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Manual de um meditador Como desatar nós
Bill Crecelius
Vipassana Research Publications
Vipassana Research Publications uma publicação da
Pariyatti Publishing 867 Larmon Road, Onalaska, WA 98570 www.pariyatti.org
© 2015 Bill Crecelius Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida em qualquer forma sem a permissão por escrito do editor, exceto no caso de breves citações incluídas em artigos críticos e em resenhas. Capa & ilustrações dos nós por www.danielhaskett.com
Sumário Prefácio
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Agradecimentos
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Introdução
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Esclarecimentos
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Começando
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Meditação diária
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Uma grande distração
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Apoio no Dhamma
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Amigos no Dhamma
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Fazendo escolhas
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Apenas continue a conhecer Anicca
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Bingo Bango Bhaṅga
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O paradoxo das Pāramīs
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Mettā e você
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O que podemos aprender nos livros
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Resumindo
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Apêndice I - Desenvolvendo uma área de meditação em casa 76 Apêndice II - Livros de Dhamma recomendados
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C
Prefácio
hegamos a Bombaim por volta das 19h00, depois de um voo tranquilo vindo de Dubai. Nossos amigos nos receberam no aeroporto para nos levar ao seu restaurante favorito. Era uma noite encantadora. Minha esposa Anne, que não estava se sentindo bem, foi para o apartamento descansar. O restante do grupo seguiu o seu caminho. Apesar do trânsito muito pesado, era uma noite suave. Depois de 45 minutos no trânsito complicado, camos todos revigorados e de
bom humor quando chegamos ao restaurante. Havia uma la enorme na porta esperando por mesas. Não
importava o que acontecesse—fosse o calor ou os mendigos nos incomodando enquanto esperávamos— estávamos completamente otimistas, apesar de todos os inconvenientes. A noite toda continuou dessa maneira. Na manhã seguinte, acordei com uma sensação semelhante de boa vontade. Entrei na sala de estar e Anne e nosso amigo estavam tomando chá. Sentei-me e eles me disseram: “Goenkaji faleceu ontem à noite às 22h40”. Mettā simplesmente começou a jorrar. Não precisei fazer nada. Decidimos meditar e ir até a sua residência para prestar nossa homenagem. A disposição suave da noite anterior continuou, mas agora acompanhada por esta mettā. Quando chegamos ao prédio, as pessoas tinham obviamente estado acordadas desde muito cedo naquela
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Manual de um meditador
manhã, cuidando dos preparativos para acolher uma multidão enorme de pessoas. Por termos chegado tão cedo, por volta das 10h30, havia provavelmente apenas cerca de 50-60 pessoas. A sala estava muito sossegada e as pessoas se sentavam em cadeiras e em tapetes de algodão no chão para prestar sua homenagem. Todo mundo parecia muito calmo e tranquilo. Alguns estavam obviamente meditando. Eles eram um exemplo do que Goenkaji tinha ensinado durante toda a sua vida. Fomos levados de elevador da grande sala de espera no 8º andar até o 13º andar, onde Goenkaji e sua família moravam. Ele estava deitado em um caixão de vidro. Esta seria a última vez que veria o homem que mudou a minha vida. Estava deitado coberto apenas com um xale. Prestamos nossa homenagem e mettā simplesmente uiu. Soubemos através dos membros da família que ele estava de humor jovial até o m e seu falecimento foi tranquilo e sem incidentes. Ele estava cercado por sua família naquele momento. O motivo de eu ter escrito este livro é essencialmente para ajudar os outros de alguma pequena maneira como ele tão grandiosamente fez por mim. Ele me iniciou no caminho do Dhamma e me inspirou a fazer tantas coisas que jamais pensei pudesse fazer na vida. Não atingi grandes níveis de introspecção (insight), mas z o que pude por causa de Goenkaji e de outros com
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Prefácio
quem tive contato ao caminhar por esta trilha. Por isso, sou muito grato.
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G
Agradecimentos
ostaria de agradecer àqueles que ajudaram com a edição e a inspiração. Primeiramente, minha esposa Anne, que leu o manuscrito diversas vezes. Kim Johnston, minha velha amiga da Austrália, também me ajudou e fez um ótimo trabalho de edição. Quando recebi o manuscrito de volta e algumas das palavras haviam sido alteradas para ortograa
australiana/britânica, tive de sorrir, mas sem ter certeza de como faria para mudá-las de volta. Por muitos anos, Robin Curry tem sido minha leal colaboradora sempre que precisava de alguma coisa editada. Ela, às vezes, ralhava diante do meu pedido, quando pensava nas muitas maneiras que eu poderia desgurar o inglês gramaticalmente correto, mas sempre fazia o que era preciso. Nem preciso dizer que ela estava lá novamente para me apoiar neste momento. Obrigado Robin. Bharathram Sundararaman, um voluntário da Pariyatti que foi meu editor ocial e que ofereceu muitas sugestões úteis para melhorar este livro. Apesar de muito ocupado com a vida prossional e familiar, como outros tantos voluntários de Dhamma, dedicou tempo para editar este manual para meditadores. Também Brihas Sarathy e Adam Shepard da Pariyatti e Virginia Hamilton. Agradeço ao Daniel Haskett pela criação da capa e das ilustrações do nó.
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Agradecimentos
Agradeço também ao Rick Crutcher e ao Paul e à Susan Fleischman por examinarem as primeiras versões do manuscrito e por me colocarem em uma trilha melhor.
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Introdução
A
prendi a manter a minha prática e a fazê-la crescer. Gostaria de compartilhar isso com você. Primeiramente, como um homem solteiro morando em uma área sem outros meditadores, depois morando em uma área com muitos amigos meditadores de Vipassana e, nalmente, como um homem casado
com uma parceira no Dhamma, adaptei minha vida para viver continuamente no Dhamma. O caminho do monge é elevado e sublime. Dizse que o caminho para o monge é livre e suave e fácil de trilhar. Está elevado acima da sujeira e da lama. Não há pedras, seixos, rochas aadas ou espinhos. Infelizmente, para nós pobres chefes de família este não é o caso. Nossas vidas estão estreitamente ligadas às responsabilidades mundanas, empregos, laços familiares e pagamentos de hipoteca. Ao contrário dos monges, o nosso caminho está cheio de obstáculos mundanos e distrações. É por esta razão que acho poder o Manual de um Meditator ajudar os alunos de Vipassana em sua caminhada ao longo desta trilha de puricação.
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Introdução
Uma vez que está lendo este livro, suponho que tenha feito um curso de meditação Vipassana com Goenkaji ou com um dos seus professores assistentes. Nas páginas a seguir espero oferecer-lhe maneiras para estabelecer a sua prática na meditação Vipassana. Você pode ter concluído recentemente um curso, ou pode ter participado de um ou de mais cursos há alguns anos atrás, mas não conseguiu manter a sua prática. De qualquer maneira, este livro lhe deve ser útil. Lê-lo será mais útil, no entanto, se decidir fazer esforços sérios para praticar esta meditação. Quando jovem, era escoteiro, e vou sempre me lembrar do Manual do Escoteiro. Continha tudo o que precisava saber para ser um bom escoteiro. Quando adulto, tornei-me um mestre escoteiro e tive contato com este manual novamente. Percebi que era uma grande ferramenta para todo escoteiro. Todo o conhecimento necessário estava naquele livrinho. Como tenho reetido ao longo dos anos sobre trabalhar e caminhar na trilha do Dhamma, pensei: não seria ótimo ter um livro como esse? Não seria sobre como atar nós, mas como desatar os nós do desejo, da aversão e da ignorância das nossas mentes. Isso seria uma ferramenta muito mais prática para alguém que esteja caminhando na trilha do Dhamma. Felizmente, ou você poderia dizer por causa do meu karma positivo, tive contato com muitas pessoas
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Manual de um meditador
que me ajudaram muito ao longo dos anos da minha formação inicial. A primeira e a mais importante foi o meu pai no Dhamma, Goenkaji, que me apresentou a trilha do Dhamma e me guiou até sua morte em 2013. Então, também tive muita sorte de encontrar vários alunos de Sayagyi U Ba Khin que igualmente se tornaram professores. Alguns me deram uma mão neste projeto de uma vida inteira de desatar nós. Que grande variedade de lições aprendi com eles. Além disso, tive muita sorte de entrar em contato com muitos dos outros alunos de Sayagyi, que, apesar de suas altas realizações, não foram nomeados professores. Eles também me regaram com o que tinham aprendido aos seus pés. Não de qualquer maneira formal, mas através de conversas e exemplos ao longo dos anos. É claro que havia meus companheiros meditadores também. Foram tantos que não há condições de mencioná-los ou até mesmo de ltrar as lições que tinham para compartilhar. De alguns, aprendi coisas positivas, mas, de outros, aprendi coisas através de seu mau exemplo, como é, às vezes, o caminho. Lamento por eles, mas agradeço-lhes mesmo assim. O maior professor de todos os tempos foi o Buda. Ele descobriu esta trilha em que caminhamos e, em vez de mantê-la para si mesmo, compartilhou com todos os que até ele vieram. Agora, depois de todos estes anos, esta linhagem de professores ainda transmite seu mesmo
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Introdução
ensinamento. Mesmo ao longo de tantos séculos e de tantas gerações, tantas pessoas preservaram o ensinamento, direta e indiretamente, para o benefício das gerações futuras! Quantos professores existiram? Sabemos que nos últimos 100 anos ou mais, houve quatro (Ledi Sayadaw, Saya Thetgyi, Sayagyi U Ba Khin e Goenkaji), então provavelmente teriam existido, pelo menos, 100 professores nesta linhagem abrangendo os últimos 2.500 anos. Este seria o número aproximado de ācariyas (professores) que nos separam do Buda. Quão afortunados somos por estas pessoas maravilhosas, de coração puro, terem compartilhado esta joia para que possamos tê-la hoje. Ao longo destes anos, o ensino se adaptou aos tempos. Quando o Buda estava vivo e, por pouco tempo depois, havia muitos arahants, seres totalmente libertos, que mantiveram os ensinamentos ultra puros. Com o passar do tempo, os leigos apoiaram os monges de maneira mais formal o que veio a ser conhecido como a religião budista formada. Contudo, ainda eram quase inteiramente monges ensinando meditação aos monges. Na nossa linhagem, foi o Venerável Ledi Sayadaw que transmitiu os ensinamentos ao agricultor Saya Thetgyi, que se tornou o primeiro professor leigo. Acabou sendo uma jogada brilhante, porque o século XX estava amanhecendo e um novo mundo, baseado na revolução industrial e na tecnologia da computação, estava prestes
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Manual de um meditador
a surgir. Uma nova maneira de transmitir o Dhamma seria necessária. Saya Thetgyi, Sayagyi U Ba Khin e S. N. Goenkaji zeram o trabalho que lhes fora designado em estilo e em substância surpreendentes e o mundo se tem beneciado disso enormemente. Agora somos afortunados por haver centros em todo o mundo, onde as pessoas podem obter os ensinamentos do Buda em lugares confortáveis, de fácil acesso, próximos da maioria das grandes cidades do mundo. A apresentação do ensino é fácil de entender e um grande número de servidores de Dhamma compartilham seu tempo e sua mettā para que mais pessoas possam obter o Dhamma. Que o seu caminho seja tranquilo e livre de obstáculos. Que você seja feliz. Que se torne completamente iluminado!
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Esclarecimentos
E
m recente conversa com um amigo, percebi que este livro pode dar a impressão de que tudo o que faço é meditar. Talvez como uma espécie de quase-monge. A realidade está longe disso, embora eu seja muito sério sobre reservar tempo para meditar. Desde que comecei a meditar, tive três fases na minha vida. A primeira fase foi de viajar, meditar e imergir-me no serviço de Dhamma. Descobri a trilha enquanto era um viajante e, durante este tempo, grande parte da minha vida era dedicada à meditação e a viagens para a Índia e para a Birmânia para frequentar cursos e para servir o Dhamma. Em seguida, casei-me e tivemos um lho. Isso iniciou a segunda fase, em que trabalhei em vários empregos durante os 27 anos seguintes. Fiz tudo o que um marido normal e um pai normal fazem, exceto por ter incluído sessões de meditação duas vezes por dia e, geralmente, um curso de 20, de 30 ou de 45 dias a cada ano. Também reformei totalmente algumas casas, construí alguns edifícios e tive muitos interesses, incluindo
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Manual de um meditador
jardinagem, carpintaria, marcenaria, páli, etc. Então, eu não estava sentado olhando para o meu umbigo. Além disso, havia todas as atividades da família, como ir a jogos de futebol, dever de casa, escoteiros, acampamentos, projetos escolares, etc. A terceira fase começou, quando me aposentei e começamos a servir o Dhamma em tempo integral, além de todas as coisas acima continuarem como antes. Não é preciso ser um recluso para ser um meditador. Aprecie as coisas mundanas e mantenha suas responsabilidades, mas mantenha seu foco em incorporar o Dhamma à sua vida. Você consegue fazê-lo. O Dhamma lhe dará a energia para fazer tudo o que precisa e muito mais além.
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Começando
V
ocê a essa altura já experimentou as sutilezas da mente e do corpo que lhes estão disponíveis graças a apenas um curso de dez dias de meditação Vipassana. Embora possa ter começado a trabalhar em um nível que era tanto supercial, no início, em apenas dez dias você foi capaz de mover a mente de um nível grosseiro para um muito mais sutil. Você experimentou outra coisa também. Pela prática de estritas regras de moralidade, conseguiu acalmar a mente para que lhe permitisse uma investigação interior mais profunda. Quem diria que isso poderia acontecer? Bem ali do lado de fora dos portões, todo o caos e o comportamento indisciplinado do mundo cotidiano ainda estava acontecendo. Mas você estava vivendo em um casulo, que escolheu habitar com a esperança de aprender algo que fosse ajudá-lo. Quem diria que este estilo de vida virtuoso, combinado com uma técnica de meditação de 2.500 anos atrás, teria lhe proporcionado esses sentimentos de contentamento, de tranquilidade, de
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Manual de um meditador
alegria e de compaixão pelos outros que você sentiu no nal do curso. Pode ser que faça algum tempo desde que você sentou um curso e aqueles sentimentos que experimentou no dia de mettā podem não ser tão proeminentes em sua mente agora. Se você pensar sobre isso com cuidado, porém, podem voltar. Lembro-me de um dia em que estava dirigindo com um cliente e ele me disse, sabe, você me parece muito familiar. Eu disse sim, você também. Comparando notas, descobrimos que ele frequentou um dos primeiros cursos realizados nos Estados Unidos, quando Goenkaji veio da Índia, mas tinha parado de praticar, desde então. Ele disse: “Sabe, foi a experiência mais profunda de toda a minha vida.” Eu ouvi isso muitas vezes no passado de pessoas que sentaram um curso, mas deixaram a prática se perder. Elas ainda sentem essa experiência rmemente estabelecida em suas mentes, como algo tão especial que se destaca de todas as outras coisas que zeram, desde então. Em outro caso, estava almoçando com uma aluna antiga e ela estava reclamando sobre não conseguir manter a sua prática. Ela tinha esquecido o quão profundamente benéca a prática é. As distrações da vida diária e os velhos padrões de hábitos interferiam. Percebendo o quão supercial suas queixas eram, ela disse, “Às vezes, simplesmente me esqueço de como praticar é bom e dos benefícios que obtenho disso.”
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Começando
Vipassana o integra na sociedade de uma forma que é positiva, consciente, moralmente sã, e leva a amar outras pessoas tanto quanto você ama a si mesmo. Para adquirir a sabedoria da impermanência (anicca), você deve se esforçar e isso acabará por levá-lo à meta nal. A razão mais comum pela qual as pessoas param de sentar depois de um curso é a de que a forte consciência da natureza mutável das sensações ( anicca) se dissipa lentamente, à medida que nos integramos de volta à sociedade. Todos os estímulos externos nos estão constantemente subjugando e logo anicca é esquecida. Também a sua moralidade ca mais fraca e, consequentemente, a sua consciência de anicca sofre. Se você deixar esta anicca escapar, estará enfrentando sessões que são como “eca.” Será um trabalho árduo durante todo o tempo, como aquelas no início de um curso. Se não for cuidadoso, deixará essa joia preciosa escapulir. Quando comecei a praticar, era como se tivesse estado vivendo com uma nuvem diante de meus olhos. Depois de concluir um curso de Vipassana, a nuvem começou a se dissipar. Há luz através dessas nuvens e você pode vê-la. Tal como quando esteve voando em uma altitude elevada e seu avião começa a descer através das nuvens e começa a car escuro e nublado, mas você sabe que, para além dessas nuvens, encontra-se a luz solar intensa. Agora você tem a ferramenta para remover aquelas nuvens.
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Manual de um meditador
A m de chegar a essa luz solar brilhante, você pode facilitar o seu trabalho se tentar viver sua vida livrando-se de distrações que tornariam mais difícil trilhar este caminho de Dhamma. Existem várias maneiras de fazer isso e você poderá achar útil para o seu trabalho, se começar de imediato, enquanto a experiência do curso ainda é recente. No entanto, se você não sentou um curso por um longo tempo, ainda assim, dê este primeiro passo, talvez dedicando mais tempo a ānāpāna. Faça outro curso; isto o estabelecerá em seu caminho. Durante um curso em um centro, tudo é controlado e congurado de forma ordeira, porque a meditação é a única atividade que ocorre ali. Muito planejamento é investido no funcionamento do centro, com base na experiência de muitos alunos. Seria útil para você se uma pequena parte desta experiência do centro puder ser transferida para sua vida cotidiana normal, para que haja algo em que possa se agarrar, apesar de toda a agitação de ser um chefe de família, um leigo. Um lugar que você possa tocar, com vistas a se lembrar daquela experiência.
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Meditação diária
E
stas duas sessões diárias são muito importantes.
Não é possível enfatizá-las o suciente porque, quando você começa a perder sessões, ca cada
vez mais difícil meditar. Quando você vem a um curso pela primeira vez, pode ser muito inexperiente, mas, até o nal dos dez dias, terá visto uma transformação
em si mesmo. Você agora é capaz de sentir sensações internamente, com facilidade, ao passo que, antes do curso, provavelmente estava totalmente inconsciente de que tais sensações sequer existiam. A m de manter um
nível de consciência Dhammica dentro de si mesmo, você precisa destas sessões de meditação regularmente. Elas mantêm viva a pureza que estabelecemos. Estas duas horas por dia, de manhã e à noite, são absolutamente necessárias. Você pode achar que não é tão fácil meditar, quando voltar para casa. Pode notar, mesmo enquanto seu carro se afasta do centro, que a atmosfera mudou. Você já não está em um lugar onde milhares de pessoas têm meditado por muitos anos. Distrações surgirão quase
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Manua Man uall de um me medi dita tado dor r
imediatamente. Quando parar para abastecer ou talvez pegar um jornal, comprar um sorvete ou um refriger refrigerante, ante, poderá não haver mais quaisquer pensamentos do Dhamma. Todas essas coisas são normais, mas você pode ver que a atmosfera do centro pode ser imediatamente esquecida. Se estiver determinado a desenvolver uma prática, deve encontrar um lugar para estar no espírito do Dhamma que seja separado da corrente principal do mundo cotidiano. Com isto em mente, a primeira coisa a fazer é organizar o seu lugar de meditação. Como Goenkaji menciona na palestra nal do curso de dez dias, é bom ter um lugar para meditar que seja sempre o mesmo. Se for um pouco quieto e longe do tráfego habitual na casa, ajudará. Uma sala separada seria ideal. Um cômodo que não esteja sendo usado funciona muito bem, apesar de isso ser coisa muito rara, pelo menos, na minha casa. Se algo tão óbvio não estiver disponível, então, um lugar em seu quarto ou escritório que não seja muito usado funcionará. Um bom lugar é aquele em que você pode colocar suas almofadas, xale, alarme, etc. e não serão perturbados. Para obter uma lista de ideias, veja o Apêndice Apêndice 1. É muito importante criar um espaço no qual você possa meditar duas vezes por dia. O lugar se preenche preencherá rá de vibrações de Dhamma e de sentimentos de mettā. Tornarse-á mais forte ao longo dos anos e você descobrirá ser mais fácil meditar ali.
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Meditação Meditaç ão diária diár ia
Você está fazendo uma mudança importante em sua vida. Ao ter um local de meditação designado, estará criando um hábito. Este é o lugar onde você vem para puricar sua mente. Este é o lugar onde não será perturbado, perturba do, a m de trilhar o caminho do Dhamma. Este lugar o ajudará a se manter na linha e a não deixálo esquecer suas sessões de meditação. Tudo está bem ali, pronto para ser utilizado. É uma sala de meditação instantânea. Você deve ter notado no dia dez, que chamamos dia de mettā, que, tão logo começou a falar, tudo mudou. Você estava extrovertido e os pensamentos de sentar foram embora. Às 14h30, no entanto, houve uma sessão de meditação em grupo. Esta é uma sessão muito importante e você deve reetir sobre isso, quando voltar para casa e perceber quão difícil difíc il pode ser se r meditar. Quando começou começ ou esta sessão de meditação em grupo das 14h30, você pode ter percebido imediatamente que a sua meditação foi diferente. Sua mente estava provavelmente distraída ou agitada e foi difícil se acalmar. Pode ter havido dores e desconfortos. Sua meditação mudou e você só tinha falado por pouco tempo. Lá pelo nal da sessão de medita meditação ção de uma hora, no entanto, sua mente provavelmente se acalmou um pouco e você estava praticamente de volta onde estava às 9h00, antes de aprender a prática de mettā. E na sessão de meditação em grupo das 18h00, teria visto isso acontecer novamente. Se você não for cuidadoso, não perceberá, mas
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Manua Man uall de um me medi dita tado dor r
essa é uma lição muito importante. Deve dar-lhe uma visão interior sobre o que está acontecendo no mundo exterior e porquê suas sessões diárias de meditação são tão importantes. Verá também que aquilo com que está lidando é natural e não é que esteja fazendo algo errado. É fácil pensar que não é capaz de fazer isso ou que seja difícil demais. Esta é realmente uma situação muito perigosa e uma das mais difíceis que pode enfrentar,, porque você pode ser tentado a parar de sentar enfrentar quando confrontado com estas sensações confusas ou desagradáveis ou quando a mente estiver divagando. Se você parasse de sentar, apenas agravaria as coisas. É sentando que se consegue manter sua consciência da natureza impermanente das sensações e, assim, meditar da maneira adequeada. Você tem de estar preparadoo para aceita preparad aceitarr quaisque quaisquerr sensações que surjam, sem ter preferências por uma ou por outra. Darei um exemplo. Quando voltei para os Estados Unidos, após meus anos de viagem, decidi viver em Berkeley, Berkeley, na Califórnia, onde sabia que havia muitos outros meditadores que também tinham voltado da Índia recentemente. Sabia que esses amigos de caminhada apoiariam a minha prática. Aluguei um apartamento e estabeleci-me para viver a vida de leigo. Uma noite, enquanto estava meditando, parecia que tinha sentado por, pelo menos, uma hora. Olhei para o meu relógio. Dez minutos tinham
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Meditação Meditaç ão diária diár ia
passado, nem perto de uma hora. Comecei a minha prática novament novamentee e parecia que uma outra hora tinha passado. Estava tão agitado e distraíd distraído. o. Olhei para o relógio novamente e só mais cinco minutos tinham passado. Isto aconteceu acontece u mais algumas vezes. Felizmente, Felizment e, percebi que estava em uma encruzi encruzilhada; lhada; se deixasse minha mente jogar este jogo comigo e me levantasse e parasse de meditar depois de apenas quinze minutos, estaria perdido. Aquela Aquela sessão de meditação continuou e continuou. Pensei que nunca acabaria. Vidas inteiras se passaram, mas m as não desisti. desis ti. Isso nunca nunc a voltou a acontece a contecerr com tamanha intensidade. Tinha subjugado essa mente que não quer mudar. Este é o tipo de coisa da qual você tem que se proteger, quando iniciar a sua prática em casa. A mente trabalhará contra você e não será a mesma que era no curso. Outros obstáculos podem aparecer em suas sessões de meditação, quando começar a praticar em casa e à medida que continuar sua prática dia após dia. Às vezes, descobrirá que, quando estiver meditando durante suas sessões de uma hora, está em um nevoeiro. Pode ser que você até caia no sono durante as suas sessões. Isso pode acontecer acontec er pela manhã ou à noite ou, possivelmente, possive lmente, nos dois casos. Não é possível prever quando isso acontecerá ou mesmo se acontecerá. Pode lhe parecer, como para outros, que quando isso acontece está perdendo seu tempo meditando. Gostaria de assegurar-lhe que não está desperdiçando seu tempo. Embora possa parecer que
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Manual de um meditador
está tentando caminhar na lama ou nadar no melaço, isso só passará se perseverar. Como você faz isso? Quando isso acontece e você se der conta de que perdeu a atenção, comece de novo com uma mente tão calma quanto for capaz. Tente ānāpāna por um tempo e um pouco de respiração intencional. Torne a respiração um pouco mais forte para que possa senti-la. Você de tempos em tempos subirá à tona desta mente entorpecida, sem rumo, e trabalhará com a consciência das sensações conhecendo continuamente a sua natureza impermanente. Descobrirá que isto eventualmente passará. É possível que haja apenas alguns minutos nesta hora em que estará bem acordado, aado, e sua mente estará penetrante, mas estes são minutos muito valiosos. Não os desconsidere. Use-os com sabedoria e não se preocupe com o que pensa ter perdido. Você esteve trabalhando durante todo o período de meditação, embora possa não ter sido o que esperava. Se a sua agenda não exigir que esteja em algum outro lugar logo após sentar-se e se nesse momento a sua mente estiver clara, então, permaneça sentado um pouco mais de uma hora. Cada momento sentado sobre a almofada será valioso, se trouxer sua mente de volta para o objeto da meditação sem reagir. Então, estará fazendo a coisa certa. Só mais uma coisa: algumas pessoas têm exatamente a experiência oposta. Acham que, nos primeiros dez minutos da hora, estão muito aados, muito
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Meditação diária
alertas e, em seguida, são arrastados para este nevoeiro onde sequer sabem distinguir se estão sentados ou deitados. Isso não importa. Continue a sentar, complete a hora. Não é possível saber o que experimentará em suas sessões de meditação. O objetivo é o de fazer uma observação sem escolha de qualquer sensação que surgir. A mesma coisa se aplica em todas as sessões. Observe as sensações que surgem, não importa o que estiver sentindo naquele momento. Tente prolongar o período de tempo em que se mantém consciente. Estas situações grosseiras são uma manifestação do que está dentro de si. Se continuar a observá-las com equanimidade, estará fazendo o seu trabalho. Se parar para pensar, depois de ter passado o dia todo fora de casa na rua lidando com a loucura que se apresenta, não é à toa que o seu corpo se sente como um bloco de cimento e é difícil sentir sensações. Se a sua mente não estiver aada e penetrante, dedique mais tempo a praticar ānāpāna, antes de mudar para Vipassana. Uma mente aada o ajudará a se acalmar. Da mesma forma, uma mente calma aará seu samādhi. Quando se der conta de que a mente está divagando, tente a respiração intencional por um tempo. Se nenhuma das coisas acima funcionar, tente meditar com os olhos abertos por alguns minutos e deixe um pouco de luz entrar. Seja o que for o que zer, não se sinta derrotado,
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Manual de um meditador
nunca pense que tudo está perdido. Simplesmente use o esforço correto para tornar cada sessão de meditação bem-sucedida. Elas serão todas diferentes e, quando você passar a aceitar isso, e não esperar algo que julgar ser “meditação”, terá dado um grande passo na direção certa. Então, uma vez tendo estabelecido seu espaço, agora deve discutir este assunto com sua família ou com seus companheiros. Isso pode ser fácil para eles aceitarem, mas também pode ser difícil e eles podem ter inveja desse tempo que dedica a si mesmo. Diga-lhes que encontrou esta prática de meditação, que é muito importante para você. De agora em diante, pretende meditar duas vezes por dia, de manhã e à noite, uma hora cada vez. Isso o ajudará a não se sentir culpado, quando tiver de se afastar para meditar. Uma vez que todos saibam o que está fazendo, passarão a respeitá-lo por isso, especialmente quando virem mudanças positivas acontecendo em você. É bom tentar meditar no mesmo horário todos os dias. Você pode optar por fazê-lo imediatamente ao se levantar ou logo após a sua rotina matinal. Talvez precise primeiro de um pouco de energia na barriga e medite logo depois de tomar o seu café da manhã. Seja qual for sua decisão, é melhor manter o mesmo horário todos os dias, porque, dessa forma, estabelecerá uma rotina. Se deixar isto ao acaso, terá sorte se durar uma semana. Se morar com outras pessoas, é provavelmente melhor meditar antes de acordarem. Dessa forma, a casa
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Meditação diária
ou o apartamento estará bem tranquilo e você não vai se distrair conversando ou passando tempo com alguém. Outras pessoas serão uma grande distração. Portanto, tenha cuidado. Por outro lado, se eles também forem meditadores, podem lhe dar força e deve usar a força deles para se ajudar. Meditem juntos sempre que possível. Tente meditar, pelo menos, uma sessão de meditação em grupo por dia com eles. Você também deve avaliar seu estilo de vida. No nal da tarde, quando sai do trabalho, você para na academia a caminho de casa ou joga uma partida de tênis ou algum outro esporte? Quando chega em casa você costuma sair para correr ou afunda em sua poltrona favorita para viajar em frente da TV? Independentemente do que faça, pense sobre seu nal de dia. Quando será melhor para encaixar esta uma hora de meditação? Algumas pessoas gostam de sentar imediatamente após chegarem em casa. Outros podem optar por fazê-lo depois do jantar ou antes de ir para a cama. Você tem de tomar essas decisões sozinho, mas decida o que vai fazer, assim que chegar em casa depois do curso e ter criado o seu espaço de meditação. Você tem de ser hábil. Você deve ter as intenções corretas. Quando se preparar desta maneira, conseguirá realizá-las. Em Berkeley, meu colega de quarto e eu costumávamos sentar às 6h00 e às 18h00. Isso funcionou muito bem, uma vez que muitos amigos sabiam disso
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Manual de um meditador
e apareciam nesses horários para se juntar a nós. Independentemente do que decidir, atenha-se ao seu plano. O mais importante é se esforçar para meditar naquela primeira noite, quando chegar em casa depois de um curso. Você acabou de ser bombardeado por tamanha variedade de estímulos pelas últimas 8-10 horas, desde que deixou o curso. Precisa voltar para onde estava quando saiu do centro. Sentando-se nesta primeira noite, estará construindo o ambiente favorável para estabelecer um padrão que o levará a fortalecer sua prática.
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Uma grande distração
T
em uma coisa que você deve considerar que é tão contra a corrente da nossa cultura nacional, que vou prefaciar esta parte com a minha experiência e deixá-lo decidir por si mesmo. Pode ser a pedra preta no kheer (arroz doce) que Goenkaji cita em sua última palestra, onde a criança jogou fora todo o doce por causa de um pedaço de cardamomo na sobremesa. Esta grande distração são os intoxicantes. Quando saí do meu primeiro curso, notei que alguns alunos jogaram fora seu haxixe e assumiram o compromisso com um novo modo de vida, enquanto outros iam acender um baseado. Drogas e álcool têm tamanha relevância na cultura ocidental e se tornaram algo que muitas pessoas inicialmente se recusam a abandonar. E, o que é mais importante, não veem razão alguma para isso. O que descobri durante os primeiros anos, quando ingeria álcool e, em seguida, tentava meditar, era parecer como se uma lente tivesse sido besuntada com vaselina.
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Manual de um meditador
A droga ou o álcool age como um ltro. No ramo do entretenimento, usam um ltro de lente de câmera dessa maneira, o que torna a modelo ou a atriz que já ultrapassou seu ápice, ainda parecer muito bonita. Esta é a falsa impressão criada pelo uso de drogas. Outra analogia é quando se anda na rua e se vê uma vitrine que foi revestida de branco, enquanto está sendo remontada, de modo a não se poder enxergar com clareza seu interior. Você pode vislumbrar algumas coisas lá dentro, mas tudo é pouco nítido. É assim que as drogas e o álcool afetam nossa percepção. São uma máscara que impede que vejamos o que está realmente acontecendo. A outra impressão equivocada é a de que as drogas expandem a consciência. Isso é totalmente falso. Algumas drogas proporcionam uma alteração da consciência e outras proporcionam uma modicação da consciência. Nada que jamais ajudará um meditador, pois, para experimentar a verdade, a realidade deve ser vista tal qual é. Alguém que esteja se entorpecendo para afogar alguma mágoa do passado pode ser feliz vivendo dessa maneira. Mas aliviar dores do passado experimentadas como sensações é do que trata a meditação. Encontramos uma ferramenta para lidar com as vicissitudes da vida, mas, em vez de colocar uma lâmina bem aada nessa ferramenta, para cortar a confusão, cegamos a ferramenta até se tornar praticamente inútil. Sendo um aluno recente, você tem de tomar essa
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Uma grande distração
decisão sozinho. Nunca fui muito bom em pedir conselho àqueles que eram mais espertos do que eu, até conhecer Goenkaji. Se meu pai ainda estivesse vivo quando comecei a meditar, provavelmente teria cado chocado por eu dar ouvidos a alguém mais sábio do que eu, mas também teria cado muito feliz. Se achar que está pronto para dar tal passo neste momento—e espero que considere seriamente essa possibilidade—listei algumas orientações, a seguir, para ajudá-lo a navegar a tarefa diante de si. Caso contrário, não jogue fora o delicioso doce kheer por causa de um pequeno pedaço de cardamomo. Por favor, continue a meditar. É a coisa mais importante. Se decidiu fazer uma tentativa, em primeiro lugar, veja o que tem na geladeira ou no armário. Tem algum álcool? Talvez esteja acostumado a tomar um copo de vinho no jantar ou uma cerveja gelada em um dia quente de verão. Se qualquer uma dessas coisas estiver lá, jogue fora. A resposta não é beber tudo para se livrar daquilo e, então, começar mais tarde. A mente é uma coisa escorregadia. Há mais uma coisa para cuidar. Existe um suprimento secreto em algum lugar na casa? Plantas crescendo no quintal? Essas tentações têm de ser eliminadas ou o derrubarão e você não avançará no caminho. Repare que eu não falei para dar essas coisas para
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Manual de um meditador
um amigo. Não. Não ajude outras pessoas a entorpecer suas mentes. Este não é o seu trabalho. Você decidiu mudar o seu comportamento para trilhar o caminho do Dhamma—só porque os outros ainda não tomaram essa decisão, não os incentive dando-lhes intoxicantes. Se decidir, neste momento, incluir o quinto preceito em sua vida, existem algumas ocasiões onde as pessoas podem se tornar especialmente insistentes, ao tentar convencê-lo a tomar uma bebida alcoólica. Estas geralmente são ocasiões especiais, como casamentos, Ano Novo, etc. As pessoas, nessas ocasiões, sentem que deve haver um brinde. É uma tradição que está muito enraizada no Ocidente. Haverá sempre uma ou duas pessoas que ultrapassam a linha do bom gosto e realmente o aborrecem para participar do brinde com algum tipo de bebida alcoólica. Será nessas horas que você deve ser extremamente habilidoso em fazer valer os seus direitos e não ser dominado. É geralmente útil ter um copo cheio de água com gás ou refrigerante, e apenas mostrá-lo e dizer que você está OK. Lembre-se que você não está sozinho quando começa a tentar viver um estilo de vida mais Dhâmmico. O poder do Dhamma é muito forte. Ele o ajudará também.
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Apoio no Dhamma
P
ode parecer muito difícil viver em uma sociedade que não respeita quem observa os cinco preceitos, mas você descobrirá que as forças da natureza virão ao seu auxílio. Por exemplo, uma das ajudas será a sua prática diária. Quando você se sentar toda vez no mesmo lugar, o local escolhido começará a car
carregado com vibrações de Dhamma. Mesmo que seja bem pouco no começo, isso aumentará. Então, quando se sentar para meditar, saberá que está entrando em um lugar Dhâmmico, mesmo que seja apenas de um metro por um metro. Para ajudar este lugar a car mais forte mais rapidamente, comece a convidar seus amigos que também são meditadores nessa tradição. Faça uma sessão de meditação em grupo, sentando-se com eles no lugar onde pratica meditação. Eles podem se reunir ao seu redor, enquanto vocês se sentam juntos. Todos vocês serão beneciados. Convide-os talvez para jantar e converse com eles. Você descobrirá que todas aquelas preocupações com sīla (moralidade) não são mais
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Manual de um meditador
preocupações com esses amigos. Será mais fácil viver uma vida de Dhamma. Outra coisa útil a fazer seria obter cópias dos cânticos de Goenkaji. Quando os ouvir em sua área de meditação, tais palavras de Dhamma entoadas repetidamente irão ajudá-lo. As palestras noturnas também estão disponíveis. Toda vez que você as ouvir, aprenderá algo novo. A próxima coisa a saber é sobre as sessões de meditação em grupo. Estas são atividades que você deve se esforçar para participar. Sentar-se com outras pessoas que praticam esta técnica recarregará suas baterias. Será quase tão bom quanto sentar-se em um centro. Estas sessões de meditação em grupo estão publicadas no site do seu centro local, ou você pode perguntar sobre as sessões de meditação em grupo onde você frequentou seu último curso. Estes não são eventos sociais, mas sim uma oportunidade para praticar com pessoas dotadas de mentes ans no sentido de construir sua prática juntos. Você se beneciará com este impulso. Se não houver alguém perto de você e, se conhecer alguém em sua área que pratique Vipassana como ensinada por S. N. Goenka, reúna-se com ele, escolha um horário e local, e medite regularmente, semanalmente, se possível. Você será fortalecido com as sessões de meditação em grupo. Cursos de um dia são outro suporte útil para a sua prática. Você pode procurar na internet para ver se reside
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Apoio no Dhamma
em uma área onde há cursos de um dia. Ao participar de um curso de um dia, você pode fortalecer sua consciência da natureza impermanente das sensações ( anicca) que estiver sentindo e isso o ajudará a aproveitar melhor as sessões de meditação em grupo, a torná-las mais fortes. Um terço do tempo praticará ānāpāna e dois terços do tempo praticará Vipassana. Até o nal do dia, o seu nível de anicca pode até estar de volta ao ponto onde estava quando saiu do seu último curso. Isto é muito importante, se quiser manter uma prática diária. Se não houver cursos de um dia em sua área e se houver um professor assistente que resida nas proximidades, talvez, se perguntar, ele ou ela possa ajudá-lo a organizá-los de tempos em tempos. Os outros meditadores em sua área lhe serão gratos. Se este não for o caso, então, você mesmo pode fazer autocursos regularmente. Durante os dois primeiros anos depois de ter voltado da Índia, eu sentava um autocurso de um dia em ns de semana alternados. Isso me deu muita força e produzirá o mesmo efeito em você. O melhor é começar às 4h30 e trabalhar até as 21h00, que é o que eu fazia, mas mesmo se não zer isso você descobrirá que, mesmo se usar apenas o horário mais relaxado adotado nos cursos de um dia ociais— 9h00 às 16h00 ou 17h00— será de grande ajuda. Se for conveniente, você também pode ir ao centro para uma sessão de meditação em grupo, para um
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Manual de um meditador
período especial de serviço de Dhamma, para um curso de curta duração, ou para outro evento. O que você deve lembrar sobre os cursos de um dia e sobre as sessões de meditação em grupo é que o ajudam a ajustar a sua prática. As visões, os sons e as imagens que nos bombardeiam o dia todo nos empurram para baixo. Talvez não esteja muito consciente disso, talvez esteja, mas predominam o ódio, a ganância e o delírio o dia inteiro. Prossionais tornaram-se especialistas em desviar nossas mentes; universidades dão aulas sobre como chamar a atenção das pessoas, de forma consciente e até mesmo inconscientemente, para conseguir inuenciá-las. Compre isso, deseje aquilo, isso é repetido sem parar. Quando saem do mosteiro, os monges circulam de cabeça baixa e sem desviar os olhos, a m de evitar todo esse estímulo. Você será capaz de eliminar parte disso pelo que optar por ler e assistir na televisão e quais lmes assistir, mas, mesmo assim, isso permeia o ar. O estímulo também preenche os sites que visitamos, o nosso e-mail e agora até mesmo os nossos telefones. Então, esses cursos de um dia serão muito importantes para a sua mente voltar a focalizar a natureza da impermanência. Quando você se senta sobre a almofada, é como se estivesse se despejando através de um ltro; você passa, mas todo lixo ca no ltro. Você se levanta de sua almofada revigorado. No dia onze, Goenkaji dá a instrução de que
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Apoio no Dhamma
os alunos devem tentar fazer um curso de dez dias por ano. Se seguir este conselho, será um benefício enorme. Durante esse um curso por ano será capaz de aprofundar sua prática. Imagine que cavou uma trincheira pequena. Durante o ano, a trincheira continua acumulando sujeira e poeira em seu interior. Lá pelo m do ano estará cheia ou quase cheia. No mesmo sentido, se você não for limpo pela sua prática diária, sessões de meditação em grupo, cursos de um dia e cursos de três dias, você cará cheio e terá de começar tudo de novo. Para impedir que isso aconteça, você tem de continuar limpando o fosso. Se, então, zer outro curso, será capaz de aprofundar essa trincheira. Com menos sujeira e menos poeira para remover, o seu trabalho no retiro de dez dias progredirá muito mais rapidamente com menos obstáculos. É claro que se sua sīla (moralidade) não tiver sido boa, cará muito mais difícil. Mas se estiver se esforçando para manter uma boa sīla, estará em boa forma para progredir mais rápido e mais profundamente em seu curso anual. Haverá algumas pessoas que vericam ter mais tempo para praticar meditação do que apenas duas horas por dia e um curso de dez dias por ano. Se este for o seu caso, não há nada de errado em fazer mais de um curso por ano. Muitos alunos constatam querer realmente estabelecer uma base forte e decidem ir a um centro a m de meditar e servir durante um período de tempo.
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Manual de um meditador
Ao fazer isso, terá um lugar amigável para estabelecer a sua prática e aprofundá-la. Você será capaz de aplicar o que aprendeu enquanto viver no ambiente protegido do centro de Dhamma. E, depois, quando retornar à sua vida no mundo exterior, você levará consigo o hábito forte e sólido de sentar-se regularmente e experimentar anicca. Assim, você será capaz de dar continuidade à sua prática mais facilmente. Na verdade, tenho observado uma correlação direta entre aqueles que dão serviço de Dhamma e aqueles que têm uma prática forte. A prática contribui para o serviço e vice-versa. O Buda disse que não há campo mais fértil do que uma pessoa praticando meditação, por isso, é muito benéco servir a estes alunos. Quando você ajuda a servir aqueles que têm a capacidade de se fortalecer na meditação, você os está ajudando, bem como a si mesmo.
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Amigos no Dhamma
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uando voltei da Índia, fui morar na área da Baía de São Francisco, porque sabia que ali havia outros meditadores que conhecera na Índia. Quando voltei para os Estados Unidos, a área onde minha família morava era um deserto, em termos de outros meditadores, então, fui para aonde sabia haver meditadores. No segundo dia depois de ter me mudado para Berkeley, participei de uma sessão de meditação em grupo e conheci pessoas com quem me relaciono até hoje. Durante cerca de 20 anos depois disso, raramente perdia uma sessão de meditação em grupo semanal. Isso me ajudou tremendamente. A maioria das pessoas que conheci nessas sessões foram as que ajudaram a estabelecer o Dhamma na América do Norte e, em particular, na Califórnia. Tem sido um modo de vida enriquecedor devido a estas relações e por causa destas sessões de meditação em grupo. No meu caso, mudar para uma cidade onde
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Manual de um meditador
conhecia poucas pessoas que não fossem meditadores facilitou as coisas para mim. Quase todos os meus amigos eram meditadores. Eu não era puxado em várias direções diferentes por todos os meus conhecidos. Íamos ao cinema juntos, praticávamos esportes juntos, comíamos juntos e assim por diante. Isso facilitou o progresso. A maioria das pessoas que vêm para o Dhamma terá uma experiência diferente. Será benéco fazer alguns amigos que são meditadores Vipassana e que possam ser uma referência de Dhamma. Lentamente, à medida que uma das qualidades do Dhamma, ehi passiko (venha e veja), se manifesta, até mesmo membros de sua família e outros amigos podem vir para o Dhamma. Com o passar dos anos, descobrirá que os companheiros meditadores se tornam um imenso apoio para a sua prática. Desenvolver amigos no Dhamma irá fortalecêlo no Dhamma, o que signica que você terá uma vida mais feliz. O Buda, na realidade, considerava esta uma das partes mais importantes da trilha do Dhamma. Isto é o que o Buda disse a Ānanda, quando procurou o Buda para discutir isso. Em certa ocasião, o Buda estava vivendo entre os Sakyas em uma cidade chamada Sakkara. Ānanda, ao retornar de sua ronda matinal de esmolas na cidade, procurou pelo Buda. Saudou-o e sentou-se ao lado. Dirigiu-se ao Buda e disse que, durante sua ronda de esmolas, esteve pensando e se deu conta da importância
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Amigos no Dhamma
dos amigos, enquanto vivendo a vida santa. Disse: “Bhante, metade da vida santa é ter pessoas virtuosas como amigos, companheiros e colegas.” O Buda respondeu: “Não diga isso Ānanda. Não diga isso. Ter pessoas virtuosas como amigos, companheiros e colegas é, na verdade, a totalidade da vida santa. Quando um bhikkhu tem pessoas virtuosas como amigos, companheiros e colegas, pode-se esperar que seguirá o Nobre Caminho Óctuplo e que nele se desenvolverá.” Considero este conselho do Buda como sendo inuente na minha vida. Estes kalyāna mittā (amigos no Dhamma) me ajudaram na trilha. Guiaram-me na trilha. Não tentaram me desencaminhar. Pessoas tolas derrubam mais meditadores do que qualquer outro poder na Terra. As palavras, “Não se relacione com tolos,” são, provavelmente, as palavras mais importantes que o Buda jamais dirigiu a um chefe de família que é novo na trilha do Dhamma. Isto pode aplicar-se ao aluno não-tão-novo também. Estas palavras são a primeira linha do Maṅgala Sutta, um sutra em que o Iluminado explicou as mais elevadas beatitudes de um meditador. O Buda pensou ser tão importante que começou o sutra (discurso) com a seguinte advertência:
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Manual de um meditador
Asevanā ca bālānaṃ, paṇḍitānañca sevanā; pūjā ca pūjanīyānaṃ, etaṃ maṅgalamuttamaṃ.
Evitar os tolos, (cultivar) a companhia dos sábios; (prestar) honra onde a honra é devida, este é o bem-estar mais elevado.
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Fazendo escolhas
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epois de deixarmos o centro, tendo acabado de concluir um curso de meditação, temos muitas opções. O que eu vou fazer? Para onde vou? Uma das escolhas que as pessoas provavelmente deixam de considerar conscientemente é: irei frequentar os tolos? Infelizmente, algumas das pessoas que conhecemos se comportam de maneiras tolas, que podem prejudicá-las e nos prejudicar também. São pessoas que não direcionam suas vidas por meio da ação correta. O que é ação correta? Ação correta é desenvolver suas forças e suas virtudes, vivendo de acordo com o Nobre Caminho Óctuplo do ensinamento do Buda e, neste caso, estamos falando principalmente de sīla (moralidade). É claro que não podemos parar totalmente de nos dar com pessoas que sejam tolas ou que não tenham bom comportamento moral. Mesmo meditadores chefes de família, com a melhor das intenções, não são capazes de manter sīla (moralidade) perfeita, mas há gradações e isso é algo que você pode querer levar em conta nesta altura.
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Manual de um meditador
Tem sido minha experiência existirem pessoas que têm um baixo nível de moralidade. Às vezes, não podemos evitá-las. Será de ajuda se, pelo menos, você for cauteloso e vigilante na companhia delas. Não podemos abandoná-las e devemos, ainda, ter mettā por elas. Você pode ter ouvido de alguém que a moralidade não é importante. Havia quem tivesse opiniões semelhantes durante a época do Buda. Ele explicou claramente que esse tipo de pensamento era prejudicial e que deveria ser evitado. Hoje, isso pode ser chamado de a escola do “se o faz sentir-se bem, faça-o.” Mas esta escola não é correta, pelo menos, não para alguém que está pensando em trilhar um caminho muito longo de pureza em ação. A pessoa que diz a moralidade não ser importante é uma pessoa tola. Está dando maus conselhos. Parece que as pessoas que se sentem dessa forma costumam gostar de levar os outros para o rumo que estão tomando, mas a trilha do Dhamma diverge de qualquer caminho como este de maneira bastante acentuada. Quando começou seu curso, foi convidado a tomar os cinco preceitos. Era uma das formalidades de abertura. Agora que o curso terminou, você está livre dessas formalidades, mas a prática de sīla, moralidade, ainda é a base da prática. A m de progredir na trilha, será de grande ajuda se levar a sério esses cinco preceitos. Não haverá ninguém lhe pedindo para fazer isso, não haverá ninguém lhe vigiando para se certicar de que
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Fazendo escolhas
está fazendo isso. Se quiser começar a praticar um modo de vida de Dhamma, este é o primeiro passo. Quando você vai fazer uma caminhada, tem de se certicar de que está preparado. Você precisa de seus tênis de caminhada, uma garrafa de água, talvez um pouco de protetor solar e uma barra de cereal para o caso de car com fome. Ninguém lhe diz que isso é o que precisará, é apenas bom senso. Para caminhar nesta trilha, o que precisa é de sīla, samādhi e paññā. Estes são os princípios para a sua caminhada nesta nova trilha. Considere isto: quando pensa que deveria começar a se comportar de uma maneira apropriada, uma maneira moral? Existe algum momento a partir do qual você desiste de quebrar sīla e, então, de repente, você simplesmente começa a se comportar com habilidade? A resposta é a de que isto deve ser incutido desde o início. Se você não começar imediatamente, durante todo esse tempo estará gerando mais e mais saṅkhāras (reações mentais) e mais dukkha (sofrimento). Isso não ajuda o seu progresso. Quebrar sīla lhe puxa para baixo. Irá preencher a sua mente com tormento e preocupação. Serei descoberto? O que acontecerá se as pessoas souberem desta ação que pratiquei? A mente equilibrada que é necessária para a meditação profunda será menos acessível a você. Isto também prejudica outras pessoas. Se roubar, então, alguém teve uma perda. Você teve um ganho, mas a um preço muito alto. E assim funciona com todas as cinco
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sīlas. Não haverá paz de espírito para você. Sīla perfeita só é possível para um arahant (um
ser totalmente liberto), mas para um aluno na trilha, se estivermos tentando, fervorosamente, manter a nossa sīla esse esforço será o suciente. Você deve tentar manter sua sīla e trabalhar com o esforço correto na direção desse objetivo. Você pode escorregar de vez em quando, mas, considere, você escorregou porque foi dominado pelo desejo ou pela aversão e reagiu cegamente? Ou será que escorregou porque simplesmente decidiu ceder dessa vez? Há uma diferença. Se tiver sido dominado, você se recuperará, mas se decidir simplesmente ceder desta vez, perceberá que isto ocorrerá uma outra vez e mais outra. Você será derrotado. Então, faça o melhor que puder, este é o caminho do meio.
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Apenas continue a conhecer Anicca
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e alguém fosse contar o número de vezes que Goenkaji menciona anicca (mudança, impermanência)
durante
um
curso,
caria
impressionado. Ele diz isso repetidamente. Está tentando enfatizar um ponto, martelando, mas muitos alunos simplesmente passam por cima disso ou perdem
por completo o signicado. Ele repete isso porque é
IMPORTANTE. Uma das coisas mais importantes de se lembrar como aluno recente, ou mesmo como um aluno que fez dezenas de cursos, é anicca. Goenkaji observa continuamente, “mantenha a equanimidade e continue a conhecer anicca” ou “mantenha a equanimidade com a apreciação de anicca.” Ele termina as instruções no início de cada sessão de meditação com estas palavras depois de Vipassana ser apresentada. O que quer dizer com isso? Por que acha que continua dizendo isso repetidamente? Continuar conhecendo anicca signica estar consciente das sensações que você está sentindo e saber que elas são mutáveis e impermanentes e continuar
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Manual de um meditador
fazendo isso por tanto tempo quanto puder. Quando você perceber que parou de observar este objeto, então, comece novamente. Cada momento, enquanto passa a sua atenção através de seu corpo, seja indo parte por parte, ou quando estiver trabalhando com o uxo, a m de obter o máximo benefício de seus esforços, você tem de estar continuamente ciente de que essas sensações estão mudando. Não há sequer um momento em que elas não estejam mudando. É mais provável que, até começar a praticar Vipassana, jamais estivesse consciente disso, ou talvez estivesse vagamente consciente intelectualmente, mas não o estava experimentando. Agora, você está consciente das sensações, mas isso não é suciente. Você também deve estar consciente e tentar experimentar que, dentro dessa sensação, há uma oscilação que está mudando. É anicca. Não importa se a sensação é tão sutil que mal possa experimentar o surgir e o desaparecer dentro da sensação que está sentindo. Não importa se é dor grosseira ou uma área cega. Apenas esteja consciente, quando a sua atenção chegar a este ponto, de que está mudando. O universo inteiro está mudando; você está mudando. Tudo é anicca. É o conhecimento que se deve ter, bem como dukkha (sofrimento) e anattā (insubstancialidade), para atingir o nibbāna. O Buda disse: “Se conhecermos anicca, então, conheceremos
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Apenas continue a conhecer Anicca
dukkha e anattā”. A m de fazer isso parte de você,
precisará infundir esse estado de realidade em sua mente. Em seu livro Satipaṭṭhāna, o Venerável Anālayo diz: “A continuidade no desenvolvimento da consciência da impermanência é essencial, se for realmente para afetar nossa condição mental. A contemplação sustentada da impermanência leva a uma mudança na nossa maneira normal de experimentar a realidade, que, até então, tacitamente presumia a estabilidade temporal do observador e os objetos percebidos. Uma vez que ambos são experimentados como processos mutáveis, todas as noções de existência estável e de substancialidade desaparecem, assim reformulando radicalmente nosso paradigma da experiência.” Parte do problema é que a consciência de anicca é difícil de implementar em sua prática. Outra parte do problema é que não se ouve o que Goenkaji está dizendo ou não se percebe que é importante. Os alunos são consumidos pelo esforço de tentar sentir a sensação. Você sentiu a sensação e também está ciente de que não importa qual o tipo de sensação que sente. Qualquer sensação serve. Grosseira ou sutil, não importa. Agora, lembre-se de que essa sensação está mudando. É anicca. Simples assim. Sentir a sensação ao mesmo tempo em que está consciente, de maneira equânime, do seu surgir e do seu desaparecer. É simples, mas não é fácil de fazer. No início, você pode esquecer a toda hora que o
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seu objetivo não é apenas o de estar consciente ( sati) das sensações (vedanā), mas também o de permitir que uma parte da sua mente esteja ciente de que essas sensações estão mudando. Essa consciência escapará, mas, assim que perceber que se e esqueceu, em seguida, comece a conhecer anicca novamente. Claro que escapará de novo. Isto é um treinamento. Um treinamento da mente, por isso, quando você perceber, comece novamente a estar consciente do fato de que a sensação que você está sentindo é impermanente. Apenas pense sobre isso: quando o seu professor mencionava a mesma coisa repetidas vezes em sala de aula, você não entendia que isso iria cair na prova? Quando seu professor na faculdade dizia: “Você poderá ver isso de novo.” Isso não era um sinal de que cairia na prova? Bem, a prova que você está fazendo se chama Vida e a resposta ao teste de Vipassana é “Apenas continue conhecendo anicca.” Se souber esta resposta, não será reprovado na prova. Não só isso, mas sua vida será bem-sucedida. Dentro das sensações existe esse surgir e desaparecer. Pode estar acontecendo lentamente. Surgindo...desaparecendo. Ou pode estar acontecendo muito, muito rapidamente. Apenas observe isso. Esteja ciente disso. Não importa se é quente ou fria, coceira ou dolorosa, vibrante ou maçante. Apenas esteja ciente daquele surgir e desaparecer, anicca. Esse deve ser o seu objetivo. Isso é tudo o que você tem a fazer; sentir a
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Apenas continue a conhecer Anicca
sensação e conhecer sua natureza impermanente. Senti-la continuamente, sem interrupção. Se tiver dúvidas sobre este ou outros aspectos da sua prática, entre em contato com o centro de Vipassana onde você fez o seu curso mais recente e solicite que um professor entre em contato com você. Você pode encontrar informações de contato dos centros de Vipassana em www.dhamma.org. Lentamente, isso vai se tornar parte de sua prática. O primeiro passo é tentar. Você não terá de se preocupar porque o cântico de Goenkaji estará constantemente relembrando: Aniccā vata saṅkhārā…
Impermanentes, realmente, são as coisas compostas…
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Bingo Bango Bhaṅga
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ma das maiores armadilhas em que os alunos caem é o desejo pelas sensações sutis. A mente naturalmente tende a desejar sensações agradáveis e ter aversão às sensações desagradáveis. Este é o seu condicionamento. Esta é a causa de sofrimento. O treinamento é para sair do sofrimento. Logo após o início de Vipassana, Goenkaji começa a dizer para os alunos observar as coisas como elas são. Ele diz que independentemente de qual seja a sensação que surgir, você deve apenas observá-la. Em vez disso, muitos alunos querem algo que não têm e começam a desejar. No nono dia do curso de dez dias, ele discute bhaṅga pela primeira vez. Bhaṅga é quando seu corpo se abre e toda a massa é preenchida por sensações muito sutis. Para que isso aconteça, você não tem de fazer nada, isso simplesmente acontece. A palavra soa tão atraente que, às vezes, cria confusão na mente dos alunos. Ela simplesmente vibra com o som de algo especial. Pensamos: “Oh, isso deve ser importante, devo conseguir isso. É isso que eu quero.”
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Bingo Bango Bhaṅga
Ah, isso é o que quer. Não se trata do que é, mas o que você quer . Isso se torna um problema para você, porque, como sabemos, assim que começa a desejar, você está correndo na direção oposta do Dhamma. É melhor entender o que é bhaṅga. É um fenômeno natural que pode ocorrer na meditação. Quase todas as sensações que se manifestam em seu corpo, enquanto está meditando, são apenas os condicionamentos passados de sua mente expressos em seu corpo. Outras causas podem ser o alimento que come, a atmosfera em torno de si, ou seus pensamentos presentes. Você não tem nenhum controle sobre tais sensações porque não pode produzilas. Você na realidade as gerou no passado e agora, porque sua mente está calma e não-reativa, estão aparecendo na superfície e, às vezes, no interior do corpo. É a natureza se revelando. Quando começamos Vipassana, muitas vezes sentimos sensações grosseiras, solidicadas. À medida que as horas e os dias passam, à medida que alcançamos maiores profundidades de consciência, percebemos sensações mais sutis aparecer em diferentes áreas do corpo. Pode ser que existam sensações sutis em toda a superfície do corpo. Quando isso acontece, chamamos isso uxo livre e você pode facilmente passar a sua atenção em um movimento de varredura ao longo da superfície do corpo. Quando essas sensações penetram todo o corpo, dentro e fora, e não existem bloqueios, isto é bhaṅga. Os bloqueios são áreas cegas, em branco,
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Manual de um meditador
embaçadas, nubladas ou densas. As sensações associadas à bhaṅga são muito agradáveis. Devido a isso, muitos alunos pensam que este é o objetivo da meditação. No entanto, este não é o caso. As sensações estão mudando constantemente. Em um momento, pode haver dor, no seguinte, pode haver calor ou frio, etc, e no seguinte, pode haver uma sensação agradável. O problema surge quando o aluno gosta daquela sensação agradável, mas, como as sensações anteriores, esta também muda, anicca, anicca. No entanto, você quer essa sensação. Então, o jogo de sensações começa. É um jogo que não pode ser vencido. Às vezes, os anos passam e os alunos continuam a jogar o jogo da sensação. Eles enganam a si mesmos e enganam o professor. Pensam que estão progredindo na trilha, mas estão empacados. Possivelmente, não acreditam no que o professor está dizendo ou acham que todo mundo tem sensação sutil e eles são os únicos que não têm. Ou cam obcecados, pensando que este é o objetivo que estão buscando. Curso após curso, perseguem as sensações sutis. Você deve ter em mente que este não é o objetivo para o qual está trabalhando. Quando tiver alcançado o objetivo, não haverá sensações. Imagine que está viajando em um trem e uma bela paisagem aparece fora da janela. Quando o trem se move você pensa “eu devo manter essa vista ao alcance da visão” e começa a correr pelo trem. Depois de
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Bingo Bango Bhaṅga
atropelar as mulheres e as crianças e tropeçar em malas, nos condutores e em todo o tipo de coisas, chegará na parte de trás do trem e, ainda assim, aquela paisagem desaparecerá. Se visse alguém fazendo isso, pensaria que era louco. No entanto, muitas pessoas fazem exatamente a mesma coisa tentando reter alguma sensação. Você não tem qualquer controle sobre quando bhaṅga virá ou irá. É o mesmo com todas as sensações. Você não exerce qualquer controle sobre elas. Elas surgem por causa dos tipos de saṅkhāras que se manifestam no corpo ou por causa dos pensamentos presentes ou devido à atmosfera ou à comida que ingerimos. Como meditador, você tem apenas um trabalho, que é o de assistir as sensações à medida que surgem e continuar conhecendo anicca. Tomando o exemplo do trem, seria como se estivesse olhando pela janela, observando a paisagem passar. Você não gostará nem desgostará do que vê, apenas observará. Quando zer isso, todos os benefícios que derivam dessa meditação virão para você. Se optar pela direção oposta, estará apenas desperdiçando seu tempo e criando mais sofrimento para si mesmo. Tendo em vista que não pode mudar as sensações, quanto mais cedo decidir aceitá-las, mais cedo começará a fazer progresso na trilha. Ao decidir pelo contrário, estará escolhendo automaticamente dukkha (sofrimento).
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O paradoxo das Pāramīs
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ma situação incomum deve ser superada, a m de progredirmos na trilha do Dhamma.
Para alcançar a iluminação plena, existem dez qualidades mentais que devem ser desenvolvidas. Elas são conhecidas como pāramītas ou pāramīs, o que signica perfeições que devem ser realizadas
Estas pāramīs, quando desenvolvidas, nos dão a força para progredir no caminho da sabedoria. Quando as pāramīs são fracas, a nossa prática será igualmente fraca. Ter uma prática forte facilita desenvolver essas pāramīs, mas, se não as tiver, você terá problemas para progredir na trilha. Então, como obter pāramīs fortes? Este é o paradoxo. Estas dez pāramīs são: Generosidade ( Dāna) Moralidade (Sīla) Renúncia ( Nekkhamma) Sabedoria ( Paññā) Esforço (Viriya)
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O paradoxo das Pāramīs
Tolerância ( Khanti) Verdade (Sacca) Forte Determinação ( Adhiṭṭhāna) Amor Compassivo ( Mettā) Equanimidade (Upekkhā) Se repassar esta lista, verá que alguém com estas qualidades tem boa moral, uma mente equilibrada e a capacidade de trabalhar, apesar das diculdades que devem ser superadas, quando meditamos no dia a dia. São as perfeições que um ser totalmente liberto ( arahant ) atinge para alcançar o objetivo nal. Você também deve, eventualmente, possuir todas essas pāramīs , e, em quantidades sucientes também, antes de poder se tornar totalmente liberto. Na verdade, você já possui pāramīs muito abundantes. Se não as tivesse, você não teria tido a curiosidade de dar sequer um passo na trilha. Quando ouviu as palavras “Vipassana”, “Goenka”, “insight”, você não teria tido o menor interesse ou inclinação para prosseguir. Você não iria querer saber mais. Reita sobre as pāramīs e encontrará a direção necessária para seguir em frente. Você precisa estar ciente do paradoxo das pāramīs, de modo a poder tomar a iniciativa, quando surgir uma oportunidade para desenvolver uma dessas pāramīs . Isso precisa ser feito tanto na vida cotidiana, quanto nos cursos. Estando consciente, você fortalecerá
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Manual de um meditador
a sua prática e se tornará uma pessoa mais feliz e um melhor meditador. Recentemente, ouvi a história de um aluno que, ao concluir seu primeiro curso, começou a aparecer entre os cursos para ajudar a limpar o centro após o curso que acabava de ser concluído e, em seguida, ajudava no preparo para o próximo curso. Ele vinha a cada intervalo. Trabalhava desde o início da manhã até tarde da noite. Tinha quase setenta anos e havia se aposentado recentemente de um emprego corporativo. Algumas pessoas caram preocupadas com a possibilidade de se esgotar trabalhando tão duro. Quando um professor assistente falou com ele para ver como estava, ele disse: “Vocês todos começaram quando eram jovens e tiveram muitos anos acumulando suas pāramīs. Eu acabei de começar e tenho muito o que compensar. É por isso que eu tento servir tanto quanto possível.” Agora, esta é uma pessoa que tem uma boa compreensão do paradoxo das pāramīs e não vai permitir que qualquer obstáculo em seu caminho o impeça de alcançar o objetivo nal. Uma oportunidade para desenvolver a perfeição de dāna (generosidade) é no dia dez de um curso. Quando a folha de inscrição circula com as tarefas que são necessárias para limpar o centro, esta é a sua oportunidade de ajudar os outros. Algumas vezes por ano, um aviso é enviado
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sobre um m de semana de serviço, período de serviço ou, possivelmente, uma escassez de servidores para o próximo curso. Agora, com esta compreensão do paradoxo das pāramīs, seria útil pensar, “Ah, esta é uma oportunidade para eu desenvolver minha dāna pāramī .” Você pode ter um emprego muito exigente ou um monte de compromissos familiares que possam impedi-lo de servir. Em momentos como estes na vida pode ser mais fácil para você doar dinheiro em vez de serviço. Isso ajuda a dissolver o seu ego. Desta forma, você compartilha os benefícios que recebeu para ajudar os outros. Muitas pessoas doaram tudo o que você vê em um centro. Do terreno até as lâmpadas, algum aluno doou para aquilo. Devido à política de centros nesta tradição de apenas receber doações voluntárias daqueles que concluíram um curso de dez dias, o desenvolvimento de um centro é um processo lento. Um bom exemplo é o centro em Massachusetts, o primeiro centro a surgir na América do Norte. Uma casa com alguns acres foi comprada por um punhado de alunos, em 1982. No início, todos cavam amontoados na casa para os cursos e a sala de meditação era tão pequena que as pessoas se sentavam com seus joelhos quase encostados uns nos outros, porém, felizes por obter um assento. Cada canto e recanto era usado para alguma coisa, até mesmo o porão, que era um refeitório improvisado. Durante o verão, barracas permitiam que alunos adicionais se juntassem aos cursos e, no começo,
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uma grande barraca era usada para uma sala de meditação maior. E agora, em 2015, há um grande complexo de edifícios, servindo a muitos alunos a cada ano. A maioria dos quartos conta com banheiros privativos e há um pagode com celas individuais para meditação. Desta forma, lentamente, todos os centros têm surgido. Os centros foram construídos um passo de cada vez de uma forma prática e nanceiramente conservadora. Agora, existem quinze centros na América do Norte (que inclui o México, os EUA e o Canadá) com mais dois onde o terreno foi comprado, mas os prédios têm ainda de ser construídos. Considere os outros benefícios que irão entrar em jogo se você for ao centro para um m de semana de serviço de Dhamma. Você vai sentar três vezes por dia. Você estará fazendo do centro um lugar mais forte e melhor para os outros virem. É uma oportunidade para desenvolver a sua prática. Esta é uma excelente oportunidade, se quiser superar este paradoxo das pāramīs . Você somente o superará com o seu esforço (viriya), que é outra pāramī em si. Se decidir participar de um m de semana de trabalho, você terá a oportunidade de praticar a pāramī nekkhamma. Você também renunciará ao mundo (nekkhamma) durante dois dias, assim como faz quando frequenta um curso. Você viverá das doações de outros. Você praticará o caminho do meio, sem extremos, um estilo de vida muito saudável. Nos países budistas
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tradicionais, por 2.500 anos, as pessoas leigas têm reservado certos dias de cada mês chamados dias de uposatha, quando praticam as pāramīs com esforço mais extenuante. Observam oito ou até dez preceitos durante aqueles dias. Alguns deles praticam meditação também. Tolerância (khanti) é uma qualidade que, quando encontrada nos outros, é muito apreciada. Estas são pessoas que não criticam, condenam ou reclamam. As pessoas tolerantes são geralmente queridas pelos outros e de fácil convívio. Um curso de meditação oferece muitas oportunidades para praticar a tolerância. O meditador vizinho é quieto ou barulhento? Ele se movimenta muito? Talvez respirem ofegantemente. Talvez tenha faltado algum ingrediente na comida ou tenha sido acidentalmente queimada naquela manhã pela equipe de voluntários. Se a sua reação a estas situações for de aceitação e de não-julgamento, estará aumentando a sua pāramī de tolerância. Todos os dias, deparamo-nos com oportunidades para fortalecer esta qualidade em nós mesmos ao longo da nossa vida. Especialmente no mundo de hoje, onde as pessoas são encorajadas a ser assertivas. Assertividade e intolerância podem facilmente se misturar. Se tiver de esperar na la, passe o tempo sentindo a natureza mutável das sensações dentro de si mesmo, em vez de se preocupar ou car agitado. Os engarrafamentos são um excelente
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lugar para praticar a consciência da mudança e para ser tolerante. Intolerância surge, principalmente, quando sentimos que alguém está nos afrontando pessoalmente. O mais provável é que não estejam conscientes desta afronta. Raiva e ódio costumam ser o resultado. Esses sentimentos contrariam os nossos esforços para caminhar na trilha e simplesmente acumulamos cada vez mais saṅkhāras (reações mentais). Forte determinação (adhiṭṭhāna). Você leva isso a sério durante um curso? É importante porque, conforme a sua prática avança, haverá desaos que exigirão que esta pāramī seja desenvolvida a um alto grau, ou, então, você será facilmente derrotado. Você deve ser capaz de levar a cabo qualquer intenção que tiver. Em um curso, você é instruído a observar e não reagir. Durante uma hora, este é o seu objetivo. A razão disso é que estamos constantemente reagindo a cada situação na vida. Se você conseguir alterar esse padrão de hábito, verá que, em breve, irá parar de reagir cegamente ao longo da vida cotidiana. Em um curso, durante os votos de uma hora (adhiṭṭhāna), começamos a praticar isso três vezes por dia. A trilha do Dhamma é uma trilha que exige determinação. Se a desenvolver a cada passo do caminho, você a encontrará lá quando dela precisar. Você completa todas as tarefas que começa a fazer ou começa as coisas e nunca as termina? Fora do curso, você também pode desenvolver a pāramī terminando as coisas que começar. Isto irá fortalecer a
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O paradoxo das Pāramīs
sua pāramī de adhiṭṭhāna. Equanimidade (upekkhā). Algumas pessoas têm diculdade para entender esta palavra. “Equanimidade” ou “equânime” signica ser equilibrado e não reagir. Precisamos de uma mente equilibrada para progredir na trilha. Se carmos abalados pelo menor obstáculo ou agitados facilmente, teremos de encontrar uma maneira de trazer nossas mentes de volta a um estado em que possamos observar com equanimidade. Alguns alunos vericam que o seu problema é que são desviados do propósito porque se esforçam em excesso. Cerram os dentes, pensando “eu tenho de conseguir” e pensam que se esforçar cada vez mais ajudará. Não é verdade. É preciso equilíbrio, não força. Diversos alunos em cursos têm obtido muito benefício ao caminharem durante cinco minutos, em vez de tentar atravessar a sua dor ou a sua agitação. As histórias de monges que quebram os ossos do joelho e não se movem até se tornarem totalmente libertos se referem a pessoas cujas pāramīs estão realizadas e não àquelas que estão apenas começando na trilha. Na Birmânia, em Kyaiktiyo, a Pedra Dourada, há um enorme rochedo equilibrado em apenas um ponto muito pequeno. Todo o peso desse rochedo, bem como o pagode que foi construído em cima dele, é equilibrado em apenas uma área muito pequena. O rochedo é inabalável. Se sua equanimidade fosse concentrada tal qual o peso
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dessa rocha, você seria igualmente inabalável. Moralidade ( sīla). Há menos chance de você quebrar sua sīla, enquanto permanecer em um centro. Claro, sīla é algo que pode trabalhar tanto em um centro ou fora dele. Lembre-se daquelas cinco sīlas e apliqueas o tempo todo. As verdadeiramente grosseiras, como matar e roubar, requerem uma quantidade razoável de esforço para implementar. Para alguém que sentou um curso ou alguns cursos, você teria de fazer algum esforço para ter problemas com estas. Espera-se que você tenha usado a sua consciência aumentada e sua compreensão dos ensinamentos do Buda para superá-las. Mas, há uma em que terá de realmente estar atento, que é a fala correta. Oh, esta é uma armadilha e tanto. Tão facilmente, tão rapidamente, a nossa boca se abre e quebramos essa sīla. Acontece todos os dias e tão rapidamente. As palavras saem e, pronto, zemos isso novamente. O Buda considerava mentir particularmente desprezível. Isto é o que ele tinha a dizer. As Consequências da fala incorreta
Isto foi dito pelo Bhagavā [o Buda], isso foi dito pelo Arahat e ouvido por mim. “Essa pessoa, ó Bhikkhus, que transgride esta única coisa, não existe, ouso dizer qualquer ação maligna que deixaria de realizar. O que é essa única coisa? Isso, ó Bhikkhus, é mentir conscientemente.” — Musāvādasuttaṃ de Saṃyutta Nikāya, Mahavagga, por Klaus Nothnagel
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O paradoxo das Pāramīs
Não se deixe cair nesta armadilha ou qualquer uma das outras formas de fala incorreta, tais como calúnia, falar mal dos outros pelas costas, fofocas, palavras ásperas ou jogar um contra o outro. Esforço (viriya) deve ser feito para manter aquelas boas qualidades que já tem e tentar aumentar tais qualidades. Tente eliminar as más qualidades que tem e faça de tudo para evitar adicionar mais alguma. Esta é a essência de viriya. Além disso, há um certo nível de diligência necessária para empreender esta longa jornada rumo ao objetivo nal. Há o esforço para começar, o esforço para continuar, o esforço empregado de momento a momento para não retroceder. No momento em que o esforço for deixado de lado, a mente começará a vagar ou você adormecerá. Muito esforço, por outro lado é um outro problema, porque, então, você experimentará tensão. O esforço é um ato de equilíbrio. Digamos que tenha capturado uma borboleta. Se segurasse a borboleta com muita força, iria esmagá-la, se não a segurasse com esforço suciente, voaria para longe. No meio está o equilíbrio. Sayagyi U Ba Khin é citado como tendo dito que devemos ser tão suaves quanto uma or e tão duros quanto uma pedra. Esforço (viriya) é uma pāramī muito importante. Você está envolvido em um treinamento. Está
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treinando para ser uma pessoa melhor e, eventualmente, um arahant . É um treinamento longo, muito longo, mas você já começou, portanto, tudo o que tem a fazer é trabalhar para melhorar seu desempenho na tarefa que tem em mãos.
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Mettā e você
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omo pode uma coisa que você não vê, mas apenas sente, ajudá-lo e beneciar todos os seres? O poder de mettā só será do seu conhecimento
quando você o usar e experimentá-lo. Todos os dias, no nal de suas sessões de meditação, é aconselhável praticar mettā por alguns minutos. Isto signica encher as sensações corporais que está sentindo com pensamentos de amor compassivo para com todos os seres, também para com os seres que lhe são próximos e queridos. Pode ser o seu companheiro, seus lhos, seus amigos ou outros membros da família. Eles são um bom ponto de partida, porque você já tem bons sentimentos em relação a eles. Às vezes, na agitação do dia, esquecemos a nossa consciência e podemos dizer ou fazer algo que poderia perturbar os nossos entes queridos ou nossos conhecidos. Pode ser que esta situação tenha acontecido no passado distante ou hoje mesmo, mas praticar mettā com essas pessoas em mente pode produzir resultados surpreendentes.
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Eu já vi isso em minha própria vida e na vida dos meus amigos. Vi onde as relações atribuladas entre maridos e mulheres foram curadas ou onde as relações com outros membros da família, que eram distantes ou inexistentes, logo se restauraram novamente. Não há como subestimar este poder de mettā. Além disso, não é apenas para uso no âmbito de sua própria família, mas também com colegas de trabalho e aqueles de fora. A Sra. Jocelyn King, uma das alunas de Sayagyi U Ba Khin, conta a história da situação de Sayagyi U Ba Khin: “Sayagyi tinha sido convidado para se tornar membro de um determinado comitê do governo. Os outros membros lhe eram muito hostis, quando se juntou ao grupo. Com o tempo, reverteu completamente esta situação”. Quando a Sra. King lhe perguntou como fez isso, ele disse: “com mettā”. Neste mundo, com todas as suas forças negativas, alguém que tenha mettā dentro de si torna-se uma força para o bem, e aqueles ao seu redor saberão disso. Goenkaji jamais teria sido capaz de realizar o tremendo trabalho que fez, de espalhar Dhamma ao redor do mundo em tão pouco tempo, não fossem as fortes vibrações de mettā que o rodeavam o tempo todo. Onde há luz, a escuridão não pode entrar. Uma vez, em São Francisco, estávamos para ter uma reunião com o conselho diretor da Califórnia do Norte e com Goenkaji. A reunião seria realizada em um quarto de hotel que tinha sido usado anteriormente
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Mettā e você
pela tripulação de uma companhia aérea em uma escala. O ambiente parecia pesado e não-dhâmmico. O quarto de Goenkaji no mesmo hotel, por outro lado, parecia maravilhoso. Sugerimos que talvez a reunião devesse ser realizada lá. O secretário de Goenkaji, Yadav, disse: “Não se preocupe, vai car tudo bem.” Enquanto subíamos de elevador até o andar onde a reunião seria realizada, todo o elevador fervilhava com as vibrações de mettā. Quando entramos no quarto, o quarto inteiro fervilhava com as vibrações de mettā. Mettā fez tudo. Por favor, não compartilhe mettā apenas com aqueles que você conhece. Há tantos seres em todos os lugares que estão sofrendo. Faz parte de ter nascido. Quando praticar mettā, não se esqueça de compartilhar com todos os seres, quer os veja, quer não e quer os conheça, quer não. As forças do bem no mundo só podem crescer se mais pessoas praticarem mettā. O cântico que Goenkaji entoa todas as manhãs enche o centro com vibrações de mettā. Ao longo dos anos, elas se acumulam cada vez mais. Quando as pessoas entram em um centro dizem que aqui é tão tranquilo. Sim, é verdade, é tranquilo. É a mettā que estão sentindo. Você pode ter notado os animais selvagens no centro onde fez o seu curso. No centro de Massachusetts, há muitos coelhos. Não há praticamente nenhum animal tão arisco quanto um coelho, mas estes coelhos vivem na atmosfera de Dhamma e de mettā. Se estiver caminhando
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Manual de um meditador
nas trilhas e passar por eles, eles apenas se sentam lá, comendo sua grama como se você não existisse. Na Austrália, ocorre o mesmo com os cangurus, que são geralmente animais muito selvagens e ariscos. Mesmo os lhotes mal olham para você, enquanto passa por eles. Isso mostra o resultado de pessoas praticando mettā e não prejudicando outros seres. Ao praticar meditação regularmente em sua casa, o cômodo que você usa para as sessões também se tornará um lugar onde as pessoas vêm e dizem: “Oh, é tão calmo aqui.” Eles gostarão dali e sequer saberão o motivo.
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O que podemos aprender nos livros
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á muitos livros interessantes escritos sobre os ensinamentos do Buda. A quantidade é vasta. Alguns deles são bons e outros são ruins, como a maioria das coisas. Pariyatti (www.pariyatti. org ) foi iniciada por um meditador e tem um grande estoque de livros relacionados a esta tradição. Também são os distribuidores norte-americanos para a Buddhist Publication Society (BPS), do Sri Lanka, a Pali Text Society (PTS) da Inglaterra, e estocam muitos livros do Vipassana Research Institute (VRI) da Índia. Tenho obtido muito prazer de livros sobre o Dhamma e isso me ajudou a entender alguns dos conceitos discutidos nas palestras. Durante um bom número de anos, lia todas as noites antes de dormir. Denir um horário regular daquela maneira ajudou muito a desenvolver um programa de leitura em uma vida atarefada. Eu incluí uma lista de leitura no Apêndice II. Pariyatti (estudar o Dhamma nos livros) pode ser uma grande fonte de inspiração para os meditadores.
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Manual de um meditador
As Palavras do Dhamma são doces e podem nos dar grande inspiração para trabalhar mais profundamente em nossa prática. Ler sobre os tempos de Buda e seus ensinamentos pode nos dar um empurrão na direção certa, mas escolha um momento que não se destine à sua prática de meditação para fazer isso. Os sutras (discursos) são maravilhosos. O páli tem um som adorável e é usado em muitas das palestras de Goenkaji, por isso, é importante aprender pelo menos os termos básicos que você escuta repetidamente, mas, quando se deparar com um momento problemático em sua prática, não tente substituir a prática real por leitura e por estudo. Um momento problemático pode ser quando não consegue se sentar por uma hora porque pensa ser difícil ou pensa sempre haver algo mais importante a fazer. Talvez comece a encontrar desculpas para não se sentar. É uma ladeira escorregadia, se parar de praticar e começar a estudar. Você acabará não fazendo a coisa mais importante que já aprendeu. Mantenha essas duas coisas separadas. Uma delas é suta-mayā paññā (algo que ouviu) e a outra é bhāvanāmayā paññā (o que experimentou). Este é um caminho de experiência. Podemos ler e estudar por éons e nunca nos mover, nem mesmo uma polegada, no caminho do Dhamma. Webu Sayadaw, que deu a Sayagyi U Ba Khin e a todos aqueles que o conheceram, tremenda inspiração, foi considerado por muitos como arahant . Percebeu muito cedo em sua vida monástica, que, a m de alcançar
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O que podemos aprender nos livros
a meta nal, deveria deixar o mosteiro de ensino, onde só ensinavam a recitar os sutras, e ir para a oresta praticar Vipassana. Deu-se conta de que estudar os textos não iria ajudá-lo a alcançar a libertação completa. Seu objetivo era a libertação completa, não compreensão intelectual. Sua decisão se mostrou correta para ele e assim será para você também. Webu Sayadaw deu-se conta de que o mero estudo livresco era um beco sem saída para alguém com as pāramīs para ser um meditator; e você também deve se dar conta disso.
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Resumindo
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omo um chefe de escoteiros que orienta seus escoteiros a terem sucesso ao utilizar as técnicas do Manual do Escoteiro, espero que um pouco disso o ajude a se tornar melhor em desatar os nós do ódio, da cobiça e do delírio que compõem grande parte do nosso ser. É pela prática constante e correta que este sucesso virá. Não pode ser assimilado por estar perto de uma pessoa que tenha atingido os níveis mais elevados de desenvolvimento. Não pode ser alcançado ao ler livros, ouvindo discursos ou cânticos. Não pode ser transmitido de pai para lho. O sucesso só pode acontecer pela
prática. O resultado será proporcional à quantidade de esforço equilibrado despendido. O Manual do Escoteiro realmente ajuda jovens escoteiros a se divertirem imensamente quando estão na natureza. Aprendem a fazer as coisas corretamente e facilmente, de modo a não se machucar ou se prejudicar. Espero que este manual torne a sua vida tranquila e
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Resumindo
repleta de alegria. Quando começar a ver as coisas como realmente são, não se deixará abater pelo negativo, e se tornará mais vivaz e mais leve. É exatamente disso que se trata, não é verdade? Quando a escuridão se vai, resta apenas a luz. Se não tiver o seu objetivo diante de si, pode desperdiçar toda a sua vida. Se estiver ligeiramente deslocado, continuará errando o alvo. Você pode trabalhar realmente duro, mas não produzirá qualquer benefício se continuar errando o alvo. O objetivo de sīla (moralidade), samādhi (concentração) e paññā (sabedoria) é a libertação. Se não se estiverem apoiando mutuamente, você não estará trabalhando da maneira que o Buda nos ensinou a trabalhar. Cada uma apoia a outra. Cada uma está ligada de uma forma perfeita que ajuda a outra. Você estará trabalhando da maneira correta em direção a uma vida mais feliz, quando estiver mirando o objetivo correto. Vamos rever algumas das coisas que foram mencionadas para que se mantenha concentrado no objetivo. Sessões diárias de meditação e ações morais devem ser a base do seu esforço. Sem elas, cessará de fazer esforço muito rapidamente, porque você não verá os benefícios se acumularem na vida. Mantenha-se forte e siga estes dois elementos mais básicos da trilha. Lembre-se de evitar as pessoas que podem puxá-
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Manual de um meditador
lo para baixo. Elas não são divertidas. Em vez disso, tente desenvolver amigos que sejam meditadores e que respeitem os outros e que vivam uma vida limpa. Como disse o Buda, os amigos são o caminho inteiro. Ajudarão a levantá-lo e você fará o mesmo por eles. Um motor de combustão interna deve ter combustível, ar, compressão e uma faísca para detonar a combustão, que faz o motor girar e produzir energia. Todos devem estar presentes nas quantidades corretas e se combinar na hora certa. Quando você pratica adequadamente, todos os elementos se combinarão nas quantidades corretas e você produzirá energia e seguirá adiante na trilha. Seus dias e sua vida serão preenchidos com alegria. Quando fui à Birmânia pela primeira vez e conheci alguns dos alunos de Sayagyi U Ba Khin, dei-me conta de uma coisa: essas pessoas eram normais. Eram normais de uma boa maneira, de uma maneira saudável e harmoniosa. Não havia arestas e o humor e os sorrisos eram uma parte normal de suas vidas. Não conheci ninguém que tivesse um melhor senso de humor do que Goenkaji. Ele era tão rápido com um gracejo. Muitos dos meus amigos no Dhamma são do mesmo jeito. A maravilha desta técnica é que os benefícios se manifestam aqui e agora. Não há necessidade de esperar por alguma vida após a morte para obter os resultados de seus esforços. Cada passo do caminho o traz mais
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Resumindo
perto do objetivo e você pode senti-lo à medida que se manifesta em sua vida. Você cumpriu a parte mais difícil que é encontrar a trilha e dar o primeiro passo. Agora, só precisa se aplicar. Há tanto apoio disponível para você. Que você cresça no Dhamma, que brilhe no Dhamma, e que possa ser verdadeiramente feliz.
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Apêndice I - Desenvolvendo uma área de meditação em casa Para obter o maior benefício de suas sessões diárias de meditação, é melhor se tiver um lugar para meditar que não seja usado para qualquer outra coisa. Deve ser tal que não esteja transitando por lá o tempo todo ou o perturbando frequentemente. Gostaria de dar-lhe exemplos do que outras pessoas têm feito em suas casas para criar uma área de meditação separada. Uma das coisas mais fáceis de se fazer é comprar um biombo, como os que se vendem em algumas lojas de móveis. Coloque-o no canto de uma sala ou no fundo da sala. Isto proporciona um espaço especial que só usará para a meditação. Um amigo em Seattle tinha uma sala de estar muito grande e construiu uma partição de tela de papel (tela de shoji), que tomou uma extremidade da sala. Tinha até uma porta. Parecia bem japonês e quatro ou cinco pessoas podiam lá se sentar confortavelmente. Um casal que conheço de San Diego tinha escritórios adjacentes em dois quartos separados em sua casa. Mandaram construir uma porta entre os dois quartos, que deixavam aberta e cada um se sentava de um lado de sua pequena sala de meditação instantânea. Um amigo na Inglaterra pôs a sala de meditação em seu sótão inacabado. Não havia uma escada
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Apêndice I - Desenvolvendo uma área de meditação em casa
levando ao sótão, então, escalava a coluna da escada e alcançava o sótão através do alçapão. Uma vez lá em cima, cuidadosamente, passava por cima das vigas até alcançar o canto que havia construído para si mesmo. Tinha assentado algumas placas de madeira compensada, revestidas com carpete, e tinha um lugar agradável, onde quatro pessoas poderiam se sentar. Apenas recomendável para os fortes e ágeis. Outro amigo instalou uma escada suspensa dando acesso a uma pequena área não utilizada no sótão. Fez o acabamento do espaço com parede de gesso e com carpete. Ele e sua esposa simplesmente baixavam a escada e subiam quando queriam se sentar. Eu, na verdade, já presenciei este cenário algumas vezes. Eu tinha uma varanda fechada nos fundos, que usávamos como nossa sala de meditação. No começo, era apenas demarcada com uma cortina. Depois de alguns anos, reformei totalmente com parede de gesso, carpete novo, um vitral e uma porta de antiquário. Ela, agora, oferece um espaço muito acolhedor. Minha vizinha pegou uma pequena porção de sua garagem e construiu uma sala de meditação. Ocupa quase a metade do espaço na metade da garagem. Agora, ela só tem espaço para um carro, mas, a outra metade, agora, conta com uma agradável sala de meditação. Inúmeras pessoas construíram salas de meditação ao ar livre. Um amigo que mora perto de um aeroporto
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Manual de um meditador
construiu paredes duplas espessas e instalou persianas grossas sobre as janelas. Um jato poderia decolar do outro lado da estrada e você não o escutaria nesta sala. Normalmente, estes tipos de sala de meditação estão localizados perto da casa, de modo a não haver necessidade de fazer longa caminhada quando chove ou faz frio. Esta é a maneira mais cara, mas você consegue o que quer quando tiver terminado. Galpões ao ar livre também podem ser convertidos em salas de meditação. Já vi algumas lindas reformas feitas desse modo. Normalmente, isso é feito em ambientes rurais onde há vários galpões. Quando você está construindo uma casa nova, este é, geralmente, o melhor momento para construir uma agradável sala de meditação em casa. Espaços em sótãos ou em áreas que, de outra maneira, seriam difíceis de transformar em uma sala de bom tamanho, funcionam muito bem quando estiver montando um novo lar. Como pode ver, um espaço de meditação pode variar bastante. Pode ser pequeno, como usar simplesmente um canto de um aposento com uma almofada, ou maior e mais elaborado, até uma construção especíca, onde você pode se sentar para meditar. O objetivo é o de ter uma área que seja usada apenas para meditação e que esteja em algum lugar em sua casa.
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Apêndice II - Livros de Dhamma recomendados Livros sobre Vipassana A Arte de Viver , por Bill Hart Sayagyi U Ba Khin Journal (VRI) The Clock of Vipassana has Struck , Sayagyi U Ba Khin Resumo das palestras do curso de 10 dias de Vipassana , S.N. Goenka Para o benefício de muitos , S.N. Goenka (VRI). Fundamentos do Buda-Dhamma na prática da meditação , Sayagyi U Ba Khin Karma and Chaos , by Paul Fleischman
Livros básicos sobre Dhamma O que o Buda ensinou, Walpola Rahula Dhammapada , Daw Mya Tin The Buddha’s Ancient Path, Piyadassi Thera In the Buddha’s Word, An Anthology, Bhikkhu Bodhi
Livros sobre Dhamma para inspiração Going Forth, Sumana Samanera (A BPS Wheel
Publication) The Buddha and His Disciples, Hellmuth Hecker,
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Venerable Nyanaponika Thera and Bhikku Bodhi Letters from the Dhamma Brothers, Jenny Phillips Livros históricos sobre Buda The Life of the Buddha by Ñāṇamoli Thera – Historical
and Inspirational The Search for the Buddha, (originally published as The
Buddha and the Sahibs), Charles Allen The Historical Buddha by H.W. Schumann– Fornece um contexto histórico e social da vida do Buda e seu ensinamento (embora não discuta meditação) Livros avançados sobre o Dhamma The Udana, John Ireland The Manuals of Dhamma, Ledi Sayadaw
Aprendendo páli - básico Joia sobre ouro – cânticos do curso de 10 dias – bom
para aprender páli The Pāli Workbook – Lynn Martineau
Livros para peregrinos Along the Path, Kory Goldberg & Michelle Décary Middle Land Middle Way, Venerable S. Dhammika
Consulte o site store.pariyatti.org para muitas joias que colecionaram e podem ser baixadas. Os livros
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Apêndice II - Livros de Dhamma recomendados
listados acima devem estar todos disponíveis para venda lá também, bem como CDs / MP3s e videos / MP4s. Acesse este link para todos os títulos da Pariyatti em português.
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Centros de meditação Vipassana Cursos de meditação Vipassana na tradição de Sayagyi U Ba Khin como ensinado por S. N. Goenka são realizados regularmente em muitos países ao redor do mundo. Informações, calendários de cursos em todo o mundo e formulários de inscrição estão disponíveis no site de Vipassana: www.dhamma.org
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