www.underhaven.hpg.com.br
CANIBALISMO NA FAMÍLIA
Poucos destinos os Anciões temem tanto quanto o Amaranth, a morte pela perda da alma. Nos dias atuais, esta prática é chamada Diablerie e é condenada como crime pelos Membros da Camarilla. O ato é raramente comentado para os neófitos e poucos entre os jovens sanguessugas sabem sobre tal crime, a não ser que ele é severamente punido. Outros vampiros não se importam tanto. Fora da Camarilla, os Clãs praticam Diablerie quando a chance se apresenta... desde que seja contra inimigos e não contra aliados. O Sabá incentiva a prática da Diablerie como arma contra os Anciões da Camarilla, e muitos Clãs independentes não possuem moralidade suficiente para pensar nas conseqüências quando a situação se mostra favorável. Mas será que esses Cainitas realmente compreendem o significado da Diablerie? Embora seja considerado crime devido ao medo dos Anciões de serem as vítimas, talvez hajam outras razões para que se desencoraje os mais jovens a provar o sangue (e a alma) de seus Anciões.
O SANGUE POTENTE
Para a maioria dos neófitos, Diablerie é apenas sugar o sangue de um vampiro até que sua existência se extinga. Esta crença se baseia no fato de que, sendo o sangue dos Anciões mais potente, bebendo-o é possível adquirir parte de sua potência. A verdade, porém, é que Diablerie não é apenas um ato de sugar sangue. É algo muito mais terrível. Durante a Diablerie, assim que o sangue da vítima termina, o ato continua. A vítima ainda luta e o diablerista busca sugar o que resta de “vida”. Conforme o conflito prossegue, o diablerista vai lentamente absorvendo a essência da vítima. Literalmente, Diablerie é um roubo de almas, em que o atacante suga a alma da vítima para dentro de si, finalmente clamando o poder do diablerizado para si. Ao fim do processo, o vampiro vencedor entra em êxtase, conforme uma sensação profana de prazer e poder combinados pulsa em suas veias. Ele pode sentir o medo e o horror da vítima, pode ouvir seus últimos pensamentos e sente seu desespero. É um ato hediondo, mas poucos diableristas se importam. Eles conseguiram o que querem: poder, acompanhado de prazer. Ao contrário do que dizem, porém, Diablerie não traz apenas boas recompensas...
REGRAS: DIABLERIE A princípio, Diablerie é feita como qualquer outro dreno de sangue. O vampiro precisa primeiro cravar suas presas (ou outros recursos semelhantes) em sua vítima, num ataque “de Beijo”. Ele pode então drenar o sangue a um ritmo de três Pontos de Sangue por turno. A vítima em alguns casos pode tentar escapar, dependendo de seu poder, mas em outros casos fica paralisada e indefesa. Assim que o sangue da vítima é totalmente drenado, começa o momento em que a alma é sugada. O diablerista precisa fazer um teste de Força (dificuldade 9) a cada turno, e cada sucesso reduz os níveis de Vitalidade da vítima em um (esse dano é agravado e não pode ser absorvido). Isso repetese turno a turno, até que toda a vida da vítima seja extinta. Quando a vítima finalmente é morta, o diablerista recebe sua recompensa... A tentativa de Diablerie exige que o vampiro se concentre em sugar a alma da vítima. Ele não pode realizar outras ações e, mais ainda, está tão vulnerável que a maioria dos ataques contra ele têm dificuldade 2 para atingir. Além disso, apenas um vampiro pode se beneficiar da Diablerie. Se múltiplos vampiros tentarem realizar o ato numa mesma vítima, apenas um deles (o que conseguir os sucessos necessários para destrui-lo primeiro) é o único que se beneficia com a Diablerie. Após a Diablerie, o vampiro precisa testar Autocontrole (dificuldade 10 menos a Humanidade do personagem) para não entrar em Frenesi devido às fortes emoções sentidas durante o ato.
A BUSCA POR PODER
A razão para muitos vampiros buscarem a Diablerie é o poder que ela traz. A destruição de um Ancião não apenas deixa um vácuo na teia de poder dos vampiros, como dá a seu destruidor o potencial para ocupar este vácuo. Muitos Cainitas ambiciosos buscam a oportunidade de devorarem as almas de seus Anciões em busca de usurpar seu lugar. Para evitar que isto aconteça, a Camarilla caça diableristas com o máximo de eficiência possível. A pena quase sempre é prender o culpado com uma estaca através do coração e então deixa-lo para morrer sob o sol. Membros da Camarilla são proibidos de cometer Diablerie sob quaisquer
circunstâncias (embora breves exceções possam surgir durante ataques do Sabá). A Camarilla faz ainda questão de punir qualquer diablerista, mesmo Anciões que se alimentam do sangue de vampiros mais novos. A única exceção se dá a um vampiro que destrói as próprias crias, pois tal forma de destruição é permitida pelas Tradições. Ainda assim, isso só é permitido durante Caçadas de Sangue. VEIOS NEGROS Uma das melhores formas de se detectar um diablerista é observando sua aura através de poderes de Auspícios. Diableristas mantém veios negros em suas auras por muito tempo após seus crimes. Tais veios permanecem por um número de anos igual à diferença entre a Geração do vampiro destruído e a Geração original do diablerista (mínimo de um ano caso o destruído fosse de uma Geração mais fraca). Por exemplo, um vampiro de 10 a. Geração que diablerize um de 8a. Geração possuirá tais veios negros por dois anos. Outros poderes sobrenaturais, principalmente Taumaturgia, também podem ser usados para detectar Diablerie, mesmo séculos após o ato ter sido realizado.
AS RECOMPENSAS
Se Diablerie não tivesse recompensas, poucos a cometeriam. O crime tem uma razão para ser tão explorado por vampiros jovens, porém: destruindo um ser de grande poder, é possível para o diablerista aumentar o próprio poder. Diablerie pode ser feita em vampiros de Geração mais alta (e menos potente), mas a única recompensa que se ganha é o prazer da experiência. Poucos vampiros são depravados a este ponto. Quando a vítima é de uma Geração menor (e portanto mais potente), porém, o diablerista tem um ganho no poder de sua própria Geração. Diablerie, caso feita sobre um vampiro de Geração mais baixa, reduz a Geração do diablerista em um. Em alguns casos, principalmente caso o vampiro destruída tenha uma Geração muito mais baixa que o diablerista ou seja de uma idade extremamente avançada (2000 anos ou mais), é possível que o diablerista consiga diminuir sua Geração em mais do que apenas um passo (sem jamais ultrapassar a Geração do vampiro destruído, claro). Em alguns casos, o diablerista pode conseguir ainda um aumento, ainda que temporário, em algumas de suas Disciplinas. Tais aumentos ocorrem no caso de Diablerie de vampiros extremamente poderosos, e costuma durar por apenas uma Cena. O Narrador pode permitir, porém, que o aumento (ou parte dele) seja permanente. REGRA OPCIONAL: SANGUE POTENTE O que fazer em casos de sangue potente demais? Como determinar quantas Gerações o vampiro irá avançar em poder? A sugestão é que se use a média entre a Geração antiga do diablerista e a da vítima. Caso o resultado não seja um número inteiro, arredonde-o para a Geração mais fraca, mas lembre-se de aumentar em pelo menos um a Geração do diablerista. Para o caso de determinar aumento de Disciplinas, para cada nível de Geração ganho, aumente em um uma das Disciplinas do assassino (desde que a vítima as tenha), ou dê um ponto numa nova Disciplina. Esse aumento dura uma Cena.
O PREÇO A PAGAR
Nada vem de graça, porém. Um diablerista tem mais a temer do que a lei da Camarilla ou a vingança de vampiros prejudicados por seus atos, e sofre mais alterações do que o simples surgimento de veios negros em sua aura. Há maiores perigos associados à Diablerie, e nem todos os vampiros costumam conhecer esses perigos. Em primeiro lugar, há o risco de degeneração do diablerista. Diablerie consome lentamente o que resta de humano em um vampiro. Ela é um crime pior do que qualquer assassinato ou tortura, pois não só destrói a alma da vítima, como torna o diablerista ao mesmo tempo ciente do desespero dela porém satisfeito com a dor causada. Cada Diablerie realizada reduz automaticamente em um a Humanidade de um vampiro. Além disso, faz-se um teste de Consciência (dificuldade 8). Falha indica outro ponto de Humanidade perdido. Uma Falha Crítica faz perder ainda mais pontos. Vampiros que não sigam os caminhos da Humanidade não sofrem essa penalidade, mas certas Trilhas de Sabedoria podem ser prejudicadas se a Diablerie acabar por violar alguma moral dessas Trilhas, necessitando um teste de degeneração. Além da perda de Humanidade, há um risco ainda pior. Nem sempre a Diablerie destrói totalmente a alma do vampiro destruído. Essa alma consumida pode voltar para atormentar o vampiro em seus pesadelos ou pode influenciar sua personalidade e suas lembranças... Em alguns casos de vampiros poderosos consumidos, a alma consumida chegou até mesmo a tomar o corpo de seu destruidor. Uma possibilidade como essa é terrível, mas poucos diableristas sabem disso ou pensam nas conseqüências de seus atos.
ALMAS INQUIETAS
Aqueles que buscam os Anciões mais poderosos para cometer o Amaranth são tolos, pois são exatamente essas almas fortes que representam os maiores riscos. Aqueles de grande força de vontade, somada à potência de seu sangue costumam afetar as não-vidas de seus assassinos de forma permanente. Nesses casos, memórias e pensamentos da vítima destruída por vezes aparecem nas mentes de seus assassinos. Vozes do falecido, flashbacks repentinos e outros efeitos mentais semelhantes surgem em momentos críticos para atormentar o diablerista. Há casos ainda mais graves, porém. Por vezes, a personalidade do assassino funde-se à da vítima, criando uma nova personalidade diferente de ambas as anteriores e, em muitos casos, com os conhecimentos adquiridos de ambas. Há até mesmo rumores de Anciões destruídos que tomaram o corpo do diablerista que ousou sugar suas almas, assumindo o controle. Esses casos jamais foram confirmados, e muitos acreditam que sejam só rumores para assustar diableristas e neófitos. Será?
PUNINDO DIABLERIE O Narrador pode usar o “fantasma” da vítima para atormentar um personagem que cometeu Diablerie. Este tipo de recurso é muito útil para os jogadores tenham cuidado com sua sede de poder. Não deve haver regras para a alma do morto tomando sua vítima. A princípio podem ser pesadelos durante o dia. Em seguida, em momentos em que a vítima estaria mais familiarizada, seus pensamentos surgem na mente do diablerista. Vozes e memórias surgem de repente, e flashbacks incapacitantes tornam-se freqüentes. Em casos extremos, você pode alterar toda a personalidade do diablerista ou mesmo torna-lo um NPC quando a personalidade da vítima finalmente toma o corpo de seu assassino. A tomada da alma não deve ser usada em casos comuns, porém. Use-a apenas em Diableries realmente perigosas, como quando os jogadores tentam destruir um Ancião com milênios de experiência a mais do que eles. Use o bom senso também para não irritar os jogadores: evite fazer algo tão sério por motivos pequenos.
O VÍCIO
Mais um dos perigos da Diablerie é o vício. O prazer e a sensação de poder são incrivelmente viciantes, e mesmo um vampiro de grande Força de Vontade pode sucumbir a desejos por mais prazer e mais poder. Vampiros viciados em Diablerie costumam destruir seus semelhantes com freqüência, sempre que têm a chance, mesmo que seja em vampiros de Geração mais fraca. O vício demora a se desenvolver. Muitos vampiros jamais o terão, mas alguns caem nele facilmente. Após algumas tentativas bem-sucedidas de Diablerie, o Cainita começa a pensar em realizar mais e mais. Chega a um ponto em que tal vício se torna incontrolável e o vampiro começa a perseguir seus próprios semelhantes implacavelmente em busca de seu sangue e suas almas.
A FOME DE MATUSALÉM
A idade traz ainda mais problemas a vampiros diableristas. Lendas falam a respeito de Anciões que, de tão antigos, não conseguem mais sustento de sangue mortal e precisam se alimentar de sangue Cainita para se manterem. Esses seres são temidos por neófitos pois, ao contrário do diablerista típico, eles são antigos, poderosos e com grande influência, e buscam como vítimas vampiros mais jovens e vulneráveis. Muitas histórias são contadas sobre esses seres. Alguns contam que eles abraçam novos vampiros e os prendem para que sirvam de “filtros de sangue.” A Fome Matusalém parece ser algo mais comum entre Anciões que cometeram Diablerie com freqüência em suas não-vidas. Eles tendem a ser inumanos e afastados dos mortais. Tal combinação os torna ainda mais temidos, pois eles não costumam ser parados por preceitos morais, e podem usar de todos os recursos para caçar suas presas.
A FOME MATUSALÉM Não existem regras para o que causa a Fome Matusalém, mas o livro Elysium traz algumas sugestões. Caso um vampiro tenha várias das características a seguir, ele é um sério candidato à Fome. Note que não é preciso estar de acordo com todos os critérios. Basta que alguns deles estejam presentes para que a Fome se manifeste: — Diablerista — Criador viciado em sangue vampírico — Humanidade ou Trilha em nível 3 ou menos — Criador era um diablerista — Ativo por mais de 500 anos — Tem uma Perturbação relacionada a sangue ou alimentação — Abraçou um número grande de vampiros — Criou Laços de Sangue com diversos vampiros, especialmente entre suas próprias crias — Está em conflito com suas crias — Quase não possui aliados mortais — Possui qualquer Natureza que não seja Arquiteto, Samaritano, Cavalheiro, Mártir ou outros arquétipos semelhantes
NOTAS DO AUTOR
Ok, esta matéria não é nada de mais. Apenas uma compilação de informações sobre Diablerie, nenhuma delas particularmente nova. Ainda assim, espero que seja útil a você. As informações foram tiradas do próprio Vampiro 3a. Edição. Elas apenas foram reescritas para facilitar consulta. Além disso, os aspectos de vício e Fome Matusalém foram acrescentados apenas para aumentar o número de informações. Tiago José “Deicide” Galvão Moreira Underground Haven www.underhaven.hpg.com.br
