Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância Universidade de Évora Escola Superior de Enfermagem de São João de Deus 27.º Curso de Licen L icenciatura ciatura de Enfe E nfermagem rmagem
Unidade Curricular: Desenvolvimento ao Longo da Vida Ano Letivo 2015/2016 3.º Ano – 1.º 1.º Semestre
Da entrada na escola à adolescência - Desenvolvimento na Terceira Infância -
Docente:
Discentes:
Professora Doutora Sofia Tavares
Alexandra Alexandra Santos Sa ntos nº32368; Ana Farinha nº31974; Elisabete Guimarães nº32468; Filipa Campeão nº32163; Inês Pereira nº31527; Rita Quito nº30726
Évora, Novembro de 2015
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
Da entrada na escola à adolescência
- Desenvolvimento na Terceira Infância 27.º Curso de Licen L icenciatura ciatura de Enfe E nfermagem rmagem
Unidade Curricular: Desenvolvimento ao Longo da Vida Ano Letivo 2015/2016 3.º Ano – 1.º 1.º Semestre Docente:
Discentes:
Professora Doutora Sofia Tavares
Alexandra Santos nº32368; Ana Farinha nº31974; Elisabete Guimarães nº32468; Filipa Campeão nº32163; Inês Pereira nº31527; Rita Quito nº30726 Évora, Novembro de 2015 2
Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
Da entrada na escola à adolescência
- Desenvolvimento na Terceira Infância 27.º Curso de Licen L icenciatura ciatura de Enfe E nfermagem rmagem
Unidade Curricular: Desenvolvimento ao Longo da Vida Ano Letivo 2015/2016 3.º Ano – 1.º 1.º Semestre Docente:
Discentes:
Professora Doutora Sofia Tavares
Alexandra Santos nº32368; Ana Farinha nº31974; Elisabete Guimarães nº32468; Filipa Campeão nº32163; Inês Pereira nº31527; Rita Quito nº30726 Évora, Novembro de 2015 2
Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
“A infância é o tempo de maior criatividade na vida de um ser humano”
Jean Piaget
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
Índice INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5 DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR .............................................................................. 6 O Crescimento ................................................................................................................... 6 A Alimentação................................................................................................................... 6 A Dentição e os Cuidados aos Dentes ................................................................................ 7 A Imagem Corporal ........................................................................................................... 8 A Saúde ............................................................................................................................. 8 Capacidades Motoras ......................................................................................................... 9 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO ................................................................................. 9 DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO ...................................................................... 16 O Desenvolvimento do Vocabulário ................................................................................ 16 A Leitura e a Escrita ........................................................................................................ 18 A Metacognição .............................................................................................................. 19 DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL.......................................................................... 20 Desenvolvimento do Eu ................................................................................................... 20 Desenvolvimento Emocional ........................................................................................... 21 DESENVOLVIMENTO SOCIOMORAL ........................................................................... 25 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 28 ANEXOS ............................................................................................................................ 29 Anexo A: Guião da Entrevista ......................................................................................... 29 Anexo B: Consentimento Informado ................................................................................ 35
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
INTRODUÇÃO O presente trabalho foi elaborado no âmbito da Unidade Curricular Desenvolvimento ao Longo da Vida, lecionada no primeiro semestre do terceiro ano do 27.º Curso de Licenciatura em Enfermagem, sob orientação da Professora Sofia Tavares, na Escola Superior de Enfermagem de São João de Deus. Foi proposto por parte da professora da Unidade Curricular a realização de um trabalho com a temática “O Desenvolvimento da Crianç a dos 6 aos 12 anos”.
O objetivo principal do trabalho em questão é estudar o desenvolvimento da criança enquadrando os variados tipos de desenvolvimento. Para poder avaliar o desenvolvimento na terceira infância o grupo achou pertinente entrevistar uma criança. A Carolina Oliveira Palaio tem 10 anos de idade e frequenta o 5.º ano de escolaridade na Escola Básica Santa Clara em Évora. Vive em Nossa Senhora da Boa Fé, localidade pertencente ao distrito de Évora. Reside com a mãe e com o pai, cujas idades são, respetivamente, 38 e 41 anos. A mãe completou o 12.º ano de escolaridade e o pai o 9.º ano. A Carolina tem um irmão mais velho apenas do filho do pai. O presente trabalho está divido em 6 partes: Introdução, Desenvolvimento Psicomotor, Desenvolvimento Cognitivo, Desenvolvimento Comunicativo, Desenvolvimento Psicossocial, Desenvolvimento Sociomoral e Considerações finais. Para uma melhor compreensão da entrevista, o guião desta encontra-se presente no Anexo A. A entrevista ocorreu com o consentimento dos pais da Carolina, tendo estes assinado uma declaração de Consentimento Informado (Anexo B). Este trabalho foi desenvolvido de acordo com o novo acordo ortográfico e com as normas bibliográficas da APA.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR A terceira infância é caracterizada por ser uma fase onde existe um sem número de alterações no desenvolvimento de uma criança. No que respeita ao desenvolvimento psicomotor, as crianças têm de ser analisadas individualmente, pois nem todas se desenvolvem da mesma forma e nem sempre podemos comparar duas crianças, pois estas são diferentes (Diane E. Papalia, Olds, & Feldman, 2006) O desenvolvimento psicomotor engloba diversos parâmetros que permitem a sua avaliação. Tais como, o crescimento da criança, a sua alimentação, a dentição e respetivo desenvolvimento e cuidado aos dentes, a imagem corporal, a saúde e respetivos problemas e as suas capacidades motoras.
O Crescimento A idade escolar é aquela em que o aumento de peso e a altura se consideram mais lentos, as crianças crescem entre 3 a 8 cm por ano, e ganham 2 a 4kg por ano. Nesta fase é visível um maior crescimento nas raparigas em relação aos rapazes, ou seja, estas ganham altura e peso mais rápido. É cerca dos 12 anos que nas raparigas, os seios começam a crescer, há um aumento dos pelos axilares e púbicos, e na maior parte das vezes é quando ocorre a menarca, isto é, a primeira menstruação, que faz com que a rapariga tenha que se adaptar a um leque variado de mudanças (Diane E. Papalia et al., 2006). A Carolina foi questionada relativamente aos diversos aspetos do crescimento, nomeadamente: se já tinha a menstruação; se sim, que idade tinha quando esta surgiu; se se conseguiu adaptar às alterações verificadas no seu corpo consequentes do seu crescimento, e com quem conversava quando tinha alguma dúvida em relação a estes assuntos. Ao que respondeu que ainda não tinha a menstruação; adaptou-se bem às mudanças do seu corpo; e quando tem alguma dúvida sobre estes assuntos conversa com a mãe.
A Alimentação A maior parte das crianças nesta idade, tem um aumento do apetite do que quando eram mais novos. Este facto deve-se a um maior dispêndio de energia nas suas atividades, o que faz com que tenham que comer mais. O regime alimentar destas crianças deve ser: completo, equilibrado e variado, ou seja, devem ingerir alimentos de todos os grupos, ingerir mais alimentos com maior parte na roda
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância dos alimentos e devem variar tanto quanto possível a sua alimentação. Recomenda-se o consumo diário de 2400cal. É também de todo o interesse que estas crianças evitem ao máximo alimentos com demasiado açúcar e alimentos gordurosos (Diane E. Papalia et al., 2006). De forma a avaliar os hábitos alimentares da Carolina, bem como as suas características, a Carolina foi questionada acerca de: quantas refeições faz por dia; onde faz essas refeições e o que costuma comer em cada uma delas; se notou o aumento do apetite em relação ao aumento da sua idade; se costuma comer bolos, doces, e comida fast-food ; se tem noção que existem alimentos que fazem mal à saúde e outros que fazem mal, nomeando três, respetivamente, e se, sabendo que existem alimentos que fazem mal, se tem algum cuidado especial com a sua alimentação. Ao que respondeu que fazia 5 refeições diárias; faz essas refeições na casa e em casa, consoante o horário; diz comer menos agora do que quando era mais nova; não costuma comer bolos, doces e fast-food ; tem noção que existem alimentos que fazem bem e mal á saúde, sendo que a água, fruta e vegetais fazem bem, e carnes vermelhas, açúcar e sal em excesso fazem mal; e tem cuidado com a sua alimentação.
A Dentição e os Cuidados aos Dentes É na idade escolar que surgem também modificações a nível da dentição. Cerca dos seis anos, em média, cai o primeiro dente, e ao longo dos cinco anos seguintes estes são substituídos pelos dentes definitivos. Logo, é de extrema importância que se promovam hábitos de higiene orais junto destas crianças, para que não haja problemas dentários e para que possam manter uma boa saúde oral, conservando o máximo de tempo possível a boa saúde dos seus dentes (Diane E. Papalia et al., 2006) Com o objetivo de avaliar o desenvolvimento da Carolina relativamente a este aspeto, foi questionada sobre: que cuidados tem com os seus dentes; qual a frequência e como lava os seus dentes; que idade tinha quando lhe caiu o primeiro dente; se já tem todos os dentes definitivos; com que frequência costuma ir ao dentista, e se tem algum problema dentário. Ao que respondeu que lava os seus dentes duas vezes ao dia; lava em cima, em baixo e de ambos os lados; faz também um bochecho à noite; não se recorda quando lhe caiu o primeiro dente e ainda não tem todos os definitivos; vai ao dentista no máximo três vezes por ano, ou quando é necessário arranjar algum dente.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância A Imagem Corporal No fim da idade escolar, cerca dos 12 anos, começa a existir uma maior preocupação com a imagem corporal. É nesta fase que as crianças começam a querer vestir o que os seus amigos vestem, querem adotar um estilo semelhante ao que veem nas pessoas mais velhas. É muito habitual nesta idade, principalmente nas raparigas, surgirem com uma ou outra peça de roupa igual, pois seguem muito o estilo dos amigos. É também nesta idade, que podem surgir transtornos alimentares, devido aos complexos que a criança tem com a sua imagem, e desde cedo começa a querer fazer dieta, com a ideia que tem peso a mais em relação a determinada amiga ou colega, e é preocupante, pois estes transtornos são mais característicos da adolescência (Diane E. Papalia et al., 2006). Para avaliar a ideia que a Carolina tem de si em relação à sua aparência e imagem corporal, foi questionada sobre: se gostava da imagem que via quando se olhava ao espelho ou se gostaria de ser diferente; foi pedido para se descrever; se achava que precisava de emagrecer; que roupas usava e se estas eram adequadas à sua idade. Ao que respondeu que gostava da sua imagem quando se olhava ao espelho; descreveu-se como sendo morena, olhos de cor indefinida, cabelo castanho (que gostava que fosse mais comprido do que é); acha que necessita de emagrecer; gosta de vestir leggins e diz que estas se adequam à sua idade.
A Saúde Tal como a saúde oral, a saúde em geral também deve ser promovida nas crianças em idade escolar. Pelo que deverá existir um incentivo á prática de exercício físico e a hábito alimentares corretos. É nesta fase que surgem as doenças agudas, como por exemplo, as gripes, infeções, viroses, que são passageiras. No fim da idade escolar tendem a aparecer as cefaleias e os distúrbios emocionais. Nesta idade, a visão e a audição caracteriza-se por ser melhor do que em idades anteriores (Diane E. Papalia et al., 2006). Relativamente a este aspeto a Carolina foi questionada sobre: se tem algum problema de saúde ou doença; se tem problemas de visão e audição; e se já foi alguma vez internada. Ao que respondeu que tem alergias, asma e um sopro no coração; tem problemas de visão corrigidos com óculos e não tem problemas auditivos; e já esteve internada por ter sido operada aos adenoides.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância Capacidades Motoras No decurso da terceira infância, as crianças vão aperfeiçoando as suas capacidades motoras. Ou seja tornam-se mais fortes, rápidas e coordenadas, tendo enorme satisfação em testar os limites do seu corpo e ao aprender novas habilidades. Não existem muitas diferenças, no que respeita às capacidades motoras, entre rapazes e raparigas, mas vão-se tornando mais evidentes á medida que a criança cresce, tendo relação direta com as suas próprias expectativas e com a cultura de cada criança. Nesta fase as brincadeiras tendem a ser agitadas, como por exemplo o correr, envolvendo esforço físico, e permite mostrar as suas habilidades, por vezes em comparação com as outras crianças da mesma idade (Diane E. Papalia et al., 2006). A fim de avaliar as capacidades motoras da Carolina, foi questionada sobre o que mais gosta de fazer nos seus tempos livres e que brincadeiras costuma ter com os seus amigos; e se tem algum hobbie. Ao que respondeu que gosta de brincar nos seus tempos livres; as brincadeiras que faz depende dos amigos com que está, mas maioritariamente é ao esconde e apanhada; pratica zumba, á cerca de um ano e meio, e começou a praticar por iniciativa própria, porque gosta de dançar e tem necessidade de perder peso.
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO O desenvolvimento cognitivo não é algo tão simples quanto parece, sendo esta uma área de Neuropsicologia e Desenvolvimento Infantil tão referida. Ao falarmos de desenvolvimento cognitivo está implícito falar de cognição primeiramente. A definição não é clara, no entanto define- se como “Um conjunto de habilidades cerebrais/mentais necessárias para a obtenção de conhecimento sobre o mundo. Tais habilidades envolvem pensamento, raciocínio, abstração, linguagem, memória, atenção, criatividade, capacidade de resolução de problemas, entre outras funções”, ou seja referindo -
se aos processos cognitivos que são desenvolvidos desde a infância até ao envelhecimento. Sendo assim, pode definir- se desenvolvimento cognitivo como “um processo pelo qual os indivíduos adquirem conhecimento sobre o mundo ao longo da vida”. Isto é, a adaptação ao
meio. Jean Piaget foi um dos primeiros a estudar as fases do desenvolvimento cognitivo infantil, direcionado para as fases de cada estado do desenvolvimento. Como os organismos se
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância adaptam ao meio, sendo que para isto era necessário que o cérebro estivesse preparado, desenvolvido o suficiente para responder às exigências do meio de forma inteligente. No entanto a teoria da “Revolução Biológica” considera que os humanos nascem com
mais capacidades inatas do que se acreditava anteriormente. No período de desenvolvimento cognitivo entre os seis e os doze anos, segundo Piaget, citado em Papalia, Olds, & Feldman (2006), as crianças entram no estádio das operações concretas, isto é, a partir deste estádio que começam a ver o mundo com mais realismo, deixam de confundir o real com a fantasia. É neste estádio que a criança adquire a capacidade de realizar operações. Podemos definir operação como a ação interiorizada composta por várias ações. A criança já consegue realizar operações, no entanto, precisa de realidade concreta para realizar as mesmas, ou seja, tem que ter a noção da realidade concreta para que seja possível à criança efetuar as operações. Passam a ter a capacidade de pensar de uma forma lógica, pois conseguem englobar e ter em consideração diversos aspetos em determinadas situações. Isto ocorre devido ao facto das operações mentais após serem praticadas várias vezes, começam a ser realizadas de uma forma mais rápida e com menos gasto de atenção, chegando a um ponto em que parte dos processos cognitivos pode ser realizado de forma automática, o que requer menos esforço mental por parte da criança e consequentemente liberta os recursos para prestar atenção e processar novas informações (Coll, Marchesi, & Palácios, 2004) (Diane E. Papalia et al., 2006). É ainda nesta fase da vida da criança que se observa um declínio do brinquedo individualizado maioritariamente simbólico e egocêntrico, e uma marcada evolução para os jogos com regras. Entre os sete e os nove anos as crianças seguem regras que lhes são impostas de uma forma bastante rígida, como se fossem criadas por alguma identidade inquestionável, no entanto, a partir dos dez/onze anos começam a querer mudar e a criar novas regras, utilizando as suas capacidades criativas (Rappaport, Fiori, & Davis, 1982). A criança passa a ser menos egocêntrica, deixa de analisar a realidade a partir de si mesma e começa a analisar contradições do seu pensamento, onde aparece a necessidade de comprovação empírica dos seus julgamentos. O pensamento baseado na fantasia é posto de parte, sendo assim capaz de relacionar a realidade externa física e social de uma maneira mais adequada (Rappaport et al., 1982) (Diane E. Papalia et al., 2006). Esta evolução ocorre devido a um aumento do desenvolvimento intelectual, sendo que este sobrevém de um aumento da maturação orgânica do sistema nervoso, de uma estimulação
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância proveniente do ambiente físico e social e de uma aquisição de formas superiores de equilíbrio (Diane E. Papalia et al., 2006) (Coll et al., 2004). A partir deste momento a criança começa a perceber que a argumentação dos adultos difere da sua, e devido à necessidade de ser aceite na sociedade, esta modifica a sua argumentação e adquire a capacidade de pensar de uma forma lógica, de modo a entender o conteúdo do pensamento das outras pessoas, sentindo ao mesmo tempo a necessidade de transmitir os seus próprios pensamentos e destes serem aceites pelos que a rodeiam (Rappaport et al., 1982). A capacidade de usar operações mentais para resolver os problemas, surge através de uma melhoria na compreensão dos conceitos espaciais, de causalidade, de categorização, de observação e de número. No entanto, a criança continua a ter limitações em desenvolver um raciocínio sobre situações reais e momentâneas, no aqui e no agora. Ainda assim, a criança a partir dos 9 anos, começa a compreender melhor as relações espaciais e consegue ter a noção dos percursos que realiza e da distância que percorre nesses percursos. É neste estádio que a capacidade de usar mapas e de comunicar informação espacial evolui (Diane E. Papalia et al., 2006). Para avaliarmos a noção espacial da Carolina questionamo-la acerca do percurso que realiza desde a porta de sua casa até ao seu quarto, ao que nos respondeu com extrema facilidade, tal como esperado. Nesta altura do desenvolvimento, os julgamentos sobre a causa e efeito aperfeiçoamse, ou seja, há noção que se colocarmos objetos de diferentes cores sobre uma balança, não é a cor que vai influenciar o resultado mas sim a quantidade de objetos colocados em cada lado da balança. Assim colocámos à Carolina o seg uinte problema: “De um lado da balança colocamos 4 bolas, uma azul, uma verde, uma amarela e uma branca, com um total de 3Kg, do outro lado colocamos uma bola vermelha com 3kg. Para que lado achas que pende a balança? ”. A Carolina respondeu que a balança iria ficar equilibrada pois de ambos os lados estava o mesmo peso apesar de serem bolas de cores diferentes, encontrando-se dentro dos padrões normativos, também pelo facto de já se encontrar no final desta fase de desenvolvimento, sendo que esta pergunta lhe pareceu bastante óbvia. A categorização é inerente aos seres humanos desde os primeiros momentos de vida, porque o cérebro dá forma às estruturas que espelham o ambiente externo em uma forma categorial. Nota-se que toda essa classificação vem da interação com o ambiente. Se nós não interagirmos com o ambiente, nós não teremos o que classificar; o ambiente influencia muito no modo como nós categorizamos a informação.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância Assim, dependendo do ambiente em que estamos, as categorias podem mudar para refletir o ponto de vista de uma informação, em determinado contexto A categorização é uma capacidade fundamental na organização do pensamento da criança e a partir desta fase começam a fazer parte do raciocínio da mesma, habilidades de seriação – capacidade de ordenar itens segundo a sua dimensão, inferência transitiva – compreensão da relação entre dois objetos, conhecendo-se a relação de cada um deles com um terceiro objeto, e inclusão de classe – compreensão da relação entre o todo e as suas partes (Diane E. Papalia et al., 2006). Analogamente à categorização colocamos um problema no qual a Carolina tinha dividir os seguintes animais em animais terrestres e aquáticos: Cão, Golfinho, Ovelha, Baleia, Tubarão, Lula, Lagarto, Rato. A Carolina não demonstrou qualquer dificuldade em agrupar os animais, sendo que esta pergunta apenas avalia a capacidade de inclusão de classe. As funções da categorização do ponto de vista cognitivo são: classificar, que é a função que permite que a mente faça contato com o mundo; dar apoio a explicações e assegurar prognóstico em relação ao futuro, o qual pode ser utilizado para selecionar planos e ações; e dar apoio à mente, pois não há necessidade de armazenar todos os fatos e possibilidades, se as inferências podem ser derivadas de informações já armazenadas. A capacidade de categorizar, ajuda a criança a pensar de uma forma lógica e para que esta entenda o conteúdo não apenas do seu pensamento mas também dos outros que a rodeiam, uma vez que ao mesmo tempo sentirá a necessidade de transmitir os seus pensamentos e de ver a sua argumentação aceite (Diane E. Papalia et al., 2006). Segundo Piaget, citado por Papalia, Olds, & Feldman (2006), inicialmente as crianças utilizam maioritariamente o raciocínio indutivo, que parte da observação de um elemento de uma classe em concreto para se obter um conclusão geral sobre essa classe, sendo que só na adolescência o raciocínio dedutivo começa a ser utilizado, onde a pessoa parte de uma premissa geral sobre uma determinada classe e obtém uma conclusão sobre um determinado elemento ou elementos dessa classe. Por se encontrarem na fase de operações concretas as crianças começam a conseguir encontrar as respostas para os seus problemas mentalmente, ou seja, deixam de ter que pesar e medir os objetos para conseguirem responder. No entanto, esta capacidade de conservação pode depender da familiaridade dos objetos com que a criança se depara.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância Pedimos então à Carolina, de forma a conseguirmos avaliar, para que resolve-se problemas sem visualização espacial colocamos-lhe alguns problemas como: O João é maior que o Rodrigo e menor que a Camila. Qual dos três é o maior? “O João é maior que o Rodrigo e menor que a Camila. Qual dos três é o maior? ” – Ao
que a Carolina responde que é a Camila. "Imagina que temos 3 lápis. O lápis amarelo é mais comprido que o vermelho. E o lápis vermelho é mais pequeno que o verde. E o verde mais pequeno que o amarelo. Qual deles é o maior?" – A Carolina respondeu que o lápis maior era o amarelo. Tal como é previsto, a Carolina respondeu adequadamente a todos os problemas, pelo que se encontra dentro do padrão normativo. Os números fazem parte do conhecimento matemático. Faz-se necessário que a criança segure, junte, separe, aperte, misture objetos a fim de chegar aos conceitos e ações próprias do conhecimento matemático. A condição necessária para a construção do conhecimento matemático é, a possibilidade do ser humano estabelecer relações lógicas sustentadas na sua ação transformadora sobre a realidade que interage. À medida que as crianças vão crescendo vão criando estratégias para somar, sendo que um bom exemplo dessas estratégias é a tradicional contagem pelos dedos, que maioritariamente é utilizada por todas as crianças que se iniciam no mundo da matemática. Começam a desenvolver capacidades de resolver problemas matemáticos introduzidos em histórias, mas quando a quantia inicial é desconhecida a criança tem mais dificuldades e só a partir dos oito/nove anos consegue resolver problemas onde a operação que se tem de realizar em concreto está indicada (Diane E. Papalia et al., 2006). No que diz respeito à aptidão da resolução de problemas matemáticos foram colocadas à Carolina as seguintes questões: “ A gastou 7. Com quanto ficou?”; “ A
Maria foi à loja comprar rebuçados e levou 20 euros,
Carlota foi à loja dos brinquedos e gastou 6 euros e ainda
lhe sobraram 17 euros. Quanto dinheiro tinha a Carlota antes de ir à loja? ” - A Carolina respondeu corretamente às perguntas, sem qualquer tipo de dificuldades, como era esperado. Ainda ligado à matemática surge a noção de fração, que surge pelos 4 anos, porém esta noção só está presente quando é necessário dividir algum objeto (ex. dividir bolo, distribuir bolas). No entanto, a capacidade de diferenciar que 1/2 é maior que 1/6 e de calcular frações é complicado para a criança, pois esta tende a não pensar no que a fração representa e concentrase apenas nos números que a compõem (Diane E. Papalia et al., 2006). A Carolina consegue diferenciar a maioridade ou menoridade de uma fração e consegue somá-las, não sendo esta ultima capacidade esperada pelo padrão normativo.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância Para avaliarmos colocamos as seguintes questões: “½ é maior que 1/6?”; “Quanto é 1/3+1/8?”; Ao que a Carolina respondeu acertadamente. É ainda nesta fase do desenvolvimento a criança passa por progressos relativamente às suas capacidades de processar e reter informação, sendo que isto acontece devido a uma maior compreensão sobre como a sua memória funciona, e que lhe permite utilizar estratégias adaptadas a si para facilitar a capacidade de se lembrar. Como tal, à medida que o seu conhecimento vai aumentando, a capacidade de selecionar informação, e qual a mais importante e que deve ser guardada na memória, também aumenta. Os processos de retenção ou processos de armazenamento são responsáveis pela conservação da informação na memória. No entanto a memória não é um sistema único, é antes um sistema formado por vários subsistemas ou componentes que armazenam conhecimentos de natureza diferente e durante períodos de tempo também diferentes. Para os teóricos que estudam o processamento de informações, a memória funciona como um sistema de arquivo que se divide em três processos: codificação, armazenamento e recuperação, ou seja, prepara-se a informação para ser armazenada a longo prazo e para depois poder ser recuperada – codif icação – após este processo ela é retida como uma lembrança para futura utilização – armazenamento – e finalmente as informações são evocadas a partir da memória de armazenamento – recuper ação (Diane E. Papalia et al., 2006). No sentido de que este processo decorra a criança utiliza estratégias de armazenamento como a revisão – repetição da informação a ser recordada, – organização – agrupar ou categorizar semanticamente a informação antes de a estudar para memorizar, e a de elaboração – identificar um ponto comum ou significados semelhantes entre as informações que precisam
ser memorizadas. Relativamente à recuperação, a criança utiliza alguns processos que lhe permitem recuperar a informação armazenada, sendo que estes podem ocorrer de forma intencional, quando a pessoa sabe previamente que tem que se lembrar de algo, ou acidental, quando o processo de recuperação de informação e acionado sem aviso prévio (Coll et al., 2004). Estas estratégias funcionam como auxiliar da memória e são denominadas de estratégias de mnemónica, sendo que à medida que amadurece, a criança desenvolve melhores estratégias e utiliza-as com maior eficiência, adaptando-as às suas necessidades específicas (Diane E. Papalia et al., 2006). Assim no sentido de avaliarmos a capacidade de memorização da Carolina pedimoslhe para contar de trás para a frente, desde quinze até ao zero e para memorizar uns números (2-8-5-7-3-1) e dizê-los de forma inversa. E questionámos “O que almoças te ontem?”.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância A Carolina foi capaz de realizar a tarefa de uma forma simples, como é esperado pelo padrão normativo. Relativamente às estratégias de mnemónica, a Carolina foi questionada sobre o modo que utiliza para estudar quando tem testes na escola e verificamos que a maioria das estratégias, se não mesmo todas, estavam presentes, mesmo não sendo enquanto estuda mas noutras atividades que realiza. Os modelos de processamento de informações apresentam a memória como algo que tem diferentes dimensões e se subdivide: memória sensorial, memória de trabalho e memória de longo prazo. A memória sensorial está relacionada com o armazenamento inicial, breve e temporário de informações sensoriais e não apresenta grande evolução ao longo da vida, sendo que uma criança de cinco anos tem quase a mesma capacidade de recordação imediata que um adulto. As informações que são codificadas e que depois são recuperadas são provenientes da memória de trabalho ,
uma vez que esta memória funciona como um depósito de curto prazo
para as informações em que a pessoa está a trabalhar no momento, desenvolvendo-se esta capacidade de memória maioritariamente a partir dos seis anos de idade e à medida que a idade aumenta vai-se aperfeiçoando. A memória de longo prazo funciona como um local de armazenamento de capacidade praticamente ilimitada que consegue guardar informações por períodos muito longos (Diane E. Papalia et al., 2006). Durante o desenvolvimento da criança, o conhecimento que esta tem sobre a sua própria memória (metamemória), aperfeiçoa-se. Este desenvolvimento acentua-se a partir dos nove anos, e a partir desta fase a noção que algumas pessoas têm mais memória que outras e que certas coisas são mais fáceis de recordar que outras está muito mais presente. As crianças distraem-se com muita facilidade e a capacidade de se concentrarem em mais do que uma atividade é limitada. Ao longo do desenvolvimento esta capacidade vai aumentando o que lhes permite acompanhar várias conversações e concentrarem-se com maior precisão em aspetos relevantes de determinadas tarefas. Esta evolução é justificada pela maturação neurológica, que permite à criança controlar a intrusão de pensamentos e de redirecionar a sua atenção para os estímulos que lhe interessam (Diane E. Papalia et al., 2006).
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
DESENVOLVIMENTO COMUNICATIVO A comunicação tem um papel fundamental no que diz respeito às interacções sociais, daí que seja essencial destacar esse papel durante a terceira infância, pois é nesta fase que a criança vai adquirindo competências relativamente à sua vida social. Segundo Papalia & Olds (2001), a linguagem e a capacidade de ler e escrever são fundamentais durante a terceira infância, nomeadamente para o desenvolvimento e aprendizagens da criança. Como tal, a linguagem é considerada um modo de transmissão de informação essencial, uma vez que permitirá a aprendizagem escolar da criança. A irá então ser útil nas trocas de informação, permitindo à criança sustentar as novas aprendizagens, transmitindo-as de forma clara e objetiva aos outros indivíduos. Como sabemos, a terceira infância corresponde ao período escolar da criança, tornandose assim a mesma o principal agente de socialização e sendo nela que a criança desenvolve a linguagem oral e escrita. Posto isto, as alterações ou modificações que afetam a linguagem podem levar a que a criança tenha dificuldades no que diz respeito à aprendizagem escolar, bem como um significativo atraso no seu desenvolvimento. Considera-se que os professores utilizam a linguagem como um meio para questionar e obter respostas entre aluno e professor, criando uma ligação de reciprocidade. Devido a isto, e com o passar do tempo, vai-se assistindo a um aprimorar dos recursos linguísticos, transformando o discurso do aluno de simples e subjetivo em complexo e objetivo. Desta forma, a linguagem como modo de transmissão de informação e troca da mesma, assume um papel bastante importante na socializaçao da criança, uma vez que facilita as interações entre os diferentes grupos sociais em que a criança se insere, permitindo a aquisição de novas aprendizagens e competências que lhe permitem desenvolver o seu processo comunicativo. Neste sentido iremos dividir este capítulo em três subcapitulos: O Desenvolvimento do Vocabulário, A Leitura e a Escrita e A Metacognição.
O Desenvolvimento do Vocabulário Durante a terceira infância, considera-se que as aptidões linguísticas continuam o seu processo de desenvolvimento, uma vez que a entrada da criança no meio escolar, permite que estas aumentem e melhorem a compreensão e interpretação oral e escrita (D. E. Papalia & Olds, 2001).
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância No que diz respeito ao vocabulário, gramática e sintaxe, as crianças que iniciam o seu período escolar sofrem inúmeras modificações nestas componentes. Independentemente do vocabulário e respetivo conteúdo que as crianças utilizam até à idade de entrada na escola, durante este período aprendem a dominar os recursos linguísticos e a utilizarem as formas mais corretas para se exprimirem. Um dos exemplos do desenvolvimento do vocabulário prende-se com a utilização de verbos e palavras mais complexas e precisas, com os quais a criança pretende descrever uma determinada ação, sendo que, segundo Papalia & Olds (2001), depois dos nove anos existe uma maior compreensão das regras sintáticas e de construção frásica. É também nesta altura que as crianças começam a ter noção de que uma palavra pode ter mais do que um significado. Neste sentido foram feitas várias preguntas à Carolina, às quais ela respondeu:
Pergunta
Resposta
A Joana informou a Marta que ia ver um
A Joana.
filme. Quem vai ver um filme? O Tiago disse à Mariana para ir ao jardim. O Tiago afirmou à Mariana que ia ao
O Tiago.
jardim. Quem vai ao jardim em ambos os casos? O que significa inútil?
Algo que não serve.
Diz me 2 significados que a palavra manga
Manga a fruta, e a manga da blusa.
possa ter.
Relativamente ao conceito de pragmática, as crianças que se encontram na terceira infância têm também uma maior consciência do que representa o adulto, daí que consigam diferenciar a forma como devem expressar-se com estes, e com as crianças ou amigos da sua idade. Nesse sentido, foi feita exatamente essa pergunta à Carolina (“ Achas que falas da mesma forma com um colega de escola como falas com um adulto?”), à qual ela respondeu “Não, nunca. Com os adultos falo com respeito”.
Além disso, e para completar este subcapítulo, foi pedido à Carolina para descrever o último filme que tinha visto, ao que ela respondeu de forma bastante longa e detalhada quando poderia ter dito apenas que era um filme sobre corridas de carros (o filme era o Velocidade Furiosa 7 ). Isto veio comprovar que a Carolina se encontra dentro do padrão normativo para a
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância sua idade pois, a partir mais ou menos dos 7/8 anos, ao quererem contar uma história as crianças já utilizam um vocabulário mais complexo, “preparam o palco”, dão informações sobre
o
ambiente, o enredo e as personagens, contruindo ambientes e episódios mais complexos do que as crianças mais jovens. Concluindo, apesar de ter respondido de forma incorreta a uma questão (“ O Tiago disse
à Mariana para ir ao jardim. O Tiago afirmou à Mariana que ia ao jardim. Quem vai ao jardim em ambos os casos?”), podemos, de uma maneira geral, considerar que a Carolina se encontra
dentro do padrão normativo nesta componente.
A Leitura e a Escrita No que diz respeito à leitura, esta ferramenta permite às crianças a expansão dos seus horizontes através das ideias e imaginação de outras pessoas, em tempo e espaços remotos, libertando-as das limitações da comunicação face a face (Diane E. Papalia et al., 2006). No início da entrada escolar e anos seguintes as crianças vão aperfeiçoando o processo de leitura.
Esta atividade surge assim na vida da criança como um hábito realizado nos seus tempos de lazer, ou como obrigatoriedade em contexto escolar. O incentivo à leitura por parte dos grupos de socialização é bastante importante, uma vez que esta serve não só para enriquecer os conhecimentos e vocabulário da criança, mas é também responsável para que no futuro, a criança se torne ou não num leitor assíduo, e tenha bons hábitos de leitura (D. E. Papalia & Olds, 2001). O processo de desenvolvimento da leitura acontece em simultâneo com o desenvolvimento da escrita. As crianças conseguem aprender a traduzir as palavras escritas em fala e a inverter este processo, ou seja, a utilizar palavras escritas para expressar ideias, pensamentos e sentimentos. Para as crianças que iniciam a idade escolar, normalmente é difícil realizar textos ou composições de forma complexa e organizada, uma vez que a escrita não é tão objetiva como a fala e estas precisam desenvolver as suas capacidades para compreender as regras sintáticas e de ortografia. Com a constante evolução e o avançar da idade, as crianças ocupam mais tempo na realização escrita e correção da mesma tornando-a mais objetiva, mais específica e com informação devidamente organizada (D. E. Papalia & Olds, 2001). A terceira infância é igualmente a melhor altura para a criança aprender a exprimir-se noutra língua que não a sua língua materna. De modo a avaliar a componente da leitura e da escrita, a Carolina foi questionada com algumas perguntas.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
Pergunta
Resposta
Gostas de ler? Se sim, que tipo de livros
Gosto. Aventura e Mistério.
gostas de ler? Os livros que lês mais são os da escola,
Outros livros.
ou outros? Porque é que lês?
Porque acho engraçado. Ler livros faz-me sentir que não só me estou a divertir, mas faz-me criar as minhas imagens, porque eu é que escolho
O que sentes ao ler livros?
as imagens. Como o livro não tem imagens vou pensando o que é que é, o que é que não é, e acho isso curioso. Quando são coisas livres que sou eu que escrevo, sim. Quando tem um tema não
E de escrever, gostas?
gosto muito. Gosto mais quando é um texto super livre onde nós é que escolhemos o tema e as personagens Sei dizer “ Bonjour ” em francês, algumas
Sabes dizer e escrever alguma coisa
coisas em espanhol, mas principalmente
noutra língua? Qual?
em inglês.
Para concluir, foi solicitado à Carolina que se apresentasse em inglês, o que esta fez sem qualquer dificuldade referindo o seu nome, idade e local de residência. Foi lhe também perguntado se seria capaz de escrever o que tinha dito, ao que ela respondeu que sim. De acordo com as respostas da Carolina ao que lhe foi solicitado, podemos confirmar que se encontra dentro do padrão normativo no que diz respeito a esta componente.
A Metacognição Outra das ferramentas mais importantes para o desenvolvimento e compressão da leitura nas crianças é a metacognição, que consiste na consciencialização da própria pessoa sobre os seus procedimentos mentais, é a reflexão sobre a própria função cognitiva. Este processo auxilia as crianças a desenvolver estratégias de associação que permitem uma melhor
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância compreensão do conteúdo. As crianças conseguem assim adequar a velocidade da leitura e dar uma maior importância aos recursos linguísticos com maior facilidade, tendo as crianças nesta fase, a capacidade de detetar erros na construção frásica, mas também a incompreensão das mesmas, quando é o caso (D. E. Papalia & Olds, 2001). Relativamente a este parâmetro da metacognição, a Carolina tem compreenssão e consciência das falhas de comunicação, ou seja, quando não entende alguma questão ou alguma coisa que lhe dizem, pede para que seja repetido, referindo também não sentir dificuldades em expressar-se, dizendo inclusivé que é bastante direta. Referiu ainda que consegue expressar aquilo que sente em diferentes situações da sua vida, sabendo dizer que se sente feliz quando tem uma boa nota na escola, e triste e com noção de que fez algo de mal quando os pais se zangam consigo. Conclui-se assim que a Carolina se encontra dentro do padrão normativo nesta componente de acordo com a fase de desenvolvimento em que se insere.
DESENVOLVIMENTO PSICOSSOCIAL Desenvolvimento do Eu Por volta dos sete ou oito anos de idade, as crianças alcançam o terceiro estágio neopiagetiano do desenvolvimento do autoconceito, isto é, as crianças apresentam aptidão cognitiva de formar sistemas representacionais, autoconceitos amplos e abrangentes que incorporam diferentes aspetos da sua identidade (Diane E. Papalia et al., 2006). Segundo Erikson (1976), é na terceira infância que a autoestima das crianças começa a ganhar algum peso, e um dos fatores determinantes desta é a ideia que as próprias crianças tem da sua capacidade para realizar algo. É nesta fase que as crianças se deparam com a crise produtividade vs inferioridade, ao longo desta crise desenvolve-se uma característica que é a competência, isto é, a ideia de si mesmo como ser capaz de ultrapassar barreiras, dominar habilidades e concluir tarefas. Sendo de extrema importância pois deve adquirir as habilidades que são valorizadas na sua sociedade (Diane E. Papalia et al., 2006). Um dos auxílios que mais contribui para a autoestima da criança é o apoio social, inicialmente dos pais, família, amigos e depois dos colegas e professores. Um exemplo da influencia deste contributo é o facto de o relacionamento que efetivam nesta fase os vai definir a ajudar ao longo do seu desenvolvimento, crianças que são socialmente retraídas ou isoladas tendem a ter maior dificuldade em estabelecer relações no futuro, sendo mais propensas a desenvolver problemas psicológicos, a abandonar os estudos ou a sofrer outras consequências.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância As crianças que têm boa autoestima possuem boas habilidades cognitivas e bom desempenho, pois são capazes de ajudar outras crianças sem serem destrutivas ou agressivas, oferecendo apoio emocional, sendo então dignas de confiança (Diane E. Papalia et al., 2006). Uma outra conceção das origens do valor próprio provém da pesquisa de Susan Harter (1993), que em 1985 pediu a crianças de oito e doze anos que avaliassem a sua própria aparência, o seu comportamento, o seu desempenho escolar, a sua capacidade atlética e aceitação de outras crianças, além de julgar o quanto cada um desses aspetos afetava a sua opinião sobre si mesmas. As crianças julgaram a aparência física como o mais importante, sendo que a aceitação social veio a seguir, e o desempenho na escola, a conduta e a capacidade atlética se revelaram os menos importantes. Foi pedido à Carolina para avaliar estes parâmetros da pesquisa de Susan Harter em si, tendo esta respondido a seguinte ordem de importância: Escola, Comportamento, Capacidade para os desportos e Aparência. Justificou dizendo que colocou o desempenho escolar como o mais importante pois os resultados que obtém na escola vão definir o seu futuro, o comportamento a seguir pois acha importante saber manter um comportamento adequado tanto em casa como na escola, a capacidade para os desportos em terceiro, pois afirma que é importante praticar atividade física, mas que não se sente muito apta para desenvolver atividade, confidenciou nos ainda que iniciou recentemente aulas de Zumba para tentar contornar essa situação, e a aparência em último porque na sua opinião não é o mais importante. De acordo com este parâmetro a Carolina não se encontra dentro do padrão normativo pois colocou o parâmetro “a parência” como o menos importante, devendo-se ao facto de ela se encontrar na fase final desta etapa de desenvolvimento.
Desenvolvimento Emocional Relativamente ao desenvolvimento emocional, é também por volta dos sete ou oito anos de idade, que as crianças internalizam os sentimentos de vergonha e orgulho, sendo que estas emoções dependem da consciência das implicações das suas ações e do tipo de socialização que as crianças receberam, que consequentemente afeta a sua opinião de si mesmas. À medida que o tempo passa, as crianças ganham consciência dos seus próprios sentimentos e dos sentimentos das outras pessoas, pois aprendem o que lhes despoleta diversas emoções como fúria, receio ou tristeza e aprendem a diferença entre ter uma emoção e expressá-la. As crianças, cujos pais as encorajam a expressar os seus pensamentos e sentimentos de forma construtiva,
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância tendem a possuir melhores habilidades sociais do que crianças que têm pais que desvalorizam os seus sentimentos (Diane E. Papalia et al., 2006). Foi questionado à Carolina se ela se considera uma boa aluna e se sente que os seus pais têm orgulho nela, tendo esta respondido afirmativamente a sorrir às duas questões, referindo que os pais demonstram o orgulho que sentem por ela relativamente à escola. Para avaliar se a Carolina tem interiorizado o sentimento de vergonha, foi questionado se ela se considera uma pessoa envergonhada e em que situações se sentiu envergonhada, tendo esta respondido que se considera “um bocadinho” nervosa
e a situação em que se sentiu mais
assim, foi quando conheceu a namorada do primo, pois sente que é uma pessoa importante e que vai fazer parte da vida dela. Neste parâmetro a Carolina encontra-se dentro do padrão normativo do desenvolvimento pois sabe distinguir os diversos sentimentos e emoções. Foi-lhe também pedido para descrever cada membro da sua família. A Carolina começou por dizer que gosta muito da sua família; descreveu os pais como compreensivos, referiu que gosta muito do irmão, de brincar e de se divertir com ele, apesar de o ver poucas vezes (o que é normal pois a Carolina e o irmão não vivem juntos são filhos de mães diferentes). Na terceira infância, as crianças iniciam o seu percurso escolar no ensino básico, o que tem como consequência passar mais tempo longe de casa, ficando por isso menos próximas dos seus pais. Em certas famílias, devido ao emprego dos pais e horários apertados, o tempo passam juntos é menor, o que se relaciona com o ambiente familiar que é afetado por diversos fatores, como o emprego, a situação económica, experiências vividas e valores culturais, que consequentemente influenciam o desenvolvimento das crianças (Diane E. Papalia et al., 2006). Maccoby (1984) citado por Papalia, Olds, & Feldman (2006), afirma que a terceira infância é a fase de transição da co-regulação, em que pais e filhos dividem o poder, sendo que os pais supervisionam os filhos e estes últimos exercem uma autorregulação momento a momento. Está ultrapassada a fase em que o poder reside totalmente nos pais, havendo espaço para a liberdade e autonomia da criança. As crianças seguem mais facilmente a assertividade ou o conselho dos pais quando reconhecem que estes estão a ser justos, que se preocupam com o seu bem-estar e que podem saber mais acerca do assunto em causa devido à sua experiência de vida. Algumas crianças cujos pais trabalham fora de casa são supervisionadas depois da escola por atl’s ou familiares. Um avô ou avó que seja o cuidador, mesmo apenas em algumas horas por dia, tem também o papel de professor, de confidente ou de mediador entre a criança e os pais, sendo fonte de orientação e símbolos de continuidade familiar. Existem algumas crianças que cuidam regularmente de si mesmas em casa sem supervisão de adultos (cerca de
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância 32% das crianças dos onze aos doze anos), situação que só funciona se a criança for responsável e madura (por exemplo deve saber o modo de obter ajuda em caso de emergência e como comunicar com os pais ou outro cuidador). A independência parece ajudar as meninas tornarem-se mais competentes, a ter melhor desempenho na escola e a ter mais autoestima (Diane E. Papalia et al., 2006). Para avaliar o parâmetro da liberdade e autonomia foi questionado à Carolina se os pais a deixam ficar sozinha em casa e se sente que tem mais liberdade agora do que quando era mais nova. Ao qual ela respondeu que como esta na escola em Évora que se sente mais livre pois não tem a avó a ir lá durante os intervalos e que as funcionarias da escola também não andam sempre atras dela e dos colegas. Como os pais trabalham fora da localidade de residência foi questionado para onde vai depois das aulas, tendo esta respondido que maioritariamente fica na casa da avó. Podemos então aferir que a Carolina se encontra dentro do padrão normativo, pois tem liberdade mas controlada. Foi ainda questionad a se quando pede algo aos pais e estes dizem que ‘não’ como é que reage, a Carolina respondeu que os pais podem dar lhe essa resposta ou porque não podem ou até porque ela não merece. A Carolina insere-se portanto dentro do padrão normativo pois reconhece o sentimento de compreensão. Atualmente, as famílias têm cada vez um menor número de filhos e com maior diferença de idade, possibilitando aos pais dedicarem-se à sua vida profissional, obtendo mais recursos e concentrando maior atenção em cada criança. O relacionamento entre irmãos é fundamental para o desenvolvimento de cada criança, pois aprendem a resolver conflitos. Os filhos mais velhos aprendem o sentido de responsabilidade e tendem a ser mais controladores e a interferir na vida do irmão mais novo, desenvolvendo a capacidade de negociar e conciliar interesses (Diane E. Papalia et al., 2006). A Carolina foi questionada relativamente à sua relação com o irmão e como resolvem os seus conflitos, tendo respondido que se dão bem, mas que por vezes tem saudades do irmão e que sempre que estão juntos se divertem muito e que os conflitos entre eles são raros. Quando existem refere que os re solvem “com muitas cocegas” (sic). A Carolina encontra-se dentro do padrão normativo pois demostra o sentimento de compaixão e partilha com o irmão. Para além da família, na idade escolar o grupo de amigos é também muito importante no desenvolvimento emocional da criança, pois ela desenvolve as habilidades necessárias para a socialização e intimidade, promovendo os relacionamentos e adquirindo um sentido de identidade, de liderança, de comunicação, de cooperação, de papéis e de regras. O grupo de
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância amigos forma-se naturalmente entre crianças que moram perto umas das outras, que frequentam a mesma escola ou o mesmo desporto/ hobbie ou que têm idades semelhantes. Geralmente os grupos de amigos são só de meninas ou só de meninos devido aos interesses comuns e por nesta faixa etária as meninas serem mais maduras que os meninos, brincando por isso entre si de modo diferente, sendo que a existência de grupos de amigos do mesmo sexo ajuda as crianças a aprender comportamentos apropriados ao seu género. O ato de criar amizades com outras crianças faz com que as crianças se afastem da influência dos seus pais, estando libertas para fazer julgamentos independentes, pois são postos à prova valores que são comparados com os dos amigos, fazendo com que a criança decida por si quais são os valores a manter e quais a ignorar (Diane E. Papalia et al., 2006). As amizades mais sólidas envolvem igual comprometimento e cooperação mútua, sendo que um amigo é alguém por quem a criança sente afeto e com o qual se sente bem e gosta de partilhar momentos, sentimentos e segredos. Crianças em idade escolar distinguem entre "melhores amigos", "bons amigos" e "amigos ocasionais" baseadas na intimidade que possuem e em quanto tempo passam juntos (Diane E. Papalia et al., 2006). Para avaliar a importância da amizade no desenvolvimento emocional foi questionado à Carolina o que é para ela um amigo, por que razão é importante ter amigos e quem são os seus amigos. Ela respondeu que um amigo é alguém com quem se pode falar e divertir e é alguém que a pode ajudar, referindo que “os amigos para ela são muito importantes, são como
uma família” (sic). Os seus amigos são maioritariamente da turma mas também do local de residência. Apesar de no seu grupo de amigos haver mais rapazes do que raparigas, a Carolina disse que tinha uma melhor amiga rapariga com quem se diverte e compartilha segredos. Foi também inquirida sobre as características que aprecia num amigo, Carolina respondeu que quando se sente triste gosta que os amigos a apoiem e que é nos momentos difíceis que se vê que são os amigos verdadeiros realmente. Referiu também que gosta de ajudar os amigos quando eles têm algum problema. Relativamente a este parâmetro a Carolina encontra-se dentro do padrão normativo pois tem um grupo de amigos, maioritariamente rapazes e dá especial importância aos seus melhores amigos. Ao longo da terceira infância, e durante o processo de desenvolvimento e relacionamento com os seus amigos e familiares, as crianças passam também por momentos de stress e ansiedade, como por exemplo a primeira vez que vão para a escola, a primeira vez que apresentam um trabalho em frente a turma de colegas, ou a primeira vez que têm uma prova no seu desporto. A maioria das crianças aprende a enfrentar estes momentos, aprendendo por isso a ser resilientes. Como tal, existem dois fatores de proteção que contribuem para que as
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância crianças apreendam esta capacidade: bons relacionamentos familiares e bom funcionamento cognitivo , sendo que crianças resilientes tendem a ter bons relacionamentos e laços fortes com pelo menos um dos pais ou cuidador (Diane E. Papalia et al., 2006). Para avaliar o nível de ansiedade da Maria nas mais diversas ocasiões foi questionado se ela costuma sentir-se ansiosa em algumas situações, o que ela faz para diminuir essa ansiedade e qual é o papel dos pais nestes momentos. Respondeu que costuma sentir-se ansiosa antes de testes na escola, referindo que não sabe o que faz para diminuir a ansiedade – “ penso que é um bichinho e que vai desaparecer ” (sic), mas que os pais dão sempre reforço positivo e que não a repreendem muito quando algo corre menos bem. A Carolina encontra-se dentro do padrão normativo pois é uma criança forte, porque revela bons relacionamentos familiares e bom funcionamento cognitivo o que contribui para melhorar a capacidade de enfrentar momentos de ansiedade.
DESENVOLVIMENTO SOCIOMORAL Piaget preocupou-se em estudar a vida mental dentro do desenvolvimento das crianças, dando importância às mudanças qualitativas no comportamento e julgamento moral das mesmas, percebendo a existência de uma homogeneidade entre os aspetos cognitivo (pensamento, raciocínio e linguagem), afetivo, social e ético (julgamento moral), ou seja, para cada nível de desenvolvimentos existem características semelhantes (Rappaport et al., 1982). Para Piaget, a “moral” é a tendência para aceitar e seguir um sistema de regras que regulam o comportamento interpessoal, sendo que este sistema se desenvolve progressivamente, determinando como as pessoas se comportam em relação às outras, quais os direitos e deveres individuais e em comum com a sociedade. A este conjunto de regras gerais e amplas, complementadas por conceções individuais, dá-se o nome de código ou sistema moral (Rappaport et al., 1982). À medida que o tempo passa, as crianças conscientizam-se de seus próprios sentimentos e dos sentimentos das outras pessoas. Sabem controlar melhor sua expressão emocional em situações sociais e sabem responder à perturbação emocional dos outros (Diane E. Papalia et al., 2006). Estudos desenvolvidos por Piaget e Kohlberg, o desenvolvimento no julgamento moral é estimulado pela interação social nos grupos de iguais e nas famílias. As pesquisas revelam que em famílias onde a criança é ouvida e a sua opinião é considerada, onde os problemas
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância comuns e assuntos de cariz aleatório são debatidos e discutidos, em que é permitido à criança participar nas discussões e nas quais as conclusões são acompanhadas de argumentação, há uma facilitação do desenvolvimento moral (Fini, 1991). Existem três estágios que caracterizam a evolução do comportamento moral nas crianças: o primeiro é o Estágio Egocêntrico, que é abrangido pelas idades dos quatro aos sete anos, onde as crianças estão focadas nelas mesmas, desconhecendo regras, o que leva a um não seguimento das mesmas, contudo acreditam que o fazem; o segundo é o Estágio da Cooperação Incipiente, que engloba as idades dos sete aos dez anos, onde as crianças dominam as regras básicas e experienciam pela primeira vez a competição com outros; o terceiro e último é o Estágio da Cooperação Genuína, que engloba as idades dos onze aos doze anos e por aí em diante, onde as crianças se encontram num patamar de socialização conhecendo totalmente as regras. O estágio da Cooperação Genuína relaciona-se com o Estágio de Moralidade Autónoma ou de Cooperação, em que há o reconhecimento por parte da criança a existência regras que podem ser alteradas, que os pais e outras figuras de autoridade já não são vistos como pessoas infalíveis e a autoridade não é mais aceite sem discussão (a criança sente-se capaz de questionar) e assim como partilha do processo de elaboração de certas regras com os pais sentese obrigada a respeitá-las. À medida que a criança cresce esta vai-se tornando mais independente, relativiza a sua noção de figuras de autoridade e percebe que o seu ponto de vista também pode ser tido em conta, permite o respeito mútuo. Assim, a criança adquiriu a noção de moralidade, sendo capaz de entender, seguir e reformular um conjunto de regras que regulam o comportamento interpessoal (Rappaport et al., 1982). Para avaliar o comportamento moral da Carolina, esta foi questionada acerca de t arefas domésticas: Se a mãe ou a avó lhe pedirem para ajudar, o que faz: aceita com agrado, não aceita, aceita mas contra a sua vontade, e por que razão estas lhe pedirão ajuda. Respondeu que aceita de boa vontade porque se realmente lhe pedem ajuda é porque precisam. A Carolina conhece as regras e princípios morais que regulam o comportamento interpessoal tanto no seio da sua família como na sociedade em geral. Foi inquirido se os pais lhe pedem opinião para algo importante que esteja a ser debatido em casa e se esta dá a sua opinião, tendo respondido que às vezes os pais pedem opinião e que normalmente a dá, dependendo do assunto. A Carolina encontra-se dentro do padrão normativo pois compreende que o seu ponto de vista também pode ser levado em consideração.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização deste trabalho veio consolidar os conhecimentos adquiridos em sala de aula sobre o Desenvolvimento da Criança, nomeadamente o Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância. Com o decorrer do trabalho pudemos trabalhar aspetos de entrevista junto de uma criança de forma a conseguirmos comparar o seu desenvolvimento com o que é expectável para esta fase. Desta forma foram abordados os seguintes tipos de desenvolvimento: desenvolvimento psicomotor, desenvolvimento, cognitivo, desenvolvimento comunicativo, desenvolvimento psicossocial e desenvolvimento sociomoral. O Desenvolvimento Psicomotor compreende todas as alterações no âmbito do crescimento da criança, da sua alimentação, da sua dentição e respetivos cuidados aos dentes, da sua imagem corporal, da sua saúde e respetivos problemas a ela associados, e das suas capacidades motoras. O Desenvolvimento cognitivo caracteriza-se pela forma lógica do pensamento da criança, tendo esta atingido o estádio das operações concretas segundo Piaget. O Desenvolvimento Comunicativo engloba o desenvolvimento do vocabulário, a leitura e a escrita, e a metacognição. Desta forma, este desenvolvimento assume um papel importante na vida da criança, tornando-se esta portadora de um vocabulário mais rico e capaz de expressar as suas ideais de forma mais clara. O Desenvolvimento Psicossocial abrange dois critérios, são eles o desenvolvimento do Eu e o desenvolvimento emocional. O primeiro é caracterizado pelo equilíbrio, integração e avaliação dos aspetos que englobam a identidade da criança. O segundo diz respeito à capacidade que a criança adquire de compreender a implicância dos sentimentos nas suas ações. O Desenvolvimento Sociomoral indica-nos as mudanças no comportamento e julgamento moral da criança. No final da entrevista à Carolina, o grupo de trabalho entendeu que esta se encontrava dentro do padrão de desenvolvimento adequado à sua idade.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Coll, C., Marchesi, Á., & Palácios, J. (2004). Desenvolvimento Psicológico e Educação: Psicologia Evolutiva (2ª Edição ed. Vol. Volume I). Porto Alegre: Artmed.
Erikson, E. H. (1976). Infância e sociedade (2º Edição ed.). Rio de Janeiro: Zahar. Fini, L. D. T. (1991). Desenvolvimento moral: de Piaget a Kohlberg. Perspectiva. Papalia, D. E., & Olds, S. W. (2001). O Mundo da Criança: Da Infância à Adolescência (8ª Edição ed.). São Paulo: McGraw-Hill. Papalia, D. E., Olds, S. W., & Feldman, R. D. (2006). Desenvolvimento Humano (A. E. S.A. Ed. 8ª Edição ed.). São Paulo. Rappaport, R. C., Fiori, W. R., & Davis, C. (1982). Psicologia do Desenvolvimento: A Idade Escolar e a Adolescência
(Vol. Volume IV). São Paulo: Editora Pedagógica e
Universitária LTDA.
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ANEXOS Anexo A: Guião da Entrevista Desenvolvimento Psicomotor
Crescimento
1- Estás numa fase em que te estás a desenvolver. Já te apareceu a menstruação? Que idade tinhas quando surgiu a primeira menstruação? 2- Houve alguma alteração no teu corpo que não tenhas gostado ou conseguiste adaptarte bem a essas alterações? 3- É natural que surjam algumas dúvidas sobre estes assuntos. Com quem conversas acerca deste tema?
Alimentação
1- Quantas refeições fazes habitualmente por dia? 2- Onde fazes essas refeições? E o que costumas comer em cada uma delas? 3- À medida que foste crescendo foste notando que comias mais e que tinhas mais apetite, ou não? 4- Comes muitas vezes doces, bolos e comida fast-food ? 5- Tens consciência que existem alimentos que fazem mal à saúde? Diz o nome de três alimentos que façam mal à saúde e 3 que aches que fazem bem. 6- Tendo noção que há alimentos que fazem mal, tens algum cuidado com a tua alimentação ou comes sempre o que te apetece?
Dentição
1- Como deves saber a higiene oral é muito importante. Quais são os cuidados que tens com os teus dentes? 2- Quantas vezes ao dia lavas os dentes? E como o fazes? 3- Sabes que idade tinhas quanto te caiu o primeiro dente? Já tens todos os dentes definitivos? 4- Costumas ir ao dentista? Com que frequência? 5- Tens algum problema dentário?
Imagem Corporal
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância 1- Gostas da tua imagem quando te olhas ao espelho ou gostavas de ser diferente? Descreve como és (se és alta ou baixa, magra ou mais gordinha, como é o cabelo, os olhos…)
2- Achas que precisavas de perder peso? 3- Quais são as roupas que mais gostas de vestir? 4- Achas que a forma como te vestes é adequada para a tua idade?
Saúde
1- Sabes se tens alguma doença ou algum problema de saúde? 2- Tens algum problema de visão ou audição? 3- Já alguma vez foste internada? Se sim, porquê?
Capacidades Motoras
1- O que gostas mais de fazer nos teus tempos livres? 2- Quando estás com os teus amigos, que tipo de brincadeiras têm? 3- Se praticar algum tipo de desporto ou tiver outro tipo de hobbie perguntar: o
Que desporto pratica?
o
Há quanto tempo o pratica?
o
Foi por iniciativa própria ou foi incentivada pelos pais ou amigos?
Desenvolvimento Cognitivo
Noções Espaciais
1- Consegues descrever o caminho da porta de tua casa até ao teu quarto? 2- De um lado da balança colocamos 4 bolas, uma azul, uma verde, uma amarela e uma branca, com um total de 3Kg, do outro lado colocamos uma bola vermelha com 3kg. Para que lado achas que pende a balança?
Resolução de Problemas sem Visualização Espacial
1- Imagina que temos 3 lápis. O lápis amarelo é mais comprido que o vermelho. E o lápis vermelho é mais pequeno que o verde. E o verde mais pequeno que o amarelo. Qual deles é o maior? 2- O João é maior que o Rodrigo e menor que a Camila. Qual dos três é o maior?
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Categorização
1- Dos seguintes animais: Cão, Golfinho, Ovelha, Baleia, Tubarão, Lula, Lagarto, Rato; organiza-os em dois grupos, o grupo dos animais terrestres e o grupo dos animais marítimos.
Números
1- A Maria foi à loja comprar rebuçados e levou 20 euros, gastou 7. Com quanto ficou? 2- ½ é maior que 1/6 ? 3- Quanto é 1/3+1/8? 4- A Carlota foi à loja dos brinquedos e gastou 6 euros e ainda lhe sobraram 17 euros. Quanto dinheiro tinha a Carlota antes de ir à loja?
Memória?
1- Consegues contar para trás desde o 15 até ao zero? 2- Memoriza os seguintes números: 2-8-5-7-3-1 Consegues dizer os números? 3- O que almoças-te ontem?
Estratégias de Mnemónica
1- Vais ter um teste, como é que organizas o teu estudo? Como fazes para conseguir saber toda a matéria?
Desenvolvimento Comunicativo
O Desenvolvimento do Vocabulário:
1- A Joana informou a Marta que ia ver um filme. Quem vai ver um filme? 2- O Tiago disse à Mariana para ir ao jardim. O Tiago afirmou à Mariana que ia ao jardim. Quem vai ao jardim em ambos os casos? 3- O que significa inútil? 4- Diz me 2 significados que a palavra manga possa ter. 5- Achas que falas da mesma forma com um colega de escola como falas com um adulto? 6- Conta-me a história do último filme que viste.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
A Leitura e Escrita
1- Gostas de ler? 2- Se sim, que tipo de livros gostas de ler? 3- Os livros que lês mais são os da escola, ou outros? 4- Porque é que lês? 5- O que sentes ao ler livros? 6- E de escrever, gostas? 7- Sabes dizer e escrever alguma coisa noutra língua? Qual? 8- Apresenta-te nessa língua (nome, idade, cidade onde mora). 9- E escrever isso, consegues?
Metacognição
1- Quando não percebes algo que te dizem o que fazes? 2- Tens alguma dificuldade em expressar-te? 3- Consegues expressar aquilo que sentes em diferentes situações da tua vida? 4- Então o que sentes quando tens uma boa nota na escola? E o que sentes quando os teus pais se zangam contigo?
Desenvolvimento Psicossocial
Desenvolvimento do Eu
1- Vamos pedir-te para avaliares a tua aparência, comportamento, desempenho na escola e a capacidade para os desportos. Coloca por ordem de importância que estes parâmetros têm para a tua vida, do mais importante para o menos importante. E justifica. (Como é que cada um desses aspetos afetam a opinião que tens de ti).
Desenvolvimento Emocional
Consciência dos Sentimentos: 1- Consideraste uma boa aluna? 2- Sentes que os teus pais têm orgulho em ti? 3- Consideraste uma pessoa envergonhada? Em que situações sentiste vergonha? 4- Fala um bocadinho acerca da tua família. Pai, mãe e irmão.
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância
Liberdade e Autonomia: 1- Achas que tens mais liberdade agora do que a uns tempos a trás? 2- Quando pedes alguma coisa e os t eus pais dizem ‘não’ como reages: - Aceitas logo - Questionas o porquê, e só depois aceitas - Questionas o porquê e ficas chateada - Não questionas o porquê e aceitas - Não questionas o porquê e ficas chateada 3- Quando eles te negam algo, por que razão achas que o fazem?
Relação entre irmãos: 1- Como é a tua relação com o teu irmão(a)? 2- Que tipos de brincadeiras costumam ter? 3- Como resolvem os vossos conflitos?
Amizade: 1- O que é para ti um amigo? 2- Achas que é importante ter amigos? Porquê? 3- Quem são os teus amigos? (são do bairro onde moras, da escola, são mais rapazes ou raparigas). 4- Tens melhor amigo/a? 5- Que características é que gostas nos teus amigos? 6- Gostas de ajudar os teus amigos quando eles têm algum problema?
Stress e Ansiedade:
1- Costumas sentir-te ansiosa em algumas situações? Na escola antes de um teste? 2- O que fazes para diminuir essa ansiedade? 3- O que é que os teus pais costumam dizer antes de um momento importante na escola?
Desenvolvimento Sócio-Moral 1- Se a tua mãe ou a tua avó te pedirem para ajudares nas tarefas domésticas, o que fazes? Aceitas com agrado, não aceitas ou aceitas mas contra a tua vontade 2- Porque achas que elas te pedem ajuda? 3- Os teus pais costumam pedir a tua opinião para algo importante?
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Desenvolvimento da Criança na Terceira Infância 4- Costumas dar a tua opinião relativamente aos assuntos discutidos pelos teus pais ou família?
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