orientação sexual, à naturalidade, à raça. O termo raça vem caindo em desuso já que a ciência comprovou que existe apenas uma raça: a humana. Ainda usamos no dia a dia este termo para designar os diferentes fenótipos existentes.
Não devemos encarar o multiculturalismo apenas como as diferentes etnias existentes. O multiculturalismo engloba as diferentes religiões, crenças, orientações sexuais e regionalismos de um mesmo país. A cultura diferente não se refere apenas aos países muçulmanos e orientais por exemplo. No Brasil mesmo, existem diferenças culturais entre os variados estados. Os estados e regiões apresentam diferenças linguísticas, econômicas, educacionais, pratos típicos, festas folclóricas distintas
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etc.
A tendência das sociedades globalizadas é homogeneizar tudo. Como assim? Adotar valores e normas comuns a todos, ignorando as diferenças culturais e incentivando que todos ajam e pensem do mesmo jeito, independentemente da sua etnia, credo e orientação sexual. Os modos de pensamento e ação normalmente transmitidos são os da classe dominante e das culturas consideradas superiores. Ouvimos constantemente que as pessoas devem ser tratadas de forma igual. As pessoas são diferentes. Devemos tratar de forma igual no sentido de respeitar a todas, de garantir seus direitos civis, sociais e políticos. No entanto, devemos compreender que diferenças existem e as pessoas devem ser respeitadas e tratadas de acordo com suas culturas. De que forma a escola pode contribuir ou não para a aceitação, respeito e incorporação de variados elem entos culturais? Você viu em muitos capítulos o papel da educação na construção da cidadania e da democracia. Como é possível existir uma sociedade cidadã e democrática se elegemos uma cultura como a correta, que deve ser seguida por todos? Os conceitos de cidadania e de democracia exigem de nós a percepção e a incorporação das diferenças que convivem em nossa sociedade. Expandindo o tema trabalhado no capítulo anterior, não basta que todos tenham acesso à sala de aula. Também não basta que todos tenham acesso a um currículo que priorize ou revele a realidade a partir de um ponto de vista único e dominante. Independentemente de onde uma pessoa mora, seus modos de ação e pensamento são norteados por sua cultura. Um japonês, por exemplo, que passa a viver no Brasil, não mudará seus hábitos alimentares e valores morais porque deixou de habitar o seu país. Será que existem políticas públicas dirigidas à educação que se preocupam com o multiculturalismo? Que levam em conta que nem todos são descendentes de europeus, da religião católica, heterossexuais? Qual é o papel da escola na incorporação das minorias? O que é incorporar? É o ******ebook converter DEMO Watermarks*******
mesmo que tolerar?
Não devemos confundir incorporação e respeito com tolerância. Tolerar é engolir meio a contragosto. Incorporar e respeitar é aceitar que as diferenças existem e que todas devem ser consideradas na construção da cidadania.
Para Durkheim a escola servia para socializar, homogeneizar para uma vida social harmoniosa. Será que a visão funcionalista e durkheimiana se compatibiliza com o multiculturalismo? Como relacionar as diferenças com um modo único de vida? Como conciliar a globalização com o multiculturalismo? Se as sociedades globalizadas tendem a uniformizar a cultura, adotando as mesmas normas, valores, modos de pensamento e ação a todos, como a escola pode caminhar na contramão incorporando no currículo as diversas diferenças culturais sem hierarquizá-las?
Se a educação é um direito de todos, não deveria também ser direito o acesso de todas as crianças e jovens a uma formação compatível com sua etnia e religião? Uma formação que leve em conta suas particularidades culturais? Não deveria ser incluído no currículo o folclore das mais diversas regiões, o respeito às diferenças linguísticas e elementos no espaço físico que conectem os alunos à sua cultura? Você já percebeu que as histórias que as crianças mais leem são europeias? Quantas histórias indígenas ou referentes às culturas africanas são contadas e trabalhadas nas escolas? Até que ponto a escola não se alinha à classe dominante e às culturas consideradas superiores para fazer o recorte da realidade? Incluir todos na educação não é transmitir simplesmente verdades parciais, realidades fragmentadas. Uma educação verdadeiramente democrática e cidadã deveria considerar as mais variadas culturas que convivem num espaço geográfico.
Incluir crianças e jovens com necessidades especiais também é uma questão pertencente ao multiculturalismo. Sabemos que muitos pais preferem matricular seus filhos com deficiências visuais, auditivas, portadores de síndrome de Down em escolas especializadas, que respeitam seu ritmo e forma de aprendizado. Porém, na sociedade, no dia a dia, vivemos todos separados? Existem ruas, bares, restaurantes, lojas exclusivas para ******ebook converter DEMO Watermarks*******
deficientes visuais ou auditivos? Da mesma forma que os estabelecimentos comerciais e espaços públicos devem se adaptar para receber a todos, as escolas públicas têm a obrigação de receber qualquer criança e jovem com necessidades especiais. As particulares podem exigir no momento da matrícula um acréscimo monetário para contratar profissionais especializados e fazer adequações no espaço físico. As públicas necessitam garantir tais condições gratuitamente. Educar um grupo hom ogêneo é mais cômodo. Lidar com as diferenças é um processo delicado, que exige sensibilidade e flexibilidade. Como você viu anteriormente, a sociedade não é fragmentada. Pelas mesmas ruas e estabelecimentos comerciais transitam todos os dias as mais variadas culturas e provavelmente um dos principais motivos para tantas guerras, conflitos e violência é a não aceitação às diferenças. Se vivemos todos nas mesmas cidades, independentemente de nossa orientação sexual, crenças, naturalidade, fenótipo e necessidades especiais, incluindo as mais corriqueiras como usar óculos, por que a educação não deveria reunir todas as culturas em uma mesma sala de aula? Por que separar as pessoas por credo, etnia ou pelo fato de ser cadeirante ou precisar ler em braile? Será que o método utilizado para se comunicar é o mais importante? Todos, sem exceção, somos cidadãos. Uma sociedade democrática só pode existir com a convivência entre as diferenças.
As diferentes formas e ritmos de aprendizagem fazem parte do rol de interesses do multiculturalismo. Você considera que as crianças com necessidades especiais podem aprender melhor nas escolas públicas ou se beneficiariam mais se o Estado financiasse escolas segmentadas, de acordo com cada necessidade?
O sistema educacional foi construído sobre bases homogeneizantes. Sem o conceito de transdisciplinaridade, que inclui a convivência multicultural, a educação do futuro não conseguirá ser sustentável, isto é, viável. “O sujeito se faz como ser diferenciado de outro, mas formado na relação com o outro; singular, mas constituído socialmente e, por isso mesmo, numa composição individual, mas não homogênea.” (SMOLKA; GÓES, 1993, p. 10.)
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Pela citação acima são perfeitamente conciliáveis os conceitos de socialização e individualidade. Apesar de compartilharmos normas e valores, possuímos diferenças que podem ser incorporadas à vida social. Fornecer uma educação igualitária não é o mesmo que desconsiderar o multiculturalismo em sala de aula. É entender que existem normas e valores comuns e que as diferenças culturais devem ser aceitas e respeitadas em uma escola que acolha a todos como cidadãos.
Você concorda que a convivência multicultural beneficia a todos, enriquecendo o processo de aprendizado e cidadania?
Não podemos nunca nos esquecer de que o nazismo e as ideias neonazistas partem de ideais homogeneizantes, hierarquizando as pessoas por sua etnia, credo e modo de vida, colocando determinadas culturas como superiores e dignas de viver. Sintetizando o pensamento da filósofa e educadora Maria Lúcia de Arruda Aranha, Tânia Welter e Neide Catarina Turra definiram a cultura como a possibilidade de amar, comer, se vestir, enfim, de viver de um m odo diferente em um mesmo espaço geográfico, participando de um mesmo contexto.
O multiculturalismo é um dos principais conceitos da educação do futuro.
O monoculturalismo, oposto do multiculturalismo, não atinge apenas os alunos em sala de aula, inclui também a seleção de autores. As escolas e universidades ainda priorizam os autores homens e europeus, principalmente os que já faleceram. Os livros que narram algum aspecto histórico tendem a analisá-lo sob o viés das grandes civilizações e da cultura ocidental. Como afirmou Pierre Bourdieu, mesmo aqueles que se consideram isentos do pensamento hegemônico, sem perceber, muitas vezes de forma ******ebook converter DEMO Watermarks*******
inconsciente, se submetem a ele. Para o Doutor em educação Reinaldo Matias Fleuri, as escolas devem ir além do multiculturalismo e alcançar o interculturalismo. Como assim? Qual é a diferença entre os dois termos? Multiculturalismo significa muitas culturas enquanto interculturalismo se refere à interação entre elas; o respeito pelas diferenças, a valorização mútua de cada cultura. “Além disso, educação intercultural propõe construir a relação recíproca entre eles. Uma relação que se dá, não abstratamente, mas entre pessoas concretas. Entre sujeitos que decidem construir contextos e processos de aproximação, de conhecimento recíproco e de interação. Relações estas que produzem mudanças em cada indivíduo, favorecendo a consciência de si e reforçando a própria identidade. Sobretudo, promovem mudanças estruturais nas relações entre grupos. Estereótipos e preconceitos — legitimadores de relações de sujeição ou de exclusão — são questionados, e até mesmo superados, na medida em que sujeitos diferentes se reconhecem a partir de seus contextos, de suas histórias e de suas opções. A perspectiva intercultural de educação, enfim, implica mudanças profundas na prática educativa, de modo particular na escola. Pela necessidade de oferecer oportunidades educativas a todos, respeitando e integrando a diversidade de sujeitos e de seus pontos de vista.” (FLEURI, 2001, p. 79.) “Apesar de assimilado o princípio constitucional de educação para todos, a escola, através de suas práticas e conteúdos dominantemente estabelecidos, não compreende ou valoriza a massa diversificada de alunos, com desigual capital de origem familiar e social, com desiguais expectativas e interesses e estabelece conteúdos e conhecimentos, além de ritos pedagógicos homogeneizados. É fundamental analisar os múltiplos fatores desta padronização e homogeneização nos aspectos pedagógicos: em primeiro lugar, temos a estrutura organizativa do sistema educacional e da escola que gradua o nível de aprendizagem, distribuído em séries e graus, definindo momentos para a passagem de uns para outros. Segundo, aparece a ordenação do currículo, especializando seus componentes, professores diferentes para cada conteúdo, material didático específico. Em terceiro lugar, aparece segregação em tipos de escolas e de educação, para alunos com peculiaridades pessoais, culturais e com diferentes destinos sociais: escolas para crianças com deficiências físicas e mentais, para os superdotados, para trabalhadores e outros. Em último, podemos colocar a própria acomodação dos docentes, visto que é mais fácil trabalhar com uma base homogênea, uma vez que o aparato avaliativo e seletivo do sistema escolar foi concebido sob esta visão.” (WELTER e TURRA, 2003, p. 183.)
Provavelmente, a única forma de caminharmos rumo a uma educação democrática e cidadã é considerarmos as diferenças culturais e aceitarmos o valor de cada cultura, em um diálogo constante, que não nega o conflito, mas, sim, o incorpora. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Sob a perspectiva da diversidade, o aluno não deve se adaptar àquilo que a escola ensina e ao que a sociedade e as leis do mercado esperam dele. A construção de uma escola realmente democrática exige a reformulação do que é ensinado, a fim de inserir a todos na sociedade, independentemente de as suas diferenças culturais.
E as diferenças econômicas? Podem ser consideradas uma das questões do multiculturalismo? O que você acha?
Falamos sobre diferentes etnias, credos, orientações sexuais, regionalismos. Mas será que as diferenças econômicas e sociais também não devem entrar no rol de interesses do multiculturalismo? Como você viu anteriormente, o termo multiculturalismo se refere a muitas culturas. Os fatores econômico e social fazem parte da cultura. Portanto, podem ser consideradas pertencentes ao multiculturalismo. Por incrível que pareça, as pessoas de baixa renda ainda são as mais discriminadas pois não há nenhum movimento social para defendê-las. No caso dos homossexuais, das mulheres, das minorias étnicas existem mobilizações que visam proteger seus direitos. Quem luta pelas camadas populares? Quem os protege? Quem os mobiliza na conquista da cidadania plena? Como e por quem é formada a sua consciência?
As camadas populares, provavelmente, são o maior grupo de excluídos existente. Discriminados e não articulados em movimentos sociais como o das mulheres, dos homossexuais e das minorias étnicas, as pessoas de baixa renda convivem diariamente com as agruras de sobreviver em uma sociedade regida pelas leis econômicas, dependendo de políticas públicas que, na prática, nem sempre funcionam a contento.
Se o analfabetismo vem sendo combatido por meio de programas do governo, ainda existem aqueles que são semianalfabetos. Isto é, saíram das estatísticas de quem não sabe ler e escrever. Leem e escrevem precariamente, articulam mal as ideias e não conseguem argumentar, tanto ******ebook converter DEMO Watermarks*******
oral como verbalmente. Muitas destas pessoas chegam ao ensino superior. Como os professores e as universidades devem lidar com tal situação? Devem tentar incluí-los no ritmo de aprendizado dos outros alunos que sabem ler e escrever fluentemente, argumentar e articular ideias, ou simplesmente tratá-los como café com leite? Muitas vezes, professores do ensino superior, de disciplinas e cursos variados, precisam abrir parênteses em suas aulas para fornecer explicações básicas sobre regras gramaticais e escolher textos mais simples para ilustrar suas aulas. Para os alunos que leem e escrevem bem, que articulam as ideias com certa tranquilidade, como se manter interessado em uma aula que resgata constantemente conceitos conhecidos por eles e não apresentam propostas e leituras instigantes? Como dar a mão ao aluno que mal sabe ler e escrever e manter interessado aquele que está preparado para voos mais altos? Caímos novamente na questão do multiculturalismo em sala de aula e na facilidade de trabalhar com grupos homogêneos. Talvez, as diferenças sociais sejam as que criem m ais dificuldades para os professores que alternam m omentos de profunda reflexão com aulas que resgatam o que já deveria ter sido apreendido nos ensinos fundamental e médio.
Nenhum aluno deve ser ignorado no ambiente educacional. Do que lê precariamente ao preparado para as reflexões e questionamentos mais profundos, munidos de referências variadas, devem ser considerados em sala de aula. Os professores devem buscar estratégias conciliadoras para fornecer a todos uma aula que valha a pena.
A realidade cotidiana das salas de aula nos revela que a questão do analfabetismo vai muito além das estatísticas. Saber assinar o próprio nome e escrever algumas palavras não torna de fato as pessoas letradas. Mais que saber ler fluentemente, respeitar as principais regras gramaticais e construir textos coerentes, deveria ser considerada letrada a pessoa que por meio das palavras consegue articular, argumentar, pensar sobre os m ais variados assuntos, mesmo quando admite em sua escrita sua falta de ******ebook converter DEMO Watermarks*******
conhecimento num tema específico. Ninguém sabe tudo. Ninguém entende sobre tudo. Como você já viu em capítulos anteriores, o conhecimento é fragmentado, parcial. O que deve ser entendido é a importância de relacionarmos o teórico com o prático, estabelecer conexões entre as disciplinas e a realidade cotidiana. Devemos pensar a educação como uma estrutura que interfere em todos os âmbitos da sociedade. O que se aprende e se ensina em sala de aula é apenas um prolongamento do que vemos nos noticiários, lemos nos livros, jornais e revistas, ouvimos nas ruas, com entamos em casa, no trabalho etc.
Você já ouviu falar em analfabetismo funcional?
Na realidade, poderemos considerar de fato que as taxas de analfabetismo estão caindo quando diminuírem também os analfabetos funcionais. Como assim? Existem pessoas que conseguem reconhecer as letras do alfabeto, ler títulos, frases e até mesmo textos curtos, sem conseguir interpretá-los, tirar conclusões, estabelecer referências com outros textos e situações.
Lê plenamente aquele que é capaz de interpretar os sentidos do texto e não simplesmente decodificar as letras e orações.
Parece clara a ideia de que temos muito a caminhar no combate ao analfabetismo. A alfabetização plena, dotada de capacidade interpretativa e reflexiva, contribui substancialmente na formação de estudantes cidadãos. Combater o analfabetismo funcional é mais uma estratégia de inclusão social e construção da cidadania e da dem ocracia. Mais que melhorar a “cara” das estatísticas, devemos ver na prática, no dia a dia, os avanços proporcionados pela alfabetização e um ensino de mais qualidade.
Colocando a mão na massa ******ebook converter DEMO Watermarks*******
1. Leia as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. A diversidade cultural ainda não é plenamente compreendida e exercida nas escolas PORQUE II. como membros de uma mesma sociedade precisamos viver de acordo com as mesmas norm as e valores. a. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. b. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. c. Apenas a afirmativa I é verdadeira. d. Apenas a afirmativa II é verdadeira. e. As duas afirmativas são falsas. 2. Leia o fragmento da música “Lourinha Bombril”, de Bangalafumenga, analise as afirmativas abaixo e assinale a alternativa verdadeira: Essa crioula tem o olho azul Essa lourinha tem cabelo bom bril Aquela índia tem sotaque do Sul Essa mulata tem a cor do Brasil A cozinheira tá falando alemão A princesinha tá falando no pé A italiana cozinhando feijão A americana se encantou com Pelé I. O fragmento se refere ao conceito de multiculturalismo existente no Brasil PORQUE II. além de apresentar as diferenças étnicas que convivem em nosso país, ressalta que o multiculturalismo existe em nós. Mais que loiros, afrodescendentes ou indígenas, muitos brasileiros carregam várias ******ebook converter DEMO Watermarks*******
etnias e culturas em si. a. As duas afirmativas são verdadeiras e a II justifica a I. b. As duas afirmativas são falsas. c. As duas afirmativas são verdadeiras, mas não têm relação entre si. d. Apenas a afirmativa I é verdadeira. e. Apenas a afirmativa II é verdadeira. 3. Analise as frases abaixo e assinale a alternativa verdadeira: I. Homogeneizar o currículo escolar é mais democrático pois trata a todos com igualdade. II. Um sistema educacional democrático deve considerar as diferenças culturais, compreendendo que existem culturas e autores mais importantes. III. Diferenças culturais são sinônimo de diferenças étnicas. IV. É dever do Estado garantir que crianças e jovens com necessidades especiais tenham acesso à escola porque a educação é um direito de todos. V. As diferenças de gênero e de orientação sexual podem ser consideradas questões do multiculturalismo. VI. O conceito de interculturalismo vai além do de multiculturalismo porque inclui a aceitação e valorização recíproca das culturas e não apenas a existência de muitas culturas em um mesmo espaço geográfico. a. As afirmativas I, III e III são verdadeiras. b. As afirmativas IV, V e VI são verdadeiras. c. As afirmativas III, IV e V são verdadeiras. d. As afirmativas II, III e IV são verdadeiras. e. Todas as afirmativas são verdadeiras, exceto a II.
Alargando os horizontes ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Existem muitas formas para aprendermos além da sala de aula e dos livros didáticos. Aprendemos muito por meio de artigos científicos, notícias de jornal, film es, livros ficcionais, músicas e até mesmo program as televisivos! A seguir algumas dicas para ampliar os nossos conhecimentos de uma forma leve e divertida. A Cor do Paraíso. Direção: Majid Majid. Intérpretes: Hossein Mahjoub, Mohsen Ramezani e outros. Irã, 1999. O filme narra a trajetória de um garoto cego que estuda em uma escola especial para deficientes visuais, distante da sua casa. O menino, incrivelmente vivaz e inteligente, ao ir à escola das irmãs, consegue acompanhar perfeitamente a aula com a ajuda de seu livro em braile, demonstrando uma ótima fluência em leitura. O menino, diante de um carpinteiro cego, questiona o porquê de precisar estudar em uma escola distante, entre outras questões mais existenciais. Com linguagem poética, o filme ajudará a compreender como a inclusão multicultural pode ser benéfica a todos. Vermelho como o Céu. Direção: Cristiano Bortone. Intérpretes: Francesco Campobasso, Luca Capriotti e outros. Itália, 2006. Nos anos 1970, garoto toscano perde a visão depois de um acidente. Considerado “anormal” é rejeitado pela escola pública e enviado a uma instituição exclusiva para deficientes visuais, em Gênova. Apaixonado por cinema e por contar histórias, o garoto reencontra sua alegria ao descobrir um velho gravador. O professor, um padre, incentiva os alunos a desenvolver a criatividade por meio de histórias sonoras. Baseado em fatos reais, narra a trajetória de um dos grandes editores de som da indústria cinematográfica italiana. O filme ajudará a compreender a importância de incentivar e incluir as crianças e jovens com necessidades especiais na sociedade de um modo geral. O Guardião de Memórias. Direção: Intérpretes: Emily Watson, Delmont ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Mulroney e outros. Estados Unidos, 2008. Baseado no livro de Kim Edwards, a trama se inicia no ano de 1964, nos Estados Unidos. A esposa de um médico dá à luz a um casal de gêmeos. O pai das crianças, ao perceber que a menina é portadora da Síndrome de Down, a abandona aos cuidados de uma enfermeira que deve entregá-la a uma instituição de caridade. A solitária mulher decide cuidar da menina, adotando-a. Determinada e zelosa, luta para defender o direito de sua filha a estudar na escola pública e ter uma vida normal. O filme ajudará a compreender o acesso à escola pública como um direito de todos. Escritores da Liberdade. Direção: Richard LaGravenese. Intérpretes: Hillary Swank e outros. Estados Unidos/Alemanha, 2007. Baseado em fatos reais, o filme mostra a luta de uma professora para inspirar os seus alunos problemáticos a mudar seus destinos por meio da escola e da educação. O filme ajudará a compreender, entre outras questões, a discriminação dos afrodescendentes no ambiente educacional, como extensão dos preconceitos sofridos na sociedade. Neste filme os alunos considerados melhores são brancos, exceto uma garota negra que decide estudar na sala de alunos que tiram notas inferiores às suas, mas que são afrodescendentes ou latino-americanos, por se sentir melhor inserida em tal contexto. A Garota de Rosa-Schocking. Direção: Howard Deutch. Intérpretes: Molly Ringwald, Harry Dean Stanton e outros. Estados Unidos, 1986. O filme mostra uma jovem pobre que estuda em uma escola para ricos e é discriminada socialmente. Com linguagem bem simples, o filme ajudará a compreender a dificuldade de aceitação entre as classes sociais. O Estudante. Direção: Roberto Girault. Intérpretes: Jorge Lavat, Jeannine Derbez e outros. México, 2009. ******ebook converter DEMO Watermarks*******
Senhor da terceira idade decide se matricular em um curso acadêmico, causando estranhamento por parte da família, dos colegas de turma e de um dos professores. Com o decorrer do tempo, torna-se um grande amigo de seus jovens colegas e todos aprendem muito uns com os outros. O filme ajudará a compreender a riqueza dos relacionamentos heterogêneos no ambiente educacional. O Leitor. Direção: Stephen Daldry. Intérpretes: Ralph Fiennes, David Kross, Kate Winslet e outros. Estados Unidos/Alemanh a, 2008. O filme, baseado no romance alemão de Bernhard Schlink, mostra o amor de um adolescente por uma ex-carrasca nazista, 22 anos mais velha, que diante de um tribunal, admite uma culpa que não possui para esconder o seu analfabetismo. O filme ajudará a compreender a influência da educação na vida das pessoas, como ela interfere nas decisões e em seus destinos, restringindo ou ampliando suas possibilidades profissionais e pessoais. O artigo científico “Espaços Multiculturais nas Escolas Públicas Negados ou Silenciados? Uma Abordagem à Diversidade” comenta a importância da inclusão multicultural na escola pública. Disponível em: . Acesso em: 21 maio 2011. O ensaio “As Diferenças Linguísticas como Fator de Desigualdades Educacionais: uma Revisão das Novas Propostas de Superação” comenta as possibilidades de superação das desigualdades educacionais utilizando os referenciais teóricos de Pierre Bourdieu e Basil Bernstein. Disponível em: . Acesso em: 14 junho 2011.
O resumo do resumo > Todos têm cultura porque fazem parte de um sistema com valores, normas, modos mais ou menos padronizados de agir e pensar. > A tendência das sociedades globalizadas é homogeneizar tudo, isto é, adotar valores e normas comuns a todos, ignorando as diferenças ******ebook converter DEMO Watermarks*******
culturais e incentivando que todos ajam e pensem do mesmo jeito, independentemente da sua etnia, credo e orientação sexual. > Os modos de pensamento e ação normalmente transmitidos são os da classe dominante e das culturas consideradas superiores. > Ouvimos constantemente que as pessoas devem ser tratadas de forma igual. Mas, as pessoas são diferentes. Devemos tratar de forma igual no sentido de respeitar todas, de garantir seus direitos civis, sociais e políticos. > Os conceitos de cidadania e de democracia exigem de nós a percepção e a incorporação das diferenças que convivem em nossa sociedade; não basta que todos tenham acesso à sala de aula. Também não basta que todos tenham acesso a um currículo que priorize ou revele a realidade a partir de um ponto de vista único e dominante. > Uma educação verdadeiramente democrática e cidadã deveria considerar as mais variadas culturas. > Incluir crianças e jovens com necessidades especiais também é uma questão pertencente ao multiculturalismo. > Educar um grupo hom ogêneo é mais cômodo. Lidar com as diferenças é um processo delicado que exige sensibilidade e flexibilidade. > O sistema educacional foi construído sobre bases homogeneizantes. Sem o conceito de transdisciplinaridade, que inclui a convivência multicultural, a educação do futuro não conseguirá ser sustentável. > Fornecer uma educação igualitária não é o mesmo que desconsiderar o multiculturalismo em sala de aula. É entender que existem normas e valores comuns a todos, que as diferenças culturais devem ser aceitas e respeitadas em um a escola que acolha a todos como cidadãos. > As escolas devem ir além do multiculturalismo e alcançar o interculturalismo. > Multiculturalismo significa muitas culturas enquanto interculturalismo se refere à interação entre as mesmas. > Provavelmente, a única forma de caminharmos rumo a uma educação democrática e cidadã é considerarmos as diferenças culturais e ******ebook converter DEMO Watermarks*******
aceitarmos o valor de cada cultura, em um diálogo constante que não nega o conflito, mas sim, o incorpora. > Sob a perspectiva da diversidade, uma escola realmente democrática exige a reformulação do que é ensinado, a fim de inserir a todos na sociedade.
Para ficar ligado Escolha um dos filmes indicados no “Alargando os horizontes” ou o artigo científico e faça uma análise em dupla sobre o seu conteúdo, relacionando-o ao conceito de multiculturalismo. Até que ponto a nossa escola pública consegue inseri-lo e torná-lo intermulticulturalismo? Elabore uma resenha de aproximadamente 20 linhas (Arial/12) ou apresente oralmente as ideias principais discutidas.
Gabarito 1. a 2. a 3. b
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Considerações Finais Falar sobre a educação e todos os temas interligados à escola é tarefa complexa e inesgotável. Neste livro, foram apresentadas brevemente as principais teorias, autores, temas e discussões a respeito das funções da escola, sua posição diante de questões de suma importância como a socialização, a conscientização ecológica ativa, a cidadania, a democracia, a sustentabilidade e a multiculturalidade. Nas duas primeiras partes foram comentados os autores responsáveis pela construção da sociologia da educação como disciplina acadêmica que merece um olhar atencioso e interdisciplinar. Na Parte III foram explicitados os conceitos de instituições, normas, valores sociais, controle, desvio e mobilidade social, fundamentais para o entendimento dos temas posteriores. No Capítulo 4 da Parte III e na Parte IV foram trabalhados os temas de desenvolvimento sustentável, cidadania, democracia, multiculturalismo, ressaltando a exclusão dos iletrados e das camadas populares no âmbito educacional, sem esquecer as relações políticas e econômicas que interferem na formação dos estudantes. Afinal de contas, quem e para que a escola prepara? Quais devem ser suas principais metas? Como reeducar a educação na era da informação? Como evitar o surgimento de novos analfabetos pela exclusão digital? Como conciliar a globalização com a solidariedade, planetaridade e sustentabilidade? O que é uma sociedade sustentável? Como o conceito de ecopedagogia extrapola o de desenvolvimento sustentável? Como a escola pode contribuir para todos os tipos de sustentabilidade? De que forma a escola pode se alinhar ou contrariar as leis de mercado e o mero treinamento especializado? De que forma pode contribuir na construção da cidadania e da democracia? O que é uma sociedade democrática? Até que ponto o acesso ao curso superior democratizou e emancipou as classes menos abastadas? Como podemos inserir o pensamento dos autores clássicos nos dias de hoje, na nossa realidade, difusa, complexa, fragmentada ******ebook converter DEMO Watermarks*******
e multifacetada? Quando falamos sobre a escola pública brasileira, falamos de qual escola? Como definir conceitos em um país que apresenta realidades tão distantes? Como encaixar numa mesma definição a realidade de quem precisa fazer um trajeto de três horas, utilizando diferentes meios de transporte, para assistir a uma aula com os alunos de regiões mais desenvolvidas economicamente? E dentro destas regiões mais desenvolvidas, como as variadas diferenças culturais, incluindo a social, se manifestam e que consequências acarretam? É muito complexo falar sobre algo que está em processo, que está acontecendo diante dos nossos olhos. Somos atores e espectadores das transformações, adaptações e conformações que se desenvolvem nas salas de aula. Estamos inseridos no contexto, ora agindo, ora aceitando, e apenas assistindo sem saber o que fazer. Muitas vezes sem saber o que pensar. Os desafios são muitos, os olhares múltiplos, as dificuldades infinitas. Diferentemente dos contos de fadas e das histórias maniqueístas, o bem e o mal não estão encarnados na figura de um personagem ou de uma instituição. Como diria Foucault, o poder é disperso, vem de todas as partes. E relembrando Bourdieu, mesmo aqueles que se consideram isentos do pensamento hegem ônico podem se submeter a ele. A educação formal e desinteressada, proposta por Gramsci, um dia será desfrutada por todos? E a fome de afetividade e solidariedade de Paulo Freire será saciada e sentida na pele dos alunos e professores de todas as regiões do país? Qual será a Educação do futuro? Aumentaremos a massa de analfabetos por meio de uma informatização mal orientada? Continuaremos formando profissionais nas mais variadas áreas, capazes de discorrer somente sobre a sua profissão? Quando começaremos a preparar ou voltaremos a preparar profissionais que sejam homens e mulheres também? Com o preparar homens e mulheres oriundos de todas as camadas sociais, orientações sexuais, regiões e portadores das mais variadas necessidades especiais? Quem realmente não possui uma necessidade especial? Quem, em algum momento, não precisou de uma forma e ritmo de aprendizado mais cuidadoso? Essa conversa fica para um outro momento, para um outro livro, talvez, para um outro autor… O importante é entender e sentir que como qualquer estrutura social, a escola vive em ******ebook converter DEMO Watermarks*******
constante mutação. Não é possível fechá-la num único conceito. Também não podemos dissociá-la de seu contexto nem minimizar as suas responsabilidades diante das principais questões sociais. Por outro lado, ela também está sujeita e submetida a seu contexto. Como atriz protagonista e espectadora simultaneame nte da realidade, cabe a nós, educadores e educandos, mantermos o debate sempre vivo, os questionamentos à flor da pele, a sede de mudanças insaciável. Se não existem respostas fáceis e conclusivas sobre o tema, também não pode haver conformismo. Se o tema está em aberto, em processo, podemos sempre acrescentar algo novo, que contribua, que enriqueça, que nos faça caminhar pelo menos um pequeno passo para a frente. A mesma mutabilidade que incomoda e assusta é a grande arma que temos nas mãos para reescrever e reeducar a nossa educação.
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Bibliografia COSTA, Rogério da. Sociedade de controle. São Paulo: São Paulo em Perspectiva. n.18, p. 161-167, 2004. Disponível em: . Acesso em: 6 maio 2011. DIAS, Reinaldo. Sociologia geral. Campinas: Alínea, 2010. FARIAS, Cristiane Neves da Silva de. Educação e mobilidade social. Monografia apresentada à Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: UERJ, 2004. Disponível em: . Acesso em: 11 maio 2011. FERNANDES. Antonio Sergio Araujo. Políticas públicas: definição, evolução e o caso brasileiro na política social. In: DANTAS, Humberto e MARTINS JÚNIOR, José Paulo (orgs.). Introdução à política brasileira. São Paulo: Paulus, 2007. FERREIRA, Rosilda Arruda. Sociologia da educação: uma análise de suas origens e desenvolvimento a partir de um enfoque da sociologia do conhecimento. Revista Lusófona de Educação, n. 7, p. 105-120, 2006. Disponível em: . Acesso em: 25 fevereiro 2011. FLEURI, Reinaldo Matias. Multiculturalismo e interculturalismo nos processos educacionais. In: CANDAU, Vera (Org.). Ensinar e aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. 2. ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 15. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000. GADOTTI, Moacir. Ecopedagogia, pedagogia da terra, pedagogia da sus tentabilidade, educação ambiental e educação para a cidadania planetária. www.paulofreire.org, 2009. Disponível em: . Acesso em: 11 maio 2011.
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Índice A Ação social, 46 Analfabetismo, 126 funcional, 127 Antonio Gramsci, 30 Antropólogos brasileiros, 36 Aparelhos ideológicos, 6 Aplicação de sanções, 84 Auguste Comte, 19
C Capital cultural, 25 Capitalismo, 31 Carisma, 45 Centralidade do professor, 5 Cidadania, 83-97, 121 Ciência(s) compreensiva, 44 sociais, 20 Classe, tipos de econômica, 47 política, 47 social, 47 Conceitos na educação cidadania, 88 dialogicidade, 88 globalização, 88 planetaridade, 88, 89 sustentabilidade, 88, 90 transdisciplinaridade, 88, 91 virtualidade, 88, 90 Conhecimento, 35 Conscientização ambiental, 88 Construção da cidadania, 111 Contribuições da sociologia da educação, 10-16
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grupo social, 11 Karl Marx, 11 Max Weber, 12 filosóficas de Michel Foucault, 52-69 escola instituição social, 56 sociedades disciplinadas, 55 homem objeto, 54 sujeito, 54 idade moderna, 52 ilusionismo, 54 panóptico, 52 sociedades disciplinadas versus sociedades de controle, 53 Controle social, 70-82 estratégia, 72 formas aplicação de sanções, 84 grupo de pressão, 84 socialização, 84 mecanismo de coerção, 71 de controle, 73 sanções formais, 72 informais, 72 negativas e formais, 73 e informais, 73 positivas e formais, 73 e informais, 73 Corrente funcionalista, 19-29 capital cultural, 25 ciências sociais, 20 corrente positivista, 19 estruturalismo, 21, 22 fatores qualitativos, 20 fenomenologia, 21 física social, 19 Habitus , 25
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hermenêutica, 21 método sistemático, 21 positivismo, 20 Revolução Industrial, 19 marxista, 30-43 capitalismo, 31 conhecimento, 35 pensamento hegemônico, 35 sistema capitalista, 31 escravagista, 31 feudal, 31 positivista, 19 weberiana, 44-51 ação social, 46 ciência compreensiva, 44 fatos, 44 fenômenos, 44 potencialidades carisma, 45 pedagogia do cultivo, 45 do treinamento, 45 racionalização, 46 sociedades capitalistas, 44 tipos de classe, 47 econômica, 47 política, 47 social, 47 Cultura, 119
D Democracia, 121 Democratização, 6 da educação, 109-118 papel do Estado na, 109-118 Desenvolvimento sustentável, 83-97 conscientização ambiental, 88 sustentabilidade, 88 Desigualdades educacionais, 101-108 Desvio social, 70-82
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Direitos civis, 84 políticos, 84 sociais, 84
E Ecologia, 91 Ecopedagogia, 91 Educação aparelhos ideológicos, 6 centralidade do professor, 5 conceitos cidadania, 88 dialogicidade, 88 globalização, 88 planetaridade, 88, 89 sustentabilidade, 88, 90 transdisciplinaridade, 88, 91 virtualidade, 88, 90 contestação, 85 democratização, 6 direito social, 110 e o multiculturalismo, 119-132 elementos capacidade para fazer, 87 competência para ser, 87 gosto de aprender, 87 habilidade para conviver, 87 Émile Durkheim, 4 Estado, papel do, 110 funcionalismo, 4 hegemonia, 5 hierarquia, 5 importância da sociologia da, 5 incorporação, 121 investimento, 114 marxismo, 5 método(s) de pesquisa, 4 pedagógicos, 5 papel da, 121
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políticas públicas, 111 processo educacional, 5 qualidade, 113 reeducação, 92 respeito, 121 sociedade, 4 sociologia, 3-9 do conhecimento, 5 tolerância, 121 transformação, 85 vocação, 4 Elementos na educação capacidade para fazer, 87 competência para ser, 87 gosto de aprender, 87 habilidade para conviver, 87 Émile Durkheim, 4 Era da informação, 86 Escola construção da cidadania, 111 e o professor, 83-97 funções estratégicas, 102 instituição social, 56 papel essencial na formação da conscientização, 85 potencialidades carisma, 45 pedagogia do cultivo, 45 do treinamento, 45 pública, 109-118 sociedades disciplinadas, 55 Estratégia, 72 Estrutura, 22 Estruturalismo, 21, 22
F Fatores qualitativos, 20 Fenomenologia, 21 Física social, 19 Funcionalismo, 4 estrutura, 22
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Funções estratégicas, escola, 102
G Grupo de pressão, 84 social, 11
H Habitus , 25 Hegemonia, 5 Hermenêutica, 21 Hierarquia, 5 Homem objeto, 54 sujeito, 54
I Idade moderna, 52 Ilusionismo, 54 Individualidade, 123 Instituições sociais, 65-69 economia, 65 escola, 65 família, 65 igreja, 65 política, 65 Interculturalismo, 124 Investimento na educação, 114
K Karl Mannheim, 44 Marx, 11, 30
L Louis Althusser, 30
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Marxismo, 5 Max Weber, 12, 44 Mecanismo de coerção, 71 de controle, 73 Método(s) de pesquisa, 4 pedagógicos, 5 sistemático, 21 Michel Foucault, 52-69 Mobilidade social, 79-82 sociedades capitalistas, 79 modernas, 79 pré-capitalistas, 79 tradicionais, 79 status adquirido, 79 atribuído, 79 Monoculturalismo, 124 Multiculturalismo e a educação, 119-132 incorporação, 121 respeito, 121 tolerância, 121
N Neoliberalismo, 101-108 funções estratégicas, escola, 102 Normas sociais, 70-82
P Panóptico, 52 Papel do Estado na democratização, 109-118 Pedagogia, 45 do cultivo, 45 do treinamento, 45 sustentável, 91 Pensamento hegemônico, 35, 124 Perspectiva da diversidade, 125 Pierre Bourdieu, 19 Políticas públicas, 111
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Positivismo, 20 Potencialidades carisma, 45 pedagogia do cultivo, 45 do treinamento, 45 Processo educacional, 5 Programas do governo, 114, 126
Q Qualidade na educação, 113
R Racionalização, 46 Revolução Industrial, 19
S Sanções formais, 72 informais, 72 negativas e formais, 73 e informais, 73 positivas e formais, 73 e informais, 73 Sistema capitalista, 31 escravagista, 31 feudal, 31 Socialização, 84, 123 Sociedades, 4 capitalistas, 79 mudanças sociais, 44 disciplinadas versus sociedades de controle, 53 globalizadas, 121 modernas, 79 pré-capitalistas, 79 regras, 70, 71 tradicionais, 79
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Sociologia ciência compreensiva, 44 da educação, 3-9 antropólogos brasileiros, 36 aparelhos ideológicos, 6 centralidade do professor, 5 contribuições, 10-16 democratização, 6 Émile Durkheim, 4 funcionalismo, 4 grupo social, 11 hegemonia, 5 hierarquia, 5 importância da, 5 Karl Marx, 11 marxismo, 5 Max Weber, 12 método(s) de pesquisa, 4 pedagógicos, 5 processo educacional, 5 sociedade, 4 sociologia do conhecimento, 5 sociólogos brasileiros, 36 tendência, 39 vocação, 4 do conhecimento, 5 fatos, 44 fenômenos, 44 Sociólogos brasileiros, 36 Status adquirido, 79 atribuído, 79 Sustentabilidade, 88
T Tendência, 39 Tipos de classe, 47 econômica, 47 política, 47 social, 47
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