Vida e Obra de Amílcar Cabral 04 de Julho de 2009, 17:46
Amílcar Cabral nasceu em Bafatá, Guiné-Bissau, a 12 de Setembro de 1924 e foi morto a 23 de Janeiro de 1973. Filho de Juvenal Cabral e Iva Pinhel Évora, Cabral foi poeta, agrónomo, fundador do PAIGC e “pai” da independência conjunta de Cabo Verde (5 Julho de 1975) e Guiné-Bissau (oficialmente a 10 Setembro de 1974).
Assassinado a 24 de Janeiro de 1973 na presença da sua mulher Ana Maria em Conacry, Amílcar Cabral assume uma figura de destaque no continente Africano, como um dos líderes mais influentes. O autor dos disparos foi Inocêncio Kani, guerrilheiro do PAIGC. O primeiro disparo atinge o líder do PAIGC no fígado. Cabral senta-se no chão e tenta conversar, mas o segundo disparo de metralhadora atinge-o mortalmente na cabeça provocando a sua morte imediata. Após a morte de Cabral e sobre o comando de Sekou Touré, presidente da Guiné Conacry, foi constituída uma comissão internacional para apurar às circunstâncias envolventes da morte do líder do PAIGC. Os conspiradores foram presos e entregues aos militantes do PAIGC, que prossegue ao fuzilamento dos mesmos.
Vida e Obra
Em 1932 Amílcar Cabral muda-se com a família para a ilha de Santiago, Cabo Verde onde vive grande parte da sua infância e juventude, na localidade de Santa Catarina. Entra para o liceu em S. Vicente no ano de 1937-38, onde completa em 1944 os seus estudos secundários. Amante do desporto, em S. Vicente, Amílcar Cabral foi secretário do “Boavista Futebol Clube” entre 1944-45. Após terminar o liceu em São Vicente obtém uma bolsa de estudos para o Instituto Superior de Agronomia e viaja para Portugal em 1945-46, onde acaba por conhecer e casar, em 1946, com a sua primeira mulher Maria Helena de Ataíde Vilhena Rodrigues. Em Portugal, Cabral participou activamente na luta anti-fascista conjuntamente com outros estudantes africanos. Foi militante do Movimento de Unidade Democrático da Juventude (MUDJuvenil) da qual afastou por divergências em relação às questões coloniais. Amílcar Cabral sempre defendeu os seus ideias de libertação das colónias africanas de uma forma muito activa, assim sendo, em 1948-51 foi eleito presidente do Comité da Cultura da Casa dos Estudantes do Império (CEI), secretário-geral em 1950 e em 1951 vice-presidente da CEI. Conjuntamente com outros estudantes africanos (Francisco José Tenreiro e Mário Pinto de Andrade) cria em Lisboa, o Centro de Estudos Africanos, em 1951. Em 1956, com Viriato da Cruz e outros africanos fundam o PLUA – Partido da Luta Armada Unida dos Africanos. Mais tarde em Bissau, cria o PAI – Partido Africano da Independência, que mais tarde viria a chamar-se PAIGC – Partido Africano para a Independência de Cabo Verde e Guiné-Bissau. Em 1952 regressa a Bissau, onde trabalha no posto experimental de Pessubé e realiza o recenseamento agrícola, o que viria a servir de base a preparação da estratégia da luta armada em 1963. Na GuinéBissau, Amílcar Cabral casa, em Maio de 1965, com a sua segunda esposa Ana Maria Foss de Sá.
Amílcar Cabral manteve contactos com comandante Ernesto “Che” Guevara em 1965 e com Fidel Castro em Escambray e Havana em 1966, para discutir pormenores da ajuda cubana ao PAIGC, numa altura em que o PAIGC já controlava metade do território Guineense. No dia 1 de Julho de 1970 o Papa Paulo VI recebe em audiência Amílcar Cabral (PAIGC), Agostinho Neto (MPLA) e Marcelino dos Santos (FRELIMO). No mesmo ano Cabral recebe o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Lincoln, Estados.
Amílcar Cabral – entre o sonho e a esperança Considerado o "pai" da nacionalidade cabo-verdiana, Amílcar Cabral foi um dos mais carismáticos líderes africanos cuja acção não se limitou ao plano político mas desempenhou um importante papel cultural tanto em Cabo Verde como na Guiné-Bissau. O documentário, realizado por Ana Ramos Lisboa, procura dar o enquadramento político de Amílcar Cabral, mas também dar a conhecer o homem, o humanista e o poeta, sem passar ao lado do mito. Natural da Guiné-Bissau, Amílcar Cabral fundou em 1956 o PAIGC (Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde) que lutou pela autodeterminação daqueles dois territórios. Ainda em 1956 Cabral, ao lado de Agostinho Neto, fundou o MPLA (Movimento Popular para a Libertação de Angola). Em 1973 Amílcar Cabral, que assumira em 1962 a liderança do PAIGC, é assassinado na Guiné-Conacri. O documentário, apresentado em estreia em Cabo Verde no dia do aniversário do dirigente, "pretende através da utilização de material de arquivo, de testemunhos de personalidades que com ele privaram e através da recriação de algumas sequências por ele vividas", fazer o retrato da sua personalidade e da figura que foi", refere a sinopse do documentário. Para Ana Ramos Lisboa, Amílcar Cabral é uma referência incontornável daí a vontade de, findos os estudos cinematográficos em França, fazer um filme que desse a conhecer ao povo cabo-verdiano, e em especial à juventude quem foi e o que fez. Entre os testemunhos o da viúva, Ana Maria, testemunha única do assassinato, Iva Cabral, sua filha, a sua primeira mulher, Maria Helena Rodrigues, Aristides Pereira, primeiro Presidente da República de Cabo Verde, e do actual, Pedro Pires, e ainda Tiago Estrela, Ovídio Pires e Alpoim Galvão. Este documentário, com o apoio financeiro do Instituto Camões, será o primeiro de uma série de documentários que pretende divulgar a vida e obr a de líderes africanos e o seu contributo na edificação da historiografia lusófona contemporânea.